comportamento de estacas tipo escavada e hélice contínua...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO
Comportamento de Estacas Tipo Escavada e Hélice Contínua, Submetidas a Esforços Horizontais
Bruno Braz Zammataro
Campinas 2007
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO
Comportamento de Estacas Tipo Escavada e Hélice Contínua, Submetidas a Esforços Horizontais
Bruno Braz Zammataro
Orientador: Prof. Dr. Paulo José Rocha de Albuquerque
Dissertação de Mestrado apresentada à Comissão de Pós-graduação da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil, na área de concentração de Geotecnia.
Campinas, SP 2007
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DA ÁREA DE ENGENHARIA E ARQUITETURA - BAE - UNICAMP
Z14c
Zammataro, Bruno Braz Comportamento de estacas tipo escavada e hélice contínua, submetidas a esforços horizontais / Bruno Braz Zammataro.--Campinas, SP: [s.n.], 2007. Orientador: Paulo José Rocha de Albuquerque Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. 1. Fundações (Engenharia). 2. Mecânica do solo. 3. Prova de carga. 4. Previsão. I. Albuquerque, Paulo José Rocha de. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. III. Título.
Titulo em Inglês: Behavior of Bored and Continuous Flight Auger Piles Under
Horizontal Stress. Palavras-chave em Inglês: Foundation (Engineering). Soil Mechanics. Load test.
Displacement. Forecasting. Horizontal load. Área de concentração: Geotécnica Titulação: Mestre em Engenharia Civil Banca examinadora: Paulo José Rocha de Albuquerque, Ademar da Silva Lobo e Pérsio Leister de Almeida Barros Data da defesa: 27/02/2007
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"...E não há melhor resposta
que o espetáculo da vida:
vê-la desfiar seu fio,
que também se chama vida,
ver a fábrica que ela mesma,
teimosamente, se fabrica,
vê-la brotar como há pouco
em nova vida explodida;
mesmo quando é assim pequena
a explosão, como a ocorrida;
mesmo quando é uma explosão
como a de há pouco, franzina;
mesmo quando é a explosão
de uma vida Severina."
(Morte e Vida Severina, João Cabral de Melo Neto).
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Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Paulo José Rocha de Albuquerque, pela confiança depositada, pela
presença plena como orientador e pelos materiais cedidos.
Ao Prof. Dr. David de Carvalho, pelo incentivo e apoio técnico no decorrer da
pesquisa. À CAPES, pelo apoio financeiro que possibilitou os trabalhos de pesquisa.
Aos amigos Aline Cacace e Gentil Miranda Júnior, pela ajuda na busca por
materiais, auxílio nas provas de carga e figuras cedidas.
Aos amigos Rogério C. R Nogueira e João Alexandre Paschoalim Filho pelo
auxílio nas provas de carga e constante companheirismo.
À querida Telma pelo auxílio na busca de artigos, livros e outros materiais
necessários à elaboração do trabalho, bem como na revisão completa do texto.
Ao Prof. Dr. Cláudio Vidrih Ferreira e Prof. Dr. Ademar da Silva Lobo, pelos
equipamentos cedidos para os trabalhos de campo.
A todos os que depositaram confiança nesse trabalho e de alguma forma
cooperaram para que este fosse concluído.
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Sumário
Lista de Quadros............................................................................................... xv Lista de Figuras................................................................................................. xix Lista de Fotos.................................................................................................... xxv Lista de Abreviaturas e Símbolos.................................................................... xxvii Resumo.............................................................................................................. xxxi Abstract.............................................................................................................. xxxiii 1. Introdução...................................................................................................... 001 2. Objetivos........................................................................................................ 005 3. Revisão Bibliográfica.................................................................................... 007 3.1. Estaca Escavada Mecanicamente com Trado Helicoidal............................. 007
3.1.1. Método Executivo...................................................................................... 008 3.1.2. Efeitos Relacionados Ao Processo Executivo........................................... 010
3.1.2.1. Alívio de Tensões Devido à Escavação................................................. 010 3.2. Estaca Hélice Contínua................................................................................ 012 3.2.1. Método Executivo...................................................................................... 013 3.2.1.1. Perfuração.............................................................................................. 013 3.2.1.2. Concretagem.......................................................................................... 015 3.2.1.3. Inserção de Armadura............................................................................ 015 3.2.1.4. Controle na Execução............................................................................ 016 3.3. Estacas Carregadas Horizontalmente.......................................................... 017
3.3.1. Teoria da Reação Horizontal do Solo........................................................ 018
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3.3.1.1. Coeficiente de Reação Horizontal do Solo............................................. 019
3.3.1.2. Módulo de Reação Horizontal do Solo................................................... 019 3.3.1.3. Variação do Módulo de Reação Horizontal do Solo com a
Profundidade....................................................................................................... 021 3.3.1.4. Valores Típicos de Módulo de Reação Horizontal do Solo.................... 022 3.3.1.4.1. Areias.................................................................................................. 024 3.3.1.4.2. Argilas Pré-adensadas........................................................................ 026 3.3.1.5. Análise Teórica do Problema da Estaca Carregada
Horizontalmente.................................................................................................. 028
3.3.2. Capacidade de Carga de Estacas Carregadas Horizontalmente.............. 035
3.3.2.1. Teoria de Broms (1964a, 1964b)............................................................ 040
3.3.2.1.1. Solos Coesivos.................................................................................... 040
3.3.2.1.1.1. Estaca com Cabeça Livre................................................................. 041
3.3.2.1.1.2. Estaca com Cabeça Engastada....................................................... 043 3.3.2.1.2. Solos Não-coesivos............................................................................. 044
3.3.2.1.2.1. Estaca com Cabeça Livre................................................................. 045
3.3.2.1.2.2. Estaca com Cabeça Engastada....................................................... 048 3.3.2.2. Estacas Submetidas a Cargas Inclinadas.............................................. 050 3.3.2.2.1. Solos Coesivos.................................................................................... 051
3.3.2.2.2. Solos Não-coesivos............................................................................. 052
3.3.2.3. Estacas Inclinadas.................................................................................. 054
3.3.2.4. Estimativa de Carga de Ruptura Através de Provas de
Carga................................................................................................................... 055
3.3.2.4.1. Critério de Van Der Veen (1953)......................................................... 056 3.3.2.4.2. Critério de Mazurkiewicz (1972).......................................................... 057 3.3.2.4.3. Critério da NBR 6122/96..................................................................... 058 3.3.2.4.4. Critério da Ruptura Convencional....................................................... 059 3.3.2.4.5. Método de Rigidez (DÉCOURT, 1996)............................................... 060 3.3.3. Previsão de Deslocamento de Estacas Carregadas
Horizontalmente.................................................................................................. 061 3.3.3.1. Deslocamento Horizontal Segundo Broms (1964a, 1964b)................... 061
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3.3.3.2. Método de Matlock & Reese (1961)....................................................... 064 3.3.3.2.1. Determinação de nh Através de Provas de Carga............................... 067
3.3.3.3. Previsão de Deslocamento Baseando-se em Ensaios de
Campo................................................................................................................. 070 3.3.3.3.1. Discussões Sobre os Parâmetros do Solo.......................................... 071 3.3.3.3.2. Análise das Deformações.................................................................... 073
3.3.3.3.3. Análise Crítica dos Valores Propostos................................................ 075 3.3.4. Propostas Para Aumentar a Capacidade de Carga de Estacas
Submetidas a Carregamentos Horizontais.......................................................... 077
4. Local da Pesquisa......................................................................................... 079 4.1. Características Geológicas........................................................................... 081
4.2. Características Geotécnicas......................................................................... 083
4.2.1. Classificação Granulométrica.................................................................... 083
4.2.2. Ensaios de Laboratório.............................................................................. 085
4.2.3. Ensaios de Campo.................................................................................... 089 4.2.4. Histórico dos Elementos Ensaiados.......................................................... 094 4.2.5. Discussões Sobre o Comportamento do Solo........................................... 094
5. Materiais e Métodos...................................................................................... 099 5.1. Prova de Carga Estática............................................................................... 099
5.1.1. Prova de Carga Horizontal........................................................................ 100 5.1.2. Recomendações da NBR 12131/92.......................................................... 109 5.1.2.1. Dispositivos de Aplicação de Carga....................................................... 109 5.1.2.2. Dispositivos de Medida........................................................................... 109
5.1.2.3. Execução do Ensaio............................................................................... 110
6. Resultados..................................................................................................... 113 6.1. Resultados dos Ensaios............................................................................... 113 7. Análise............................................................................................................ 143 7.1. Carga de Ruptura......................................................................................... 143 7.1.1. Carga Admissível...................................................................................... 149 7.1.2. Carregamento Cíclico................................................................................ 150
7.2. Coeficiente de Reação Horizontal................................................................ 151
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7.2.1. Obtenção de nh e Deslocamento Horizontal Através de Modelos
Empíricos Baseados em Ensaios de Campo...................................................... 154 7.3. Capacidade de Carga Teórica...................................................................... 156
8. Conclusões.................................................................................................... 159 8.1. Comportamento Carga-recalque.................................................................. 159 8.2. Carga de Ruptura......................................................................................... 159 8.3. Carga Admissível......................................................................................... 161 8.4. Carregamento Cíclico................................................................................... 163
8.5. Coeficiente de Reação Horizontal................................................................ 164 8.6. Capacidade de Carga Teórica...................................................................... 165
8.7. Sugestões para Novas Pesquisas................................................................ 166
Anexos................................................................................................................ 167 A. Calibração da Célula de Carga....................................................................... 167 B. Dados Obtidos em Campo.............................................................................. 168
Referências Bibliográficas............................................................................... 175 Bibliografia Recomendada............................................................................... 185
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Lista de Quadros
Quadro 3.1 – Valores de coeficiente de reação horizontal do solo nh
(TERZAGHI, 1955).............................................................................................. 024
Quadro 3.2 – Valores típicos de nh (DÉCOURT, 1991)...................................... 025 Quadro 3.3 – Valores de nh obtidos para diferentes tipos de estacas
(ALONSO, 1996)................................................................................................. 026
Quadro 3.4 – Valores de nh de estacas re-ensaiadas (MIGUEL, 1996).............. 026
Quadro 3.5 – Valores de slk para placas quadradas em argila pré-adensada
(TERZAGHI, 1955).............................................................................................. 027 Quadro 3.6 – Classificação quanto à rigidez (CINTRA, 1982)............................ 034 Quadro 3.7 – Deslocamento horizontal da cabeça da estaca para solos
coesivos (BROMS, 1964a).................................................................................. 062 Quadro 3.8 – Coeficiente n1 (BROMS, 1964a).................................................... 063
Quadro 3.9 – Coeficiente n2 (BROMS, 1964a).................................................... 063
Quadro 3.10 – Deslocamento horizontal da cabeça da estaca para solos não-
coesivos (BROMS, 1964b).................................................................................. 063 Quadro 3.11 – Coeficientes adimensionais (MATLOCK & REESE, 1961)......... 067 Quadro 3.12 – Valores de k para argilas sobre-adensadas (DÉCOURT, 1991). 072
Quadro 3.13 – Fatores de influência elástica IρH e IρM (DÉCOURT, 1991)......... 074
Quadro 4.1 – Valores de Cc e σa obtidos (CAVALCANTE et al.,
2006)................................................................................................................... 087
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Quadro 4.2 – Resultados de provas de carga em estacas hélice contínua de
12m de comprimento e 40cm de diâmetro (CAVALCANTE et al., 2006)............ 093
Quadro 4.3 – Resultados de provas de carga em estacas escavadas de 12m
de comprimento e 40cm de diâmetro (CAVALCANTE et al., 2006).................... 093
Quadro 4.4 – Provas de carga realizadas nas estacas utilizadas na
pesquisa.............................................................................................................. 094 Quadro 4.5 – Classificação do solo através do CPT (FONTAINE,
2004)................................................................................................................... 097 Quadro 6.1 – Resumo geral das provas de carga............................................... 123
Quadro 7.1 – Estimativa da carga de ruptura das estacas ensaiadas................ 144 Quadro 7.2 – Valor médio da carga de ruptura, desvio padrão e coeficiente de
variação............................................................................................................... 144
Quadro 7.3 – Comparativo entre a NBR 6122/96 e Van Der Veen (1953)......... 145
Quadro 7.4 – Comparativo entre a NBR 6122/96 e Mazurkiewicz (1972).......... 145
Quadro 7.5 – Comparativo entre a NBR 6122/96 e Décourt (1996)................... 146
Quadro 7.6 – Comparativo entre a NBR 6122/96 e Ruptura Convencional........ 146
Quadro 7.7 – Carga admissível horizontal das estacas...................................... 149 Quadro 7.8 – Variação da carga admissível das estacas................................... 150 Quadro 7.9 – Resumo geral de deformações lidas nas estacas......................... 151
Quadro 7.10 – Valores de nh calculados para cada estaca................................ 152 Quadro 7.11 – Carga correspondente aos deslocamentos horizontais de 6,00
e 12,00mm........................................................................................................... 153
Quadro 7.12 – Comparativo no intervalo de 6,00 a 12,00mm, para as estacas
hélice contínua.................................................................................................... 153
Quadro 7.13 – Comparativo no intervalo de 6,00 a 12,00mm, para as estacas
escavadas........................................................................................................... 153
Quadro 7.14 – Cálculo do nh através do valor médio de N-SPT......................... 154 Quadro 7.15 – Comparativo entre os valores de nh............................................ 155 Quadro 7.16 – Deslocamento horizontal obtido através de correlações
empíricas............................................................................................................. 155 Quadro 7.17 – Classificação das estacas quanto seu comprimento e rigidez.... 156
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Quadro 7.18 - Valores calculados de Hu e Hadm.................................................. 156 Quadro 7.19 – Comparativo entre valores de carga de ruptura.......................... 157 Quadro B.1 – Dados de campo para o primeiro ciclo de carregamento da
PC1...................................................................................................................... 168
Quadro B.2 – Dados de campo para o segundo ciclo de carregamento da
PC1...................................................................................................................... 169
Quadro B.3 – Dados de campo para o segundo ciclo de carregamento da PC1
(continuação)....................................................................................................... 170
Quadro B.4 – Dados de campo para a PC2........................................................ 170
Quadro B.5 – Dados de campo para a PC2 (continuação)................................. 171 Quadro B.6 – Dados de campo para o primeiro ciclo de carregamento da
PC3...................................................................................................................... 171
Quadro B.7 – Dados de campo para o primeiro ciclo de carregamento da PC3
(continuação)....................................................................................................... 172
Quadro B.8 – Dados de campo para o segundo ciclo de carregamento da
PC3...................................................................................................................... 172
Quadro B.9 – Dados de campo para o segundo ciclo de carregamento da PC3
(continuação)....................................................................................................... 173
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Lista de Figuras
Figura 3.1 – Seqüência executiva da estaca escavada com equipamento
mecânico (FUNDESP, 2006)............................................................................... 009
Figura 3.2 - Efeito da execução de uma estaca escavada e cravada,
respectivamente (CLAYTON & MILITITSKY, 1981)............................................ 011
Figura 3.3 – Processo executivo (SOLOS SANTINI, 2005)................................ 013
Figura 3.4 – Detalhes do equipamento utilizado para execução (GEOFIX,
1998)................................................................................................................... 014
Figura 3.5 – Relatório final da execução (FUNDESP, 2006).............................. 016
Figura 3.6 – Conjunto de molas independentes.................................................. 018
Figura 3.7 – Coeficiente de reação horizontal do solo (U.S.NAVY, 1962).......... 025
Figura 3.8 – Viga sobre apoio elástico (KERR, 1978)......................................... 028
Figura 3.9 – Estaca carregada lateralmente (CINTRA, 1982)............................. 029
Figura 3.10 – Curva representativa da reação do solo pelo deslocamento da
estaca (CINTRA, 1982)....................................................................................... 030
Figura 3.11 – Exemplo da variação de K com a profundidade (CINTRA, 1982). 031
Figura 3.12 – Esquema estático de uma estaca carregada horizontalmente
com a cabeça livre (POULOS & DAVIS, 1980)................................................... 035
Figura 3.13 – Distribuição provável da reação horizontal do solo (POULOS &
DAVIS, 1980)....................................................................................................... 038
Figura 3.14 – Razão entre a adesão e coesão para solos estritamente
coesivos (POULOS & DAVIS, 1980)................................................................... 039
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Figura 3.15 – Fatores de resistência horizontal Kc e Kq (POULOS & DAVIS,
1980)................................................................................................................... 039
Figura 3.16 – Possíveis mecanismos de ruptura para estacas em solos
estritamente coesivos (BROMS, 1964a)............................................................. 041
Figura 3.17 – Resistência horizontal última para estacas curtas e longas,
respectivamente, em solos coesivos (BROMS, 1964a)...................................... 042
Figura 3.18 – Possíveis mecanismos de ruptura para estacas curtas, médias
e longas, respectivamente (BROMS, 1964a)...................................................... 043
Figura 3.19 – Estacas curtas e longas, respectivamente em solo não-coesivo
(BROMS, 1964b)................................................................................................. 046
Figura 3.20 – Resistência horizontal última para estacas curtas e longas,
respectivamente, em solos não-coesivos (BROMS, 1964b)............................... 047
Figura 3.21 – Possíveis mecanismos de ruptura para estacas curtas, médias
e longas, em solos não-coesivos (BROMS, 1964b)............................................ 049
Figura 3.22 – Variação da capacidade de carga com a inclinação do
carregamento para solo coesivo (POULOS & DAVIS, 1980).............................. 051
Figura 3.23 – Distribuição de tensões atuantes no solo para carregamentos
inclinados (POULOS & DAVIS, 1980)................................................................. 052
Figura 3.24 – Distribuição de tensões assumida por Broms (1965).................... 053
Figura 3.25 – Problema da estaca inclinada (POULOS & DAVIS, 1980)............ 054
Figura 3.26 – Critério de Van Der Veen (1953)................................................... 056
Figura 3.27 – Critério de Mazurkiewicz (1972).................................................... 058
Figura 3.28 – Critério da NBR 6122/96............................................................... 059
Figura 3.29 – Rigidez de ponta de uma estaca hélice contínua (DÉCOURT,
2003)................................................................................................................... 060
Figura 3.30 – Princípio da superposição de efeitos (CINTRA, 1982).................. 064
Figura 3.31 – Princípio da superposição de efeitos (CINTRA, 1982).................. 066
Figura 3.32 – Convenção de sinais (CINTRA, 1982).......................................... 066
Figura 3.33 – Decomposição do deslocamento yt (KOCSIS, 1971).................... 069
Figura 3.34 – Correção do fator F1 em função de δ/d (%) (DÉCOURT, 1991)... 073
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Figura 3.35 – Métodos para aumentar a capacidade de carga horizontal de
estacas (BROMS, 1972)...................................................................................... 077
Figura 3.36 – Utilização de concreto magro no entorno de estacas................... 078
Figura 4.1 – Localização de Barão Geraldo e sua proximidade dos grandes
centros do estado (DER, 2004)........................................................................... 079
Figura 4.2 – Localização do campo experimental no campus da Unicamp
(UNICAMP, 2005)................................................................................................ 080
Figura 4.3 – Perfil geológico da região de Campinas (ZUQUETTE, 1997)......... 081
Figura 4.4 - Algumas regiões do Brasil com potencial de ocorrência do perfil
de Campinas (GIACHETI, 1991)......................................................................... 082
Figura 4.5 – Perfil geotécnico típico do campo experimental
(ALBUQUERQUE, 2001)..................................................................................... 084
Figura 4.6 – Variações das frações granulométricas (uso de defloculante) com
a profundidade (CAVALCANTE et al., 2006)...................................................... 085
Figura 4.7 – Variações dos limites de Atterberg com a profundidade
(CAVALCANTE et al., 2006)............................................................................... 086
Figura 4.8 – Índices físicos obtidos em ensaios de laboratório e suas
correlações (CAVALCANTE et al., 2006)............................................................ 087
Figura 4.9 – Parâmetros de resistência obtidos em ensaios triaxiais tipo CU
(CAVALCANTE et al., 2006)............................................................................... 088
Figura 4.10 – Variação de N-SPT em profundidade (CAVALCANTE et al.,
2006)................................................................................................................... 089
Figura 4.11 – Valores médios T-máx e T-res, em profundidade
(CAVALCANTE et al., 2006)............................................................................... 090
Figura 4.12 – Variação da resistência de ponta (qc) do CPT, em profundidade
(CAVALCANTE et al., 2006)............................................................................... 091
Figura 4.13 – Variação do atrito lateral (fs) do CPT, em profundidade
(CAVALCANTE et al., 2006)............................................................................... 092
Figura 4.14 – Módulo de elasticidade em profundidade...................................... 095
Figura 4.15 – Potencial matricial, composto pela ação capilar e de adsorção
da água (RÖHM, 1997)....................................................................................... 096
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Figura 5.1 – Vista em planta de uma prova de carga horizontal......................... 105
Figura 5.2 – Vista em corte longitudinal de uma prova de carga horizontal........ 106
Figura 5.3 – Detalhes das figuras 5.1 e 5.2......................................................... 107
Figura 5.4 – Locação atualizada das estacas no Campo Experimental
(ALBUQUERQUE, 2001)..................................................................................... 108
Figura 6.1 – Curva carga-deslocamento da HC1................................................ 114
Figura 6.2 – Curva carga-deslocamento da HC2................................................ 115
Figura 6.3 – Curva carga-deslocamento da HC3................................................ 116
Figura 6.4 – Curva carga-deslocamento da E1................................................... 117
Figura 6.5 – Curva carga-deslocamento da E2................................................... 118
Figura 6.6 – Curva carga-deslocamento da E3................................................... 119
Figura 6.7 – Curva carga-deslocamento de todas as estacas hélice
contínua............................................................................................................... 120
Figura 6.8 – Curva carga-deslocamento de todas as estacas
escavadas........................................................................................................... 121
Figura 6.9 – Resumo geral das curvas carga-deslocamento de todas as
estacas................................................................................................................ 122
Figura 6.10 – Curva y0 versus nh da HC1........................................................... 124
Figura 6.11 – Curva y0 versus nh da HC2........................................................... 124
Figura 6.12 – Curva y0 versus nh da HC3........................................................... 126
Figura 6.13 – Curva y0 versus nh da E1.............................................................. 127
Figura 6.14 – Curva y0 versus nh da E2.............................................................. 128
Figura 6.15 – Curva y0 versus nh da E3.............................................................. 129
Figura 6.16 – Curva y0 versus nh, de todas as estacas hélice contínua............. 130
Figura 6.17 – Curva y0 versus nh, de todas as estacas escavadas.................... 131
Figura 6.18 – Resumo geral das curvas y0 versus nh, de todas as estacas....... 132
Figura 6.19 – Rotação da cabeça da estaca HC1............................................... 133
Figura 6.20 – Rotação da cabeça da estaca HC2............................................... 134
Figura 6.21 – Rotação da cabeça da estaca HC3............................................... 135
Figura 6.22 – Rotação da cabeça da estaca E1................................................. 136
Figura 6.23 – Rotação da cabeça da estaca E2................................................. 137
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Figura 6.24 – Rotação da cabeça da estaca E3................................................. 138
Figura 6.25 – Rotação da cabeça de todas as estacas hélice contínua............. 139
Figura 6.26 – Rotação da cabeça de todas as estacas escavadas.................... 140
Figura 6.27 – Resumo geral da rotação da cabeça de todas as estacas........... 141
Figura 7.1 – Comparativo entre os métodos para obtenção da carga de
ruptura na PC1.................................................................................................... 147
Figura 7.2 – Comparativo entre os métodos para obtenção da carga de
ruptura na PC2.................................................................................................... 147
Figura 7.3 – Comparativo entre os métodos para obtenção da carga de
ruptura na PC3.................................................................................................... 148
Figura A.1 - Curva de calibração da célula de carga.......................................... 167
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Lista de Fotos
Foto 3.1 – Elemento de escavação utilizado em perfuratrizes mecânicas
(ALBUQUERQUE, 2001)..................................................................................... 009
Foto 3.2 – Equipamento utilizado para execução (FUNDESP, 2006)................. 012
Foto 3.3 – Prova de carga com placa circular realizada no campo
experimental........................................................................................................ 075
Foto 5.1 – Par de estacas, escavada e hélice contínua...................................... 101
Foto 5.2 – Caixa de leitura da célula de carga e bomba do macaco hidráulico.. 101
Foto 5.3 – Montagem de uma prova de carga horizontal.................................... 103
Foto 5.4 – Detalhe do encaixe do pistão do macaco e extensômetros
analógicos........................................................................................................... 103
Foto 5.5 – Detalhe do encaixe do tubo de extensão........................................... 104
Foto 5.6 – Viga de referência de uma das estacas............................................. 104
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Lista de Abreviaturas e Símbolos
α......................... ângulo da carga resultante para estacas inclinadas (º)
nh........................ coeficiente de reação horizontal (MN/m3)
CV....................... coeficiente de variação
CPT.................... Cone Penetration Test
SPT..................... Standard Penetration Test
SPT-T................. Standard Penetration Test com Torque
DER.................... Departamento de Estradas de Rodagem
PC1, PC2 e PC3 provas de carga horizontais
E1, E2 e E3........ estacas escavadas
HC1, HC2 e HC3 estacas hélice contínua
T-máx................. torque máximo (kN.m)
T-res................... torque máximo (kN.m)
kh......................... coeficiente de reação horizontal (MN/m3)
p.......................... pressão aplicada (kN)
k.......................... módulo de reação horizontal (MN/m2)
y.......................... deslocamento horizontal (m)
z.......................... profundidade (m)
A......................... coeficiente dependente da compacidade relativa da areia
γ......................... peso específico (kN/m3)
D ou d................. diâmetro (m)
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slk ....................... coeficiente de recalque para placa quadrada de 0,305m de lado
qu........................ capacidade de suporte (MN/m2)
E......................... módulo de elasticidade (kN/m2)
ES........................ módulo de elasticidade do solo (kN/m2)
Ep........................ módulo de elasticidade da estaca (kN/m2)
I........................... momento de inércia (m4)
Ip......................... momento de inércia da estaca (m4)
M......................... momento fletor (kN.m)
M0....................... momento fletor (kN.m)
Q......................... força cortante (kN)
P......................... reação por unidade de comprimento (kN/m)
PH........................ força horizontal (kN)
S0........................ rotação na cabeça da estaca (m)
S......................... rotação na cabeça da estaca (m)
R......................... fator de rigidez relativa estaca-solo para K constante com a
profundidade (m)
R......................... carga de ruptura (kN)
R......................... rigidez da estaca (kN/m)
T......................... fator de rigidez relativa estaca-solo para K variando linearmente
com a profundidade (m)
L.......................... comprimento da estaca (m)
pu........................ máxima tensão transferida ao solo (kN/m2)
p0........................ tensão transferida ao solo na cabeça da estaca (kN/m2)
pL........................ tensão transferida ao solo na ponta da estaca (kN/m2)
zr......................... profundidade de rotação (m)
Hu........................ força horizontal última (kN)
e.......................... distância da superfície do terreno ao ponto de aplicação da
força (m)
e.......................... excentricidade da carga aplicada, ou seja, M/H (m)
e’......................... distância da superfície do terreno ao ponto de leitura (m)
Kc........................ fator de resistência lateral dado em função de φ e z/d
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Kq........................ fator de resistência lateral dado em função de φ e z/d
ca......................... adesão do solo (kN)
c.......................... coesão do solo (kN)
cu......................... coesão não-drenada (kN) q.......................... sobrecarga vertical
φ.......................... ângulo de atrito interno (º)
φ’......................... ângulo de atrito interno efetivo (º)
f........................... posição do máximo momento atuante na estaca (m)
Mmáx.................... momento máximo atuante à profundidade f (kN.m)
My....................... momento fletor que provoca deformações plásticas no material
da estaca (kN.m)
Kp........................ (1+Sen φ’)/ (1-Sen φ’)
'vσ ...................... tensão efetiva vertical (kN)
F......................... força horizontal atuante na ponta da estaca (kN)
δ.......................... ângulo de inclinação da carga com a vertical (º)
Qu........................ capacidade de carga de uma estaca submetida a um
carregamento inclinado (kN)
Pu0....................... capacidade de carga axial, quando a carga aplicada age ao
longo do eixo da estaca (kN)
∆Pu...................... incremento de carregamento provocado pelas forças laterais T
e R (kN)
ψ......................... desvio do eixo vertical (º)
ρ.......................... deslocamento horizontal (m)
a.......................... coeficiente de forma
β.......................... fator de classificação quanto à flexibilidade para solos coesivos
η......................... fator de classificação quanto à flexibilidade para solos não-
coesivos
n1........................ coeficiente em função da coesão não drenada da argila
n2........................ coeficiente em função do material da estaca
yP........................ deslocamento provocado pela força horizontal (m)
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yM........................ deslocamento provocado pelo momento fletor (m) yMCe
yPC ............. coeficientes adimensionais
y0......................... deslocamento horizontal (m)
yt......................... deslocamento horizontal decomposto (m)
y1, y2 e y3............ parcelas de deslocamento horizontal (L)
µ.......................... coeficiente de Poisson
N......................... parâmetro de resistência obtido no ensaio SPT e SPT-T
N-SPT................. parâmetro de resistência obtido no ensaio SPT e SPT-T
F1........................ fator de correção da não-linearidade do módulo de elasticidade
com a profundidade
F2........................ fator empírico para areias secas, equivalente a 1,6
KR........................ fator de flexibilidade
IρH e IρM............... fatores de influência elástica
qc........................ resistência de ponta através de ensaio CPT (kPa)
fs......................... atrito lateral através de ensaio CPT (kPa)
p0 e p1................. pressões correspondentes ao deslocamento nulo e de 1mm da
membrana do dilatômetro
PL........................ pressão limite do pressiômetro de Ménard (kPa)
EPM...................... módulo pressiométrico (kPa)
Pmáx..................... carga de ruptura de estacas (kN)
δmáx..................... recalque correspondente a carga de ruptura de estacas (m)
fc28................................ Resistência à compressão do concreto aos 28 dias (MPa)
Hmáx............................... máxima carga aplicada a cabeça da estaca (kN)
ymáx................................ deslocamento correspondente à máxima carga aplicada na
cabeça da estaca (kN)
yperm..................... deformação horizontal permanente (m)
Hadm..................... carga admissível (kN)
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Resumo
Zammataro, Bruno Braz. Comportamento de Estacas Tipo Escavada e Hélice Contínua,
Submetidas a Esforços Horizontais. Campinas, Faculdade de Engenharia Civil,
Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas, 2007. 173 pág.
Dissertação (mestrado).
Nesta pesquisa estudou-se o comportamento de estacas tipo escavada e hélice
contínua, submetidas a prova de carga estática horizontal. Estes elementos encontram-
se instalados no Campo Experimental da Feagri, Unicamp, cujo perfil compõe-se de
solo estratificado predominantemente argiloso, porém com comportamento de arenoso.
Como objetivo principal, obtiveram-se valores de nh, para um intervalo escolhido
e através de valores de deslocamento horizontal e carga aplicada. Além disso,
obtiveram-se, para diversos métodos, valores de carga de ruptura e carga admissível
horizontal, verificando sua validade.
Palavras-chave: concreto – ensaio – estaca – horizontal.
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Abstract
Zammataro, Bruno Braz. Behavior of Bored and Continuous Flight Auger Piles Under
Horizontal Stress. Campinas, School of Civil Engineering, Achitecture and Urbanization,
State University in Campinas – UNICAMP, 2007. 173 pages, Dissertation (for a Master’s
Degree).
The behavior of bored and continuous flight auger piles was studied, under static
horizontal load. These elements are installed in the Feagri Experimental Field, at the
Unicamp campus, with a soil section profile which is predominantly stratified clay, but
behaving as sandy soil.
The main objective was to obtain values for nh, for a chosen interval and through
values of horizontal displacement and applied load. Besides this, for various methods,
values were obtained for horizontal loading at rupture and safe loading, verifying their
validity.
Key words: concrete – testing – pile – horizontal.
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1. Introdução
Freqüentemente, o elemento ou o conjunto de elementos de fundação sofre a
ação de esforços horizontais. Como exemplos, podem-se citar o caso das fundações de
pontes, estacas pranchas utilizadas como contenção, torres de transmissão, edifícios
altos etc.
Esses esforços horizontais são causados pela ação de empuxo de terra,
ventos, ondas marítimas, frenagem, arrancadas bruscas de automóveis e até mesmo
ações simultâneas, como no caso das pontes e pontes rolantes.
Em alguns países, onde há presença de atividade sísmica, o código de obras
exige que no projeto das fundações, seja considerada a ação de uma carga horizontal,
da ordem de 10% da carga admissível axial, minimizando assim, as conseqüências do
possível terremoto (CINTRA, 1982).
Devido à importância do cálculo de estacas solicitadas por cargas horizontais,
criaram-se modelos matemáticos simplificados, uma vez que a modelagem do problema
da ação horizontal é tridimensional e extremamente complexa para solução rotineira por
parte de projetistas (CINTRA, 1982).
A mais conhecida e difundida teoria para avaliação dessas ações é a “Teoria da
Reação Horizontal do Solo”, na qual o fator nh (coeficiente de reação horizontal) traduz
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a proporcionalidade entre a reação e o deslocamento da massa de solo solicitada
(MIGUEL, 1996). Entretanto, este fator é difícil de ser estimado matematicamente,
devendo, portanto, ser “medido” através de provas de carga e, dessa forma, pode-se
conhecer, para o solo onde será instalada a obra, o valor confiável de resistência
horizontal do solo.
Para tanto, julgou-se conveniente submeter três pares de estacas a provas de
carga estáticas. Estas estacas encontram-se instaladas no Campo Experimental para
Estudos de Mecânica dos Solos e Fundações, da Faculdade de Engenharia Agrícola
(Feagri), localizada no campus da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), cujo
perfil geotécnico é comum a várias regiões do país, principalmente àquelas onde há
maior desenvolvimento humano, daí sua importância.
Os elementos ensaiados compõem-se de três estacas hélice contínua e três
escavadas sem lama bentonítica, todas com 40cm de diâmetro e comprimento de 12m.
Atualmente, estes tipos de estacas são utilizados em larga escala na construção de
edifícios altos, pontes, paredes de contenção de subsolo de edifícios (no caso da hélice
contínua) e outras estruturas.
As provas de carga foram realizadas com pares formados por uma estaca
hélice contínua e uma escavada (3 pares no total). Essa escolha se deu pela disposição
em que se encontravam as estacas em campo. Em outra ocasião, serviram de objeto
para outra pesquisa (capítulos 4 e 5).
Neste horizonte, a primeira camada apresenta-se geralmente com espessura
variando entre 5 e 8m, com altíssima porosidade e baixa capacidade de suporte,
justamente onde encontram-se as maiores solicitações quando influído um esforço
horizontal. A camada superficial tem uma parcela significativa de finos (argila e silte),
porém possui comportamento semelhante ao de um solo arenoso.
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Através dos dados obtidos em campo, confeccionaram-se curvas, do tipo carga-
deslocamento, para todas as estacas. Objetivando-se a determinação da carga de
ruptura, foram utilizados alguns métodos consagrados, avaliando a acurácia dos valores
obtidos para carregamentos horizontais, uma vez que, para este caso em especial, não
existem métodos específicos.
Utilizando a modelagem matemática apresentada por Broms (1964a, 1964b),
confrontaram-se os valores de capacidade de carga real, obtidos através dos ensaios,
com valores teóricos.
Finalmente, foram obtidos, através do modelo proposto por Matlock & Reese
(1961), os valores de nh, nos intervalos de deslocamento sugeridos por alguns autores.
Complementando a pesquisa, foi avaliada a possibilidade de exclusão da
segunda parcela da expressão de deslocamento horizontal proposta por Matlock &
Reese (1961). Esta parcela corresponde ao deslocamento referente à distância entre o
centro de aplicação de carga e o nível do terreno, que geralmente é negligenciada, sem
preocupações com sua magnitude. Também compararam-se os valores de
deslocamento horizontal, obtidos nos ensaios, com aqueles calculados por métodos
empíricos, baseados em ensaios de campo.
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2. Objetivos
Dentre os principais objetivos da pesquisa, podem-se destacar:
• Calcular através do método de Matlock & Reese (1961), o valor de nh na
condição de umidade natural do solo, verificando a possibilidade de
exclusão da segunda parcela da expressão;
• Observar o comportamento de dois dos três pares de estacas, quando
submetidos a carregamentos cíclicos, analisando-se a perda de capacidade
de carga;
• Calcular as cargas de ruptura e admissível, através dos métodos de
extrapolação para estacas ensaiadas à compressão, verificando sua
validade e possibilidade de uso para outras pesquisas;
• Confrontar os valores de carga de ruptura obtidos por extrapolação, com
aqueles calculados pela teoria;
• Finalmente, comparar os valores de deslocamento horizontal, lidos nos
ensaios, com aqueles calculados por métodos empíricos, baseados em
ensaios de campo.
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3. Revisão Bibliográfica
Serão abordadas, neste capítulo, as características dos tipos de estacas
utilizadas nas provas de carga, a teoria da reação horizontal do solo (foco dessa
pesquisa), alguns métodos especiais de cálculo por intermédio de ensaios de campo e
complementando-se, será enfocada uma das teorias para cálculo de capacidade de
carga horizontal de estacas.
3.1. Estaca Escavada Mecanicamente com Trado Helicoidal
A execução de uma estaca escavada consiste, basicamente, na perfuração do
terreno manual ou mecanicamente até uma cota pré-determinada, com posterior
inserção de armações, tirantes etc, finalizada pelo lançamento do concreto no furo
(CLAYTON & MILITITSKY, 1981).
Entretanto, a execução desse tipo de estaca deve satisfazer algumas
condições, quase sempre decorrentes do tipo de solo, o que limita sua utilização.
A condição mais comum é a ocorrência de solos argilosos com consistência
rígida ou próxima disso, quando o furo permanece estável durante a escavação e nos
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momentos que antecedem a concretagem. Nesse caso lança-se o concreto por queda
livre (CLAYTON & MILITITSKY, 1981).
No que tange o processo executivo, este torna-se cada vez mais elaborado e
oneroso, à medida que faz-se necessário promover a estabilização das paredes do furo,
para garantir a integridade do fuste da estaca concretada (uso de lama bentonítica) ou
evitar a presença de água.
3.1.1. Método Executivo
Após posicionar-se o equipamento de escavação sobre o piquete de marcação,
e o mesmo ser nivelado, inicia-se a perfuração (figura 3.1).
Dessa forma, a escavação é prosseguida até, aproximadamente, 2m de
profundidade, quando o trado é retirado sem girar, procedendo-se neste instante a
limpeza manual da hélice, que traz consigo todo o solo resultante do processo
(HACHICH et al., 1996).
Na extremidade do trado, como observado na foto 3.1, encontram-se sapatas
cortantes que auxiliam no corte do terreno.
Essas sapatas podem romper-se, quando o solo possui resistência muito
elevada ou encontram-se matacões, impossibilitando a escavação.
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Foto 3.1 – Elemento de escavação utilizado em perfuratrizes mecânicas
(ALBUQUERQUE, 2001).
Concluída a escavação, pode-se apiloar o fundo do furo com um soquete
metálico, semelhante àquele utilizado nas estacas apiloadas.
Entretanto, esta prática não é usual, uma vez que o controle executivo acaba
sendo deficiente.
Figura 3.1 – Seqüência executiva da estaca escavada com equipamento
mecânico (FUNDESP, 2006).
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Na seqüência, inicia-se o lançamento do concreto, até que seja atingida a cota
de arrasamento. Por fim, instalam-se no concreto ainda fresco, as barras de aço que
servirão de arranque.
No caso de estacas armadas, a armadura é posicionada antes do lançamento
do concreto, pois a inserção com o concreto já lançado fica dificultada pela ação do
empuxo.
3.1.2. Efeitos Relacionados Ao Processo Executivo
De acordo com Clayton & Milititsky (1981), a execução de uma estaca
escavada não afeta as condições do solo tanto quanto uma estaca cravada.
Entretanto, os efeitos produzidos pela escavação afetam diretamente o
comportamento da estaca quando carregada. Dentre os inúmeros efeitos observados,
pode-se citar o alívio de tensões devido a escavação.
3.1.2.1. Alívio de Tensões Devido à Escavação
De forma simplificada, o estado de tensões atuantes no solo, anteriormente à
execução da estaca, devido somente à presença do solo, baseia-se nas seguintes
considerações (CLAYTON & MILITITSKY, 1981):
• As tensões verticais são tensões principais;
• A poro-pressão é conhecida;
• As tensões horizontais são iguais em todas as direções.
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O processo executivo de uma estaca escavada afeta diretamente as
propriedades do solo argiloso, em todo o comprimento da estaca, como se pode
observar na figura 3.2. Durante a execução, o nível de tensões próximo às paredes do
furo é reduzido, sendo que o solo dessa região sofre um processo de amolgamento.
Figura 3.2 - Efeito da execução de uma estaca escavada e cravada,
respectivamente (CLAYTON & MILITITSKY, 1981).
Dessa forma, o nível de tensões radiais atuantes na superfície do fuste anula-
se, fazendo com que ocorra migração de água, caso esta esteja presente, para a zona
de tensões menores, provocando um efeito de expansão e conseqüente redução de
resistência.
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3.2. Estaca Hélice Contínua
A estaca hélice contínua é uma estaca de concreto moldada “in loco”,
executada por meio de trado mecânico contínuo (foto 3.2), com posterior injeção de
concreto através da haste central, simultaneamente a sua retirada do terreno
(FUNDESP, 2006).
Foto 3.2 – Equipamento utilizado para execução (FUNDESP, 2006).
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3.2.1. Método Executivo
Constitui-se de três fases distintas: perfuração, concretagem concomitante à
retirada do trado do terreno e inserção de armadura, como pode ser observado na
figura 3.3:
Figura 3.3 – Processo executivo (SOLOS SANTINI, 2005).
3.2.1.1. Perfuração
A perfuração consiste na penetração do trado (hélice) no terreno por meio de
um torque apropriado para vencer sua resistência.
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A haste de perfuração é composta por uma hélice espiral (figura 3.4), unida a
um tubo metálico central, cuja extremidade possui sapatas cortantes, possibilitando o
avanço em profundidade. Isso permite a execução desse tipo de estaca em terrenos
arenosos e coesivos, na presença ou não de água e com índices de SPT superiores a
50 golpes (FUNDESP, 2006).
Figura 3.4 – Detalhes do equipamento utilizado para execução
(GEOFIX, 1998).
Para impedir a entrada de solo no interior do tubo central, coloca-se um tampão
metálico que pode ser recuperado, quando da expulsão do concreto para o interior da
estaca (ANTUNES & TAROZZO, 1996).
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3.2.1.2. Concretagem
O lançamento do concreto é feito através de bombeamento pelo tubo central,
preenchendo a escavação à medida que se retira o trado, sem girá-lo.
A velocidade de extração tem influência na pressão e sobreconsumo de
concreto, impedindo que se formem vazios na estaca acabada (bicheira).
Na extração da hélice, faz-se a limpeza do solo retirado da escavação, que fica
acumulado na mesma. A limpeza pode ser realizada manualmente ou com o auxílio de
um limpador com acionamento hidráulico, que fica acoplado ao equipamento
(ANTUNES & TAROZZO, 1996).
O concreto utilizado deve ser bombeável, com presença de pedriscos ou
mesmo brita 1, com abatimento da ordem de 20 a 24cm. O consumo de cimento é
sempre próximo aos 400kg/m3 de concreto.
3.2.1.3. Inserção de Armadura
O processo executivo desse tipo de estaca impede que a armadura seja
colocada antes do lançamento do concreto, o que dificulta a inserção e limita o
comprimento da ferragem.
A inserção da armadura costuma ser feita por gravidade, atingindo nesse caso,
a profundidade máxima de 12m. Quando utilizado um pilão de pequena carga, é
possível inserir a armação até os 19m. A armação costuma ser na forma de gaiola, com
estribos helicoidais soldados às barras longitudinais.
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Na extremidade, as barras são levemente dobradas de forma a ficarem
afuniladas, facilitando assim sua inserção e evitando deformações. É comum o uso de
espaçadores plásticos tipo “rolete”, para manter o recobrimento mínimo previsto na
norma (ANTUNES & TAROZZO, 1996).
3.2.1.4. Controle na Execução
O controle executivo desse tipo de estaca é realizado através de um
equipamento instalado na cabine do operador, denominado Taracord CE. Esse
equipamento fornece dados importantes (figura 3.5), tais como: profundidade atingida,
velocidade de rotação, torque, inclinação da torre, pressão de lançamento do concreto,
volume consumido e perfil estimado final (FUNDESP, 2006).
Figura 3.5 – Relatório final da execução (FUNDESP, 2006).
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3.3. Estacas Carregadas Horizontalmente
No dimensionamento de fundações em estacas para resistir a carregamentos
horizontais, o critério para projeto não é a capacidade de carga horizontal última, mas
sim o deslocamento máximo ou pré-fixado que esta pode atingir (POULOS & DAVIS,
1980).
Segundo Samara (1986), vigoram atualmente diversos métodos matemáticos
para previsão do deslocamento horizontal de uma estaca. A dificuldade, comum a estes
métodos, está na adoção dos parâmetros geotécnicos a serem utilizados nos cálculos.
Em contrapartida, o estudo de estacas carregadas horizontalmente constitui-se
de um problema teórico tridimensional de difícil modelagem matemática (MIGUEL,
1996).
Dessa forma, o método da teoria da reação horizontal do solo, torna-se uma
ferramenta simplificada para solução do problema, por considerar que a reação do solo
é proporcional ao deslocamento do elemento de fundação (CINTRA & ALBIERO, 1982).
A reação horizontal do solo, proposta inicialmente por Winkler (1875),
caracteriza o solo de contato com a estaca como um conjunto de molas independentes,
ou seja, só ocorrem deformações onde existem carregamentos (figura 3.6).
Segundo Cintra (1982), a mesma proposta foi utilizada para o cálculo de
dormentes de ferrovias.
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Figura 3.6 – Conjunto de molas independentes.
Desde aproximadamente 1920, a teoria ra reação horizontal do solo, tem sido
utilizada para calcular as tensões atuantes em estacas submetidas a carregamentos
horizontais, surgindo, a partir de então, os principais métodos de cálculo.
Os mais difundidos métodos de cálculo para estacas submetidas a esforços
horizontais são: Miche (1930), Hetényi (1946), Matlock & Reese (1960, 1961),
U.S.NAVY (1962), Broms (1964, 1965), Davisson & Robin (1965) e Werner (1970).
3.3.1. Teoria da Reação Horizontal do Solo
De acordo com Cintra (1982), a determinação dos esforços e deslocamentos
atuantes numa estaca submetida a momentos fletores e carregamentos horizontais, tem
sido obtida através da teoria da reação horizontal do solo, à qual baseia-se no modelo
proposto por Winkler (1875).
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Como citado anteriormente, o comportamento do solo, quando submetido a
esforços horizontais, é simulado por um conjunto de molas independentes, idênticas e
igualmente espaçadas entre si. Dessa forma, considera-se que a reação do solo é
proporcional ao deslocamento do ponto analisado.
Essa suposição simplifica o problema, considerando que a relação entre a
pressão de contato na base de uma fundação e o correspondente recalque é a mesma
para qualquer área de apoio.
3.3.1.1. Coeficiente de Reação Horizontal do Solo
Através do modelo proposto por Winkler (1875), foi introduzido por Terzaghi
(1955) o conceito do módulo de reação horizontal, denominado kh:
ρ.hkp = (3.1)
em que: p = pressão aplicada (FL-2);
kh = coeficiente de reação horizontal (FL-3);
ρ = deformação da estaca (L).
3.3.1.2. Módulo de Reação Horizontal do Solo
O módulo de reação horizontal K, é definido atualmente como a relação entre a
reação do solo p (em unidades de força aplicada pelo comprimento da estaca) e o
deslocamento correspondente y (CINTRA, 1982):
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ypK = (3.2)
em que: K = módulo de reação horizontal (FL-2);
p = pressão aplicada (FL-1);
y = deslocamento horizontal (L).
De acordo com Miguel (1996), esta notação apresenta a vantagem de ser
independente do diâmetro da estaca. Portanto, pode-se reescrever a expressão acima
como sendo:
DkK h .= (3.3)
em que: kh = coeficiente de reação horizontal (FL-3);
D = diâmetro da estaca (L).
Segundo Cintra (1982), tanto o valor de K quanto sua variação, dependem das
características de deformação do solo.
Dessa forma, para argilas pré-adensadas, onde o módulo de elasticidade é
independente da profundidade, admite-se:
cteypK == (3.4)
Entretanto, para areias puras o módulo de elasticidade cresce,
aproximadamente, de forma linear com a profundidade. Portanto, admite-se que a
reação do solo ao esforço aplicado à estaca também cresce linearmente com a
profundidade:
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znypK h .== (3.5)
em que: nh = coeficiente de reação horizontal do solo (FL-3);
z = profundidade (L).
3.3.1.3. Variação do Módulo de Reação Horizontal do Solo com a
Profundidade
É necessário o conhecimento da variação de K, ao longo da estaca, para
análise do comportamento da mesma com base na teoria de reação do solo (CINTRA,
1982).
Várias pesquisas foram realizadas, visando-se a obtenção de valores de K em
se tratando dos diferentes tipos de solo.
Segundo Terzaghi (1955) apud Cintra (1982), refinamentos e sofisticações na
função módulo de reação, pela profundidade, não são justificáveis, pois os erros nos
resultados dos cálculos são muitos pequenos comparados com aqueles envolvidos na
estimativa dos valores numéricos dos módulos de reação dos solos, com que, segundo
Cintra (1982), Matlock & Reese (1960) estão de pleno acordo, pois resultados
satisfatórios podem ser obtidos para a maioria dos casos práticos com formas simples
de variação do módulo de reação com a profundidade.
Além disso, em problemas práticos, a incerteza inerente à estimativa do
comportamento do solo, com base em ensaios convencionais geralmente é compatível
com os pequenos erros que podem ser introduzidos pelo uso de uma forma simples da
função módulo de reação do solo, pela profundidade, tal como a expressão 3.5.
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Outro ponto em que os pesquisadores concordam totalmente, reside na
importância do valor do módulo próximo à superfície.
De acordo com Matlock & Reese (1960), para areias, os valores de K na região
correspondente à profundidade relativa menor que a unidade (Z/T < 1), sendo T
(expressão 3.24) o fator de rigidez relativa estaca-solo para K variável linearmente com
a profundidade, dominam claramente o comportamento da estaca; daí, a importância
dos valores de K para baixas profundidades relativas (próximo à cabeça da estaca).
Davisson & Gill (1963) afirmam que, para argilas, a camada de solo que se
estende da superfície à profundidade de 0,2R a 0,4R, sendo R (expressão 3.23) o fator
de rigidez relativa estaca-solo para K constante com a profundidade, exerce uma
grande influência no comportamento da estaca, de modo que as investigações para
determinar K devem ser feitas principalmente nesta região.
Broms (1964) conclui que os deslocamentos na superfície para argilas
dependem do valor do módulo de reação dentro de uma profundidade crítica de 2,8.R e
1,4.R para estacas engastadas e livres, respectivamente.
3.3.1.4. Valores Típicos de Módulo de Reação Horizontal do Solo
Segundo Cintra (1982), o grande problema da aplicação prática da teoria da
reação do solo é, sem dúvida, estimar corretamente o valor do módulo de reação.
Como K depende diretamente de diversos fatores, além da natureza do solo,
não é possível determiná-lo diretamente em ensaios laboratoriais, ou mesmo em
ensaios em modelos reduzidos.
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De acordo com Alonso (1989), os valores de K e nh, assim como sua variação
com a profundidade, são de difícil previsão, pois ambos dependem de vários fatores,
além da própria natureza do solo que envolve a estaca.
Comumente, obtém-se o módulo de reação do solo através dos seguintes
processos:
• Prova de carga horizontal (geralmente rápida);
• Prova de carga em placa circular de 0,8m de diâmetro;
• Correlações empíricas com outros parâmetros do solo ou mesmo resultados
de ensaios de campo (DÉCOURT, 1991).
O emprego de provas de carga em placas apresenta como principal problema a
dificuldade de extrapolação dos resultados obtidos para uma estaca.
O ideal, para provas de carga em estacas, seria o emprego da instrumentação
de modo que as reações do solo e os deslocamentos ao longo da estaca possam ser
medidos diretamente. Entretanto, por ser um ensaio que requer tempo e prática, além
do alto custo, não é muito utilizado (POULOS & DAVIS, 1980).
Normalmente, é empregado um procedimento mais simples, que consiste em
medir apenas os deslocamentos da cabeça da estaca e calcular o valor de k,
assumindo uma distribuição apropriada com a profundidade.
23
-
3.3.1.4.1. Areias
Terzaghi (1955), fornece a expressão 3.6, para cálculo do coeficiente de reação
horizontal, baseando-se na expressão 3.5:
35,1γAnh = (3.6)
em que: nh = módulo de reação horizontal do solo (FL-3);
A = coeficiente dependente da compacidade relativa da areia;
γ = peso específico (FL-3).
O quadro 3.1 apresenta os valores de A e nh, propostos por Terzaghi (1955),
em função da compacidade da areia.
Quadro 3.1 – Valores de coeficiente de reação horizontal do solo
nh (TERZAGHI, 1955).
nh (MN/m3) Compacidade
da Areia
Variação de
Valores de A
Valores
Adotados de A Seca Saturada
Fofa 100 – 300 200 2,50 1,50
Média 300 – 1000 600 7,00 4,50
Compacta 1000 – 2000 1500 18,00 11,00
Apresentam-se, no quadro 3.2, valores típicos de nh, encontrados em provas de
carga, executadas em fundações apoiadas em solos arenosos:
24
-
Quadro 3.2 – Valores típicos de nh (DÉCOURT, 1991).
nh (MN/m3) Areia
Seca Saturada
Fofa 2,60 1,50
Média 8,00 5,00
Compacta 20,00 12,50
O ábaco da figura 3.7, proposto pela U.S.NAVY (1962), fornece valores de nh
para areias e argilas moles, em função da densidade relativa da areia e da resistência à
compressão simples da argila:
0 10 20 4030 60 90807050 1000
3,20
6,40
12,80
9,60
16,00
22,40
19,20
Resistência à Compressão Simples qu (MN/m )
Compacidade Relativa (%)
MUITO FOFA
FOFA COMPACTAMEDIANAMENTE COMPACTA
MUITO COMPACTA
AREIA
ARGILA MUITO RIJA
0,1 0,2 0,3 0,40
RIJAMÉDIA
MU
ITO
MO
LE
MO
LE
2
nh (M
N/m
)3
Solos arg
ilosos
Solos
areno
sos
Figura 3.7 – Coeficiente de reação horizontal do solo (U.S.NAVY, 1962).
Alonso (1996), encontrou valores de nh para alguns tipos de estacas, ensaiadas
em solo estratificado de areia fina fofa e média (quadro 3.3):
25
-
Quadro 3.3 – Valores de nh obtidos para diferentes tipos de estacas
(ALONSO, 1996).
Estaca L (m) D (m) nh (MN/m3)
9,00 1,00 Escavada
13,30 1,00 6,76 – 45,68
Escavada com
Revestimento 25,00 1,80 258,10
7,20 0,60 Franki
7,70 0,60 98,78 – 75,82
Miguel (1996), encontrou também, para terreno estratificado e diferentes tipos
de estaca, valores de nh para a condição de umidade natural e inundada do solo
(quadro 3.4).
Quadro 3.4 – Valores de nh de estacas re-ensaiadas (MIGUEL, 1996).
nh (MN/m3) Estaca L (m) D (m)
Natural Inundada
Apiloada 6,00 0,20 0,30 0,16
Escavada (broca) 6,00 0,25 0,65 0,20
6,00 Strauss
10,000,28 7,50 4,50
Raiz 16,00 0,25 8,00 1,60
3.3.1.4.2. Argilas Pré-adensadas
Segundo Terzaghi (1955), podem ser considerados idênticos os valores de
coeficiente de recalque horizontal e vertical, para argilas rijas.
26
-
Dessa forma, o autor recomenda a aplicação da expressão 3.7, para o cálculo
de kh:
slh kDk .
.5,11
= (3.7)
em que: D = diâmetro da estaca (L);
slk = coeficiente de recalque para placa quadrada de 0,305m de lado.
Terzaghi (1955) fornece valores numéricos de slk para argilas pré-adensadas
(quadro 3.5):
Quadro 3.5 – Valores de slk para placas quadradas em argila pré-adensada
(TERZAGHI, 1955).
Consistência
da Argila qu (MN/m2)
Variação de
slk (MN/m3)
Valores Propostos
de slk (MN/m3)
K
(MN/m2)
Rija 0,10 – 0,20 16,0 – 32,0 24,0 5,0
Muito Rija 0,20 – 0,40 32,0 – 64,0 48,0 10,0
Dura > 0,40 > 64,0 96,0 20,0
Cintra & Albiero (1982) afirmam que para argilas pré-adensadas, o coeficiente
de recalque e o módulo de reação do solo são diretamente proporcionais à resistência à
compressão simples.
Outros autores propõem valores de k em função da coesão não drenada ou
módulo de deformabilidade da argila.
De acordo com Castro (1978), para as estacas de concreto armado comumente
utilizadas, os valores de k encontram-se no intervalo compreendido pela expressão 3.8,
ou seja:
27
-
SS EkE .6,0.4,0
-
O momento fletor é dado por:
EIdz
ydM .22
= (3.10)
Dessa forma, a cortante é expressa por:
EIdz
ydQ .33
= (3.11)
Portanto, a reação do solo imposta sobre a viga, por unidade de comprimento é
dada por (KERR, 1978):
EIdz
ydP .44
= (3.12)
Constituída uma função matemática adequada para a reação do solo, integram-
se a equação diferencial sucessivas vezes, obtendo-se, em qualquer seção, o esforço
cortante, o momento fletor, a rotação e o deslocamento horizontal.
E.I.d ydz = p4
4
Mo
PH
z yp
Figura 3.9 – Estaca carregada horizontalmente (CINTRA, 1982).
29
-
Reese & Matlock (1956) apontam que a reação do solo é função de vários
fatores, tais como: propriedades da estaca, relações tensão-deformação do solo,
profundidade do ponto analisado, nível de deslocamento da estaca etc.
Mediante a dificuldade de estabelecer uma função que englobe todos esses
fatores, normalmente é utilizada a hipótese simplificadora de Winkler (1875), onde a
reação do solo é proporcional ao deslocamento da estaca:
yKP .= (3.13)
em que: P = reação do solo (FL-1);
K = módulo de reação horizontal do solo (FL-2);
y = deslocamento da estaca (L).
Entretanto, a reação do solo não é uma função linear do deslocamento da
estaca. Mesmo assim, tal hipótese é comumente adotada, considerando-se o módulo
de reação do solo como sendo a inclinação de uma reta secante pela origem e algum
ponto da curva da figura 3.10, ou a uma tangente da mesma.
Figura 3.10 – Curva representativa da reação do solo pelo deslocamento
da estaca (CINTRA, 1982).
De acordo com Cintra (1982), para reações do solo inferiores a um terço ou
metade da capacidade de carga horizontal, a relação da figura anterior pode ser
30
-
expressa adequadamente pelo módulo tangente, enquanto que, para reações maiores,
é mais favorável a utilização do módulo secante.
Com a admissão da hipótese simplificadora de Winkler (1875), a equação
diferencial pode ser escrita:
0.. 44
=+ yKdz
ydEI (3.14)
em que: EI = rigidez da estaca (FL-2);
K = módulo de reação horizontal do solo (FL-2);
y = deslocamento da estaca (L).
Entretanto, o módulo de reação do solo pode variar com a profundidade e com
o deslocamento. Não obstante, normalmente K é considerado como função da
profundidade (figura 3.11).
z
K
K= k(z)
L
z
PHMo
Figura 3.11 – Exemplo da variação de K com a profundidade (CINTRA, 1982).
Considerando-se K constante com a profundidade e o comprimento da estaca
como sendo infinito, torna-se possível resolver a equação diferencial:
( ) ( )zDzsenCezBzsenAey zz .cos....cos... .-. λλλλ λλ +++= (3.15)
31
-
em que: 4.4 EIK
=λ = constante (L-1);
A, B, C e D = condições de contorno.
Cintra (1982) também demonstra que com a introdução das condições limites
na cabeça da estaca, podem-se determinar as constantes C e D.
O mesmo autor exemplifica que para o caso de uma estaca cuja cabeça esteja
livre, submetida a uma força normal ao eixo horizontal, tem-se:
00.00 22
=→=→== CEIdz
ydMez (3.16)
em que: z = profundidade (L);
M = momento fletor (FL);
C = condição de contorno.
Da mesma forma:
33
3
..2.0
λEIPDPEI
dzydPQez HHH =→=→== (3.17)
em que: Q = força cortante (F);
PH = força horizontal (F).
D = condição de contorno.
Dessa forma, obtém-se a seguinte expressão para o deslocamento:
zeEIPy zH .cos..
..2.-
3 λλλ= (3.18)
32
-
Através da expressão 3.18, obtém-se para a rotação da cabeça da estaca:
( zzseneEIPS zH .cos...
..2- .-
2 λλλλ += ) (3.19)
Para o momento fletor obtém-se:
zsenePM zH ... .- λλ
λ= (3.20)
Para o esforço cortante obtém-se:
( zsenzePQ zH .-.cos.. .- λλλ= ) (3.21)
E, por fim, obtém-se para a reação do solo:
zePP zH .cos....-2.- λλ λ= (3.22)
Verificou-se, na resolução da equação diferencial, o emprego do fator l, do
qual engloba parâmetros característicos tanto da estaca quanto do solo.
Dessa forma, pode-se afirmar que este fator expressa uma relação entre a
rigidez do solo e a rigidez à flexão da estaca.
Define-se então um fator de rigidez relativa estaca-solo, que depende da
variação do módulo de reação com a profundidade. Para K constante com a
profundidade:
4KEIR = (3.23)
33
-
em que: R = fator de rigidez (L);
EI = rigidez da estaca (FL-2);
K = módulo de reação horizontal do solo (FL-2).
Para k variando linearmente com a profundidade:
5
hnEIT = (3.24)
em que: T = fator de rigidez (L);
EI = rigidez da estaca (FL-2);
nh = módulo de reação horizontal do solo (FL-3).
Como o comprimento da estaca influencia em sua rigidez, Davisson (1970)
propõe o sistema de classificação apresentado por Cintra (1982), como se pode
observar no quadro 3.6:
Quadro 3.6 – Classificação quanto à rigidez (CINTRA, 1982).
Classificação Condição
Flexível L/T ou L/R ≥ 4
Intermediária L/T ou L/R = 2 – 4
Rígida L/T ou L/R ≤ 2
Todo e qualquer tipo de fundação é fortemente influenciado pela rigidez, daí a
importância dessa classificação.
Segundo Cintra (1982), consideram-se as estacas flexíveis como sendo
infinitamente longas, pois as soluções para L/T=4 são as mesmas para L/T=5, 10 e
infinito. Dessa forma, pode-se simplificar o problema, afinal apenas um conjunto de
34
-
soluções (L/T=4, por exemplo) é aplicável a todos os casos de estacas flexíveis (em
areias).
3.3.2. Capacidade de Carga de Estacas Carregadas Horizontalmente
O método mais simples para se estimar a capacidade de carga de uma estaca
carregada horizontalmente é considerar o esquema estático apresentado na figura 3.12:
Figura 3.12 – Esquema estático de uma estaca carregada horizontalmente com a
cabeça livre (POULOS & DAVIS, 1980).
A estaca da figura 3.12 está submetida a uma força horizontal e momento fletor,
ambos aplicados no topo, a uma distância ao nível do terreno.
35
-
A máxima tensão transferida ao solo, ou seja, pu, encontra-se a uma
profundidade z. A combinação das ações, que provocam a ruptura do elemento de
fundação, bem como mobilização máxima da reação do solo ao longo do comprimento
da estaca podem ser agrupadas, resultando na seguinte expressão de equilíbrio para
força horizontal última (POULOS & DAVIS, 1980):
∫∫ −=L
zu
z
uu
r
r
dzdpdzdpH ....0
(3.25)
em que: pu = máxima tensão transferida ao solo (FL-2);
d = diâmetro da estaca (L).
No caso de uma distribuição uniforme de reação do solo ao longo do
comprimento da estaca, ou seja, p0=pL=pu, a equação 3.25 pode ser reescrita da
seguinte forma para a profundidade da rotação:
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛= L
dpH
zu
ur ..
.21 (3.26)
em que: zr = profundidade de rotação (L);
Hu = força horizontal última (F).
Para a reação horizontal última do solo, obtém-se:
( )⎥⎥⎦
⎤
⎢⎢⎣
⎡⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ ++⎟
⎠⎞
⎜⎝⎛ +=
Le
LedLpH uu
.21-1.21..2
(3.27)
em que: L = comprimento da estaca (L);
e = distância da superfície do terreno ao ponto de aplicação da força (L).
36
-
Para o caso de uma variação linear da reação do solo com a profundidade, a
expressão 3.27 pode ser reescrita como sendo:
( )⎪⎭
⎪⎬⎫
⎪⎩
⎪⎨⎧
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛+−⎥
⎦
⎤⎢⎣
⎡⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛+
⎥⎥⎦
⎤
⎢⎢⎣
⎡⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−=
L
r
L
r
LLu p
pLz
pp
Lz
pp
dLpH 002
0 1.21..2.1.. (3.28)
em que: pL = tensão transferida ao solo na ponta da estaca (FL-2);
p0 = tensão transferida ao solo na cabeça da estaca (FL-2).
As equações apresentadas anteriormente assumem que a estaca é
suficientemente rígida e, como conseqüência, a ruptura do solo ocorre antes da ruptura
da estaca propriamente dita.
Entretanto, para estacas relativamente longas, a reação horizontal do solo pode
ser determinada pelo momento atuante na estaca, o qual é alcançado antes da total
mobilização da reação horizontal do solo (POULOS & DAVIS, 1980).
Nesses casos, o momento máximo, pode ser calculado como descrito
anteriormente (ocorrendo do ponto de esforço nulo da estaca até a cabeça), assumindo
total mobilização da resistência do solo acima desse ponto.
Desde que o momento máximo não exceda o momento produzido na seção da
estaca, a reação horizontal última produzida pelo solo é a menor de:
• A força horizontal necessária para provocar a ruptura do solo ao longo de
todo o comprimento da estaca (a estaca deve ser essencialmente rígida e a
capacidade da fundação é determinada pela resistência do solo);
• A força horizontal necessária para produzir um momento máximo igual ao
momento fletor que age na seção da estaca (a capacidade horizontal da
estaca é determinada fundamentalmente por suas características).
37
-
Na figura 3.13, observa-se que para um solo puramente coesivo, a resistência
horizontal última, ou seja, pu aumenta à razão de três vezes o diâmetro da estaca, da
superfície para baixo e se mantém constante quando esta é longa (POULOS & DAVIS,
1980).
Figura 3.13 – Distribuição provável da reação horizontal do solo (POULOS &
DAVIS, 1980).
Quando pu torna-se constante, a ruptura horizontal do solo envolve uma
deformação plástica do terreno que se localiza no entorno da cabeça da estaca,
ocorrendo somente no plano horizontal. Nesse caso, o valor de pu pode ser
determinado pela teoria da plasticidade.
O valor do fator de resistência horizontal Kc (pu=kc.c), depende da razão entre a
adesão e a coesão, ou seja, ca/c bem como a forma da seção da estaca na razão de
d/b.
Este aspecto é apresentado na figura 3.14, para ca/c=0 e ca/c=1. Através de
uma interpolação linear, também é possível encontrar valores intermediários para a
razão ca/c.
38
-
Para a maioria dos casos, utiliza-se o modelo proposto por Brinch Hansen
(1961), que considera a variação da resistência com a profundidade:
cqu KcKqp .. += (3.29)
em que: q = sobrecarga vertical (F);
c = coesão do solo (F);
Kc e Kq = fatores dados em função de φ e z/d.
Figura 3.14 – Razão entre a adesão e coesão para solos estri