compras natalinas online crescem, mas exigem certos cuidados · é o filho mais velho de guilherme...

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Compras natalinas online crescem, mas exigem certos cuidados Convivaware p. 9 Nº 53 - out./nov./dez. de 2010 - ANO XI Associação de Deficientes Visuais e Amigos Consumo consciente, reciclagem e energias limpas são alternativas ao petróleo Ecoconvivência p. 10 Laercio é apaixonado por bits e bemóis Talentos p. 3 Shutterstock Shutterstock Arquivo pessoal

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Compras natalinas online crescem, mas exigem certos

cuidados Convivaware p. 9

Nº 53 - out./nov./dez. de 2010 - ANO XI Associação de Deficientes Visuais e Amigos

Consumo consciente, reciclagem e energias limpas são alternativas ao petróleo

Ecoconvivência p. 10

Laercio é apaixonado

por bits e bemóisTalentos p. 3

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O que as eleições expuseram

Por Sidney Tobias de Souza,Diretor-Secretário da Adeva

Nos dias 3 e 31 de outubro, os brasileiros escolheram, por voto direto, os novos governantes e parlamentares estaduais e federais, inclusive o Presidente da República, que assumem em 2011.

As urnas eletrônicas que, desde 1996, fazem a coleta dos votos, estavam instaladas em salas de aula de instituições de ensino públicas e particulares, nas seções definidas pela Justiça Eleitoral.

O que se constata, pleito após pleito, é que muitos eleitores com deficiência física ou com mobilidade reduzida não conseguem chegar às seções eleitorais porque o imóvel dessas escolas não atende as normas de acessibilidade. Por conta disso precisam, literalmente, ser carregados, escada acima e abaixo. Tentando ajustar tal situação, no mínimo constrangedora, essas pessoas podem solicitar ao Tribunal Superior Eleitoral a transferência de seu título para uma seção acessível no mesmo local, até cinco meses antes da eleição.

Essa realidade nos faz refletir sobre a educação inclusiva. Muito se fala a respeito da sua importância. Mas ela existe na prática?

A Constituição Federal, no artigo 208, alínea III, estabelece o direito de as pessoas com necessidades especiais receberem educação preferencialmente na rede regular de ensino. Mas as eleições têm mostrado que esse direito é negado já no portão de entrada das escolas. Isso é preocupante. Afinal, as eleições acontecem de dois em dois anos. Já um ano letivo tem 200 dias, o que pode obrigar um estudante em cadeira

de rodas a ser carregado pelo menos 400 vezes por ano pelos professores ou funcionários para chegar ou sair da sala de aula.

E se ele não consegue estudar na escola próxima de sua residência por falta de elevadores ou de rampas, cabe perguntar se realmente as autoridades públicas estão preocupadas com sua inclusão.

Em 9 de julho de 2008, o Brasil ratificou, com status de emenda constitucional, a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Entre outros direitos, ficou estabe-lecido o de pleno acesso à educação.

O artigo 12 elucida sobre a igualdade diante da lei. Seu parágrafo 2º diz que “os Estados Partes deverão reconhecer que as pessoas com deficiência têm capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas em todos os aspectos da vida”. Já o parágrafo 3º afirma que “os Estados Partes deverão tomar medidas apropriadas para prover o acesso de pessoas com deficiência ao apoio que necessitarem no exercício de sua capacidade legal”.

É então uma obrigação constitucional do Estado garantir o exercício pleno desses direitos. E o direito à educação é básico, fundamental para a cidadania e para o desenvolvimento pessoal.

Talvez esteja na hora de praticar o discurso em todos os seus aspectos. Então, em lugar de serem criadas seções eleitorais adaptadas, por que não tornar todas as instituições de ensino adaptadas?

A pergunta é nossa. A resposta está com os governantes.

Essa

realidade

nos faz

refletir sobre

a educação

inclusiva.

Muito se fala

a respeito

da sua

importância

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Lei de Cotas: bem ou mal?Caros leitores, O CONVIVA, mais uma vez, convida-os para uma reflexão sobre a Lei de Cotas.

Promulgada em 1991, a partir dela, as empresas públicas e privadas com mais de 100 funcionários estão obrigadas a preencher uma parcela dos cargos com pessoas portadoras de deficiência.

Para as empresas é apenas uma obrigação legal ou um item importante da política de responsabilidade social? Para a pessoa com deficiência é a oportunidade de mostrar sua capacidade profissional ou um meio garantido de conseguir emprego?

Pense a respeito e opine. Sua apreciação pode fazer a diferença! Escreva para [email protected]

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Signo: Sagitário.Cor: Azul.Hobby: Hoje, a música.Um filme: Procurando Nemo, anima-ção da Walt Disney Pictures, EUA, 2003.Um livro: O monge e o executivo: uma história sobre a essência da lide-rança, de James C. Hunter, Sextante, Rio de Janeiro, 2004.Estilo de música: Bem arranjada e interpretada.Uma música: São tantas que seria um sacrilégio escolher somente uma.Cantora preferida: Não tenho.Cantor: Também não. Não gosto de radicalizar.Sobre a deficiência: Presente de Deus para o desenvolvimento do espírito.Religião: Espírita.Deus: Suprema sabedoria.Amigos: Certeza que o mundo pode ser melhor.Amor: Essência de tudo.Esporte preferido: Futebol.Time de futebol: Palmeiras.Família: Um porto seguro.Seu sonho: Um mundo de paz, amor e fraternidade.O que fazer para viver melhor? Fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem. Uma frase: Das pedras que encontrar em seu caminho, construa um ali-cerce para o seu futuro.

Laercio Sant’Anna é declaradamente um apaixonado por informática. E, logo no início desta entrevista, foi afirmando que “a ADEVA é a grande culpada” por seu ingresso no mundo digital.

Brincadeiras à parte, foi num curso oferecido pela ADEVA, em 1985, que ele teve o primeiro contato com computadores, programas e afins. Do encontro da oportunidade com a capacidade nasceu um profissional de sucesso.

No Conviva, ele assina a seção Convivaware e, na Prodam, é o responsável por assuntos de acessi-bilidade de sites e sistemas. Ingressou nessa empresa pública de tecnologia da informação e comunicação em 1988, como programador, depois passou a analista-programador e, em seguida, a analista de sistemas.

Mas Laercio tem ainda outra paixão. Nas horas vagas, toca e canta música sertaneja de raiz no Guyrá (pássaro, em tupi), “um grupo musical que representa todas as esferas de governo”, e reúne o Álvaro Gregório (do Governo do Estado), o Cláudio Teixeira (do Serviço Federal de Processamento de Dados-Serpro) e o Lothar Bazanella (também da Prodam).

Formado em música pelo conser-vatório de Mauá, domina o acordeão e o violão, já deu aulas e é compositor. Embora algumas de suas músicas tenham feito sucesso na mídia, não quis trilhar os caminhos da fama, “para não perder a liberdade e a privacidade”.

Nascido em 11 de dezembro de 1965, em São Paulo, no bairro do Ipiranga, é o filho mais velho de Guilherme e Adoração, tem dois irmãos, o Cláudio e a Cláudia, e é casado há dez anos com Anésia.

De acordo com os médicos, ele ficou cego já no útero materno, devido a uma

Jogo rápido com

Laercio Sant’Anna

Um talento entre a música e o mundo virtualBits, bytes e bemóis fazem parte do seu dia a dia

uveíte (inflamação da úvea). Mesmo assim, teve uma infância tranquila, normal. “Brincava como qualquer garoto, principalmente com meu irmão, grande companheiro dos jogos e das brigas infantis, o que foi muito importante para meu desenvolvimento motor e minha autoestima”.

Laercio também atribui sua formação ao ambiente familiar e à convivência com o avô paterno, que morava em sua casa. “O relacionamento com idosos é muito importante para a formação de uma criança. Penso que ajuda no desenvolvimento da sensibilidade”, afirma.

Estudou no Instituto de Cegos Padre Chico de 1975 a 1982. “Devo

a essa escola todo o acesso que tive à cultura. Minha família é de origem muito simples. Aprendi e conheci coisas às quais dificilmente teria acesso se não fosse o Instituto.

Fiz inúmeros amigos, pessoas que, até hoje, me alegra rever, verdadeiros irmãos de teto”, declara.

Cursou o colegial na cidade de Mauá. “Com facilidade, por conta da excelente bagagem que trouxe do Padre Chico. O que dava trabalho era ‘negociar’ com os mestres, mas eu contava com o apoio da minha ex-professora no Instituto, Lucy Rainert. De manhã, ela dava aulas no Padre Chico, à tarde, era a responsável pela classe de apoio na prefeitura de Mauá. Sua presença foi importantíssima para mim. Ela transcrevia para o braille todo o material de estudo necessário e as provas. Mas o mais legal era o meio de campo que dona Lucy fazia com os outros professores, mostrando que uma pessoa com deficiência é capaz de tudo se lhe forem disponibilizados recursos e condições adequados. Aproveito e deixo aqui minha homenagem e gratidão a ela.”

Laercio deixa também seu reconhe-

cimento à ADEVA, cujo trabalho de inclusão “é de qualidade e impres-cindível”. “Aliás, devo minha trajetória profissional ao seu jeito de pensar e atuar”, acrescenta.

Por Lúcia Nascimento,jornalista

Para Laercio, a ADEVA foi um ponto de partida

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Suas duas paixões – a informática e a música – convivem harmoniosamente

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BazarFoi um fim de semana de ofertas imperdíveis.

A ADEVA realizou, nos dias 16 e 17 de outubro último, seu I Bazar de novos e usados, no Centro de Treinamento Mário Covas, à r. São Samuel, 174.

Bruno CovasO deputado estadual Bruno Covas (PSDB)

visitou o Centro de Treinamento Mário Covas na companhia do presidente da entidade, Markiano Charan Filho, no dia 8 de novembro passado. Na ocasião, conheceu as salas de aula e também a Gráfica braille, onde estão instaladas as duas impressoras braille compradas com verba liberada por emenda parlamentar de sua autoria.

Por Santa CecíliaO grupo coral da ADEVA e o Maranata Fascinação, sob a

regência de Júlio Battesti, apresentaram, em 17 de novembro último, na Igreja de Santa Cecília, os cânticos litúrgicos da missa do 5º dia da novena em louvor dessa santa, padroeira da música sacra.

Um pouco de tudo oferecido no I Bazar

Deputado Covas e o presidente Markiano Charan. Bruno Covas e Lourdes de Lima, voluntária da ADEVA

Coral da ADEVA e grupo Marinata cantam na igreja Santa Cecília

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Carlos Norberto Corrêa,

diretor de relações

públicas da ADEVA

Acompanhe a ADEVA!

www.orkut.com.br/Main#Community?rl= cpp&cmm=75035997

www.twitter.com/ adeva1978

www.youtube.com/ watch?v=iiONn6InzRQ

JantarNo último dia 10 de novembro,

a ADEVA comemorou seus 32 anos de fundação com o já tradicional

jantar no Bar Brahma, em São Paulo, na companhia de 200 convidados e amigos de longa data. No momento

dos agradecimentos, a empresa Mondial Assistance e a Secretaria

Estadual do Emprego e Relações do Trabalho, parceiras da entidade no seu trabalho de capacitação, foram lembradas por Márcia Vieira, uma

dos cerca de sessenta colaboradores com deficiência visual da Mondial, e por José Orlando Mendes da Silva, aluno do curso de telemarketing

patrocinado pela Sert.

Augusto Alves, diretor-

financeiro da ADEVA e

Sandra Maciel, vice-presidente

Márcia Vieira, da Mondial

Convidados

e amigos

Alexandre Barbosa,

instrutor da Adeva,

apresenta o trabalho

da entidade

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banda Comitatus animou

o jantar com os Beatles

ESPAÇO RESERVADO PARA VOCÊ!

ANUNCIE AQUI SEU PRODUTO OU SERVIÇO.

Ligue: 5084-6695 / 5084-6693

CURSOS DE CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL NA ADEVA

Inscrições pelos telefones: 11 3824-0560, com Sandra Maciel,

e 11 5084-6693 / 6695.

R. Serra da Bocaina, 151, Belém, tel.: 2696-3288 – www.garilli.com.br – e-mail: [email protected]

MANUEL11 9683-9040

GRAVAÇÃO Gravam-se em áudio, formato

MP3, livros, apostilas, manuais, jornais, revistas e qualquer outro material

impresso. Para mais informações e orçamento

sem compromisso, ligue 11 9205-1185, com Jumara.

Para quem quer ser atendido com cortesia e hora marcada, fazer o melhor trajeto, viagens, levar o filho à escola ou ir às compras, ligue: 11 9683-9040 e fale com o Manuel. Desconto

especial para os associados da ADEVA em dia com o pagamento da anuidade.

O banco Bradesco, atento às necessidades de uma parcela de seus clientes – as pessoas portadoras de deficiência visual – oferece-lhes como produtos exclusivos o gabarito para talão de cheques e o extrato em braille e em impressão ampliada (entregues pelos Correios).

Um folheto explicativo sobre esses benefícios gratuitos, pioneiros e únicos no mercado bancário nacional, vem encartado nos 300 exemplares da versão em braille desta edição do Conviva, que têm o patrocínio do Bradesco.

Para obter os produtos, basta ir até sua Agência ou ligar para o Fone Fácil Bradesco, capitais e regiões metropolitanas: 4002-0022, algumas localidades do estado de São Paulo (0XX) DDD 4002-0022, demais regiões: 0800 570-0022.

Mais autonomia para sua vida financeira

Preocupado com a responsabilidade social, o Bradesco disponibiliza gratuitamente produtos que trarão mais autonomia para sua vida.

Extrato braille e impressão ampliada

O Bradesco lançou o primeiro extrato em braille e impressão ampliada do mercado bancário nacional. Desenvolvidos para clientes com deficiência visual, proporcionam privacidade e segurança ao seu dia a dia.

Gabarito para talão de chequesCom o gabarito para talão de cheques, você faz o

preenchimento da folha de cheque sem precisar do auxílio de outra pessoa. Basta encaixar a folha no gabarito e preencher os dados conforme indicado.

Acessibilidade de produtos e serviçosMais autonomia com segurança e privacidade

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Sou louco, sim, porque o mundo não entende minha lucidez.

Para Elton Ferreira de Matos, essa frase traduz suas “loucuras” e conquistas profis-sionais. Ele leciona em escolas públicas estaduais há 24 anos, oito deles na EE Herbert Baldus, Jd. São Bernardo, zona sul da cidade, onde tem cerca de 700 alunos, distribuídos em 11 salas.

Por ser cego, não usa o quadro negro em suas aulas de História e Geografia. Os textos são memorizados (lê cerca de 80 livros paradidáticos por ano) e ditados para a classe. Costuma elaborar provas diferentes para cada grupo de alunos, “para incentivar o estudo e evitar as tradicionais colas”. E as corrige com a ajuda da irmã, que lê uma a uma.

Nascido em 10 de julho de 1959, em

Senhor do Bonfim (BA), sua história de enfren-tamentos começou quando perdeu a visão, aos sete anos de idade. Numa brincadeira, levou uma pancada na coxa, o que provocou dores terríveis e um erro médico, irreversível. Após ter engessado a perna três vezes, os exames detectaram uma osteomielite (infecção no osso da perna). Devido à grande quantidade de antibióticos ingerida, a infecção foi para a corrente sanguínea e provocou um tumor no cérebro que pressionou o nervo ótico. O neurologista garantiu que ele não sobreviveria à retirada do abscesso. Sete dias após a cirurgia, acordou, mas estava cego.

Ciente da nova realidade, Elton teve de amadurecer rápido. “Não tinha tempo para ficar revoltado, meus pais, Mário e Aurelita, embora preocupados, não podiam me dar atenção exclusiva, eles tinham mais quatro filhos para criar.”

A adaptação à nova vida foi marcada por dificuldades e muita determinação. Estudou no Instituto de Cegos Padre Chico, no bairro do Ipiranga, até completar o fundamental II. Aprendeu o braille, orientação e mobilidade, e atividades básicas, como arrumar a cama, por exemplo. Nas aulas de educação física, praticava natação e futebol.

Ao se transferir para uma escola regular, os preconceitos começaram a se evidenciar. Na EE Prof. Alberto Conte, em Santo Amaro, a diretora negou- lhe vaga. Elton recorreu à Secretaria Estadual de Educação. Munido da legislação que lhe garantia esse direito, procurou a EE Padre Sabóia de Medeiros. A situação se repetiu e ele só garantiu sua matrícula porque a diretora voltou atrás quando lhe pediu que escrevesse e assinasse uma carta à Secretaria explicando o motivo da recusa. Com desempenho excelente e boas notas, Elton garantiu o reconhecimento de todos – dos professores, dos colegas, da diretora inclusive.

Resolveu cursar Pedagogia. A diretoria da Organização Santamarense de Educação e Cultura (atual Universidade de Santo Amaro) processou-o, na tentativa de bloquear seu acesso. Ele recorreu, ganhou a causa, mas a faculdade, não satisfeita, colocou, na sala de aula, um funcionário para observar se sua presença atrapalhava o aprendizado dos colegas. Elton provou sua perfeita adequação ao ambiente – ele gravava as aulas – e, por conta também de excelentes notas, ganhou o apoio de todos os colegas e calou a direção.

Concluiu o curso de Pedagogia na

A geografia e a história de Elton

Elton leciona História e Geografia para 11 turmas diferentes

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Universidade de São Paulo (USP), com pós-graduação em Orientação Educacional e Especialização em Deficiência Visual. Lá, colaborou no doutorado de uma professora, na área de mapas para deficientes visuais. A maquete que criaram, Amazônia Legal, foi reconhecida até no Japão e lhe rendeu consultorias para profissionais da Alemanha.

Elton resolveu, então, realizar o sonho de ser professor de História e Geografia. Bacharelado pelo Centro Universitário Assunção Unifai, teve de provar que era capaz de dar aula para pessoas com e sem deficiência. Para isso, chegou até a responder processo, movido por uma Diretoria de Ensino de São Paulo. Mais uma vez, por sua competência, teve garantido também esse direito.

Um longo caminho, muitas vivênciasNo decorrer de sua vida profissional, Elton lecionou para

pessoas cegas e para uma pessoa com deficiência auditiva. Trabalhou na Educação para Jovens e Adultos (EJA) da rede pública de ensino. Foi treinador de futebol na EE Adrião Bernardes, no Jardim Eliana, convidado pelos alunos e à revelia da diretoria – encarou o desafio, recuperando o que aprendera no Padre Chico, onde praticara esse esporte, e sua equipe foi campeã invicta, “na base do jogo sem violência, só na bola”.

Também já deu inúmeras palestras em faculdades. No Hospital Santa Isabel, na Serra da Cantareira, depois de sua apresentação, a coordenadora geral convidou-o para orientar o trabalho dos psicólogos. Ficou por lá durante seis anos, como voluntário, treinando “profissionais que tinham medo de chegar perto dos pacientes terminais”. Dessa experiência, guarda um quadro pintado com a boca por uma tetraplégica que o retratou com elementos da natureza.

A que atribuir todo esse sucesso? Ao seu jeito de ser. “Nunca pisei em ninguém e sempre acreditei na minha capacidade.”

Por Lúcia Nascimento, jornalista

Onde estudar PEDAGOGIA

O Concurso Vestibular Fuvest oferece 60 vagas no período vespertino e 120 vagas no período noturno, com duração de nove semestres, na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), e 50 vagas no período noturno, com du-ração de oito semestres, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (USP).

A maquete Amazônia Legal foi reconhecida

até no Japão e lhe rendeu consultorias para profissionais da

Alemanha em um Congresso Internacional

de Geógrafos e Cartógrafos promovido

pela USP

www.footprintnetwork.org

www.myfootprint.org

www.footprint.wwf.org.uk/

Quer saber o impacto de seus hábitos no nosso planeta? Esses

três endereços permitem calcular a pegada ecológica ou de

carbono, ou descobrir quantos planetas seriam necessários para

sustentar o estilo de vida de cada terráqueo segundo seus hábitos

cotidianos. Mantidos pelas ONGs Global Footprint Network,

Ecological Footprint e WWF, respectivamente, os sites estão

em inglês, mas oferecem tradução online gratuita.

www.recicloteca.org.br

Na página de entrada da Recicloteca, o internauta é convidado

a agir em favor da qualidade de vida e refletir sobre o reduzir, o

reutilizar e o reciclar – a água, o lixo, a energia, o meio ambiente

e seu jeito de estar neste planeta.

www.reciclagemlixo.com

Neste endereço há informações e dicas de consumo consciente,

bem como alternativas para as sacolas plásticas de supermer-

cado. Essas vilãs do momento podem se transformar no fio que

tece bolsas em crochê, que se pode aprender a fazer seguindo,

ponto a ponto, os três vídeos disponíveis.

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Mais um fim de ano se aproxima. Lembro-me que, quando criança, a saída para as compras de Natal era uma festa... As lojas enfeitadas... Papai Noel e as novidades... A expectativa de um brinquedo novo me deixava ansioso!

Para as poucas pessoas prevenidas, que não deixam tudo para a última hora, este é o momento de começar a pensar nos presentes e lembrancinhas. E para aqueles que deixam tudo para a véspera? Com o passar do tempo, fazer as compras de Natal se tornou uma guerra – lojas cheias, escassez de produtos, dentre outros problemas, desanimam até os mais entusiasmados.

Mas, graças aos avanços tecnológicos, a compra pela Internet tem sido, cada vez mais, uma aliada na resolução desses “sufocos” natalinos. Só de janeiro a julho deste ano, o comércio eletrônico brasileiro faturou R$ 7,8 bilhões, um crescimento de 41,2% em comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net), há, no país, 60 mil micros e pequenas empresas vendendo por meio da rede. Com isso, o Brasil já desponta como o principal mercado de comércio eletrônico na América Latina.

Pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do estado de São Paulo, em parceria com a e-bit – consultoria que realiza pesquisas sobre hábitos e tendências de e-commerce no Brasil –, aponta que esse faturamento supera o total de vendas dos shoppings centers da Grande São Paulo, estimado em R$ 7,2 bilhões para o mesmo período. Registra ainda que, só na região metropolitana de São Paulo, o e-commerce movimentou R$ 1,25 bilhão, com alta de 29,3% em relação a 2009, correspondendo, apenas no mês de julho, a 2,3% do total das vendas na Grande São Paulo.

Segundo pesquisa do Grupo Nielsen, encomendada pelo site Mercado Livre, um reflexo desse movimento é o aumento na geração de empregos, pois muita gente que disponibiliza seus produtos no site de compra tem funcionários para auxiliar nas vendas.

Hoje, no comércio eletrônico, predominam as transações

Comércio eletrônico e Papai NoelFazer as compras de Natal pela Internet pode ser uma opção prática e segura

de viagens (passagens aéreas) e as vendas de eletrônicos de consumo e de informática. Mas, aos poucos, novas categorias ganham espaço, como roupas, produtos esportivos, de saúde e de beleza.

Segundo levantamento feito pela camara-e.net, o índice de confiança do

consumidor online chega hoje a 86%. Em 2007, era de 55%. Para Gerson Rolim, um dos motivos que fazem o consumidor comprar mais é a profissionalização dos setores envolvidos. “Todo o ecossistema empresta confiança, principalmente para o micro e pequeno varejista. Se minha logística é feita pelos Correios, os Correios me emprestam um pouco de confiança”, explica.

Talvez o único entrave ao comércio online seja não se poder tocar o produto antes de fechar a compra. Embora os sites disponibilizem fotos e detalhes, boa parte

dos consumidores não tem paciência para pesquisar o que está adquirindo. Eu, sempre que possível, faço isso, procurando as especificações nos sites de vendas. Mas, antes da compra, vou a uma loja e manipulo o produto, comprando depois onde estiver mais barato. Sabendo exatamente a marca e o modelo, é fácil realizar uma pesquisa por preço. O fundamental é se informar a respeito da idoneidade do vendedor, comprando de empresas estabelecidas e conhecidas. Um site bonito e bem apresentável não é garantia de comércio sério.

Se o crescimento das vendas pela Internet se mantiver, o comércio eletrônico brasileiro deve fechar o ano de 2010 com faturamento de R$ 14,3 bilhões, segundo estimativas da e-bit.

Mas, mesmo com todos esses prognósticos animadores, acredito que o percentual de aquisições frustradas em compras online ainda continuará alto, pois grande parte dos consumidores ainda não aprendeu a tomar os cuidados necessários para fazer um negócio seguro.

Por Laercio Sant’Annaanalista de sistemas da Prodam

Hoje, o índice de confiança do

consumidor online chega a 86%.

Em 2007, era de 55%

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É hora de trocarMudança de hábitos e energia limpa são alternativas para o petróleo

No dia 20 de abril deste ano, aproximadamente 500 milhões de barris de petróleo jorraram no mar, ao longo de quase três meses, com a explosão e o posterior afundamento de uma plataforma da petroleira britânica British Petroleum. O vazamento, no sul dos EUA, se expandiu pelo golfo do México, provocando grande mortandade de aves, peixes e animais marinhos.

Essa tragédia ambiental, a maior na história dos EUA, chamou a atenção do mundo para a necessidade de planos de contingência que impeçam ou minimizem situações similares.

Infelizmente, ainda temos grande dependência de combustíveis fósseis, o que contribui signifi-cativamente também para o aumento da temperatura terrestre.

Com o crescimento econômico global ocorrido nos últimos anos, surgiu uma nova classe média mundial. Um terço da população da Terra tornou-se consumidor voraz, o que nos aproximou perigosamente do ápice da produção mundial de petróleo. O preço desse combustível chegou a aumentar em 400% e, segundo previsões da International Energy Agency, que presta orientação política para assuntos de energia aos seus países-membros, o barril de petróleo custará 100 dólares em meados de 2015 e 200 dólares em 2030.

O professor e ativista, Jeremy Rifkin, especialista em política energética, afirma que “o valor do petróleo repercute em todos os bens de consumo. Comida, roupas, carros, papel, todo produto que consumimos hoje tem seu valor pressionado pelo combustível. Com o petróleo muito caro, os preços sobem tanto que a economia do planeta inteiro se contrai. O poder de compra diminui, as fábricas fecham as portas, pessoas perdem o emprego. Aí reside um dos principais argumentos sobre a necessidade de novas fontes de energia”.

Para a mudança dessa matriz energética é preciso investir em fontes de energia renováveis e limpas, como a solar, a eólica, de biomassa, e estimular a mudança de atitude dos bilhões de habitantes deste planeta em relação ao consumo.

Por aqui e no mundoAnualmente, o Brasil consome 12 bilhões de sacolas plásticas e cada um de nós

utiliza aproximadamente 66 sacos por mês. Pesquisas estimam que existam cerca de 500 bilhões de sacos plásticos no mundo, entupindo bueiros, poluindo o ambiente, matando tartarugas, peixes e outros animais.

O Ministério do Meio Ambiente vem promovendo campanhas nacionais para reduzir o consumo de sacolas plásticas, orientando a população a recusá-las sempre que possível e reutilizá-las, fazendo com que a indústria do plástico, que é um derivado do petróleo, se mobilize na geração de outro tipo de material. Uma recente parceria entre a Braskem e o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), em Campinas, tem por objetivo o desenvolvimento de um plástico verde, produzido com etanol

de cana-de-açúcar, economicamente competitivo e sustentável.Na Rússia, cientistas da Universidade Medelevev,

em Moscou, desenvolveram uma técnica de reciclagem que permite a produção de um litro de gasolina a partir de um quilo de sachês de plástico reciclado.

A Alemanha reduziu drasticamente sua dependência do petróleo. Metade da energia solar existente no mundo é produzida lá. Além disso, o governo alemão tem dado incentivos à produção de carros elétricos que devem resultar na produção de um milhão de veículos desse tipo no país até 2020.

Por Sidney Tobias de Souza,analista de sistemas da Prodam

Mudar a atual matriz energética

mundial exige investimento em

fontes de energia renováveis

e limpas – a solar, a eólica, de

biomassa – e a mudança de

hábitos em relação ao consumo

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Futebol de cinco é tricampeãoFutebol de 5 prova alto domínio técnico

O futebol paraolímpico vem apresentando desempenho exemplar em suas participações internacionais, honrando o nome do Brasil em todas as partes do mundo.

A equipe brasileira de Futebol de 5 para cegos conquistou o tricam-peonato, de maneira invicta, no Mundial de Hereford, na Inglaterra, realizado entre 14 e 22 de agosto deste ano.

O evento teve a participação das dez melhores seleções do planeta no esporte, que conquistaram o direito de ali estar em campeonatos classificatórios nas suas regiões.

Dentre as principais forças mundiais, destaca-ram-se Espanha, que foi a vice-campeã, Argentina, França, China e Inglaterra, a dona da casa.

Além do título que conquistou de forma invicta, o atacante brasileiro Jeferson Gonçalves, o Jefinho Baiano, de apenas 20 anos, foi eleito o melhor jogador do Mundial.

O Futebol de 5 é uma modalidade adaptada para cegos. A bola tem guizos internos e os atletas usam venda nos olhos para igualar as condições de disputa, pois alguns podem ter certa percepção de luz. Já os goleiros são atletas que enxergam, mas não podem sair da área da quadra de futsal adaptada.

Por David Farias, Presidente da CBDC

Paraolimpíada escolarEvento prepara jovens atletas para os Jogos de 2016

O Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) realizou, em São Paulo, a segunda edição dos Jogos Brasileiros Paraolímpicos Escolares, entre os dias 6 e 11 de setembro deste ano.

O evento teve a colaboração da Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência e da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida.

A competição reuniu cerca de 800 participantes de 21 estados e do Distrito Federal. Foram disputadas provas de Judô, Futebol de 5, Futebol de 7, Goalball (modalidades exclusivas para atletas cegos), Atletismo, Bocha, Natação, Tênis de mesa, Tênis em cadeira de rodas e Voleibol sentado (paraolímpico).

Os Jogos coroaram o trabalho de iniciação esportiva de crianças e jovens com deficiência visual, intelectual e física, além de incentivar a formação de atletas para o alto rendimento, visando, especialmente neste momento, as Paraolimpíadas de 2016, evento mundial que será disputado na cidade do Rio de Janeiro.

A delegação do Rio de Janeiro sagrou-se campeã, com o Distrito Federal e São Paulo em 2º e 3º lugares, respectivamente.

Por David Farias, Presidente da CBDC

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EXPEDIENTE: Jornalista responsável: Liane Constantino (MTb 15.185). Colaboradores: Celso de Oliveira, David Farias, Laercio Sant’Anna, Lúcia Nascimento (MTb 29.273), Markiano Charan Filho, Sandra Maciel, Sidney Tobias de Souza. Correspondência: rua Brig. Tobias, 247, cj. 1.116, Santa Ifigênia, CEP 01032-000 - São Paulo (SP) - telefones: 11 5084-6693 / 5084-6695 - fax: 11 5084-6298 - e-mail: [email protected] - site: /www.adeva.org.br. Editoração: Fernanda Lorenzo. Revisão: Célia Aparecida Ferreira. Fotolitos e Impressão: cortesia Garilli Artes Gráficas Ltda. - tel.: 11 2696-3288 - e-mail: [email protected]. Tiragem: 1.000 exemplares. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA.

HISTÓRIA SEXUAL DA MPBComo sugere o nome, esse programa televisivo aborda temas que têm a ver com sensualidade e transgressão sob o olhar feminino, homoerótico, andrógino, negro, gay e tantos outros da música popular brasileira, por artistas da velha e da nova guarda, em momentos diversos. Canal Brasil, quarta-feira, à meia noite, reprise, segunda, 18h, e sexta, 4h30.

À FLOR DA PELEA professora Rose Reis trata, neste livro, da educação inclusiva de crianças com deficiência visual e do fenômeno bullying. A partir de uma situação do cotidiano escolar – uma criança tem os óculos quebrados pelos colegas –, salienta as boas práticas educati-vas que devem permear a atitude do professor ao reconhecer que os alunos não são homogêneos nem ideais. À flor da pele tem formato acessível, acompanhado de um CD com a versão em Word. Cia dos Livros Editora, 2010, 104 p. R$ 24,90.

BRINQUEDÃOO primeiro brinquedo universal de São Paulo, pois permite o acesso de crianças com deficiência ou mobilidade reduzida, está instalado próximo à marquise do Parque Ibirapuera desde outubro. O novo playground, batizado de Brinquedão, é um circuito colorido de ferro com curvas, intervenções sonoras e visuais, que conecta e aproxima de forma lúdica as crianças, desafiando-as a superar seus limites. Parque Ibirapuera, av. Pedro Álvares Cabral, s/n.

O LIVRO DE ELINeste filme, Denzel Washington é Eli, um guerreiro solitário que sobreviveu em um mundo pós-apocalíptico. Sua missão é atra-vessar os EUA para conseguir passar adiante conhecimentos que podem ser a chave para a redenção do planeta, escritos em um misterioso livro. EUA, Sony Pictures, 2010. 118 minutos, legendado. DVD para loca-ção.

BIBLIOTECA SENSORIAL - LIVROS DE ARTISTASExposição de obras especialmente criadas e produzidas por artistas plásticos nacionais e do exterior. A proposta é projetar sua ação perceptiva para experiências estéticas que estimulem os sentidos do público, por meio da util ização dos mais diversos materiais – cobre, penas de aves, papel, borracha, tecidos. De 23 de novembro a 23 de dezembro, das 9h às 20h. Centro Histórico Mackenzie, r. Itambé, 45, tel.: 2114-8661. Entrada gratuita.

CAIXA PRETADoze álbuns (dois CDs de gravações inéditas) com a íntegra da obra fonográfica de Itamar Assumpção, cantor que morreu em 2003, aos 53 anos, sem ter ido para as paradas de sucesso, talvez porque, como dizia, “tenho o cabelo duro, mas não o miolo mole”. Selo Sesc, R$ 150,00.

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