composição da avifauna na mata ciliar de dois córregos, municipío

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1,2,3 2 Claudenice Faxina & Thomas Schlemmermeyer Resumo. As matas ciliares são consideradas importantes para manutenção e sobrevivência de algumas espécies de aves. Elas for- necem pontos para repouso ou dormitório e recursos alimentares em períodos de seca. Sua destruição pode afetar diretamente essas aves. Para conservar tais ambientes é preciso conhecer as espécies a eles relacionadas. Assim, este estudo teve como objetivo inventa- riar a riqueza de espécies de aves na mata ciliar de dois córregos no município de Naviraí, região sul do estado de Mato Grosso do Sul. Para isso foram demarcados trajetos, no córrego do Touro (CT) e córrego Cumandaí (CC). As aves foram registradas visualmente de julho de 2003 a outubro de 2004, sendo identificadas 146 espécies pertencentes a 43 famílias. Dessas, 97 no CT e 133 no PC. Foi esti- mado com Jackinife1, 127 e 154 espécies, respectivamente. Foram verificados os Singletons e Doubletons e os Únicos e Duplos nas du- as áreas, sendo que no CT foi registrado o maior número de aves em todas essas categorias. A família com maior riqueza de aves foi Tyrannidae (n=19). Com os resultados obtidos podemos dizer que o CC foi capaz de abrigar maior riqueza de aves. Porém, a mata cili- ar dos córregos precisa ser conservada e/ou recuperada para que a diversidade biológica não seja totalmente comprometida. Palavras-chave: Mata Ciliar, Avifauna, degradação. Introdução As matas ciliares apresentam grandes variações na estrutura ve- getal, formando ambientes amplamente heterogêneos de expressi- va importância na manutenção da avifauna. Algumas espécies po- dem ser restritas as essas matas, ligadas a fatores físicos, como água corrente ou a estrutura arquitetural da vegetação (Silva & Viel- liard 2004). Outras procuram refúgio e, também, recursos alimen- tares em período de escassez em outros locais (Ragusa-Netto 2004, 2006). As matas ciliares são consideradas corredores para o movimento da fauna ao longo da paisagem, assim como para a dispersão vege- tal (Lima & Zakia 2004). Silva (1996) relatou que algumas aves usam as florestas de galeria para se dispersarem, tendo como centro de distribuição a Amazônia ou a Mata atlântica, alcançando o Cer- rado através dessas matas. É tão importante preservar essas matas quanto conhecer a diver- Metodologia sidade de espécies relacionadas. Silva & Vielliard (2004) destaca- Área de estudo Os córregos Touro (CT) e Cumandaí (CC) loca- ram a importância de estudos envolvendo a avifauna e as matas cili- lizam-se no município de Naviraí (23°03'45” S, 54°11'26” W), re- ares para o conhecimento do comportamento das aves nesses ambi- gião sul do estado de Mato Grosso do Sul (Figura 04), cerca de 355 entes, já que existem algumas espécies altamente associadas a es- Km da capital (Campo Grande). A altitude é de 362 m e o clima é sas matas. Santos (2003) diz que inventariar a fauna ou flora de tropical de altitude, caracterizado por verão chuvoso e inverno se- uma determinada região é o primeiro passo para sua conservação. co. A média anual de temperatura varia entre 12 e 28 ºC e a precipi- Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo inventariar a ri- tação pluviométrica é de cerca de 1.400 mm. A vegetação original queza de aves na mata ciliar dos córregos Touro (CT) e Cumandaí do município era composta por Floresta Estacional Semidecidual, (CC) e fornecer subsídios à recuperação do CT. Floresta Sub-Montana e Savanas. Grande parte dessas áreas foram 9 771981 887003 5 5 1 0 0 ISSN 1981-8874 33 Atualidades Ornitológicas On-line Nº 155 - Maio/Junho 2010 - www.ao.com.br Composição da avifauna na mata ciliar de dois córregos, municipío de Naviraí, sul de Mato Grosso do Sul, Brasil Figura 01 – Riqueza de espécies Observadas e Estimadas com o estimador Jacknife1 no Córrego Cumandaí (CC) Figura 02 – Riqueza de espécies Observadas e Estimadas com o estimador de Primeira Ordem Jacknife no córrego do Touro (CT)

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Page 1: Composição da avifauna na mata ciliar de dois córregos, municipío

1,2,3 2Claudenice Faxina & Thomas Schlemmermeyer

Resumo. As matas ciliares são consideradas importantes para manutenção e sobrevivência de algumas espécies de aves. Elas for-necem pontos para repouso ou dormitório e recursos alimentares em períodos de seca. Sua destruição pode afetar diretamente essas aves. Para conservar tais ambientes é preciso conhecer as espécies a eles relacionadas. Assim, este estudo teve como objetivo inventa-riar a riqueza de espécies de aves na mata ciliar de dois córregos no município de Naviraí, região sul do estado de Mato Grosso do Sul. Para isso foram demarcados trajetos, no córrego do Touro (CT) e córrego Cumandaí (CC). As aves foram registradas visualmente de julho de 2003 a outubro de 2004, sendo identificadas 146 espécies pertencentes a 43 famílias. Dessas, 97 no CT e 133 no PC. Foi esti-mado com Jackinife1, 127 e 154 espécies, respectivamente. Foram verificados os Singletons e Doubletons e os Únicos e Duplos nas du-as áreas, sendo que no CT foi registrado o maior número de aves em todas essas categorias. A família com maior riqueza de aves foi Tyrannidae (n=19). Com os resultados obtidos podemos dizer que o CC foi capaz de abrigar maior riqueza de aves. Porém, a mata cili-ar dos córregos precisa ser conservada e/ou recuperada para que a diversidade biológica não seja totalmente comprometida.

Palavras-chave: Mata Ciliar, Avifauna, degradação.

IntroduçãoAs matas ciliares apresentam grandes variações na estrutura ve-

getal, formando ambientes amplamente heterogêneos de expressi-va importância na manutenção da avifauna. Algumas espécies po-dem ser restritas as essas matas, ligadas a fatores físicos, como água corrente ou a estrutura arquitetural da vegetação (Silva & Viel-liard 2004). Outras procuram refúgio e, também, recursos alimen-tares em período de escassez em outros locais (Ragusa-Netto 2004, 2006).

As matas ciliares são consideradas corredores para o movimento da fauna ao longo da paisagem, assim como para a dispersão vege-tal (Lima & Zakia 2004). Silva (1996) relatou que algumas aves usam as florestas de galeria para se dispersarem, tendo como centro de distribuição a Amazônia ou a Mata atlântica, alcançando o Cer-rado através dessas matas.

É tão importante preservar essas matas quanto conhecer a diver- Metodologiasidade de espécies relacionadas. Silva & Vielliard (2004) destaca- Área de estudo – Os córregos Touro (CT) e Cumandaí (CC) loca-ram a importância de estudos envolvendo a avifauna e as matas cili- lizam-se no município de Naviraí (23°03'45” S, 54°11'26” W), re-ares para o conhecimento do comportamento das aves nesses ambi- gião sul do estado de Mato Grosso do Sul (Figura 04), cerca de 355 entes, já que existem algumas espécies altamente associadas a es- Km da capital (Campo Grande). A altitude é de 362 m e o clima é sas matas. Santos (2003) diz que inventariar a fauna ou flora de tropical de altitude, caracterizado por verão chuvoso e inverno se-uma determinada região é o primeiro passo para sua conservação. co. A média anual de temperatura varia entre 12 e 28 ºC e a precipi-Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo inventariar a ri- tação pluviométrica é de cerca de 1.400 mm. A vegetação original queza de aves na mata ciliar dos córregos Touro (CT) e Cumandaí do município era composta por Floresta Estacional Semidecidual, (CC) e fornecer subsídios à recuperação do CT. Floresta Sub-Montana e Savanas. Grande parte dessas áreas foram

9 771981 887003 55100

ISSN 1981-8874

33Atualidades Ornitológicas On-line Nº 155 - Maio/Junho 2010 - www.ao.com.br

Composição da avifauna na mata ciliar de dois córregos, municipío de Naviraí, sul de Mato Grosso do Sul, Brasil

Figura 01 – Riqueza de espécies Observadas e Estimadas com o estimador Jacknife1 no Córrego Cumandaí (CC)

Figura 02 – Riqueza de espécies Observadas e Estimadas com o estimador de Primeira Ordem Jacknife no córrego do Touro (CT)

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Atualidades Ornitológicas On-line Nº 155 - Maio/Junho 2010 - www.ao.com.br34

Os Singletons e Doubletons representaram 22,3% da amostra-gem no córrego do Touro e 12,7% no Cumandaí. Os Únicos e Du-plos foram 36,1% no Touro e 25,5% no Cumandaí. Apesar de ter si-do encontrado número maior de registros com um ou dois indivídu-os nas amostras do córrego do Touro, a curva de acumulação (Figu-ra 03) sugere tendência de estabilização para esta área, o contrário do Cumandaí que não aparenta atingir a assíntota.

DiscussãoOs resultados mostraram que a mata ciliar do córrego do Touro

abriga menos espécies que a do córrego Cumandaí. Segundo Silva e Vielliard (2004) a ligação de determinadas espécies com esses am-bientes pode se dar por alguma condição física, como a estrutura ar-quitetural da vegetação, por exemplo. Laps et al. (2005) dizem que fragmentos de hábitats guardam uma porção menor da biodiversi-dade original anteriormente abrigada num ambiente contínuo. Di-zem, também que as alterações microclimáticas que seguem o pro-cesso de fragmentação, expulsam espécies mais sensíveis de sub-

substituídas por áreas de cultivo e pastagens (IBGE 1984, Atlas bosque e espécies de grande porte, são perdidas por não consegui-Multireferencial de Mato Grosso do Sul 1990). rem recursos básicos para sobrevivência. Sendo assim, o maior

Os córregos estudados localizam-se, em parte, na área urbana do grau de fragmentação e consequente perda de hábitat no córrego do município de Naviraí (Figura 05). O córrego Cumandaí (CC) está Touro pode ter sido o fator determinante da menor riqueza de espé-situado a leste do município, com extensão de 7.800 m e largura in- cies.ferior a 10 m. Parte da área de preservação permanente (APP) foi A família melhor representada, em número de espécies foi a dos ocupada por pastagens e plantio de eucalipto. No entanto, há frag- tiranídeos. Estes, segundo Sick (1997), estão entre os grupos mais mentos de mata conservados, onde a mata ciliar é densa com estra- diversificados de aves do mundo. No Brasil são os pássaros mais tos arbóreos de até 20 m de altura, dossel e sub-bosque bem defini- ouvidos e vistos, representando cerca de 18% das espécies de pas-dos, e ainda áreas de várzeas. seriformes da América do Sul. Sendo a única família com represen-

O córrego do Touro (CT) localiza-se ao norte do município, tantes em todos os estratos da mata.com extensão de 6.800 m e largura inferior a 10 m, sendo um tri- Os Singletons e Doubletons e os Únicos e Duplos foram encon-butário do córrego Tarumã. Esse córrego juntamente com o Cu- trados em maior quantidade no córrego do Touro. De acordo com mandaí pertence à sub-bacia do rio Amambaí e a bacia hidrográfi- Santos (2003) alguns estimadores utilizam esses registros para es-ca do rio Paraná. O CT foi vítima da ocupação desordenada do mu- timar a riqueza de espécies de uma área. Entende-se que locais nicípio e a vegetação ciliar deu lugar, em alguns pontos, a pasta- com maior número de Singletons e Doubletons e Únicos e Duplos gens, culturas e moradias. Dessa forma, a vegetação predominan- podem estimar maior riqueza de espécies, corroborando com os te é herbácea, arbustiva, restando algumas árvores em poucos tre- resultados obtidos. Vale ressaltar que a estimativa não considera o chos de áreas. Lagoas e praias se formaram pelo extenso assorea- grau de perturbação da área, o que pode ser um indicativo para o mento do córrego. baixo número de registros de algumas espécies. Algumas aves re-

Coleta de dados – Para a amostragem da avifauna foram percor- gistradas nas categorias acima, como Tersina viridis, Coniros-ridos trajetos numa faixa de 30 metros ao longo das margens dos trum speciosum, Pipraeidea melanonota, Nemosia pileata, Paru-córregos, procurando amostrar todas as fitofisionomias. As obser- la pitiayumi e Basileuterus culicivorus, são, de acordo com Silva vações e os registros foram realizados de julho de 2003 a outubro (1995), espécies dependentes de ambientes florestais. Dessa for-de 2004, com aproximadamente 230 horas de observações, em am- ma, a maior degradação do córrego do Touro pode ter afetado a bos os córregos. Nos registros diretos foram usados binóculos ocorrência de algumas espécies devido à presença de poucos frag-(8x40) e máquina fotográfica. Nos indiretos as espécies foram iden- mentos de mata. Além disso, aquelas espécies raramente registra-tificadas pela vocalização. A nomenclatura e ordem taxonômica se- das podem estar de passagem ou visitando o local com pouca fre-guiram a proposta pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológi- qüência.cos (2009). Dessa forma, a fragmentação ou perda de hábitat é altamente pre-

Análise dos dados – Para calcular a riqueza e estimativa de espé- judicial. E, em se tratando de mata ciliar a situação se agrava, pois, cies utilizou-se o estimador Jackknife1, com auxílio do programa segundo Rezende (1998), a ausência da cobertura vegetal nas ma-EstimateS (Colwell 1997). Calculou–se Singletons e Doubletons e tas de galerias altera as condições locais, gerando desequilíbrio eco-os Únicos e Duplos, ou seja, espécies representadas por um ou dois lógico de grandes dimensões.indivíduos nas amostras e espécies que ocorreram em apenas uma Assim, sugere-se a recuperação da mata ciliar do córrego do Tou-ou duas amostras, respectivamente. ro acompanhada da monitoração da avifauna de ambos os córre-

gos. A monitoração permitirá acompanhar a perspectiva de incre-Resultados mento da avifauna, seja em número de espécies como na quantida-

Foram registradas 146 espécies de aves nos dois córregos (Tabe- de de indivíduos.la 1), sendo 97 no córrego do Touro e 133 no córrego Cumandaí e 84 comum aos dois. As famílias mais representativas em número Agradecimentosde espécies foram: Tyrannidae (n=19), Thraupidae (n=11) e Embe- Agradecemos a Professora Dra. Milza Celi Fedatto Abelharizidae (n=10). O número de espécies esperadas através do estima- (UEMS) pelas correções e sugestões ao manuscrito. Agradecemos dor Jackknife1 é de 127 para o córrego do Touro e 154 para o Cu- ainda ao Professor Dr. Yzel Sùarez Rondon (UEMS/UNESP-mandaí. Como foram registradas 97 e 133, respectivamente, não te- Botucatu) e ao Professor Dr. Sidnei Eduardo Lima Junior (UEMS) riam sido registradas 30 espécies no córrego do Touro e 21 no Cu- por fornecer informações acerca de software para cálculos estatís-mandaí (Figuras 01 e 02). ticos.

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acúmulo de espécies (mês)

riqueza de espécies CT

riqueza de espécies CC

Figura 03 – Curva de acumulação de espécies CC e CT durante os meses de julho de 2003 a outubro de 2004

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Sick, H. (1997) Ornitologia Brasileira. 3º impressão. Rio de Janeiro - RJ: Nova Referências bibliográficasFronteira.Atlas Multirreferencial de Mato Grosso do Sul (1990) - Seplan/MS.

Silva, J. M. C. (1995) Birds of the Cerrado Region, South America. Steenstrupia. CBRO (2009) Lista das aves do Brasil. Versão Fevereiro 2006. Disponível em 21: 69-92.<http://www.cbro.org.br>. Acesso em 10 de dezembro de 2009.

Silva, J. M. C. (1996) Distribution of Amazonian and Atlantic birds in gallery fo-Colwell, R. K. (1997) EstimateS 5. Statistical estimation of species richness and sha-rests of the Cerrado region, South América. Ornitologia Neotropical 7(1): 1-red species from samples. Version 5.0.1 (viceroy.eeb.uconn.edu/estimates, 18.08.ix.2001), University of Connecticut.

Silva, W. R. & J. Vieliard. (2004) Avifauna de Mata Ciliar, p. 169-186. Em: R. R. Ro-IBGE. (1984) Naviraí - Centro-Oeste - Mato Grosso do Sul. Rio de Janeiro - RJ: Co-drigues & H. D. F. Leitão-Filho (eds.). Matas Ciliares: Conservação e Recu-leção de Monografias Municipais Nova Série, v.101.peração. 2ª. ed. São Paulo-SP: Edusp, Fapesp.Laps, R. R., P. H. C. Cordeiro, D. Kajiwara, R. Ribon, A. A. F. Rodrigues & A. Ueji-

ma (2005) Aves, p 154-181. Em: D. M. Rambaldi e D. A. S. D. Oliveira (eds.). Fragmentação de Ecossistemas: Causas, efeitos sobre a biodiversidade e reco-mendações de políticas públicas. Brasília - DF: 2ª. ed. MMA/SBF.

Lima, W. D. P. & M. J. B. Zakia (2004). Hidrologia de matas ciliares. In: R. R. Ro-drigues e H. D. F. Leitão-Filho (Ed.). Matas Ciliares: Conservação e Recupe-ração. 2 ª ed. São Paulo: Edusp, Fapesp. 33-44.

Ragusa-Netto, J. (2004) Flowers, fruits, and the abundance of the Yellow-chevroned parakeet (Brotogeris chiriri) at a gallery forest in the south Panta-nal (Brazil). Braz. J. Biol. 64(4): 371-382.

Ragusa-Netto, J. (2006) Abundance and frugivory of the Toco Toucan (Ramphastos to-co) in a galley Forest in Brazil's Southern Pantanal. Braz. J. Biol. 66(1a): 133-142.

Rezende, A. V. (1998) Importância das matas de galeria: manutenção e recuperação, p. 3-16. Em: Embrapa (ed.). Cerrado matas de galeria. Planaltina, DF.

Santos, A. J. D. (2003) Estimativas de riqueza em espécies, p.19-42. Em: L. Culen-Jr, R. Rudran,C. Valladares-Padua (eds.). Métodos de Estudos em Biologia da Conservação & Manejo da Vida Silvestre. Curitiba-PR: UFPR.

1Grupo de Estudos em Proteção à Biodiversidade, Rua: Bandeirantes, 778, Centro, CEP: 79.950-000, Naviraí/MS, Brasil. E-mail:

2UEMS – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Unidade de Mundo Novo-MS, Rodovia BR 163, quilômetro 20,2 (saída para Dourados) CEP: 79980-000, Mundo Novo,

MS, Brasil. E-mail:

3Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,

79070-900 Campo Grande, Mato Grosso do Sul

[email protected]

[email protected]

35Atualidades Ornitológicas On-line Nº 155 - Maio/Junho 2010 - www.ao.com.br

Tabela 01– Lista das aves registradas, dos Singletons/Doubletons (S/D) e Únicos/Duplos (U/D), no córrego do Touro (CT) e no córrego Cumandaí (CC)

NOME DO TÁXON NOME EM PORTUGUÊS LOCAL DE REGISTRO

S/D U/D

Tinamidae (Gray, 1840) Rhynchotus rufescens (Temminck, 1815) perdiz CC CC Nothura maculosa (Temminck, 1815) codorna-amarela CC, CT CT Anatidae (Leach, 1820) Dendrocygna viduata (Linnaeus, 1766) irerê CC Amazonetta brasiliensis (Gmelin, 1789) pé-vermelho CC, CT Nomonyx dominica (Linnaeus, 1766) marreca-de-bico-roxo CT CT CT Podicipedidae (Bonaparte, 1831) Tachybaptus dominicus (Linnaeus, 1766) mergulhão-pequeno CC CC CC Podilymbus podiceps (Linnaeus, 1758) mergulhão-caçador CC Phalacrocoracidae (Reichenbach, 1849) Phalacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789) biguá CC Anhingidae (Reichenbach, 1849) Anhinga anhinga (Linnaeus, 1766) biguatinga CC CC Ardeidae (Leach, 1820) Tigrisoma lineatum (Boddaert, 1783) socó-boi CC CC CC Nycticorax nycticorax (Linnaeus, 1758) savacu CT Butorides striata (Linnaeus, 1758) socozinho CC Bubulcus ibis (Linnaeus, 1758) garça-vaqueira CC, CT Ardea alba Linnaeus, 1758 garça-branca-grande CC CC Syrigma sibilatrix (Temminck, 1824) maria-faceira CC, CT Egretta thula (Molina, 1782) garça-branca-pequena CT Threskiornithidae (Poche, 1904) Phimosus infuscatus (Lichtenstein, 1823) tapicuru-de-cara-pelada CC CC CC Theristicus caudatus (Boddaert, 1783) curicaca CC Cathartidae (Lafresnaye, 1839) Cathartes aura (Linnaeus, 1758) urubu-de-cabeça-vermelha CC Coragyps atratus (Bechstein, 1793) urubu-de-cabeça-preta CC, CT Accipitridae (Vigors, 1824) Elanus leucurus (Vieillot, 1818) gavião-peneira CC, CT Ictinia plumbea (Gmelin, 1788) sovi CC, CT CT CT Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788) gavião-carijó CC, CT Falconidae (Leach, 1820) Caracara plancus (Miller, 1777) caracará CC, CT

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Atualidades Ornitológicas On-line Nº 155 - Maio/Junho 2010 - www.ao.com.br36

NOME DO TÁXON NOME EM PORTUGUÊS LOCAL DE REGISTRO

S/D U/D

Tringa solitaria (Wilson, 1813) maçarico-solitário CT

Milvago chimachima (Vieillot, 1816) carrapateiro CC, CT CC CC Falco sparverius (Linnaeus, 1758) quiriquiri CC, CT CC CC Falco femoralis (Temminck, 1822) falcão-de-coleira CC Rallidae (Rafinesque, 1815) Pardirallus nigricans (Vieillot, 1819) saracura-sanã CC Porphyrio martinica (Linnaeus, 1766) frango-d'água-azul CT CT CT Charadriidae (Leach, 1820) Vanellus chilensis (Molina, 1782) quero-quero CC, CT Recurvirostridae (Bonaparte, 1831) Himantopus melanurus (Vieillot, 1817) pernilongo-de-costas-brancas CC, CT Scolopacidae (Rafinesque, 1815) Gallinago paraguaiae (Vieillot, 1816) narceja CT CT CT

Tringa melanoleuca (Gmelin, 1789) maçarico-grande-de-perna-amarela CT CT CT Tringa flavipes (Gmelin, 1789) maçarico-de-perna-amarela CT CT CT Jacanidae (Chenu & Des Murs, 1854) Jacana jacana (Linnaeus, 1766) jaçanã CC, CT Columbidae (Leach, 1820) Columbina minuta (Linnaeus, 1766) rolinha-de-asa-canela CC, CT CT Columbina talpacoti (Temminck, 1811) rolinha-roxa CC, CT Columbina squammata (Lesson, 1831) fogo-apagou CC, CT Columbina picui (Temminck, 1813) rolinha-picui CC Columba livia (Gmelin, 1789) pombo-doméstico CC, CT Patagioenas picazuro (Temminck, 1813) pombão CC, CT Patagioenas plumbea (Vieillot, 1818) pomba-amargosa CC Zenaida auriculata (Des Murs, 1847) pomba-de-bando CC, CT Leptotila verreauxi (Bonaparte, 1855) juriti-pupu CC, CT Psittacidae (Rafinesque, 1815) Ara ararauna (Linnaeus, 1758) arara-canindé CC CC CC Aratinga leucophthalma (Statius Muller, 1776) periquitão-maracanã CC, CT CC Aratinga aurea (Gmelin, 1788) periquito-rei CC, CT Forpus xanthopterygius (Spix, 1824) tuim CC Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818) periquito-de-encontro-amarelo CC, CT CC Pionus maximiliani (Kuhl, 1820) maitaca-verde CT CT CT Amazona aestiva (Linnaeus, 1758) papagaio-verdadeiro CC, CT CT Cuculidae (Leach, 1820) Piaya cayana (Linnaeus, 1766) alma-de-gato CC, CT CT Coccyzus melacoryphus (Vieillot, 1817) papa-lagarta-acanelado CC Crotophaga major (Gmelin, 1788) anu-coroca CC CC Crotophaga ani (Linnaeus, 1758) anu-preto CC, CT Guira guira (Gmelin, 1788) anu-branco CC, CT Tapera naevia (Linnaeus, 1766) saci CC, CT CC Strigidae (Leach, 1820) Athene cunicularia (Molina, 1782) coruja-buraqueira CC, CT Caprimulgidae (Vigors, 1825) Nyctidromus albicollis (Gmelin, 1789) bacurau CC Trochilidae (Vigors, 1825) Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839) rabo-branco-acanelado CC Anthracothorax nigricollis (Vieillot, 1817) beija-flor-de-veste-preta CC, CT Chlorostilbon lucidus (Shaw, 1812) besourinho-de-bico-vermelho CC, CT Polytmus guainumbi (Pallas, 1764) beija-flor-de-bico-curvo CC, CT CC Alcedinidae (Rafinesque, 1815) Megaceryle torquata (Linnaeus, 1766) martim-pescador-grande CC, CT CT Chloroceryle amazona (Latham, 1790) martim-pescador-verde CC, CT CT Chloroceryle americana (Gmelin, 1788) martim-pescador-pequeno CC Galbulidae (Vigors, 1825) Galbula ruficauda (Cuvier, 1816) ariramba-de-cauda-ruiva CC Ramphastidae (Vigors, 1825) Ramphastos toco (Statius Muller, 1776) tucanuçu CC, CT CT CT Pteroglossus castanotis (Gould, 1834) araçari-castanho CC, CT CT CT Picidae (Leach, 1820) Picumnus cirratus (Temminck, 1825) pica-pau-anão-barrado CC Melanerpes candidus (Otto, 1796) birro, pica-pau-branco CC, CT Melanerpes flavifrons (Vieillot, 1818) benedito-de-testa-amarela CC CC CC Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766) pica-pau-de-banda-branca CC, CT CC, CT CC, CTVeniliornis spilogaster (Wagler, 1827) picapauzinho-verde-carijó CC CC Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788) pica-pau-verde-barrado CC, CT Colaptes campestris (Vieillot, 1818) pica-pau-do-campo CC, CT

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37Atualidades Ornitológicas On-line Nº 155 - Maio/Junho 2010 - www.ao.com.br

NOME DO TÁXON NOME EM PORTUGUÊS LOCAL DE REGISTRO

S/D U/D

Thamnophilidae (Swainson, 1824) Taraba major (Vieillot, 1816) choró-boi CC Thamnophilus doliatus (Linnaeus, 1764) choca-barrada CC, CT Formicivora rufa (Wied, 1831) papa-formiga-vermelho CC, CT Dendrocolaptidae (Gray, 1840) Lepidocolaptes angustirostris (Vieillot, 1818) arapaçu-de-cerrado CC, CT CT CT Furnariidae (Gray, 1840) Furnarius rufus (Gmelin, 1788) joão-de-barro CC, CT Certhiaxis cinnamomeus (Gmelin, 1788) curutié CC, CT Tyrannidae (Vigors, 1825) Hemitriccus margaritaceiventer (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837)

sebinho-de-olho-de-ouro CC

Todirostrum cinereum (Linnaeus, 1766) ferreirinho-relógio CC, CT Elaenia flavogaster (Thunberg, 1822) guaracava-de-barriga-amarela CC, CT Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824) risadinha CC Pyrocephalus rubinus (Boddaert, 1783) príncipe CC, CT Satrapa icterophrys (Vieillot, 1818) suiriri-pequeno CC, CT Xolmis velatus (Lichtenstein, 1823) noivinha-branca CC Gubernetes yetapa (Vieillot, 1818) tesoura-do-brejo CC, CT Arundinicola leucocephala (Linnaeus, 1764) freirinha CC, CT CT Machetornis rixosa (Vieillot, 1819) suiriri-cavaleiro CC, CT Myiozetetes similis (Spix, 1825) bentevizinho-de-penacho-vermelho CC Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766) bem-te-vi CC, CT Philohydor lictor (Lichtenstein, 1823) bentevizinho-do-brejo CC CC Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776) bem-te-vi-rajado CC Megarynchus pitangua (Linnaeus, 1766) neinei CC, CT Tyrannus albogularis (Burmeister, 1856) suiriri-de-garganta-branca CC CC Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819) suiriri CC, CT Tyrannus savana (Vieillot, 1808) tesourinha CC, CT Myiarchus ferox (Gmelin, 1789) maria-cavaleira CC, CT Vireonidae (Swainson, 1837) Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789) pitiguari CC Corvidae (Leach, 1820) Cyanocorax cyanomelas (Vieillot, 1818) gralha-do-pantanal CC Cyanocorax chrysops (Vieillot, 1818) gralha-picaça CC, CT CT Hirundinidae (Rafinesque, 1815) Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817) andorinha-pequena-de-casa CT Stelgidopteryx ruficollis (Vieillot, 1817) andorinha-serradora CC, CT Tachycineta leucorrhoa (Vieillot, 1817) andorinha-de-sobre-branco CC Hirundo rustica |(Linnaeus, 1758) andorinha-de-bando CC Troglodytidae (Swainson, 1831) Troglodytes musculus (Naumann, 1823) corruíra CC, CT Donacobiidae (Aleixo & Pacheco, 2006) Donacobius atricapilla (Linnaeus, 1766) japacanim CC, CT Turdidae (Rafinesque, 1815) Turdus leucomelas (Vieillot, 1818) sabiá-barranco CC, CT CT Turdus amaurochalinus (Cabanis, 1850) sabiá-poca CC, CT CC, CT CT Mimidae (Bonaparte, 1853) Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823) sabiá-do-campo CC, CT Motacillidae (Horsfield, 1821) Anthus lutescens (Pucheran, 1855) caminheiro-zumbidor CC CC Thraupidae (Cabanis, 1847) Saltator similis (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) trinca-ferro-verdadeiro CC, CT CT CT Saltatricula atricollis (Vieillot, 1817) bico-de-pimenta CC Schistochlamys melanopis (Latham, 1790) sanhaçu-de-coleira CC, CT CT CC, CTNemosia pileata (Boddaert, 1783) saíra-de-chapéu-preto CC CC Ramphocelus carbo (Pallas, 1764) pipira-vermelha CC, CT CT CT Thraupis sayaca (Linnaeus, 1766) sanhaçu-cinzento CC, CT Thraupis palmarum (Wied, 1823) sanhaçu-do-coqueiro CC, CT CT CT Pipraeidea melanonota (Vieillot, 1819) saíra-viúva CT CT CT Tangara cayana (Linnaeus, 1766) saíra-amarela CC CC Tersina viridis (Illiger, 1811) saí-andorinha CC Conirostrum speciosum (Temminck, 1824) figuinha-de-rabo-castanho CT CT CT Emberizidae (Vigors, 1825) Zonotrichia capensis (Statius Muller, 1776) tico-tico CC, CT CC, CT CT

Page 6: Composição da avifauna na mata ciliar de dois córregos, municipío

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NOME DO TÁXON NOME EM PORTUGUÊS LOCAL DE REGISTRO

S/D U/D

Ammodramus humeralis (Bosc, 1792) tico-tico-do-campo CC, CT Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766) canário-da-terra-verdadeiro CC, CT Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766) tiziu CC, CT Sporophila collaris (Boddaert, 1783) coleiro-do-brejo CC, CT Sporophila lineola (Linnaeus, 1758) bigodinho CC CC CC Sporophila caerulescens (Vieillot, 1823) coleirinho CC, CT Arremon flavirostris (Swainson, 1838) tico-tico-de-bico-amarelo CC Coryphospingus cucullatus (Statius Muller, 1776) tico-tico-rei CC CC CC Paroaria capitata (d'Orbigny & Lafresnaye, 1837) cavalaria CC CC CC Parulidae (Wetmore, Friedmann, Lincoln, Miller, Peters, van Rossem, Van Tyne & Zimmer 1947 ) Parula pitiayumi (Vieillot, 1817) mariquita CT CT CT Geothlypis aequinoctialis (Gmelin, 1789) pia-cobra CC, CT Basileuterus culicivorus (Deppe, 1830) pula-pula CC CC CC Icteridae (Vigors, 1825) Icterus cayanensis (Linnaeus, 1766) encontro CC, CT Gnorimopsar chopi (Vieillot, 1819) graúna CC, CT Pseudoleistes guirahuro (Vieillot, 1819) chopim-do-brejo CC, CT Molothrus bonariensis (Gmelin, 1789) vira-bosta CC, CT Sturnella superciliaris (Bonaparte, 1850) polícia-inglesa-do-sul CC, CT Fringillidae (Leach, 1820) Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766) fim-fim CC, CT Passeridae (Rafinesque, 1815) Passer domesticus (Linnaeus, 1758) pardal CC, CT

Córre

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Figura 04 – Mapa do estado de Mato Grosso do Sul, mostrando a localização do município de Naviraí – Fonte: IBGE

Figura 05 – Mapa do município de Naviraí, mostrando a área urbana e a localização dos córregos do Touro

e Cumandaí – Fonte: Prefeitura Municipal de Naviraí

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Figura 07 – Córrego do Touro – Fonte: GEBIO

Figura 06 – Córrego Cumandaí – Fonte: Prefeitura Municipal de Naviraí