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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS - GRADUAÇÃO LATO SENSO INSTITUTO A VEZ DO MESTRE COMPRAS PÚBLICAS NA ESFERA FEDERAL MÁRIO LUIZ DEGLE ESPOSTE RIO DE JANEIRO 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS - GRADUAÇÃO LATO SENSO

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

COMPRAS PÚBLICAS NA ESFERA FEDERAL

MÁRIO LUIZ DEGLE ESPOSTE

RIO DE JANEIRO

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS - GRADUAÇÃO LATO SENSO

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

COMPRAS PÚBLICAS NA ESFERA FEDERAL

Monografia apresentada ao Instituto A

Vez do Mestre - Universidade Candido

Mendes como requisito parcial do Curso

de Gestão Pública para obtenção de

grau de Especialista.

ORIENTADOR: PROF. DR. CARLOS CEREJA

Rio de Janeiro 2010

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Ao meu Pai, Antonio Esposte e à minha Mãe, Marly Esposte, que fazem parte de minha história e, principalmente, à minha Avó Percilia que, com sua força, superou perdas lastimáveis, para me educar e a meu irmão Marcos Esposte, por quem, hoje, tenho muito carinho e admiração.

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AGRADECIMENTOS

A DEUS, que está dentro de nós.

À minha esposa, Adriana Esposte, e aos meus filhos, Thiago e Matheus

Esposte, pois foram e, sempre, serão minhas inspirações para tudo nessa vida.

Ao meu Orientador Professor Fernando Alves, pela orientação segura e pelos

conselhos valiosos.

Aos demais Mestres que, com sua sabedoria, muito colaboraram para melhorar

minha vida pessoal e profissional.

À oportunidade de trabalhar com pessoas comprometidas com o aprendizado e

o conhecimento, fazendo, assim, despertar, cada vez mais, meu interesse

pelos estudos e pesquisas, para que um dia eu possa através das

experiências, práticas e formação pedagógica dividir e ampliar todos os

conhecimentos adquiridos.

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RESUMO

O presente estudo teve como objetivo geral, apresentar uma revisão da literatura acerca das compras públicas na esfera federal. Para tanto, procurou (1) esclarecer, com base na literatura, o procedimento da licitação; (2) analisar outros tipos de procedimentos utilizados nas compras do Governo Federal, como o pregão; (3) discutir o contrato administrativo e (4) apontar os sites da Internet que tratam das compras do Governo Federal. O estudo partiu da hipótese de que os procedimentos de compra facilitam e promovem a transparência nas compras do Governo Federal, limitando-se, porém, a analisar a literatura sobre a importância dos mecanismos de compras utilizados pelo Governo Federal. Tratou-se de uma pesquisa bibliográfica e documental. Bibliográfica, porque se valeu de material já publicado, como livros, artigos, dissertações e teses, bem como de material disponibilizado na rede eletrônica. Documental, porque buscou, em documentos oficiais embasamento para as ações de compras do Governo Federal. pode-se afirmar que a hipótese do estudo foi confirmada pela literatura visitada e que, realmente, os procedimentos de compra do Governo Federal passaram a se revestir de maior transparência, o que, certamente inibe a corrupção, pois os dados disponibilizados na rede eletrônica promovem e facilitam a participação do cidadão nas decisões governamentais, sinal do desenvolvimento do País. No entanto, acredita-se que há necessidade de mais estudos para ampliar a ideia de que as compras do governo são feitas em obediência estrita às leis que as embasam, dentro de uma Administração cada vez mais inserida na contemporaneidade.

Palavras-chave: compras do governo federal, licitação, pregão, transparência, cidadania

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METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental. Bibliográfica,

porque se vale de material já publicado, como livros, artigos, dissertações e

teses, bem como de material disponibilizado na rede eletrônica. Documental,

porque busca, em documentos oficiais embasamento para as ações de

compras do Governo Federal.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO 1 - LICITAÇÕES PÚBLICAS 10 1.1. CONCEITO 10 1.1.1. Princípios Basilares do Instituto da Licitação 11 1.1.2. Competência Legislativa 12 1.1.3. O Dever de Licitar 13 1.1.4. Procedimento Licitatório 14 1.1.4.1. Fase Interna 14 1.1.4.2. Fase Externa 17 1.2. MODALIDADES DE LICITAÇÃO 18 1.2.1. Concorrência, Tomada de Preços e Convite 18 1.2.2. Concurso 22 1.2.3. Leilão 24 1.3. FORMALIZAÇÃO: DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO

25

1.3.1. Definição do objeto a ser licitado 26 1.3.2. Catalogação de material – CATMAT e CATSER 27 CAPÍTULO II - OUTRAS FORMAS DE COMPRAR E CONTRATAR NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

38

2.1. PREGÃO 38 2.1.1. Instituição 38 2.1.2. Fases do Pregão 41 2.1.3. Pregão Eletrônico/Internet 47 2.2. EMPENHO COM GARANTIA DE PAGAMENTO 48 2.2.1. Base legal 2.3. SISTEMA DE COTAÇÃO ELETRÔNICA DE PREÇOS

48 49

2.3.1. O Sistema 49 2.3.2. Objetivo e Vantagens de Utilização do Sistema 50 2.3.3. Procedimentos para Utilização do Sistema de Cotação Eletrônica de Preços

51

2.3.4. Condições Gerais da Contratação 54 2.4. Cartão de Crédito Corporativo do Governo Federal 55 2.5. SUPRIMENTOS DE FUNDOS 57 2.6.SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS (SRP) 58 CAPÍTULO III - CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 65

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8

3.1. A ESPECIFICIDADE DO CONTRATO ADMINISTRATIVO

65

3.2. TIPOS DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 66 3.2.1. Contratos por Escopo 68 3.2.2. Contratos de Execução Continuada 69 3.3. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL 69 3.3.1. Prazo de Duração na Lei n.º 8.666/93 71 3.3.2. Regra geral 73 3.3.3. Projetos relacionados a Plano Plurianual 3.3.4. Serviço Executado de Forma Contínua

73 74

3.3.5. Aluguel de equipamentos e a utilização de programas de informática

76

3.4. PRORROGAÇÃO VERSUS ALTERAÇÃO DO CONTRATO

77

CAPÍTULO IV - AS FERRAMENTAS DE TRANSPARÊNCIA QUE O GOVERNO FEDERAL DISPONIBILIZA PARA A SOCIEDADE

79

CONCLUSÃO 80 REFERÊNCIAS 81

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INTRODUÇÃO

Este estudo denominado “COMPRAS PÚBLICAS NA ESFERA

FEDERAL” parte da definição de licitação, como procedimento administrativo

através do qual a Administração Pública seleciona a proposta que oferece mais

vantagens para o contrato de seu interesse, para mostrar de que forma o Poder

Público se comporta em relação às compras públicas, procedimento previsto

na Constituição em vigor e em legislação infraconstitucional, que se desenvolve

na idéia de competição isonômica entre os interessados em contratar.

Para tanto, analisam-se as diversas modalidades de licitação à luz da

literatura e suas características essenciais, enfatizando, dentre as outras

formas de compras, o pregão, que dinamiza o processo licitatório; inverte as

fases de julgamento e habilitação, ensejando muita polêmica entre

doutrinadores e aplicadores do direito, que alegam vícios de ilegalidade e

inconstitucionalidade nessa modalidade

Nesse contexto, considerando a importância crucial da licitação,

enquanto meio para a efetivação de contratações na Administração Pública,

promove-se uma revisão, para responder à seguinte questão: ”de que forma a

literatura se tem posicionado diante do procedimento licitatório?”

O estudo se justifica na inquietação do Autor que, por participar de

inúmeras licitações, sente a importância desse procedimento para além de

simples aquisição de bens, pois a necessidade de uma boa compra se revela

como meio de melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro, de desenvolver

a cidadania, com consequente diminuição da violência, da corrupção.

Nesse sentido, a mudança da administração pública burocrática para

administração gerencial, baseada em conceitos atuais de administração e

eficiência, voltada para o controle dos resultados e descentralizada para chegar

ao cidadão, certamente, vai colaborar para tornar o cidadão mais participativo

nas “coisas do governo”.

Nessa perspectiva, este estudo se justifica, também, na oportunidade de

chamar a atenção, não apenas da comunidade científica, bem como do

cidadão comum da possibilidade de acesso a uma moderna rede de

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comunicação de dados, interligada de forma segura e ágil à Administração

Pública, a partir da qual todos podem compartilhar as informações contidas em

bancos de dados dos diversos organismos ao aparelho do Estado, participando

na condução dos negócios, apresentados com transparência.

O presente estudo tem como objetivo geral, apresentar uma revisão da

literatura acerca das compras públicas na esfera federal. Para tanto, procura

(1) esclarecer, com base na literatura, o procedimento da licitação; (2) analisar

outros tipos de procedimentos utilizados nas compras do Governo Federal; (3)

discutir o contrato administrativo e (4) apontar os sites da Internet que tratam

das compras do Governo Federal.

O estudo parte da hipótese de que os procedimentos de compra

facilitam e promovem a transparência nas compras do Governo Federal.

A pesquisa se limita a analisar a literatura sobre a importância dos

mecanismos de compras utilizados pelo Governo Federal.

O presente trabalho foi dividido em capítulos. No primeiro, - da

Introdução – apresenta e delimita o tema; no segundo - da Licitação - trata da

licitação e de suas especificidades, contidas na Lei; no terceiro, do Contrato

Administrativo – apresenta o contrato, mostrando a sua relação com a Lei de

Licitação; no quarto elenca os sites da Internet voltados para o tema. Seguem-

se a conclusão, as sugestões e as referências bibliográficas.

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CAPÍTULO 1

LICITAÇÕES PÚBLICAS 1.1. CONCEITO

Entende-se por licitação um procedimento administrativo destinado a

selecionar, entre outras, a proposta mais vantajosa para a Administração

Pública. Nesse sentido, todos os órgãos da Administração Pública, das esferas

federal, estadual, municipal e demais entidades controladas direta ou

indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, ao

contratarem os serviços de terceiros, obras, serviços, compras, alienações,

permissões e locações, deverão, obrigatoriamente, se submeter ao

procedimento administrativo prévio de licitação1.

Sayagues Laso a define como:

(...) um procedimento relativo ao modo de celebrar determinados contratos, cuja finalidade é a determinação da pessoa que ofereça à Administração condições mais vantajosas, após um convite a eventuais interessados para que formulem propostas, as quais serão submetidas a uma seleção2.

Para Odete Medauar:

Licitação, no ordenamento brasileiro, é processo administrativo em que a sucessão de fases e atos leva à indicação de quem vai celebrar contrato com a Administração. Visa, portanto, a selecionar quem vai contratar com a Administração, por oferecer proposta mais vantajosa ao interesse público. A decisão final do processo licitatório aponta o futuro contratado3.

Carlos Ari Sundfeld diz que:

Licitação é o procedimento administrativo destinado à escolha de pessoa a ser contratada pela Administração ou a ser beneficiada por ato administrativo singular, no qual são assegurados tanto o direito dos interessados à disputa como a seleção do beneficiário mais adequado ao interesse público4.

1 FIGUEIREDO, J.R. Licitações públicas para principiantes. Florianópolis: Insular, 2002. 2 SAYAGUES LASO, E. La licitación pública. 4. ed. Montevideo: Acali , 1978, p.9. 3 MEDAUAR, O. Direito administrativo moderno.São Paulo: Revista dos Tribunais, 1996, p. 205. 4 SUNDFELD, C.A. Licitação e contrato administrativo. São Paulo: Malheiros, 1994, p. 15.

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Celso Antonio Bandeira de Mello, por sua vez, afirma que:

Licitação – em suma síntese – é um certame que as entidades governamentais devem promover e no qual abrem disputa entre os interessados em com elas travar determinadas relações de conteúdo patrimonial, para escolher a proposta mais vantajosa às conveniências públicas. Estriba-se na idéia de competição, a ser travada isonomicamente entre os que preencham os atributos e aptidões necessárias ao bom cumprimento das obrigações que se propõem assumir5.

1.1.1. Princípios Basilares do Instituto da Licitação

O instituto das licitações, como todo sistema jurídico, tem seus princípios

norteadores. Dentre eles, destacam-se:

§ Princípio da legalidade: como princípio geral previsto no art. 5º, II, da

Constituição de 1988, segundo o qual “ninguém será obrigado a fazer ou

deixar de fazer senão em virtude de lei”, obriga a Administração Pública,

quando da compra, obra, contração de serviços ou alienação, a

proceder de acordo com o que a Constituição Federal e Leis prevêem. A

não observação desse princípio impregnará o processo licitatório de

vício, trazendo nulidade como consequência.

§ Princípio da isonomia: assegura a igualdade no tratamento a todos

quantos venham participar do certame licitatório.

§ Princípio da competitividade: garante a livre participação, porém, essa

liberdade de participação é relativa, não significando que qualquer

empresa será admitida no processo licitatório.

§ Princípio da impessoalidade: evita a preferência por alguma empresa.

A não observação desse princípio implicaria prejuízo para a lisura do

processo licitatório e, como consequência, a decretação da nulidade do

processo.

§ Princípio da publicidade: visa tornar a futura licitação conhecida dos interessados e dar conhecimento aos licitantes, bem como à sociedade

5 MELLO, C.A.B. Curso de direito administrativo. 17. ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2004, p.483.

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em geral, sobre seus atos, além de garantir aos cidadãos o acesso à

documentação referente à licitação, bem como sua participação em

audiências públicas, nas hipóteses previstas no art. 39, da Lei nº.

8.666/93.

§ Princípio da economicidade: auxilia a aplicação dos recursos públicos

com zelo e eficiência.

1.1.2. Competência Legislativa

Compete à União legislar sobre normas gerais de licitação, segundo a

Carta Magna de 19886.

Art. 22 in verbis;

Compete privativamente à União legislar sobre: (...)

XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III.

Nessa linha, a Lei nº. 8.666/937, como lei federal, submete Estados,

Municípios e o Distrito Federal ao dever de obediência a seus preceitos gerais

sobre licitações e, também, lhes concede competência para legislar dentro da

esfera concedida pelos dois diplomas legais, desde que não agridam os

preceitos dali emanados.

Hely Lopes Meireles ensina que: “Estados e Municípios podem legislar

sobre a matéria, observando as normas de cunho nacional e tratando do que

for específico em suas licitações e contratações, segundo as peculiaridades

locais8”.

6 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 25. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. 7 BRASIL. Lei nº. 8.666, de 21 de junho de 1993. Estabelece normas gerais sobre licitações e contratos administrativos no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. In Planalto. Legislação Republicana Brasileira. Brasília, 1993. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acessado em 26 de maio de 2010. 8MEIRELLES, H.L. Licitação e contrato administrativo. 13 ed. São Paulo: Malheiros, 2002.

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1.1.3. O Dever de Licitar

Carlos Ari Sundfeld afirma que:

Têm o dever de promover licitação todos os entes estatais, independentemente do caráter público ou privado de sua personalidade. Destarte, são por ele colhidas tanto as pessoas governamentais de direito público (União, Estados e Municípios, suas autarquias e fundações governamentais de direito público) como as pessoas governamentais privadas (empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações governamentais provadas)9.

O enunciado constitucional impõe aos órgãos da União, Estados,

Municípios, e DF, o dever de licitar, previsto no art. 37 da CF/886.

A outorga de concessão ou permissão de serviço público deve ser

concedida, também, mediante processo licitatório, de acordo com o previsto no

art. 175, caput, da Constituição in verbis:

Art. 175 Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos6.

Essas exigências são reafirmadas na Lei nº. 8.666/93, que reza, em seu

art. 2º:

Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações, concessões, permissões e locações da Administração Pública, quando contratadas com terceiros, serão necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei7.

No entanto, convém ressaltar que há situações em que não é possível

licitar, muitas vezes, devido ao valor, situação de emergência, calamidade

pública, inviabilidade de competição e demais hipóteses enumeradas nos arts.

24 e 25 da Lei7, denominadas como contratação direta.

A primeira forma é a dispensa, prevista no art. 24 e incisos da Lei nº.

8.666/93. A Administração Pública deve se acautelar para que a situação de

emergência não tenha sido causada por sua omissão, situação que acarretará

na responsabilidade dos agentes responsáveis.

9 SUNDFELD, A.S. Op.Cit., p. 36.

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Os casos em que a licitação é inexigível estão previstos no art. 25 e

seus incisos, quando se tratar de compra de produtos exclusivos, serviços

técnicos de natureza singular e contratação de profissionais consagrados, e

outros casos ali especificados.

Tanto a contratação por dispensa quanto por inexigibilidade deverão

obedecer aos ditames do art. 26, que prevê a necessária justificação e

publicidade.

1.1.4. Procedimento Licitatório

O parágrafo único do art. 4º, da Lei nº. 8.666/93, reza que o

procedimento licitatório se caracteriza como ato administrativo formal. Segundo

a doutrina, a licitação pode ser analisada sob foco interno ou externo, assim

denominadas de fase interna e fase externa da licitação.

1.1.4.1. Fase Interna

Nessa fase se concentram os atos que definirão os rumos da licitação,

ou seja, o planejamento da licitação.

Ao iniciar uma licitação, a Administração Pública deve atentar para a

existência de previsão orçamentária, para não fazer uma licitação sem recursos

previstos. A Lei nº. 8.666/93, no art. 7º, § 2º, inc. III, prevê que:

§ 2º As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando:

(...)

III - houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma7.

Ainda, de acordo com o caput do art. 38, da Lei 8.666/93, desde a

abertura do processo administrativo da licitação é necessária a indicação dos

recursos apropriados. No edital, é obrigatório definir as condições para o

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atendimento das obrigações necessárias ao cumprimento do seu objeto,

segundo o inciso VIII do art.40 da mesma lei7.

Também, pelo inciso III do § 2º do art. 40 da Lei 8.666/93, é preciso que

o edital da licitação esteja acompanhado da minuta do contrato a ser firmado,

onde, em cumprimento ao inciso V do art. 55, há que ficar estabelecido ‘o

crédito pelo qual correrá a despesa com a indicação da classificação funcional

programática e da categoria econômica’7.

Entretanto, a Lei nº. 8.666/93 tem como efetivamente grave e passível

de anulação a compra realizada sem a indicação dos recursos orçamentários

para seu pagamento, consoante o art. 14.

Além da previsão orçamentária, a Administração Pública deve ter

conhecido e definido quanto quer gastar com aquela contratação.

A Administração Pública deverá definir com clareza e exatidão o objeto

que vai atender suas necessidades, sendo livre para utilizar os recursos

disponíveis para chegar ao objeto que melhor atenda àquela necessidade.

Outro ponto importante é a definição expressa do tipo de licitação,

consubstanciado no § 1º do art. 45, da Lei de Licitações, pois, segundo

comentário de Marçal Justen Filho:

A definição do tipo de licitação produz reflexos não apenas sobre o julgamento das propostas. O próprio procedimento licitatório, em toda sua fase externa, variará consoante o tipo de licitação10.

Eis o Art. 45 in verbis, seguido de explicações:

§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso:

I A de menor preço: quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que seja vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;

II A de melhor técnica: leva em consideração a capacidade técnica do licitante, sendo vencedor o considerado tecnicamente melhor;

10 JUSTEN FILHO, M. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 12. ed. São Paulo: Dialética, 2008, p.554.

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III Técnica e preço: considera a capacidade técnica do licitante e também o preço que ele ofertou;

IV A de maior lance ou oferta: nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso, sendo considerado vencedor aquele que fizer a oferta de maior valor.

Nessa primeira fase, o Edital tem importância crucial. Para Adilson

Abreu Dallari, entende-se por edital, em sentido amplo:

(...) instrumento pelo qual se faz pública, pela imprensa ou em lugares apropriados das repartições, certas noticias, fato ou ordenança, às pessoas nele referidas e outras que possam ter interesse a respeito do assunto que nele contém11.

Em sentido estrito, Hely Lopes Meirelles afirma que o edital é

instrumento pelo qual a administração leva ao conhecimento público sua

intenção de realizar uma licitação e fixa as condições de realização dessa

licitação12.

A elaboração do edital, ou ato convocatório, é atividade deve possuir

amplo caráter de legalidade, pois, é nele que se estipulam as regras aplicadas

à disputa: desde critérios de habilitação e classificação, a preço, pagamento, sanções, demais regras procedimentais, e minuta do contrato administrativo a

ser firmado com o vencedor.

O art. 41 da Lei nº. 8.666/937, prevê que qualquer cidadão é parte

legitima para impugnar edital de licitação por irregularidade na aplicação da Lei.

Dessa forma, o edital deve ser submetido à análise e aprovação da assessoria

jurídica do órgão que está promovendo a licitação, e, de acordo com o art. 41

da Lei nº. 8.666/93, a Administração não pode descumprir as condições do

edital, ao qual se acha estritamente vinculada. O parecer favorável da

assessoria jurídica finaliza, assim, a fase interna da licitação.

11 DALLARI, A.A. Aspectos jurídicos da licitação. São Paulo: Saraiva, 1992, p.90. 12 MEIRELLES, H. L. Licitação e contrato administrativo. Op.Cit.

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1.1.4.2. Fase Externa

A Lei nº. 8.666/937 prevê, no art. 3º, § 3º, que a licitação não será

sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os seus atos, salvo quanto ao

conteúdo das propostas, até sua respectiva abertura.

Com a publicação do edital, os interessados tomam conhecimento da

licitação e das regras da disputa, e apresentam suas ofertas.

A habilitação tem como finalidade o exame de idoneidade jurídica,

técnica e financeira da empresa que pretende com a Administração Pública

contratar, de acordo com o previsto nos arts. 28, 29, 30 e 31, da Lei nº.

8.666/93.

Atendidos os requisitos de habilitação, o licitante terá suas propostas

técnica e comercial analisadas. Essa etapa é regida pelos arts. 44 a 48, da Lei

nº. 8.666/937. Para Marçal Justen Filho:

A Lei nº. 8.666 impôs a obrigatoriedade da distinção formal entre o exame da regularidade das propostas e o julgamento de sua vantajosidade. As propostas desconformes com o edital ou a lei serão desclassificadas. Passar-se-á ao exame apenas das propostas cujo conteúdo se encontrar dentro dos parâmetros exigidos13.

Segundo o art. 45 da Lei nº. 8.666/93, tem-se que:

Art. 45 O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle7.

Vale ressaltar que, das decisões tomadas nesta fase cabem recursos,

previstos no art. 109, da Lei nº. 8.666/937.

Definido o vencedor, a Administração Pública procederá à homologação

e adjudicação da proposta, ato que antecede a formalização do contrato

administrativo. A execução do contrato administrativo não fugirá aos olhos da

Administração que, por lei, tem o dever de fiscalizá-lo, de acordo com os arts.

66 e 67, da Lei de Licitações7.

13 JUSTEN FILHO, M. Op.Cit., p. 572.

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1.2. MODALIDADES DE LICITAÇÃO

A Lei n.º.666/937 prescreve, em seu art. 22, cinco modalidades de

licitação a concorrência, a tomada de preços, o convite, o concurso e o leilão.

Entretanto, a Lei nº. 10.520, de 17 de julho de 200214, instituiu a sexta

modalidade de licitação denominada Pregão, para aquisição de bens e serviços

comuns As modalidades de licitação têm características próprias, destinando-

se a determinados tipos de contratação.

A licitação é o gênero, do qual as modalidades são as espécies15, às

quais é possível se aplicarem os preceitos genéricos da licitação; os preceitos

específicos regem cada modalidade em particular.

1.2.1. Concorrência, Tomada de Preços e Convite

As três primeiras espécies previstas (concorrência, tomada de preços e

convite) são as mais importantes16, e dependem do valor que a Administração

irá, presumivelmente, dispender com a relação jurídica sucedânea.

A utilização da concorrência para o caso de valores mais elevados é

obrigatória. A tomada de preços e o leilão são previstos para negócios de vulto

médio, enquanto o convite se destina a negócios de modesta significação

econômica. A lei prevê que a Administração pode optar pela modalidade de

valor mais elevado, ao invés da correspondente ao respectivo patamar de

valor, sendo vedada, contudo, a utilização de modalidade correspondente a

valor inferior.

Com exceção do convite, essas espécies licitatórias, dependem de

publicação de aviso, com um resumo do edital, indicação do local onde os

interessados podem obter o texto completo, bem como todas as informações

acerca do certame. No caso do convite, a divulgação é feita por carta, seguida

de afixação de cópia do instrumento convocatório em local apropriado.

Existem prazos mínimos, fixados na Lei de Licitações e Contratos

Públicos, entre a divulgação e a apresentação das propostas ou a realização 14 BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Brasília: DOU, 2002. 15 BANDEIRA DE MELLO, C.A. Op. Cit., p. 394. 16 JUSTEN FILHO, M.Op.Cit., p.189.

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do evento, que variam, de acordo com a modalidade adotada para o certame e

se contam a partir da data da última publicação do edital resumido ou da

expedição do convite. Se houver alterações no edital, haverá nova divulgação

e, se afetarem a formulação de propostas, recomeça-se a contar o prazo.

Esses prazos previstos em lei representam o mínimo a ser respeitado,

embora a Administração, verificando a complexidade do objeto da licitação ou

outros fatores, possa dilatar esses prazos mínimos, possibilitando uma efetiva

participação dos interessados.

A Medida Provisória n.º2.02617, de 04 de maio de 2000 e regulamentada

pelo Decreto n.º3.555, de 08 de agosto de 2000, instituiu, no âmbito da

Administração Federal, uma nova modalidade de licitação, o pregão, destinado

à aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja o valor da

contratação, em que a disputa pelo fornecimento é feita por meio de propostas

e lances, em sessão pública.

A concorrência é a modalidade de licitação que se realiza, com ampla

publicidade, para assegurar a participação de quaisquer interessados que

preencham os requisitos previstos no edital convocatório18. Configura-se como

a espécie apropriada para os contratos de grande vulto, grande valor, não se

exigindo registro prévio ou cadastro dos interessados, desde que satisfaçam as

condições prescritas em edital, que deve ser publicado com, no mínimo, trinta

dias de intervalo entre a publicação e o recebimento das propostas. Se for

adotado um certame de acordo com os tipos, como os de menor preço, técnica

e preço e melhor técnica, esse intervalo mínimo é dilatado para quarenta e

cinco dias19.

A concorrência é, estimando-se o valor do contrato posterior, a

modalidade obrigatória em razão de determinados limites que, por sua vez, se

sujeitam a revisões periódicas. Entretanto, independentemente do valor, a lei

prevê que a modalidade concorrência deve ser adotada nos seguintes casos:

a) compra de bens imóveis; b) alienações de bens imóveis para as quais não

17 PEIXOTO, M.A.V. Modalidades de licitação: da concorrência ao pregão. A inversão do procedimento de habilitação e julgamento e a polêmica Medida Provisória nº 2026/00. Jus Navigandi, Teresina, ano 6, n. 52, nov. 2001. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br>. Acesso em: 25 mai 2010. 18 Idem. 19 Idem.

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tenha sido adotada a modalidade leilão; c) concessões de direito real de uso,

serviço ou obra pública; d) licitações internacionais.

O Estatuto das Licitações e Contratos Públicos enfatiza a

obrigatoriedade da concorrência quando, em havendo parcelamento, o valor

das licitações das parcelas, em conjunto, correspondam a montante igual ou

superior ao previsto para a modalidade concorrência20.

De acordo com Marco Aurélio Ventura Peixoto29, existem algumas

ressalvas que devem ser feitas em relação aos ditames da lei: admite-se a

tomada de preços nas licitações internacionais, quando o órgão ou entidade

licitante possuir cadastro internacional de fornecedores, ou até convite, se não

existir fornecedor no país. Também, permite-se que seja realizado o leilão para

a alienação de bens imóveis, quando tenha sido adquirido por dação em

pagamento ou procedimentos judiciais.

Nessa linha, deve-se caracterizar a concorrência como uma espécie do

gênero licitação, adstrita aos mais diversos princípios, características e

requisitos do gênero mais amplo.

A tomada de preços é a modalidade de licitação realizada entre

interessados previamente cadastrados, ou que preencham os requisitos para

cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,

observada a necessária qualificação. É a licitação para contratos de valor

estimado imediatamente inferior ao estabelecido para a concorrência.

A lei alterou a configuração da tomada de preços. Sob o Decreto-Lei n.º

300, de 198621, somente podiam participar aqueles regularmente inscritos no

cadastro do órgão licitante.

A nova lei determinou a possibilidade de participação, também, dos

interessados que atendam às condições até três dias antes do recebimento das

propostas, o que tem dado margem a controvérsias e disputas infindáveis e,

mesmo, insolúveis, no que entende o considerado administrativista22, com a

finalidade de tornar a licitação mais sumária e rápida. O objeto evidente da

alteração que a nova lei introduziu foi o de abrir as portas para um maior 20 PEIXOTO, M.A.V. Op.Cit. 21 DECRETO-LEI 2300/86. Disponível em: < www.planalto.gov.br>. Acesso: 25 mai 2010. 22 JUSTEN FILHO, M.Op.Cit.

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número de licitantes. No entanto, não resta dúvida de que o procedimento da

tomada de preços acaba por se tornar tão complexo quanto o da

concorrência23.

Na legislação anterior, a comissão limitava-se a examinar os certificados

de registro cadastral, o que já não pode ocorrer sob a nova lei, pois, havendo

licitantes fora do cadastro, a comissão de licitação terá que examinar toda a

documentação para a qualificação.

A tomada de preços é admissível nas contratações de obras, serviços e

compras dentro dos limites de valor estabelecidos em lei e corrigidos por ato

administrativo competente. A grande característica dessa modalidade, que a

distingue da concorrência, é a existência de habilitação prévia dos licitantes,

através dos registros cadastrais fornecedores de bens, executores de obras e

serviços que ali se inscreveram, mantidos por órgãos e entidades

administrativas que frequentemente realizam licitações.

Na tomada de preços, deve correr um prazo de quinze dias, no mínimo,

entre a publicação e a data fixada para o recebimento das propostas. No

entanto, se o certame for julgado na conformidade dos "tipos", ou seja, pelos

critérios de "melhor técnica" ou de "técnica e preço", o prazo será de, pelo

menos, trinta dias, sendo a contagem feita da mesma forma que na

concorrência24.

O convite é a modalidade de licitação entre, no mínimo, três

interessados do ramo pertinente a seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos

e convidados pela unidade administrativa. Podem, também, participar aqueles

que, mesmo não sendo convidados, estiverem cadastrados na correspondente

especialidade e manifestarem seu interesse com antecedência de 24 horas da

apresentação das propostas25.

O convite é, dentre todas as modalidades de licitação, a mais simples,

sendo adequada a pequenas contratações, cujo objeto não contenha maiores

23 DI PIETRO, M.S.Z. Direito administrativo. 11 ed. São Paulo: Atlas, 1999, p. 317. 24DI PIETRO, M.S.Z. Op.Cit., p.317. 25 Idem.

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complexidades, ou seja, de pequeno valor26. É a única modalidade de licitação

que não exige publicação de edital, pois a convocação é feita por escrito,

obedecendo a uma antecedência legal de cinco dias úteis, por meio da carta-

convite.

A Lei n.º 8.666/937 inovou, ao garantir a participação de outros

interessados, desde que cadastrados e havendo manifestação nesse sentido,

formalizada em até 24 horas antes da apresentação das propostas. Essa

medida visou aumentar o número de licitantes, mas, da mesma forma que

ocorreu com a tomada de preços, tornou mais complexo o procedimento.

Nesse sentido, ao permitir a participação dos "não convidados", deve a unidade

administrativa afixar cópia da convocação em local apropriado.

O convite deverá contar, em princípio, com, no mínimo, três licitantes

qualificados, ou seja, em condições de contratar. O Tribunal de Contas da

União já decidiu inclusive que, não se obtendo esse número legal de propostas,

impõe-se a repetição do ato, convocando-se outros possíveis interessados, a

fim de garantir a legitimidade do certame27.

A abertura de envelopes é feita em ato público, no dia, hora e local

especificados na carta-convite. O julgamento é feito por uma comissão ou

servidor designado pela autoridade administrativa.

Vale ressaltar que a lei veda a utilização do convite ou a tomada de

preços para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou para obras e serviços

da mesma natureza e no mesmo local, que possam ser realizados conjunta e

concomitantemente, sempre que o somatório de seus valores caracterizar o

caso de tomada de preços ou concorrência, respectivamente.

1.2.2. Concurso

O concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados

para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição

de prêmio ou remuneração aos vencedores, segundo critérios constantes de

26 CITADINI, A.R. Comentários e jurisprudência sobre a lei de licitações públicas. 3. ed. São Paulo: Max Limonad, 1999, p. 165. 27DI PIETRO, M.S.Z. Op.Cit., p.319.

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edital publicado na imprensa oficial. É comumente utilizado na seleção de

projetos, onde se busca a melhor técnica, e não o menor preço28.

Para Hely Lopes Meirelles29, o concurso é uma modalidade de licitação

de natureza especial, porque, apesar de se reger pelos princípios da

publicidade e da igualdade entre os participantes, objetivando a escolha do

melhor trabalho, dispensa as formalidades específicas da concorrência.

O concurso deve ser anunciado com ampla divulgação pela imprensa

oficial e particular, através de edital, publicado com uma antecedência mínima

legal de 45 dias para a realização do evento. A qualificação exigida aos

participantes será estabelecida por um regulamento próprio do concurso, que

conterá, também, as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho, bem

como as condições de realização e os prêmios a serem concedidos30.

O julgamento é feito por uma comissão especial, integrada por pessoas

de reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria, sejam ou não

servidores públicos. Esse julgamento será realizado com base nos critérios

fixados pelo regulamento do concurso.

O pagamento do prêmio ou da remuneração é condicionado à cessão,

por parte do autor do projeto, dos direitos a ele relativos, a fim de que a

Administração o possa utilizar de acordo com o prescrito no regulamento ou no

ajuste para sua elaboração.

O concurso acaba com a classificação dos trabalhos e o pagamento do

prêmio ou da remuneração, não sendo conferido qualquer direito a contrato

com a Administração. A execução do projeto escolhido será objeto de outra

licitação, revestida de outra modalidade (concorrência, tomada de preços ou

convite), vedada a participação do autor como licitante31.

28 DI PIETRO, M.S.Z. Op.Cit., p.319 29 MEIRELLES, H.L. Op.Cit., p.90. 30Idem. 31 Idem.

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1.2.3. Leilão

O leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a

venda de bens móveis inservíveis para a Administração, ou de produtos

legalmente apreendidos ou penhorados, ou, ainda, para a alienação de bens

imóveis cuja aquisição haja derivado de procedimento judicial ou de dação em

pagamento.

Pode-se verificar a ocorrência de dois tipos de leilão: comum e

administrativo. O leilão comum, privativo do leiloeiro oficial, é regido pela

legislação federal pertinente, podendo a Administração estabelecer as

condições específicas; o administrativo é feito por servidor público.

Os bens ser previamente avaliados, constando, no Edital, o preço

mínimo a ser ofertado, a descrição dos bens, possibilitando sua perfeita

identificação, a identificação do local onde se encontram, possibilitando o

exame por parte dos interessados. O dia, horário e local do pregão são

especificados, também, pelo instrumento convocatório.

Para o leilão, não se exige qualquer tipo de habilitação prévia dos

licitantes, tendo em vista que a venda é feita à vista ou em curto prazo. Admite-

se, entretanto, a exigência, quando o pagamento não for todo à vista, de um

depósito percentual do preço, servindo como garantia.

Os lances no leilão deverão ser verbais, configurando uma disputa

pública entre os ofertantes, enquanto durar o pregão. Aquele que, ao final,

oferecer maior lance, de valor igual ou superior ao avaliado previamente,

arremata o objeto da licitação.

1.3. FORMALIZAÇÃO: DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DE

LICITAÇÃO

A lei nº. 8.666/937, em seus arts. 24 e 25 disciplinam os casos de

dispensa e inexigibilidade de licitação.

A regra é o procedimento licitatório: a dispensa e a inexigibilidade são

exceções. Ressalte-se que a dispensa é diferente da inexigibilidade. Mesmo a

administração podendo enquadrar uma contratação como dispensa, deve-se

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levar em conta, sempre, a relação custo-benefício entre licitar ou dispensar. No

entanto, na inexigibilidade, não há possibilidade de licitar, pela inviabilidade de

competição.

Os casos de dispensa estão previstos no art. 24 da lei nº. 8.666/937; os

de inexigibilidade de licitação estão disciplinados no art. 25 da lei nº. 8.666/937.

Com exceção da dispensa de licitação por valor, todos os demais casos

de dispensa e inexigibilidade deverão ser formalizados pelos órgãos que os

processam.

O gestor público que autorizar a contratação com base na dispensa, na

inexigibilidade de licitação, ou no parcelamento da execução de obras ou

serviços, comunicará à autoridade superior no prazo de três dias. A

comunicação deverá estar devidamente justificada no processo, em que se

caracterizará a situação emergencial ou calamitosa, quando for o caso, as

razões de escolha do fornecedor ou executante e a justificativa do preço (art.

26, parágrafo único).

A autoridade superior tem prazo de cinco dias para ratificar a decisão e

mandar publicar na Imprensa Oficial, quando só então poderá ser lavrado o

contrato ou expedido o documento equivalente.

As minutas dos atos de inexigibilidade e os de dispensa de licitação,

bem como de ratificação destes, devem ser encaminhados ao órgão jurídico

para apreciação (lei nº. 8.666/937, art.38, inciso VI e lei complementar nº. 73,

de 10 de fevereiro de 199332).

O Governo Federal, com o objetivo de diminuir a aplicação das

dispensas e inexigibilidade; uma vez que essas situações, mesmo previstas na

lei, podem trazer prejuízos para a administração, quando não bem aplicadas,

demonstrando a falta de planejamento, comprando parcelado, com preço às

vezes mais caro, criou outras formas de comprar e contratar, como: pregão

presencial e eletrônico; normatizou o registro de preços, a utilização do cartão

de crédito corporativo e o sistema de cotação eletrônica de preços.

32 BRASIL. Lei Complementar nº 73, de 10 de Fevereiro de 1993. DOU DE 11/2/93. Institui a Lei Orgânica da Advocacia-Geral da União e dá outras providências. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br>. Acesso em: 30 mai.2010.

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Assim, a administração deve proporcionar treinamento a seus servidores

para que se possam acompanhar as mudanças no processo de reforma

administrativa, diminuindo os seus custos, e comprando por meios mais

céleres.

As modalidades são definidas, dependendo do valor pesquisado pela

administração (art. 23, incisos I e II; art. 24, incisos I e II).

1.3.1. Definição do objeto a ser licitado

O objeto deve ser bem definido no instrumento convocatório, uma vez

que a finalidade da licitação será sempre a aquisição de seu objeto que pode

ser:

• Contratação de obra;

• Contratação de serviço;

• Uma compra;

• Uma alienação;

• Uma locação e

• Uma concessão ou uma permissão.

Qualquer que seja a modalidade de licitação, a administração deve

saber especificar o seu objeto, buscando no mercado, recorrendo às normas

existentes como as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT)33, bem como os catálogos de materiais/ serviços – CATMAT/

CATSER do SIASG34.

Muitas vezes, o insucesso de um processo licitatório se deve pelo fato

da unidade requisitante não ter sido claro no seu pedido, passando pela área

de compras e pela CPL, sem maiores análises, trazendo sérios prejuízos para

a instituição; uma vez que, a compra foi realizada, mas não atendeu ao

interesse da unidade que requisitou.

33ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Disponível em: <http:// www.abnt.org.br>.Acesso em: 30 mai.2010. 34 CATMAT/ CATSER. Disponível em: <http://www.comprasnet.gov.br>. Acesso em: 30 mai.2010.

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1.3.2. Catalogação de material – CATMAT e CATSER

• Catálogo unificado de materiais e serviços

A catalogação de materiais e serviços é um conjunto de especificações

desenvolvidas no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais

(SIASG), tendo como base primária os procedimentos adotados no Federal

Supply Classification35.

O sistema estabelece uma linguagem única e propicia a definição de

padrões determinados de qualidade e produtividade para os materiais e

serviços especificados nas compras da Administração Pública Federal.

• Catalogação

Catalogação significa inserir dados em um catálogo. Um catálogo

representa uma lista de nomes e códigos, aos quais estão associadas

informações com determinada finalidade, como: uso no comércio para

referência, preços e possibilitar pedidos; uso na indústria para facilitar a

distribuição de peças na linha de produção e seu emprego na fabricação de

equipamentos; uso técnico em diversas áreas do conhecimento,

biblioteconomia, química, biologia etc.

Todo catálogo encerra uma variedade de informações e procedimentos

sistemáticos para coletá-las, formatá-las e ordená-las. Assim, todo catálogo

remete a um sistema de catalogação composto de procedimentos, norma e

instituições responsáveis.

A inclusão de informações em um catálogo não é possível sem que se

completem todas as tarefas procedentes à sua obtenção, segundo o sistema

de catalogação a que pertençam. Portanto, pode-se considerar catalogação,

em um sentido amplo, como o conjunto de tarefas, normas e procedimentos

necessários à obtenção de uma informação e sua inclusão em catálogo.

35 Federal Supply Classification: sistema criado e desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América do Norte (EUA), com o objetivo de estabelecer e manter um sistema uniforme de identificação, codificação e catalogação para todos os órgãos componentes de sua estrutura.

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• Item de produção

Um item de produção é uma peça ou um conjunto de peças ou objetos

agrupados sob a mesma referência de fabricante, em conformidade com os

mesmos desenhos de projeto de engenharia, especificações e testes de

inspeção.

• Item de suprimento

Todo item de produção deve ser identificado para torna-se um item de

suprimento.

• Nomes de item

O nome do item é a chave para a correta identificação do mesmo. É por

meio do nome que será feita a sua descrição. Portanto, a atribuição

equivocada de um nome a determinado item compromete irremediavelmente

sua descrição.

• Princípios e terminologia

Um dos objetivos primários é o estabelecimento de uma linguagem

única de suprimento, no âmbito da Administração Pública Federal. Cada item

de suprimento deve ser identificado por um nome, uma descrição (sempre

que possível) e por um número de estoque.

A seleção de um nome de item é o primeiro e o mais importante passo

no processo de identificação. O fundamento desse processo é formado por

meio de pesquisas na documentação técnica, como desenhos,

especificações, padrões e catálogos do fabricante e/ou governo36.

36PORTARIA nº 3/SLTI, de 29 de outubro de 2001 – CATMAT/ CATSER. Disponível em: < www.bndes.gov.br>. Acesso em: 30 mai.2010.

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• Projeto básico/ executivo

Não é permitida a contratação de obras e serviços sem a elaboração e

aprovações dos projetos básico e executivo.

Projeto básico: conjunto de elementos com nível de precisão adequado,

que defina a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços objeto da

licitação, elaborado com base nas à execução completa das obras, de acordo

com as normas da ABNT37.

• Registros cadastrais/ habilitação

Os órgãos e entidades da administração pública que realizem licitações

manterão registros cadastrais para efeito de habilitação, válidos por, no

máximo, um ano, sendo facultado as unidades administrativas utilizarem-se

de registros cadastrais de outros órgãos (art. 34).

Ao requerer a inscrição no cadastro, ou atualização, o interessado

fornecerá os documentos exigidos no art. 27, descritos abaixo, distribuindo-se

em categorias, segundo a sua especialização profissional subdivididas em

grupos, de acordo com sua capacidade técnica e idoneidade financeira (art.

36).

I – Habilitação Jurídica;

II – Qualidade Técnica;

III – Qualidade Econômico-Financeira;

IV – Regularidade Fiscal;

V – Cumprimento do disposto no Inciso XXXIII do art. 7º da Constituição

Federal e na lei nº. 9.854, de 27 de outubro de 199938.

37Art. 6º, incisos indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental e que possibilite a avaliação do custo da obras, da definição dos métodos e do prazo de execução. 38BRASIL. LEI No 9.854, DE 27 DE OUTUBRO DE 1999. Regulamento Altera dispositivos da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, que regula o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso em: 30 mai.2010.

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31

Será fornecido aos inscritos um certificado, renovável, sempre que

atualizarem o registro. Esse certificado, na forma do art. 32, § 3º da lei nº.

8.666/937, substitui os documentos exigidos para Habilitação Jurídica,

Qualificação Econômico-Financeira e Regularidade Fiscal.

Por meio da Instrução Normativa nº. 5, de 21 de julho de 199539, do

extinto MARE, foi instituído o Sistema de Cadastramento Unificado de

Fornecedores (SICAF), nos termos que se constitui como Registro Cadastral

dos Órgãos que integram o SIASG e os demais órgãos ou entidades que,

expressamente, a ele aderirem (Poder Legislativo, Judiciário, Ministério

Público e Forças Armadas). Essa Instrução Normativa foi alterada pela nº. 1

de 2001/MP.

Por meio do Decreto nº. 3.722, de 09 de janeiro de 200140, que

regulamenta o art. 34 da lei nº. 8.666/93 (Registro Cadastral) e dispõe sobre

o SICAF, determina que para qualificação e habilitação dos fornecedores nas

licitações e nos contratos administrativos pertinentes à aquisição de bens e

serviços, inclusive de obras e publicidade, alienações e locações, no âmbito

do SIASG, é necessária prévia inscrição e regularidade cadastral no SICAF.

Os editais de licitação para as contratações deverão conter cláusula que

estipule a exigência de habilitação no SICAF, como condição para

participação no certame licitatório, ficando vedada à contratação de bens,

obras ou serviços de fornecedores estabelecidos no Território Nacional, não

inscrito ou em situação irregular no SICAF.

• Documentos/ habilitação

1. Habilitação Jurídica

Tem como objeto verificar se o interessado tem os pressupostos

jurídicos necessários à validade da contratação. Os documentos são os

previstos no art. 28 da lei nº. 8.666/937:

39 BRASIL. Instrução Normativa nº. 5, de 21 de julho de 1995, alterada pela Instrução Normativa n. 1 de 2001. Disponível em: <http:// www.mp.gov.br>. Acesso em: 30 mai.2010. 40 BRASIL. Decreto nº. 3.722, de 9 de janeiro de 2001. Regulamenta o art. 34 da Lei nº. 8.666, de 21 de junho de 1993, e dispõe sobre o Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores – SICAF. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br>. Acesso em: 30 mai. 2010.

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I – cédula de identidade;

II – registro comercial, no caso de empresa individual;

III – ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente

registrado em se tratando de sociedades comerciais, e, no caso de

sociedades por ações, acompanhado de documentos de eleição de seus

administradores;

IV – inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis,

acompanhada de prova de diretoria em exercício;

V – decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade

estrangeira em funcionamento no país e no ato de registro ou

autorização para funcionamento expedido pelo órgão competente,

quando a atividade assim o exigir.

2. Regularidade Fiscal

Comprovação do participante que está quite com as obrigações fiscais

nas áreas: federal, estadual, Distrito Federal e municipal.

Art. 29 da lei nº. 8.666/937:

I – Prova de inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou no

Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ);

II – Prova de inscrição no Cadastro de Contribuintes Estadual ou

municipal, se houver relativo ao domicílio ou sede do licitante pertinente

ao seu ramo de atividade e compatível com o objeto contratual;

III – Prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual e

municipal do domicílio ou sede do licitante, ou outra equivalente na

forma da lei;

IV – Prova de regularidade relativa à Seguridade Social e ao FGTS,

demonstrando situação regular no cumprimento dos encargos sociais

instituídos por lei.

a) A prova de inscrição no CNPJ/ CPF ou na Fazenda Estadual/

Municipal, prevista no art. 29, incisos I e II será feita:

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• Nas Tomadas de Preços, mediante apresentação obrigatória

do CRC e

• Nas concorrências, mediante apresentação facultativa do CRC

ou dos documentos relativos aos citados incisos.

b) A regularidade com a Fazenda Federal, Estadual e municipal, bem

como a regularidade com a Seguridade Social, previstas no art. 29,

incisos III e IV deverá ser comprovada mediante apresentação das

respectivas certidões, tanto nas Concorrências quanto nas Tomadas

de Preços, independentemente de apresentação de CRC.

c) A regularidade com a Fazenda Federal deve contemplar tanto a

Dívida Ativa da União quanto os Tributos Administrativos pela SRF.

d) Nos convites, devem ser apresentadas as certidões do INSS e

FGTS.

3. Qualificação Técnica

Condições de desempenho do participante na área profissional

pertinente ao objeto da licitação.

Art.30 da lei nº. 8.666/937:

I - registro ou inscrição na entidade profissional competente;

II – comprovação de aptidão para desempenho de atividade pertinente e compatível em características, quantidades e prazos com o objeto de licitação, e indicação das instalações e do aparelhamento e do pessoal técnico, adequados e disponíveis para a realização do objeto de licitação, bem como da qualificação de cada um dos membros da equipe técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;

III – comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou conhecimento de todas as informações e das condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação; e

IV – prova de atendimento de requisitos previsto na lei especial, quando for o caso.

Limitadas as hipóteses previstas nos incisos do art. 30, as exigências de

qualificação técnica devem ser inseridas no edital de acordo com as

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características e peculiaridades do objeto: compras, fornecimento, obras ou

serviços.

a) Nas compras para entrega imediata, as exigências podem ser

reduzidas ou até dispensadas, conforme o caso.

b) O art. 30, inciso III, em termos práticos, refere-se ao Termo de

Vistoria.

As exigências relativas à qualificação técnica, procedendo-se à

sistematização do rol previsto pela lei, resumem-se nos seguintes aspectos

básicos:

• Registro ou inscrição na entidade profissional competente;

• Aptidão para desempenho – certidões/ atestados, fornecidos

por pessoa jurídica de direito público ou privado, vedada a

limitações de tempo oi de época ou ainda em locais

específicos, ou quaisquer outras não previstas na lei que

inibam a participação na licitação;

• Recursos humanos e materiais;

• Capacitação técnico-profissional;

• Metodologia de execução;

• Atendimento de requisitos previstos em lei especial, quando

for o caso e

• Recebimento dos documentos e informações pertinentes.

4. Qualificação econômico-financeira

O objetivo é verificar se o licitante tem condições para realizar despesas

necessárias à execução do objeto na forma do edital.

Art.31 da lei nº. 8.666/937:

I – balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último

exercício social, já exigíveis a sua substituição por balancetes ou

balanços provisórios, podendo ser atualizados por índices oficiais

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quando encerrado há mais de três meses da data de apresentação

da proposta;

II – certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo

distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execução patrimonial,

expedida no domicílio da pessoa física; e

III – garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no caput

e art. 56, §1º, desta lei, limitados a 1% do valor estimado do objeto da

contratação.

1. A análise de balanço patrimonial e demonstrações contáveis

devem ser feitas por meio de índices contábeis previamente definidos

no edital.

2. A exigência de certidão negativa de falência ou concordata,

embora não seja obrigatória, proporciona maior segurança à

administração.

3. Análise dos balanços, bem como a comprovação de capital

social ou de patrimônio líquido, deve ser efetivada com o

assessoramento de contadores habilitados.

Para a qualificação econômico-financeira, o Edital pode exigir

basicamente três condições:

1. Apresentar balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último

exercício social;

2. Certidão negativa de distribuição de pedido de falência ou

concordata (pessoa jurídica), ou de pedido de execução patrimonial

(pessoa física);

3. Garantia, nas mesmas modalidades das contratuais, vedada a

indicação na modalidade pela administração, cabendo o licitante

escolher (caução em dinheiro ou títulos de dívida pública, seguro-

garantia, fiança bancária – art. 56).

• Revogação/anulação

1. Revogação: por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado (por exemplo: corte no orçamento).

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2. Anulação: por ilegalidade ou por provocação de terceiros. A administração poderá revogar ou anular a licitação em qualquer de suas fases, desde que devidamente justificada.

O gestor público deve analisar bem antes de autorizar a abertura do

processo, uma vez que o mesmo deve observar o que consta dos arts. 15-17

da Lei Complementar nº. 101 de 04 de maio de 200041 (LRF), onde se

determina que a autoridade só possa autorizar a despesa, se a mesma

estiver prevista na PPA, LDO e Adequação Orçamentária e Financeira com a

LOA. Essas são condições para o gestor público autorizar a emissão de

empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras

(art. 16, § 4º; LRF)47.

Será considerada não autorizada, irregular lesiva ao patrimônio público a

despesa obrigatória de caráter continuada criada ou aumentada sem ser

compatível com o art.17, LRF47.

São vedados quaisquer procedimentos pelos ornadores de despesas

que viabilizarem a execução de despesas sem comprovada e suficiente

disponibilidade de dotação orçamentária (Lei nº. 10.266/2001 – LDO art.75)42.

• Recursos

Na forma do art. 113, § 1º - lei nº. 8.666/93, qualquer licitante,

contratado ou pessoa física ou jurídica, poderá representar ao Tribunal de

Contas ou aos órgãos integrantes do Sistema de Controle Interno Contra

Irregularidades. Podem-se considerar duas formas de recorrer: recurso

administrativo e vias judiciais.

41BRASIL. Lei Complementar nº. 101, de 04 de maio de 2000. DOU DE 05/05/2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível em:<http:// www.stn.fazenda.gov.br>. Acesso: 30 mai.2010. 42 BRASIL. Lei no 10.266, de 24 de julho de 2001. Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração da lei orçamentária de 2002 e dá outras providências. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br>. Acesso em: 30 mai. 2010.

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• Recurso Administrativo

É o meio de revisão interna dos atos e decisões da administração,

apreciando-lhes a legalidade e o mérito.

Os arts. 109 e 110 (lei nº. 8.666/937) especificam os recursos

administrativos e seus respectivos prazos.

I – Recurso, no prazo de cinco dias úteis a contar da intimação do ato ou

da lavratura da ata, nos casos de:

a) Habilitação ou inabilitação do licitante;

b) Julgamento das propostas;

c) Anulação ou revogação da licitação;

d) Indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral, sua

alteração ou cancelamento;

e) Rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. 79 desta lei; e

f) Aplicação das penas de advertência, suspensão temporária ou de

multa.

O recurso referente à habilitação/inabilitação e julgamento das propostas

terá efeito suspensivo (art. 109, § 2º)7. Interposto, será comunicado aos demais

licitantes, que o poderão impugnar no prazo de cinco dias úteis. No caso de

convite, esse prazo será de dois dias úteis.

Os prazos para recorrer só transcorrem em dias úteis e só se iniciam e

vencem em dias de expediente no órgão (art. 109, incisos I a III e art. 110,

Parágrafo único)7.

• Vias judiciais

Os atos praticados na licitação, na formalização e execução dos

contratos administrativos ficam sujeitos à correção judicial pelas vias legais

adequadas, cabendo ao Poder Judiciário decidir a conformidade do

procedimento licitatório.

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• Edital

O Edital é o instrumento de divulgação do processo licitatório,

considerado a lei interna da licitação, porque vincula a administração e os

participantes às suas cláusulas, não se pode exigir nada que não esteja

previsto no Edital.

É considerado nulo o Edital omisso ou errôneo em pontos essenciais, ou

que contenha condições discriminatórias ou preferenciais, que afastem

determinados interessados e favoreçam outros.

Na forma do art. 38, Parágrafo único7, as minutas de Editais de

Licitação, bem como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem

ser previamente examinadas e aprovadas por Assessoria Jurídica da

Administração.

Qualquer cidadão pode impugnar o Edital viciado ou defeituoso

administrativamente até cinco dias úteis e pelo licitante até dois dias úteis antes

da data fixada para abertura dos envelopes de habilitação, devendo a

administração julgar e responder à impugnação em até três dias úteis, podendo

também, qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica, representar

junto ao Tribunal de Contas ou aos órgãos do sistema de controle interno

contra irregularidades (art. 41, § 1º a 4º; art. 113, § 1º, 2º)7.

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CAPÍTULO II

OUTRAS FORMAS DE COMPRAR E CONTRATAR NA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

A Administração Pública com o objetivo de dar maior transparência aos

processos licitatórios, buscando a racionalização dos seus procedimentos, bem

como a redução de custos, em função do aumento da competitividade, criou

outras formas diferentes da lei n° 8.666/937:

1) Pregão: presencial/eletrônico;

2) Empenho com garantia de pagamento;

3) Sistema de cotação eletrônica de preços;

4) Cartão de crédito corporativo do Governo Federal;

5) Suprimento de fundos e

6) Sistema de registro de preços.

2.1. PREGÃO

2.1.1. Instituição

A modalidade de licitação denominada pregão foi instituída, inicialmente,

no âmbito da União, através da Medida Provisória n. 2.026, de 04 de maio de

200043, e regulamentada pelo Decreto n. 3.555, de 08 de agosto de 200044. O

regulamento estabelece as normas e os procedimentos relativos à nova

43 BRASIL. Medida Provisória no 2.026, de 04 de maio de 2000. Reeditada pela MP nº. 2.026-1, de 2000 Institui, no âmbito da União, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns. Disponível em: < www.planalto.gov.>. Acesso em: 30 mai. 2010. 44 BRASIL. Decreto nº. 3.555, de 08 de agosto de 2000. DOU de 9/8/2000. Alterada pelo Decreto nº. 7.174, de 12 de maio de 2010 - DOU DE 13/5/2010. Aprova o Regulamento para a modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns. Disponível em: < www.planalto.gov.>. Acesso em: 30 mai. 2010.

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modalidade, define as atribuições do pregoeiro e as regras das fases

preparatória e externa da licitação.

A Medida Provisória n. 2.026 foi reeditada até se transformar no Projeto

de Lei de Conversão n. 19/2002, aprovado pelo Congresso Nacional no dia 02

de julho de 2002.

O Presidente Fernando Henrique Cardoso sancionou, no dia 17 de julho

de 2002, a Lei n. 10.52045, que instituiu o pregão no âmbito da União, Estados,

Distrito Federal e Municípios.

Acatando proposta do Ministério do Planejamento, Orçamento e

Gestão46, o Presidente decidiu vetar o caput do art. 2º, porque a redação

adotada implicaria a proibição da contratação de serviços de vigilância por

meio do pregão, com impacto indesejável sobre os custos e a agilidade de

procedimentos que estão atualmente em plena disseminação47. O Decreto n.

3.555/2000, que regulamentou o pregão, incluiu no rol dos bens e serviços

comuns, os serviços de vigilância ostensiva.

Desde sua implementação na Administração Federal, foram realizados

diversos pregões envolvendo compras e contratações, com redução média de

preços da ordem de 25% (diferença entre preço inicial e preço final). O tempo

gasto para uma licitação por pregão tem sido de aproximadamente 20 dias,

enquanto procedimentos, como concorrência, exigiam cerca de quatro meses,

segundo dados do Ministério do Planejamento.

A Lei n. 10.520/200232, também, permite a contratação pelo sistema de

registro de preços, ou seja, por meio de uma única licitação pode-se atender a

diversas requisições, de diferentes órgãos, agilizando procedimentos e

evitando diversas licitações para um mesmo tipo de produto ou serviço.

45 BRASIL. Lei n. 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências. Brasília, DF, 2002. 46 MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. Presidente sanciona Lei do Pregão. Brasília, jul. 2002. Disponível em: <planejamento.gov.br>. Acesso em: 30 mai. 2010. 47 Este artigo foi vetado tendo em vista que os serviços de vigilância são itens de expressiva importância nas despesas de custeio da Administração Federal e a não existência de impedimento de ordem técnica à aplicação do pregão na contratação de serviços de vigilância, pois já existe experiência de normatização e fixação de padrões de especificação do serviço e de acompanhamento de desempenho. A Instrução Normativa n. 18/97, do Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado (MARE), tem regulamentação específica a respeito, que orienta as licitações de serviços de vigilância.

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Convém ressaltar que, antes da aprovação da Lei do Pregão, o registro

de preços apenas era permitido na modalidade concorrência. Dessa forma, o

pregão passa a ser adotado na contratação por registro de preços, de bens e

serviços comuns da área de saúde, no âmbito do Sistema Único de Saúde

(SUS).

A escolha dessa nova modalidade não se relaciona com o valor da

contratação, pois o critério de cabimento do pregão é qualitativo e não

quantitativo, sendo modalidade adequada para contratação de objeto comum,

padronizado, simples, disponível no mercado. Diante disto, não poderá ser

questionado o valor da contratação. Neste sentido é irrelevante o critério de

valor para fixação do cabimento do pregão48.

Vale lembrar que não é possível substituir as modalidades convite,

tomada de preços e concorrência pelo pregão em toda e qualquer hipótese. A

opção pelo pregão somente poderá ser feita quando o objeto do contrato for

“bem ou serviço comum”, definido como aquele que pode ser adquirido de

modo satisfatório, com padrões mínimos de aceitabilidade, não necessitando

investigações ou cláusulas mais profundas, através de um procedimento de

seleção destituído de sofisticação ou minúcia. Essa terminologia não constava

da Lei n. 8.666/937, mas retratava uma tendência sempre observada nas

propostas de reforma da legislação49.

2.1.2.Fases do Pregão

• Fase Interna

A fase preparatória do pregão será iniciada pela autoridade competente

que deverá definir os seguintes critérios:

§ Necessidade de contratação;

§ Objeto do certame;

48 JUSTEN FILHO, M. Pregão: nova modalidade licitatória. São Paulo: 2002. Disponível em: <http://www2.uol.com.br.>.Acesso: 30 mai 2010. 49 Idem.

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§ Exigências de habilitação;

§ Critérios de aceitação das propostas;

§ Sanções por inadimplemento;

§ Cláusulas do contrato;

§ Prazos para fornecimento.

A definição do objeto do certame deverá ser suficiente e clara, vedadas

especificações excessivas, irrelevantes ou desnecessárias, que limitem a

competição.

Nos autos do procedimento, deverão constar a justificativa das

definições referidas no inciso I do art. 3º da Lei n. 10.520/200232, bem como os

indispensáveis elementos técnicos sobre os quais estiverem apoiados, além do

orçamento, elaborado pelo órgão ou entidade promotora da licitação, dos bens

ou serviços a serem licitados.

Os atos essenciais do pregão, inclusive os decorrentes de meios

eletrônicos, serão documentados no processo respectivo, com vistas à aferição

de sua regularidade pelos agentes de controle da Administração Pública.

A autoridade competente designará, dentre os servidores do órgão ou

entidade promotora da licitação, através de ato administrativo específico, o

pregoeiro e respectiva equipe de apoio integrada em sua maioria por

servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego da administração.

A competência do pregoeiro é mais ampla do que a de uma comissão de

licitação, justamente porque o procedimento do pregão é distinto e mais

complexo. Há diferenças no tocante especialmente à fase de lances, o que

exige uma atuação incentivadora do pregoeiro, mas não se pode dizer que é

uma espécie de “comissão unipessoal”35.

A Lei n. 8.666/937 delimita a competência da Comissão de Licitação, e

em comparação pode-se afirmar que, também, são atribuídas ao pregoeiro

para condução do certame as seguintes tarefas, dentre outras:

• Presidir a sessão de recebimento dos envelopes;

• Decidir sobre a habilitação preliminar;

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• Promover a abertura das propostas;

• Decidir sobre a aceitabilidade e classificação das propostas;

• Conduzir os lances e apurar o vencedor;

• Promover a abertura dos envelopes de habilitação e julgar os

documentos;

• Promover a classificação definitiva;

• Processar os recursos;

• Adjudicar o objeto ao vencedor, quando não houver recurso.

A Administração poderá estruturar organizações destinadas a apoiar a

atividade do pregoeiro, além de um suporte técnico-jurídico, possibilitando a

rápida solução dos incidentes e o exaurimento imediato de todas as etapas.

Todos os eventos imprevisíveis deverão ser solucionados de imediato

pelo pregoeiro, investido de poder de polícia para condução dos trabalhos, o

que significa que ele dispõe de competência para regular a conduta de todas

as pessoas presentes, com poderes para impor silêncio, advertir, determinar

que os participantes cessem práticas aptas a impedir o bom andamento dos

trabalhos, impor a retirada compulsória, alertar acerca do risco de sanções

mais severas etc.

Dentro da fase interna, não se pode deixar de mencionar a elaboração

do Edital, que, na forma do inciso I do art. 3º da Lei n. 10.520/200235, conterá

as regras fundamentais do certame e a minuta do contrato, quando for o caso.

Em síntese, o conteúdo do instrumento convocatório deverá ser

adequado à natureza do procedimento e à padronização do objeto, e deve ser

preciso e claro. Entretanto, essa exigência apresenta importância ainda maior

no caso do pregão, que exige que o Edital deve ser elaborado com muita

cautela e sabedoria, suprimindo-se exigências desnecessárias e requisitos de

habilitação incompatíveis com a simplicidade do objeto licitado.

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• Fase Externa

A fase externa do pregão inicia-se com a convocação dos interessados

por meio de publicação de aviso em diário oficial do respectivo ente federado

ou, não existindo, em jornal de circulação local. Facultativamente, o aviso será

publicado por meios eletrônicos e, conforme o vulto da licitação, em jornal de

grande circulação, nos termos do art. 11 do Decreto n. 3.555/2000. O aviso

conterá a definição do objeto licitado, a indicação do local, dias e horários em

que poderá ser lida ou obtida a íntegra do edital.

As cópias do edital e do respectivo aviso serão colocadas à disposição

de qualquer pessoa para consulta e divulgadas na forma da legislação vigente.

O prazo fixado para a apresentação das propostas, contado a partir da

publicação do aviso, não será inferior a 08 (oito) dias úteis. Aplica-se

subsidiariamente o regime da Lei de Licitações, computando-se o prazo a partir

da primeira publicação.

No dia, hora e local designados, em sessão pública, receber-se-ão as

propostas, devendo o interessado, ou seu representante, identificar-se e, se for

o caso, comprovar a existência dos necessários poderes para formulação de

propostas e para a prática de todos os demais atos inerentes ao certame, bem

como apresentar declaração dando ciência de que cumpriram plenamente os

requisitos de habilitação.

Os envelopes, entregues na sessão pública, deverão conter a indicação

do objeto e do preço oferecidos, procedendo-se à sua imediata abertura e à

verificação da conformidade das propostas com os requisitos estabelecidos no

instrumento convocatório.

A disciplina do pregão é entranhada pelos princípios da oralidade e da

concentração. Diante disso, os atos relevantes devem ser praticados em

sessões públicas, em que as partes manifestam suas razões de forma verbal,

significando que o interessado deve estar presente aos atos do pregão para

dinamizar o curso do procedimento. Cabe, ainda, ao pregoeiro elaborar a ata,

onde narrará todos os eventos ocorridos, consoante as regras usuais

consagradas no âmbito de licitações.

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Após o recebimento dos envelopes e a comprovação dos requisitos

objetivos de participação, processa-se à abertura das propostas. O pregoeiro

deverá verificar a regularidade formal e material delas. Toda essa atividade

deverá realizar-se de imediato, tão logo abertos os envelopes de propostas. As

formalidades são as mesmas da Lei n. 8.666/937. O julgamento das propostas

obedece aos preceitos gerais acerca da matéria, cabendo desclassificar as

propostas inadmissíveis e irregulares, selecionando apenas as que preencham

os requisitos previamente estipulados.

Durante a sessão, o autor da oferta de valor mais baixo e os autores das

ofertas com preços até 10% (dez por cento) superiores àquela poderão fazer

novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor. Se não

houver pelo menos 03 (três) ofertas, poderão os autores das melhores

propostas, até o máximo de 03 (três), oferecer novos lances verbais e

sucessivos, quaisquer que sejam os preços oferecidos.

Para julgamento e classificação das propostas, será adotado o critério

de menor preço, observados os prazos máximos para o fornecimento, as

especificações técnicas e os parâmetros mínimos de desempenho e qualidade

definidos no edital. Quanto ao objeto e valor, caberá ao pregoeiro decidir

motivadamente a respeito da aceitabilidade da proposta classificada em

primeiro lugar.

Outra característica relevante do procedimento do pregão consiste na

inversão das fases de julgamento e habilitação, pois, somente são examinados

os documentos do licitante, cuja oferta se configurar como vencedora, apesar

de todos serem obrigados a apresentar a documentação relativa à habilitação.

Encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofertas, o pregoeiro

procederá à abertura do invólucro contendo os documentos de habilitação do

licitante que apresentou a melhor proposta, para verificação do atendimento

das condições fixadas no edital. A habilitação far-se-á com a verificação de que

o licitante está em situação regular e com a comprovação de que atende às

exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnica e

econômico-financeira. Será verificada a situação do licitante perante a Fazenda

Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

(FGTS) e as Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso.

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Os licitantes poderão deixar de apresentar os documentos de habilitação

já constantes do Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores

(SICAF) e sistemas semelhantes mantidos por Estados, Distrito Federal ou

Municípios, assegurado aos demais licitantes o direito de acesso aos dados

neles constantes.

O licitante será declarado vencedor depois de verificado o atendimento

das exigências fixadas no edital. Se a oferta não for aceitável, ou se o licitante

desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará as ofertas

subsequentes e a qualificação dos licitantes, na ordem de classificação, e,

assim, sucessivamente, até a apuração de uma que atenda ao edital, sendo o

respectivo licitante declarado vencedor. O pregoeiro poderá, ainda, negociar

diretamente com o proponente para que seja obtido preço melhor.

Após a declaração do vencedor, deverá ser lavrada a ata de julgamento

da habilitação e formalizada a classificação definitiva, sendo que outras

formalidades subsequentes dependerão da interposição de recursos. Caberá a

qualquer licitante manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer,

quando lhe será concedido o prazo de 03 (três) dias para apresentação das

razões do recurso. Os demais licitantes ficam, desde logo, intimados para

apresentar contrarrazões, em igual número de dias, que começarão a correr do

término do prazo do recorrente, aos quais é assegurada vista imediata dos

autos. O acolhimento de recurso importará a invalidação apenas dos atos

insuscetíveis de aproveitamento. A falta de manifestação imediata e motivada

do licitante importará a decadência do direito de recurso e a adjudicação do

objeto da licitação pelo pregoeiro ao vencedor.

Vale ressaltar, ainda, que os interessados deverão anotar todas as

irregularidades que reputarem ocorrentes e aguardar o momento terminal,

quando terão oportunidade para exercitar o recurso, equivalendo tão somente à

concentração do cabimento do recurso em uma etapa terminal do

procedimento. Após a decisão final dos recursos, a autoridade competente fará

a adjudicação do objeto licitado ao vencedor.

Vencida a etapa da adjudicação, a autoridade competente deverá

homologar o procedimento, exercitando o juízo de legalidade e conveniência

acerca da licitação. Em seguida, o adjudicatário será convocado para assinar o

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contrato no prazo definido em edital. Se o licitante vencedor, convocado dentro

do prazo de validade da sua proposta, não celebrar o contrato, aplicar-se-á o

disposto no inciso XVI do art. 4º e no art. 7º da Lei n. 10.520/200235, que

estabelece que o segundo classificado seja convocado para celebrar o contrato

com sua própria oferta.

Nessa linha, observa-se que continuam a existir as modalidades

licitatórias previstas na Lei n. 8.666/937, que não foram revogadas, tampouco

os pressupostos de sua aplicação50.

O pregão é apenas mais uma modalidade de licitação e poderá ser

utilizado nas hipóteses em que seria cabível concorrência, tomada de preços

ou convite. A opção pelo pregão é facultativa, o que evidencia a não existência

de um campo específico, próprio e inconfundível. Trata-se, assim, de novo

procedimento de seleção que se poderá revelar uma solução satisfatória e

adequada, desde que utilizado com parcimônia, cautela e eficiência.

Vale lembrar, ainda, que não se aplica a licitação na modalidade de

pregão nas contratações de obras e serviços de engenharia, locações

imobiliárias e alienações em geral51.

Quanto à informática, também, não poderão ser adquiridos

equipamentos e utensílios – bens de informática52. No entanto, poderão ser

adquiridos microcomputador de mesa ou portátil (notebook), monitor de vídeo e

impressora53, desde que sejam fabricados no país, comprovando que o produto

deverá estar habilitado a usufruir do incentivo de isenção do Imposto sobre

Produtos Industrializados (IPI), de que trata o art. 4°, da lei n° 8.248/91,

alterado pela lei m° 10.176, de 11 de janeiro de 200154, regulamentado pelo

50 MOTTA, C.P.C. Pregão – teoria e prática: nova e antiga idéia em licitação pública. São Paulo: Editora NDJ, 2001. 51 Decreto n° 3.555/2000 – art. 5°. Op.Cit. 52 BRASIL. Lei nº. 10.176, de 11 de janeiro de 2001. Altera a Lei nº. 8.248, de 23 de outubro de 1991, a Lei nº. 8.387, de 30 de dezembro de 1991, e o Decreto-Lei nº. 288, de 28 de fevereiro de 1967, dispondo sobre a capacitação e competitividade do setor de tecnologia da informação. Disponível em: < http://www2.camara.gov.br>. Acesso em: 30 mai. 2010. 53 Decreto n° 3.555/2000, alterado pelo decreto n° 3.693 de 20 de dezembro de 2000 – Anexo II – item 2.5 – art. 3°, § 3°, “a”, 5º 54BRASIL. Lei Federal n˚ 8.248/91. Dispõe sobre a capacitação e competitividade do setor de informática e automação. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br>. Acesso: 30 mai. 2010.

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decreto n° 3.800 e 3.801, ambos de 20 de abril de 200155, observados os

termos da regulamentação estabelecida pelo Ministério da Ciência e

Tecnologia e Portaria Interministerial n° 253, de 28 de junho de

2001/MCT/MDIC56, bem como é possível a contratação dos serviços de apoio à

atividade de informática, como digitação e manutenção de equipamentos. Essa

exigência deverá constar do Edital de Licitação.

2.1.3. Pregão Eletrônico/Internet

A Administração Pública Federal Direta, os fundos especiais, as

autarquias, as fundações, as empresas públicas e as entidades controladas

direta e indiretamente pela União estão subordinados ao regulamento do

decreto n° 3.697, de 21 de dezembro de 2000 – DOU de 22 de dezembro de

200057, em que poderão ser realizadas licitações na modalidade de pregão, por

meio da utilização de recursos de tecnologia da informação, denominado

pregão eletrônico/comunicação pela internet, destinado à aquisição de bens e

serviços comuns.

• Operacionalização

Para os órgãos integrantes do Sistema de Serviços Gerais – SISG

(Poder executivo, autarquias e fundações), o pregão eletrônico será conduzido

pelo órgão promotor da licitação, com apoio técnico e operacional do Ministério 55 BRASIL. Decreto nº. 3.800 - de 20 de abril de 2001. DOU de 23/4/2001 – Alterado pelo Decreto nº. 5.343 de 14 de janeiro de 2005 - DOU DE 17/1/2005. Alterado pelo Decreto nº. 4.944, de 30 de dezembro de 2003 - dou de 31/12/2003 (edição extra). Regulamenta os arts. 4º, 9º e 11 da Lei nº. 8.248, de 23 de outubro de 1991, e os arts. 8º e 11 da Lei nº. 10.176, de 11 de janeiro de 2001, que tratam do benefício fiscal concedida às empresas de desenvolvimento ou produção de bens e serviços de informática e automação, que investirem em atividades de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da informação, e dá outras providências. Disponível em: <http:// www6.senado.gov.br>. Acesso em: 30 mai. 2010. 56 PORTARIA INTERMINISTERIAL MCT/MDIC nº. 253, de 28/06/01: estabelece o roteiro para elaboração da Proposta de Projeto de P&D para fins de concessão dos benefícios fiscais da Lei de Informática e implantação e certificação do Sistema da Qualidade NBR ISO 9000 para empresas com faturamento bruto anual ou igual ou superior a R$ 5.320.000,00. Disponível em: <http:// www.geosync.com.br>. Acesso: 30 mai. 2010. 57 BRASIL. Decreto nº. 3.697, de 21 de dezembro de 2000. Regulamenta o parágrafo único do art. 2º da Medida Provisória nº. 2.026-7, de 23 de novembro de 2000, que trata do pregão por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br>. Acesso: 30 mai.2010.

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do Planejamento, Orçamento e Gestão, representado pela secretaria de

Logística e Tecnologia da Informação (SLTI), que atuará como provedor do

sistema eletrônico.

Aos demais poderes (Legislativo, Judiciário e Ministério Público), a SLTI

cederá o uso do sistema, mediante a celebração do Termo de adesão (decreto

n° 3.697/2000 – art. 2°, §2° e 3°)57.

Para o pregoeiro operar um pregão eletrônico, o mesmo deverá fazer o

seu cadastramento no SIASG.

• Desconexão

Se ocorrer, na etapa competitiva, a desconexão como o pregoeiro, o

sistema poderá permanecer acessível aos licitantes para recebimento dos

lances, devendo ser retomado pelo pregoeiro, quando possível, sempre juízo

dos atos realizados.

Quando a desconexão persistir por tempo superior a dez minutos, a

sessão do pregão será suspensa e terá reinicio somente após comunicação

expressa aos participantes.

2.2. EMPENHO COM GARANTIA DE PAGAMENTO

2.2.1. Base legal

• Decreto n° 2.439, de 23 de dezembro de 199758; e

• Decreto n° 4.120, de 07 de fevereiro de 200259 – Programação

Orçamentária e Financeira – art. 8° § 2°.

58BRASIL. Decreto nº. 2.439, de 23 de dezembro de 1997. Dispõe sobre procedimentos relativos à execução de pagamento de pequenas compras e dá outras providências. Disponível em: <http://www. cgu.gov.br>. Acesso: 30 mai.2010. 59BRASIL. Decreto nº. 4.120, de 7 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre a compatibilização entre a realização da receita e a execução da despesa, sobre a programação orçamentária e financeira do Poder Executivo para o exercício de 2002, e dá outras providências. Disponível em: <http://www. planalto.com.br>. Acesso em: 30 mai. 2010.

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• Aplicação

A sistemática do empenho com garantia de pagamento contra entrega é

utilizada para serviços e compras, cujo valor limite obedecerá ao teto fixado

para dispensa de licitação (art. 24, inciso II da lei n° 8.666/937 – 8.000,00).

Os fornecedores deverão ser inscritos no SICAF.

• Pagamento

A emissão da ordem bancária deverá ocorrer até 72 horas após a

liquidação da despesa, observados os procedimentos legais.

Caso o fornecedor não receba no prazo previsto, poderá comunicar à

Secretaria Federal de Controle, que, por meio do Sistema de Controle Interno,

adotará providências para investigação do fato, concluindo o processo no prazo

de 30 dias.

O SIAFI está dotado de mecanismo de identificação das notas de

empenho, viabilizando o pagamento, mediante a emissão de ordem bancária

pelas respectivas unidades gestoras on line, dispensando a transferência de

recursos da Conta Única do Tesouro Nacional por intermédio dos órgãos

setoriais de programação financeira.

2.3. SISTEMA DE COTAÇÃO ELETRÔNICA DE PREÇOS

2.3.1. O Sistema

O Sistema de Cotação Eletrônica de Preços, introduzido inicialmente

nos órgãos integrantes do Sistema de Serviços Gerais – SISG60, por intermédio

da Portaria nº. 306/200161, vem se disseminando entre os demais níveis

60O Sistema de Serviços Gerais - SISG, integrado pelos órgãos e pelas entidades da Administração Federal direta, autárquica e fundacional, é o sistema que organiza a gestão das atividades de serviços gerais, compreendendo licitações, contratações, transportes, comunicações administrativas, documentação e administração de edifícios públicos e de imóveis. No âmbito do SISG, são estabelecidas diretrizes, normas e atividades operacionais que são comuns a todos os órgãos e entidades que o integram, visando à melhor coordenação e eficiência das atividades de apoio administrativo no Governo Federal. 61PORTARIA 306/2001 do MPOG. Disponível em: < http://www.comprasnet.gov.br>. Acesso: 30 mai. 2010.

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governamentais (estadual e municipal) por apresentar uma transparente

racionalização dos procedimentos relativos às contratações de pequeno valor62

e ampliar a competitividade, elevando à possibilidade de contratações a um

preço mais justo.

Firma-se em uma infraestrutura informatizada (plataforma de internet)

voltada à composição dos processos administrativos referentes às aquisições

de bens e contratações de serviços comuns por dispensa de licitação

fundamentada nos termos do inciso II do art. 24 da Lei nº. 8.666/937,

convertendo à tradicional forma de pesquisa de mercado (cotação de preços)

em uma coleta eletrônica de preços, por um leilão reverso, no qual os

participantes têm a possibilidade de ofertar lances sucessivos e decrescentes

até o momento de seu encerramento.

Nesse sentido, trata-se de ferramenta da Administração Pública

Gerencial que virtualiza os procedimentos inerentes às contratações por

dispensa de licitação, desfazendo, dessa forma, a falta de agilidade, por parte

da Administração Pública, nas simples contratações pelo menor preço.

No contexto das práticas tecnológicas utilizadas pelas organizações

governamentais, quando comparado com o pregão eletrônico, evidencia-se que

o sistema de cotação eletrônica difere, não apenas devido ao valor limite das

aquisições e contratações, mas porque o pregão exige uma fase de

apresentação de propostas antes dos lances dos fornecedores. A cotação

eletrônica (cerne do sistema), porém, dispensa esta primeira etapa, tornando o

processo mais célere.

2.3.2. Objetivo e Vantagens de Utilização do Sistema

De acordo com o art. 1º do anexo I da Portaria 306/200161, a finalidade

do sistema é ampliar a competitividade e racionalizar os procedimentos

relativos às compras de pequeno valor, sendo as principais vantagens da

adoção desse sistema a transparência na gestão dos gastos públicos,

62 Compras de pequeno valor são aquelas enquadradas no inciso II do artigo 24 da lei de licitações. Ela estipula que até 10% do valor da modalidade carta convite, R$ 8.000,00, pode-se realizar a aquisição através de processo de dispensa. Cabe ressaltar que esse valor não pode ser uma parcela de uma compra de maior vulto, que possa ser realizada de uma só vez (§1º, art. 1º, anexo I, Portaria 306/2001 do MPOG).

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impessoalidade nas contratações, agilidade nos procedimentos, economia dos

recursos públicos tendo em vista redução dos custos operacionais pela

substituição da tradicional forma de cotação de preços e aumento da qualidade

das contratações.

Vale ressaltar que a cotação de preço elimina o direcionamento nas

contratações/aquisições de pequeno valor e aumenta o número de participação

de fornecedores tratados com isenção de parcialidade, elementos que

maximizam a capacidade de adquirir produtos a um preço mais justo.

2.3.3.Procedimentos para Utilização do Sistema de Cotação

Eletrônica de Preços

O aspecto que deve ser destacado inicialmente, nos procedimentos, é

que o Órgão Promotor da Cotação, ao utilizar o sistema, deve observar as

orientações referentes a fracionamento de despesa, ou seja:

I. Efetuar estimativa do consumo anual, mediante levantamento dos

quantitativos adquiridos para um mesmo bem ou bens de uma mesma

linha de fornecimento nos últimos doze meses;

II. Calcular o valor previsto para a quantidade encontrada no levantamento,

com base em pesquisa de preço de mercado, ou com base no preço

médio de compra registrado em controles existentes na Administração e,

III. Caso o valor estimado encontrado para a estimativa anual superar o

valor estabelecido para dispensa de licitação por limite de valor, a

aquisição, por cotação eletrônica, somente poderá ser efetuada em caso

de insuficiência de recursos para a aquisição do todo, devidamente

justificado no processo.

A penalidade para o fracionamento de despesa determina que, para os

caso em que houver dispensa ou inexigibilidade de licitação fora das hipóteses

previstas em lei, a pena será de detenção, de 3 a 5 anos e multa. Além disso,

todos os que concorrerem para a consumação da ilegalidade estão sujeitos a

essa pena.

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Constatada a dispensa de licitação, após levantamento de possíveis

fracionamentos de despesa, o Órgão Promotor realizará sessão pública virtual,

por meio do sistema eletrônico, que possibilite à comunicação entre Órgão e

fornecedores pela Internet63.

Para obter de acesso às cotações eletrônicas, o fornecedor deverá

credenciar-se previamente junto ao sistema, indicando os municípios e linhas

de fornecimento que pretende atender. Ao credenciar-se, o fornecedor

submete-se às normas do sistema e condições de contratação estabelecidas

no Pedido de Cotação Eletrônica de Preços64 lavrado pelo Órgão Promotor.

No que diz respeito ao Pedido de Cotação Eletrônico, de acordo com o

parágrafo único, art. 4º, anexo I, Portaria 306/200161, neste deverá constar

bens pertencentes apenas a uma linha de fornecimento, ou seja, um conjunto

de materiais pertencentes à mesma classe do Catálogo de Materiais65 do

SIASG.

No decorrer da sessão, os fornecedores poderão enviar proposta de

preços e apresentar lances sucessivos, em valor inferior ao último registrado,

durante o período indicado pelo Pedido de Cotação Eletrônica66.

Será estabelecido prazo para que os fornecedores incluam suas

propostas e apresentem seus lances no portal eletrônico. Segundo o §4º do art.

2º, anexo I, Portaria 306/200161, que instrui o modelo do portal de compras do

Governo Federal - ComprasNet (www.comprasnet.gov.br), esse prazo nunca

poderá ser inferior a quatro horas nem superior a quarenta e oito horas.

São regras fixadas pela Portaria 306/2001 MPO61 para os procedimentos

do Sistema de Cotação Eletrônica de Preços:

I. Os Pedidos de Cotação Eletrônica serão divulgados no Portal

ComprasNet e encaminhados, automaticamente (aleatório), por e-mail,

para um quantitativo de fornecedores que garantam a competitividade,

63 Art. 2º, anexo I, Portaria 306/2001. 64O Pedido de Cotação Eletrônica deverá informar o prazo limite para apresentação de lances e propostas. 65 CATMAT: banco de dados com o rol de todos os materiais permanente e de consumo, rotineiramente adquiridos pela Administração Publica Federal. 66§1º, art. 2º, anexo I, Portaria 306/2001.

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declararam a intenção de vender o material da linha de fornecimento

pedida e que entreguem no município onde esteja localizado o Órgão

Promotor da Cotação;

II. No Pedido de Cotação Eletrônica, deve constar especificação do

material, quantidade, unidade de fornecimento, condições de

contratação, endereço, data e horário que ocorrerá a sessão virtual;

III. Deve-se utilizar como referência o horário de Brasília/DF;

IV. O fornecedor só participará após entrar com senha no sistema e

encaminhar proposta de preços;

V. O fornecedor deve assinar em campo próprio do sistema a inexistência

de fato impeditivo para licitar e o pleno conhecimento a aceitação das

regras (Portaria 306/2001);

VI. Depois de divulgado o Pedido, terá início à sessão, e será aceita

proposta de qualquer valor, vedada a apresentação de proposta em

papel;

VII. A partir do registro da proposta, os fornecedores terão conhecimento do

menor lance ofertado;

VIII. Só serão aceito lances inferiores aos últimos registrados pelo sistema;

IX. Durante a sessão, os fornecedores serão informados em tempo real

sobre o menor lance que tenha sido apresentado pelos demais

participantes, ficando vedada a identificação do detentor do lance;

X. Ao entrar em fechamento iminente, a sessão poderá fechar,

aleatoriamente, em até 30 minutos e

XI. Após encerramento da sessão o sistema apurará e divulgará a

classificação, apresentado, no caso do ComprasNet, até o máximo de 5

propostas.

Em síntese, os procedimentos supracitados, instituídos pela Portaria

306/2001 do MPOG61, são adotados como modelo para implantação de

Sistema de Cotação Eletrônica de Preços pelos órgãos das demais esferas

governamentais.

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2.3.4. Condições Gerais da Contratação

As contratações oriundas do Sistema de Cotação Eletrônica de Preços

dispensarão à subscrição de instrumento contratual, ficando formalizadas

apenas pela emissão de Nota de Empenho comunicada ao adjudicatário.

As obrigações recíprocas, provenientes do pacto jurídico, existentes

entre Contratada e Órgão Contratante, correspondem ao estabelecido nas

condições gerais da contratação e no pedido de cotação eletrônica de preços,

em cujo bojo constarão as seguintes informações: a) local de entrega; b) prazo

máximo de entrega e pagamento; c) condições de recebimento do objeto; d)

sanções para o caso de inadimplemento; e) informações e casos omissos; e, f)

foro para dirimir possíveis litígios.

Em caso de manifestação de desistência do fornecedor, fica

caracterizado o descumprimento total da obrigação assumida, consoante o

estabelecido no art. 81 da Lei nº. 8.666/19937, sujeitando-o às penalidades

legalmente estabelecidas.

A eventual rescisão do ajuste se dará nas hipóteses previstas na Lei nº.

8.666/19937, não cabendo, à Contratada, direito a qualquer indenização.

A disposição que atualmente rege a dispensa de licitação para

aquisições de pequeno valor (inciso II do art. 24 da Lei nº. 8.666/937), aponta

para a necessidade de maior transparência, impessoalidade, agilidade nos

procedimentos adotados em boa parte dos Órgãos Públicos, e, principalmente,

evitar direcionamento nas aquisições de pequeno valor.

As legislações analisadas concedem à contratação fundada no art. 24,

inciso II, da Lei nº. 8.666/937, a robustez de um procedimento legal e eficaz,

fulcrado nos princípios administrativos e dá ao administrador tranquilidade na

transparência de seus atos, evitando, assim, futuros aborrecimentos no âmbito

da responsabilidade por improbidade administrativa.

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2.4. Cartão de Crédito Corporativo do Governo Federal

O assunto está previsto no Decreto nº. 3.892, de 20 de agosto de

200167, pela Portaria nº. 265/ MP, de 16 de novembro de 200168. Poderão ser

adquiridos/ pagos pelo cartão de crédito corporativos do Governo federal, sem

prejuízo das demais formas de pagamento, prevista na Legislação:

I. Aquisição de bilhetes de passagens aéreas, nacional/internacional, com

tarifas promocionais, reduzidas ou não;

II. Compras de materiais e serviços realizados com os afiliados e

III. Saque em moeda corrente, para atender as despesas enquadradas

como suprimento de fundos (Decreto nº. 93.872/8669 – art. 45 a 47) e

Legislação Complementar (Portaria nº. 4º 265/MP/2001 – art. 4º).

• Utilização do cartão do Governo Federal

O uso do cartão de crédito coorporativo é exclusivo das unidades

gestoras dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta,

autarquia e fundacional, que aderirem ao contrato nº. 060/2001, firmado entre a

União, por intermédio do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e a

BB Administradora de Cartões de Créditos S/A – BB Cartões.

O ordenador de despesas é a autoridade competente para assinar em

nome da unidade gestora, a Proposta de Adesão e para indicar outros

portadores de cartão da respectiva unidade.

67 BRASIL. Decreto nº. 3.892, de 20 de agosto de 2001. Dispõe sobre a aquisição de bilhetes de passagem aérea e compras de materiais e serviços, mediante utilização do cartão de crédito corporativo, pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal direta, autárquica e fundacional, e dá outras providências. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br>. Acesso em: 30 mai. 2010. 68 PORTARIA nº. 265, de 16 de novembro de 2001. Estabelece instruções complementares ao Decreto nº. 3.892, de 2001, no que diz respeito às aquisições de bilhetes de passagens aéreas e às compras de materiais e serviços, com pagamento por intermédio de Cartão de Crédito Corporativo do Governo Federal. Disponível em: < http://www.comprasnet.gov.br>. Acesso: 30 mai.2010. 69 DECRETO nº. 93.872, de 23 de dezembro de 1986. Dispõe sobre a unificação dos recursos de caixa do Tesouro Nacional, atualiza e consolida a legislação pertinente e dá outras providências. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br>. Acesso: 30 mai. 2010.

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• Atribuições/ordenador de despesas

De maneira geral, são atribuições do ordenador:

1. Assinar a proposta de adesão;

2. Indicar nome de portadores de cartão;

3. Responsabilizar-se pelo cumprimento das regras contratuais/

demais instruções;

4. Responsabilizar-se pelo pagamento das despesas;

5. Definir o limite de crédito total da unidade gestora titular;

6. Definir o limite de crédito a ser concedido a cada um dos

portadores de cartão por ele autorizados, e os tipos de gastos

permitidos (bens, serviços, passagens aéreas, saque);

7. Autorizar a emissão de empenho;

8. Comunicar à BB Cartões alteração dos limites de crédito;

9. Glosar valores indevidos;

10. Efetuar o pagamento, impreterivelmente, até o dia 28 de cada

mês, ou até o quinto dia útil subsequente à data que forem

disponibilizados pela BB Cartões as informações solicitadas

do respectivo demonstrativo mensal;

11. Responsabilizar-se pelo pagamento de eventuais encargos

devidos à BB Cartões por descumprimento do prazo

estabelecido para pagamento mensal, inclusive aqueles

decorrentes de glosas indevidas e

12. O ordenador/ portador do cartão será responsável pelo

ressarcimento de eventuais transações fraudulentas como:

cartão roubado, furtado, perdido ou extraviado, mesmo que

efetuadas por terceiros, até a data e hora da comunicação da

ocorrência à central de atendimento da BB Cartões.

No julgamento das propostas, a comissão deverá considerar o disposto

no art. 44 da lei nº. 8.66/937, no que se refere ao percentual/ agências de

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viagens sobre o valor do volume de vendas, cabendo a promoção de

diligências, conforme o art. 43, § 3º da referida lei, quando houver necessidade

de esclarecer ou complementar a instrução processual.

2.5. SUPRIMENTOS DE FUNDOS

Procedimentos adotados na forma de legislação mencionada (decreto

nº. 93.872/867 – art. 45 a 47).

• Art. 45. Excepcionalmente, a critério do ordenador de despesa e sob sua

inteira responsabilidade, poderá ser concedido suprimento de fundos a

servidor, sempre precedido do empenho na dotação própria às

despesas a realizar, e que não possam subordinar-se ao processo

normal de aplicação, nos seguintes casos (lei nº. 4.320/64 – art. 68 e

decreto-lei nº. 200/67 – art. 74, § 3º):

• I – para atender despesas em viagens ou serviços especiais que exijam

ponto pagamento em espécie;

• II – quando a despesa deve ser feita em caráter sigiloso, conforme se

classificar em regulamento e

• III – para atender despesas de pequeno vulto, assim entendidas aquelas

cujo valor, em cada caso, não ultrapassar limite estabelecido em

Portaria do Ministro da Fazenda.

Os valores limites para concessão de suprimentos de fundos, bem como

o limite máximo para despesas de pequeno vulto, serão fixados em portaria do

Ministro de Estado da Fazenda70 .

70 PORTARIA nº. 95, de 19 de abril de 2002. DOU de 23.04.02. Disponível em: <http:// www.fazenda.gov.br>. Acesso em: 30 mai 2010.

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2.6. SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS (SRP)

O assunto será previsto no decreto nº. 3.931 de 19 de setembro

de 200171, alterado pelo decreto nº. 4342 de 23 de agosto de 200272,

que revogou o decreto nº. 2.743, de 21 de agosto de 199873, que

regulamentou o art. 15 da lei nº. 8.666 de 21 de junho de 19937,

garantindo a economia processual.

Dentre as vantagens de aplicação do registro de preços, verifica-

se que a existência de preços registrados não obriga à administração a

firmar as contratações que deles poderão aduir, ficando-lhe facultada a

utilização de outros meios, respeitada a legislação relativa às licitações,

sendo assegurado ao beneficiário do registro preferência em igualdade

de condições.

A licitação para registro de preços será realizada:

I. Na modalidade de concorrência – tipo menor preço e

II. Excepcionalmente – tipo técnica e preço, a critério do órgão gerenciador.

• Situação/aplicação do SRP

Será adotado, preferencialmente, o SRP nas seguintes hipóteses:

I. Quando, pelas características do bem ou serviço, houver

necessidade de contratações frequentes;

II. Quando for mais conveniente a aquisição de bens com previsão de

entregas parceladas ou contratação de serviços necessários à

Administração para o desempenho de suas atribuições;

71 BRASIL. Decreto nº. 3.931 de 19 de setembro de 2001. Regulamenta o sistema de registro de preços previsto no art. 15 da lei 8.666, de 21 de junho de 1993, e dá outras providências. Disponível em: <http:// legislacao.planalto.gov.br>. Acesso em: 30 mai 2010. 72 BRASIL. Decreto nº. 4.342, de 23 de agosto de 2002. DOU DE 26/8/2002. Altera dispositivos do Decreto nº. 3.931, de 19 de setembro de 2001, que regulamenta o Sistema de Registro de Preços previsto no art. 15 da Lei nº. 8.666, de 21 de junho de 1993, e dá outras providências. Disponível em: <http://www. jusbrasil.com.br>. Acesso em: 30 mai 2010. 73BRASIL. Decreto nº. 2.743, de 21 de agosto de 1998. DOU de 24/8/98. Revogado pelo Decreto nº.3.931, de 19/09/2001.Regulamenta o Sistema de Registro de Preços previsto no art. 15 da Lei nº. 8.666, e 21 de junho de 1993, e dá outras providências. Disponível em: <http://www. jusbrasil.com.br>. Acesso em: 30 mai 2010.

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III. Quando for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de

serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade, ou a

programas de governos e

IV. Quando pela natureza do objeto não for possível definir

previamente o quantitativo a ser demandado pela Administração.

Parágrafo único. Poderá ser realizado registro de preços para

contratação de bens e serviços de informática, obedecida a legislação

vigente, desde que devidamente justificada e caracterizada a vantagem

econômica.

• Definições

As contratações de serviços, a locação e a aquisição de bens

quando efetuadas pelo SRP, no âmbito da administração federal direta,

autarquia e fundacional, fundos especiais, empresas públicas, sociedade

de economia mista e demais entidades controladas, direta ou

indiretamente pela União, obedecerão ao disposto no decreto nº.

3.931/200174.

Parágrafo único. Para os efeitos deste decreto, são adotadas as

seguintes definições:

I – Sistema de Registro de Preços – SRP – conjunto de procedimentos para registro formal de preços relativos à prestação de serviços, aquisição e locação de bens, para contratações futuras;

II – Ata de Registro de Preços – documento vinculativo, obrigacional, com característica de compromisso para futura contratação, onde se registram os preços, fornecedores, órgãos participantes e condições a serem praticadas, conforme as disposições contidas no instrumento convocatório e propostas apresentadas;

III – Órgão gerenciador – órgão ou entidade da Administração Pública responsável pela condução do conjunto de procedimentos do certame para registro de preços e gerenciamento da Ata de Registro de Preços dele decorrente; e

IV – Órgão Participante – órgão ou entidade que participa dos procedimentos iniciais do SRP e integra a Ata de Registro de Preços.

74 BRASIL. Decreto 3.931/2001. Regulamenta o Sistema de Registro de Preços previsto no art. 15 da Lei nº. 8.666, de 21 de junho de 1993, e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br>. Acesso: 30 mai. 2010.

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• Atribuições/órgão gerenciador

Caberá ao órgão gerenciador, além do controle e administração

do sistema, o seguinte:

I. Convidar, mediante correspondência eletrônica ou outro meio

eficaz, os órgãos ou entidades para participarem do registro de

preços;

II. Consolidar todas as informações relativas à estimativa individual e

total de consumo, promovendo adequação dos respectivos

projetos básicos, encaminhados para atender aos requisitos de

padronização e racionalização;

III. Promover todos os atos necessários à instrução processual para

a realização do procedimento licitatório pertinente, inclusive a

documentação das justificativas nos casos em que a restrição à

competição for admissível pela lei;

IV. Realizar a necessária pesquisa de mercado com vistas à

identificação dos valores a serem licitados;

V. Confirmar juntos aos órgãos participantes a sua concordância

com o objeto a ser licitado, inclusive quanto aos quantitativos e

projeto básico;

VI. Realizar todo o procedimento licitatório, bem como os atos dele

decorrentes, tais como a assinatura da ata e o encaminhamento

de sua cópia aos demais órgãos participantes;

VII. Gerenciar a ata de registro de preços, providenciando a

indicação, sempre que solicitado, dos fornecedores, para

atendimento às necessidades da administração, obedecendo à

ordem de classificação e os quantitativos de contratação definidos

pelos participantes da ata;

VIII. Conduzir os procedimentos relativos a eventuais renegociações

dos preços registrados e a aplicação de penalidades por

descumprimento do pactuado na Ata de Registro de Preços e

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IX. Realizar, quando necessário, prévia reunião com licitantes,

visando informá-los das peculiaridades do SRP e coordenar, com

os órgãos participantes, a qualificação mínima dos respectivos

gestores indicados.

• Atribuições/Órgão Participante

O órgão participante deve manifestar seu interesse em participar do

registro de preços, encaminhando, ao órgão gerenciador sua estimativa de

consumo, especificações ou projeto básico, cronograma de contratação, na

forma da lei nº. 8.666/937, adequando ao registro de preço, devendo:

I. Garantir que todos os atos inerentes ao procedimento para sua inclusão no registro de preços a ser realizado estejam devidamente formalizados e aprovados pela autoridade competente;

II. Manifestar, junto ao órgão gerenciador, sua concordância com o objeto a ser licitado antes da realização do procedimento licitatório e

III. Tomar conhecimento da ata de registro de preços, inclusive as respectivas alterações porventura ocorridas, com o objetivo de assegurar, quando de seu uso o correto cumprimento de suas disposições, logo depois de concluído o procedimento licitatório.

• Ata de registro de preços

Homologado o resultado da licitação, o órgão gerenciador, respeitada a

ordem de classificação e a quantidade de fornecedores a serem registrados,

convocará os interessados para assinatura da ata de registro de preços, que,

depois de cumpridos os requisitos de publicidade, terão efeito de compromisso

de fornecimento nas condições estabelecidas.

Prazo de validade: não poderá ser superior a um ano, computadas as

prorrogações, sendo admitida a prorrogação por ais 12 meses na forma do art.

57, § 4º - lei nº. 8.666/937, quando a proposta continuar se mostrando mais

vantajosa.

A ata de registro de preços, durante sua vigência, poderá ser utilizada

por qualquer órgão ou entidade da administração que não tenha participado do

certame licitatório, mediante prévia consulta ao órgão gerenciador, desde que

devidamente comprovada a vantagem.

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A ata poderá sofrer alterações, observando o art. 65 – lei nº. 8.666/937

(acréscimos/ supressões: 25% - 50%).

• Participante extraordinário

I. Os órgãos e entidades que não participaram do registro de preços,

quando desejarem fazer uso da ata de registro de preços, deverão

manifestar seu interesse junto ao órgão gerenciador da ata, para

que este indique os possíveis fornecedores e respectivos preços a

serem praticados, obedecidos a ordem de classificação.

II. Caberá ao fornecedor beneficiário da ata de registro de preços,

observadas as condições nela estabelecidas, optar pela aceitação

ou não do fornecimento, independentemente dos quantitativos

registrados em ata, desde que este fornecimento não prejudique as

obrigações anteriormente assumidas.

• Contratação/fornecedores registrados

A contratação com os fornecedores registrados, após a indicação pelo

órgão gerenciador do registro de preços, será formalizada pelo órgão

interessado, por intermédio de instrumento contratual, emissão de nota de

empenho de despesa, autorização de compra ou outro instrumento similar,

conforme disposto no art. 62 da lei nº. 8.666, de 1993.

• Revisão de preço

Art. 12. A Ata de Registro de Preços poderá sofrer alterações,

obedecidas às disposições contidas no art. 65 da lei nº. 8.666, de 19937.

§ 1º O preço registrado poderá ser revisto em decorrência de eventual redução daqueles praticados no mercado, ou de fato que eleve o custo dos serviços ou bens registrados, cabendo ao órgão gerenciador da Ata promover as necessárias negociações junto aos fornecedores.

§ 2º Quando o preço inicialmente registrado, por motivo superveniente, tomar-se superior ao preço praticado no mercado o órgão gerenciador deverá:

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I. Convocar o fornecedor visando a negociação para redução de preços e sua adequação ao praticado pelo mercado;

II. Frustrada a negociação, o fornecedor será liberado do compromisso assumido e

III. Convocar os demais fornecedores visando igual oportunidade de negociação.

§ 3º Quando o preço de mercado torna-se superior aos preços registrados e o fornecedor, mediante requerimento devidamente comprovado, não puder cumprir o compromisso, o órgão gerenciador poderá:

I. Liberar o fornecedor do compromisso assumido, sem aplicação da penalidade, confirmando a veracidade dos motivos e comprovantes apresentados, e se a comunicação ocorrer antes do pedido de fornecimento e

II. Convocar os demais fornecedores visando igual oportunidade de negociação.

§ 4º Não havendo êxito nas negociações, o órgão gerenciador deverá proceder à revogação da Ata de Registro de Preços, adotando as medidas cabíveis para obtenção da contratação mais vantajosa.

• Preço registrado/indicação fornecedores

Art. 6º. Ao preço do primeiro colocado poderão ser registrados tantos

fornecedores quanto necessário para que, em função das propostas

apresentadas, seja atingida a quantidade total estimada para o item ou lote,

observando o seguinte:

I. O preço registrado e a indicação dos respectivos fornecedores

serão divulgados em órgão oficial da Administração e ficarão

disponibilizados durante a vigência da Ata de Registro de Preços;

II. Quando das contratações decorrentes de registro de preços,

deverá ser respeitada a ordem de classificação das empresas

constantes na Ata e

III. Os órgãos participantes do registro de preços deverão, quando da

necessidade de contratação, recorrerem ao órgão gerenciador da

Ata de Registro de Preços, para que este proceda à indicação do

fornecedor e respectivos preços a serem praticados.

Parágrafo único. Excepcionalmente, a critério do órgão gerenciador,

quando a quantidade do primeiro colocado não for suficiente para as demandas

estimadas, desde que se trate de objetos de qualidade ou desempenho

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superior, devidamente justificada e comprovada a vantagem, e as ofertas

sejam em valor inferior ao máximo admitido, poderão ser registrados outros

preços.

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CAPÍTULO III

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

3.1. A ESPECIFICIDADE DO CONTRATO ADMINISTRATIVO

Contrato administrativo é uma espécie de contrato que requer a

aplicação de princípios e regras típicas do Direito Administrativo, que impõem

restrições e prerrogativas decorrentes da natureza pública da atividade

administrativa75.

Quando se trata de assegurar a continuidade do serviço público, não se

invocam as normas de Direito Civil ou de Direito Comercial que regem os

contratos privados. Aplica-se o regime jurídico de Direito Público, exorbitante e

derrogatório do direito comum, em que estão presentes a supremacia do

interesse público.

Como a administração firma contratos das mais diversas espécies,

variando o regime jurídico a que se submetem, vale lembrar que não se

encontram sob a égide do art. 57 da Lei n.º 8.666/937, de 21 de junho de

1993, os seguintes contratos:

I. Contratos de direito privado celebrados pela Administração, como: contratos de seguro, de financiamento, de locação, em que o Poder Público seja locatário, e os demais cujo conteúdo seja regido, predominantemente, por norma de direito privado, inclusive os contratos em que a Administração seja parte como usuária de serviço público, por força do art. 62, § 3º, da LLCA7;

II. Contratos de concessão de serviço público e de obras públicas, que, em regra, não acarretem ônus para a Administração. Isto porque as disposições do art. 57 versam sobre contratos que geram despesas para o poder público. Essas regras, porém, não são aplicáveis a contratos que não impliquem desembolso, como no caso das concessões;

III. Contratos relativos a operações de crédito interno ou externo, celebrados pela União, ou a concessão de garantia do Tesouro Nacional, excluídos pelo art. 121, parágrafo único, da LLCA7;

IV. Contratos relativos a imóveis do patrimônio da União, que continuam a reger-se pelas disposições do Decreto-lei n.º 9.760,

75 SUNDFELD, C.A. Licitação e contrato administrativo. Op.Cit.

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de 5 setembro de 194676, com suas alterações, por força, também, do art. 12, parágrafo único, da LLCA7.

O disciplinamento da duração do contrato administrativo mereceu

dispositivo especial destinado a regulamentar o tema. O art. 57 da Lei n.º

8.666/937, com base na Constituição Federal de 19886, art. 167, inciso II e § 1º,

estabeleceu as regras disciplinando a vigência das obrigações assumidas pela

Administração Pública naqueles ajustes que importa no desembolso de

recursos.

Nessa linha, entende-se como duração do contrato administrativo o

prazo de sua vigência, ou seja, o tempo de existência do contrato. É o período

durante o qual o ajuste entre o Poder Público e o particular surtirá efeitos,

realizando os objetivos de sua efetividade. A vigência dos contratos

administrativos deve ser sempre determinada, pois o art. 57, § 2º, veda a

realização de contratos com prazo de vigência indeterminado.

3.2. TIPOS DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

Os juristas pátrios classificam os contratos administrativos quanto à

forma de execução e quanto ao término de sua vigência.

Floriano P. Azevedo Marques Neto77 os diferencia em contratos dito de

escopo e os contratos de duração continuada. Segundo ele, nos contratos ditos

de escopo a Administração contrata tendo em vista a obtenção de um bem

determinado. O escopo do contrato estará consumado quando entregue o bem.

Certo deve estar que a fixação do prazo é relevante para que a Administração

possa exigir do particular executante um mínimo de eficiência e celeridade

necessário para a satisfação do interesse público. Nesse caso, o tempo em

que vai se desenrolar a execução do contrato não é essencial.

76 BRASIL. Decreto-lei n.º 9.760, de 5 setembro de 1946. Dispõe sobre os bens imóveis da União e da outras providencias. Alterado pela Lei 11481 de 31/05/2007, que prevê medidas voltadas a regularização fundiária de interesse social em imóveis da União; e da outras providencias. Disponível em: <http://www. www6.senado.gov.br>. Acesso: 31 mai. 2010. 77 MARQUES NETO, F.A. Estudos sobre a lei de licitações e contratos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995, p. 168-84.

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Os contratos de duração continuada têm, de acordo com o referido

autor, por objeto a prestação de um serviço de forma contínua. Nesse tipo de

contrato se objetiva o serviço ou o potencial fornecimento, nos termos e

condições pactuadas durante certo tempo. As partes só estão desobrigadas

após o vencimento deste prazo.

Marçal Justen Filho78 salienta a necessidade de se distinguirem os

contratos de execução instantânea dos de execução continuada, para

determinar a duração dos contratos administrativos. Os contratos de execução

continuada, por sua vez, impõem à parte o dever de realizar uma conduta que

se renova ou se mantém no decurso do tempo. Não há uma conduta específica

e definida cuja execução libere o devedor (excluídas as hipóteses de vícios

redibitórios, evicção etc.), como ocorre com o contrato de locação, no qual o

locador deve entregar o bem locado ao locatário e assegurar-lhe a integridade

da posse durante o prazo previsto.

A problemática do prazo de vigência apresenta contornos distintos

segundo a natureza do contrato. Quando se trata de contrato de execução

instantânea, o prazo de vigência será aquele necessário a que a parte promova

a prestação devida.

Em princípio e considerando a grande maioria dos casos, o prazo será

fixado pela Administração tendo em vista sua conveniência. As dificuldades

maiores envolvem os contratos de execução continuada. A execução da

prestação que incumbe à parte pressupõe, necessariamente, a delonga.

Embora o silêncio do legislador, o art. 57 visa regular os contratos de

execução continuada. Quanto aos de execução imediata, devem considerar-se

extensíveis a eles as disposições do art. 57, no que forem aplicáveis.

Simone Miqueloto79 divide os contratos em contratos por prazo certo, em

cuja vigência somente o prazo fixado influirá, não sendo relevante a conclusão

do objeto, uma vez que visam, via de regra, à prestação de um fornecimento ou

de alguma atividade; e contratos por escopo, nos quais o fim almejado consiste

na conclusão de um objeto que é certo e determinado, como, por exemplo

78 JUSTEN FILHO, M. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. Op.Cit. 79 MIQUELOTO, S. Da vigência e da prorrogação dos contratos por prazo certo. Disponível em: <http://zenite.com.br>. Acesso em: 31 mai. 2010.

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obras e projetos. Nesses, a extinção do contrato se dá com a conclusão do

objeto; naqueles, com o término do prazo.

Carlos Ari Sundfeld80, estudando a distinção entre modalidades de

contratos, para efeito de determinação de seu prazo máximo de vigência, se

refere, de um lado, a contratos por escopo, em que a Administração pretende a

entrega de certo objeto acabado e, de outro lado, a contratos relativos à

prestação de serviços a serem executados de forma contínua.

Hely Lopes Meirelles81 leciona sobre as formas naturais de extinção do

contrato dividindo-os em duas categorias. Na primeira categoria, os contratos

que se extinguem pela conclusão de seu objeto, nos quais o que se tem em

vista é a obtenção de seu objeto concluído, operando o prazo como limite de

tempo para a entrega da obra, do serviço ou da compra sem sanções

contratuais. Na segunda categoria, os contratos que se extinguem pela

expiração do seu prazo de vigência, nos quais o prazo é de eficácia do negócio

jurídico contratado, e, ao se expirar, extingue-se o contrato, qualquer que seja

a fase de execução de seu objeto, como ocorre na concessão de serviço

público ou na simples locação de coisa por tempo determinado.

A partir dessas classificações, consideram-se duas modalidades de

contratos: contratos por escopo e contratos de execução continuada.

3.2.1. Contratos por Escopo

A Administração contrata a obtenção de um bem determinado e o

escopo do contrato estará consumado, quando cumprido o objeto do contrato

na entrega da obra, do serviço ou da compra.

Nesse tipo de contrato, pela sua natureza, ocorrerá sua extinção normal

com a conclusão de seu objeto. Então, a fixação do prazo será relevante para

que a Administração possa exigir do particular executante um mínimo de

eficiência e celeridade necessário para a satisfação do interesse público. Este

80 SUNDFELD, C.A. Licitação e contrato administrativo. Op.Cit. 81 MEIRELLES, H.L. Direito administrativo brasileiro, 21. ed. São Paulo: Malheiros, 1996.

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tipo de contrato se enquadra no art. 57, caput, para as compras, projetos,

reformas e pequenas obras - e no inciso I, para os casos de obra de grande

porte.

3.2.2. Contratos de Execução Continuada

Os contratos de execução continuada são os que se prolongam no

tempo, e se caracterizam pela prática de atos reiterados em período mais ou

menos longo. São prestados de maneira seguida, ininterrupta e indiferenciada

ao longo do tempo. O que a Administração visa neste tipo de contrato é uma

atividade executada de forma contínua, caracterizada por atos reiterados.

Nesse tipo de contrato, o prazo é condição essencial. Contrata-se o

serviço por um prazo determinado, pois não há um objeto específico a ser

prestado, mas uma sucessão de atos ininterruptos. Dessa forma, como o tipo

de atividade perseguida pela Administração não se exaure, resta delimitar por

quanto tempo o tipo de serviço objeto do contrato será prestado pela mesma

empresa contratada, sem realizar nova licitação. Como exemplos de contrato

de execução continuada: locação, limpeza pública, segurança, manutenção de

elevadores e veículos, manutenção especializada de jardins, publicidade

institucional etc.

3.3. LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

Segundo o princípio da anualidade, que rege a elaboração e execução

do orçamento, as previsões de receita e despesa devem referir-se sempre a

um período determinado de tempo. Ao período de vigência do orçamento

denomina-se exercício financeiro e, no Brasil, de acordo com o art. 34 da Lei

n.º 4.320/6482, coincide com o ano civil: 1º de janeiro a 31 de dezembro.

Trata-se de princípio previsto na Constituição Federal6, art. 165, § 5º,

quando diz que a lei orçamentária será anual. Também, está assentado,

expressamente, no art. 2º da Lei n.º 4.320/6482, que a Lei de Orçamento 82 BRASIL. Lei n.º 4.320/64. Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br>. Acesso em: 31 mai. 2010.

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conterá a discriminação da receita e da despesa, de forma a evidenciar a

política econômico-financeira e o programa de trabalho do Governo,

obedecidos os princípios da unidade, universalidade e anualidade.

Luiz Emydio F. da Rosa Jr83. afirma que a vigência periódica do

orçamento fundamenta-se, principalmente, nas seguintes razões: limitação da

capacidade humana de previsibilidade orçamentária, maior controle quanto à

sua execução e maior proteção do contribuinte.

José Afonso da Silva84 considera que o orçamento é previsão,

programação de atividades e projetos a serem realizados no futuro. Nessa

linha, supõe a periodicidade, que tem interesse:

I. Do ponto de vista político, por conceder ao Congresso Nacional a

oportunidade de intervir periodicamente na atividade financeira, quer

aprovando a proposta de orçamento para o período seguinte, quer

fiscalizando a administração financeira do governo e tomando-lhe

contas;

II. Do ponto de vista financeiro, porque marca um período durante o qual

se efetuam a arrecadação e a contabilização dos ingressos e se

comprometem as despesas autorizadas, encerrando as contas públicas

em determinado momento;

III. Do ponto de vista econômico, para o fim de influir nas flutuações dos

ciclos econômicos.

Em consonância com o princípio da anualidade, o art. 167, inciso II, da

Constituição Federal de 19886, veda a realização de despesas ou a assunção

de obrigações diretas que excedam os créditos orçamentários ou adicionais.

Esse dispositivo tem razão de ser, pois seria incompatível com a anualidade do

orçamento, a assunção de obrigação que ultrapassassem o exercício

financeiro, uma vez que não haveria crédito orçamentário para cobrir as

despesas decorrentes dos encargos assumidos.

83 ROSA JUNIOR, L.E.F. Manual de direito financeiro e direito tributário. 11. ed. Rio de Janeiro:Renovar, 1997. 84 SILVA, J.A. Curso de direito constitucional positivo. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 1999.

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Por sua vez, o § 1º do art. 167, dispõe que nenhum investimento cuja

execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia

inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de

crime de responsabilidade. Eis o art. 167 in verbis:

• "Art. 167. São vedados:

II - a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que

excedam os créditos orçamentários ou adicionais.

§ 1º Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro

poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que

autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade".

Dessa forma, no caso de investimentos que ultrapassem um exercício

financeiro, este só poderá ser iniciado e executado, se previsto no plano

plurianual. Segundo o § 1º do art. 165 da Constituição Federal, a lei que

instituir o plano plurianual estabelecerá as diretrizes, objetivos e metas da

administração pública federal para as despesas de capital e outras dela

decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada.

A regra geral estipulada pela norma constitucional é de que os contratos,

as obrigações, terão sua duração limitada à vigência do respectivo crédito

orçamentário. No caso especial de investimento, a duração pode superar um

exercício financeiro, desde que previsto no plano plurianual.

3.3.1. Prazo de Duração na Lei n.º 8.666/937

Em consonância com a norma constitucional, a LLCA7, em seu art. 57,

estabeleceu que os contratos administrativos têm sua vigência restrita aos

respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos contratos que tenham

por objeto projetos relacionados a plano plurianual, serviços contínuos e

locação de equipamentos e utilização de programas de informática. Eis o art.57

in verbis:

• "Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei ficará adstrita à

vigência dos respectivos créditos orçamentários, exceto quanto aos

relativos:

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I. Aos projetos cujos produtos estejam contemplados nas metas

estabelecidas no Plano Plurianual, os quais poderão ser prorrogados,

se houver interesse da Administração e desde que isso tenha sido

previsto no ato convocatório;

II. À prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que

poderão ter a sua duração prorrogada por iguais e sucessivos

períodos com vistas à obtenção de preços e condições mais

vantajosas para a Administração, limitada a sessenta meses;

III. (vetado);

IV. Ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de

informática, podendo a duração se estender pelo prazo de até 48

(quarenta e oito) meses após o início da vigência do contrato.

(...)

§ 3º - É vedado o contrato com prazo de vigência indeterminado.

§ 4º - Em caráter excepcional, devidamente justificado e mediante

autorização da autoridade superior, o prazo de que trata o inc. II do caput

deste artigo poderá ser prorrogado em até doze meses".

À primeira vista, a impressão que se tem é de que apenas os contratos

que se enquadram no caput do art. 57 estariam com a vigência adstrita ao

respectivo crédito orçamentário, o que não ocorreria nas "exceções" listadas

nos incisos I, II e IV. Entretanto, o art. 57 fixa que o prazo do contrato deverá

estar limitado à vigência do crédito orçamentário, mas em casos especiais,

poderá ter sua duração prorrogada85.

Sobre o tema Jorge Ulisses Jacoby Fernandes lecionou que:

À toda evidência, a Constituição não autoriza a assinatura do contrato, mesmo no caso de serviço de execução continuada, por mais do que, no máximo doze meses, deixando evidente que o limite máximo é o respectivo crédito orçamentário ou adicional86.

85 SILVA, J.A. Op.Cit. 86 FERNANDES, J.U.J. A duração dos contratos de prestação de serviços serem executados de forma contínua. Boletim de licitações e contratos administrativos, n.º 02, São Paulo: NDJ, 1996.

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O inc. II do art. 167 transcrito, porém, não acarreta a

inconstitucionalidade do art. 57, inc. II da Lei 8.6661937. Cabe ao intérprete a

tarefa de harmonizar a legislação infraconstitucional com o alicerce

fundamental do Direito Positivo pátrio.

Qualquer interpretação do art. 57, inc. II, da Lei n.º 8.666, de 21 de junho

de 19937, deve resultar em um contrato limitada a vigência do crédito

orçamentário, pois o que o legislador infraconstitucional autoriza são as

sucessivas prorrogações, sempre, porém, com respeito àquele princípio

presente na Constituição Federal6.

3.3.2. Regra geral

Na regra geral, prevista no caput do art. 57, encontram-se os contratos

ditos por escopo, exceto no caso de investimento de grande porte previsto no

inciso I do mesmo artigo. Na compra de um bem, na contratação de uma obra

ou serviço, a vigência do contrato estará adstrita ao respectivo crédito

orçamentário. Nesse caso, não pode o administrador firmar o contrato com

prazo superior à vigência do crédito orçamentário, nem prorrogá-lo para

exercícios seguintes.

Essa regra é consentânea inclusive com o art. 7º, § 2º, inciso III, da

LLCA, que estabelece que o administrador só possa licitar, quando houver

previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das

obrigações assumidas.

3.3.3. Projetos relacionados a Plano Plurianual

O primeiro inciso do art. 57 contempla os projetos de longo prazo, desde

que previstos no Plano Plurianual. Essa previsão é consequência do preceito

contido no § 1º do art. 167 da Constituição Federal6, do qual decorre

expressamente que investimentos, cuja duração ultrapasse um exercício

financeiro, deverão ser incluídos no plano plurianual, ou seja, os recursos

estariam garantidos para os anos seguintes.

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A duração deste tipo de contrato pode ser fixada, desde o seu ajuste

inicial, pelo prazo superior ao respectivo exercício financeiro, pois a lei que

instituir o Plano Plurianual estará garantindo as verbas necessárias para cobrir

as despesas decorrentes da contratação. Nesse tipo de contrato, o prazo

máximo de vigência não está limitado a 05 anos, como constava da legislação

anterior, todavia não significa que vigência indeterminada.

3.3.4. Serviço Executado de Forma Contínua

Nesse inciso, enquadram-se os contratos de execução continuada que,

embora, aparentemente, sejam de fácil percepção, têm gerado muita polêmica.

Primeiro, porque o legislador não os conceituou; segundo, porque é conceito

relativamente novo no Direito Administrativo.

Jorge Ulisses Jacoby Fernandes86 diz que o contrato de prestação de

serviços a serem executados de forma contínua não foi, acertadamente,

conceituado pelo legislador, mas segundo a majoritária doutrina, são aqueles

em que a execução se protrai no tempo e cuja interrupção trará prejuízos à

Administração. Não apenas a continuidade do desenvolvimento, mas também a

necessidade de que não sejam interrompidos, constituem os requisitos

basilares para que se enquadrem como prestação de serviços a serem

executados deforma contínua.

Para Leon Fredjda Szklarowsky87, são aqueles que "não podem ser

interrompidos, não podem sofrer solução de continuidade, sob pena de causar

prejuízo ou dano".

Marçal Justen Filho diz que:

A lei presume, de um lado, a inevitabilidade da disponibilidade de recursos para custeio dos encargos contratuais. Tanto mais porque os contratos de prestação de serviços não usam montar a valores que possam afetar as disponibilidades orçamentárias. Em princípio, qualquer que seja a distribuição de verbas na lei orçamentária posterior, certamente existirão recursos para o pagamento dos serviços. Ademais, os serviços prestados de modo contínuo teriam de ser interrompidos, caso fosse vedada a contratação superior ao prazo de vigência dos créditos orçamentários. Isso imporia sério risco de continuidade da atividade administrativa. Suponha-se, por exemplo, serviços de fornecimento de alimentação. A Administração seria

87 SZKLAROWSKY, L.F. Contratos contínuos. Direito & justiça. Correio brasiliense, 29/06/98.

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constrangida a promover contratação direta, em situação de emergência, ao final de cada exercício, caso a contratação não pudesse se fazer por prazo mais longo88.

Dessa forma, serviços executados de forma contínua seriam aqueles

cuja necessidade se prolonga por um período indefinido ou definido e longo,

essencial ao atingimento de um objetivo de caráter indivisível, que não podem

ser interrompidos, sob pena de causar prejuízo à Administração.

Entende-se por necessidade contínua aquela que não se extingue

instantaneamente, exigindo a execução prolongada, sem qualquer interrupção.

Não satisfaz a necessidade pública contínua a prática de um só ato ou de mais

de um ato de forma isolada. Está relacionada com a forma de execução do

contrato.

Como a lei orçamentária autoriza a realização de despesas e assunção

de obrigações para o período limitado ao exercício financeiro, que corresponde

ao ano civil, não há crédito orçamentário para suprir as despesas vindouras em

exercícios subsequentes ao contratado.

A Constituição Federal6, especialmente no art. 167, não excepcionou o

caso de serviço contínuo, portanto, não há embasamento jurídico para que a

Administração firme um contrato de prestação de serviço a ser executado de

forma contínua por período superior ao respectivo exercício financeiro.

Ressalte-se que a possibilidade de prorrogação deverá ser prevista no

edital. Se não estiver prevista, não pode haver a prorrogação, pois afetaria o

princípio da isonomia, da proposta mais vantajosa para a Administração e da

vinculação ao instrumento convocatório.

A modalidade de licitação deverá ser determinada levando em conta a

duração estimada do contrato, ou seja, o prazo de duração total do contrato

levando em consideração as possíveis prorrogações. Assim, por força do art.

23 da LLCA7, o valor estimado do contrato será aquele correspondente ao

período em que o contrato poderá ter vigência.

88 JUSTEN FILHO, M. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. Op.Cit., p. 89.

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Em casos excepcionais, e por razões de oportunidade e conveniência

administrativa, devidamente justificadas, pode a Administração prorrogar o

contrato além de 60 meses, por até 12 meses, conforme autoriza o § 4º do

art. 577.

3.3.5. Aluguel de equipamentos e a utilização de programas

de informática

No inciso IV, do art. 57, o legislador contemplou o aluguel de

equipamento e a utilização de programas de informática, que se trata de

contrato de execução continuada e poderia estar inserido na disposição

anterior (art. 57, II). No entanto, em virtude da evolução de bens e serviços de

informática, que gera a obsolescência muito rápido dos equipamentos, o

legislador procurou resguardar a Administração de eventuais contratações

lesivas por vincular o poder público a tecnologias que se mostrem superadas.

Então, limitou-se em até 48 meses após o início da vigência o contrato.

A forma de execução do contrato, entretanto, é a mesma do serviço

contínuo, porque a locação de equipamentos e utilização de programas de

informática são considerados serviços executados de forma contínua. No

entanto, pode-se discutir exposto, considerando que:

I. A limitação máxima do prazo de vigência do contrato não afasta a

possibilidade de se fazer nova licitação, descrevendo, como objeto

desta, o mesmo equipamento ou programa até então contratado;

II. O regime de duração do contrato adstrito ao exercício financeiro permite

que, no momento da prorrogação, a autoridade competente aprecie a

conveniência, oportunidade e a economicidade de se manter

contratação, procedendo à lavratura do termo aditivo de prorrogação, se

presentes os motivos que justifiquem a continuidade da locação do

equipamento ou da utilização dos programas de informática.

O dispositivo aponta que a duração pode se estender pelo prazo de até 48

meses, o que, em princípio, pode parecer que o contrato seria firmado

integralmente por até 48 meses. Mas, o contrato é firmado pelo prazo

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equivalente ao respectivo crédito orçamentário, que poderá ser prorrogado

até o limite máximo de 48 meses, após o que é vedada qualquer prorrogação.

3.4. PRORROGAÇÃO VERSUS ALTERAÇÃO DO CONTRATO

A prorrogação do contrato ou prorrogação do prazo de vigência é o

prolongamento de sua vigência além do prazo ajustado inicialmente, com o

mesmo contratado e nas mesmas condições anteriores. É feita mediante termo

aditivo e independe de nova licitação e não configura alteração quantitativa do

objeto do contrato, previsto no art. 65, § 1º7.

Nesse caso, faz-se necessário averiguar se a lei permite ou não a

prorrogação do contrato. Se a lei não a permite, não há que dilatar a sua

vigência com base no art. 65, §7, ao contrário, também, não há que falar nos

limites expressos nesse artigo.

Prorrogação do contrato não se confunde com prorrogação dos prazos

para a execução de seu objeto. Na primeira, o contrato é prorrogado; na

segunda, há somente a prorrogação dos prazos de início de etapas de

execução, de conclusão ou de entrega. Nesses casos, a prorrogação é

condicionada aos requisitos constantes dos parágrafos 1º e 2º do art. 577.

Como se pode observar a classificação dos contratos administrativos em

contratos por escopo e contratos de execução continuada, permite que,

diante da necessidade de cada tipo de contrato, se estabeleçam os prazos de

duração. Os contratos por escopo são enquadráveis no caput e no inciso I do

art. 57 da Lei n. 8.666/937; os de execução continuada, nos incisos II e IV do

art. 577.

Nessa linha, com exceção dos projetos relacionados a plano plurianual,

todos os contratos deverão ter a sua duração fixada para o respectivo crédito

orçamentário, tendo em vista o disposto no inciso II do art. 167 da

Constituição Federal6. Nos casos de serviços executados de forma contínua,

a duração inicial poderá ser prorrogada por até 60 meses e, no caso

específico de aluguel de equipamentos e a utilização de programas de

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informática, que também são serviços executados de forma contínua,

poderão ser prorrogados por até 48 meses.

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CAPÍTULO IV

AS FERRAMENTAS DE TRANSPARÊNCIA QUE O

GOVERNO FEDERAL DISPONIBILIZA PARA A

SOCIEDADE

Sites que o governo disponibiliza para acesso da sociedade:

• www.camara.gov.br

• www.comprasnet.gov.br

• www.contaspublicas.gov.br

• www.cgu.gov.br

• www.portaldatranparencia.gov.br

• www.convenio.gov.br

• www.tesouro.fazenda.gov.br

• www.senado.gov.br

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CONCLUSÃO

A presente revisão permitiu apontar as principais características das

compras públicas na esfera federal, para oferecer uma visão ampliada dos

mecanismos de realização dessas compras.

Para tanto, a revisão privilegiou os aspectos documentais e, com a ajuda

de eminentes juristas, buscou interpretar como esses recursos estão sendo

aplicados e, se estão sendo bem utilizados, enfatizando a importância dessas

compras para a economia do País como um todo, pois, com origem nos

princípios constitucionais da consensualidade, formalidade, onerosidade e

comutatividade, o tema se reveste de importância social.

O estudo partiu da hipótese de que os procedimentos de compra

facilitam e promovem a transparência nas compras do Governo Federal,

limitando-se, porém, a analisar a literatura sobre a importância dos

mecanismos de compras utilizados pelo Governo Federal.

Nessa linha, pode-se afirmar que a hipótese do estudo foi confirmada

pela literatura visitada e que, realmente, os procedimentos de compra do

Governo Federal passaram a se revestir de maior transparência, o que,

certamente inibe a corrupção, pois os dados disponibilizados na rede eletrônica

promovem e facilitam a participação do cidadão nas decisões governamentais,

sinal do desenvolvimento do País.

No entanto, acredita-se que há necessidade de mais estudos para

ampliar a ideia de que as compras do governo são feitas em obediência estrita

às leis que as embasam, dentro de uma Administração cada vez mais inserida

na contemporaneidade.

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