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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE ENGENHARIAS CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA Trabalho de Conclusão de Curso Compostagem de resíduo orgânico domiciliar e casca de arroz Lucas Lourenço Castiglioni Guidoni Pelotas, 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS CENTRO DE ENGENHARIAS

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA

Trabalho de Conclusão de Curso

Compostagem de resíduo orgânico domiciliar e casca de arroz

Lucas Lourenço Castiglioni Guidoni

Pelotas, 2015

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LUCAS LOURENÇO CASTIGLIONI GUIDONI

Compostagem de resíduo orgânico domiciliar e casca de arroz

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenheiro Ambiental e Sanitarista.

Orientador: Prof. Dr. Érico Kunde Corrêa

Coorientador: Dr. Roger Vasques Marques

Pelotas, 2015

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Banca Examinadora: Prof. Dr. Érico Kunde Corrêa – Centro de Engenharias/UFPel

Prof. Dr. Maurizio Silveira Quadro - Centro de Engenharias/UFPel

Prof. MSc. Willian Cézar Nadaleti – Centro de Engenharias/UFPel

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AGRADECIMENTOS

A meu pai, Antonio Lourenço Guidoni (in memorian), minha querida mãe, Regina

Lúcia Castiglioni Guidoni, meus irmãos, Carlos Castiglioni Guidoni e Brunella

Castiglioni Guidoni, por serem os inspiradores e companheiros em essa e demais

etapas de minha vida.

Aos amigos e colegas por todos os momentos compartilhados.

Aos professores do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária e demais

colaboradores da Universidade Federal de Pelotas, por toda contribuição na minha

formação acadêmica.

Aos colegas do Núcleo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Resíduos e

Sustentabilidade (NEPERS), em especial ao Dr. Roger Vasques Marques, por toda

contribuição nesse e demais trabalhos.

Aos estimados orientadores Prof. Dr. Érico Kunde Corrêa e Profª. Drª. Luciara

Bilhalva Corrêa, por todas as oportunidades, suporte e companheirismo ao longo

desses anos.

Muito obrigado!

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RESUMO

GUIDONI, Lucas Lourenço Castiglioni. Compostagem de resíduo orgânico domiciliar e casca de arroz. 2015. 58f. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. No gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, a compostagem é uma alternativa para reciclagem dos resíduos orgânicos domiciliares. Entre os métodos de aplicação, a compostagem domiciliar apresenta algumas vantagens devido a instalação do sistema e uso do composto final ocorrer no mesmo local onde é gerado o resíduo, o que leva uma serie de economia de recursos. Porém, alguns impactos ambientais negativos podem estar associados a falta de critério na operação do sistema, como na proporção de resíduos utilizados da mistura encaminhada para tratamento. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi investigar como aplicação de diferentes proporções de resíduo orgânico domiciliar e material estruturante pode afetar a evolução do processo de compostagem. Para isso, três tratamentos variando a proporção de resíduos CA (casca de arroz):RFH (resíduos de frutas e hortaliças), (70:30, 50:50, 30:70), (v:v) foram aplicados em um sistema de compostagem domiciliar em escala piloto. O processo foi avaliado durante 60 dias através do monitoramento de parâmetros físico-químicos, observação da ocorrência de parâmetros indesejáveis e testes fitotoxicológicos. As diferentes proporções testadas tiveram efeito nas misturas quanto ao teor de nitrogênio total, e no final do processo, quanto ao volume e peso de composto estabilizado. Os efeitos mais significativos durante os 60 dias foram encontrados para relação carbono/nitrogênio, teor de umidade e geração de lixiviado entre os três tratamentos. Foi possível determinar a influência da proporção dos materiais na mistura, tanto na degradação da matéria orgânica, perdas de nitrogênio no processo, quanto também nas condições sanitárias e no potencial de toxicidade na germinação de espécies vegetais. A proporção com maior quantidade de resíduos orgânicos (30 % CA) apresentou vantagem na concentrações de matéria mineral e aporte de nitrogênio total, e ainda, relação carbono/nitrogênio dentro da faixa ideal para compostagem. Por outro lado, a proporção com 70% de CA, mostrou-se um processo mais seguro do ponto de vista sanitário e que atingiu mais facilmente a bioestabilização. Conclui-se que o estudo realizado contribui para o avanço de critérios operacionais para processos de tratamento de resíduos orgânicos domiciliares. Nessa perspectiva, mais estudos com sistemas de compostagem domiciliar podem ser desenvolvidos, buscando meios de viabilizar a aplicação da tecnologia de forma eficiente e segura de domicílios, colaborando assim com o sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos e sustentabilidade do ambiente.

Palavras-Chave: impactos ambientais; resíduos sólidos urbanos; resíduos domiciliares; compostagem domiciliar.

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ABSTRACT

GUIDONI, Lucas Lourenço Castiglioni. Composting of household organic waste and rice husk. 2015. 58f. Final paper. Graduation in Environmental and Sanitary Engineering. Federal University of Pelotas, Pelotas.

In the municipal waste management, the composting is an alternative to recycle organic household waste. Among the methods applied, home composting presents some advantages due to the installation of the system and the end compost use be at the same place where the waste is generated, which leads to a plenty of resources-saving. However, some negative environmental impacts can be associated with a lack of operation criteria, such as the ratio of waste and bulking agent add and treated in the system. The aim of this study was to investigate how different proportions of household organic waste and bulking agent can affect the evolution of the composting process. Ir order o achieve that, three treatments varying the proportion of CA (rice husk):RFH (leftovers of raw fruits and vegetables) (70:30, 50:50, 30:70), (v: v) was applied in a home composting system in laboratory scale. The process was evaluated during 60 days through monitoring physical and chemical parameters, observation of the occurrence of undesirable parameters and also by phytotoxicity tests. The different proportions tested had effect in mixtures on the total nitrogen content, and at the end of the process, about the volume and weight of stabilized compost. The most significant effects during the 60 days were found for carbon/nitrogen ratio, moisture content and generation of leachate among the three treatments. As results, it was possible to determine the influence of the proportion of material in the mixture for composting, both in the degradation of organic matter, nitrogen losses in the process, as well as in sanitary conditions and the potential for toxicity in the germination of plant species. The proportion with less organic residues (30% CA) showed advantage in concentrations of mineral matter and total nitrogen supply, and also, carbon/nitrogen ratio within the optimum range for composting. On the other hand, the proportion of 70% of CA, seems to be a safer process from the sanitary point of view and that reached more easily biostabilization. As conclusion, can be said the study contributes to the improvement of operational criteria for household organic waste treatment processes. In this way, it is believed that more studies with home composting systems should be developed, looking for ways to enable the application of efficient and safe way to household technology, thus contributing to the solid waste management system and environmental sustainability.

Key-words: environmental impacts; municipal solid waste; household waste; home composting.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

1.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 16

1.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 16

2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 17

2.1 Processo de Compostagem ................................................................................ 17

2.1.1 Microbiologia .................................................................................................... 17

2.1.2 Temperatura ..................................................................................................... 18

2.1.3 Umidade ........................................................................................................... 18

2.1.4 Índice pH .......................................................................................................... 19

2.1.5 Aeração ............................................................................................................ 19

2.1.6 Relação Carbono/Nitrogênio ............................................................................ 20

2.1.7 Aspectos Sanitários e Impactos Ambientais ..................................................... 20

2.2 Compostagem Domiciliar como Alternativa da Fração Orgânica dos RSU ......... 21

2.3 Resíduos Utilizados ............................................................................................. 23

2.4 Sistema de Compostagem Domiciliar ................................................................. 24

2.5 Proporção de Resíduos em Misturas .................................................................. 27

3. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 29

3.1 Local do Experimento .......................................................................................... 29

3.2 Biorreatores ......................................................................................................... 29

3.3 Resíduos Utilizados e Alimentação dos Reatores ............................................... 30

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3.4 Delineamento Experimental ................................................................................ 30

3.5 Temperatura ........................................................................................................ 31

3.6 Parâmetros Indesejáveis ..................................................................................... 31

3.7 Amostras e Parâmetros Físico-Químicos ............................................................ 32

3.8 Índice de Germinação ......................................................................................... 33

3.9 Análise Estatística ............................................................................................... 34

4. RESULTADO E DISCUSSÃO ............................................................................... 35

4.1 Caracterização dos Resíduos de Frutas e Hortaliças e Casca de Arroz ............. 35

4.2 Redução em Peso e Volume ............................................................................... 36

4.3 Temperatura ........................................................................................................ 38

4.4 Umidade .............................................................................................................. 39

4.5 Parâmetros Indesejáveis ..................................................................................... 41

4.6 Matéria orgânica, Matéria mineral, Carbono orgânico, pH .................................. 43

4.7 Nitrogênio Total ................................................................................................... 44

4.8 Relação Carbono/Nitrogênio ............................................................................... 44

4.9 Índice de Germinação ......................................................................................... 46

5. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 49

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Definição e limites da compostagem domiciliar, incluindo entradas e saídas

do sistema ................................................................................................................. 25

Figura 2. Sistema de baixo custo, etapa de alimentação em reator (A) e etapa de

maturação em forma de pilhas (B) ............................................................................ 26

Figura 3. Reatores utilizados no sistema de compostagem domiciliar experimental. 29

Figura 4. Termômetro digital para registro da temperatura. ...................................... 31

Figura 5. Destilador utilizado para determinação do teor de NT por Kjeldahl. .......... 33

Figura 6. Incubação das sementes de Alface e Pepino para determinação do IG. ... 33

Figura 7. Caracterização quali-quantitativa em peso (%) dos RFH utilizados no

experimento. .............................................................................................................. 35

Figura 8. Redução do volume com diferentes proporções de CA:RFH ao longo do

tempo ........................................................................................................................ 36

Figura 9. Temperatura ambiente e a meia profundidade do material em

estabilização com diferentes proporções de CA:RFH ao longo do tempo ................ 38

Figura 10. Comportamento da umidade com diferentes proporções de CA:RFH ao

longo do tempo. ......................................................................................................... 40

Figura 11. Comportamento da geração de lixiviado acumulado com diferentes

proporções de CA:RFH ao longo do tempo............................................................... 42

Figura 12. Comportamento da relação C/N com diferentes proporções de CA:RFH ao

longo do tempo.. ........................................................................................................ 45

Figura 13. Comportamento do índice de germinação das sementes de alface (A) e

pepino (B) com diferentes proporções de CA:RFH ao longo do tempo ..................... 47

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Relação Carbono/Nitrogênio de resíduos comuns para compostagem

domiliciar. .................................................................................................................. 24

Tabela 2. Parâmetros físico-químicos dia 1, 13 e 60 dos resíduos orgânicos tratados

com diferentes proporções de CA:RFH. .................................................................... 37

Tabela 3. Resumo estatístico da ANOVA e análise de regressão dos parâmetros

avaliados ao longo do tempo submetidos à compostagem com diferentes proporções

de CA:RFH ................................................................................................................ 39

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

C Carbono

CA Casca de Arroz

CH4 Metano

CO Carbono Orgânico

IG Índice de Germinação

ME Material Estruturante

MM Matéria Mineral

MO Matéria Orgânica

MS Matéria Seca

N Nitrogênio

N2O Óxido Nitroso

NH3 Amônia

NT Nitrogênio Total

pH Potencial de Hidrogênio

RFH Resíduo de Frutas e Hortaliças

ROD Resíduos Orgânicos Domiciliares

RSU Resíduos Sólidos Urbanos

T Tratamento

U Umidade

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1. INTRODUÇÃO

A população mundial superou a marca de sete bilhões de indivíduos, sendo

que a maioria habita o meio urbano (Population Reference Bureal, 2011). No Brasil,

84% da população vive em centros urbanos, habitando metrópoles e outros milhares

de municípios de médio e pequeno porte (BRASIL, 2010b). As regiões brasileiras, e

até mesmo os bairros de uma cidade, podem apresentar múltiplas diferenças, seja

pela densidade populacional, ou por aspectos socioeconômicos, geográficos e

culturais, que resultam em condições sanitárias variadas pelo território nacional.

Nesse cenário, a geração per capita de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) é

estimada entre 0,77 na região Sul, até 1,24 kg/habitante/dia na região Sudeste

(ABRELPE, 2015). Somando-se a as outras regiões do pais, a geração diária

supera 200.000 toneladas, provenientes da limpeza urbana, domicílios e

estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços.

Devido os baixos índices de coleta seletiva e reciclagem na atual gestão de

RSU dos municípios brasileiros, a maior parte dos resíduos coletados é

encaminhada para disposição final, que é predominante em aterros sanitários.

Apesar de locais como esses buscarem atender a quesitos de controle e prevenção

da contaminação do ambiente (MONTAÑO et al. 2012), seu desempenho pode ser

prejudicado pelo aporte exacerbado de resíduos recebidos diariamente, resultando

em menor vida útil a essas dispendiosas obras de engenharia. Além disso, acidentes

e falhas podem levar ao vazamento de lixiviado, expondo nossos corpos hídricos a

um impacto ambiental potencialmente perigoso (HIRD, 2013).

Por outro lado, partindo do princípio de que toda matéria e energia fazem

parte de processos cíclicos de síntese e decomposição, diante das diversas

interações humanas e a realidade do ambiente que as sustenta, é necessário uma

abordagem que considere todas as etapas do ciclo de vida desses resíduos. A

implantação da Lei Nº 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos

(BRASIL, 2010a), vem formalizando os incentivos a melhoria da situação sanitária e

dos resíduos sólidos no Brasil. Suas diretrizes estabelecem prioritariamente a não-

geração e redução de resíduos, seguida do aproveitamento da parcela reutilizável,

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reciclável ou compostável, de forma que apenas rejeitos sejam dispostos nos aterros

sanitários.

A valorização desses resíduos pela reciclagem representa uma importante

forma de agregar valor e retornar esses materiais para o ciclo produtivo. Em relação

ao total de RSU gerados no Brasil, o percentual de reciclagem para principais

categorias com potencial de aproveitamento foi Metal (alumínio) 98,3%, Papelão

(73,3%), Vidro (47%), Papel (29%), Plástico (21,7%) e Matéria Orgânica (5%)

(CEMPRE, 2010).

Quanto ao aproveitamento dos materiais dos RSU, considerando o cenário

atual e as mudanças previstas em legislações, existe um grande potencial para

expansão das atividades de reciclagem no país. Tendo em vista que a composição

dos RSU incluiu 52% de matéria orgânica (ABRELPE, 2013), essa categoria de

resíduos se destaca e ocupa duas posições distintas comparando com as demais,

pois representa o maior índice de geração e menor de reciclagem.

Dessa forma, fica evidente que o tratamento dessa fração é indispensável

para eficiência da gestão ambiental das municipalidades brasileiras, principalmente

pela capacidade de evitar ou diminuir dezenas de milhares de toneladas que

possam ser desperdiçadas diariamente em aterros sanitários. Em cenários como

este, Chan et al. (2010) ressaltam a importância da compostagem domiciliar como

ferramenta na gestão do RSU de pequenos municípios, o que pode ser adaptado

para realidade brasileira, que tem o maior numero de municípios com população

inferior a 50 mil habitantes (BRASIL, 2010b). Ademais, nosso país apresenta uma

vocação agrícola notória, onde há ampla possibilidade para reciclagem desses

resíduos e posterior uso do composto como adubo orgânico, vantagem que pode

ajudar a diminuir a forte dependência da agricultura nacional com a importação de

fertilizantes (BRASIL, 2011).

Nesse cenário, destaca-se também a geração de resíduos agrícolas, como a

casca de arroz, que o estado do Rio Grande do Sul atinge 1.200.000 ton/ano, sendo

um dos maiores produtores mundiais (RIO GRANDE DO SUL, 2014). Para o

tratamento desse material, a compostagem também pode ser vista como alternativa,

pois devido suas características físico químicas, esse material celulósico pode ser

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utilizado como material estruturante no processo de degradação de outros resíduos

(PAZ et al., 2012)

Apesar de não ser empregada em todo o território nacional e, alvo de debates

de viabilidade econômica de implantação e manutenção da atividade, a

compostagem apresenta uma série de vantagens, pois a reciclagem deste material

pode promover resultados diretos e indiretos nas áreas econômica, social, sanitária

e na segurança alimentar de uma cidade ou região. Tanto no Brasil, como no

exterior vem sendo indicado como uma das mais recomendadas formas de

aproveitamento da matéria orgânica proveniente dos RSU e outros resíduos (SILVA,

2009; UN-HABITAT, 2010).

A compostagem funciona através da decomposição biológica do material por

ação de bactérias, fungos e actinomicetos em meio aeróbio, que resulta no final do

processo, na estabilização da matéria orgânica e produção de húmus (CORRÊA et

al., 2012a). Devido às alterações físicas, químicas e biológicas que ocorrem nesse

processo, o composto final produzido favorece a qualidade do solo, uma vez que,

possui teores de micro e macro nutrientes, alta capacidade de troca de cátions,

propriedades cimentantes, e também, por aumentar a atividade da microbiota

presente no solo (PEREIRA NETO, 2007).

Do ponto de vista agronômico, a aplicação do material compostado na

produção agrícola favorece o sistema solo-planta, auxiliando no suprimento de

nutrientes, no sequestro de carbono, na supressão de pestes e doenças e no

controle da erosão do solo (BLANCO et al., 2013). Dessa forma, além de auxiliar na

substituição de fertilizantes minerais, a compostagem pode favorecer o cultivo de

hortas, projetos paisagísticos, reflorestamento e recuperação de solos degradados

(ANDERSEN et al., 2010; FARREL e JONES, 2009; SMITH e JASIN, 2009). Em

síntese, o uso do composto no solo é um dos principais benefícios em adotar a

compostagem em um sistema de gestão de resíduos, seja aplicado a compostagem

domiciliar ou em escala centralizada (ANDERSEN et al., 2012; BOLDRIN et al.,

2011, SAER et al., 2013).

Entretanto, a escolha dos métodos mais adequado para o tratamento dos

resíduos sólidos orgânicos de uma cidade depende, entre outros fatores, da

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dimensão demográfica das cidades, do investimento de recursos públicos, e ainda,

da participação dos indivíduos da sociedade (ADHIKARI et al., 2010). Nessa

perspectiva, alguns estudos indicam a compostagem domiciliar como alternativa

promissora para reciclagem da fração orgânica gerada em domicílios (ADHIKARI et

al., 2010; COX et al., 2010; EVANS, 2012; KLIOPOVA e STANEVIČIŪTĖ, 2013;

SHARP et al., 2010).

Nesse viés, esse trabalho propõe o estudo da compostagem em reatores de

pequena escala e investigação da influência de práticas de manejo na estabilização

de materiais orgânicos.

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1.1 Objetivo Geral

Avaliar o desempenho do processo de compostagem utilizando diferentes

proporções de material estruturante e resíduo orgânico, através do monitoramento

de parâmetros indesejáveis, físico-químicos e fitotoxicológicos.

1.2 Objetivos Específicos

-Realizar o estudo em escala de bancada, sob condições operacionais e

ambientais de um sistema de compostagem domiciliar;

-Utilizar a casca de arroz como material estruturante para compostagem de

resíduos orgânicos constituído de frutas, legumes e verduras;

-Avaliar a evolução dos parâmetros físico-químico durante o processo de

compostagem e no composto final;

-Avaliar as características fitotóxicas durante o processo de compostagem;

-Monitorar a presença de vetores, odores desagradáveis e emissão de

lixiviado durante o processo de compostagem;

-Determinar a proporção ideal de material estruturante e resíduo orgânico

durante o processo de estabilização dos resíduos;

-Fomentar a aplicação da compostagem domiciliar como alternativa de

tratamento da fração orgânica dos RSU.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Processo de Compostagem

A decomposição controlada de restos vegetais e animais, que imita os

processos que acontecem na natureza, é uma técnica antiga, aplicada para

transformar materiais orgânicos crus e imaturos em composto rico em húmus e

propício para aplicação em terras agrícolas (HOWARD, 2007).

Segundo Kiehl (2004), considerado um dos maiores especialistas em

compostagem, existem três fases comuns nos variados métodos de aplicação da

tecnologia, as quais podem ser determinadas por diferentes características da

massa em degradação ao longo do tempo. A primeira fase inicia assim que os

materiais são misturados e encaminhados para os reatores ou pátio de

compostagem, onde sob condições adequadas, os microrganismos iniciam o

consumo da matéria de fácil degradação, utilizando principalmente compostos

solúveis prontamente disponíveis e parte da celulose, o que leva a multiplicação

exponencial de bactérias, liberação intensa de calor, gás carbônico e água

(DOUBLET et al., 2011).

Após as fontes de carbono mais imediatas serem exauridas, inicia-se a

segunda fase, denominada de bioestabilização, quando é comum o ataque

microbiano nas frações mais resistentes, como a hemicelulose e lignina (CORRÊA et

al., 2012b). Na última fase do processo, ocorre a humificação, onde a fração lignina,

os produtos mineralizados e a biomassa morta dos microrganismos, resultam na

formação de húmus, o que fornece um composto com coloração escura, cheiro de

terra e grande capacidade de retenção de água e nutrientes (PEREIRA NETO,

2007).

2.1.1 Microbiologia

Os organismos decompositores que atuam na compostagem são na sua

maioria bactérias, fungos e actinomicetos, sendo a temperatura, índice Potencial de

Hidrogênio (pH), nutrientes e oxigênio alguns dos fatores relevantes na taxa de

crescimento das populações nas diferentes etapas do processo (CORRÊA et al.,

2012c).

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Além desses fatores que afetam diretamente a microbiota durante o processo,

Inácio e Miller (2009) ressaltam a importância de outros fatores relativos ao preparo

dos resíduos utilizados, como a proporção da mistura, posição de camadas de

diferentes materiais e as características químicas e físicas, que são determinantes

no fluxo de ar, vapor d’agua e retenção de calor na massa em decomposição.

O ajuste desses fatores resulta em condições propicias para o

desenvolvimento da microbiota original dos próprios resíduos, liberando já nos

primeiros dias, metabolitos e energia térmica, capaz de elevar e manter altas

temperaturas na massa em degradação (CHANG e HSU, 2008).

2.1.2 Temperatura

A temperatura no material é tanto consequência, como também, determinante

da atividade microbiana (INÁCIO e MILLER, 2009). Na primeira fase da

compostagem, a presença de bactérias termofilicas e outros organismos, pode fazer

com que a temperatura alcance valores superiores a 60°C (CORRÊA et al., 2012c).

Após certo estágio de decomposição, a temperatura declina para fase

mesófila, indicando o início da estabilização do composto, mantendo-se pelo período

de degradação subsequente, até atingir a temperatura ambiente, quando o

composto se encontra em estágios de maturação mais avançados (KIEHL, 2004).

2.1.3 Umidade

O teor de umidade afeta a atividade microbiológica, assim como a estrutura

física no processo de compostagem. Por um lado, baixos teores limitam a taxa de

biodegradação, enquanto altos teores afetam a agregação de partículas, e a

porosidade da estrutura e a permeabilidade dos gases na massa em degradação,

podendo limitar o quantidade de oxigênio disponível para o crescimento microbiano

aeróbio (RICHARD et al., 2002).

Apesar da faixa ótima indicada ser em torno de 40 a 60%, os valores de

umidade são variados na compostagem, não existindo um teor universal, pois cada

material tem características particulares, e isso afeta a relação entre teor de

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umidade e os fatores correlacionados, como disponibilidade de água, tamanho de

partícula, porosidade e permeabilidade (MAKAN et al., 2013).

Os ajustes na fração orgânica úmida encaminhada para compostagem são

feitos principalmente pela adição e mistura com um ou mais material estruturante

(ME), como palhas, serragem, casca de arroz, etc., ou, pela adição de água, de

acordo com as características iniciais dos resíduos e também mediante as variações

decorrentes da primeira fase da compostagem (CHANG e CHEN, 2010).

2.1.4 Índice pH

Segundo Pereira Neto (2007), a compostagem pode ser desenvolvida numa

faixa bem ampla de pH, entre 4,5 e 9,5, sendo valores extremos naturalmene

regulados pelos microrganismos.

Geralmente nos processos de compostagem, no inicio da decomposição dos

resíduos ocorre formação de ácidos orgânicos derivados de materiais carbonáceos,

que promovem uma redução no valor do pH (KIEHL, 2005). Com o desenvolvimento

de microrganismos capazes de utilizar tais ácidos como substrato, são liberados

compostos básicos, gerando reações alcalinas, o que favorece a elevação do pH

acima de 8 no final do processo, sendo característica de um composto maturado

(KIEHL, 2004).

2.1.5 Aeração

A taxa de aeração é responsável por suprir oxigênio suficiente para

degradação aeróbia durante a compostagem, afetando o processo e a qualidade do

composto final (GAO et al., 2010). Pouca aeração pode levar a condições

anaeróbias, enquanto uma taxa muito alta pode levar ao resfriamento excessivo do

material, o que pode dificultar o desenvolvimento da fase termofílica e as ótimas

taxas de decomposição (AHN et al., 2007).

Entre as formas de aeração, destaca-se técnicas como ciclos periódicos de

revolvimento do material de forma manual ou mecanizada e aeração forçada com

injeção de oxigênio através de tubulações internas no substrado (SAITHEP et al.,

2009).

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Outro método é o de aeração passiva, no qual a troca de gases é favorecida

pela estrutura dos resíduos destinados a compostagem, sendo fatores importante a

quantidade de ME, tamanho das partículas e geometria do material em

decomposição, que combinados definem a capacidade da leira em suprir oxigênio

ao sistema (LIU e PRICE, 2011).

2.1.6 Relação Carbono/Nitrogênio

Estudos recentes tem conseguido eficiência em relações Carbono/Nitrogenio

relativamente baixas, porém é inerente ao funcionando dos microrganismos retirar

da matéria orgânica sempre na relação de trinta partes de Carbono (C) para uma

parte de Nitrogênio (N), sendo uma faixa ótima entre 25:1 a 35:1 mais utilizada para

início do processo de compostagem (KUMAR et al., 2010).

Na compostagem de resíduos ricos em N, os materiais estruturantes

misturados podem fornecer, além de estrutura, também celulose e lignina suficiente

para elevar essas relações e suprimir possíveis perdas de N ao longo do processo

(AMLINGER et al., 2008).

Ao longo da decomposição e consumo do C, essas relações decaem na fase

de bioestabilização, estabilizando em 10/1 quando atinge um composto maturado

ideal, caracterizado pela predominância de húmus (California Compost Quality

Council, 2001).

2.1.7 Aspectos Sanitários e Impactos Ambientais

A compostagem é uma atividade que reduz os impactos ambientais na gestão

de resíduos, uma biotecnologia que transforma resíduos orgânicos em um beneficio

ambiental (INÁCIO e MILLER, 2009). Entretanto, ainda é necessário considerar

possíveis impactos ambientais negativos relacionados com a falta de critério de

operação, que podem resultar na emanação de odores, atração de vetores e

produção de lixiviados (PEREIRA NETO, 2007). Nesse sentido, sugere-se entre os

parâmetros para avaliação e monitoramento do processo de compostagem, a

observação de ocorrência de parâmetros indesejáveis, como presença de odores

desagradáveis e/ou amoniacais, formação de chorume e presença de moscas e

larvas (COSTA et al. 2009).

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Processos de compostagem com pouco taxa de aeração, configurações

geométricas inadequadas, encharcadas, podem favorecer o processo de

fermentação anaeróbia, que por consequência, libera mau cheiro na atmosfera na

forma de gás sulfídrico e mercaptanas (dimetilsulfeto, dimetildisulfeto,

metilmercaptanas) e outros produtos contendo enxofre, todos com cheiro

característico de ovo podre (KIEHL, 2004).

O amoníaco é um dos principais compostos responsáveis pela emissão de

odores ofensivos e poluição atmosférica, geralmente emanados em processos da

compostagem que uiltizam de resíduos orgânicos com altos teores de nitrogênio

(PAGANS et al., 2006). Amônia (NH3) é um gás incolor, tóxico, de odor acre,

pungente, sendo facilmente detectável no ambiente pelo ser humano (SAMPAIO et

al., 2006)

A possível emissão de lixiviado, resultante do excesso de umidade dos

resíduos nas fases inicias do processo de compostagem, pode incorporar altas

concentrações de macro e micronutrientes, carrear sólidos em suspensão e

microrganismos para fora do sistema de compostagem (PEREIRA NETO, 2007).

Outro possível efluente, é o chorume, derivado de processos anaeróbicos, pode

apresentar potencial poluidor pela alta Demanda Bioquímica de Oxigênio e

Demanda Química de Oxigênio, e ainda, elevadas concentração de amônio e nitrato,

que se despejado em águas superficiais, pode levar a redução brusca de oxigênio

dissolvido, toxicicida a peixes e processos de eutrofização (INÁCIO e MILLER,

2009).

Em relação aos vetores, a presença de mosca doméstica é comum, pois

esse vetor encontra nos resíduos orgânicos um meio biológico para proliferação,

podendo produzir o larvas em questão de dias e indivíduos adultos em menos de

duas semanas – o que pode comprometer o processo em casos que não se atinja

temperaturas superiores a 45ºC, ou, naqueles onde não há controle da atração

desses vetores através de práticas de manejo (KIEHL, 2004)

2.2 Compostagem Domiciliar como Alternativa da Fração Orgânica dos RSU

O termo Resíduos Orgânicos Domiciliares (ROD) utilizado nesse trabalho,

refere-se aos resíduos orgânicos que são gerados nos domicílios. Este abrange os

resíduos gerados em estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços

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quando equiparados quanto a natureza, composição e volume com os resíduos

domiciliares (BRASIL, 2010a). Os ROD são incluídos nas estimativas dos RSU, que

alem das fontes geradoras já citadas, abrange ainda os resíduos dos serviços de

limpeza pública (ABRELPE, 2015). Com os dados disponíveis na literatura e o

percentual de materiais orgânicos estimados para o RSU brasileiro, o índice de

geração per capita de resíduos orgânicos nas regiões brasileiras é calculado em 0,4

a 0,7 kg/habitante/dia.

Como uma parcela significativa dos RSU é constituída de resíduos orgânicos

e gerada em domicílios, a técnica de compostagem domiciliar é uma alternativa de

tratamento a ser considerada para o reciclagem da fração que corresponde aos

ROD, pois caracteriza-se por um processo natural de decomposição biológica,

controlável e operado in situ. Isso significa que os restos e sobras de frutas, legumes

e hortaliças são os materiais viáveis no processo; que essa tecnologia pode ser

aplicada nas mediações dos próprios domicílios; e ainda, que pode ser necessário o

uso de outros materiais ou técnicas de manejo para manter o substrato livre de

encharcamento e com porosidade suficiente (STONE, 1990).

Em relação a logística que envolve o gerenciamento dos RSU, cabe destacar

que a compostagem domiciliar apresenta menor gasto energético e de recursos

quando comparado com os demais métodos de aproveitamento, uma vez que, no

mesmo local onde é gerado o resíduo, é realizada a reciclagem da matéria prima e

também o uso do composto maturado (ANDERSEN et al., 2011).

Dessa forma, são eliminados investimentos com transporte (“passeio do lixo”),

infraestrutura e custos operacionais, caracterizando um processo de baixo impacto

inerente à emissão de gases de efeito estufa, diminuição da camada de ozônio,

acidificação, eutrofização e toxicidade de ambientes (BLANCO et al., 2010; COLÓN

et al., 2010; LLEÓ et al., 2013).

Além de potencial para baixos impactos atribuídos ao manejo do resíduo e

dos benefícios devido ao uso de composto no solo, a compostagem domiciliar

também pode favorecer mínimas emissões de metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e

NH3 durante processo de decomposição e transformação do resíduo (ADHIKARI et

al. 2013; ANDERSEN et al., 2010; LUNDIE e PETERS, 2005). Para isso, os

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parâmetros que influenciam na compostagem precisam ser controlados, buscando

aumentar a eficiência do processo, minimizar emissões de gases de efeito estufa e

resultar em um composto final igual ou melhor que o produzido pela compostagem

centralizada (BARRENA et al., 2014).

2.3 Resíduos Utilizados

Diferente da compostagem centralizada, nesse sistema é importante uma

maior seleção dos materiais orgânicos utilizados, evitando alimentos gordurosos e

restos de proteína animal, como carne e queijos, que exalam odores desagradáveis

na sua degradação (COLÓN et al., 2010). Fezes de animais não devem ser

utilizadas devido às implicações sanitárias relacionadas com atração de vetores e

contaminação por patógenos. Alimentos com sal também são restritos, pois altos

teores de Cloreto de Sódio (NaCl) resultam em ação inibitória frente aos

microrganismos responsáveis pela degradação e pode ser tóxica a vida vegetal

(KIEHL, 2005).

O ROD pode ser constituído principalmente de cascas e sobras de frutas,

legumes e hortaliças, que são de rápida decomposição, e ainda, representam a

maioria do resíduos na fração orgânica dos RSU (BLANCO et al., 2010, KLIOPOVA

e STANEVIČIŪTĖ, 2013). Restos de alimentos cozidos, como macarrão e arroz são

utilizados em menor proporção (KARNCHANAWONG e SURIYANON, 2011;

TATÀNO et al., 2015).

Podas de jardim trituradas, grama, folhas secas, lascas de madeiras são

exemplos de materiais estruturantes utilizados na compostagem domiciliar

(ADHIKARI et al., 2013; LLÉO et al., 2013). O uso é indicado no ajuste da umidade

por se tratarem de materiais secos e de estrutura mais rígida, que por sua vez,

diminuem a compactação da massa em degradação, e assim, facilitam a aeração

(CHANG e CHEN, 2010).

Em relação à área da superfície das partículas, quanto mais fragmentado a

matéria prima, maior será a área sujeita ao ataque microbiano (CORRÊA, 2012d).

Por outro lado, a granulometria da partículas deve manter a porosidade da estrutura,

sendo assim, indicado partículas com diferentes tamanhos, de modo a favorecer,

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tanto a ação dos microrganismos, quanto difusão dos gases do sistema (INÁCIO e

MILLER, 2009).

Como comentado anteriormente, a relação C/N é um dos fatores

fundamentais para o desenvolvimento microbiano durante o processo, sendo útil

conhecer essas características de modo a estabelecer misturas eficientes. Tatàno et

al. (2015) atribui a diferença na relação C/N devido as variações entre os materiais

adicionados, sendo que relações elevadas tem como consequência menor taxas de

degradação, e consequentemente, humificação alcançada com mais tempo de

maturação. Na Tabela 1 são apresentados a relação C/N de alguns resíduos

comuns na compostagem domiciliar.

TABELA 1. Relação Carbono/Nitrogênio de resíduos comuns para compostagem domiliciar

Material Relação C/N

Sobras de cascas de frutas e vegetais a

25/1

Resíduos de cozinha b 15/1 a 40/1

Lascas de madeira c 48/1

Fibras de abacaxi 44/1

Grama batatais 36/1

Capim-colonião 27/1

Bagaço de Laranja 18/1

Serrapilheira 17/1

Folhas de mandioca 12/1

Fonte: aCólon et al, 2010;

bChang e Hsu, 2008;

cAdhikari et al. 2013. Oliveira, et al (2008) /Embrapa

(1998).

2.4 Sistema de Compostagem Domiciliar

O sistema escolhido deve ser projetado para compostar a geração de

resíduos orgânicos provenientes do preparo e consumo de alimentos pelos

residentes do domicilio, considerando uma geração diária e continua. A frequência

de alimentação no sistema adotado nesses estudos, varia de dias ou semanas, o

que na prática vai depender da capacidade do dispositivo de acondicionamento

(“lixeira”) de resíduos orgânicos utilizado no interior do domicílio.

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Na Figura 1 são apresentados as principais etapas de um sistema de

compostagem domiciliar, o que inclui: dispositivo de acondicionamento para os

ROD; os instrumentos e infraestrutura utilizados nas distintas etapas; oxigênio e

água consumidos; e ainda, os subprodutos gerados durante o processo. Uma das

premissas do ponto de vista sanitário, é o uso de composteiras (reatores aeróbios;

dispositivos de materiais resistentes) para diminuir o efeito de ações externas no

sistema e evitar a atração de vetores (ABBATANGELO, 1991; ANDERSEN et al.,

2010).

Figura 1. Definição e limites da compostagem domiciliar, incluindo entradas e saídas do sistema. (ROD – Resíduos Orgânicos Domiciliars; ME – Material Estruturante). Fonte: Adaptado de Blanco et al. 2010; Kliopova e Stanevičiūtė, 2013.

Os biorretores utilizados no processo podem variar em relação ao volume,

material de composição (plástico, madeira, metal), forma (retangular, quadrada,

cilíndrica, troco de cone), cores, aberturas, e mecanismos para suprimento de ar a

fim de garantir as condições aeróbias do processo (KLIOPOVA e STANEVIČIŪTĖ,

2013).

Em estudo com diferentes configurações de compostagem domiciliar, indica

que reatores de polietileno com aeração passiva, através de aberturas laterais, pode

emitir concentrações de N2O inferiores à media da compostagem em escala

centralizada, por kg de resíduo tratado (ADHIKARI et al., 2013). Entre as formas de

realizar a troca de gases produzidos no processo, Karnchanawong e Suriyanon

(2011) em seu estudo apresentam reatores cilíndricos com 200 L, com ventilação

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lateral através de furos retangulares, ventilação vertical através de tubulações

internas perfuradas e/ou funis para convergência do ar em fluxo ascendente.

Entre os mais como comum estão os reatores de polietileno ou polietileno

reciclado com características variadas, como os reatores retangulares, com volumes

de 500, 288 e 220 L e aeração passiva lateral através de aberturas (BLANCO et al.,

2010; CHAN et al., 2010; CÓLON et al., 2010; LLÉO et al., 2013), e reatores na

forma de tronco de cone, com 320-310 L e mecanismos de aeração passiva no fluxo

vertical (Andersen et al., 2010; Tatàno et al., 2015) - sendo, nos exemplos citados,

comum a utilização de ferramenta para mistura e aeração manual do material, e

ainda, um compartimento na base para retirada do composto final.

Existem também reatores mais completos, como o reator proposto por

Papadopoulos et al. (2009), com aeração manual mecanizada, capaz de atingir a

fase termofílica com menos de 66 L, conta com diferentes compartimento para

diferentes etapas do processo, como adição de resíduos, processo de

compostagem, coleta e retirada do composto maturado, e ainda, outro para coleta e

retirada de lixiviado.

Em estudo realizado por Guidoni et al. (2013), foi desenvolvido um sistema

domiciliar de baixo custo, caracterizado conforme a Figura 2, por primeira etapa (A)

em reator cilíndrico metálico de 250 L, com aeração passiva com furos laterais e

aeração manual, operado por processo de batelada até o preenchimento do volume

útil; seguido da segunda etapa (B), onde o composto segue para fase de maturação,

sem adição de novos resíduos, e em forma de pilha cônica com 1 m² de área.

Figura 2. Sistema de baixo custo, etapa de alimentação em reator (A) e etapa de maturação em forma de pilhas (B). Fonte: GUIDONI et al, (2013).

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2.5 Proporção de Resíduos em Misturas

Em sistemas de compostagem instalados em residências, a maior diferença

no processo é em relação ao resíduo utilizado, pois são individuais, e portanto,

diferente em cada domicílio (ANDERSEN et al., 2012). Considerando ainda

experiências praticas com reatores instalados em domicílios, Chan et al. (2010)

relata a dificuldade em registrar as proporções utilizadas, limitando interpretações

em relação a eficiência do processo e a proporção do resíduo utilizado

A proporção entre a mistura de resíduos e substrato aerador, esta entre os

critérios de manejo que devem ser estabelecidos na compostagem domiciliar, pois,

de maneira geral, ajudam no desenvolvimento microbiano, aceleram o processo e

diminuem as possíveis emissões de gases poluentes, lixiviado, atração de vetores e

maus odores (ADHIKARI et al., 2013; AMLINGER et al., 2008).

Estudos com composteiras controladas em laboratório estimam índices de

geração de resíduos por domicilio entre 1,2 e 2 kg/dia (BLANCO et al., 2010,

COLÓN, 2010; LLÉO et al., 2013). Em estudos realizados diretamente em

domicílios, realizado por Andersen et al. (2010) e Tatàno et al. (2015), foram

encontrados índices entre 0,3 a 0,7 kg/domicilio/dia.

Em seu estudo, Chang e Chen (2010) avaliaram, em escala piloto, diferentes

misturas de compostagem com ME e ROD, concluindo que a casca de arroz foi o

substrato mais promissor testado como ME, quando comparado com serragem e

farelo de arroz (1,8:1, ROD:ME, m:m). Os autores enfatizam que a escolha

adequada do ME é um dos aspectos fundamentais para eficiência na compostagem,

e também, destacam que a escolha depende tanto da disponibilidade do material na

região, como da capacidade de absorção de água, capacidade estruturante e

porosidade do mesmo.

Baixas quantidades em peso de ME na mistura (15:1 – 20:1, ROD:ME, m:m),

pode levar a emissões de gases de efeito estufa (CH4 e N2O) e geração significante

de lixiviado durante o processo (ANDERSEN et al., 2010). Blanco et al.(2010)

utilizando proporções de 2,7:1 (ROD:ME, m:m), teve problemas com o teor de

oxigênio disponível na leira, atribuindo a ineficiência da aeração passiva fornecida

pelo sistema. Adhikari et al. (2013) com proporções 1,5:1 (ROD:ME, v:v) alcançou

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maiores taxas de biodegrabilidade, avaliado por testes de respirometria. Lléo et al.

(2013) e Cólon et al. (2010), respectivamente com proporções 1:1 e 1,3:1 (ROD:ME,

v:v) levou a pouca ou nenhuma geração de lixiviado.

Mediante o exposto, para atingir os benefícios da compostagem domiciliar é

fundamental que o processo de degradação da matéria orgânica seja conduzido de

maneira eficiente. Nessa direção, Tucker et al. (2003) e Edgerton et al. (2009),

afirmam que o conhecimento sobre o processo é essencial para promover a

expansão e sustentabilidade da tecnologia aplicada ao tratamento da fração

orgânica do RSU.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Local do Experimento

O experimento foi conduzido na região sul do Brasil (Latitude: 31°48’ S;

Longitude: 52°24’ O), nas mediações de um campus universitário da Universidade

Federal de Pelotas. O estudo teve duração de 60 dias (de dezembro a janeiro),

durante a estação quente (verão) no hemisfério sul. Os reatores foram operados

simultaneamente e dispostos aleatoriamente em ambiente com condições similares

a sistemas aplicados em domicílios. Para isso, os reatores foram instalados em local

de acesso restrito a terceiros e animais, abrigado de sol e chuva, com piso de

alvenaria e grades nas laterais que garantem a ventilação natural e operação em

temperatura ambiente.

3.2 Biorreatores

Os reatores utilizados foram constituídos de polietileno, em formato de tronco

de cone, contendo tampa (Figura 3). As dimensões dos biorreatores eram de 0,40m

de diâmetro maior, 0,32m de diâmetro menor e 0,5m de altura, com uma capacidade

de 50 L. A capacidade máxima útil foi definida em 40L, deixando assim uma margem

livre para revolvimento manual do substrato, sendo efetuadas com auxílio de

ferramenta para mistura.

Os reatores foram perfurados radialmente em quatro alturas (0,05m, 0,15m,

0,25m e 0,45m) para difusão dos gases, sendo os orifícios de 0,005m de diâmetro,

totalizando 25 furos por altura. Para inicio da operação, foram fixados em um

estrado de madeira e na base foi acoplado um coletor com capacidade de

armazenamento de 0,5 L, utilizado para recolher eventual produção de lixiviado.

Figura 3. Reatores utilizados no sistema de compostagem domiciliar experimental.

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3.3 Resíduos Utilizados e Operação dos Reatores

Para obter um resíduo homogêneo e similar ao ROD, no experimento foi

utilizado um resíduo de frutas e hortaliças (RFH), coletado no setor de preparo do

Restaurante Universitário, sendo sua composição e densidade (kg.m-3) determinada

por gravimetria, seguindo metodologia descrita por Peruchin et al. (2013). Para

tanto, diariamente durante 5 dias o material foi segregado sob uma área

impermeabilizada de 4m2, onde cada constituinte foi pesado. O material estruturante

escolhido foi a casca de arroz (CA) por ser disponível em abundancia na região e

por suas características, como rigidez, formato e granulometria favoráveis ao

processo.

O período experimental buscou avaliar as fases mais intensas do processo,

onde ocorre o maior numero de operações e possíveis impactos ambientais,

conforme o fluxograma da Figura 1. Portanto, dividiu-se o experimento em duas

etapas, a primeira durante os primeiro 12 dias para alimentação dos reatores, onde

ocorreu nos dias da semana (10 dias) a incorporação da mistura CA:RFH,

buscando simular a operação dos reatores conforme ocorre na pratica em

domicílios. O período restante de 48 dias, sem a adição de novos resíduos, foi

destinado ao monitoramento do processo de estabilização das misturas adicionadas.

Durante toda operação, foi realizado o revolvimento manual (duas vezes por

semana) do material com auxilio do instrumento para mistura. Não houve correção

da umidade com irrigação de H2O.

3.4 Delineamento Experimental

As proporções adotadas entre CA:RFH foram 70:30 para Tratamento (T) 1,

50:50 para T2 e para T3 adotou-se a proporção 30:70 (v:v).

O experimento foi conduzido seguindo delineamento completamente

casualizado, com três repetições, em planejamento bifatorial, onde o fator A de

tratamento foi “tempo de processo” (1; 4; 10; 13; 18; 25; 29; 32; 39; 43; 53; 60 dias)

e o fator B foi “proporção CA:RFH” (70:30, 50:50, 30:70). As variáveis respostas

foram divididas em dois grupos, sendo que o primeiro foi avaliado somente em

relação ao fator “proporção”, compõe esse grupo os parâmetros: Matéria Orgânica

(MO), Matéria Mineral (MM), Matéria Seca (MS), pH, Carbono Orgânico (CO) e

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Nitrogênio Total (NT). Outro grupo de variáveis respostas foi avaliado perante ambos

os fatores de tratamento, os parâmetros foram: Umidade (U), relação

Carbono/Nitrogênio (C/N), Índice de Germinação (IG) de sementes de alface e de

sementes de pepino. Paralelamente, foram coletadas as temperaturas do meio do

reator e monitorado os parâmetros indesejáveis duas vezes por semana ao longo do

experimento.

A etapa de alimentação iniciou com uma camada fina de CA preenchendo a

base do reator. Nove reatores foram operados simultaneamente, e as misturas

foram adicionadas por batelada, nas descritas proporções. A taxa de alimentação foi

4 L por reator, até totalizar um volume adicionado equivalente ao da capacidade

máxima útil (40 L), encerrando no dia 12 do estudo. Após o período de alimentação,

o material permaneceu dentro dos reatores por mais sete semanas, finalizando o

estudo no 60º dia.

3.5 Temperatura

O registro da temperatura dentro reatores e do local ambiente de operação

ocorreu através de termômetro digital com haste em inox (Incoterm®, Figura 4), com

precisão de ± 0,1°C. Foi verificada a temperatura em três pontos a meia

profundidade do material em compostagem, sempre antes do revolvimento.

Figura 4. Termômetro digital para registro da temperatura.

3.6 Parâmetros Indesejáveis

Análise qualitativa para observação da presença de moscas, larvas, odores

amoniacais e sulfídricos, dentro dos reatores, foi realizado durante o estudo

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adaptando a metodologia utilizada por Costa et al. (2009) e Lleó et al. (2013). O

monitoramento dos parâmetros indesejáveis ocorreu por meio de escala linear não

estruturada de 0-9, ancoradas em “0 – ausência” e “9 – extrema presença”, avaliado

sempre pelo mesmo observador e no mesmo horário. O volume de lixiviado gerado

e acumulado no coletor do reator foi quantificado com uso de uma proveta e

posteriormente descartado do sistema.

3.7 Amostras e Parâmetros Físico-Químicos

Para obtenção de uma amostra homogênea, o material foi retirado de três

pontos aleatórios da superfície, do centro e do fundo do reator, após misturados,

uma alíquota de 50 g foi tomada como elemento analítico. As análises descritas a

seguir foram realizadas em triplicata.

-pH: foi determinado em pHmetro digital e o teor U, e por diferença o teor de

MS, foi determinada por secagem em estufa a 105ºC seguida de análise

gravimétrica (AOAC, 1995).

-MO: foi calculado a partir do teor de cinzas (MM), que por sua vez foi obtida

por análise gravimétrica, onde a amostra foi calcinada e incinerada em mufla

(AOAC, 1995). O CO contido nas amostras foi estimado através da razão entre o

teor de MO e fator de conversão, proposto por Jiménez e Garcia (1992).

-NT: foi determinado pelo método de micro-kjeldahl, adaptado de Marques et

al. (2013), calculado segundo a Equação 1. Nesse procedimento, aproximadamente

0,5g de amostra sólida seca e macerada foi digerida sob presença de mistura

catalisadora e ácido sulfúrico, em temperatura inicial de 50 ºC, gradativamente

elevada a 360ºC e mantida até a viragem da cor preta para cor esverdeada. Após

resfriamento natural, a solução ácida foi neutralizada com hidróxido de sódio e em

seguida transferida por destilação (destilador modelo Tecnal® TE-0363, Figura 5)

para solução contendo ácido bórico e indicador misto. Finalmente, a amostra foi

titulada com ácido clorídrico (HCl).

NT (%) =(Va-Vb) x F x 0,1 x 0,014 x 100 / P Equação 1

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33

onde “Vb” é o volume gasto na titulação do branco e “F”, o fator de correção

para o HCl 0,1 mol.L-1 utilizado, “Va” o volume de HCl 0,1 mol.L-1 gasto na titulação

e P é a amostra seca e macerada.

O calculo da relação C/N foi realizado pela divisão dos teor de C pelo de N

(TEDESCO et al., 1995).

Figura 5. Destilador utilizado para determinação do teor de NT por Kjeldahl.

3.8 Índice de Germinação (IG)

O IG foi determinado para sementes de alface (Lactuca sativa) e pepino

(Cucumis sativus), considerando o efeito do extrato das amostras diluído em H2O

(1:10, v:v) na germinação de sementes e comprimento das raízes incubadas por 48

horas (Figura 6), em comparação com esse índice para sementes expostas a água

destilada (controle).

Figura 6. Incubação das sementes de Alface e Pepino para determinação do IG.

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34

Conforme detalhado por Gao et al. (2010), o IG percentual foi calculado

através da Equação 2.

IG % = (Gm x Lm) x 100 / (Gc x Lc) Equação 2

onde “IG%” é o índice de germinação das sementes expresso em porcentagem,

“Gm” é o número de sementes germinadas, “Lm” a longitude das raízes da amostra,

“Gc” o número de sementes germinadas na análise controle e “Lc” a longitude das

raízes no controle.

3.9 Análise Estatística

Os dados tabulados tiveram sua normalidade testada pelo teste de Shapiro-

Wilk, sua homocedasticidade pelo teste de Hartley e a independência dos resíduos

por análise gráfica. Atendendo a esses pressupostos, foi dado seguimento a análise

de variância pelo teste F (p<0,05). Em caso de significância estatística para o grupo

de variáveis avaliadas somente em relação às proporções de CA:RFH, foi aplicado

teste de Duncan (p<0,05). Detectado significância estatística para a avaliação da

variação do IG de sementes de alface e pepino, relação C/N e U do resíduo tratado

com diferentes proporções de CA:RFH ao longo do tempo, foi aplicada análise de

regressão utilizando ajuste aos modelos polinomiais descritos nas Equações 3 e 4.

Y = y0 + ax + bx2 Equação 3

Y = y0 + ax-1 + bx-2 Equação 4

Onde “Y” é a variável resposta, “x” é o fator tempo e as constantes das

equações são “a”, “b” e “c”. Em caso de significância estatística para o segundo

grupo de variáveis, foi aplicado o teste de Duncan (p<0,05).

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35

4. RESULTADO E DISCUSSÃO

4.1 Caracterização dos Resíduos de Frutas e Hortaliças e Casca de Arroz

A caracterização gravimétrica do RFH mostra que o resíduo é constituído por

variadas frutas e hortaliças, sem grandes quantidades de resíduos cítricos, ausência

de alimentos cozido ou com sal, que poderiam influenciar o estudo (Figura 7).

Observa-se que os resíduos mais comum foram cascas e sobras de cenoura,

banana, repolho, alface e maça.

Figura 7. Caracterização quali-quantitativa em peso (%) dos RFH utilizados no experimento.

. A densidade determinada foi 298 kg.m-3 para RFH e 156 kg.m-3 para CA.

Segundo Colón et al. (2010), em analises com amostras de resíduos de frutas,

legumes e verduras, possui uma relação C/N 25:1, 1,91% de NT e 47,8% de CO.

Conforme Guidoni e al. (2013), a CA possui, teor de umidade igual a 10,42%,

relação C/N equivalente 55:1, 0,53% de NT e 29,1% de CO. Em uma mistura com

esses resíduos, devido a essas características, por um lado pode se regular a

quantidade de água no sistema. Por outro lado, pode também, desfavorecer o

balanço de nutrientes adequado para desenvolvimento do processo.

Considerando teores de CO, NT e relação C/N dos resíduos é possível

estimar a proporção teórica de resíduos adequada para o processo de

compostagem, conforme detalhado por Kiehl (2005). Nesse trabalho, - considerando

valores teóricos desses parâmetros e a densidade determinada para CA e RFH –

para atingir uma relação C/N considerada ideal (30:1), seria necessário

13,66

12,7

11,13

7,44 7,37 5,41

5,15

5,01

4,65

3,85

3,63

3,11 2,32

1,36

13,21

Cenoura

Banana

Repolho

Alface

Maça

Abobora

Chuchu

Laranja

Rúcula

Beterraba

Pepino

Cebola

Tomate

Agrião

Outros

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36

aproximadamente 0,72 kg de CA para cada 1 kg de RFH, o que pode ser expresso

em uma proporção ideal teórica de 1,36:1 (CA:RFH, v:v), ou 58% de CA.

4.2 Redução em Peso e Volume

O peso total do material adicionado foi 8,0 kg para T1, 9,1 kg para T2 e 10,2

kg para T3 ao longo da etapa de alimentação que encerrou no dia 12. O peso final

após 60 dias foi de 5,5 kg; 6 kg e 4,9 kg (p<0,05), totalizando uma redução em peso

aproximada em 31,2%, 34% e 51,9% para T1, T2 e T3 respectivamente, relativo a

quantidade inicial de resíduo adicionada (Tabela 2). A composição de resíduos

encaminhada aos reatores, pode influenciar, entre outros fatores, a porosidade, teor

de umidade e disponibilidade de nutrientes (MOHAJER et al., 2010), que são

parâmetros que fazem a diferença na degradação e transformação desse material,

que por consequência resultam em diferentes taxas de liberação de calor, vapor

d’água, gás carbônico e outros gases liberados no decorrer do processo.

Apesar da variação das proporções CA:RFH nos tratamentos, o volume

adicionado diariamente foi de 4 L em todos os reatores, totalizando 40 L adicionados

em cada reator. Conforme a Tabela 2, no dia 13 o volume em T1 foi 29,7 L; 22,3 L

para T2 e 16,3 L para T3, atingindo no final dos 60 dias, respectivamente 25,5 L;

18,5 L e 12,8 L (p<0,05). Conforme a Figura 8, em relação ao volume adicionado a

redução de volume foi de 36 % para T1 e 54% e 68% para T2 e T3,

respectivamente.

Figura 8. Redução do volume com diferentes proporções de CA:RFH ao longo do tempo. T1 = CA:RFH 70:30; T2 = CA:RFH 50:50; T3 = CA:RFH 30:70

5

8

11

14

17

20

23

26

29

32

13 18 25 29 32 39 43 53 60

Vo

lum

e (

L)

Tempo (d)

T1

T2

T3

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37

TABELA 2. Parâmetros físico-químicos dia 1, 13 e 60 dos resíduos orgânicos tratados com diferentes proporções de CA:RFH. T1 = CA:RFH 70:30; T2 = CA:RFH 50:50; T3 = CA:RFH 30:70

Tempo Parâmetro T1 T2 T3 CV (%)

Dia 1

MO (%) 80.80 ns 80.11 81.69 2.06

MM (%) 19.02 ns 19.89 18.31 8.70

MS (%) * 22.69 ns 21.85 19.49 14.33

pH 4.69 ns 4.63 4.40 4.41

CO (%) 44.89 ns 44.51 45.38 2.06

NT (%) 0.61 c 1.04 b 1.43 a 2.67

Dia 13

MO (%) 81.37 a 80.04 ab 75.22 b 3.24

MM (%) 18.63 b 19.96 ab 24.78 a 12.11

MS (%) * 59.55 a 40.20 b 29.33 c 4.63

Ph 8.61 b 9.09 a 9.12 a 1.72

CO (%) 45.21 a 44.47 ab 41.79 b 3.24

NT (%) 0.91 b 1.13 b 1.51 a 5.71

V (L) 29.65 a 22.30 b 16,27 c 2.85

Dia 60

MO (%) 74.31 ns 73.12 70.50 2.02

MM (%) 23.47 b 26.88 ab 29.50 a 8.89

MS (%) * 55.69 a 37.77 b 34.51 c 2.01

pH 8.32 b 9.28 a 8.21 b 2.58

CO (%) 41.56 ns 40.62 39.17 2.02

NT (%) 0.72 ns 0.87 0.95 10.51

V (L) 25.49 a 18.48 b 12,79 c 2.59

W (kg) 5,53 b 6.05 a 4.91 c 3.86

abc Médias acompanhadas por letras diferentes nas linhas apresentam diferença significativa entre si

pelo teste de Duncan (p<0.05). ns

Médias não apresentam diferença significativa pelo teste F (p<0.05). % percentual em base seca. * base úmida. CV: coeficiente de variação. MO: matéria orgânica; MM: matéria mineral; MS: matéria seca; C: carbono; NT: nitrogênio total; V: volume; W: peso.

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38

Essa diferença na redução pode ser atribuída, alem de diferentes taxas de

desenvolvimento e consumo pelos microrganismos, também pelas perdas pela

geração de lixiviado, abordado mais adiante, e ainda, pela maior compactação do

material nos tratamentos com maior quantidade de RFH, uma vez que esse resíduo

apresenta maior densidade que CA.

4.3 Temperatura

A temperatura máxima registrada foi 35, 38 e 41 ºC no dia 10 para T1, T2 e

T3 respectivamente (Figura 9). Durante os primeiros 15 dias foi a fase mais intensa

da degradação, onde a adição de resíduos in natura prontamente degradáveis,

causou uma elevação da temperatura dos reatores pela atividade metabólica da

microbiota, evidenciando nesse período maior potencial de fase termofilica para T3 e

T2. No período em que não há adição de resíduos, o perfil de temperatura se

inverteu, e a temperatura interna dos reatores se manteve próxima a temperatura

ambiente.

T1 T2 T3 Tamb1 7 10 15 18 25 32 39 46 53 60

Dias

18

20

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

42

Te

mp

era

tura

(°C

)

Figura 9. Temperatura ambiente e a meia profundidade do material em estabilização com diferentes proporções de CA:RFH ao longo do tempo. T1 = CA:RFH 70:30; T2 = CA:RFH 50:50; T3 = CA:RFH 30:70. Nota: A média da temperatura ambiente foi o único parâmetro que apresentou diferença significativa do restante dos tratamentos.

A frequência de revolvimento adotado (duas vezes por semana), pode ser um

dos fatores que desfavoreceu o surgimento temperaturas termofílicas na primeira

quinzena do estudo. Em em estudo considerando a aeração passiva na

compostagem (Karnchanawong e Suriyanon, 2011), utilizando reatores de 200 L

com 8 a 16 furos retangulares (5 mm x 10 mm), e ainda, reatores com exaustão a

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39

partir de tubulação interna, foi demonstrado que reator com aeração através de furos

tiveram menores temperaturas ao longo do processo.

Em virtude disso, os furos dos reatores pode ser outro fator que contribui para

a ausência de maiores temperaturas nos tratamentos do presente estudo, pois, da

mesma forma que favorecem as trocas gasosas e a aerobiose, aumentam o contato

do material em degradação com o ar atmosférico. Diante disso, recomenda-se

novos estudos que sejam conduzidos com composteiras de pequenos volumes, que

promovam a troca dos gases produzidos no processo de biodegradação, mas

preservando o calor interno liberado, como demonstrado em reator utilizado por

Papadopoulos et al. (2009).

4.4 Umidade

Na Tabela 3 pode-se observar o resumo estatístico da ANOVA, com as

respectivas significâncias (valor-p) e o coeficiente de regressão (R2) do modelo

adotado para os parâmetros IG de Alface e Pepino, Relação C/N e teor de U.

Tabela 3. Resumo estatístico da ANOVA e análise de regressão dos parâmetros avaliados ao longo do tempo submetidos à compostagem com diferentes proporções de CA:RFH

*CA:RFH: T1 70:30; T1 50:50; T3 30:70

Parâmetro Tratamento* GL F valor-p R2

IG Alface

T1 34 28.935 < 0.001 0.644

T2 34 6.078 0.021 0.575

T3 34 6.231 0.020 0.581

IG Pepino

T1 34 14.379 0.002 0.762

T2 34 16.345 0.001 0.784

T3 34 10.922 0.004 0.708

Relação C/N

T1 34 6.383 0.019 0.587

T2 34 6.430 0.018 0.588

T3 34 9.735 0.006 0.684

Umidade

T1 34 30.146 <0.001 0.870

T2 34 19.269 <0.001 0.811

T3 34 11.067 0.004 0.711

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40

Foi verificado efeito da proporção CA:RFH no comportamento do teor de U

(p<0,05), mostrado na curva apresentada na Figura 10. No período de adição de

resíduos nos reatores esse teor foi 56,6 % para T1 (x=4), diminuindo para 46,7 %

(x=13) e se mantendo em torno de 43% a maior parte do processo, caracterizando

uma composição de resíduos com maior teor de MS que os demais ao longo do

estudo (p<0,05). No mesmo período em T2 e T3, o teor de U manteve-se de maneira

uniforme a maior parte do processo, em torno de 61% em T2 e próximo a 68% para

T3 (p<0,05). Nesse sentido, para misturas com maior proporção de RFH espera-se

teores de umidade mais elevados, pois esse resíduo após gerado é em poucos dias

incorporado no sistema de compostagem, portanto contém alta quantidade de H2O

proveniente dos alimentos frescos.

Figura 10. Comportamento da umidade com diferentes proporções de CA:RFH ao longo do tempo. T1 = CA:RFH 70:30; T2 = CA:RFH 50:50; T3 = CA:RFH30:70.

A umidade é um importante fator no processo de compostagem, sendo

recomendado para o desenvolvimento microbiológico adequado valores entre 30 e

60% (LIANG et al., 2003). Entretanto, valores superiores a 60%, como observados

no T2 e T3, podem dificultar as trocas gasosas, favorecendo a anaerobiose no

processo, que além de maus odores pode contribuir para emissão de gases de

mudança efeito estufa (DAS e KEENER, 1997).

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41

4.5 Parâmetros Indesejáveis

Já nos primeiros dias a presença de moscas atingiu 1, 2 e 3 pontos na

escala linear não-estruturada, respectivamente para T1, T2 e T3, vindo a

desaparecer após o dia 4 para T1 e dia 11 para T2 e T3. Nos dia 9 e 11, foi

observado ocorrência de larvas pontuais em T2 e T3, que conferiu respectivamente

1 e 2 pontos na escala, que não foram mais observadas no período subsequente. A

postura de ovos que deram origem a larva pode ter ocorrido por esses vetores

atraídos pelo RFH fresco que estava sendo adicionado nos dias iniciais, ou

naturalmente com o próprio resíduo. Entretanto, após o período de alimentação do

reator, é possível que a falta de resíduos frescos tenha reduzido a atração das

moscas, e ainda, que o pico de temperatura atingido entre os dias 10 e 13 tenha

colaborado para eliminação de ovos, que ocorre por volta de 42°C (INÁCIO e

MILLER, 2009).

O odor sulfídrico foi observado no dia 11 em T2 e T3, respectivamente com 1

e 3 pontos na escala, presente apenas ao revolver o fundo dos reatores. O odor

amoniacal foi predominante entre os dias 17 à 25, com até 4 pontos para T2 e

prolongando-se até o dia 36 em T3, no qual foi percebido acima de 7 pontos nos

dias 25 e 32. Tanto o gás amônia como o gás sulfídrico fazem parte dos principais

constituintes de odores desagradáveis (BLAZY et al., 2014). Assim, a constatação

destes gases no T2 e T3 podem ser um indicativo de que a capacidade de

estabilização de resíduos orgânicos nestes tratamentos foi ultrapassada.

O elevado teor de U observado no T2 e T3 pode ter contribuído para

ultrapassar a capacidade de absorção da CA nestes tratamentos, o que explicaria a

geração de lixiviado, como apresentado através a Figura 11. Resultado similar ao

relatado por Andersen et al. (2011), que utilizando ROD e podas de jardins registrou

a geração de lixiviado com teores de umidade elevado. Por outro lado, no T1 não

ocorreu emissão de lixiviado, mostrando que a razão CA:RFH utilizada influenciou o

volume desse efluente no processo de compostagem.

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42

Figura 11. Comportamento da geração de lixiviado acumulado com diferentes proporções de CA:RFH ao longo do tempo. T1 = CA:RFH 70:30; T2 = CA:RFH 50:50; T3 = CA:RFH 30:70

Diante desses valores, a coleta do lixiviado gerado revelou que 32% da

redução em peso do material adicionado em T3, e 8,5% em T2 foi atribuída à essa

perda (considerando densidade do lixiviado igual a 1 kg.L-1). O T3 apresentou a

maior redução em peso em relação ao material inicial adicionado, porém um terço

da redução pode ser atribuída a geração de lixiviado, que foi 5 vezes maior do que

T2, levando a indícios que condições anaeróbias podem se formar se utilizado

menos que a metade da mistura de CA em volume.

Cabe ressaltar que, a presença de odor sulfídrico foi notada em baixa

intensidade, mesmo nesses tratamentos onde houve excesso de umidade (T2 e

T3). Nesse ponto, acredita-se que a frequência de revolvimento e o coletor de

lixiviado - que funcionou como dreno do excesso de líquido acumulado na base -

foram práticas que permitiram manter a porosidade no material em compostagem e

agregar oxigênio na decomposição do resíduos.

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43

4.6 Matéria orgânica, Matéria mineral, Carbono orgânico, pH

O valor inicial (dia 1), fim da etapa de alimentação (dia 13) e final do estudo

(dia 60) dos parâmetros MO, MM, CO, pH e NT foram expostos na Tabela 2. Os

teores de MO, MM e CO nos dias 13 e 60, apresentaram diferença significativa entre

T1 e T3 (p<0,05). Essa diferença informa que o tratamento rico em RHF teve a maior

redução de MO do que o tratamentos com maior quantidade de casca de arroz,

sendo T3 com maiores teores de MM do que T1, e de forma inversa, menores teores

de MO e CO.

No final dio dia 13, ficou mais clara a influência da proporções estudas no

parâmetros analisados. O processo de decomposição foi mais intenso em T3,

mostrando maior redução de MO e maior teor de MM no final dos 60 dias do que T1.

O T2 ocupou valores centrais entre os tratamentos (p>0,05), onde os teores de MO

inicial foi 80,1% no dia 13, encerrando com 73,1%, para MM foi de 18,8%

aumentando para 26,9%, enquanto que o teor de inicial de CO foi próximo de 45%

nos dia 1 e 13, reduzindo para 40,6% ao longo dos 60 dias. Resultados semelhantes

foram encontrados por Adhikari et al. (2013) em teste com podas de jardins, lascas

de madeiras e ROD, que mostraram que quanto mais ROD utilizado, maior a

redução de MO no final do processo, chegando a registrar teor inicial de 91,5% e

final de 23,6 % (base seca).

O pH inicial observado foi 4,4 - 4,98 para T1, T2 e 4,40 para T3 (p>0,05).

Esses valores iniciais são característicos da compostagem de RFH, intensificados

pela decomposição inicial e a liberação de ácidos orgânicos, que por sua vez,

quando sintetizados nas etapas seguintes da compostagem, elevam o pH tornando

maior que 8 já no dia 13 do estudo, sendo levemente mais ácido para T1 (p<0,05). O

valor final foi mais básico para T2, com 9,28, em relação a T1 e T3 com 8,31-8,21

(p<0,05), sendo esse o efeito da proporção CA:RFH no comportamento do pH.

Diante do caráter básico e do teor de MO encontra nesses compostos orgânicos,

evidencia-se seu potencial para aplicação no solo, visto que a acidez do solo e

capacidade de troca de cátions são características químicas importantes no

condicionamento de solos.

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44

4.7 Nitrogênio Total

Conforme Tabela 2, os teores de NT no dia 1 foram diferentes conforme a

proporção CA:RFH utilizada (p<0,05), a maior concentração de nitrogênio inicial para

T3, devido a maior quantidade de RFH, correspondendo ao resíduo rico de

nitrogênio do sistema. No dia 13, os teores aumentaram, o que pode ser atribuído ao

acumulo do substrato, com valores entrea 0,91-1,03 para T1 e T2 (p<0,05) e 1,51

para T3. No final dos 60 dias não houve diferença significativa entre os teores de NT

entre T1, T2 e T3 (p>0,05). O valor final de NT foi 35% menor que o valor inicial do

resíduo adicionado para T3, enquanto que para T2 essa diminuição foi de 23% e T1

não apresentou redução no teor de inicial e final.

Na compostagem a retenção desse nutriente no material é uma vantagem,

pois auxilia no processo de biotransformação e proporciona a reciclagem do

nutriente, e evita, assim, que ocorra seu desprendimento, que pode ser em parte na

forma de evaporação de NH3, emissões de N2O e geração de lixiviado, que são

potencialmente negativos para o meio ambiente (ADHIKARI et al., 2013). Além do

nitrogênio carreado pela emissão de lixiviado acumulado no coletores, a alta

concentração de NT no material em compostagem, aliado ao revolvimento

frequente, podem favorecer a volatilização da amônia (SHEN et al., 2011). Uma vez

que o equilíbrio nessa reação é dependente do pH, o meio alcalino registrado no dia

13 pode ter favorecido a transformação de nitrogênio orgânico em NH3 para T2 e T3.

Amlinger et al. (2008) destacam ainda que temperaturas no processo de

compostagem abaixo de 40ºC também favorecem o aumento de emissão de N2O,

sendo o mesmo atribuído ao teor de U acima de 60%, que leva a deficiência de O2

e induz a desnitrificação. Uma vez que essas condições de pH, temperatura e

umidade foram registradas no presente experimento, a relação desses parâmetros

com a dinâmica da transformação do nitrogênio explicam a redução no teor de NT

dos tratamentos estudados.

4.8 Relação Carbono/Nitrogênio

Na curva traçada na Figura 12 pode-se observar que as proporções de

resíduos adotadas para T1, T2 e T3 resultaram em relação C/N inicial de 69:1, 44:1

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45

e 31:1 (x=0) (p<0,05), diferente de Chang e Chen (2010) que encontraram 26:1

utilizando uma proporção em peso (CA:ROD 0,55:1) semelhante a T2.

Devido a proporção CA:RFH 30:70, T3 apresentou o valor da relação C/N

ideal para o desenvolvimento microbiano no período inicial da compostagem. Nas

primeiras quatro semanas, houve um decaimento para 51:1, 39:1 e 28:1 (x=30)

respectivamente para T1, T2 e T3, contudo, as perdas de nitrogênio citadas

anteriormente, levaram ao aumento desse parâmetro para T2 e T3, atingindo 46:1 e

40:1 (x=60).

Figura 12. Comportamento da relação C/N com diferentes proporções de CA:RFH ao longo do tempo. T1 = CA:RFH 70:30; T2 = CA:RFH 50:50; T3 = CA:RFH 30:70.

Por outro lado, apesar de T1 ter relação C/N inicial alta, como não houve

indícios da perda de N, a relação C/N de T1 encerrou em 53:1 (x=60), sendo

resultado atribuído em parte a degradação do CO consumido durante os 60 dias.

Entretanto, nesse tratamento maiores quantidades de CA são utilizadas e tempos

mais longos de maturação são necessários para atingir a relação C/N adequada

para aplicação no solo. Segundo Tatàno et al. (2015), altas relações C/N podem

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46

levar a um tempo maior que sete meses para atingir o estágio de maturação do

composto, sendo indicada C/N final entre 10-20/1.

4.9 Índice de Germinação

Complementar à relação C/N, o índice de germinação em sementes vegetais

também é um parâmetro utilizado para estimar o estágio de maturação do composto,

oferecendo resultados que permitem identificar possíveis sinais de fitotoxicidade do

material testado. Segundo a literatura índices acima de 80% são considerados

maturados e acima de 90 são muito maturados (California Compost Quality Council,

2001).

Para avaliação do índice de germinação das sementes de alface e pepino do

resíduo tratado com diferentes proporções de CA:RFH ao longo do tempo foi traçado

a curva representada na Figura 13.

Nos tempos iniciais o índice de germinação de alface (Figura 13A) encontrado

para T1, T2 e T3 respectivamente variou entre 8,97 à 26,67% (x=0), correspondente

a um composto muito fitotóxico nos três tratamentos (p>0,05), conforme descrito na

literatura quando IG menor que 25% (PAPADOPOULOS et al., 2009). No entanto, os

resíduos apresentavam convergência para níveis mais altos ao passar do tempo,

chegando em 19 dias (x=19), a 100,9% para T1, 99,7% para T2 e a 91,7% para T3.

As sementes de alface submetidas ao resíduo tratado pelo T1 chegaram ao

seu máximo germinativo em 37 dias, apresentando um índice de 124,7% (x=37),

valor este que indica que o composto está causando um incremento no crescimento

do vegetal em 24,7% nesse período, caracterizando-o, portanto, como um agente

promotor de germinação de alface. Nesse período não foi apresentado diferença

significativa (p>0.05) dos demais compostos obtidos com diferentes proporções de

substrato aerador.

O índice de germinação com sementes de pepino ao longo 60 dias de estudo

mostrou diferença significativa (p<0,05) entre T1 e T3, frutos de índices de

germinação mais positivos para proporção CA:RFH entre 70:30 à 50:50 (p>0,05).

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47

Figura 13. Comportamento do índice de germinação das sementes de alface (A) e pepino (B) com diferentes proporções de CA:RFH ao longo do tempo. T1 = CA:RFH 70:30; T2 = CA:RFH 50:50; T3 = CA:RFH 30:70.

Sendo assim, infere-se que a quantidade de resíduo orgânico compostado

confere a concentração de possíveis inibidores de germinação ou crescimento de

raízes, sendo inferido a T3 necessário um tempo maior de estabilização para atingir

os mesmos níveis de benefício para o sistema solo-planta oferecidos por T1 e T2.

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48

Diante das equações da Figura 13B, no fim do período de adição de resíduos

T1 atingiu 93,7% (x=12), T2 84,3% (x=9) e T3 70,5% (x=12), sendo T3 diferente dos

demais (p<0,05). O máximo germinativo para as sementes de pepino foi atingido no

dia 40° dia para T1 com 110,6% (x=40) (p<0,05), encerrando o estudo com valores

estatisticamente iguais (p>0.05) a T2 e T3, variando entre 70,5-94,8% (x=60). Colón

et al. (2010) em estudo com a mesma espécie vegetal atingiram IG superiores a

100% em um período inferior a três meses, o que caracteriza o resíduo comumente

utilizado na compostagem domiciliar (restos e sobras de frutas, legumes e hortaliças)

com baixo potencial de fitotoxidade.

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49

5. CONCLUSÃO

As diferentes proporções testadas de CA:RFH (70:30; 50:50; 30:70) tiveram

efeito na mistura quanto ao teor de NT, e no final do experimento, quanto ao volume

e peso. No fim da etapa de alimentação, essa diferença se estende apenas entre T1

e T3 para os parâmetros MO, C, N, MM, e pH. Enquanto no final do estudo, foi

identificado diferença na MM, pH para esses tratamentos. Os efeitos mais

significativos ao longo dos 60 dias foram encontrados para relação C/N, teor de

umidade, lixiviado acumulado e odores entre os três tratamentos.

O tratamento 3 apresentou maior concentração de MM e NT, relação C/N

dentro da faixa ideal para inicio da compostagem, e ainda, maior potencial para fase

termofílica. O tratamento 1 evitou a emissão de odores indesejados e lixiviado, como

também, indicado pelo IG, alcançou a bioestabilização em menor tempo. Portanto,

nessas condições, indica-se uma proporção entre 50% e 70% de CA para uma

mistura que regule a umidade do sistema e previna impactos ambientais

relacionados com os parâmetros indesejados no processo de compostagem.

As condições operacionais do experimento proposto se aproximaram em

parte das condições reais de processos de compostagem aplicado em domicílios,

como mostrou o registro de temperatura e observação da presença de moscas.

Quanto à etapa de alimentação dos reatores, tendo em vista que a geração em

domicílios é praticamente constante, um sistema mais próximo da realidade deve ter

capacidade para um período mais longo de incorporação de resíduos.

Diante do exposto, a compostagem domiciliar pode promover, através de um

processo seguro do ponto de vista sanitário, o aproveitamento dos resíduos

orgânicos domiciliares como matéria-prima para produção de um composto

estabilizado e benéfico para o desenvolvimento de organismos vegetais. Sendo

assim, essa tecnologia pode funcionar também como uma ferramentas de gestão de

resíduos sólidos, que apresenta como principal beneficio a diminuição do uso de

recursos naturais e financeiros com coleta de resíduos, transporte, e disposição final

em aterros sanitários.

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