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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP PROGRAMA DE DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Comunicação interna de uma rede intraorganizacional usando análise de redes sociais. ROBERT ARI WAKER Tese apresentada ao Programa de Doutorado em Engenharia de Produção apresentado à Universidade Paulista – UNIP para a obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção. SÃO PAULO 2013

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP PROGRAMA DE DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Comunicação interna de uma rede

intraorganizacional usando análise

de redes sociais.

ROBERT ARI WAKER Tese apresentada ao Programa de

Doutorado em Engenharia de Produção

apresentado à Universidade Paulista –

UNIP para a obtenção do título de Doutor

em Engenharia de Produção.

SÃO PAULO 2013

UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP PROGRAMA DE DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Comunicação interna de uma rede

intraorganizacional usando análise

de redes sociais.

Tese apresentada ao Programa de

Doutorado em Engenharia de Produção

apresentado à Universidade Paulista –

UNIP para a obtenção do título de Doutor

em Engenharia de Produção. Orientador: Prof. Dr. Mario Mollo Neto

Área de concentração: Gestão de

sistemas de operação Linha de pesquisa: Redes de empresas e

planejamento da produção

Projeto de pesquisa: Análise quantitativa

de redes de empresas

ROBERT ARI WAKER

SÃO PAULO

2013

Waker, Robert Ari. Comunicação interna de uma rede intraorganizacional usando análise de redes sociais./ Robert Ari Waker. - 2013. 100 f. : il. color. + CD-ROM.

Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Engenharia da Produção da Universidade Paulista, São Paulo, 2013.

Área de Concentração: Gestão de Sistemas de Operação.

Orientador: Prof. Dr. Mário Mollo Neto.

1. Análise de redes sociais. 2. Indicadores estruturais. 3. Comunicação interna 4. Estrutura organizacional. 5. Agências de comunicação. I. Título. II. Neto, Mário Mollo (orientador).

UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

PROGRAMA DE DOUTORADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

Comunicação interna de uma rede

intraorganizacional usando análise

de redes sociais.

Tese apresentada ao Programa de

Doutorado em Engenharia de Produção

apresentado à Universidade Paulista –

UNIP para a obtenção do título de Doutor

em Engenharia de Produção.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA

_________________________ ___/___/_____

Prof. Dr. Marcelo Tsuguio Okano Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo – FATEC

_________________________ ___/___/_____

Prof. Dr. Mário Sacomano Neto Universidade Metodista de Piracicaba – UNIMEP

_________________________ ___/___/_____

Profa. Dra. Irenilza de A. Nääs Universidade Paulista UNIP

_________________________ ___/___/_____

Prof. Dr. Oduvaldo Vendrametto Universidade Paulista UNIP

_________________________ ___/___/_____

Prof. Dr. Mario Mollo Neto Universidade Paulista UNIP

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, pelo apoio incondicional, pelos exemplos de vida e perseverança.

A minha esposa, pelo amor, companheirismo, apoio e compreensão.

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, professor Dr. Mario Mollo Neto, agradeço pela oportunidade,

confiança e amizade que me proporcionou durante essa jornada, e possa ter

superado a confiança que depositou em mim. Também por mostrar-me novos

caminhos na engenharia de produção, fazendo-me um profissional mais completo.

Aos meus orientadores, em todos os momentos da minha formação acadêmica,

professores Dra. Irenilza de A. Nääs, Dr. Oduvaldo Vendrametto, Dr. Ivanir Costa e

Dr. Mario Sacomano Neto, pelos ensinamentos teóricos, práticos e pela orientação

em momentos decisivos do meu doutorado.

Ao meu amigo Marcelo Lopez, com quem pude dividir experiências e aprendizados

durante grande parte da minha formação.

A todos os amigos e professores, pelo apoio essencial para continuar no meu sonho.

“Detesto qualquer informação dada, que

aumenta minha instrução, mas não muda

minha atividade”.

(Johann Wolfgang von Goethe)

RESUMO

A análise de redes sociais está em rápido crescimento, encontrando aplicação

em quase todas as áreas de negócio, do comportamento de indivíduos à gestão de

cluster de negócios, passando pela análise de padrões de contaminação de vírus e

chegando à modelagem de padrões comportamentais de grupos políticos. Este

trabalho apresenta a importância da análise de redes sociais, como também, as

principais diretrizes para a aplicação de uma metodologia consistente, direcionada

ao processo de comunicação interna de uma agência de comunicação. A rede foi

mapeada de forma a indicar os melhores meios para otimizar sua comunicação

interna. Foram estudados os conceitos teóricos da análise de redes sociais e

comunicação interna e, através de um estudo de caso, foi descrito como

implementar a metodologia e acompanhar a evolução da rede, a fim de melhorar o

resultado operacional da cadeia produtiva. Os resultados apontaram aumento na

produtividade após a análise e mudança dos canais de comunicação interna da

organização.

Palavras-chave: Análise de redes sociais, indicadores estruturais, comunicação

interna, estrutura organizacional, agências de comunicação.

ABSTRACT

Social network analysis is growing rapidly, finding application virtually in all

business areas, from individual’s behaviour analysis to management of business

clusters, passing through the analysis of viruses contamination patterns and even

reaching behavioural patterns modelling of political groups. This study presents the

importance of social network analysis, as well as the main guidelines for

implementing a consistent methodology aimed at the internal communication process

of a communication agency. The network was mapped to indicate the best media to

optimize their internal communication. Theoretical concepts of social network

analysis and internal communication have been studied and, through a case study,

was described how to implement the methodology and follow the network evolution in

order to improve the operational result of the production chain. The results pointed

out an increase in productivity after the analysis and change of the internal

communication channels of the organization.

Keywords: Social network analysis, structural indicators, internal communication,

organizational structure, advertising agencies.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Estrutura de uma rede ............................................................................. 18  

Figura 2 – Arquiteturas possíveis de uma rede ......................................................... 20  

Figura 3 – Tipologias estruturais de redes ................................................................ 21  

Figura 4 – Exemplo de laços da rede ........................................................................ 23  

Figura 5 – Exemplo de buraco estrutural .................................................................. 24  

Figura 6 – Elementos básicos do processo de comunicação, e suas interrelações. 36  

Figura 7 – Estágios do processo de comunicação .................................................... 37  

Figura 8 – Pontos de contato do público interno de uma organização ..................... 44  

Figura 9 – Crescimento do mercado publicitário brasileiro ....................................... 53  

Figura 10 – Percentual de empresas por porte e setor de atividade econômica no

setor de serviços ....................................................................................................... 54  

Figura 11 – Percentual de agências de comunicação em relação ao número de

funcionários. .............................................................................................................. 55  

Figura 12 – Atores que compõem a cadeia de comunicação ................................... 55  

Figura 13 – Visão sistêmica dos processos .............................................................. 57  

Figura 14 – Fluxo departamental de uma agência de comunicação ......................... 58  

Figura 15 – Estrutura lógica da abordagem quantitativa ........................................... 59  

Figura 16 – Etapas para condução de estudo de caso ............................................. 60  

Figura 17 – Passos para avaliação da organização. ................................................ 63  

Figura 18 – Passos da Investigação Apreciativa ...................................................... 70  

Figura 19 – Fluxo departamental da agência de comunicação avaliada. ................. 72  

Figura 20 – Fluxo de trabalho dos materiais impressos da agência. ........................ 73  

Figura 21 – Grafos das redes obtidas a partir dos dados do mês 1 ......................... 74  

Figura 22 – Mapa dos canais da comunicação interna da organização ................... 77  

Figura 23 – Organograma da agência de comunicação ........................................... 78  

Figura 24 – Rede da comunicação interna obtida usando o módulo NetDraw® ....... 79  

Figura 25 – Rede ego obtida usando o módulo CEMAP do software ORA .............. 82  

Figura 26 – Resultados dos atores ATE_1 e ATE_2 ................................................ 83  

Figura 27 – Grafos das redes obtidas a partir dos dados do mês 2 ......................... 87  

Figura 28 – Resultados dos atores ATE_1 e ATE_2 após a intervenção. ................ 87  

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Resumo dos principais termos e indicadores de rede. ........................... 27  

Tabela 2 – Mudança de paradigmas da comunicação interna da organização. ....... 39  

Tabela 3 – Formas de comunicação e suas características. .................................... 42  

Tabela 4 – Duas formas possíveis de cultura organizacional. .................................. 50  

Tabela 5 – Indicadores de desempenho que podem ser utilizados na medição. ..... 52  

Tabela 6 – Classificação dos estabelecimentos segundo seu porte. ........................ 54  

Tabela 7 – Interações entre os departamentos envolvidos na cadeia produtiva. ..... 75  

Tabela 8 – Dados estruturais das redes avaliadas. .................................................. 76  

Tabela 9 – Percentagem utilizada em cada um dos canais de comunicação. .......... 77  

Tabela 10 – Densidade / valor médio da matriz. ....................................................... 79  

Tabela 11 – Medidas de centralidade de grau. ......................................................... 80  

Tabela 12 – Diferenças percentuais nos canais de comunicação utilizados. ........... 81  

Tabela 13 – Rede ego dos atores ATE_1 e ATE_2. ................................................. 82  

Tabela 14 –Jobs desenvolvidos pela agência. .......................................................... 86  

Tabela 15 – Comparação dos níveis de entrega dos jobs da agência. .................... 86  

SUMÁRIO Capítulo I – introdução .............................................................................................. 13  

1.1.   Introdução .................................................................................................... 13  

1.2.   Formulação do problema ............................................................................. 14  

1.3.   Proposição do estudo ................................................................................... 15  

1.4.   Objetivo geral ............................................................................................... 15  

1.5.   Objetivos específicos ................................................................................... 16  

1.6.   Contribuições deste trabalho ........................................................................ 16  

1.7.   Estrutura do trabalho .................................................................................... 17  

Capítulo II – Referencial Teórico ............................................................................... 18  

2.1.   Redes sociais ............................................................................................... 18  

2.1.1.   Tipos de redes ....................................................................................... 19  

2.2.   A abordagem da análise de redes sociais ................................................... 21  

2.2.1.   Teorias da análise de redes sociais ....................................................... 23  

2.2.2.   Aplicações das teorias em redes intraorganizacionais .......................... 25  

2.2.3.   Indicadores e métricas ........................................................................... 26  

2.2.4.   Limitações da análise de redes sociais .................................................. 29  

2.2.5.   Softwares para análise de redes sociais ................................................ 30  

2.2.6.   Análise de redes sociais como ferramenta de gestão ........................... 31  

2.2.7.   Relacionamento como fator estratégico na cadeia produtiva ................ 32  

2.3.   Comunicação organizacional ....................................................................... 33  

2.3.1.   A comunicação como diferencial estratégico ......................................... 34  

2.4.   Processos de comunicação ......................................................................... 35  

2.5.   Tipos de comunicações ................................................................................ 37  

2.5.1.   Comunicação externa ............................................................................ 38  

2.5.2.   Comunicação interna ............................................................................. 39  

2.6.   O impacto da comunicação interna na cadeia produtiva ............................. 41  

2.6.1.   Fluxo de comunicação × fluxo de conhecimento ................................... 42  

2.6.2.   Conhecimento tácito e explícito ............................................................. 45  

2.6.3.   Capital social .......................................................................................... 48  

2.6.4.   Cultura organizacional × comunicação interna ...................................... 49  

2.6.5.   Como mensurar a produtividade frente à comunicação interna ............ 51  

2.7.   Agências de comunicação e o mercado ...................................................... 53  

2.7.1.   Processos organizacionais .................................................................... 56  

2.8.   Estudos de caso ........................................................................................... 58  

Capítulo III – Metodologia ......................................................................................... 61  

3.1.   Local do estudo ............................................................................................ 61  

3.1.1.   Fontes e instrumentos de coleta de dados ............................................ 61  

3.2.   Procedimentos metodológicos para avaliação da rede ................................ 62  

3.2.1.   Análise inicial da cadeia produtiva ......................................................... 64  

3.2.2.   Survey e análise da comunicação interna ............................................. 65  

3.2.2.1.   Mapeamento dos canais de comunicação interna .......................... 65  

3.2.2.2.   Desenvolvimento do instrumento de coleta de dados ..................... 66  

3.2.2.3.   Aplicação da survey ......................................................................... 66  

3.2.2.4.   Análise dos canais de comunicação ................................................ 66  

3.2.2.5.   Representação gráfica do fluxo de comunicação ............................ 67  

3.2.2.6.   Representação gráfica dos pontos de contato ................................ 68  

3.2.2.7.   Análise dos indicadores ................................................................... 69  

3.2.3.   Tomada de decisão estratégica ............................................................. 69  

Capítulo IV – Resultados e Discussão ...................................................................... 72  

4.1.   Análise da cadeia produtiva ......................................................................... 72  

4.2.   Análise da comunicação interna .................................................................. 76  

4.3.   Tomada de decisão ...................................................................................... 83  

4.3.1.   Estratégia de intervenção para aprimoramento da comunicação .......... 84  

4.4.   Resultados após a intervenção .................................................................... 85  

Capítulo V – Conclusão ............................................................................................. 89  

5.1.   Conclusão .................................................................................................... 89  

5.2.   Sugestão para novos estudos ...................................................................... 90  

Referências ............................................................................................................... 92  

Apêndice ................................................................................................................... 97  

Anexo ...................................................................................................................... 101  

13

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

O desenvolvimento de produtos e serviços de comunicação, especialmente

em escala, envolve equipes de trabalho com diferentes perfis profissionais, atuando

simultaneamente e criando interferências mútuas durante todas as etapas de um

trabalho (job), que necessitam ser adequadamente gerenciadas e coordenadas

durante o tempo.

Ferramentas e técnicas formais de gestão são necessárias para assegurar

que o job atinja seus objetivos e seja finalizado em tempo e dentro do orçamento. A

abordagem da análise de redes pode ser aplicada para contribuir na gestão da

comunicação interna das agências de comunicação fornecendo um meio eficiente

para os líderes compreenderem e agregarem valor às suas empresas.

Segundo Cross e Thomas (2009), a análise de redes sociais pode aprimorar o

resultado das áreas vitais de uma organização. Essa perspectiva permite que os

líderes identifiquem pontos-chave de colaboração e pontos fracos em suas

organizações para controlar os pontos críticos relativos à criação de valor.

De acordo com Granovetter (1973), a análise dos processos em redes

interpessoais fornece a melhor visão de como a relação entre micro e macro

interações acontece. De uma forma ou outra, é através dessas redes que a

interação em pequena escala se transforma em padrões de grande escala, e esses,

por sua vez, retro alimentam os pequenos grupos.

A princípio, todos os indivíduos fazem parte de uma rede social, que

transcende sua própria existência. As redes ajudam as pessoas a atingir um objetivo

que não poderiam atingir sozinhas. Todos querem se beneficiar da rede, porém

também devem colaborar para assegurar que ela permaneça saudável e produtiva

(CHRISTAKIS e FOWLER, 2010). Isso significa que as redes sociais exigem a

supervisão de indivíduos, grupos e instituições.

14

1.2. Formulação do problema

No cenário atual, os líderes das organizações têm desafios consideráveis em

relação à gestão de suas unidades de negócio. Existem metas e resultados que

devem ser alcançados dentro de mercados competitivos. Para que essa liderança

consiga atingir os resultados esperados é necessário que vários fatores sejam

conhecidos e dominados.

Um fenômeno pode ser analisado a partir de várias perspectivas. Neste

estudo será aplicada a abordagem da análise de redes sociais. Segundo Miguel et

al. (2010), quando um fenômeno é analisado a partir de diferentes perspectivas, que

resultam em abordagens distintas, há os chamados “cortes epistemológicos”.

Além da estrutura formal hierárquica, há também a estrutura informal,

podendo ser expressa por uma rede de relacionamentos, que se estabelece entre os

vários atores da organização. Esta estrutura ainda é muito pouco explorada,

tornando-se evidente que esse ponto seja tratado com a devida relevância, visto que

pode se configurar em um fator associado ao sucesso empresarial.

A hierarquia formal e os procedimentos padrão dentro das organizações têm

um forte efeito sobre ambos os processos, sociais e cognitivos, envolvidos durante a

troca de informação pelas pessoas. Ainda existe pouca investigação na interseção

da estrutura formal e dos relacionamentos informais descobertos por meio da

análise de redes sociais (CUMMINGS e CROSS, 2003).

Existem alguns pontos fundamentais que esses gestores devem conhecer:

§ Saber se as pessoas com as competências certas estão no lugar certo;

§ Saber quais indivíduos orientam melhor os funcionários mais novos;

§ Identificar os sabotadores;

§ Utilizar a rede de pessoas, de forma apropriada, para colaborar com novas

ideias (inovação holística);

§ Identificar as pessoas-chave dos processos de negócio da empresa;

§ Ter ferramentas que possam melhorar as relações informais;

§ Poder quantificar a contribuição real das ferramentas acima citadas.

Segundo Cross e Thomas (2009), as lideranças que perceberem como as

redes funcionam, conseguirão aumentar as vantagens competitivas da organização,

produzindo resultados diferenciados como aumento de receita, eficácia, redução de

custos e até soluções inovadoras.

15

Como a colaboração é um fator cada vez mais decisivo na vida organizacional e uma força motora importante de valor, receita e custo, os líderes precisam ser capazes de desvelar as camadas de uma rede para identificar as oportunidades com maior potencial de melhoria (...) Os líderes podem utilizar a análise de redes para realizar investimentos dirigidos em iniciativas colaborativas, com retornos econômicos claros. (CROSS e THOMAS, 2009)

Através das diferentes abordagens, fica evidente a relevância atribuída ao

assunto por pesquisadores. Dentro desse cenário, o resultado das organizações

está vinculado ao desempenho das pessoas, que está igualmente vinculado aos

investimentos das organizações em aprender como evoluir.

Após um refinamento e posicionamento diante da literatura já existente, foi

definida a pergunta de pesquisa: É possível melhorar os resultados dos processos

produtivos de uma organização por meio do aprimoramento (intervenção) da rede de

comunicação interna dos colaboradores?

1.3. Proposição do estudo

Partindo da pergunta de pesquisa elaborou-se uma hipótese com uma

concepção metodológica indutiva.

§ Com o aprimoramento dos processos de comunicação interna de uma

organização, é possível melhorar o fluxo de informação e o desempenho

dos indivíduos em suas atividades, de forma a gerar um melhor resultado

operacional da cadeia produtiva.

1.4. Objetivo geral

Este estudo pretende apresentar as contribuições oriundas da análise

estrutural da rede intraorganizacional de uma agência de comunicação.

16

1.5. Objetivos específicos

São relacionados os seguintes objetivos específicos, para fazer a pesquisa

baseada na análise de redes sociais:

§ Analisar a cadeia produtiva determinando os fluxos de trabalho dos

processos de produção de materiais impressos;

§ Mapear e representar, graficamente, a rede determinando indicadores

estruturais;

§ Determinar os canais de comunicação internos, de forma a extrair e

converter os dados dos pontos de contato da rede;

§ Determinar métricas para a avaliação dos atores; e

§ Criar estratégia de intervenção na rede para aprimorar a comunicação

interna e auxiliar nos processos de tomada de decisão.

1.6. Contribuições deste trabalho

A partir desse momento se existir um ferramental adequado, através do qual,

os líderes tenham acesso a um diagnóstico rápido, será possível trazer a tona todas

as informações necessárias para que tomem decisões estratégicas rapidamente e

acompanhem a transformação da organização através de indicadores de

desempenho.

O presente trabalho visa contribuir em termos acadêmicos com a ampliação

do conhecimento ora existente sobre a colaboração oriunda da análise de redes

organizacionais, como também preparar os indivíduos da organização, de maneira a

criar uma nova cultura, baseada somente nos aspectos positivos da cultura

organizacional presente, melhorando as relações interpessoais, minimizando perdas

no processo produtivo, diminuindo os possíveis conflitos e permitindo uma melhor

forma de trabalho dentro da organização como um todo.

17

1.7. Estrutura do trabalho

Além deste capítulo introdutório, a estrutura do trabalho é composta pelos

capítulos abaixo relacionados:

§ Capítulo 2 – apresenta o referencial teórico e os principais conceitos sobre

redes, análise de redes sociais, indicadores estruturais, comunicação

interna, cultura organizacional e agências de comunicação;

§ Capítulo 3 – descreve os materiais e métodos utilizados para a condução

da pesquisa;

§ Capítulo 4 – apresenta os dados coletados e as observações feitas

durante a pesquisa. São apresentadas a discussão e a interpretação dos

resultados encontrados;

§ Capítulo 5 – contém as conclusões e recomendações de continuidade

para trabalhos futuros.

18

2. CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Redes sociais

Uma rede é composta por nós e elos que interligam os nós. Os nós podem

ser chamados de atores, que podem representar indivíduos ou organizações,

enquanto os elos representam os relacionamentos entre eles. Na Figura 1 estão os

elementos morfológicos que compõem uma rede (LAZZARINI, 2008).

Figura 1 – Estrutura de uma rede. Fonte: Adaptado de Lazzarini (2008).

As redes sociais descrevem os padrões de relações que conectam indivíduos.

Por meio do estudo das redes sociais é possível estabelecer padrões de

comunicação e relacionamento entre os atores (WABER, 2012).

A abordagem de rede vê qualquer sistema como um conjunto de atores inter-

relacionados ou nós. Os atores podem representar entidades em vários níveis de

coletividade, tais como pessoas, empresas, países e assim sucessivamente. Os

laços entre os atores podem ser de muitos tipos diferentes, tais como amizade,

competição, fluxo de informação, e podem ser caracterizados ao longo de várias

dimensões, tais como a frequência, duração e semelhança (BORGATTI e LI, 2009).

As redes sociais são estruturas auto-organizadas de pessoas, informações e

comunidades, que podem ser modeladas por uma estrutura de rede composta por

nós e elos. O principal objetivo da análise de redes sociais é detectar e interpretar

padrões de vínculos sociais entre os atores (ZENK et al., 2010).

19

2.1.1. Tipos de redes

De acordo com Lazzarini (2008), o estudo das redes pode ser feito a partir de

dois focos: o interorganizacional, que são redes de relacionamento entre empresas

ou organizações de forma geral; e o intraorganizacional, redes compostas por

indivíduos ou departamentos das organizações.

As redes interorganizacionais são formadas por empresas independentes que

fazem parte de uma rede de negócios. Essas redes têm como característica

fundamental a preservação da especialização de cada empresa em sua área, além

de reduzir possíveis riscos contratuais que ocorrem em transações de mercado

(LAZZARINI, 2008). De acordo com Zaccarelli et al. (2008), as redes de negócios

são constituídas em arranjos compostos por diferentes negócios, mantendo ligações

e relacionamento em alguma medida entre si. Os clusters de negócios são

semelhantes às redes de negócios, porém têm como elemento chave a proximidade

geográfica, ligado diretamente aos relacionamentos de troca, como numa cadeia

produtiva.

As redes intraorganizacionais podem ser expressas pelas redes de

relacionamento estabelecidas entre os indivíduos de uma organização. Essas redes

não seguem a mesma estrutura hierárquica formal de subordinação das pessoas da

empresa (LAZZARINI, 2008). De acordo com Granovetter (1973), os conceitos

utilizados nas redes intraorganizacionais se relacionam diretamente com a análise

de redes interpessoais, até mesmo porque foram originalmente concebidas em um

contexto de como as relações entre pessoas acontecem.

A topologia das redes pode variar, e para Barabási (2009), inicialmente, três

tipos distintos de configurações nas redes eram encontrados. Na Figura 2 são

apresentadas as três possíveis arquiteturas para redes.

20

Figura 2 – Arquiteturas possíveis de uma rede. Fonte: Adaptado de Barabási (2009).

A partir da abordagem da análise de redes sociais, o desenho da rede da

organização irá permitir a sua classificação, de maneira quantitativa e, apresentar de

que forma seus atores são responsáveis por seu resultado final.

Para Cross e Thomas (2009), existem três fases vitais para serem

observadas, para que as organizações possam atingir o sucesso e permitam sua

sobrevivência: alinhamento, execução e adaptação. Na fase de alinhamento, é

possível descobrir se a estrutura da organização está alinhada com sua proposta de

valor. Nesse momento, identifica-se o modelo da rede, que pode ter dois arquétipos

possíveis: rede de resposta personalizada e rede de resposta rotineira. Esses dois

modelos caracterizam as duas extremidades do espectro. As redes de resposta

personalizada são caracterizadas como organizações, que têm seu valor derivado a

partir da forma de identificação da oportunidade (problema) quanto da criação de

uma solução inovadora. A organização pode ser avaliada com base nessa análise

para que se possa determinar se sua estrutura está de acordo com sua forma de

atuação.

Uma rede pode ser caracterizada por sua estrutura geral e pela forma como

se estabelecem as ligações entre os atores. De acordo com Cross e Thomas (2009),

os possíveis tipos de estruturas de redes são: simétrica, não simétrica, em círculo, e

hierárquica. Na Figura 3, são apresentadas as tipologias estruturais existentes.

21

Figura 3 – Tipologias estruturais de redes. Fonte: Adaptado de Cross e Thomas (2009).

2.2. A abordagem da análise de redes sociais

A análise de redes pode ser utilizada como ferramenta estratégica para gerar

valor nas organizações. De forma mais abrangente, a participação em redes permite

que os indivíduos ou organizações se beneficiem de seu capital social (CROSS e

THOMAS, 2009). Os benefícios que podem ser obtidos com a rede social são

diretamente ligados às escolhas realizadas pelos indivíduos com os quais existem

relacionamentos (LAZZARINI, 2008).

A análise de redes sociais pode fornecer uma radiografia no funcionamento

interno de uma organização – um meio poderoso para tornar visíveis, os padrões

invisíveis do fluxo de informação e colaboração em importantes grupos de atores de

valor estratégico. Segundo Cross e Cummings (2004), através da análise de redes

sociais é possível incrementar a qualidade e relevância da informação que os

indivíduos recebem e melhorar a performance, tanto individual quanto da rede como

um todo.

Os relacionamentos são fundamentais para a obtenção de conhecimento,

resolução de problemas e melhora no aprendizado de uma determinada função.

Dependendo do número de ligações que um ator pode ter com outros atores da

rede, seu conhecimento será significativamente impactado.

A análise de redes sociais fornece um meio rico e sistemático para avaliar

redes informais, através de um mapeamento e análise de relacionamentos entre

pessoas, equipes, departamentos e até organizações inteiras. É importante

encontrar meios para ajudar as pessoas a tornarem-se melhor conectadas, dessa

maneira a organização poderá conseguir, de forma mais eficiente, os benefícios

reais das suas expertises (CROSS et al., 2001).

22

Segundo Lemieux e Ouimet (2008), a análise estrutural tem por objetivo

analisar as relações, evolutivas ou não, entre atores, diferente da análise relacional

que busca analisar associações ou relações entre os atributos dos atores.

Parte das ciências sociais e das ciências físicas e biológicas, estão mudando

para uma perspectiva mais estrutural, que leva em conta o ambiente em torno do

ator, além de seus atributos internos (BORGATTI e LI, 2009).

Segundo Cross et al. (2001), a abordagem da análise de redes sociais pode

ser utilizada para atingir os seguintes objetivos organizacionais:

§ Melhorar a colaboração e fluxo de informações entre os atores de uma

organização, de forma a garantir que as melhores expertises foram

sistematicamente utilizadas na cadeia de valor;

§ Gerar resultados econômicos por meio de uma melhor conectividade

interna, tanto os ganhos de produtividade através da transferência de

conhecimento quanto o crescimento da receita através da colaboração;

§ Encorajar a inovação através de um melhor aproveitamento dos conjuntos

de habilidades únicas dentro da rede;

§ Melhorar a gestão de talentos, o desempenho individual, níveis de

retenção e atração de talentos, por meio das práticas para o

desenvolvimento da rede.

A análise de redes sociais difere das abordagens convencionais para resolver

as necessidades em negócios de uma forma muito importante: a abordagem

assume que as pessoas são todas interdependentes. Essa suposição é diferente

das abordagens tradicionais de pesquisa que assumem que o que as pessoas

fazem, pensam e sentem é independente do que elas sabem (ZENK et al., 2010).

A abordagem da análise de redes sociais, ao invés de analisar ações dos

atores em termos de suas características próprias, examina as relações entre o

comportamento dos indivíduos e o padrão de interações entre eles. Essa

perspectiva assume que os comportamentos dos indivíduos são influenciados pela

estrutura da comunicação interpessoal do ambiente social em que estão inseridos.

Uma mudança no comportamento pode ser percebida, como a adoção de uma nova

prática por meio da transferência de conhecimento, que ocorre em um sistema social

em que os indivíduos interagem e influenciam uns aos outros através de várias

redes de comunicação (MAKAGON et al., 2012).

23

A análise de redes sociais vê uma estrutura de conexões em que o ator está

inserido. Os atores são descritos por suas relações, não por seus atributos. E, as

próprias relações são tão fundamentais como os atores conectados.

2.2.1. Teorias da análise de redes sociais

Para compreender a abordagem das redes sociais é importante citar duas

teorias centrais. A primeira é a teoria da “força dos laços fracos”, de Mark

Granovetter, datada de 1973. A segunda é a teoria dos “buracos estruturais”, de

Ronald Burt, de 1992. Juntas, essas duas teorias convergem e contrastam ajudando

a compreender a abordagem das redes sociais.

Para Granovetter (1973), em sua teoria da força dos laços fracos, os elos

fortes existentes entre amigos próximos, e que se conhecem muito bem, agregam

quase sempre pouco valor quando o indivíduo está buscando novos recursos. Os

laços fortes de familiares, amigos e dos pequenos círculos, devido à sua

homogeneidade levam à obtenção, com frequência, das mesmas informações e

recursos.

Do ponto de vista de uma rede “egocêntrica” (ego network), os laços fracos

são um recurso importante para gerar possíveis oportunidades de movimentação

entre redes. Se observado de uma forma macro, os laços fracos desempenham o

papel para gerar coesão social. Quando um indivíduo muda de emprego, não está

somente se movendo de uma rede de conexões para outra, mas também está

estabelecendo um elo entre elas (GRANOVETTER, 1973). Na Figura 4, tem-se

representado os possíveis tipos de laços de uma rede.

Figura 4 – Exemplo de laços da rede. Fonte: Adaptado de Granovetter (1973).

24

Na teoria dos buracos estruturais de Burt (1992), a inexistência de laços entre

atores cria um buraco estrutural que pode ser explorado. O buraco estrutural

apresenta uma oportunidade de gerenciar o fluxo de informação e controlar as

formas que trazem em conjunto os indivíduos da rede. Através de uma melhora nas

conexões, por meio dos buracos estruturais, existe um precursor decisivo para

incrementar as colaborações de geração de receita e inovação entre atores da rede,

melhorando a produtividade da cadeia produtiva. A Figura 5 apresenta dois

exemplos dessas ligações. Os atores que intermedeiam outros atores também são

conhecidos como brokers.

Figura 5 – Exemplo de buraco estrutural. Fonte: Adaptado de Burt (1992).

A teoria dos buracos estruturais tem como objetivo definir as relações dos

laços entre contatos não redundantes, ou seja, mostrar se existe um buraco

estrutural onde há uma relação de não redundância entre dois atores. Segundo Burt

(1992), uma rede eficiente é aquela que maximiza o número de contatos não

redundantes para que o resultado, através dos buracos estruturais, seja

maximizado.

De acordo com Lemieux e Ouimet (2008), os buracos estruturais no micro

ambiente são prejudiciais, uma vez que representam pontos falhos na comunicação

interna. Uma vez explorados esses pontos, o ganho na cooperação interna pode

aumentar significativamente. Cummings e Cross (2003) associam negativamente os

buracos estruturais, dentro das organizações, com o desempenho dos grupos de

trabalho e dos indivíduos.

25

2.2.2. Aplicações das teorias em redes intraorganizacionais

A perspectiva de redes está se tornando uma linguagem universal em

praticamente todas as ciências, da antropologia à física. Ajuda a entender como os

padrões de relações pessoais se traduzem em vantagem competitiva através da

difusão de informação, o controle social, a coordenação e assim por diante

(BORGATTI e LI, 2009).

De acordo com Cross e Thomas (2009), se as metodologias de melhoria de

processos e análise de redes sociais forem utilizadas separadamente não

produzirão todo seu potencial. A técnica de reengenharia de processos foca o

aprimoramento da eficiência das tarefas, mas, muitas vezes, não percebe

oportunidades que a análise de redes pode revelar. Em contrapartida, a utilização

única da análise de redes pode destacar excessivamente as relações em detrimento

das eficiências das tarefas localizadas.

Essa abordagem auxilia os líderes em três tarefas fundamentais e decisivas:

alinhamento dos indivíduos com os objetivos estratégicos da organização, execução

dos processos essenciais e adaptação à mudança (CROSS e THOMAS, 2009).

Segundo Lazzarini (2008), o funcionamento das organizações é ditado pelas redes

informais, indo além das ligações hierárquicas, de forma que os processos de

gestão e liderança devam incorporar a compreensão de como essas redes

funcionam.

De acordo Makagon et al., (2012), baseada em teoria matemática de grafos, a

análise de redes sociais é uma abordagem para analisar e quantificar os padrões de

relacionamentos que surgem entre entidades sociais, normalmente indivíduos. As

medidas quantitativas encontradas podem ser utilizadas para descrever e comparar

as partes que compõem as estruturas da rede, e testar hipóteses sobre os fatores

que afetam as estruturas sociais de grupos ou os efeitos da estrutura social no

comportamento.

As lideranças podem se beneficiar das ideias da rede de grupos únicos, em

que a colaboração é fator central para a inovação e performance. Os executivos

também podem aplicar a perspectiva de rede em processos de mudança em grande

escala, trabalhando por meio da estrutura da rede, integrando e gerando a mudança

de cultura. A compreensão de como os valores, normas e objetivos são distribuídos

nas redes da organização fornece meios mais poderosos para a mudança do que as

26

ferramentas de análise de cultura ou pesquisas de clima organizacional dos

colaboradores (CROSS et al., 2007).

A análise de redes sociais tem duas abordagens: a primeira é a análise

completa da rede com um grupo fechado, por exemplo, é a busca para se obter

todas as relações entre as pessoas que trabalham em uma organização ou

departamento, e a segunda se concentra no ponto de vista de um indivíduo em

particular e procura compreender a sua rede ego ou as relações sociais que o

cercam (CLARK, 2006).

Na abordagem da análise de redes, a ideia é que, dado um conjunto de nós e

um conjunto de tipos de relações de interesse (por exemplo, amizade ou nível

técnico), as relações entre todas as díades (pares de nós) na estrutura devem ser

sistematicamente consideradas. A principal consequência dessa conceitualização é

que as díades se ligam em cadeias ou caminhos variando em comprimento, e

podem conectar indiretamente todos os atores da rede. Esses caminhos fornecem

pistas através das quais os atores, desconhecidos entre si ou não, podem influenciar

um ao outro através da sua posição na rede (BORGATTI e LI, 2009).

2.2.3. Indicadores e métricas

As redes sociais podem ser representadas por meio de grafos, porém vários

indicadores são utilizados para caracterizar a estrutura da rede, a partir da

perspectiva de um indivíduo, de um grupo ou subgrupo.

De acordo com Lazzarini (2008), a estrutura da rede e a posição dos atores

podem afetar as funções da organização e suas habilidades na geração de valor.

Conectividade, que é a capacidade de ligar cada um dos indivíduos da rede, pode

ser representada pela intensidade e frequência da comunicação entre os atores

(BORGATTI e LI, 2009).

Para Wasserman e Faust (1994), as propriedades estruturais da rede podem

ser medidas por: centralidade, densidade, transitividade e coesão. Os papeis e

posições dos atores na rede podem ser medidos através da: análise de equivalência

estrutural, análise de clusters e de blockmodels. A análise estatística dos

relacionamentos pode ser utilizada para medir as propriedades relacionais entre

atores.

27

A abordagem da análise de redes sociais pode explorar as propriedades

relacionais das redes, por exemplo, índices de coesão de um grupo, quantos

subgrupos existem, propriedades posicionais dos atores e seus diferentes papeis na

rede. Para tal, os papeis e posições são identificados ao examinar as semelhanças

das conexões entre os nós de uma rede (MAKAGON et al., 2012). Na Tabela 1, são

apresentadas as aplicações, com breves definições, de algumas das medidas mais

comuns no âmbito da análise de redes.

Tabela 1 – Resumo dos principais termos e indicadores de rede.

Terminologia Descrição

Nó Entidade social, ator.

Elos Ligação estabelecida entre um par de atores.

Grau de saída É relativo ao número de ligações que um ator tem com

outros nós.

Grau de entrada É relativo ao número de ligações que os outros nós têm

com o ator.

Clique Um clique é um subconjunto de uma rede em que

alguns dos atores estão mais próximos e intensamente

ligados uns aos outros do que a outros membros da

rede.

Tipos de Indicadores Nível da análise

Centralidade de grau Número de conexões diretas que um ator tem com

outros nós na rede.

Individual

Centralidade

(Engenvector)

Uma versão ponderada da centralidade de grau. Uma

medida para indicar o nível de importância de um nó na

rede.

Individual

Centralidade de

proximidade

Soma dos caminhos mais curtos que ligam um

determinado nó com todos os outros nós da rede.

Capacidade de um ator em alcançar todos os nós da

rede.

Individual

Centralidade de

intermediação

Proporção de caminhos mais curtos entre dois nós da

rede que passam através por meio de um determinado

nó. É a possibilidade que um ator tem para intermediar

as comunicações entre pares de nós.

Individual

28

Centralização da rede Medida com base na diferença entre a centralidade da

unidade mais central e a das demais unidades. Mostra

se uma rede é, ou não, hierárquica.

Rede

Alcance Número de elos que separam um determinado nó de

outros nós de interesse. O grau que qualquer ator de

uma rede tem para atingir outros atores da rede.

Individual

Densidade Proporção de todas as ligações possíveis que estão

presentes na rede. O grau com que os atores estão

conectados diretamente uns aos outros por meio de

elos. Mede o grau em que todos os atores de uma rede

interagem uns com os outros.

Rede

Coeficiente de

agrupamento

Tendência de grupos de nós de se interligarem uns com

os outros. O coeficiente de agrupamento é uma medida

do grau em que os nós de uma rede tendem a se

agrupar.

Rede

Equivalência

estrutural

Refere-se ao grau que os nós têm em relação a um

conjunto comum de ligações com outros nós da rede.

Os nós não precisam ter qualquer ligação uns com os

outros para ser estruturalmente equivalentes.

Individual

Buracos estruturais Verifica a posição de cada ator em sua região de

atuação para a presença de buracos estruturais.

Buracos estruturais podem ser estrategicamente

preenchidos por um ou mais elos para interligar

determinados nós.

Rede

Fonte: Adaptado de Makagon et al. (2012).

De acordo com Lemieux e Ouimet (2008), as informações coletadas sobre os

elos entre os atores podem ser medidas, ou seja, podem-se atribuir pontuações em

diferentes níveis de medição. Essas medidas podem ser quantificadas em múltiplos

níveis de análise, mas comumente são usados nos níveis individuais e grupos ou

subgrupos.

Para o estudo em questão duas métricas foram escolhidas: centralidade de

grau e densidade. A medida de centralidade de grau indica a forma como a rede é

estruturada, isto é, a rede pode ser caracterizada de acordo pela forma como as

relações entre os atores são estabelecidas (LAZZARINI, 2008).

29

Segundo Borgatti (2005), a centralidade é um dos conceitos mais estudados

em análise de redes sociais. A partir das medidas de centralidade, é possível fazer

suposições implícitas sobre a maneira que o tráfego flui através de uma rede. A

centralidade de grau pode ser definida como o número de laços que incidem em um

nó, isto é, a soma de cada linha da matriz adjacente representante da rede. A

centralidade de grau é considerada como uma medida de influência imediata - a

capacidade de influenciar outros indivíduos diretamente em um período de tempo.

A medida de densidade indica se uma rede possui uma alta ou baixa

conectividade. Redes densas permitem um fluxo máximo de informações entre os

atores, mas o custo de colaboração torna-se muito alto. Segundo Cross e Thomas

(2009), para as redes de resposta rotineira, o nível ideal de conectividade varia de

30% a 40% (com 100%, há conectividade total e alta ineficiência). Para as redes de

resposta personalizada o nível varia com valores acima de 60%.

2.2.4. Limitações da análise de redes sociais

Segundo Zaccarelli et al. (2008), existem algumas dificuldades para

teorização de redes de negócios, porque com a participação de pessoas no sistema

esses se tornam muito mais complexos.

Três aspectos importantes devem ser reconhecidos:

§ Redes de negócios se constituem em sistemas evolutivos;

§ Os indivíduos, que trabalham em redes de negócios, geralmente não têm

consciência do sistema do qual participam (falta de visão sistêmica);

§ O entendimento de redes só é possível a partir de uma abordagem e uma

perspectiva de natureza estratégica.

O foco tradicional na estrutura e na estabilidade da rede carece de uma

perspectiva mais dinâmica adequada às ações estratégicas das organizações

(CROSS et al., 2001). Segundo Carley et al. (2007), sistemas sociais são dinâmicos.

A dinâmica resulta de processos de mudança, tais como processos evolutivos

naturais, incluindo a aprendizagem por meio da transferência de conhecimento,

novos atores e atores que deixam de fazer parte da rede, e processos de

intervenção, tais como a mudança de um ou do conjunto de indivíduos, que

conduzem o sistema. Os dados sobre esses sistemas são, muitas vezes,

30

incompletos, repletos de erros, e difíceis de coletar, o que dificulta a compreensão e

avaliação desses sistemas.

2.2.5. Softwares para análise de redes sociais

Segundo Makagon et al., (2012), a maioria dos pacotes de software de

análise de rede incluem programas para explorar visualmente a estrutura de redes

sociais, calculando uma variedade de métricas e realizando análises estatísticas de

rede.

De acordo com Lemieux e Ouimet (2008), existem vários softwares que

permitem o tratamento e a análise dos dados relacionais. Entre esses softwares é

possível definir duas categorias distintas: softwares de desenho e softwares de

tratamento e análise dos dados. Na primeira categoria, estão os softwares que

permitem a visualização dos relacionamentos dos atores sob a forma de um grafo, e

a segunda categoria é formada pelos softwares que possibilitam tratar e analisar os

dados das relações.

O processo de análise de dados inclui tarefas como: identificar as relações

entre indivíduos e grupos, caracterizar a estrutura da rede, localização dos atores,

pontos de vulnerabilidade e comparar propriedades estruturais. Muitas das

ferramentas tradicionais para análise relacional das redes sociais não se ajustam

bem e não podem lidar com dados dinâmicos e em grandes quantidades (CARLEY

et al., 2007).

Dentre um universo de várias ferramentas de software para análise e coleta

de dados, neste estudo serão utilizados dois pacotes: Ucinet® e o módulo NetDraw®;

ORA e o módulo CEMAP.

O Ucinet® e seu módulo integrado NetDraw® foram desenvolvidos nos

laboratórios da Analytic Tecnologies, na University of Greenwich (BORGATTI et al.,

2002). O Ucinet® apresenta características similares a quaisquer outros programas

que rodam sob o sistema operacional Windows®. O software permite a análise geral

e multivariada de redes sociais, contém ferramentas para criar escalas

multidimensionais, análises de correspondência, análises de grupos e regressão

múltipla. Também contém uma plataforma para a manipulação de dados. Permite

estabelecer as propriedades estruturais de um conjunto de relações sociais por meio

31

de indicadores de centralidade, densidade, buracos estruturais, cliques, entre outros.

O NetDraw® permite a visualização dos dados em formato gráfico, utiliza diferentes

tipos de algoritmos de forma a criar gráficos em duas ou três dimensões. O

NetDraw® é capaz de ler arquivos gerados a partir do Ucinet®.

O ORA e seu módulo integrado CEMAP foram desenvolvidos no Center for

Computational Analysis of Social and Organizational Systems (CASOS) na Carnegie

Mellon University (CARLEY et al., 2009).

O CEMAP é um software que pertence à família de sistemas que extraem,

transformam e alimentam (Extract, Transform and Load – ETL) os softwares de

análise (CARLEY e FRANTZ, 2009). Seu objetivo e sua arquitetura são projetados

para extrair dados de uma fonte eletrônica, que estejam em um determinado

formato, para então transformar os dados em um formato específico que seja

possível carregar num software de análise. Essa ferramenta pode ser usada de duas

formas: interativo ou por processamento em lotes. No modo interativo, os usuários

podem criar os conjuntos de dados de saída de forma repetitiva com esforço mínimo

– o software foi projetado de acordo com as realidades do fluxo de trabalho analítico.

Como processamento em lote, o CEMAP pode ser configurado para executar tarefas

de forma automatizada, por exemplo, extrair uma rede de caixas postais (e-mail),

todas as noites à meia-noite.

O ORA (Organizational Risk Analyzer) é um software de análise estatística,

com o objetivo de avaliar os sistemas complexos de redes sociais dinâmicas. O

visualizador do ORA processa imagens conceituais de redes sociais, e funciona de

forma interativa. É possível aplicar um zoom, girar, isolar, adicionar e remover nós,

entre outras possibilidades. A estrutura de uma rede de uma organização é a

relação entre as pessoas, conhecimento, recursos e tarefas. Essas entidades e

relações são representadas por uma matriz (matriz adjacente). As medidas

(indicadores) que têm como entrada uma matriz são usadas para analisar as

propriedades estruturais da organização (CARLEY et al., 2009).

2.2.6. Análise de redes sociais como ferramenta de gestão

Os líderes que compreenderem como as redes funcionam na estruturação

dos mercados e no desenvolvimento dos comportamentos dos indivíduos poderão

32

ter grandes insights para seus negócios (BARABÁSI, 2009). A análise de redes

sociais surgiu como uma nova e poderosa ferramenta para os líderes observarem o

que acontece em suas organizações, diagnosticar problemas e oportunidades,

incentivar a inovação e melhorar o desempenho operacional (CROSS e THOMAS,

2009). Através da análise de redes, os líderes podem compreender melhor como as

interações nas redes geram retorno financeiro, através de uma percepção diferente

da apresentada em relatórios econômicos ou processos orçamentários tradicionais.

A partir do entendimento de como os indivíduos de uma organização se

relacionam é possível reorganizar o ambiente da empresa, para criar novos métodos

de gestão (WABER, 2012).

2.2.7. Relacionamento como fator estratégico na cadeia produtiva

É de fundamental importância para as organizações que se estabeleçam

redes de cooperação internamente. Os ganhos competitivos advindos da ação

coletiva em rede não podem ser comparados com os ganhos provenientes das

ações individuais das pessoas da organização. Segundo Granovetter (1973), a força

de um laço é uma combinação (provavelmente linear) da quantidade de tempo,

intensidade emocional, intimidade e as atividades recíprocas que caracterizam o elo.

Segundo Cross et al. (2001), os indivíduos que você conhece tem um impacto

significativo sobre o seu conhecimento, dessa forma, os relacionamentos são

fundamentais para a obtenção de informações, resolução de problemas e gerar uma

relação de transferência de conhecimento para realizar as tarefas do dia a dia da

organização. À medida que se avança em uma economia em que a colaboração e a

inovação são cada vez mais necessárias para a eficiência organizacional, deve-se

dar maior atenção aos conjuntos de relações das quais as pessoas dependem para

realizar seu trabalho.

A experiência diária sugere que as redes sociais podem ter um papel duplo no

desenvolvimento econômico e bem-estar. São um terreno fértil para nutrir confiança

e compartilhar valores e, em seguida, reduzem os custos da gestão e facilitam

transações. Interações repetidas entre os membros de um grupo podem fomentar a

33

difusão de informações relevantes para a criação de valor dentro da cadeia

produtiva (SABATINI, 2009).

Para Kotler et al., (2010), as pessoas são afetadas pelo grupo de referência.

O grupo de referência não só irá forçar um indivíduo a aceitar novos

comportamentos e estilo de vida, mas também irá afetar sua atitude. Por meio das

relações sociais os indivíduos são capazes de adquirir recursos de outros indivíduos

na rede.

Pessoas em equipes não atuam de forma isolada, mas sim, colaboram em

padrões relacionais organizados, coletivamente, para realizar tarefas e atingir

objetivos pretendidos. As formas de colaboração afetam os resultados globais, tais

como desempenho individual e de grupo, grau de inovação e satisfação dos

colaboradores. O fato é que existem unidades básicas de colaboração em todas as

organizações e, consequentemente, essas influenciam diretamente o desempenho

organizacional (ZENK et al., 2010).

De acordo com Cummings e Cross (2003), um dos desafios que os

pesquisadores constataram é como relacionar o desempenho com a estrutura da

organização de modo que possa atender as características do próprio trabalho.

2.3. Comunicação organizacional

Segundo Angeloni (2010), devido à diversidade dos ambientes (políticos,

econômicos, sociais) em que as organizações se encontram, é preciso utilizar a

comunicação de forma integrada. Novas formas de comunicação precisam ser

desenvolvidas para que as organizações possam se adequar às condições impostas

pelos mercados. É indispensável a rápida circulação de informação e conhecimento

de forma que a organização tenha uma resposta rápida e eficaz.

A comunicação integrada consiste do novo paradigma da comunicação nas organizações, consistindo em um esforço conjunto e articulado de estratégias, ações e produtos de comunicação institucional, interna e de marketing apoiada pela tecnologia, com vista a implantar e consolidar uma imagem única junto aos diversos públicos. (ANGELONI, 2010)

De acordo com Mason e Leek (2012), é possível traçar um paralelo da

comunicação organizacional com a comunicação humana, em que apenas o

34

conteúdo das experiências compartilhadas é alterado. Nesse momento, o conteúdo

passa a ser relacionado ao cotidiano da empresa.

Angeloni (2010) define a comunicação organizacional como um processo

específico, pelo qual a informação se desloca dentro de uma organização e entre a

organização e seu ambiente. A comunicação organizacional é responsável por

qualquer tipo de relacionamento dentro da organização. De acordo com Costa

(2010), não existe relacionamento entre empresa e colaboradores, ou mesmo entre

os colaboradores, sem comunicação.

As atividades gerenciais não podem ser realizadas sem presença da

comunicação organizacional. Várias áreas da empresa são percebidas como

responsáveis, pela comunicação organizacional, tais como: recursos humanos,

gestão de mudanças, relações públicas, marketing e administração geral. A

comunicação organizacional não deve ser vista de forma subordinada a nenhumas

das áreas anteriormente citadas, exceto quando as estruturas da organização a

posicionam, hierarquicamente, abaixo de uma delas (VERČIČ et al., 2012).

2.3.1. A comunicação como diferencial estratégico

A comunicação aparece verdadeiramente como uma função da empresa no

mesmo nível que a administração da produção, financeira ou gestão de pessoas

(ANGELONI, 2010). De acordo com Kotler et al., (2010), os modelos de gestão

adotados pelas organizações influenciam diretamente o modelo de comunicação. Os

modelos participativos são baseados em comunicações amplas visando o

compartilhamento de informação e conhecimento, enquanto organizações apoiadas

em uma cultura hierarquicamente forte de controle tendem a ter pouca comunicação.

É possível gerar um diferencial positivo por meio da comunicação. Esse

diferencial irá impactar na forma de trabalho da organização. Por exemplo, pode-se

buscar: mudança de cultura, melhora de performance das equipes, integração dos

colaboradores, alinhamento do negócio. Os mais importantes preditores do sucesso

de uma equipe são os padrões de comunicação (PENTLAND, 2012).

De acordo com Verčič et al. (2012), pesquisadores da área de recursos

humanos veem a comunicação interna como uma ferramenta de gestão para as

organizações, enquanto os interessados em marketing percebem os colaboradores

35

como clientes internos e têm desenvolvido ações de marketing interno para interagir

com esses colaboradores. Esses autores afirmam que os principais benefícios da

implementação de uma comunicação interna estruturada incluem: melhoria da

produtividade, diminuição do absenteísmo, maior qualidade de serviços e produtos,

aumento dos níveis de inovação, menos greves e redução nos custos.

Na era da informação, a comunicação interna é o que permite a empresa

engajar o intelecto das pessoas e seus ativos criativos para gerar valor. É vital para

atingir o sucesso e, quando bem feita, pode proporcionar uma vantagem estratégica

por meio do alinhamento dos esforços dos colaboradores, disseminando

conhecimento e envolvendo-os por meio da emoção (QUIRKE, 2008). Mensagens

conflitantes geram um impacto negativo nas equipes de trabalho, afetando a

produtividade dos indivíduos, desestimulados por uma comunicação incoerente. A

comunicação interna é reconhecida como um foco estratégico para a comunicação

das organizações (WHITE et al., 2010).

Para que a comunicação interna de uma organização seja uma ferramenta

estratégica, é necessário que ajude os colaboradores a compartilhar conhecimento e

informação, extrair significado por meio da comunicação e tomar decisões que

agreguem valor (QUIRKE, 2008).

2.4. Processos de comunicação

Segundo Angeloni (2010), a palavra comunicar deriva do termo em latim

communicare, que significa “tornar comum”. Através da comunicação, é possível

aumentar a sinergia entre as pessoas, e, por meio de seu aperfeiçoamento é

possível modificar seu comportamento de forma a acelerar o processo de

conhecimento.

Como elementos básicos do processo de comunicação há: emissor

(codificador), receptor (decodificador), mensagem, meio e ruído. O processo de

comunicação é uma sequência de acontecimentos em que uma mensagem é

transmitida de um emissor para um receptor. Na Figura 6, estão relacionados os

componentes do processo de comunicação.

36

Figura 6 – Elementos básicos do processo de comunicação, e suas interrelações. Fonte: Adaptado de

Angeloni (2010).

A presença do feedback significa que os eventos de comunicação são

avaliados em função do processo e dos seus resultados, isto é, a sua influência

sobre a relação e o valor entregue. A comunicação, conforme Mason e Leek (2012),

é o processo por meio do qual os indivíduos buscam fazer uma troca compreensiva

de significações através de símbolos. A comunicação obedece a um processo, cujo

mecanismo envolve o estímulo, a percepção, a elaboração mental, a resposta, a

ação e as reações (ANGELONI, 2010).

Para Taylor apud Angeloni (2010), a comunicação é um processo pelo qual

quem comunica está:

§ Influenciando o outro ou um grupo;

§ Gerando novas atitudes e comportamentos;

§ Criando novos hábitos;

§ Aumentando seus conhecimentos;

§ Impulsionando o processo de aprendizagem.

Basicamente, os estágios do processo de comunicação, independente do

meio, entre dois atores acontecem de acordo com o diagrama apresentado na

Figura 7.

37

Figura 7 – Estágios do processo de comunicação. Fonte: Adaptado de Quirke (2008).

De acordo com White et al. (2010), o meio é responsável pela mensagem. A

mensagem, muitas vezes, não passa adiante porque o meio filtra a mensagem.

Cada canal de comunicação permite que a mensagem siga adiante de forma

diferente.

Segundo Quirke (2008), é fundamental que no processo seja verificado o

resultado de comunicação - que a informação foi recebida, que tenha sido

corretamente compreendida, como foi interpretada e se ela foi traduzida em ação –

sem resultado não há comunicação verdadeira, apenas a distribuição de

informações e difusão de mensagens. Para Pentland (2012), 35% da variação de

desempenho de uma equipe pode ser atribuída diretamente ao número de

interações face a face entre seus integrantes.

2.5. Tipos de comunicações

Segundo Angeloni (2010), os indivíduos que estão inseridos num determinado

contexto e em uma cultura podem interpretar o conteúdo de comunicação não

apenas pela mensagem, mas também pelo formato e comportamento do emissor. A

comunicação ultrapassa a análise verbal e estende-se para a análise não verbal.

Kofman (2002) também descreve os dois tipos de comunicação, e sustenta que a

comunicação não verbal é responsável por 2/3 do que as pessoas transmitem.

38

A comunicação é uma atividade “meio” e não “fim”, que presta serviço às

demais áreas da organização. Conforme Kotler et al., (2010), a comunicação, tanto

interna como externa, dá consistência e organicidade à organização.

É fundamental para o sucesso de uma política de comunicação interna seu

alinhamento estratégico com os valores e cultura da organização e com sua

estrutura operacional. De acordo com Kotler et al., (2010), a falta de alinhamento da

comunicação pode ter como consequência uma queda da produtividade dos

colaboradores devido à incoerência das mensagens, e por outro lado, no plano

externo, a organização também pode perder credibilidade junto a outros

stakeholders (clientes, fornecedores e investidores). Dessa forma, a lucratividade

para um determinado período poderá ser reduzida.

2.5.1. Comunicação externa

A comunicação externa se refere a todas as comunicações recebidas e

enviadas da organização para o mercado. O mercado é formado pelo público

consumidor (influenciadores, compradores, usuários e decisores), fornecedores e

canais de distribuição. A comunicação externa, segundo Sant’Anna (2000), é

composta por várias ferramentas que devem ser utilizadas de forma integrada para

produzir o efeito desejado. As ferramentas de comunicação podem ser: propaganda,

publicidade, marketing direto, marketing de relacionamento, promoção de vendas,

merchandising, relações públicas, assessoria de imprensa e venda pessoal.

Segundo White et al. (2010), a relação entre a identificação do colaborador

com a empresa e imagem organizacional é, ao mesmo tempo, simbiótica e

autoperpetua: trabalhar para uma empresa com uma reputação positiva melhora os

próprios conceitos dos membros da organização, e por sua vez, a identificação

positiva do colaborador ajuda a preservar a boa reputação de uma empresa, de

acordo como esses indivíduos compartilham suas histórias positivas de trabalho com

indivíduos de fora da organização. Da mesma forma, os colaboradores cujos

próprios conceitos sofrem de uma associação com uma má imagem organizacional

são mais propensos a transmitir histórias negativas.

39

2.5.2. Comunicação interna

A comunicação interna, muitas vezes, é percebida como sinônimo de

comunicação intraorganizacional e, muitas vezes, equiparada somente a

comunicação estabelecida entre os colaboradores (VERČIČ et al., 2012).

A comunicação interna integra todas as comunicações que acontecem dentro

do sistema organizacional, dando suporte às decisões, agrupando redes, objetivos,

normas, politicas, programas, diretrizes, entre outros. A função primordial da

comunicação interna é estabelecer o processo oficial, através do qual a organização

e seu público interno se comunicam (ANGELONI, 2010).

A comunicação interna requer um modelo participativo, mais plano, em que a

interatividade entre seus participantes seja fomentada. A comunicação desses

indivíduos não pode ser atenuada pelas hierarquias clássicas nem por trajetórias

unidirecionais (FORMANCHUK, 2011). Na Tabela 2, é apresentada a mudança de

comportamento que as organizações deverão adotar para uma comunicação interna

com as pessoas tendo a oportunidade de intervir e compartilhar conteúdos sob o

paradigma de rede (comunicação horizontal), e não simplesmente ter uma

comunicação direcionada de acordo com sua estrutura hierárquica (comunicação

vertical).

Tabela 2 – Mudança de paradigmas da comunicação interna da organização.

Paradigma 1 Paradigma 2

Informação Diálogo

Comunicação como produto Comunicação como processo

Mão única Comunicação face a face

Descendente e ascendente Rede

Muitas afirmações Muitas consultas

Muito papo Ouvir muito

Dados Significados

Poder do megafone Poder dos neurônios

Mensagens verticais Conversas horizontais

Monobloco da informação Tecidos vivos e comunicantes

40

Muitas senhas Muito acesso

Informação classificada Informação pública e aberta

Reserva de informação Compartilhar diálogos

Poder da informação Poder da conversação

Meios centrados na difusão Meios que buscam a interação

Gargalos comunicacionais Arquitetura de participação

Lógica broadcasting Interatividade descentralizada

Panorâmico informativo Praça pública de comunicação

Pirâmides egípcias Redes globais

Ódio a críticas Celebração do desenho

Terror da rádio corredor Celebração da conversa

Grandes meios Grandeza

Fonte: Adaptado de Formanchuk (2011).

Pode-se considerar a comunicação interna como a dinâmica, segundo a qual

são coordenados os recursos humanos, materiais e financeiros para atingir

determinados objetivos, por meio da interconexão de todos os indivíduos de uma

organização.

A comunicação interna é um processo organizacional interativo e continuo de troca de informações, opiniões e percepções que ocorre por meio de um conjunto diversificado de canais, diálogos, relacionamentos e dinâmicas sociais constituídas por atributos de linguagem, estéticos e discursivos, pertinentes à cultura dessa organização, que visa promover identificação e cooperação entre seus membros para a consecução de objetivos comuns, com a finalidade de prosperar e perpetuar-se como grupo. (COSTA, 2010)

O processo de comunicação interno de uma organização trata de uma relação

entre indivíduos e grupos, significando uma condição básica a sua sobrevivência e

prosperidade.

A vantagem competitiva da comunicação interna estratégica vem, não só dos

benefícios óbvios de satisfação e produtividade dos colaboradores, mas também das

contribuições positivas que os indivíduos bem informados podem fazer aos esforços

de relações públicas externas da empresa. Os colaboradores podem ser os

melhores embaixadores de uma organização ou os críticos mais ferozes,

41

dependendo de quais informações obtêm, e de que forma (WHITE et al., 2010). De

uma forma simples, os colaboradores são a face de uma organização e têm uma

influência poderosa no sucesso organizacional.

2.6. O impacto da comunicação interna na cadeia produtiva

A comunicação interna é a área que observa a organização como um todo,

auxiliando no alinhamento dos atributos da empresa (valores, cultura) de forma a

contribuir para que sua missão seja cumprida (ANGELONI, 2010). Segundo Brown e

Isaacs (2007), a comunicação é responsável pela disseminação de conhecimento

técnico (capacitação técnica), diretamente ligado ao exercício das tarefas diárias dos

indivíduos da organização e também atua no nível comportamental.

Quando as organizações não formalizam o processo de comunicação interno,

estas ficam reféns dos impactos negativos que uma rede de comunicação informal

pode gerar na cultura organizacional vigente.

De acordo com Quirke (2008), um estudo conduzido pela consultoria Deloitte

and Touche Human Capital apresentou quais questões relacionadas aos recursos

humanos são diretamente responsáveis pelo sucesso de uma organização. O

resultado positivo foi que 95% dos executivos responderam: uma comunicação

interna eficaz. O resultado negativo foi que apenas 22% acreditava que a

comunicação interna estava sendo desenvolvida de forma eficaz.

Segundo Mason e Leek (2012), uma comunicação satisfatória, através do uso

de meios adequados, irá contribuir para melhorar o desempenho das relações, da

atmosfera e do desenvolvimento futuro das relações. Se os atores estão satisfeitos

com a comunicação, então ela pode conduzir direta ou indiretamente a um melhor

desempenho e a uma atmosfera mais positiva, por exemplo, com um aumento dos

níveis de confiança, comprometimento e cooperação.

A abordagem de que um mesmo formato de comunicação funcionará para

todos não é verdade. Para que a comunicação interna seja utilizada de forma a

alavancar a performance da organização é necessário que esteja alinhada,

especificamente, com a estratégia individual do negócio da empresa (QUIRKE,

2008).

42

2.6.1. Fluxo de comunicação × fluxo de conhecimento

A criação do conhecimento e os processos de codificação não levam

necessariamente à melhoria de desempenho ou de criação de valor, o valor é criado

somente quando o conhecimento é compartilhado em toda a organização e aplicado

exatamente onde ela é necessária (JANHONEN e JOHANSON, 2010).

Para Cruz (2002), o conhecimento existente em qualquer tipo de organização

depende da capacidade de processamento das informações e domínio das

tecnologias de comunicação. O fluxo de comunicação da organização está

diretamente ligado a sua estrutura, o que define os tipos de interações possíveis

entre os participantes de sua cadeia produtiva. Na Tabela 3, estão as possíveis

formas de comunicação encontradas dentro de uma organização (CAVALCANTI e

NEPOMUCENO, 2007). As ferramentas utilizadas podem ser entendidas como o

meio responsável pelo envio das mensagens entre os atores. Pode-se citar

McLuhan’s apud Mason e Leek (2012), por meio de sua frase “O meio dá forma à

mensagem”. Os estudos dos autores supracitados mostram que a forma de

interação entre os atores molda a mensagem e seu significado também.

Tabela 3 – Formas de comunicação e suas características.

Ferramenta Forma de

comunicação

Características Atores

Fala Um para um Comunicação

horizontal

Emissor e receptor

na mesma hora e no

mesmo local

Escrita

(newsletters,

memorandos)

Um para muitos Comunicação

vertical

Emissor e receptor

em locais diferentes

Ambiente de

rede

(internet, intranet

e outros)

Muitos para

muitos

Comunicação

multidirecional

Emissor e receptor

em locais diferentes,

com a possibilidade

de interação.

Fonte: Adaptado de Cavalcanti e Nepomuceno (2007).

43

Essa tabela é importante para estabelecer os pontos de contato que os

indivíduos de uma organização podem utilizar. A partir da compreensão do potencial

dos meios de comunicação disponíveis é possível determinar quais ações são

realizáveis dentro do contexto da organização (ANGELONI, 2010).

O estudo de Cummings e Cross (2003) mostra que "redes de comunicação",

com estruturas centralizadas melhoram a difusão de informações em tarefas

simples, enquanto estruturas descentralizadas atrasam a divulgação de

informações. No entanto, grupos de trabalho com “redes de comunicação”

descentralizadas levam menos tempo para concluir tarefas complexas do que

grupos com “redes de comunicação” centralizada.

As redes sociais são essenciais para proporcionar o fluxo de informações e o

apoio social dos atores da organização (WABER, 2012). Por meio do estudo das

redes internas é possível estudar o volume total de comunicação utilizado por um

ator, assim como a estrutura dessa comunicação.

A rede de comunicação interpessoal garante os fluxos de informação entre as

organizações e os indivíduos dentro dessas organizações. Atores dentro da rede

não são receptores passivos de informação, mas procuram ativamente e iniciam

relações pessoais para obter informações, compartilhar entendimento e desenvolver

conhecimentos, dependendo de como eles veem o futuro (QUIRKE, 2008).

O fluxo de comunicação dentro de uma rede de indivíduos pode ser

interrompido. Por exemplo, um indivíduo pode reter informações que podem,

potencialmente, ter um impacto sobre as subsequentes interação e comunicação

dos atores diretamente envolvidos e de outros atores ligados na rede. Dentro dos

relacionamentos em negócios, comunicações interpessoais foram encontradas para

atender a diversas tarefas importantes: troca de informações, avaliação, negociação,

gerenciamento de crises e social (MASON e LEEK, 2012).

O fluxo de comunicação de um modelo de processo de negócio pode ser

definido como o grau em que o modelo demonstra claramente como as interações

de comunicação (por exemplo, conversas, memorandos internos, workflows)

ocorrem em um processo de negócio (KOCK et al., 2009). Na Figura 8, de acordo

com Corrêa (2004), estão os possíveis pontos de contato dos indivíduos de uma

organização.

44

Figura 8 – Pontos de contato do público interno de uma organização. Fonte: Adaptado de Corrêa

(2004).

Considerando os canais de comunicação internos das organizações, White et

al. (2010), citam que o e-mail é eficiente para a troca de informações, mas para o

compartilhamento de conhecimento a preferência para a comunicação entre todos

os grupos de funcionários são os encontros presenciais (face a face) que permitem

interações dialógicas. Reuniões, apesar de serem reconhecidas como consumidoras

de tempo, foram avaliadas como um importante canal de feedback e cooperação.

O uso crescente de formas de comunicação mediadas por dispositivos

tecnológicos (computadores), como e-mail, proporciona um fluxo de dados

permanente que representa a comunicação eletrônica numa organização (ZENK e

STADTFELD, 2010). Embora o e-mail seja conveniente tanto para o emissor quanto

para o receptor, é um meio impessoal e carece da riqueza de outras fontes de

informação (WHITE et al., 2010). Como o e-mail é assíncrono, podem ocorrer

atrasos no envio, recebimento e resposta, também não é o meio ideal para transmitir

informações delicadas ou complexas, ou mesmo para influenciar, persuadir ou

vender uma ideia. A comunicação por meio do encontro presencial permite uma

45

comunicação não verbal, bem como um feedback imediato, é um canal mais rico de

comunicação.

Para Mason e Leek (2012), o estudo das práticas de comunicação é o estudo

das interações sociais durante o tempo. A abordagem enfatiza que os episódios que

contêm algum tipo de interação desenvolvem os relacionamentos entre os atores, e

reconhece que esses se envolvem em diferentes tipos de experiências de

comunicação para diferentes tipos de trocas. As trocas podem ser: relacionadas a

produtos ou serviços, financeiras, informações conhecimento, ou sociais. Essa

abordagem não leva em conta as decisões tomadas na escolha de um canal de

comunicação específico para realizar uma tarefa específica. No entanto, o impacto

do episódio sobre a relação é tomado em consideração; episódios positivos são

percebidos como aprofundamento da relação enquanto negativos podem ter um

efeito adverso.

2.6.2. Conhecimento tácito e explícito

Segundo Janhonen e Johanson (2010), o conhecimento que pode ser

declarado, formulado em frases e capturado em desenhos é explícito. É acessível

através da consciência. O conhecimento ligado aos sentidos, experiências táteis,

habilidades motoras, intuição, modelos mentais ou métodos empíricos é tácito. O

conhecimento tácito está enraizado na ação, procedimentos, rotinas, compromissos,

ideais, valores e emoções.

De acordo com Cruz (2002), conhecimento tácito é aquele que todos os

indivíduos acumulam dentro de si, fruto do aprendizado, da educação, da cultura e

da experiência de vida. O conhecimento explícito é aquele compartilhado, que os

indivíduos transmitem para que outros indivíduos também desenvolvam suas

habilidades, para gerar mais conhecimento e, por sua vez, será passado adiante

numa cadeia de desenvolvimento científica, cultural, organizacional e emocional.

O conhecimento pode ser classificado em três grupos distintos:

§ Conhecimento estratégico;

§ Conhecimento operacional;

§ Conhecimento emocional.

46

O conhecimento estratégico permite construir modelos da realidade em que a

organização está inserida a fim de criar diretrizes que permitam a condução do

negócio. O conhecimento operacional está ligado à capacidade de realizar o dia a

dia da organização. Esse conhecimento serve para que qualquer processo da

organização possa ser executado na forma devida. Conhecimento emocional é todo

conhecimento que contribui para gerar um ambiente mais informal às relações

funcionais da organização (CRUZ, 2002).

Todo o conhecimento se deve a um acumulado ao longo da história, não

existindo senão o conhecimento construído coletivamente (FREITAS, 2007).

Alguns tipos de estruturas de rede podem aumentar o compartilhamento de

conhecimentos. Os estudos de Janhonen e Johanson (2010) apontam a importância

de certas características internas e externas da rede em que a equipe está inserida.

O conhecimento tácito pode ser compartilhado com êxito, se a frequência de

interação e proximidade dos atores forem altas, e quando focado do ponto de vista

da análise de redes sociais pode ser medido por meio dos indicadores estruturais de

centralidade. Esse tipo de transferência de conhecimento leva a um maior

conhecimento compartilhado que, por sua vez, pode afetar o desempenho. Os

estudos também apontam que a densidade da rede e a capacidade de acesso de

um indivíduo a seus contatos pessoais (ou seja, sua rede de conhecimento) são

importantes para uma série de resultados relevantes, tanto individuais quanto da

equipe.

Segundo Tsai e Ghoshal apud Janhonen e Johanson (2010), redes que

permitem a transferência de conhecimento entre as equipes proporcionam,

simultaneamente, oportunidades de aprendizagem e cooperação, permitindo a

criação de novos conhecimentos e melhorando a capacidade da organização em

inovar.

Do ponto de vista da epistemologia, estudos descrevem o conhecimento

como um processo que se inicia fora do organismo humano, por meio da ação

causal dos objetos fora das pessoas sobre os órgãos dos sentidos, e explicam que a

continuação desse processo, dentro do organismo, dá-se por meio de determinados

mecanismos, inclusive o papel desempenhado pela linguagem e comunicação

(DUTRA, 2010). Há um princípio responsável pelos processos de aquisição de

crenças causais, que Hume apud Dutra (2010) denomina de “hábito” ou “costume”.

47

No desenvolvimento de uma nova relação, cada ator traz o conhecimento e

experiência de comunicação de sua empresa e como essas práticas funcionaram

com diferentes meios em relacionamentos anteriores. Conhecimento adquirido

anteriormente afeta a maneira como as práticas de comunicação são interpretadas e

compreendidas no presente. À medida que o relacionamento se desenvolve, o

conhecimento relevante e experiência de eventos passados e práticas de

comunicação (tanto no relacionamento atual, como de outros relacionamentos)

influenciam os eventos atuais e a atmosfera dos relacionamentos (MASON e LEEK,

2012).

De acordo com Cross e Thomas (2009), é necessário que os líderes tenham

consciência de como as competências e habilidades estão distribuídas e

mobilizadas nas redes que constituem suas organizações. Várias iniciativas podem

melhorar essa consciência do grupo a respeito de quem sabe o quê. Por exemplo,

por meio das tecnologias de redes sociais é possível estruturar uma ferramenta que

gere uma percepção sobre a competência de todo o grupo sem, necessariamente,

sobrecarregar os colaboradores com informação.

O compartilhamento de conhecimento é um dos aspectos fundamentais do

trabalho eficaz em equipe: para realizar a sua missão, as equipes devem integrar,

sintetizar e compartilhar informações durante todo o desempenho das atividades

(JANHONEN e JOHANSON, 2010).

Existem algumas abordagens metodológicas que permitem o acesso a um

conhecimento maior, que só é encontrado no coletivo. As duas abordagens

utilizadas neste estudo serão: World Café e Investigação Apreciativa.

Para Brown e Isaacs (2007), o World Café é uma técnica para criar uma rede

de conversas, por meio de diálogo, em torno de questões que importam a um

determinado grupo. É um processo criativo para conduzir o diálogo colaborativo, de

forma a compartilhar conhecimento e trazer à tona a inteligência coletiva do grupo,

transformando o conhecimento tácito em explícito. Não tem um limite em relação à

quantidade de participantes, sendo possível sua aplicação em grupos de todos os

tamanhos.

De acordo com Cooperrider e Whitney (2006), a Investigação Apreciativa é

uma abordagem de desenvolvimento e mudança organizacional. A mudança ocorre

por meio de uma disciplina de pensamento sobre os sucessos do passado,

transformando os desejos em potencialidades. Traz, por meio do diálogo aberto, a

48

participação ativa do grupo, com a troca reforçada de experiências e conhecimento,

resultando num ambiente onde todos se tornam responsáveis pela implementação

das melhores técnicas descobertas.

2.6.3. Capital social

Segundo Lazzarini (2008), o capital humano é decorrente de investimentos

pessoais em educação e qualificação para determinado trabalho. De acordo com

Burt (2000), o capital social é resultante de esforços individuais que visam adquirir

conhecimento e melhorar a eficiência das tarefas diárias; o capital social é,

essencialmente, originado através de ações coletivas.

A gerência da organização pode compreender melhor como as tarefas diárias

se comportam e, a partir desse momento, buscar melhores formas de utilizar seu

capital social para alavancar um aumento de eficiência operacional. O que é

sustentado através da afirmação de Lazzarini (2008), sobre a importância do capital

social para as organizações:

Em administração, o interesse sobre o papel do capital social aumentou substancialmente a partir da década de 1990, com o entendimento de que as relações sociais facilitam a troca ou o acesso a recursos: ativos tangíveis (físicos, financeiros etc.) ou intangíveis (conhecimento, reputação, marca etc.) de posse de empresas ou indivíduos. (LAZZARINI, 2008)

Segundo Sabatini (2009), um número crescente de estudos indica que, para

ser sustentável no longo prazo, a cultura das organizações deve também preservar

ou melhorar a qualidade de vida e do meio ambiente, bem como os processos de

aprendizagem ao longo do tempo e do estoque de capital humano que a força de

trabalho possui. O capital social de fato incorpora diversos fenômenos como a

cultura, as instituições, as normas sociais e redes de relações interpessoais.

O capital social deve primeiro ser adquirido ou disponibilizado para os atores

individuais na forma de redes pessoais, antes que os recursos possam ser utilizados

ou alcançados. O capital social é, um processo e um resultado, e é relevante para o

sucesso de um ator individual no nível pessoal, uma organização no nível médio, e

de toda uma comunidade ou sociedade, no nível macro (SOMMERFELDT e

TAYLOR, 2011).

49

O capital social pode ser visto como as relações sociais entre os atores que

envolvem a troca de recursos. Assim, o capital social é a soma dos recursos

adquiridos por meio de relações que ajudam a facilitar as ações de sucesso de um

ator individual ou corporativo (BURT, 2000).

No nível organizacional, Sommerfeldt e Taylor (2011) definem que o capital

social é relativo à capacidade que as organizações têm de criar, manter e usar

relacionamentos para alcançar as metas organizacionais desejadas.

2.6.4. Cultura organizacional × comunicação interna

Para Angeloni (2010), quando considerado o novo paradigma das

organizações, com um volume substancial de informações e conhecimentos gerados

a cada momento, todos os indivíduos que fazem parte da organização devem se

tornar responsáveis pela comunicação.

Através de uma integração das áreas internas da empresa por meio da

comunicação, é possível produzir uma sinergia positiva no uso de recursos

financeiros, instalações e pessoas, de forma a utilizar plenamente o conhecimento

para incrementar as competências organizacionais (KOFMAN, 2002).

A cultura organizacional pode ser definida como um conjunto de premissas

que um determinado grupo desenvolveu ao aprender como lidar com problemas e

que funcionaram, suficientemente bem, para serem considerados válidos e

ensinados a novos membros, como a forma correta de agir em relação a esses

problemas (COSTA, 2010).

Segundo Verčič et al. (2012), alinhar os objetivos individuais dos

colaboradores aos objetivos da organização também é visto como uma tarefa para a

comunicação interna. Esse alinhamento ajuda as organizações a construir culturas

fortes. A comunicação interna é a aspiração (a partir dos valores, seguindo para a

missão e visão e, eventualmente, a estratégia) para alcançar uma distribuição de

informação e conhecimento, de forma sistemática, em todos os estratos da

corporação, simultaneamente coordenados da maneira mais eficiente.

Os fatores culturais, sociais e organizacionais afetam o que a relação se

torna, por exemplo, um sistema aberto, de confiança, relacionamento de longo prazo

e inovador. O processamento das informações sociais permite que as atitudes e

50

comportamentos individuais sejam determinadas pelo contexto social e são limitadas

pelas características do ambiente de trabalho (MASON e LEEK, 2012).

Segundo Formanchuck (2011), a cultura da empresa é a plataforma, é a base

a partir da qual é possível construir. Cada cultura cria experiências de comunicação

diferentes, que impactam e provocam reações específicas no público interno. Na

Tabela 4, é apresentada a diferença de características de uma cultura tradicional e

uma cultura organizacional positiva, permitindo uma comunicação mais eficaz,

baseada numa experiência diferenciada dos indivíduos com a organização e com

eles mesmos. A efetividade da comunicação interna depende diretamente da cultura

da empresa.

Tabela 4 – Duas formas possíveis de cultura organizacional.

Cultura organizacional 1 Cultura organizacional 2

Empregado Colaborador

Público interno Ator multidimensional

Recurso humano Pessoas

Busca pelo poder Alternância do poder

Centralizar Descentralizar

Grandes unidades Pequenas unidades de negócio

Competência Cooperação

Informação Diálogo

Chefe e subordinado Estrutura matricial

Linearidade Rede

Gerencial Facilitador

Hierarquia que manda Vence o talento

Respeito pelo cargo Admiração pela capacidade

Trabalhar muito Trabalhar melhor

Líder sabe mais Líder cercado pelos que sabem mais

Tradicional Criar e recriar

Não fracassar Aprender com erros e tentar novamente

Administradores Empreendedores

51

Adaptado e repetitivo Pensadores e criadores

Lógica linear e alfabética Mapas mentais e imagens

Obsessão por redução de custos Paixão por criação de valor

Fonte: Adaptado de Formanchuk (2011).

Existe uma relação simbiótica entre a comunicação e a cultura organizacional:

a comunicação influencia a cultura e a cultura influencia a comunicação. A

percepção de um sentimento positivo da comunidade dentro de uma organização

contribui para uma cultura organizacional positiva. A cultura organizacional refere-se

à forma como os funcionários se sentem sobre uma organização, o sistema de

autoridade, e no sentido de envolvimento e de compromisso (WHITE et al., 2010).

A chave para se obter a cultura organizacional correta é por meio de uma boa

comunicação interna (QUIRKE, 2008).

2.6.5. Como mensurar a produtividade frente à comunicação interna

De acordo com Costa (2010), é de suma importância identificar exatamente

as necessidades de medição e os tipos de indicadores disponíveis e, a partir desse

ponto, aplicar uma metodologia ou escolher a melhor técnica para avaliação na

organização.

Segundo Quirke (2008), é imprescindível mensurar os resultados a partir de

um sistema de indicadores com base no que é relevante para o negócio. Medir o

resultado de comunicação frente aos resultados da organização significa tornar

concreta a real contribuição da comunicação interna na obtenção das metas da

empresa e dos aspectos comportamentais dos colaboradores. O processo de

mensuração deve ser sistemático e tem por obrigação dar conta da medição, tanto

dos aspectos tangíveis, quanto dos intangíveis.

Na Tabela 5, apresenta-se um quadro resumo dos possíveis indicadores

utilizados na medição de desempenho da organização tendo em vista a

comunicação interna como agente de transformação.

52

Tabela 5 – Indicadores de desempenho que podem ser utilizados na medição.

Indicadores Diretos

Processo Mede a efetividade da comunicação interna a partir da

retenção e do entendimento das mensagens, coerência,

simetria, permeabilidade.

Estrutura de canais Avalia a efetividade dos canais internos de

comunicação, sua penetração, volume e periodicidade,

estética, distribuição, pertinência, entre outros.

Efeito motivacional Analisa o impacto da comunicação interna para o

engajamento das pessoas no trabalho e sua motivação

pela empresa.

Produtos (ou pontuais) Mede a efetividade da comunicação no curto prazo para

ações e campanhas pontuais a partir de critérios

diretamente vinculados ao objetivo da atividade.

Indicadores Indiretos

Resultados do negócio Analisa a contribuição da comunicação interna para o

desempenho do negócio a partir da influência que ela

exerce sobre vendas, satisfação de clientes, custos,

entre outros.

Resultados da gestão Avalia o grau de impacto exercido pela comunicação na

forma como as pessoas percebem as práticas de

gestão da empresa, que se manifestam no clima

organizacional, segurança, qualidade, valores, entre

outras políticas corporativas.

Papel das lideranças Analisa o impacto da comunicação interna para o

engajamento das pessoas no trabalho e sua motivação

pela empresa.

Fonte: Adaptado de Costa (2010).

Neste estudo, serão utilizados dois indicadores. Um será o indicador de

estrutura de canais (tipo direto), que permitirá avaliar os canais utilizados e sua

proporção, e o outro será ligado aos resultados do negócio da organização (tipo

indireto), representando quantitativamente o desempenho da cadeia produtiva.

53

De acordo com Angeloni (2010), o grau de importância de utilizar métricas de

medição ligadas diretamente aos resultados do negócio é o mesmo do alinhamento

da estratégia de comunicação à estratégia do negócio.

2.7. Agências de comunicação e o mercado

De acordo com a Associação Brasileira de Agências de Publicidade (ABAP), o

Brasil é o sexto mercado publicitário no mundo (ABAP, 2011). Segundo dados do

Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), responsável pelas

pesquisas de audiência, consumo e mídia na América Latina, as atividades

relacionadas diretamente à publicidade, em 2011, geraram R$ 88,32 bilhões de reais

em receitas, 15,9% a mais que em 2010, e representaram 2,13% do Produto Interno

Bruto (PIB) brasileiro (IBOPE, 2012). A Figura 9 apresenta o crescimento do

mercado publicitário brasileiro nos últimos três anos. O Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB brasileiro em 2011 foi de R$ 4,15

trilhões (IBGE, 2012).

Figura 9 – Crescimento do mercado publicitário brasileiro. Fonte: IBOPE (2012).

De acordo com a Zenith Optimedia, foi estimado um crescimento de 4,3% do

investimento global em publicidade, em 2012. Segundo o estudo Adforecast, estima-

se que, em 2014, o Brasil irá ultrapassar o Reino Unido e se tornará o quinto maior

mercado mundial da indústria da publicidade (Zenith Optimedia, 2011).

0  

20  

40  

60  

80  

100  

2009   2010   2011  

Ano  

R$  Bilhões  

54

De acordo com Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Socioeconômicos (DIEESE), o porte das empresas é definido em função do número

de pessoas contratadas e depende do setor de atividade econômica investigado. As

agências de comunicação são caracterizadas como empresas do setor de serviços e

são classificadas conforme a Tabela 6, a seguir (DIEESE, 2011).

Tabela 6 – Classificação dos estabelecimentos segundo seu porte.

Porte Setor de Serviços

Microempresa até 9 pessoas

Pequena empresa de 10 a 49 pessoas

Média empresa de 50 a 99 pessoas

Grande empresa mais de 100 pessoas

Fonte: DIEESE (2011).

Segundo o DIEESE (2011), as empresas do setor de serviços foram

mapeadas de acordo com sua classificação, e as microempresas somadas às

pequenas empresas tiveram uma distribuição, em termos percentuais, na ordem de

98,9% do total de empresas no Brasil, como apresentado na Figura 10.

Figura 10 – Percentual de empresas por porte e setor de atividade econômica no setor de serviços –

Brasil 2010. Fonte: DIEESE (2011).

De acordo com a Mega Brasil Comunicação (2011), a Figura 11 apresenta o

volume de colaboradores contratados nas agências. As agências trabalham com um

número reduzido de funcionários, mas com uma forte rede de colaboradores por

parcerias e fusões, atuando juntamente com prestadores de serviços.

93,50%

5,40% 1,10%

Microempresas

Pequenas Empresas

Médias e Grandes Empresas

55

Figura 11 – Percentual de agências de comunicação em relação ao número de funcionários. Fonte:

Mega Brasil Comunicação (2011).

A cadeia de comunicação é baseada no conceito do processo de

comunicação que os anunciantes utilizam para levar uma determinada mensagem

até seu público final (consumidores). Num primeiro momento, cabe a empresa que

anuncia, definir seu posicionamento de marketing e comunicação, para que, em

seguida, a agência elabore o plano de comunicação e produza as peças publicitárias

necessárias. Em seguida, os veículos (revistas, jornais, TV, entre outros) são os

responsáveis diretos pela veiculação das mensagens produzidas pela agência, tanto

no meio impresso quanto eletrônico, que irão impactar o mercado e seus respectivos

públicos (CORRÊA, 2004).

A cadeia de comunicação é composta basicamente por quatro grupos de

atores: o anunciante, a agência de publicidade, os meios (mídia) e o mercado, aqui

incluindo os consumidores. De acordo com Corrêa (2004), cada grupo tem a sua

parcela de responsabilidade e contribuição, para que o processo de comunicação

seja realizado com sucesso, como pode ser visto na Figura 12.

Figura 12 – Atores que compõem a cadeia de comunicação. Fonte: Adaptado de Corrêa (2004).

Para Corrêa (2004), a cadeia de comunicação é dinâmica e tem um sentido

de movimento, representando um processo que visa atingir o mercado de forma

53,6%

25,8%

18,1%

2,2%

Até 10 pessoas

De 11 a 20

De 21 a 100

Acima de 100

56

eficiente. Esse movimento é também composto por um feedback, resultando em um

ciclo que mantém a cadeia sempre ajustada à realidade.

Ao papel da agência de publicidade cabe o desenvolvimento das campanhas

de comunicação, que podem vir sob a forma de: propaganda, promoção, relações

públicas, marketing direto, marketing de relacionamento, eventos, tendo como

objetivo principal levar a mensagem do cliente ao público desejado (SANT’ANNA,

2000).

A Lei Federal nº 4.680 de 18/06/1965 regulamentada pelo decreto nº 57.690

de 01/02/1966 diz que: “A agência de propaganda é pessoa jurídica especializada

na arte e técnica publicitária que, através de especialistas, estuda, concebe, executa

e distribui propaganda aos veículos de divulgação, por ordem e conta de clientes

(anunciantes), com o objetivo de promover a venda de produtos e serviços, difundir

ideias ou informar o público a respeito de organizações colocadas a serviço desse

mesmo público” (BRASIL, 1965).

A proposta de valor, de acordo com Sant’Anna (2000), é função da agência

de acompanhar as atividades de seu cliente, desde as pesquisas preliminares

necessárias para conhecer as possibilidades de um produto ou serviço até o

controle final dos resultados das campanhas de comunicação, sempre buscando o

máximo de eficiência.

2.7.1. Processos organizacionais

A definição de processo, segundo Baldam et al. (2007), é um conjunto de

atividades inter-relacionadas ou interativas, que transforma entradas em saídas. De

acordo com os autores, praticamente todas as definições dadas, mencionam que o

propósito de qualquer processo é transformar recursos que entram adicionando

valor, e disponibilizá-los para clientes internos ou externos. Na Figura 13, é

apresentado o diagrama geral de funcionamento de processos nas organizações.

57

Figura 13 – Visão sistêmica dos processos. Fonte: Adaptado de Baldam et al. (2007).

A um conjunto de atividades repetitivas e inter-relacionadas, envolvendo

pessoas, equipamentos, procedimentos e informações, quando executadas,

transformam entradas em saídas, têm como objetivo agregar valor e produzir

resultados aproveitáveis para os clientes externos e internos da organização

(KRAJEWSKI et al., 2009). Todas as organizações podem ser reconhecidas como

um conjunto de processos, mesmo aquelas dispostas por uma determinada

hierarquia ou departamentos, independentemente de seu porte e ramo de negócio.

Processos organizacionais são sequências de atividades inter-relacionadas

realizadas rotineiramente nas organizações. De acordo com Kock et al. (2009), as

tarefas envolvidas na preparação de sanduíche em um restaurante fast food,

fabricação de uma peça de carro ou organização de um congresso, são todas

realizadas através de processos pré-definidos.

Os departamentos imprescindíveis para que uma agência possa existir e

operar compreende: administrativo, atendimento, planejamento, mídia, criação e

produção (CORRÊA, 2009). Nessa configuração, o departamento administrativo

abrange as seguintes áreas: gestão, financeira, contábil, jurídica, recursos humanos,

compras, controle de estoque, serviços de escritório e informática. A Figura 14

mostra o fluxo de informação interno, considerando os principais departamentos de

uma agência de comunicação. Esse fluxo de informação atende a todos os

processos internos da organização.

58

Figura 14 – Fluxo departamental de uma agência de comunicação. Fonte: Adaptado de Corrêa

(2009).

De acordo com Sant’Anna (2000), as agências de comunicação obedecem

aos princípios de administração tradicionais, e devem dispor, sistematicamente, as

diversas partes do todo no exercício das suas respectivas funções, de forma a obter

a máxima eficiência juntamente com a melhor utilização de recursos.

2.8. Estudos de caso

Segundo Miguel et al. (2010), “O estudo de caso é um trabalho de caráter

empírico que investiga um dado fenômeno dentro de um contexto real

contemporâneo por meio de análise aprofundada de um ou mais objetos de análise

(casos)”.

Yin (2010) baseia sua abordagem para o estudo de caso sobre um paradigma

construtivista. Construtivistas afirmam que a verdade é relativa e depende de uma

perspectiva. O construtivismo é baseado sobre a premissa de uma construção social

da realidade. De acordo com o autor, o estudo de caso deve ser considerado

quando:

§ O foco do estudo é responder "como" e "por que";

§ Não é possível manipular o comportamento das pessoas envolvidas no

estudo;

59

§ Pretende cobrir condições contextuais, porque se acredita que sejam

relevantes para o fenômeno em estudo;

§ Os limites não são claros entre o fenômeno e o contexto.

O método de estudo de caso se enquadra em uma abordagem quantitativa e

é utilizado, com frequência, para a coleta de dados na área de estudos

organizacionais (MIGUEL et al. 2010). Para este estudo, serão consideradas a

utilização de análise documental, observações e um levantamento do tipo survey.

De acordo com os autores supracitados, a abordagem quantitativa é a teoria

que, com certo grau de precisão, explica e prevê o problema estudado. O ato de

mensurar as variáveis de pesquisa é a característica mais marcante da abordagem

quantitativa.

A Figura 15 apresenta a disposição das partes que compõem a abordagem

quantitativa.

Figura 15 – Estrutura lógica da abordagem quantitativa. Fonte: Adaptado de Miguel et al. 2010.

A generalização dos resultados do estudo de caso pode ocorrer de duas

formas possíveis: generalização estatística ou generalização analítica. Na

generalização estatística, é feita uma inferência sobre uma população com base nos

dados coletados de uma amostragem. Um erro que costuma ocorrer, ao se realizar

estudos de caso, é utilizar a generalização estatística como método para generalizar

os resultados do estudo. Isso ocorre porque os casos não são “unidades de

amostragem”, e não devem ser selecionados por essa razão. Na generalização

60

analítica, o pesquisador deve comparar um conjunto particular de resultados

empíricos do estudo de caso a alguma teoria mais abrangente (YIN, 2010).

Yin (2010), afirma que “o estudo de caso, como o experimento, não

representa uma "amostragem", e o objetivo do pesquisador é expandir e generalizar

teorias (generalização analítica) e não enumerar frequências (generalização

estatística)”.

Na presente pesquisa, optou-se por uma abordagem quantitativa e adoção de

estudo de caso (único), desenvolvido em uma agência de comunicação. O tipo de

survey utilizado foi o exploratório, de forma a aprimorar os conceitos e adquirir uma

visão mais clara dos variados aspectos referentes ao problema estudado.

Para a condução do estudo de caso foi utilizada a abordagem metodológica

para estudo de caso sugerida por Miguel et al. (2010), que pode ser vista na Figura

16.

Figura 16 – Etapas para condução de estudo de caso. Fonte: Adaptado de Miguel (2010).

61

3. CAPÍTULO III – METODOLOGIA

3.1. Local do estudo

O estudo foi realizado em uma agência de comunicação empresarial de

pequeno porte. Com base na revisão, 79,4% das agências no Brasil são constituídas

por menos de 20 colaboradores internos.

A estrutura hierárquica da agência é composta por onze (11) colaboradores,

dentro de áreas de domínio de conhecimento próprias. Nessa configuração, o

departamento administrativo abrange as seguintes áreas: gestão, financeira,

contábil, jurídica, recursos humanos, compras, controle de estoque, serviços de

escritório e informática. A área administrativa também é responsável pela compra de

espaço publicitário dos veículos (meios), atuando como um departamento de mídia.

Comparando com a estrutura apresentada por Corrêa (2009), nessa

organização, a área de pesquisa é terceirizada, sendo disponibilizada somente em

função de determinadas solicitações. Em função da demanda, praticamente

inexistente, de produção de peças publicitárias de rádio, televisão e cinema, os

departamentos de produção e RTVC (rádio, televisão e cinema) foram agrupados,

dando origem a uma única área de produção. Os profissionais freelancers não foram

levados em consideração, pois são contratados apenas para atuar em projetos

específicos, por exemplo, programação e desenvolvimento de um web site ou hot

site para uma campanha.

Somente os colaboradores da área de atendimento mantém contato direto

com o cliente, seja para levantar informações referentes a campanhas ou jobs

específicos, ou apresentar as soluções desenvolvidas pela agência.

3.1.1. Fontes e instrumentos de coleta de dados

Através do desenvolvimento de um protocolo que descreveu os

procedimentos de campo, foi aplicado o instrumento para coleta de dados. De

acordo com Souza apud Miguel (2010), um protocolo deve considerar as seguintes

partes relevantes:

62

§ Contexto (área e local, questões, procedimentos e fontes de informação);

§ Parte a ser estudada (práticas, unidades de análise, questões,

procedimentos e fontes de informação);

§ Meios de controle (variáveis de controle e respectivas questões).

O levantamento das informações se deu em duas fases. Num primeiro

momento, foram obtidos dados secundários com o objetivo de ampliar o

conhecimento necessário acerca de assuntos como: comunicação, análise de redes

sociais, conhecimento, processos. Foram utilizados diversos materiais de consulta,

tais como livros e artigos, que forneceram o embasamento teórico para este estudo.

No segundo momento, foi realizado o estudo de caso único, para a obtenção

de dados primários, tendo como instrumento de coleta de dados, o respectivo

protocolo da pesquisa. Foram pesquisados todos os colaboradores da organização,

para levantar respostas às questões formuladas. O conceito de generalização

analítica dos resultados foi utilizado.

Através de um levantamento documental e observacional da organização,

foram avaliados, por meio da abordagem da análise de redes sociais, os processos

internos responsáveis pela proposta de valor da empresa. Paralelamente, os

processos de comunicação interna foram desenhados e as ferramentas de

comunicação (canais) mais utilizadas, identificadas.

3.2. Procedimentos metodológicos para avaliação da rede

A Figura 17 apresenta os nove passos utilizados para aplicar a abordagem da

análise de redes sociais como uma ferramenta de gestão da comunicação interna,

descritos em seguida.

63

Figura 17 – Passos para avaliação da organização.

Foram utilizados nove passos para mapear as redes informais de

comunicação, confiança e influência da agência:

§ Análise da cadeia produtiva (mapeamento inicial): o primeiro passo é

estabelecer qual departamento ou indivíduos serão avaliados. Esse

mapeamento inicial permitirá a análise da posição dos atores na rede, em

termos de funções (atividades) e performance da cadeia produtiva;

§ Mapeamento dos canais de comunicação interna: são levantados, através

da análise de documentos e observações, todos os canais de

comunicação internos utilizados pela organização em suas tarefas diárias;

§ Desenvolvimento do instrumento de coleta de dados: com as informações

levantadas no passo anterior, o instrumento de coleta de dados é

construído de forma a descobrir quais são os canais de comunicação

interna realmente utilizados pelos colaboradores, e em que proporção;

§ Aplicação da survey: os dados primários são obtidos através da survey.

Todos os colaboradores da organização respondem o instrumento de

coleta de dados, a fim de obter respostas a todas as questões formuladas;

§ Análise dos canais de comunicação: são definidos todos os canais de

comunicação reais utilizados pela organização. A percentagem usada por

cada um dos canais (ponto de contato) é especificada;

64

§ Representação gráfica do fluxo de comunicação: são identificadas todas

as áreas e pessoas responsáveis pela cadeia produtiva. A representação

gráfica é obtida com o módulo NetDraw®;

§ Representação gráfica dos pontos de contato: através do módulo CEMAP

e do software ORA, é possível capturar e estabelecer graficamente como

os indivíduos escolhidos da área de atendimento (ATE_1 e ATE_2),

utilizam, neste caso, o canal de comunicação por e-mail;

§ Análise dos indicadores: os indicadores estruturais da rede analisada

permitem a sua classificação de forma quantitativa, e mostram como os

atores (ATE_1 e ATE_2) são responsáveis por seu resultado. A rede pode

ser caracterizada por sua estrutura geral e de que forma as ligações entre

os atores são estabelecidas;

§ Tomada de decisão estratégica: mudanças na configuração original da

rede são feitas com o objetivo de alinhar os processos de comunicação

interna, buscando um melhor desempenho de seus processos

operacionais.

3.2.1. Análise inicial da cadeia produtiva

Para avaliar o processo produtivo de forma consistente, um único tipo de

material desenvolvido pela organização foi usado na pesquisa: material impresso

simples.

A fim de alinhar o processo de produção com o fluxo de trabalho, a coleta de

dados foi realizada por meio de um levantamento de todas as interações

interdepartamentais durante o processo de produção de cada trabalho registradas

em seu sistema de gestão interna, durante um mês. A agência utiliza um sistema,

para controle do fluxo de trabalho, desenvolvido para rodar em multi-plataforma

(Mac e PC).

Outros pontos de contato possíveis usados pelos departamentos não foram

considerados. Buscou-se estabelecer quais as áreas mais requisitadas durante o

processo produtivo, para obter uma otimização no fluxo de trabalho. Após a análise

final e dos procedimentos para a melhora na resposta da rede foi feita uma nova

65

medição durante mais um mês para comparar as diferenças entre a performance

desses dois cenários.

De acordo com Lazzarini (2008), a estrutura da rede e a posição dos atores

podem afetar o funcionamento da organização e suas habilidades em criar valor

para a empresa. A conectividade, que é responsável por interligar cada um dos

indivíduos da rede, pode ser representada pela intensidade e frequência de

comunicação entre os intervenientes (CROSS e CUMMINGS, 2004).

Para avaliar a rede estudada, um indicador estrutural foi escolhido: a medida

de centralidade de grau de Freeman.

Nesta pesquisa, a centralidade de grau foi estabelecida utilizando a teoria de

grafos no software Ucinet® e seu módulo integrado NetDraw®, permitindo a

visualização de dados em formato gráfico (BORGATTI et al., 2002). Quanto mais

centralmente posicionado na rede, mais capacidade esse ator tem em acessar

outros atores da rede (LAZZARINI, 2008).

3.2.2. Survey e análise da comunicação interna

São exploradas as formas de interação utilizadas pelos atores da

organização, para determinar como a comunicação interna ocorre, de forma a

quantificar o uso dos canais internos.

3.2.2.1. Mapeamento dos canais de comunicação interna

Os canais de comunicação internos utilizados são mapeados para

compreender por quais meios a informação flui e de que maneira responde pelo

desempenho dos indivíduos. Por meio de uma pesquisa observacional, são

apresentados todos os canais de comunicação interna possíveis utilizados na

organização. Uma representação gráfica de todos os pontos de contato dos

indivíduos da organização é exibida, visando levantar todos os possíveis pontos de

contato, para que sejam utilizadas no próximo passo, o desenvolvimento do

protocolo de pesquisa.

66

3.2.2.2. Desenvolvimento do instrumento de coleta de dados

Para a condução da survey, o instrumento utilizado para coletar os dados,

junto aos colaboradores da agência, foi um questionário. Foram utilizadas questões

fechadas, de forma ordenada, com uma linguagem simples e direta para que todos

os indivíduos compreendessem o que estava sendo perguntado. Foi utilizada uma

escala de intensidade (escala de Likert) com uma amplitude de 0 a 4 pontos com o

objetivo de construir níveis de aceitação dos indivíduos às perguntas elaboradas. De

acordo com Mattar apud Miguel (2010), a escala de Likert tem como vantagem a

simplicidade em sua construção, e a amplitude das respostas permitidas apresenta

uma informação mais precisa da opinião do respondente.

Foi criada uma carta com as explicações necessárias para que os indivíduos

pudessem responder corretamente o questionário. Essa carta contempla os

seguintes itens: proposta da pesquisa, instruções de preenchimento, instruções para

devolução, termo de sigilo das informações e agradecimento. O instrumento de

pesquisa é apresentado no Apêndice A.

3.2.2.3. Aplicação da survey

Apesar de todos os indivíduos da organização terem acesso digital, a forma

de preenchimento do instrumento de pesquisa foi por meio de formulário impresso. A

tabulação das respostas foi efetuada com o auxílio de uma planilha eletrônica.

O projeto de pesquisa foi avaliado e aprovado pelo comitê de ética da

Universidade Paulista, e está cadastrado no sistema Plataforma Brasil sob o número

01619712.7.0000.5512, do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

(CAAE), conforme Anexo A.

3.2.2.4. Análise dos canais de comunicação

Esse passo é responsável por apresentar os índices dos canais de

comunicação utilizados pelos indivíduos da organização. Os pontos de contato mais

relevantes são apresentados por meio de uma tabela.

67

Com base nos resultados encontrados, através do instrumento de coleta de

dados, foi feita a média aritmética para encontrar a participação de cada canal em

termos percentuais.

3.2.2.5. Representação gráfica do fluxo de comunicação

A partir do desenho dos processos operacionais e de comunicação interna foi

possível, com o auxílio do software NetDraw®, visualizar a rede. O produto resultante

do mapeamento da rede é a criação de uma representação visual dos

relacionamentos entre seus atores, e suas principais medidas estruturais e

topológicas, baseadas em características como: tamanho, densidade, multiplicidade

de elos e centralidade. O mapeamento permite a análise do posicionamento dos

atores na rede de acordo com o fluxo de comunicação interno e de que forma se

relacionam.

Como apontado anteriormente, duas métricas foram escolhidas: centralidade

de grau e densidade. De acordo com Wasserman e Faust (1994), o valor da medida

de densidade (Equação 1) é obtido a partir do número de laços observados, dividido

pelo número de ligações totais que a rede pode ter (Equação 2).

(1)

𝐷𝑒𝑛𝑠𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜  𝑑𝑒  𝑙𝑎ç𝑜𝑠  𝑑𝑎  𝑟𝑒𝑑𝑒

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜  𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜  𝑑𝑒  𝑙𝑎ç𝑜𝑠  𝑑𝑎  𝑟𝑒𝑑𝑒

(2)

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜  𝑚á𝑥𝑖𝑚𝑜  𝑑𝑒  𝑙𝑎ç𝑜𝑠  𝑑𝑎  𝑟𝑒𝑑𝑒 =  (𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜  𝑑𝑒  𝑎𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠  ×   𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜  𝑑𝑒  𝑎𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 − 1 )

2

Para redes de comunicação, Freeman (1979) apresenta três medidas de

centralidade baseadas em suas pesquisas anteriores sobre comunicação e

processos em grupos. Neste estudo, será utilizada a medida de centralidade de

grau. Centralidade de grau é definida por Freeman (1979), com o número de

contatos diretos (ou adjacências) para um determinado ponto 𝑝! (Equação 3).

68

(3)

𝐶! 𝑝! =   𝑎(𝑝! ,𝑝!)!

!!!

Onde:

𝐶! = Grau de centralidade;

𝑝! = Nó da rede a ser considerado;

𝑛 = Número de nós;

𝑎 𝑝! ,𝑝! = 1 se 𝑝!e 𝑝!  são conectados (número de nós adjacentes), caso contrário o

valor é 0.

A centralidade de grau de um nó é considerada importante, e funciona como

um índice do potencial de atividade de comunicação do mesmo, frente à estrutura da

rede como um todo. Os índices foram calculados por meio do software Ucinet® e

apresentados no formato de tabela.

3.2.2.6. Representação gráfica dos pontos de contato

São descritos todos os pontos de contato dos atores da rede e sua

representatividade junto aos processos de comunicação interna da agência. Tem

como objetivo relacionar as qualidades das ligações entre os atores e levantar seus

atributos em termos de conhecimento, facilidade de acesso, comprometimento e

confiança.

De acordo com Cross et al. (2001), quatro características distinguem relações

eficazes das ineficazes: (1) saber o que outra pessoa sabe e quando deve procurá-

la, (2) ser capaz de ter acesso em tempo útil a essa pessoa, (3) a vontade da

pessoa procurada em participar na resolução de problemas, em vez de somente

despejar informações, e (4) um grau de segurança na relação que promoveu o

aprendizado e a criatividade.

Por meio da ferramenta gráfica FreeMind (software livre), apresenta-se o

grafo correspondente aos canais de comunicação internos utilizados pela

organização avaliada.

69

3.2.2.7. Análise dos indicadores

Para compreender como os relacionamentos ocorrem entre os atores dessa

rede intraorganizacional, os indicadores estabelecidos foram analisados utilizando a

teoria dos grafos, com apoio da ferramenta Ucinet® e seu módulo integrado

NetDraw® e também passaram por uma análise estatística para determinar as

propriedades relacionais entre os atores da rede.

Segundo Cross e Thomas (2009), deve-se avaliar o nível de colaboração em

pontos-chave de criação de valor em uma rede, quanto da diminuição da

conectividade em que ela está gerando retorno financeiro ou estratégico

insuficientes. O desafio em produzir valor a partir das redes é saber onde alocar os

recursos e em que dimensão. De acordo com os autores, é possível determinar

quanto tempo as pessoas economizam quando recebem recursos e competências

através da rede. Praticamente existem somente dois tipos de pessoas: os geradores

de receita e os economizadores de tempo.

Foram definidos dois indicadores, ligados ao resultado operacional da

organização, para medir o desempenho dos atores.

§ Quantidade de jobs realizados: esse índice foi calculado de acordo com o

volume de trabalhos gerenciados pelo ator avaliado;

§ Valor econômico dos jobs realizados: foi calculado de acordo com valor

monetário dos trabalhos gerenciados pelo ator. Neste estudo, a

organização indicou os valores normalizados numa escala de 0 a 100, pois

considera a informação sigilosa.

3.2.3. Tomada de decisão estratégica

Foram levados em consideração os meios de comunicação mais eficazes e

eficientes, de forma a facilitar as prioridades na escolha do que deve ser abordado

inicialmente, para estabelecer uma rotina de comunicação que melhore o

relacionamento entre os indivíduos da equipe.

De acordo com Pentland (2012), o canal de comunicação mais valioso é o

face a face. Na sequência, o telefone e vídeo conferência, no entanto, essas

70

tecnologias perdem eficácia, à medida que mais indivíduos participam da ligação ou

da conferência. Os meios menos valiosos são os e-mails e mensagens de texto.

A hierarquia da “riqueza” de uma mídia é apresentada por Mason e Leek

(2012), da seguinte forma: com mídias estáticas e impessoais (como memorandos),

com o menor índice e a comunicação face a face com o maior índice. Quatro

critérios determinam a riqueza de um meio: a disponibilidade de retorno imediato

(feedback), a capacidade do meio para transmitir sinais múltiplos, o uso de uma

linguagem natural e do foco pessoal do meio.

Nesse momento, são aplicadas as técnicas da Investigação Apreciativa e

World Café, para compartilhar as melhores práticas da equipe, de forma a elevar a

eficiência em seus processos operacionais.

A Investigação Apreciativa utiliza perguntas e desenha o futuro a fim de

promover relações positivas e desenvolver o potencial de uma determinada

organização, departamento ou grupo de pessoas. Esse método pode aumentar a

capacidade interna de colaboração de uma organização, promovendo a mudança

cultural (COOPERRIDER e WHITNEY, 2006). Na Figura 18, é apresentado o ciclo,

composto por quatro passos, para a aplicação do método.

Figura 18 – Passos da Investigação Apreciativa. Fonte: Adaptado de Cooperrider e Whitney (2006).

Para Brown e Isaacs (2007), a aplicação da metodologia do World Café é

simples. O ambiente é configurado como um café, com mesas e cadeiras para os

participantes, sentados a uma mesa de, no máximo, quatro e há uma série de

rodadas de conversação com a duração de 15 a 20 minutos sobre uma ou mais

71

questões que são pessoalmente significativas para eles. No final de cada rodada,

uma pessoa permanece em cada mesa, como anfitrião, enquanto cada um dos

outros três se dirigem para mesas diferentes. Os anfitriões recebem os recém-

chegados a suas mesas e compartilham a essência da conversa daquela mesa até o

momento. Depois de três ou mais rodadas, todo o grupo se reúne para compartilhar

e explorar os temas emergentes, insights e aprendizados, que são capturados em

folhas de flipchart, ou outros meios, para tornar a inteligência coletiva do grupo

visível a todos, para que possam refletir sobre o que está emergindo da dinâmica.

72

4. CAPÍTULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Análise da cadeia produtiva

Foram analisadas as interações, identificando os atores e suas respectivas

relações. Essas relações entre os atores permitiu a identificação dos pesos de suas

relações, e são baseadas no número de interações feitas entre um departamento e

outro, durante o processo produtivo. De acordo com Lazzarini (2008), para mapear a

rede analisada, o conceito de grupos foi utilizado, definido como um conjunto finito

de agentes, delimitado por critérios conceituais, teóricos ou empíricos em que as

medições da rede são efetuadas. Neste caso, o grupo é constituído pelos onze (11)

colaboradores da organização.

A existência de objetivos comuns é responsável pelo alinhamento e direção

do fluxo de troca dos atores de uma rede, mas as estratégias coletivas dificilmente

trarão ganhos substanciais sem um intenso e adequado processo de conectividade

entre eles. A compreensão do processo de relacionamento dos atores é crucial para

entender sua dinâmica e obter eficiência em seus resultados operacionais

(BORGATTI, 2005). Na Figura 19, pode-se visualizar a estrutura da agência com

seus departamentos e principais fluxos de informação.

Figura 19 – Fluxo departamental da agência de comunicação avaliada.

O percentual médio de materiais impressos simples, produzido pela agência

analisada, corresponde a 86% do volume total de materiais impressos. Todos os

73

trabalhos com a mesma descrição técnica foram levantados, dentro do intervalo de

um mês (mês 1), totalizando 19 trabalhos. De todos os materiais desenvolvidos, 13

foram entregues dentro do tempo estimado (68,42%) e 6 foram entregues fora do

tempo previsto (31,58%). Nessa análise, foi feita uma média aritmética do número

de interações de cada ator, para duas situações possíveis: trabalhos que foram

entregues em tempo e trabalhos que não foram entregues em tempo.

Para esse caso específico, nem todos os atores da estrutura organizacional

da agência são necessários. Os atores envolvidos nesse caso são respectivamente:

atendimento, produção, criação e cliente (externo). Na Figura 20, é possível

visualizar o fluxo de trabalho de processo de produção de materiais impressos. Com

base nesse fluxo de trabalho é que todos os dados foram coletados na pesquisa.

Figura 20 – Fluxo de trabalho dos materiais impressos da agência.

Após a entrada de dados, do número de interações interdepartamentais

obtidos do levantamento, esses foram processados com o módulo NetDraw®, e duas

redes diferentes foram encontradas: uma relacionada aos trabalhos entregues no

prazo e outra relacionada aos trabalhos entregues fora do prazo. A Figura 21

apresenta as relações identificadas de acordo com o número de vezes que cada ator

(área da agência) entrou em contato com outro departamento na rede. As

74

propriedades dos agentes foram ajustadas e dispostas de acordo com a sua

estrutura e as suas ligações geodésicas de acordo com a sua força.

Esses grafos revelam que os jobs entregues no prazo demandam um número

menor de interações interdepartamentais em relação aos jobs entregues fora do

prazo. De acordo com os dados levantados no sistema interno da agência, foi

percebido que os jobs entregues fora do prazo tiveram um nível maior de retrabalho,

o que gerou uma velocidade menor na entrega dos trabalhos finalizados ao cliente.

Figura 21 – Grafos das redes obtidas a partir dos dados do mês 1.

A construção da Tabela 7 foi realizada a partir da identificação das interações

interdepartamentais entre os atores da rede, a fim de apresentar uma comparação

da resposta operacional encontrada em ambas as situações. Nessa tabela, foram

consideradas as interações entre os materiais entregues no prazo (por exemplo, 24

solicitações do cliente para a área de atendimento) e materiais fora do prazo (por

exemplo, 32 solicitações do cliente para a área de atendimento), sendo possível,

nesse caso, medir um aumento na ordem de 33,33%.

75

Tabela 7 – Interações entre os departamentos envolvidos na cadeia produtiva.

Relação entre atores Número de interações

Materiais entregues

no prazo

Materiais entregues

fora do prazo

Variação

percentual

Cliente → Atendimento 24 32 é 33,33%

Atendimento → Cliente 20 30 é 50,00%

Atendimento → Criação 14 24 é 71,43%

Criação → Atendimento 10 22 é 120,00%

Atendimento → Produção 6 8 é 33,33%

Produção → Atendimento 8 12 é 50,00%

Criação → Produção 4 6 é 50,00%

Produção → Criação 4 4 0,00%

Após o processamento dos dados com o módulo NetDraw®, os pesos das

relações entre os atores participantes foram processadas com o software Ucinet®, e

os parâmetros que descrevem as redes analisadas foram encontrados. A Tabela 8

apresenta os dados estruturais de centralidade de grau das redes avaliadas. Os

resultados dessa tabela mostram o grau de entrada (InDegree) e de saída

(OutDegree) de todos os nós. Desse modo, o ator central dessa rede, em termos de

interações é a área de atendimento, pois tem um grau de entrada de 42,00 e grau de

saída de 40,00 para trabalhos entregues no prazo, e um grau de entrada de 66,00 e

grau de saída de 60,00 para trabalhos entregues fora do prazo.

76

Tabela 8 – Dados estruturais das redes avaliadas.

Rede Centralidade

OutDegree InDegree

Materiais entregues no prazo

Atendimento 40,00 42,00

Cliente 24,00 20,00

Criação 14,00 18,00

Produção 12,00 10,00

Materiais entregues fora do prazo

Atendimento 62,00 66,00

Cliente 32,00 30,00

Criação 28,00 28,00

Produção 16,00 14,00

Essa primeira fase do estudo visou uma melhor compreensão da relação

entre os vários departamentos envolvidos na cadeia produtiva de materiais

impressos simples. Com esse propósito, foram encontrados indicadores que

refletem uma área da organização com alta centralidade de grau. A estrutura atual

da rede fornece uma visão única do cliente, pela área de atendimento (gestão de

conta). Devido a essa visão, que não é compartilhada com os outros atores, os

trabalhos acabam por ter um alto índice de retrabalho e, consequentemente, são

entregues fora do prazo. Nesse caso, há um aumento nos indicadores, devido ao

acréscimo das várias interações interdepartamentais, geradas a partir do processo

de retrabalho.

4.2. Análise da comunicação interna

Por meio de observações, os canais de comunicação utilizados pela agência

foram mapeados para possibilitar o desenvolvimento do instrumento de coleta de

dados. Após a aplicação da survey, foi possível determinar com exatidão quais são

77

os canais utilizados e em que proporção. Na Figura 22, é apresentado o mapa dos

pontos de contato possíveis entre os colaboradores da organização.

Figura 22 – Mapa dos canais da comunicação interna da organização.

Através da tabulação do instrumento de coleta de dados, foi possível

descobrir os canais de comunicação (pontos de contato) realmente utilizados na

organização: e-mail, telefone e encontros presenciais (face a face). Os

colaboradores não consideram o sistema interno de gestão como um canal válido

para a troca de informações. Canais como MSN ou Skype não são utilizados. As

percentagens médias utilizadas em encontros presenciais ficam maiores (58,99%)

do que aquelas por e-mail ou telefone (20,51%), como mostra a Tabela 9.

Tabela 9 – Percentagem utilizada em cada um dos canais de comunicação.

Telefone E-mail Encontros presenciais

Percentagem 20,51% 20,51% 58,99%

Os indivíduos que estão inseridos em um determinado contexto e cultura

podem interpretar o conteúdo da comunicação, não só através da mensagem, mas

também pelo seu formato e por meio do comportamento do remetente (ANGELONI,

2010). Assim, a comunicação ultrapassa a análise verbal e estende-se para a

análise não verbal. Kofman (2002), citado anteriormente, sustenta que a

comunicação não verbal é responsável por 2/3 do que as pessoas transmitem

durante a comunicação face a face.

A estrutura formal da agência analisada segue o organograma clássico

apresentado na Figura 23, e mostra a disposição dos seus departamentos, a

78

hierarquia e as relações de comunicação existentes. Os colaboradores são

apresentados em suas respectivas posições dentro da estrutura organizacional.

Figura 23 – Organograma da agência de comunicação.

Como contraponto a estrutura hierárquica funcional, e de comunicação da

agência, a Figura 24 apresenta os resultados obtidos através da análise de redes

sociais. O gráfico da rede de comunicação interna da agência foi obtido por inserção

dos dados dos indivíduos e de suas relações no módulo NetDraw® (BORGATTI et

al., 2002). Foram considerados todos os canais de comunicação interna utilizados

pela organização.

79

Figura 24 – Rede da comunicação interna obtida usando o módulo NetDraw®.

A configuração encontrada na rede é de alta densidade. A baixa

conectividade do ator ADM_2 está diretamente relacionada à sua função dentro da

cadeia de produção da agência, sua atividade principal é auxiliar o ator ADM_1,

além de não tomar parte na rotina diária de tarefas necessárias para o

desenvolvimento dos trabalhos.

Após o processamento com o módulo NetDraw®, os pesos das relações entre

os agentes participantes foram processados com o software Ucinet® de forma a

encontrar os parâmetros que descrevem a rede analisada. Os dados estruturais de

densidade e centralidade de grau da rede são apresentados nas Tabelas 10 e 11.

Tabela 10 – Densidade / valor médio da matriz.

Densidade Número de elos

Rede de comunicação interna 80% 80

Quando o indicador de densidade da agência é analisado, um valor de 80% é

encontrado. Trata-se de um valor elevado, devido às várias interações geradas a

partir do processo de comunicação dos atores durante o desenvolvimento de suas

atividades diárias. Essa análise está de acordo com Cross e Thomas (2009) e

Freeman apud Lazzarini (2008), que do ponto de vista de recursos de rede, a

conectividade interna deve ser densa, mas a redundância de conexões, dentro dos

80

limites da organização, pode reduzir a eficiência dos resultados comprometendo os

processos de produção.

Tabela 11 – Medidas de centralidade de grau.

Ator OutDegree InDegree OutDegree

Normalizado

InDegree

Normalizado

CRI_1 28,00 15,00 70,00 37,50

PRO_1 20,00 19,00 50,00 47,50

ADM_1 17,00 8,00 42,50 20,00

CRI_2 14,00 15,00 35,00 37,50

ATE_1 10,00 8,00 25,00 20,00

CRI_4 9,00 9,00 22,50 22,50

CRI_3 8,00 19,00 20,00 47,50

PLA_1 8,00 9,00 20,00 22,50

ATE_2 6,00 15,00 15,00 37,50

DIG_1 4,00 3,00 10,00 7,50

ADM_2 0,00 4,00 0,00 10,00

Este estudo, em particular, visou avaliar a área de atendimento (gestão de

conta), de modo a identificar as razões que geram uma diferença na entrega de dois

atores (ATE_1 e ATE_2), que é quantificada mais a frente. Ao analisar a Tabela 11,

considerando o grau de centralidade normalizado para essa rede, nota-se que a

posição do ator ATE_1 é mais central do que a posição do ator ATE_2, isto é, o ator

ATE_1 tem maior capacidade de acesso, direta ou indiretamente, a outros atores da

rede. De acordo com Lazzarini (2008), em redes com alta densidade, o indicador de

centralidade de grau (degree centrality) é mais importante que o indicador de

centralidade de intermediação (betweenness centrality). O indicador de centralidade

de intermediação permite a identificação dos intermediários (brokers) da rede, uma

vez que esse avalia o grau pelo qual um determinado ator interliga direta ou

indiretamente, os atores localizados em diferentes partes da rede.

81

A Tabela 12 apresenta os valores, com as variações em percentagem, na

utilização de cada um dos canais de comunicação do ator ATE_2 em relação ao ator

ATE_1.

Tabela 12 – Diferenças percentuais nos canais de comunicação utilizados.

Telefone E-mail Encontros presenciais

ATE_2 → ATE_1 é 75,00% é 75,00% ê 25,00%

Tomando o ator ATE_1 como referência, houve um grande aumento no uso

dos canais de telefone e e-mail pelo ator ATE_2 e, em contrapartida, uma redução

considerável nos encontros presenciais. Segundo Kotler et al., (2010), a

comunicação é responsável por disseminar o conhecimento técnico

(empoderamento técnico), diretamente ligado à realização de tarefas diárias por

indivíduos da organização, atuando também em nível comportamental.

De acordo com Kock et al. (2009), o conhecimento existente em qualquer tipo

de organização depende da capacidade de processar informações e do domínio de

tecnologias de comunicação. A organização do fluxo de comunicação está

diretamente ligada à sua estrutura, definindo os tipos de interações possíveis entre

os participantes de sua cadeia de produção. A estrutura física da agência analisada

favorece as possibilidades de interações face a face, devido ao fato de que todos os

colaboradores estão geograficamente localizados na mesma área e, também tem

em suas instalações uma ótima área de convivência.

Para o canal telefone não é possível fazer um levantamento das ligações para

os ramais internos em razão da central telefônica utilizada não ter a capacidade para

implementação de um software de acompanhamento das ligações (ramais × tempo).

Os gráficos da rede de e-mails dos atores ATE_1 e ATE_2 apresentados na

Figura 25 foram obtidos por meio da extração e conversão dos dados utilizando o

módulo CEMAP e, a representação gráfica da rede ego a partir do processamento

pelo software ORA (CARLEY et al., 2009).

82

Figura 25 – Rede ego obtida usando o módulo CEMAP do software ORA.

Para comparar a rede de e-mails dos dois atores, os índices obtidos a partir

de uma rede do tipo ego foram utilizados. De acordo com Lazzarini (2008), a

amostragem com base em uma rede ego (dados centrados a partir de um ator) é um

tipo de análise amplamente utilizado na abordagem da análise de redes sociais.

Nesse tipo de análise, o ator pesquisado indica atores (alters) com os quais tem

elos, e também como os elos entre esses atores são percebidos.

A partir dessa análise, a Tabela 13 apresenta os índices relacionados a:

tamanho da rede ego, número de elos, número de pares ordenados e densidade

(elos divididos por pares), levando em consideração o canal e-mail para ambos os

atores avaliados.

Tabela 13 – Rede ego dos atores ATE_1 e ATE_2.

Tamanho Elos Pares Densidade

ATE_1 7,00 36,00 42,00 85,71%

ATE_2 9,00 50,00 72,00 69,44%

Comparando os índices obtidos, observa-se que o tamanho da rede de ator

ATE_1 (tamanho 7,00) é menor do que a rede de ator ATE_2 (tamanho 9,00), no

entanto, a densidade da rede do ator ATE_1 (85,71%) é consideravelmente maior do

que a da rede do ator ATE_2 (69,44%). De acordo com Cummings e Cross (2003),

esse tipo de diferença tem consequências no desempenho dos atores com base nas

restrições e oportunidades que enfrentam com seus vizinhos.

83

Apesar de um maior número de e-mails enviados pelo ator ATE_2, a resposta

desse canal de comunicação é menor quando comparada ao ator ATE_1, pois essa

resposta está diretamente vinculada a sua capacidade para transmitir sinais

múltiplos (conteúdo) e disponibilidade de feedback.

Para medir o resultado específico dos dois atores, foram definidas duas

métricas: valor econômico dos trabalhos realizados e quantidade de trabalhos

realizados. O nível de complexidade dos trabalhos é considerado similar e não

constitui uma variável de interferência.

De acordo com a Figura 26, o ator ATE_1 tem um índice 45,1% maior do que

ATE_2 em relação ao valor econômico dos trabalhos realizados durante o mês

avaliado. Em termos de volume de trabalho desenvolvido, ATE_1 tem um diferencial

de 37,5% a mais, que o ator ATE_2, na entrega.

Figura 26 – Resultados dos atores ATE_1 e ATE_2.

4.3. Tomada de decisão

Para buscar uma entrega mais equalizada dos colaboradores da área de

atendimento da agência, foi proposta uma mudança no uso dos canais de

comunicação interna, que foi possível por meio de uma abordagem de comunicação

mais dialógica, de forma a trazer os índices de ator ATE_2 mais próximos daqueles

do ator ATE_1. Essa abordagem pode ser aplicada através de encontros presenciais

numa frequência diária, e irá unir todos os envolvidos no desenvolvimento dos

trabalhos, para otimizar o fluxo de informações através do canal face a face.

84

O ator ATE_2 também deve reduzir o número de e-mails enviados. De acordo

com Angeloni (2010), o tempo de gestão do canal eletrônico está diretamente ligado

ao aumento ou redução do desempenho do indivíduo durante suas atividades. De

acordo com Cross e Cummings (2004), por meio de análise de redes sociais, é

possível aumentar a qualidade e a relevância das informações recebidas pelos

indivíduos e ao mesmo tempo melhorar o desempenho, tanto em nível individual

quanto da rede como um todo.

4.3.1. Estratégia de intervenção para aprimoramento da comunicação

Com base nos índices obtidos, foi possível relacioná-los com a resposta da

rede avaliada, a fim de trazer informações para a liderança e, gerar ações corretivas

na comunicação interna da cadeia produtiva. Depois da primeira análise (mês 1)

algumas ações foram tomadas, gerando uma melhora na entrega dos postos de

trabalho dos colaboradores da área de atendimento, observada numa segunda

medição (mês 2).

Após a aplicação das dinâmicas, World Café e Investigação Apreciativa, o

grupo apontou o canal face a face como sendo mais produtivo e interessante para

esse modelo de negócio, e deveria ser melhorado. O grupo se propôs a ter dois

encontros diários de, no máximo, 15 minutos. Um ocorrendo no período da manhã e

outro no período da tarde.

Na comunicação face a face, há uma tendência para um maior grau de

interação e entendimento, e as pessoas estabelecem maior afinidade, níveis mais

elevados de confiança, e ficam propensas a se comprometer e resultados mais

positivos são obtidos (MASON e LEEK, 2012).

Segundo White et al. (2010), e-mails são apropriados para avisos rápidos e

atualizações, materiais impressos significam importância, e sistemas informatizados

são arquivos para recuperação de informações necessárias. No entanto,

comunicação dialógica interpessoal continua a ser a mais importante para os

colaboradores em todos os níveis de uma organização. O contato pessoal é fator

dominante na influência sobre atitudes, comportamentos e troca de conhecimento ou

informações pelos indivíduos.

85

4.4. Resultados após a intervenção

Após a intervenção, a percepção por parte da equipe, é de que a visão que as

áreas de criação e produção tinham do cliente, ficou mais próxima da visão dos

colaboradores da área de atendimento, o que pode ser causado pela melhora do

fluxo de comunicação interno, por meio dos encontros presenciais.

Segundo Cummings e Cross (2003), se os integrantes de um grupo interagem

regularmente uns com os outros, e compartilham o que sabem, estes estão

propensos a desenvolver uma consciência, uns dos outros, dos seus expertises.

Para grupos que desenvolvem tarefas não rotineiras ou complexas, não ter de

passar por um líder para ter respostas às suas perguntas pode ser eficiente para o

investigador e pode resultar em um menor número de passos ou chance de

desinformação.

Através da interação social interpessoal, o conhecimento e a experiência

diversificada dos indivíduos das várias áreas funcionais podem ser montados,

integrados e aplicados na execução das tarefas, contribuindo para a melhora do

capital social da organização (JANHONEN e JOHANSON, 2010).

Em seguida, uma nova investigação foi feita no mês seguinte da intervenção

(mês 2), a fim de monitorar os índices dos trabalhos desenvolvidos. Todos os

trabalhos com a mesma descrição técnica anterior foram levantados, totalizando em

18 jobs. De todos os materiais desenvolvidos, 17 foram entregues dentro do tempo

estimado (94,44%) e 1 foi entregue fora do prazo previsto (5,56%). A Tabela 14

apresenta uma comparação das quantidades e seus respectivos percentuais, dos

trabalhos desenvolvidos pela agência durante os dois meses de avaliação. No mês

2, há uma diminuição acentuada no número de jobs fora do prazo.

86

Tabela 14 –Jobs desenvolvidos pela agência.

Mês 1 Mês 2

Quantidade

de jobs

Percentual Quantidade

de jobs

Percentual

Materiais entregues

no prazo 13 68,42%

17 94,44%

Materiais entregues

fora do prazo 6 31,58%

1 5,56%

Totais 19 18

Comparativamente, houve uma redução percentual de 82,39% nos trabalhos

entregues fora de prazo, durante o mês 2 em relação ao mês 1, e uma melhora na

ordem de 38,03% em trabalhos entregues no prazo, como pode ser acompanhado

na Tabela 15.

Tabela 15 – Comparação dos níveis de entrega dos jobs da agência.

Jobs desenvolvidos Mês 1 Mês 2 Variação

Materiais entregues no prazo 68,42% 94,44% é 38,03%

Materiais entregues fora do prazo 31,58% 5,56% ê 82,39%

Para efetuar uma análise comparativa das redes encontradas no mês 1 e no

mês 2, os dados referentes ao número de interações departamentais obtidos após a

intervenção (mês 2), foram processados com o módulo NetDraw®. A Figura 27

apresenta as redes com suas relações identificadas segundo o número de vezes

que cada departamento entrou em contato com outro.

Comparando os grafos com os do mês 1, nota-se um número menor de

interações interdepartamentais, tanto para os jobs entregues no prazo, quanto para

os jobs entregues fora do prazo. Segundo percepções da equipe, o nível de

retrabalho em todos os jobs diminuiu em relação ao mês anterior.

Houve uma diminuição do número de interações do departamento de

atendimento nos jobs entregues fora do prazo, porém mesmo com essa redução o

número de contatos não ficou abaixo das interações dos jobs entregues dentro do

prazo do mês 1.

87

Figura 27 – Grafos das redes obtidas a partir dos dados do mês 2.

Também foram comparados os índices individuais de entrega dos dois

colaboradores da área de atendimento. Na Figura 28, é possível observar que o ator

ATE_1 teve um índice 11,76% maior do que ATE_2 em relação ao valor econômico

dos trabalhos realizados durante o mês 2. Em termos de volume de trabalho

desenvolvido, ATE_1 atendeu a mesma demanda que o ator ATE_2, no quesito de

entrega.

Figura 28 – Resultados dos atores ATE_1 e ATE_2 após a intervenção.

Os resultados confirmam que, com uma conectividade apropriada dentro das

organizações, a comunicação pode ter um impacto significativo no desenvolvimento

das atividades diárias dos indivíduos. Para Cross et al. (2001) as redes sociais,

aparentemente invisíveis, são fundamentais para o desempenho e execução da

estratégia de negócios.

O estudo de Mason e Leek (2012) comprova que a comunicação presencial

(face a face) é necessariamente parte central no desenvolvimento de um

88

relacionamento de longo prazo, aberto e inovador, dos colaboradores de uma

organização. As técnicas de World Café e Investigação Apreciativa permitiram trazer

a tona os aspectos positivos de procedimentos operacionais, trabalhando o

compartilhamento de informações, por meio do diálogo.

89

5. CAPÍTULO V – CONCLUSÃO

5.1. Conclusão

Os indicadores encontrados refletem uma rede interna de comunicação com

alta densidade, com uma estrutura circular própria, que promove uma troca de

informação substancial. Os resultados mostram a necessidade de identificar os

pontos de compartilhamento de informações de importância estratégica na geração

de valor para a organização, dessa forma as lideranças podem compreender melhor

como os atores se comportam nas tarefas diárias, e buscar melhores formas de usar

a sua comunicação interna para alavancar um aumento na eficiência operacional.

O modelo analisado, através dos laços que abrangem e conectam a estrutura

organizacional, é responsável pela centralidade da rede. Esse modelo fornece aos

indivíduos diferentes acessos a informações diferentes e devido a essa dinâmica,

algumas ligações se tornam mais valiosas que outras. A centralidade em uma rede

de colaboradores reflete a habilidade de alguns indivíduos na resolução de

problemas e em seu próprio desempenho operacional. Para melhorar os índices de

desempenho individuais foi necessário buscar dentro da rede o conhecimento das

melhores técnicas e procedimentos, e por meio de uma comunicação interna mais

eficiente, distribuí-lo por todos os colaboradores. Nesse contexto, pode ser mais

eficaz se envolver nos processos que ajudam a promover a conectividade lateral,

para que o grupo possa alavancar sua inteligência coletiva.

As redes de resposta personalizada são caracterizadas como organizações,

cujo valor é derivado de como as oportunidades são identificadas em termos da

criação de soluções inovadoras. O contexto, em que as agências de comunicação

se encontram, precisamente, é na solução de problemas ambíguos. Essas

organizações devem buscar uma rápida definição do problema e coordenar as

habilidades pertinentes para resolvê-lo. A metodologia sugerida pode ser aplicada a

organizações de diferentes setores, que tenham como característica em sua

configuração uma rede de resposta personalizada. Organizações que podem obter

valor a partir desse arquétipo de rede incluem: empresas de consultoria, bancos de

investimento, desenvolvimento de novos produtos, áreas de pesquisa,

desenvolvimento de medicamentos, entre outras.

90

Através da abordagem da análise de redes sociais, foi possível avaliar como a

cadeia produtiva de uma agência de comunicação se comporta através de sua

estrutura de rede e suas interações interdepartamentais. Os resultados mostram a

necessidade de identificar os pontos de compartilhamento de conhecimento com

importância estratégica. A organização pode entender melhor como sua

comunicação interna pode influenciar os indivíduos em suas tarefas diárias e, a

partir desse momento, procurar as melhores formas de usar seu capital social para

alavancar um aumento em sua eficiência operacional.

5.2. Sugestão para novos estudos

Sistemas sociais são modelos dinâmicos. Em resposta a essa característica,

um subcampo novo da análise de redes sociais, Análise de Redes Dinâmicas

(Dynamic Network Analysis – DNA), emergiu.

Segundo Carley et al. (2007), a análise de redes dinâmicas combina os

métodos e técnicas da análise de redes sociais com técnicas que proporcionam aos

analistas um conjunto de ferramentas para a investigação de sistemas sócio-

técnicos complexos e dinâmicos.

Consequentemente, ferramentas que vão além da abordagem tradicional da

análise de redes sociais são necessárias. Segundo Bastian et al. (2009), o software

Gephi permite uma visualização interativa por meio de uma plataforma de

exploração de todos os tipos de redes: sistemas complexos, dinâmicos e

hierárquicos. Estruturas dinâmicas, como as redes sociais, podem ser analisadas

com a componente de linha de tempo. A visualização de redes dinâmicas oferece a

possibilidade de entender a transição de uma estrutura ou a propagação de

informação e conteúdo ao longo do tempo.

Para um estudo futuro, o objetivo poderá ser traçar as relações das

características da evolução da rede com o seu desempenho organizacional, ao

longo da implementação de um processo de mudança. Seus processos de

comunicação podem ser mapeados em função do tempo, e em seguida, a

abordagem de análise de redes dinâmicas é aplicada de modo a verificar de que

forma os índices estruturais da rede influenciam eventos que gerem um impacto

negativo no desempenho da organização. O passo seguinte será estabelecer um

91

meio de controle, e correlacionar os índices encontrados com os eventos, para

permitir que a gestão da organização atue de maneira preventiva.

92

6. REFERÊNCIAS

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97

7. APÊNDICE

APÊNDICE A – Instrumento utilizado na coleta de dados da survey.

1. Selecione seu nome da lista abaixo: ____ / ____ / 2012

Claudia Matheus

Claudio Patrícia

Emerson Paulo

Gustavo Renata

Luciana Willian

Marcelo

2. Compartilhamento de informações: considerando somente o último mês, quantas

vezes você recebeu informações, que você precisa para desenvolver seu trabalho,

das seguintes pessoas?

Pontue cada uma delas segundo a escala abaixo.

(0)Nunca, (1)mensalmente, (2)semanalmente, (3)diariamente, (4)de hora em hora

Claudia Matheus

Claudio Patrícia

Emerson Paulo

Gustavo Renata

Luciana Willian

Marcelo

3. Solução de problemas: considerando somente o último mês, quantas vezes você

procurou essa pessoa para ajudá-lo tecnicamente com problemas relacionados ao

seu trabalho?

Pontue cada uma delas segundo a escala abaixo.

(0)Nunca, (1)mensalmente, (2)semanalmente, (3)diariamente, (4)de hora em hora

98

Claudia

Matheus

Claudio Patrícia

Emerson Paulo

Gustavo Renata

Luciana Willian

Marcelo

4. Apoio: considerando somente o último mês, quantas vezes você procurou essa

pessoa quando precisou de ajuda em uma situação difícil no trabalho?

Pontue cada uma delas segundo a escala abaixo.

(0)Nunca, (1)mensalmente, (2)semanalmente, (3)diariamente, (4)de hora em hora

Claudia Matheus

Claudio Patrícia

Emerson Paulo

Gustavo Renata

Luciana Willian

Marcelo

5. Quais são os canais de comunicação que você utiliza diariamente para desenvolver

as atividades relacionadas ao seu trabalho? Você pode utilizar mais de um canal

simultaneamente.

Pontue cada uma delas segundo a escala abaixo.

(0)nenhuma vez por dia, (1)de 1 a 4 vezes por dia, (2)de 5 a 9 vezes por dia, (3)de 10 a 14

vezes por dia, (4)mais de 15 vezes por dia

Utilizando Telefone:

Claudia Matheus

Claudio Patrícia

Emerson Paulo

Gustavo Renata

Luciana Willian

Marcelo

Utilizando email:

99

Claudia Matheus

Claudio Patrícia

Emerson Paulo

Gustavo Renata

Luciana Willian

Marcelo

Utilizando Skype:

Claudia Matheus

Claudio Patrícia

Emerson Paulo

Gustavo Renata

Luciana Willian

Marcelo

Utilizando MSN:

Claudia Matheus

Claudio Patrícia

Emerson Paulo

Gustavo Renata

Luciana Willian

Marcelo

Utilizando o Sistema Interno (WGAP):

Claudia Matheus

Claudio Patrícia

Emerson Paulo

Gustavo Renata

Luciana Willian

Marcelo

Por meio de encontro presencial:

Claudia Matheus

100

Claudio Patrícia

Emerson Paulo

Gustavo Renata

Luciana Willian

Marcelo

101

8. ANEXO

ANEXO A – Certificado de Apresentação para Apreciação Ética