conceitos de risco no campo da saÚde e da vigilÂncia sanitÁria

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O RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA Naomar de Almeida Filho Instituto de Saúde Coletiva/UFBA

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Page 1: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

O RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E

DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Naomar de Almeida FilhoInstituto de Saúde Coletiva/UFBA

Page 2: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Sina: Parcas / Fates / Moirae Castigo: Nêmesis Acaso: Tyché Sorte: Fortuna Desafio: Prometeu

Alegorias do Destino

Page 3: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Fates (moirae)

Page 4: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Nêmesis Adrastea

Page 5: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Tyché

Page 6: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Fortuna

Page 7: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Prometeu

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CAUSA

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Súmula etimológica sobre Causa

“Cavere” (causa), termo jurídico que

significava ”ação judicial”. Ganha o

sentido de origem, gênese ou etiologia

(1600).

Sentido herdado do grego etio (αιτια), daí

etiologia e etiológico (Lalande, 1980)

Page 10: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Scuola di Atenas (Rafael, 1504)

Page 11: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Platão vs. Aristóteles

Discordo, Amado Mestre, nada do que foi pode durar eternamente. Para mim, a causalidade é essencial. Como escrevi na Física: “conhecimento e ciência consistem em se dar conta das causas e nada mais são senão isso”

Ari querido, depois da

“criação”, o mundo existe

para todo o sempre.

Page 12: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Aristóteles (384-322 a. C.)

Page 13: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Eixos da Física aristotélica

• Teoria do Real• Teoria do Ser• Teoria das Causas• Teoria dos Eventos

Page 14: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Teoria do Real

• Universal• Particular• Singular

Page 15: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Teoria do SerPrincípios da existência:• Identidade

(A=A)• Não-contradição

(A # ~A)• Terceiro excluído

(A é V ou F).

Page 16: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Teoria das Causas• Causa material• Causa final• Causa formal• Causa eficiente

Page 17: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

• Material: aquilo de que é feita a coisa – o bronze é causa da estátua.

• Formal: a coisa mesma – substância – a humanidade é causa do homem.

• Final: aquilo para o qual a coisa é feita – a saúde é a causa de passear.

• Eficiente: aquilo que dá origem ao processo em que a coisa surge – o pai/a mãe é causa do filho.

TEORIA DAS CAUSAS

Page 18: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Galileu Galilei(1564-1642)

Faço ciência para conhecer as potências que são a causa das mudanças e as forças que são causas necessárias e suficientes do

movimento dos corpos

Page 19: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Discurso do método(1637) - método universal para encontrar a verdade e esclarecer as “ciências especulativas”

E, ao notar que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão sólida e tão correta que as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de lhe causar abalo, julguei que podia considerá-la, sem escrúpulo algum, o primeiro princípio da filosofia que eu procurava

René Descartes(1596-1650)

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Page 22: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Implicações epistemológicas do cartesianismo:• Objetividade• Simplicidade• Neutralidade• Linearidade• Disciplinaridade

• Causalismo

Page 23: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Isaac Newton(1564-1642)

não se deve admitir maiscausas das coisasnaturais que aquelas quesejam ao mesmo tempo verdadeiras e suficientespara explicar suaaparência

Page 24: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Ataque cético decisivo à idéia de que há um vínculo necessário entre causa e efeito

Não há garantia lógica de que uma sucessão de eventos implica um nexo de necessidade

A ideia de causa, se fosse de natureza lógica, deveria valer em todos os mundos possíveis, mesmo em mundos com leis físicas distintas do mundo real

David Hume(1711-1776)

Page 25: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Immanuel Kant (1724-1804)

Princípio da produção: tudo o que acontece (ou começa a existir) supõe antes de si alguma coisa da qual ele resulta segundo uma regra.

Princípio da sucessão no tempo segundo a lei da causalidade: todas as mudanças se produzem segundo a lei da ligação da causa e do efeito.

Metaphysische Anfangsgründe der Naturwissenschaft (1787)

Page 26: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Conceitos de causa

Século XIX:• Claude Bernard:

noção de processo causal• Cânones de Mill• Postulados de Koch

Page 27: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Metáforas do Causalismo

EventoFatos como fenômenos recortados

NexoVínculo unívoco de eventos

FluxoProcesso (linear) de produção de

efeitos

Page 28: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Modelo causal (clínico) do HIV/AIDS

TransmissãoEndovenosa

TransmissãoSexual

Infecção HIV

Fatores de Patogenicidade

Fatores de Vulnerabilidade

Sinais/sintomasHIV/AIDSCaso de

AIDS

TransmissãoVertical

Page 29: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

... defeito na estrutura molecular de células, com lesão em nível tissular, resultando em alteração de funções de órgãos e sistemas, produzindo patologia, expressa objetivamente como signos e sintomas em indivíduos doentes que, acumulados aditivamente em grupos enfermos, conforma morbidade em populações...

Conceito cartesiano de Doença

Page 30: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Reducionismo:populações humanas = soma de… indivíduos = conjuntos funcionais de…órgãos e sistemas = tecidos

diferenciados formados por… células = micro-usinas bioquímicas

produtoras de…moléculas

Conceito cartesiano de Doença

Page 31: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

• Teorias microbianas

• Teorias ambientais

• Teorias comportamentais (estilo de vida)

• Teorias constitucionais (genética)

Causalismo:

Conceito cartesiano de Doença

Page 32: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Modelos de intervenção:• Correção de defeitos

• Supressão de agentes

• Compensação de carências

• Controle de desequilíbrios

Conceito cartesiano de Doença

Page 33: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

CONTINGÊNCIA

Page 34: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Teoria dos EventosModalidades lógicas:

• Possível• Impossível• Necessário• Contingente

Aristóteles (Órganon, 332 a. C.)

Page 35: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Característica de certas proposições ou juízos, que determina o modo pelo qual se atribui um predicado a um sujeito:

possibilidade: “É possível que S seja P”; impossibilidade: “É impossível que S seja P”;necessidade: “É necessário que S seja P”.contingência: “É acidental que S seja P”;

Modalidade

Page 36: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Contingentia: baixo latim (Escolástica, c. 1300). Uso corrente mais tardio (1800), sentido de acontecimentos fortuitos, imprevisíveis.

‘acontecer’ e ‘acontecimento’ provêm de contigescere, passa ao espanhol antigo contescer e chega ao português acontecer.

Contingência

Page 37: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Aristóteles usa os termos ‘acidente’ e ‘acidental’ (accidens).

Contingente: indecidível relativamente ao presente e ao futuro, mas não quanto ao passado.

A modalidade contingência se refere a eventos, acontecimentos, ocorrências sobre as quais podemos apenas constatar ou analisar seus efeitos.

Contingência

Page 38: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

caráter de tudo aquilo concebido como podendo ser ou não ser, ou ser algo diferente do que é.

acontecimento do qual não podemos reduzir o aparecimento a um feixe de causalidade; é um evento (como uma emergência) de ocorrência possível mas incerta.

Contingência

Page 39: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Epistemologia Pascaliana:

Contingência como método: verdades múltiplas, fragmentárias; paradoxais.

Objeto não tem essência.

A Natureza não obedece a leis universais, mas é sempre flutuação e movimento.

O conhecimento não é certo nem neutro, e sim depende do objeto

Blaise Pascal (1623-1662)

Page 40: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

1. Os objetos não se apresentam naturalmente: são relacionais, construídos;

2. A questão do correlato do objeto no mundo ou na representação não é relevante;

3. As verdades são circunscritas às regiões nas quais a experiência foi produzida;

4. A racionalidade pode ser pensada como um saber não universal e não necessário;

5. O conhecimento humano é contingente.

Contingência em Pascal

Page 41: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

RISCO,CAUSA,

CONTINGÊNCIA, SOBREDETERMINAÇÃO

EM EPIDEMIOLOGIA

Page 42: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Pearson K. “Contingency and Correlation – The Insufficiency of Causation” In: The Grammar of Science. London: A. C. Black, 1911.

Karl Pearson:... Another fetish amidst the inscrutable

arcana of modern science: the category of cause...

Visual demonstration ofcorrelation but not

causation: the contingency table

Page 43: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

P

Estrutura do objeto epidemiológico

Page 44: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

PD

Estrutura do objeto epidemiológico

Page 45: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Estrutura do objeto epidemiológico

O G D I P

Page 46: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

P = População; I = Infectados; D = Doentes; G = Casos Graves; O = Óbitos

D ⊂ PO ⊂ D ⊂ P

O ⊂ G ⊂ D ⊂ PO ⊂ G ⊂ D ⊂ I ⊂ P

Estrutura do objeto epidemiológico

Page 47: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

População = Conjunto PDoentes = Subconjunto DP ⊃ D

RISCO = D / P |tempo

Conceito Epidemiológico de Risco

Page 48: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

PD

Conceito Epidemiológico de Risco

S

Page 49: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

S = (1 – R)

S = 1 – (R1, R2... Rn)

R = Risco de D[doença]

Saúde = S

Risco de Saúde

Page 50: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

fator de risco não implica necessariamente fator etiológico ou causal

indicador de exposição⇓ ⇓

fator de risco marcador de risco⇓ ⇓

causa grupo de risco↓ ↓

prevenção prevençãoprimária secundária

Conceito Epidemiológico de Risco

Page 51: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

E = Expostos ao Fator de Risco potencialE = Não-expostos ao Fator de RiscoP = PE ∪ PEPE ⊃ DEPE ⊃ DEForma sintética do Fator de Exposição:2 categorias: expostos, não-expostospode ser ...n categorias

Conceito Epidemiológico de Risco

Page 52: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

RE = DE / PERE = DE / PERR: Risco Relativo, Razão de RiscosRA: Risco Atribuível, Diferença de RiscosRR = RE / RE RA = RE - RE RE > RE ⇒ RR > 1.0, RA > 0

Conceito Epidemiológico de Risco

Page 53: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

PD

Estrutura do objeto epidemiológico

Page 54: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

PE

DE DE

PE

Estrutura do objeto epidemiológico

Page 55: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

R

EE = 0 E = 1

a

b1

Formalização do objeto epidemiológico segundo Miettinen

Page 56: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

R

EE = 0 E = 1

aC = 1

C = 0

C

Formalização do objeto epidemiológico segundo Miettinen

Page 57: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

R

EE = 0 E = 1

a

C = 1

C = 0

C

Formalização do objeto epidemiológico segundo Miettinen

Page 58: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Formalização do objeto epidemiológico segundo Miettinen

Considerando um modelo de regressão

(1) R=a+b1(E)

R=risco, E=exposição, b1= RA,

RR=1+b1/a(E)

(2) R=a+b1(C)+b2(E),

a’=a+b1(C), então R=a’+b2(E),

RR=1+b2/a’(E)

R= f (E|C) :: função determinante condicional de risco

Page 59: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Modelo de Risco (epidemiológico) de HIV/AIDS

Sexo semproteção

Partilha de seringas

Sexo comoprofissão

Práticassexuais de risco

Sistema de saúde precário

Uso de drogasinjetáveis

Estrutura social

Transfusãocontaminada

Residência em área de risco

Margina-lização

Urbani -zação

RISCO de HIV/AIDS

Page 60: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Conceitos correlatos:• Fatores e marcadores de risco

• Grupos de risco

• Comportamentos de risco

• Situações de risco

• Emergências, desastres e catástrofes

Page 61: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

As práticas que compõem o campo da Saúde podem ser classificadas em três grupos (+ 1):

1. Prevenção de Riscos e Agravos2. Proteção da Saúde3. Promoção da Saúde4. Precaução

O campo de práticas da Saúde

Page 62: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Ações destinadas a evitar a ocorrência de doenças ou agravos específicos e suas complicações ou seqüelas, em geral de aplicação e alcance individuais, não obstante repercussões no nível coletivo provenientes de efeitos agregados cumulativos das medidas de prevenção.

Prevenção de Riscos e Agravos

Page 63: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Práticas de Prevenção de Riscos e Agravos à Saúde (Modelo de

Leavell & Clarck)

1. Prevenção Primária2. Prevenção Secundária3. Prevenção Terciária

Page 64: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Compreende ações específicas, de caráter defensivo, com a finalidade de proteger indivíduos ou grupos contra doenças ou agravos. Distingue-se da prevenção porque a especificidade da proteção encontra-se na natureza e magnitude das defesas e não na intensidade dos riscos.

Proteção da Saúde

Page 65: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

ação difusa, sem definir agravo ou risco específico como alvo determinado, buscando melhoria global no estado de bem-estar ou qualidade de vida do grupo ou comunidade e seu ambiente; fomento da capacidade dos seres e dos ambientes de agregar "valores de promoção da vida", num sentido afirmativo da saúde

Promoção da Saúde

Page 66: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Práticas de Promoção da Saúde (quanto ao nível)

1. Moleculares (individuais)2. Micro-sociais3. Reticulares4. Comunitárias5. Institucionais6. Ambientais

Page 67: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

1. Regulação2. Intervenção3. Vigilância4. Participação5. Mobilização6. Construção simbólica7. Construção imaginária

Práticas de Promoção da Saúde (quanto ao tipo de ação)

Page 68: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Aplicações do Conceito de Risco

• PREVENÇÃO = Marcadores, Fatores

• PROTEÇÃO = Sensores, Padrões

• PROMOÇÃO = Monitores, Tendências

• PRECAUÇÃO = Indícios, Vigilância

Page 69: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Qual o futuro da inferência baseada na predição?

Bases da ciência pós-cartesiana: probabilidade ou causa?

Que conceito de Risco cabe num mundo pascalino, pós-causal, pós-clínico?

Questões cruciais:

Page 70: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

RISCO E SOBREDETERMINAÇÃO

EM SAÚDE

Page 71: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Sobredeterminação no MHEm “Contradição e sobredeterminação”, capítulo central de A favor de Marx (1967), Althusser discute as dialéticas hegeliana e marxista, argumentando que o conceito de contradição em Marx indica uma sobredeterminação de forças provenientes das instâncias que compõem a formação social.

Louis Althusser(1918-1990)

Page 72: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Sobredeterminação no MH

DIALÉTICA EM MARXa totalidade compreende muitas contradições, das

quais algumas são determinantes e determinadas

por todas as outras.

“o concreto é concreto porque é a síntese de muitas determinações, isto é, unidade do diverso” (MARX, Introdução à Crítica da Economia Política, 1857).

Para Althusser, a parte contraditória de um sistema é sobredeterminada pelo todo desse sistema.

Page 73: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

SobredeterminaçãoTrês sentidos:1. Categoria mais geral numa

taxonomia de processos determinantes

2. Trajetórias de determinação por contingência

3. Rede heurística em modelos de complexidade

Page 74: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

‘causação’ biológica de patologias

‘determinação’ social da situação e das condições de saúde

‘produção’ cultural das práticas

‘construção’ política das instituições

‘invenção’ simbólica dos sentidos da saúde

Sobredeterminação I

Page 75: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Risco como sobredeterminação• Risco como indicador de causalidade. Base

indutiva. Subsidia modelos de controle clínico e prevenção individual.

• Risco como resíduo da probabilidade. Base indutiva, frequentista, fisheriana. Subsidia modelos de prevenção populacional (Teorema de Rose).

• Risco como perigo estruturado. Base dedutiva, descritiva, estrutural. Subsidia modelos de proteção da saúde ambiental e ocupacional.

• Risco como emergência. Base filosófica da contingência, modelos de complexidade. Subsidia: a) modelos de Promoção da Saúde; b) modelos de Vigilância em Saúde.

Page 76: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Estratégias de Atuação em Saúde

ESTRATÉGIAS MODELOSTIPOLOGIAS

INTERVENÇÃO MODAIS

PREVENÇÃO Causalidade Modelagem Necessário

PROTEÇÃO Controle Experimento Impossível

PROMOÇÃO Estrutura Regulação Possível

PRECAUÇÃO Emergência Vigilância Contingente

Page 77: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

ESTRATÉGIAS DISPOSITIVOS SINAIS ALVOS AÇÕES

PREVENÇÃO Riscos Fatores de risco

Grupos de risco

ReduçãoRemoção

PROTEÇÃO Marcadores Defesas SujeitosComunidades

ImunizaçãoReforço

PROMOÇÃO Monitores TendênciasPadrões

AmbientesCenários

Monitora-mento

PRECAUÇÃO Sensores Eventos sentinela

Ambientes Produtos

LegislaçãoControle

Estratégias de Atuação em Saúde

Page 78: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

O objeto “ENFERMIDADE” é plural e multifacetado, simultaneamentedefeito, lesão, alteração, patologia, doença, risco, dano; regido por uma lógica de complexidade; pode ser construído sob a forma de uma ‘rede de sobredeterminação’, em planos distintos de existência.

Sobredeterminação III

Page 79: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Depressão

Capitalsocial

Eventos de vida

Produçãode Riscos

Estruturafamiliar

Pato-gênese

Copingbehavior

Vulnera-bilidade

Produçãode Casos

Alteraçãometabólica

Estruturapsíquica

Fatores de proteção

Prevenção

Base Genética

Produçãode Danos

Rede de Sobredeterminação (RSD) de Transtornos Depressivos

Page 80: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

cultura

sociedade

Ambiente

Sujeito

MSt

MSy

SbI

Cas

PaR

EcS

SoC

Alt

Les

Pat

Dis

Rsk

Haz

Sik

GENOMA

PROTEOMA

Page 81: CONCEITOS DE RISCO NO CAMPO DA SAÚDE E DA VIGILÂNCIA SANITÁRIA

Referências Bibliográficas:

ALMEIDA-FILHO N; COUTINHO D. Causalidade, contingência, complexidade: o futuro do conceito de risco. Physis, n. 17, p. 95-137, 2007.

COUTINHO D; ALMEIDA-FILHO N; CASTIEL LD. Epistemologia da Epidemiologia. In: ALMEIDA-FILHO, N; BARRETO, ML (Orgs). Epidemiologia & Saúde:Fundamentos, Métodos, Aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012, p. 29-42.

ALMEIDA-FILHO N; CASTIEL LD; AYRES JR. Risco: Conceito Básico da Epidemiologia. In: ALMEIDA-FILHO, N; BARRETO, ML (Orgs). Epidemiologia & Saúde:Fundamentos, Métodos, Aplicações. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012, p. 43-54.