concha que acolhe, que abriga os visitantes. dentro do projeto ... · urdimento principal será...
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O tema expositivo para o pavilhão do Brasil levou-nos a uma reflexão a respeito da diversidade, mesmo antes dos primeiros croquis
para o projeto. Por sua diversidade e abrangência, o tema e não caberia em uma única exposição. O tema Juntos pela diversidade,
pela natureza, para as pessoas e pelo amanhã, nos conduziu a buscar dentro da diversidade as singularidades/a buscar singularidades
na diversidade, a buscar aquilo que nos identifica, aquilo que nos faz Brasileiros. Aquilo que é brasileiro.
A forma primitiva/externa do pavilhão pode ser interpretada como uma semente que deverá germinar durante a exposição ou uma
concha que acolhe, que abriga os visitantes. Dentro do projeto expositivo, essa casca funciona como um fundo infinito, como anteparo
para uma grande projeção de imagens.
A necessidade em ter uma área construída estabelecida pelo programa de necessidades, e a limitada área do lote, impõe a divisão
dessa área em pavimentos. Optamos por não sobrecarregar a estrutura externa, para que fique o mais leve possível e permaneça
independente do restante da edificação.
Assim, nossa proposta procurou estabelecer uma relação entre a geometria do edifício e a própria exposição. Dois planos de piso que
possam ser desmontados e com o reuso do material, uma quantidade de pilares que se assemelhe -pela escala e pela forma- a um
labirinto induzindo o visitante a se aprofundar no edifício.
Se de um lado o labirinto formado pelos pilares dos pavimentos superiores enquadra o espaço, limitando e conduzindo o visitante, de
outro lado, o que deveria ser o fechamento formal do edifício traz uma outra realidade, virtual pelas imagens projetadas e pelos ângulos
de observação.
A própria forma é de difícil definição pois de cada ponto que se olha, assume uma matiz diferente.
A escala também foi pensada em nossa proposta, para que no percurso expositivo, entre espaços abertos e/ou direcionados, o visitante
penetre em um ambiente que escapa da escala humana, para que possa perceber a grandiosidade exposta, em uma experiência sensorial
de luz, som, texturas, aromas e cores.
Procuramos projetar os espaços expositivos induzindo o visitante a se sentir no Brasil, da forma mais fluida possível. Em alguns
espaços a luz é filtrada e em outros é plena, tudo para contrastar os segmentos da mostra.
A estrutura do edifício em duas tecnologias distintas e foi exaustivamente pensada para: montar o pavilhão; desmontá-lo e
remontá-lo. A primeira, uma estrutura cartesiana, de pilares e vigas em madeira colada, que nos permite a execução do labirinto
exposto no projeto cenográfico.
A segunda estrutura ou a estrutura externa, tem nas características do material sua maior qualidade. Um tecido ou uma trama, cujo
urdimento principal será composto por tubos de fibra de carbono, e o urdimento secundário composto de barras e cabos de aço. Uma
estrutura tão resistente quanto o aço, mas com um quinto do seu peso.
Procuramos estabelecer um organograma onde os ambientes se conectem entre si. Mesmo assim há ambientes que precisam ficar
preservados e para isso estamos propondo uma segunda pele sobre o terreno. São dois planos inclinados que abrigarão os ambientes
de infraestrutura. O primeiro inicia-se na entrada do pavilhão e segue ao longo do terreno até o fundo. Optamos em concentrar os
sanitários aqui, ao invés de uma prumada que fique distribuída em todos os pavimentos (podendo ficar distribuído; porém o espaço
perde em parte sua fluidez). Este, é uma barreira física, uma barragem. O segundo plano inclinado fica ao fundo da edificação,
apoiando e formando a plateia do teatro de arena.
Por fim, mas igualmente importante, é a sustentabilidade da edificação. O edifício é ventilado, fazendo uma sombra generosa sobre o
espaço expositivo. Está prevista a montagem e desmontagem, e toda a concepção arquitetônica nos levou a uma convicção de que
possa ser remontado ao final da Expo.
A ideia da cenografia é tratar a sustentabilidade de maneira subjetiva e sensorial, trabalhando de forma positiva para, a partir do
caminho do claro-escuro, do ver e ser visto, tornar o visitante um voyeur de seu caminho, como o único possível para solução de
um futuro.
Para isso, o uso da tecnologia, de projeção em mapping da iluminação cênica, banners de tela com transparência, e uso de odores
faz com que a organicidade crie um ambiente que o envolva e o transforme.
Escolhemos a Luzia como uma fênix, por ser a primeira mulher das Américas, uma sobrevivente para passar uma ideia de esperança
e resistência, de que a mudança de consciência poderá transformar o futuro possível.