comunicaÇÃo: entre crianças de 0 a 2 anos e seus pares · expressar um pensamento ou uma...
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UNISALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Pedagogia
Daiane Tiago Lopes de Paiva
COMUNICAÇÃO:
entre crianças de 0 a 2 anos e seus pares
LINS – SP
2013
DAIANE TIAGO LOPES DE PAIVA
COMUNICAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, do curso de Pedagogia, sob a orientação da Profª. Ma. Elaine Cristina Moreira da Silva e orientação técnica da Profª Esp. Érica Cristiane dos Santos Campaner.
LINS - SP
2013
COMUNICAÇÃO
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,
para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia.
Aprovada em: _____/_____/_____
Banca Examinadora:
Profª Orientadora: Ma.Elaine Cristina Moreira da Silva.
Titulação: Mestra em Educação pelo Centro Universitário Salesiano São Paulo-
Unisal, Americana – SP.
Assinatura:___________________
1º Prof(a): _______________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
Assinatura:___________________
2º Prof(a): _______________________________________________________
Titulação: _______________________________________________________
Assinatura:___________________
DEDICATÓRIA
Primeiramente a Deus que me permitiu estar
aqui me dando saúde, sabedoria e força para superar a
longa caminhada.
Aos três homens da minha vida, Marcelo,
Bruno e Caio que estiveram ao meu lado mostrando que
juntos somos melhores, e provando diariamente o nosso
amor mútuo perante aos desafios, e que tantas vezes se
sacrificaram para que este sonho se tornasse realidade.
AGRADECIMENTOS
Em especial a Deus, pois sem Ele se quer estaríamos aqui.
Retrocedendo a história da minha vida agradeço ao meu pai Willian
Lopes que já não se encontra mais entre nós, mas que sempre mostrou
acreditar na força da educação. A minha mãe Raquel Tiago Lopes que
demonstra a cada dia o quanto temos que ser fortes.
Ao meu marido Marcelo Faria de Paiva, que me apoiou todos os dias
nesta caminhada não deixando que eu esmorecesse. Pelo seu amor diário que
faz a minha vida ser melhor a cada dia.
Aos meus filhos Bruno Lopes de Paiva e Caio Lopes de Paiva que se
privaram da comodidade de ter uma mãe presente todas as noites e livre nos
finais de semana, mas que provaram a todo o momento a força da relação que
temos.
A minha sogra Aparecida Cinira Faria de Paiva, que por inúmeras
vezes assumiu o papel de mãe ao cuidar de meus filhos enquanto eu estudava.
A minha eterna amiga Paula Rúbia Peloso Duarte Barros com quem
sorri e chorei durante estes três anos. Pela sua amizade, torcida e por muito
aprender com a sua experiência.
A todos os professores, pela imensa contribuição em nos passar com
excelência seus conhecimentos.
A Elaine Cristina Costa da Silva pela sua colaboração e incentivo para
que este trabalho se realizasse.
E também, a todos vocês que me deram força nesta caminhada
mostrando que não estou sozinha, o meu, muito obrigada, esta vitória é nossa.
EPÍGRAFE
Quando olho uma criança ela me inspira dois sentimentos, ternura pelo que é, e respeito pelo que posso ser.
Jean Piaget
RESUMO
Este trabalho procurou entender as relações de comunicação das crianças, em especial na faixa etária do 0 aos 2 anos de idade. Para tanto, analisou o pensamento de autores renomados, considerando suas ideias e confrontando-as com a realidade da educação infantil. Analisou o comportamento e as atitudes de crianças, da referida faixa etária em situações diárias vivenciadas na creche, através de pesquisação. Considerou padrões comportamentais estabelecidos através do choro, brincadeiras lúdicas, atividades do cuidar e músicas, dando a cada uma a importância da evolução do processo comunicacional. Salientou a necessidade da atenção e suporte as atividades para a qualidade das aquisições e habilidades referentes à comunicação, além do incentivo através das trocas comunicacionais.
Palavras chaves: Comunicação. Desenvolvimento. Socialização.
ABSTRACT
This study aims to understand the children’s communication interface, particularly at the age 0 to 2 years old. Therefore, it was considered papers of renowned authors, considering their ideas and comparing it with the reality of child education. It analyzed the behavior and children’s attitudes of that age in everyday situations experienced at the day care center through this research. Considered behavioral patterns set through crying, ludic games, activities of caring and music, giving each of them the importance in the communication process evolution. Stressing the attention and support necessary to activities for the quality of procurement and skills referring to communication and encouragement through communication exchanges. Keywords: Communication. Development. Socialization.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Canal de Informação................................................................... 13
FIGURA 2: Chacrinha, eterno ícone da comunicação................................... 15
FIGURA 3: O Choro....................................................................................... 22
FIGURA 4: Amamentação............................................................................. 23
FIGURA 5: Cantando.................................................................................... 27
FIGURA 6: Avaliação de percentual de choro............................................... 31
FIGURA 7: Hora do banho............................................................................. 34
FIGURA 8: Hora do almoço........................................................................... 35
FIGURA 9: Nana neném............................................................................... 36
FIGURA 10: Brincando de comidinha............................................................ 37
FIGURA 11: Telefonando.............................................................................. 38
FIGURA 12: Agora a música......................................................................... 39
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................... 10
CAPÍTULO I – COMUNICAÇÃO................................................................... 12
1 HISTÓRIA.................................................................................................. 12
1.1 Componentes de comunicação............................................................. 13
1.2 A importância do processo de comunicação.......................................... 14
CAPÍTULO II – COMUNICAÇÃO ENTRE CRIANÇAS DE 0 A 2 ANOS...... 20
2 CHORO ................................................................................................... 20
2.1 Desenvolvimento e aprendizagem........................................................... 25
2.2 Música..................................................................................................... 26
2.3 Construção da linguagem........................................................................ 28
CAPÍTULO III – A PESQUISA...................................................................... 30
3 INTRODUÇÃO...................................................................................... 30
3.1 Metodologia........................................................................................ 30
3.1.1 Sujeito da pesquisa.............................................................................. 30
3.1.2 Observação através do choro............................................................... 31
3.1.3 Observação através de atividades do cuidar ....................................... 33
3.1.4 Observação através de brincadeiras lúdicas ....................................... 36
3.1.5 Observação através de música............................................................ 39
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO................................................................. 41
CONCLUSÃO ............................................................................................... 42
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 44
APÊNDICE A – Modelo autorização aos responsáveis pelas crianças........ 46
10
INTRODUÇÃO
Através deste trabalho procura-se mostrar a importância da
comunicação para o ser humano, neste caso em especial para as crianças de 0
a 2 anos de idade.
A pesquisa surgiu a partir da inquietação em entender e avaliar as
diferentes formas de se trabalhar, beneficiando a aquisição comunicacional das
crianças da referida faixa etária, visando se era possível diante das trocas entre
as crianças e seus pares o enriquecimento comunicacional. Tendo como base
que os primeiros dois anos de vida são o período de maior desenvolvimento da
criança.
Assim procura-se justificar o processo de comunicação entre a criança
e seus pares e também com as atendentes de atividades infantis com as quais
a criança permanece na creche.
Esta pesquisa é de fundamental importância para todos os educadores,
pois amplia o olhar para a educação das crianças do berçário que muitas vezes
são vistas apenas pelas necessidades do cuidar deixando se de lado o
desenvolvimento pedagógico e social.
Para a realização deste trabalho foi feita uma pesquisa de campo em
uma creche municipal na cidade de Lins, em um berçário onde se encontram
quinze crianças de sete meses a um ano e onze meses.
No primeiro capítulo, apresenta-se brevemente um pouco sobre a
história da comunicação. Analisando sua evolução através dos tempos e
novas tecnologias. Também sobre os componentes necessários para que a
mesma se torne possível.
Já no posterior capítulo foram observadas as referências bibliográficas
para a faixa etária das crianças de 0 a 2 anos onde se constatou a
comunicação de forma específica e complexa.
Finalizando com o terceiro capítulo, foram realizadas, através de
pesquisa de campo pela pesquisadora, observações, anotações e a
quantificação de dados demonstrado através de gráfico, também há
11
explanação sobre do que acontece na citada creche, visando somar aos
trabalhos das atendentes desta ou das demais.
Tendo assim concluído o referido trabalho observando a importância da
educação infantil no desenvolvimento comunicacional da criança de 0 a 2 anos,
finaliza-se com a proposta de intervenção e conclusão.
12
CAPÍTULO I
COMUNICAÇÃO
Entende-se por comunicação o processo onde algo ou alguém se faz
entender por meios verbais ou não-verbais.
De acordo com Raymond Williams, a palavra comunicação surgiu em língua inglesa no século XV como ‘nome de acção’, derivada do latim communicare, que significa ‘tornar comum a muitos, partilhar’; pelos fins do mesmo século, passa a designar também o objecto que é tornado comum, ‘uma comunicação’.(SERRA, 2007, p. 69 - 70)
A comunicação humana distingue-se da comunicação animal por
apresentar símbolos, aos quais através do conhecimento humano faz com que
as pessoas tenham a capacidade de criá-los, distingui-los, compreendê-los e
até modificá-los.
A comunicação, portanto, pode ser definida como o processo pelo qual a informação é trocada e entendida por duas ou mais pessoas, normalmente com a intenção de motivar ou influenciar o comportamento. (DAFT, 2010, p.765)
Trata-se de um processo constante e complexo, o qual se pratica
diariamente e inconscientemente através de atitudes movidas pelos impulsos e
pensamentos.
Segundo DAFT (2010), muitas pessoas pensam que a comunicação é
simples. Afinal nos comunicamos todos os dias sem nem mesmo pensar nisso.
No entanto, a comunicação normalmente é complexa, e as oportunidades para
enviar e receber mensagens erradas são inúmeras.
1 HISTÓRIA
Acredita-se que os homens das cavernas manifestavam-se através de
gruídos, gestos e balbucios e com o passar dos tempos foi criando formas
onde relacionava os objetos ao seu uso dando assim significado a tudo que
estava a sua volta e criando uma nova forma de comunicação. E assim
13
levando-a para os demais lugares através da repetição cotidiana de suas
ações.
As relações de comunicação se ampliavam à medida que todos de um
mesmo grupo se entendiam mutuamente e progressivamente foram
estabelecendo formas de se comunicar com os outros grupos.
Acredita-se que os primeiros registros escritos foram deixados por volta
de 8000 anos antes de Cristo (a.C), e eram representações de desenhos
especificando os acontecimentos de cada povo.
1.1 Componentes de comunicação
Fazem parte dos componentes da comunicação o emissor, que é
aquele que transmite a mensagem; o receptor, que é aquele que recebe a
mensagem; a mensagem, que é o conteúdo a ser transmitido; o canal, que é o
meio pelo qual a mensagem é transmitida; a resposta, que é a forma com que
o receptor decodifica a mensagem; e o ambiente onde o processo de
comunicação acontece, o qual pode interferir diretamente no contexto da
mensagem através de ruídos, crenças e comportamento do receptor.
Figura 1: Canal de informação
Fonte: 8ª do Cerco, 2010.
Dois elementos essenciais em cada situação de comunicação são o emissor e o receptor. O emissor é alguém que quer transmitir uma ideia ou um conceito para os outros, buscar informações ou
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expressar um pensamento ou uma emoção. O receptor é a pessoa para quem a mensagem foi enviada. O emissor codifica a ideia, selecionando símbolos com os quais compor uma mensagem. A mensagem é a formulação tangível da idéia que é enviada para o receptor. A mensagem é enviada por meio de um canal, que é o veiculo da comunicação... O receptor decodifica os símbolos para interpretar o significado da mensagem... o feedback ocorre quando o receptor responde a comunicação do emissor com uma mensagem de volta.(DAFT, 2010, p. 765)
A comunicação também pode assumir diferentes formas:
a) verbal: é a comunicação através da fala propriamente dita, formada
por palavras e frases;
b) não-verbal: é a comunicação que não é feita por palavras faladas ou
escritas. Usam-se muito os símbolos que são constituídos de formas,
cores e tipografias, que combinados transmitem uma ideia ou
mensagem;
c) linguagem corporal: são os movimentos gestuais e de postura que
dão maior significado a comunicação. Com o aparecimento da palavra
falada os gestos foram tornando-se secundários, são responsáveis
por constituírem o complemento da expressão, devendo ser coerentes
com o conteúdo da mensagem.
Segundo Weil; Tompakow (1986), no livro ‘O corpo fala’, mostra
claramente diversos exemplos de situações onde a expressão corporal se
mostra muito eficiente e até mesmo esperada diante de determinadas
situações. Ela é auxiliar da comunicação verbal.
Muitas vezes depara-se com situações reveladoras através da
linguagem corporal, como por exemplo, quando uma pessoa ganha um
presente do qual não gosta e por mais que diz que gostou, o contrário fica
estampado no rosto.
d) comunicação mediada – é o processo de comunicação em que está
envolvido algum tipo de aparato técnico que intermédia os locutores
como, por exemplo, internet, telefone e outros.
1.2 A importância do processo de comunicação
Como já dizia o velho guerreiro Chacrinha, quem não se comunica se
trumbica.
15
A comunicação, sem dúvida, trata de algo essencial para o
desenvolvimento pessoal e social de todos, afinal é através dela que se cria
relação com o mundo e as pessoas.
Figura 2: Chacrinha, eterno ícone da comunicação.
Fonte: História e cenários nordestinos, 2013.
Ao longo da vida busca-se a independência e a autonomia, o que se
tornaria praticamente impossível nos dias de hoje se não existisse o mínimo
domínio das formas de tratamento e comunicação adequadas para cada
pessoa ou momento.
A comunicação historicamente vem se mostrando cada vez mais
importante e eficiente, ao ponto de fazer parte de debates e pesquisas sobre as
melhores formas de se portar, revelando por trás de seus modos e posturas,
até mesmo uma análise do perfil social, econômico e pessoal de cada
indivíduo.
Embora os requisitos de uma boa comunicação possam variar de
acordo com diferentes povos e costumes, ninguém discorda dos seus
benefícios, o que proporciona a necessidade constante de reavaliar conceitos e
melhorar progressivamente atitudes diante do que se julga certo ou errado.
A tecnologia costumava avançar em estágios mais lentos, mais diferenciados. O livro reinou como meio de comunicação de massa preferido por vários séculos; os jornais tiveram cerca de 200 anos para inovar; até o cinema deu as cartas durante 30 anos antes de ser
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rapidamente sucedido pelo rádio, depois pela televisão, depois pelo computador pessoal. A cada inovação, o hiato que mantinha o passado à distância ficou menor, mais atenuado. Isso não significou muito nos avanços que foram o livro ou o jornal ao longo dos séculos – para não mencionar a escala milenar do pintor de cavernas -, mas, à medida que foram se abreviando, os estágios começaram a interromper os ciclos de vida dos seres humanos individuais. (...) A explosão de tipos de meios de comunicação no séc. XX nos permite, pela primeira vez, apreender a relação entre a forma e o conteúdo, entre o meio e a mensagem, entre a engenharia e a arte. ( JOHNSON, 2001, p. 9)
As relações interpessoais são favorecidas constantemente com este
processo já que ao se criar relações de troca comunicacional, sejam em casa,
no trabalho ou demais meios sociais em que se estão incluídas renova-se a
cada dia este processo que se amplia de acordo com o modo que reage às
novas experiências.
Imagina-se que hoje o que parece simples como, por exemplo, comer
com garfo e faca, um dia já foi algo inimaginável. Este percurso pelo o qual
esta forma de comunicação foi se difundindo, apesar de hoje ser algo que
parece simples pela sua execução cotidiana, atravessou gerações pelo mundo
todo até chegar à maneira como hoje é realizado. Inicialmente deve-se
considerar que o objeto necessário também se modificou ao longo do percurso,
se adaptando constantemente a cada nova descoberta e melhoria para o seu
uso.
Desta forma pode-se considerar a importância da comunicação para
ações cotidianas simples, mas que ditam o perfil de vida que se tem hoje, que
ao longo dos tempos foi evoluindo de acordo com o que julgava necessário
para a sobrevivência e até mesmo visando o conforto e o desenvolvimento
tecnológico do mundo em que se vive.
Sempre que vencer é substituído por convencer e que as pessoas se sentam em volta de uma mesa de negociação em vez de se exterminarem, ‘a comunicação’ se afirma como a última, e a melhor, das ideologias com rosto humano: ‘ideologia sem adversário’ (a não ser o inevitável rumor), portanto, ideologia do fim das grandes ideologias. (BOUGNOUX, 1994, p. 26).
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As relações entre diferentes países também são diretamente
beneficiadas ou prejudicadas de acordo com as relações de comunicação
estabelecidas entre os mesmos. O que fica claro quando se vê guerras ou
acordos de paz. A pergunta que fica é sempre que direcionamento a
comunicação deve tomar para que as relações sejam estabelecidas de modo
que todos se sintam satisfeitos e não haja conflitos?
Infelizmente nem sempre os interesses são os mesmos, o que acaba
por gerar conflitos, mas deve-se considerar que até mesmo os conflitos em
comunicação são importantes para a evolução deste processo.
Se for levado em conta que a cada nova geração mudam-se os valores
e as crenças, conclui-se então, que a comunicação não é algo intacto, mas um
processo de transformação ao longo dos tempos que atende a cada novo
momento de acordo com o que se julga necessário, talvez por isso seja algo
tão complexo e discutível já que da margem a muitas interpretações.
Se toda comunicação é suficientemente definida como uma viagem
através do rumor, é preciso indicar com precisão que o rumor é a
informação dos outros. Do mesmo modo que não há rumor puro,
assim também não há informação universal, válida ou interessante
para todas as mentes. Vamos chamar informação (...) o que
enriquece, completa ou orienta o equipamento cognitivo de cada
um, em determinado instante de seu desenvolvimento (não somente
a informação pertinente varia segundo os indivíduos, mas varia para
cada um conforme as circunstâncias: nada é mais relativo e se torna
caduco mais depressa do que uma informação). (BOUGNOUX, 1994,
pp. 24-25)
Sendo assim verifica-se que a comunicação, apresenta-se para cada
indivíduo como algo único, mas que deve antes de tudo atender a regras
estipuladas pela sociedade ou grupo a qual se está inserida, minimizando os
conflitos, mas sem deixar de expor sua ideologia e preferências criando assim
um ambiente de respeito e tolerância.
...dominada pelos meios eletrônicos como o telefone, o cinema, a
rádio e a televisão e, mais recentemente, a Internet, que não só
introduzem novas modalidades de comunicação como potenciam a
18
níveis extremos a “comunicação de massas” surgida com os jornais
dos finais dos século XIX. A importância desses novos meios e do
conjunto dos meios de comunicação social na sociedade emergente é
de tal ordem que se pode afirmar que “em poucas dezenas de anos,
o nosso ecossistema cultural se transformou mais do que nos três
séculos precedentes... (SERRA, 2007, p. 62)
Hoje se vive em uma época onde a comunicação se apresenta como
um processo muito rápido em relação aos acontecimentos do mundo devido à
globalização.
Os meios de comunicação, cada vez mais evoluídos, se tornaram parte
do dia a dia, muitas vezes fazendo os seres humanos dependentes para serem
aceitos nos meios sociais.
Muitas são as exigências sobre conhecimento e práticas tecnológicas,
o que se amplia com uma velocidade extremamente acelerada em relação a
novas formas de comunicação.
Percebe-se que há pouco tempo atrás não havia quase instrumentos
tecnológicos de comunicação e assim comprovar o quanto esta nova forma de
comunicação vem evoluindo rapidamente.
Todas essas mudanças visam um mundo mais dinâmico o que pode
ser por um lado extremamente benéfico à comunicação, mas por outro também
gerar conflitos. Prova disso é que as crianças que antes brincavam em grupos
nas ruas e quintais, hoje se isolam ficando nas suas casas e quase o tempo
todo diante de jogos eletrônicos, minimizando as trocas comunicacionais
diretas com outras crianças. As redes sociais estão repletas de pessoas,
muitas vezes ainda bem pequenas, que se relacionam muito bem de forma
virtual, mas quando precisam se relacionar pessoalmente acaba por não se
sentirem confortáveis pela falta desta vivência. Por outro lado as crianças
parecem já nascer dominando as técnicas dos novos aparelhos que surgem a
cada dia, pois possuem extrema facilidade para lidar com as novas tecnologias.
Assim a comunicação vai se modificando e deixando suas marcas em
cada novo momento histórico, mas o que fica claro é a importância deste
processo que se renova e se modifica, e que nunca perde sua essência. A
comunicação leva a evolução ao ponto de modificar-se toda a sociedade
através de novos conhecimentos e ampliar a visão de mundo e de criar
19
mecanismos para desenvolvimento dos seres humanos enquanto seres
pensantes, o que faz deste processo uma constante e inesgotável fonte de
renovação.
É preciso pensar em equipamentos de comunicação que, ao invés de fazer uma difusão como a mídia tradicional – difusão de uma mensagem por toda parte-, façam com que esses dispositivos estejam à escuta e restituam toda a diversidade do presente no social. Uma outra coisa que é possível explorar é o fato de que estes equipamentos favorecem a emergência da autonomia, tanto de indivíduos quanto de grupos, em que o inimigo é a dependência. (LÉVY; PELLANDA; PELLANDA, 2000, p. 16)
Diante de tantas novidades oferecidas neste momento deve-se
discernir quais as melhores formas de utilizá-las tornando-as instrumentos de
conhecimento e sabedoria, assim como direcionar as gerações futuras para
este mesmo crescimento.
Dentro das escolas o tema tem importante papel tanto na prática diária
como no direcionamento dos alunos para sua aquisição e utilização na vida,
dentro e fora da escola. É necessário conduzir o aluno desde o início da sua
vida escolar nas diferentes formas de se comunicar com o mundo, valorizando
as relações e as vivências pessoais de cada ser.
As novas tecnologias devem ser entendidas como benefício para a
comunicação, mas isso só é possível se conseguir trabalhar a criticidade do
aluno para que ao longo de sua vida possa fazer suas escolhas.
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CAPÍTULO II
COMUNICAÇÃO ENTRE CRIANÇAS DE 0 A 2 ANOS E SEUS PARES
2 CHORO
O desenvolvimento da criança de 0 aos 2 anos é um período de intensas
mudanças biológicas e físicas visto que em nenhuma outra época da vida vai-
se crescer tanto quanto no primeiro ano.
Iniciar e manter relações sociais são fundamentais ao desenvolvimento humano. Esse aspecto torna-se mais importante se for focalizado o desenvolvimento dos primeiros anos do bebê e a inter-relação existente entre as diversas áreas: motora, cognitiva, lingüística, perceptiva e afetiva. A interação do individuo, ou seja, os comportamentos social e emocional em interação com comportamentos sociais dos pais, pares, professores é critica no desenvolvimento da criança. (BRAGA, 2009, p. 27)
A comunicação do bebê com o homem se dá imediatamente após algum
tempo de fecundação se considerar as transformações ocorridas no corpo da
futura mamãe. É muito comum que a mulher perceba-se diferente tanto
fisicamente como psicologicamente.
Tais mudanças provocam alteração de humor, enjôos e até mesmo
sonolência.
O corpo começa a se modificar, dando sinais visíveis de que um novo
ser está a caminho.
Após alguns meses o bebê começa a se movimentar dentro do corpo da
mãe, o que trás a tona a certeza de que existe um bebê ali. Neste momento
não é raro ver pais conversando ou acariciando a barriga de suas mulheres na
ânsia de antecipar o contato com os seus filhos.
Nesta relação dos bebês enquanto fetos, à medida que a mãe vai se
acostumando com um novo ser dentro de si, também proporciona vida ativa a
um novo ser que se move e se permite evoluir dando clareza de seu mundo
vivo, antes mesmo do nascimento.
21
Logo vem o nascimento e com ele a criança é apresentada a um novo
ambiente. O que antes era apenas um cantinho apertado, confortável, seguro,
quente e muito protegido agora já não é mais. A criança é alvo de luzes,
barulho, de várias mãos diferentes e um afastamento considerável de sua mãe.
Pela primeira vez a criança necessita encher os seus pulmões de ar, pois
agora precisa respirar sozinha.
Kail (2004) cita:
Entre esses estados, o choro é o que chama a atenção dos pais e pesquisadores. Os recém-nascidos passam de 2 a 3 horas por dia chorando ou prestes a chorar... os cientistas e os pais conseguem identificar três tipos de choros distintos... O choro básico começa suave, depois se torna mais intenso e normalmente ocorre quando o bebe esta com fome ou cansado; o choro de raiva é uma versão mais intensa do básico e o choro de dor começa com uma longa e repentina explosão de choro, seguida por uma longa pausa e respiração ofegante. (KAIL, 2004, p.60)
Segundo Kail (2004), o recém-nascido passa a maior parte do dia
alternando entre quatro estados:
a) inatividade alerta: onde o bebê está calmo, com os olhos abertos e
atentos;
b) atividade alerta: o bebê esta com os olhos abertos, mas desfocados.
Ele mexe os braços e as pernas repentina e desordenadamente;
c) choro: o bebê chora energicamente, acompanhado de agitação e
movimentos desordenados.
d) sono: o bebê está com os olhos fechados, oscilam entre períodos de
respiração regular e imobilidade e respiração irregular e leve
movimentos de braços e pernas. Em geral, os recém-nascidos
dormem por cerca de 16 à 18 horas por dia.
O choro revela algo fascinante, pois é ele quem vai provocar esta
relação de comunicação após o nascimento. Ele ainda servirá durante toda a
vida, principalmente na infância, como uma representação dos anseios de cada
ser.
Ao longo do crescimento da criança a mãe observará, com o
conhecimento de seu filho, diferentes formas de choro. Cada timbre
apresentado pelo choro revelará a mãe, ainda que inconscientemente, o
22
porquê daquele choro. Ela passará a identificar quais os momentos em que a
criança chora por fome, dor, sono e mais tarde até por birra.
O bebê entra em contato com o mundo por meio de respostas universais e reflexos que o capacitam a interações rudimentares com o outro. Suas características físicas ou aparência, reflexos como sorriso, o choro e caretas, funcionam para produzir reações dos cuidadores. Embora estes comportamentos do bebê surjam como reflexos, rapidamente se transformam em comportamentos voluntários. O choro, que inicialmente exprime dor, fome e raiva, logo passa a ser utilizado para trazer a mãe mais próxima. (BRAGA, 2009, p.28)
É essencialmente importante que a mãe e as outras pessoas envolvidas
neste processo dêem à devida atenção a criança quando ela chora, pois
estudos revelam que a criança que é atendida prontamente quando chora,
futuramente será uma criança mais tranquila e menos birrenta o que se pode
perceber com clareza (Brasil, 1998) no Referencial Curricular Nacional para a
Educação Infantil, onde se tem um capítulo intitulado ‘cuidar’, o qual leva em
um dado momento a atenção que deve-se ter com o choro da criança
recordando aos cuidadores a importância de se prestar atenção e valorizar o
choro dos bebês, respondendo de acordo com o contexto sociocultural de cada
povo, mas sempre preocupando-se com o bem estar da criança, tendo em vista
que o choro nada mais é do que uma forma de comunicação que as crianças
em cada faixa etária possuem e desenvolvem a partir de suas necessidades,
elevando sempre o desenvolvimento biológico, emocional e intelectual.
Figura 3: O choro
Fonte: Capitão Cegonha, 2012.
23
Existem diversas formas de acalmar um bebê, como por exemplo, pegá-
lo ao colo, enrolá-lo em uma manta e dar tapinhas leves em seu corpinho,
balançá-lo no carrinho ou berço, cantar para o bebê e até passear de carro.
Porém é necessário que a mãe esteja tranquila para que não passe sua
inquietude ao filho, assim filhos, mães, pais e demais cuidadores estão a todo o
momento realizando situações de troca comunicacional, seja no banho, troca,
choro, amamentação e demais momentos o que leva progressivamente ao
desenvolvimento da criança.
Figura 4: Amamentação
Fonte: Nutrição-ndo, 2012.
O aleitamento pode se constituir numa base importante para os sentimentos futuros se envolver, além da proximidade física, a atenção e o afeto. Ligações afetivas iniciais formam a base para os sentimentos de ser amado, valorizado e são necessárias para a auto-imagem. (BRAGA, 2009, p. 32)
Durante o ato da amamentação mãe e filho estão em constante e
intensa sintonia. Ainda que a criança inicialmente aja apenas por reflexo este
deve ser um momento muito tranquilo, pois proporcionará a criança vínculos
com a mãe para toda a sua vida. Seus sentidos estão em pleno
desenvolvimento e são testados a todo o momento.
Com o passar dos meses a criança que desde sua concepção vem
evoluindo e se comunicando, progressivamente vai cada vez mais se
mostrando autônoma e ampliando seus conhecimentos e habilidades, o que
24
leva a um processo de comunicação capaz de contribuir de forma espiralar em
relação à zona de desenvolvimento proximal de cada criança.
Ainda no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil,
encontra-se um trecho referindo-se a entrada e adaptação da criança na
creche:
O choro da criança, durante o processo de inserção, parece ser o fator que mais provoca ansiedade tanto nos pais como nos professores. Mas parece haver, também, uma crença de que o choro é inevitável e que a criança acabara se acostumando, vencida pelo esgotamento físico ou emocional, parando de chorar, alguns acreditam que, se derem muita atenção e as pegarem no colo, as crianças se tornaram manhosas, deixando-as chorar. Essa experiência deve ser evitada. Deve ser dada atenção especial as crianças, nesses momentos de choro, pegando no colo ou sugerindo-lhes atividades interessantes. (BRASIL, 1998, p. 82)
Diante disso, fica claro a importância de considerar esta forma de
comunicação como algo extremamente representativo no processo de
desenvolvimento qualificando-o como fator fundamental nas vivências da
criança e que poderá acarretar positiva ou negativamente as suas experiências
infantis.
No dia a dia, as pessoas mais próximas da criança saberão reconhecer
os porquês de cada choro e ainda que o choro seja de birra ela precisa
entender que deve direcionar a situação de forma construtiva a fim de
proporcionar situações de aprendizagem, levando a criança, sempre que
possível e de acordo com a sua faixa etária, há experiências que a façam
questionar seu comportamento. São estas situações desafiadoras que levaram
as crianças que ainda se encontram em uma fase egocêntrica a criar novas
visões de mundo.
Já no volume 2 do Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil (Brasil, 1998), o qual trata da formação pessoal e social do educando,
pode-se perceber que para a criança garantir o respeito e proporcionar
autoestima e autonomia ela deve ser respeitada diante de suas necessidades.
Desta forma o professor que perceber que a criança vem fazendo birra,
indiferente da intensidade deste choro deve criar mecanismos e manter a
calma com o propósito de resolver o problema sem frustrá-la ou diminuí-la, mas
sim promover seu crescimento e autoconfiança.
25
Respeitar e acolher a criança diante de suas fraquezas não se trata de
fazer com que a mesma seja poupada, mas sim de um momento educativo
onde a criança passa a entender que existem formas de se comunicar com
mais qualidade e aceitação, tornando-se sociável e querida priorizando
atividades realmente enriquecedoras para o seu desenvolvimento e
comunicação saudáveis.
2.1 Desenvolvimento e aprendizagem
Com as interações vão surgindo experiências que, de acordo com o
envolvimento da criança, resultam em novos conhecimentos.
O processo de desenvolvimento e aprendizagem ocorre durante todo o ciclo de vida, tendo inicio antes mesmo do nascimento... os tipos de incentivos, ensinamentos e relacionamentos que estão presentes em sua vida, têm interferência direta em todo esse processo. (ZABOROSKI; OLIVEIRA, 2009, p.117)
Ao se pensar nos trabalhos de Vigotisky pode-se ver a criança como
alguém em constante desenvolvimento social e intelectual através de suas
interações com o mundo e as pessoas que o cerca.
...para Vigotsky o desenvolvimento do pensamento e a aprendizagem, de modo geral, ocorrem paralelamente, embora os dois se cruzem, por volta dos dois anos de idade, passando a ter uma relação de interdependência... o processo de desenvolvimento do pensamento ocorre fundamentalmente por meio da interação da criança com o adulto, sendo este um mediador nesse processo, fornecendo valores sociais e culturais a esse aprendizado. (ZABOROSKI; OLIVEIRA, 2009, p. 119)
O processo de desenvolvimento citado por Vigotsky e que é uma de
suas maiores contribuições é o conceito das zonas de desenvolvimento
proximal que de forma espiralar associa os novos conhecimentos adquiridos
pelo indivíduo.
Para a criança é essencial as relações que vivencia com o mundo que o
cerca já que é a partir delas que vai criar novos conhecimentos e assim se
desenvolver porque aprende e aprender porque se desenvolve o que torna este
processo algo extremamente espiralar, gerando cada vez mais o crescimento
intelectual do indivíduo em questão.
26
...as primeira relações sociais que são estabelecidas com a criança também influenciam nesse processo. Aqui podemos indicar a família e a escola como as instituições mais relevantes nessas sucessões de mudanças, relacionadas à socialização. Sendo assim, um ambiente familiar ou social que forneça a quantidade e a qualidade de oportunidades suficientes de interdependência entre adultos e crianças são condições mínimas requeridas para o desenvolvimento potencial de aprendizagem. (ZABOROSKI; OLIVEIRA, 2009, p. 122)
Diferentemente de Vigotsky, Piaget também apresentava ideias
construtivistas afirmando que o pensamento é construído nas relações do
indivíduo com o meio, mas diferencia-se pelo pouco valor cultural, essencial na
teoria de Vigotsky.
Na faixa etária entre 0 a 2 anos encontra-se no nível sensório-motor, caracterizado pela inteligência prática. Nesta etapa, os significantes são percepções e os significados são ações; as significações resultam de esquemas sensórios-motores, permitindo a adaptação do indivíduo ao meio através da ação. (ZABOROSKI; OLIVEIRA, 2009, p.118)
Segundo Piaget, a criança passa por determinados níveis de acordo
com o seu desenvolvimento mental e de acordo com a idade.
2.2 Música
Segundo Brasil (1998) a música é a linguagem que se traduz em forma
sonora capaz de expressar e comunicar sensações, sentimentos e
pensamentos, assim contribuindo para aquisições no dia a dia das crianças,
tanto no que se refere aos aspectos afetivos, estéticos e cognitivos,
proporcionando a ampliação da interação e da comunicação social.
O balbucio e o ato de se cantarolar dos bebês têm sido objetos de pesquisas que apresentam dados importantes sobre a complexidade das linhas melódicas cantaroladas até os dois anos, aproximadamente. Procuram imitar o que ouvem e também inventam linhas melódicas ou ruídos, explorando possibilidades vocais, da mesma forma como interagem com os objetos e brinquedos sonoros disponíveis, estabelecendo, desde então, um jogo caracterizado pelo exercício sensorial e motor com esses materiais. (Brasil, 1998, p. 51)
27
Percebe-se nos bebês o cantarolar através das músicas e das
interações diariamente. Possibilitando o estreitamento das relações que
buscam o dialogo entre a criança e o adulto. Também o ato de imitar as
pessoas a sua volta, seja na fala ou nas ações, proporciona a aprendizagem de
forma qualitativa e prazerosa.
Figura 5: Cantando
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Para os bebês é importante observar que a música deve proporcionar o
desenvolvimento do ato de ouvir, perceber e discriminar diferentes sons, além
de ver a mesma como brincadeira e algo para ser imitado nas suas vivências
diárias.
No primeiro ano de vida, a prática musical poderá ocorrer por meio de atividades lúdicas. O professor estará contribuindo para o desenvolvimento da percepção e atenção dos bebês quando canta com eles; produz sons vocais diversos por meio de imitação de vozes de animais, ruídos etc., ou sons corporais, como palmas, batidas nas pernas, pés etc.; embala-os e dança com eles. As canções de ninar tradicionais, os brinquedos cantados e rítmicos, as rodas de ciranda, os jogos com movimentos, as brincadeiras com palmas e gestos sonoros corporais, assim como outras produções do acervo cultural infantil, podem estar presentes e devem se constituir em conteúdo de trabalho. Isso pode favorecer a interação e resposta dos bebês, seja por meio da imitação e criação vocal, do gesto corporal, ou da exploração sensório-motora de materiais sonoros, como objetos do cotidiano, brinquedos sonoros, instrumentos musicais. (Brasil, 1998, p. 58)
28
Assim percebe-se que os educadores da educação infantil devem fazer
uso das músicas nas diversas atividades do seu dia a dia, visando proporcionar
a interação da criança com a atividade e os objetivos que norteiam a mesma.
Proporcionando de forma gratificante tanto para a criança como para o
educador atingir aquilo que se pretende baseado no saber, porém com o intuito
de otimizar qualitativamente o seu trabalho.
2.3 Construção da linguagem
Segundo Zorze e Hage (2004, p.13), o choro, os gestos, as vocalizações
não articuladas e articuladas são meios de comunicação que se mostram
presentes no primeiro ano de vida.
Embora se saiba que o choro pode ser considerado como a primeira
forma de comunicação do bebê, a partir dos doze meses percebe-se o
aparecimento das primeiras emissões verbais e no segundo ano de vida,
encontra-se o aparecimento das palavras.
Nos primeiros três meses após o nascimento, o bebê parece buscar a voz humana, mesmo quando a ruído de fundo um tanto elevado no lar ou no berçário. O bebê normal aprende cedo (por volta de dois meses) a aliar a modalidade auditiva com a visual, de modo que o input de fala é acompanhado por informações visuais sobre movimentos de lábios e maxilar e expressões faciais. (BOONE; PLANTE,1994, p. 61)
Assim é evidente a importância da comunicação com os bebês desde o
nascimento, tendo em vista o desenvolvimento da fala desde os primeiros
meses de vida.
Perto do quinto ou sexto mês, os bebês iniciam o autobrinquedo vocal do balbucio, encadeando sons de vogais e consoantes juntos numa expiração contínua. Os pais podem ouvir o bebê, no quarto ao lado, fazer uma série contínua de sons balbuciados, aparentemente para o seu próprio prazer. (BOONE; PLANTE, 1994, p.66)
Esta fase é aquela a qual os pais radiantes com a evolução dos filhos
que ao balbuciarem, se encantam ao ouvirem suas vocalizações.
29
Os bebês de nove a doze meses de idade apresentam mudanças afetivas notáveis... Com melhor controle motor sobre seus mecanismos de voz, os bebês são agora capazes de controlar suas vozes para combinar com seus estados afetivos. Além disso, observamos mudanças adequadas de expressão facial, postura corporal e gesto. (BOONE;PLANTE, 1994, p. 66)
Neste dado momento a criança torna-se capaz de comunicar suas
intenções e desejos ganhando assim intencionalidade comunicacional.
... em torno de doze a treze meses de idade, os bebês parecem saber que o som da linguagem e a linguagem em si são utilizadas para anunciar os relacionamentos e os papéis das pessoas ao seu redor... de doze a dezoito meses, é comum o surgimento das primeiras palavras reconhecíveis, e não-raro elas são ditas nos lugares “certos”, no padrão de vocalização contínuo... Com suas vozes, as crianças pequenas são capazes de comunicar emoções como amor, felicidade, surpresa, vergonha, medo e raiva. (BOONE; PLANTE, 1994, p. 67)
Neste período as crianças se mostram bastantes interessadas em
canções e ainda que não consigam cantar corretamente suas letras,
acompanham a sequência da melodia, mostrando entendimento do que lhe é
apresentado.
De acordo com ZORZI; HAGE (2004, p. 25), o aumento mais
significativo do vocabulário se dá entre 18 e 24 meses, aproximadamente,
aumentando vertiginosamente até os 4 anos.
Este é um momento onde pais e professores devem ter atenção especial
para disfunções de linguagem visando à boa comunicação e ao
desenvolvimento linguístico da criança, tomando as devidas providências e
encaminhando a criança aos profissionais se houver necessidade.
30
CAPÍTULO III
A PESQUISA
3 INTRODUÇÃO
Neste capítulo apresenta-se a metodologia utilizada no trabalho, e os
resultados obtidos.
3.1 Metodologia
Este trabalho consiste em uma pesquisa de campo no qual foram feitos
registros sobre os diferentes comportamentos e atitudes das crianças da
Educação Infantil.
Realizando coleta de dados a partir das observações direta com os
alunos perante as suas ações cotidianas, realizada no período de fevereiro e
março de 2013, no horário das 11h às 17h, de segunda à sexta-feira. Todas as
observações foram anotadas para realização da pesquisa.
Foram observados os comportamentos comunicacionais das crianças
em particular, com seus pares, e com os funcionários. Ressaltando como as
mesmas divergiam seu comportamento em cada uma das situações
discriminadas.
Para isso foram realizadas brincadeiras, músicas e atividades cotidianas
como banho e alimentação.
Os resultados foram analisados de forma qualitativa, objetivando as
conquistas e aquisições demonstradas pelas crianças durante o período das
pesquisas, tendo como objetivo o progresso comunicacional da criança.
3.1.1 Sujeitos da pesquisa
Para a realização deste trabalho foram analisadas 15 crianças, de idade
entre 7 meses a 1 ano e 11 meses, os quais frequentam diariamente o berçário
31
de uma creche municipal na cidade de Lins/SP, em período integral, sendo que
a pesquisadora conhece a realidade das crianças, pois trabalha no local e por
este motivo, o escolheu.
A pesquisadora optou pelo tema em questão, pois observou que as
trocas comunicacionais direcionadas pelas atendentes de atividades infantis,
em forma de brincadeiras lúdicas, músicas e diálogos com as crianças eram
extremamente benéficas para o seu desenvolvimento comunicacional, assim
como, a necessidade de observar e conhecer as diversas formas com que
cada criança demonstra suas inquietações, necessidades e desejos.
Desta forma o trabalho ganha referências teóricas fundamentadas nos
capítulos I e II, visando à importância do trabalho pedagógico nesta faixa etária,
tendo em vista que a criança não é meramente um expectador, mas sim
atuante constante do seu conhecimento.
A proposta foi apresentada à diretoria que permitiu a realização do
trabalho mediante uma carta de autorização, a qual se encontra em anexo
(Apêndice “A”) deste trabalho.
Serão usadas diferentes letras do alfabeto para distinguir as crianças
umas das outras, garantindo a preservação de sua identidade.
3.1.2 Observação através do choro
No início do mês de fevereiro quando as crianças iniciam o ano letivo, o
berçário é muito movimentado, principalmente porque o choro é algo bastante
constante.
Para o grupo onde as crianças não choravam verificou-se que as
mesmas estavam sempre dispostas às brincadeiras e se relacionavam
constantemente com os demais.
Neste grupo 2 (duas) crianças já frequentaram a EMEI, no ano anterior,
e outras 4 (quatro), não demoraram a se adaptar às rotinas das atividades
cotidianas da creche.
Analisando de forma esquemática percebem-se, basicamente, três
grupos diferentes em relação ao choro:
Figura 6: Avaliação de percentual de choro
Fonte: Elaborado pela autora
Durante a amamnese
atendente conheça o perfil e a dinâmica familiar) perceb
crianças pertencem a famílias de dinâmica familiar parecidas com o cotidiano
da creche, sendo que as mesmas já haviam anteriormente estado aos
cuidados de alguma outra pessoa que não fosse da mãe, e fora da própria
casa, sendo estes cuidadores parentes ou babás.
Já no grupo onde as crianças choravam, mas conseguiam manterem
calmas por longos períodos, observaram
O primeiro compreendia o choro como um reflexo comportamental do
que as crianças não estavam gostando, analisando que as mesmas choravam
a partir do momento em que viam outras crianças chorar. E quando paravam
bastava que alguém começasse a chorar novamente, para que todas
recomeçassem.
Em um segundo momento observou
se separarem dos pais e responsáveis que a levavam
assim que eram acalmadas pelas atendentes e distraídas com atividades,
paravam de chorar, embora algumas chamassem diversas vezes ao dia pela
mãe.
O aluno ‘EL’ foi quem mais protagonizou este comportamento. Ele não
só chorava e chamava
sempre que via oportunidade.
Já ‘MA’, se tranqu
casa, como o seu carrinho de bebê, fralda e chupeta.
Elaborado pela autora, 2013.
amamnese (entrevista realizada com os pais para que o
atendente conheça o perfil e a dinâmica familiar) percebeu-
a famílias de dinâmica familiar parecidas com o cotidiano
da creche, sendo que as mesmas já haviam anteriormente estado aos
cuidados de alguma outra pessoa que não fosse da mãe, e fora da própria
casa, sendo estes cuidadores parentes ou babás.
onde as crianças choravam, mas conseguiam manterem
calmas por longos períodos, observaram-se alguns itens.
O primeiro compreendia o choro como um reflexo comportamental do
que as crianças não estavam gostando, analisando que as mesmas choravam
do momento em que viam outras crianças chorar. E quando paravam
bastava que alguém começasse a chorar novamente, para que todas
Em um segundo momento observou-se que as crianças choravam por
se separarem dos pais e responsáveis que a levavam para a creche. Mas
assim que eram acalmadas pelas atendentes e distraídas com atividades,
paravam de chorar, embora algumas chamassem diversas vezes ao dia pela
O aluno ‘EL’ foi quem mais protagonizou este comportamento. Ele não
só chorava e chamava pela mãe (‘mã’) como também corria para a saída
sempre que via oportunidade.
Já ‘MA’, se tranquilizava, quando era oferecida a ela, referências de sua
casa, como o seu carrinho de bebê, fralda e chupeta.
6
6
3
Relação criança / choro
chorou muito
chorou pouco
não chorou
32
(entrevista realizada com os pais para que o
-se que estas
a famílias de dinâmica familiar parecidas com o cotidiano
da creche, sendo que as mesmas já haviam anteriormente estado aos
cuidados de alguma outra pessoa que não fosse da mãe, e fora da própria
onde as crianças choravam, mas conseguiam manterem-se
O primeiro compreendia o choro como um reflexo comportamental do
que as crianças não estavam gostando, analisando que as mesmas choravam
do momento em que viam outras crianças chorar. E quando paravam
bastava que alguém começasse a chorar novamente, para que todas
se que as crianças choravam por
para a creche. Mas
assim que eram acalmadas pelas atendentes e distraídas com atividades,
paravam de chorar, embora algumas chamassem diversas vezes ao dia pela
O aluno ‘EL’ foi quem mais protagonizou este comportamento. Ele não
pela mãe (‘mã’) como também corria para a saída
ilizava, quando era oferecida a ela, referências de sua
chorou muito
chorou pouco
não chorou
33
Devido ao grande número de crianças, por atendente, este primeiro
momento priorizava o conforto e bem estar da adaptação aliado aos cuidados
básicos de que todo bebê necessita.
O grupo de crianças que choravam bastante era composto por três
crianças, sendo que duas são as caçulas deste berçário e uma nunca havia
ficado longe da presença da mãe.
A criança ‘D’ era amamentada no seio, o quê fez com que o
distanciamento repentino da mãe fosse algo muito complicado. Assim a criança
permanecia apenas meio período na creche, e ainda chorava constantemente,
buscando pelo seio das atendentes. A mãe gradativamente foi retirando a
amamentação, o que fez com que a criança fosse progressivamente se
adaptando e construindo vínculos como novo ambiente a que pertence.
A criança ‘S’ é bastante tranquila, mas anteriormente convivia apenas
com a mãe, e demorou a se adaptar ao novo ambiente, o que a levou a chorar
muito. Ao chorar chamava pela mãe, não se interessava por brincadeiras, não
dormia, não comia e não parava nem mesmo quando mantida no colo.
Chorou durante quase todo o mês de fevereiro, por isso permanecia
apenas meio período na unidade escolar.
Já ‘L’ não frequentou a creche no primeiro mês, por motivos de saúde, e
faltou muito durante o mês de março, por isso, sempre que comparecia,
chorava querendo colo, já que a mesma é acostumada a permanecer grande
parte do dia no colo. Por faltar bastante, não se adaptava a rotina escolar e
chorava sempre que necessitava ficar com os colegas. Quando colocada em
seu carrinho de bebê, só se acalmava se balançada.
As atendentes se desdobravam na busca por identificar as melhores
formas de acalentar e acalmar as crianças em suas individualidades, visando
maximizar o contato físico e verbal com as crianças.
3.1.3 Observação através de atividades de cuidar
No momento do banho a comunicação estava presente com extrema
frequência o que fez com que os vínculos fossem estreitados e as relações
entre a comunicação dos bebês com as atendentes se tornassem possíveis.
34
Conversas como observação de imagens em livros de banho e
indagações sobre onde se localizam objetos da decoração da sala (móbiles,
enfeites de parede e brinquedos de banho) fizeram com que a observação
sobre a atenção depositada pela criança durante as conversas fossem
observadas e construíssem um diálogo enriquecedor para a ampliação do
universo de palavras e descobertas das crianças.
Figura 7: Hora do banho
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Durante o banho, por exemplo, foi solicitado às crianças que
identificassem partes do próprio corpo, criando brincadeiras com as mesmas,
como ilustrado na figura 6.
‘EL’ sempre que via a bucha queria pegá-la, então a atendente dizia que
a entregaria, caso ele desse o pé, e assim era feito, pedido o outro, ele
correspondia, e assim também era feito com as mãos, e assim por diante, até
ele ganhar a bucha.
‘J’ ao ver a bucha falava ‘daaaaa’ e não se contentava enquanto não
colocava o sabonete líquido, pois ele mostrava e balançava a cabeça,
pronunciando ‘hum, hum, hum’. Se atendido esfregava a barriga, a cabeça e o
pé, dizendo ‘pé’. Se contrariado, chorava e mostrava a língua externando sua
insatisfação.
35
O momento de lavar os cabelos era a hora de ouvir ‘não’, o qual vinha
em diferentes sons.
Para ‘ML’ era ‘nain’, para ‘EL’, ‘nananana’, para ‘GA’, um som de sufoco,
‘huuuuu’, enquanto uns choravam e ‘M’ gritava ‘nãããooo’. ‘Y’ era a única que
virava a cabeça para trás, sorria e os demais não pareciam sofrer com este
momento.
Ao analisar o banho como instrumento pedagógico e comunicacional
percebe-se que o mesmo, ao ser direcionado como forma de criar diálogo, se
mostra extremamente benéfico, pois aconchega e conforta, além de oferecer
diversas atividades durante a sua execução.
Outro momento não menos importante, foi à hora de se alimentar, onde
se prioriza a conquista da autonomia da criança, como mostrado na figura 8.
Inicialmente, a alimentação foi oferecida pela atendente que ao perceber
que a criança comia sozinha, deixava que a fizesse e auxiliava neste processo.
Durante as refeições as crianças podiam optar entre o que queriam ou
não comer, criando situações de escolha própria, onde as relações de
comunicação são pautadas ao incentivo do ato de se alimentar.
Figura 8: Hora do almoço
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
‘S’ parecia adivinhar o horário das refeições e sempre que estes
estavam próximos, ela começava a falar: ‘papá, papá’, repetidamente, até que
36
fosse levada para o refeitório, porém quando chegava lá, pouco se alimentava,
recusando grande parte do que era servido.
Para ‘B’, ‘EL’, ‘J’ e ‘Y’, esta era a hora de passear pelo refeitório e se
relacionarem com as demais crianças de outras turmas, se recusando a
permanecerem sentados ao comerem.
3.1.4 Observação através de brincadeiras lúdicas
Através de brincadeiras como comidinha, caretas, imitações e nana
neném, pode-se estreitar os vínculos de comunicação com as crianças.
Sempre que oferecido um brinquedo à criança, observava-se primeiro o
que ela fazia com o mesmo. Algumas apenas o pegavam, enquanto outras
conversavam com os brinquedos, interagindo de forma gestual e comucacional.
Quando uma das atendentes começava a ninar uma boneca trazia para
si, imediatamente, a atenção do grupo que era levado a fazer o mesmo.
Figura 9: ‘Nana neném’
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Em um desses momentos, ‘J’ e ‘EL’ passavam a boneca um para o colo
do outro e a ninavam, fizeram isso por minutos e se comunicavam através de
risos e murmúrios.
37
‘B’ colocava a boneca em sua fralda antes de embalá-la, repetindo a
prática realizada na creche com elas.
Quando distribuído jogos de cozinha, inicialmente, ‘ML’ queria jogá-los
nos amigos e ‘G’ pegou o máximo que conseguia colocando-os em suas
pernas, para que ninguém os pegasse, ‘GA’ apenas ficou olhando, parado em
um canto da sala. Quando a atendente se sentou e pegou uma panelinha e
uma colher, reproduzindo que estava comendo, fazendo gestos e levando a
colher até a boca e falando ‘nha nha nha’, ‘hum humm’, gostoso, e perguntava
para as crianças se queriam, algumas a olhavam fixamente. ‘MI’ pegou uma
panelinha e uma colher e ficou mexendo como se estivesse misturando o
alimento. (Figura10). Ao oferecer para ‘MA’ ela abriu a boca e sorriu, logo todo
o grupo estava dando comidinha na boca da atendente, ou dos amigos, que
também comiam ou bebiam o ‘chá’, ou ainda, faziam caretas porque a ‘sopinha’
estava quente.
Figura 10: Brincando de comidinha
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Usando o espelho da sala, reproduziram-se diversas caretas, mas
nenhuma delas fez tanto sucesso quanto ao do lobo mau, o qual se
transformou em história e brincadeira.
Quando a atendente disse ser o lobo, reproduzindo uma voz rouca, e as
38
mãos na posição de garras, ‘GA’ começou a chorar, e foi acalmada por outra
atendente, que a pegou no colo. O restante da turma adorou a brincadeira e
quando a atendente corria atrás deles ou rosnava era uma gritaria só.
Logo ‘J’ também começou a imitar o lobo e correr atrás dos amigos e da
atendente e sequencialmente ‘B’, ‘EL’, ‘NU’, ‘MI’, ‘Y’.
A atendente só conseguiu interromper a brincadeira quando se jogou ao
chão, dizendo que o lobo havia morrido, momento este em que as crianças
pularam em cima dela, que começou a fazer cócegas nas crianças, e logo as
levaram para outro ambiente.
Outro momento bastante interessante foi quando as crianças pegavam
celulares de brinquedo.
Figura 11: Telefonando
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
‘Y’ falava ‘LO, LO, LO’ seguida de outros balbucios que pareciam não ter
fim, balançava a cabeça afirmativamente e fazia ‘tchau’ com as mãos.
‘EL’ sempre entregava a atendente e falava ‘ma’ como se estivesse
pedindo a atendente para ligar para a sua mãe.
‘MI’ não permitia que a atendente tirasse o telefone do ouvido e ficava
gargalhando sem parar enquanto a atendente fingia uma conversa.
‘J’ colocava o seu chinelo na orelha e falava ‘ALO’, ‘BEIJO’, ‘TCHAU’ e
depois saía colocando-o na orelha dos demais amigos.
39
3.1.5 Observação através de músicas
As músicas foram um suporte primordial para as interações entre o
grupo, pois despertava o interesse de todos.
Sempre que levados a cantar, observava-se que as crianças
acompanhavam através de gestos e melodias, como demonstrado na figura 12.
‘G’, indiferente da música que fosse cantada, estava sempre
cantarolando ‘Boi, boi, boi’.
Quando o ambiente estava tumultuado, a atendente começava a cantar
e todos se voltavam para a mesma, mesmo se estivesse realizando outra
atividade, trocando outra criança, por exemplo, ainda ganhava a atenção do
grupo.
Percebeu-se que, as músicas que possuem acompanhamentos por
gestos, ao serem cantadas, tinham um maior interesse das crianças.
Assim as atendentes cantavam praticamente o todo tempo.
Figura 12: Agora a música
Fonte: Elaborado pela autora, 2013.
Quando cantavam a música do Pintinho Amarelinho, as crianças
copiavam exatamente os mesmo gestos sugeridos pela mesma.
‘B’, ‘J’, ‘M’, ‘MI’, ‘GY’, ‘Y’ já sabiam que quando era finalizada a música
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‘Atirei o pau no gato’, todos se jogavam ao chão e colocavam as pernas para
cima, não demorando que os demais fizessem o mesmo.
Ao cantar ‘Trala tralalalalala... Trala tralalalalala...’, ‘J’ observava,
atentamente, a boca da atendente e imitava o movimento dos lábios, além é
claro, do movimento das mãos.
As mãos, fechadas, eram giradas uma sobre a outra, o que para
algumas crianças ainda é muito difícil de ser realizado. Ao final, levantavam as
mãos e gritava-se ‘heeeeeei’, sendo que esta é a parte que eles mais
participam até mesmo ‘D’ e ‘S’, que são bem pequenos.
Sempre que terminavam uma música, todos batiam palmas e diziam
‘heeee’, e as crianças, neste momento sempre estavam sorrindo.
‘Y’ ficava sempre a cantarolar alguma coisa, e embora, ainda não fazia o
uso de palavras, conseguia, através do ritmo das músicas, fazer-se entender
exatamente qual música estava cantando.
Em alguns momentos ela parava e balbuciava frases que sempre
terminavam com ‘NÉ’ em tom de pergunta, depois voltava a cantar.
Quando a atendente dançava, todas as crianças a imitavam
rigorosamente, dando as mãos aos seus pares, abraçando-os ou fazendo
gestos, o que gerava relações de interação no dia a dia destas crianças.
41
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Diante do presente trabalho pode-se constatar a evolução do processo
comunicacional das crianças perante as trocas com as pessoas de seu
convívio.
Perante as situações de estimulação da zona de desenvolvimento
proximal, fica clara a necessidade da aprendizagem constante e das múltiplas
situações de trocas.
Ressalta-se a valorização da qualidade das atividades, indiferentes de
quais sejam, em busca dos avanços da comunicação entre as partes.
Para tanto é necessário que haja comprometimento e paciência a fim de
direcionar tais atividades e torná-las não só atrativas, mas estimuladoras das
práticas de comunicação.
É necessário aguçar a vontade do ato comunicacional penetrando no
universo da criança.
42
CONCLUSÃO
Para a execução deste trabalho foram observadas as várias formas de
comunicação utilizadas pelas crianças do berçário de uma creche municipal da
cidade de Lins.
O trabalho baseou-se em observação das diferentes maneiras com que
a criança se expressa no dia a dia.
Percebeu-se que elas estão a todo o momento em situações onde
podem ser trabalhadas as suas interações sociais e comunicacionais com os
seus pares, que através das atividades realizadas na creche possibilitam tais
vivências.
Embora as dificuldades em conciliar o grande número de atendentes por
crianças sejam reais, percebeu-se uma extrema valorização do tempo
dedicado a cada atividade, objetivando a qualidade das atividades realizadas.
Outro fator que dificulta a relação comunicacional, neste berçário, é a
diferença de idade entre uma criança e outra, ocasionando interesses por
diferentes atividades sendo que o trabalho deve ser diversificado a todo o
momento, com mais de uma atividade acontecendo a cada período.
É necessário que se valorize cada pequeno progresso e faça com que a
criança perceba esta valorização, criando novos desafios à medida que as
conquistas sejam obtidas para que haja um progressivo desenvolvimento e um
constante crescimento comunicacional.
Nesta pesquisa observou-se a busca por este progresso através de
variadas atividades o que tornou prazeroso e desafiador este processo.
Durante os dois meses de observação notou-se o progresso
comunicacional das crianças diante das atividades propostas cotidianamente
pelo modo de se fazerem entender e se relacionarem com seus pares e
funcionários. Este aspecto pode ser observado comparando as anotações do
primeiro e segundo mês da pesquisa.
Assim percebe-se a importância de valorizar a construção das relações
comunicacionais nesta faixa etária onde a criança está em pleno
desenvolvimento.
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O tema foi de extrema importância para a pesquisadora, pois revela seu
ambiente de trabalho e aprofunda o modo com que deve se comportar e
entender a Educação Infantil, dando fundamental importância ao valor
pedagógico acima das relações consideradas basicamente de como cuidar, em
tempos remotos.
Enfim, verifica-se que o trabalho com crianças da determinada faixa
etária em relação ao processo de comunicação é possível de ser realizado,
porém é necessário que haja comprometimento com o ato de educar. Que
embora muitas vezes os bebês pareçam precisar apenas de cuidados este não
é um fato real, mas sim algo a ser desmistificado em busca de um novo
pensamento.
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REFERÊNCIAS
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