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Especificidades da cirurgia de rerada de órgãos Pág. 4 Pág. 16 Primeira cirurgia intrauterina realizada na Santa Casa BH Revista da SAMG e Coopanest-MG - Edição 21 Dezembro 2019 Depositphotos Pág. 10 Complicações obstétricas Os desafios da anestesia durante o parto

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1Revista Anestesiologia Mineira

Especificidades da cirurgia de retirada de órgãos

Pág. 4 Pág. 16

Primeira cirurgia intrauterina realizada na Santa Casa BH

Revista da SAMG e Coopanest-MG - Edição 21 Dezembro 2019

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Complicações obstétricasOs desafios da anestesia durante o parto

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2Revista Anestesiologia Mineira

Que festa, colegas! Quem esteve no espaço Pon-teio, em outubro, para a nossa tradicional comemo-ração do Dia do Anestesiologista, não se arrependeu. Foi de um valor inestimável a oportunidade de rever antigos amigos.

Além de lembrar o nosso dia, pudemos celebrar a nossa união, que tem se refletido cada vez mais no trabalho conjunto das duas entidades que nos representam – SAMG e Coopanest-MG – em favor da evolução da especialidade. Foi um ano de grandes realizações. Demos prosseguimento à caminhada rumo à excelência administrativa e investimos na estruturação da sede (saiba mais na página 8). Tam-bém inauguramos o espaço multiúso, que passará a

abrigar eventos científicos e reuniões de trabalho.Por fim, registro aqui meu mais sincero desejo de

que sigamos evoluindo. Mais uma vez, o ano de 2019 foi marcado pelo investimento nas melhores práticas de gestão do mercado. Firmamos parceria com a Fundação Dom Cabral, que traçou nosso planeja-mento para o futuro em conjunto com nosso corpo administrativo. Para o próximo ano, vamos manter a seriedade com que temos trabalhado para que os direitos dos anestesiologistas sejam mantidos e a ca-tegoria siga, a cada dia, mais valorizada e respeitada.

Dr. Rômulo Pinheiro,presidente da Coopanest-MG

Mais unidos do que nunca

É muito bom olhar para o passado recen-te e se orgulhar do bom trabalho realizado. É assim que me sinto ao deixar a presidência da SAMG, em dezembro. Recebi o cargo de minha colega e amiga Dra. Michelle Nacur, com uma responsabilidade enorme. Afinal, sua lideran-ça nos trouxe realizações importantes, e dar continuidade ao seu trabalho era desafiador.

O estatuto fixa como um dos objetivos da SAMG o de “reunir médicos interessados em fomentar o progresso, o aperfeiçoamento e a difusão da Anestesiologia (...)”. Este foi o nosso ponto de partida. Buscamos incessan-temente traçar estratégias que valorizassem a nossa especialidade, atuamos em conjunto com as ligas acadêmicas das faculdades, parti-cipamos de eventos da SBA em várias regiões do país, inauguramos o espaço multiúso – um local apropriado ao fomento de atividades científicas da área – e, por fim, nos empe-nhamos em favor da valorização contínua do anestesiologista.

Uma das diretrizes adotadas pela SBA tem sido a de atuar fortemente na conscientização

do profissional sobre a importância da manu-tenção da qualidade de vida e do bem-estar. Não à toa, nossos veículos de comunicação têm buscado despertar a atenção dos médicos para diversos temas, como riscos ocupacionais, a importância de manter hábitos saudáveis e se alimentar bem, a valorização do convívio social e a prática regular de atividades esportivas. E, como foi demonstrado no evento que promo-vemos recentemente na Praça do Papa (veja a cobertura na página 15), em Belo Horizonte, os profissionais têm assimilado o recado.

Deixo o comando nas mãos da Dra. Lucia-na de Sousa Cota Carvalho, que terá, entre outros desafios, o de seguir atuando sinergi-camente com a Coopanest-MG. As duas insti-tuições nunca estiveram tão unidas. E, diga-se de passagem, precisam mesmo estar, afinal, partilham um mesmo objetivo central: a valo-rização da especialidade frente ao mercado e à sociedade em geral.

Dra. Cláudia Helena Ribeiro da Silva,presidente da SAMG

Novos desafios

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3Revista Anestesiologia Mineira

expediente

Diretor-presidente: Dr. Rômulo Augusto Pinheiro • Diretor financeiro: Dr. Geraldo Teixeira Botrel • Diretor administrativo: Dr. Artur Palhares Neto • Conselho Administrativo: Dr. Marcelo Fonseca Medeiros • Dr. Marcelo de Paula Passos • Dr. Rodrigo de Lima e Souza • Dr. Carlos Henrique Viana de Castro • Conselho Técnico: Dr. Emerson Seiberlich Rezende • Dr. Fábio Maciel Rosa Pereira • Dr. Francisco Eustáquio Valadares • Dr. Frederico Chaves Viana • Dra. Juliana Motta Couto • Dra. Sofia Meinberg Pereira • Conselho Fiscal: Membros efetivos: Dr. Arnaldo Laboissiere Muzzi • Dr. Fernando Hernandes de Meneses• Dr. Hugo de Alencar Santos • Dr. Paulo Carvalho Pimenta Figueiredo • Dra. Verônica Lívia Dias • Membros suplentes: Dr. Alysson Higino Gonçalves da Silva • Dra. Cláudia Vargas Araújo Ribeiro • Dr. Victor Hugo Mariath RangelRua Eduardo Porto, 575, Cidade Jardim • Belo Horizonte • MG • CEP: 30380-060Coopanest: Tels.: (31) 3291-2142, (31) 3291-5536, (31) 3291-2716, (31) 3291-2498 • Fax: (31) 3292-5326 • [email protected] • www.coopanestmg.com.brSAMG: Tel./Fax: (31) 3291- 0901 • [email protected] • www.samg.org.br

Produção: Prefácio Comunicação – Tel: (31) 3292-8660Jornalista responsável: Celuta Utsch (4.667/MG) Coordenação: Cristina Mota (8.071/MG)Redação: Guilherme Barbosa e Fernanda PereiraRevisão: Luciara Oliveira

Coopanest-MG – Cooperativa dos Anestesiologistas de Minas Gerais SAMG – Sociedade de Anestesiologia de Minas Gerais

sumário

4Conduta anestésica para o transplante de órgãos

Coopanest-MG e Fundação Dom Cabral juntas para melhorar a gestão

Painéis solares instalados na sede da Coopanest-MG

A festa do Dia do Anestesiologista

Capa: complicações obstétricas

SAMG promove ioga na Praça do Papa

Desafios da cirurgia intrauterina

Octaviano Neves: 55 anos de história

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Cláudia Helena Ribeiro da Silva – presidente • Luciana de Souza Cota Carvalho Laurentys – vice-presidente • Renato Hebert Guimarães Silva – primeiro secretário • Vanessa Patricia Valle Gusmão – segunda secretária •Marcelo de Paula Passos – diretor financeiro • Rodrigo de Lima e Souza – vice-diretor financeiro • Juarez Lopes da Silva Junior – diretor social • Vinicius Caldeira Quintão – diretor científico • COMISSÃO CIENTÍFICALeandro Fellet Miranda Chaves • Bruno Carvalho Cunha de Leão • Eduardo Azevedo de Castro • Junio Rios Melo • Paulo Carvalho Pimenta Figueiredo • COMISSÃO DE DEFESA PROFISSIONAL • José Roberto de Rezende Costa • Alexandre Almeida Guedes • Alexandre Assad de MoraisAlexandre de Menezes Rodrigues • André Lorenzon de Oliveira • CONSELHO EDITORIAL • Celso Homero Santos Oliveira • Cleber Luiz Ribeiro da Silva • Erick Martins Faria de Abreu • Fernando Cassio do Prado Silva • Flora Margarida Barra Bisinotto • Gustavo Henrique de Abreu Caetano • Izabela Fortes Lima • João Alberto Duarte • Luciano Costa Ferreira • Marcel Andrade Souki • Monique Corrêa e Castro de Sá • Victor Hugo Mariath Rangel • Wellington de Sousa Silva

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Anestesia em transplante de órgãosConheça as peculiaridades do procedimento que garantea integridade de órgãos e tecidos doados

As doações de órgãos no Brasil têm crescido ano a ano. Os números são resultado da conscientização quanto à im-portância da causa e de maior clareza na comunicação com os familiares no momento da per-da de um parente. Entretanto, embora o índice venha aumen-tando gradativamente, ainda há

muito a avançar. A Associação Brasileira de Transplante de Ór-gãos (ABTO) apontou que, no ano passado, 43% das famílias de potenciais doadores recu-saram o procedimento, o que representa 2.716 negativas. A justificativa está, essencial-mente, no desconhecimento das pessoas sobre o que é e

como se dá a morte encefálica, pressuposto fundamental para a doação. Ela é definida como uma interrupção irreversível de todas as funções do encéfalo e tronco cerebral. No entanto, a função da medula espinhal permanece intacta por algum tempo, preservando os reflexos somáticos e viscerais.

Conduta

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Dra. Magda Lourenço Fer-nandes, anestesiologista do Hospital das Clínicas, chama a atenção para o fato de que a morte encefálica é um conceito relativamente novo, originado no século XX, que marcou o ad-vento da ventilação mecânica e do transplante em si. Isso levou a uma redefinição do conceito de morte, a partir do momento em que a falência da função ce-rebral passou a ser tratada pe-los profissionais não apenas da Medicina, mas também do Di-reito. Por fim, levou à aceitação geral, embora não universal, de que a morte do cérebro é uma condição suficiente para o óbi-to. “A despeito de questões éti-cas e religiosas, o diagnóstico de morte cerebral e o avanço dos transplantes têm permiti-do salvar muitas vidas”, opina a anestesiologista.

Autorizada a doação por parte dos familiares e do órgão regulador (Hemominas) o papel do anestesista é fundamental na perfusão e na manutenção da oxigenação e das funções clí-nicas dos órgãos a serem doa-dos. Dra. Magda explica que o manejo anestésico eficaz do doador durante a cirurgia para captação dos órgãos, requer essa compreensão sobre os efeitos da morte cerebral em cada órgão.

“As medidas de suporte vi-sam manter as funções cardía-ca, endócrina e pulmonar, que podem estar alteradas e preci-sam ficar o mais próximo pos-sível do fisiológico, o que ga-rante a perfusão e oxigenação dos órgãos a serem retirados.” Ela completa afirmando ser fundamental prover suporte hemodinâmico, com ajustes na volemia e na infusão de aminas vasoativas.

A pressão arterial média deve ser mantida acima de 100 mmHg, e a frequência cardíaca, acima de 70 bpm. Vale lembrar que a reposição de insulina possibilita alcançar um nível de glicemia abaixo de 180 mg/dL. A reposição de ti-roxina e corticosteroide tam-bém pode ser necessária. Além disso, é importante controlar a temperatura e promover uma adequada paralisia muscular.

Dra. Magda Lourenço confirma a importância do papel do anestesista na manutenção da oxigenação e funções clínicas dos órgãos a serem doados

Conduta

LEITURA RECOMENDADAANDERSON TA, BEKKER P, VAGEFI PA. Anesthetic considerations in organ procurement surgery: a narrative review. Can J Anesth 2015; 62:529–539.

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Coopanest-MG

Parceria para aprimorar a gestãoFundação Dom Cabral traça planejamento estratégico para guiaratuação da Coopanest-MG nos próximos anos, com o intuitode facilitar cada vez mais a vida dos cooperados

Os colaboradores e diretoria da Coopanest-MG vão colocar em prática o planejamento elaborado pela FDC

Para oferecer os melhores serviços e resultados aos coope-rados, a Coopanest-MG investe constantemente no aprimora-mento de sua gestão. Mais re-centemente, a Cooperativa con-tratou um projeto de consultoria junto à Fundação Dom Cabral que apoiará a transição para um novo mandato, que se inicia em março de 2020.

A Parceria para Estruturação da Gestão (PEG) foi arquitetada em conjunto com a Federação Na-cional das Cooperativas Médicas (Fencom) para criar ferramentas

Arqu

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Coop

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que visam estruturar melhor as entidades filiadas. Com previsão de dois anos de duração, a PEG é dividida em ciclos, que abordam os principais itens a serem consi-derados por uma boa administra-ção: plano estratégico, finanças, produtividade e pessoas.

“Precisamos aprimorar a ges-tão, com foco em todos esses quesitos. A ideia é ter elementos para mensuração de resultados e para uma melhor tomada de decisões estratégicas. Investi-mentos em novas tecnologias serão uma das marcas dos pró-

ximos anos também”, adianta Rômulo Pinheiro, presidente da Coopanest-MG, que planeja, ainda, intervir de forma mais direta junto às operadoras de saúde. Os atuais diretores e a superintendente da Coopera-tiva estão diretamente envol-vidos com esse trabalho, e, ao fim do ciclo de aprendizado, o grupo terá a missão de atuali-zar o planejamento estratégico e os procedimentos adotados internamente, além de garantir que todo o conhecimento seja transmitido às futuras direções.

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Coopanest-MG

Alinhada ao futuroCoopanest-MG investiu há um ano na instalação de painéis de energiasolar em sua sede e começa a colher os frutos da iniciativa

O ano de 2019 será emblemá-tico para a energia fotovoltaica. De acordo com a Associação Brasilei-ra de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), os projetos de geração distribuída (placas instaladas que geram energia para atender a demanda de residências e esta-belecimentos comerciais) devem acrescentar aproximadamente 628 megawatts em capacidade no país, uma alta de 125%.

A Coopanest-MG percebeu a movimentação e já há um ano possui sua própria usina geradora. São 84 módulos (placas) solares, o equivalente a uma potência insta-lada de 28,98 kWp, capaz de gerar uma média de 3.200 kWh/mês. “Aliamos redução de custo a sus-tentabilidade, que é outra preocu-pação que nos mobiliza”, comenta Dr. Geraldo Botrel, diretor Finan-

ceiro da Coopanest-MG. Segundo ele, a economia mensal tem sido de R$ 2.800 por mês.

Quando o projeto foi concebi-do, a ideia era instalar painéis que suprissem 100% do custo total da conta de energia. “O desempe-nho tem sido muito satisfatório, pois a média de geração no úl-timo ano foi ligeiramente maior do que a estimada no projeto. O objetivo inicial, de gerar mais que o consumo da época, foi atingi-do, uma vez que já contamos com 7.440 kWh extras, acumu-lados, a serem gastos em uma futura ampliação do prédio, que, consequentemente,fará aumen-tar o consumo de energia”, explica Jorge Raso Jamel Edim, sócio-dire-tor da Sinergia, empresa respon-sável pela elaboração do projeto e pela instalação das placas.

Outras metas são ampliar a visão sistêmica da gestão, acompanhar de perto os indi-cadores e as metas estabeleci-das e estender a rede de con-tatos dos gestores. Um fruto importante do trabalho está no desenvolvimento de com-petências para administrar demandas de curto prazo, que buscam trazer resultados ime-diatos, e aquelas voltadas para o crescimento da Cooperativa,

tendo como objetivo principal beneficiar os cooperados.

“Aumentar a eficiência da Coo-panest-MG é reforçar nosso com-promisso com as datas, com os va-lores a serem pagos e com a com-plexidade dos serviços realizados. Tudo no menor tempo possível, com o menor número de glosas”, acrescenta Geraldo Botrel, diretor Financeiro da entidade. O objetivo é deixar claro que há alguém cui-dando desses pormenores para o

anestesiologista e que ele não pre-cisa se preocupar com isso.

Ou seja, manter um olho no presente e outro no futuro. “Quere-mos sempre ser vanguarda no mer-cado, e cursos como o da Fundação Dom Cabral possibilitam o alcance desse objetivo. Esse trabalho será uma oportunidade para colocar-mos em prática todo o aprendiza-do obtido em prol do cooperado”, finaliza Arthur Palhares, diretor Ad-ministrativo da Cooperativa.

CURIOSIDADES DA ENERGIAFOTOVOLTAICANO BRASILRANKING DEPOTÊNCIA INSTALADA 1º | Minas Gerais 2º | Rio Grande do Sul 3º | São Paulo

RANKING MUNICIPAL1º | Rio de Janeiro (RJ)2º | Brasília (DF) 3º | Fortaleza (CE)4º | Uberlândia (MG)5º | Cuiabá (MT)6º | Santa Cruz do Sul (RS)7º | Teresina (PI)8º | Belo Horizonte (MG)

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SAMG e Coopanest-MG

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A festa é suaEvento que comemora o Dia do Anestesiologista evolui ano a ano

O dia 16 de outubro de 1846 marca o primeiro registro de uma intervenção cirúrgica re-alizada sob efeito de anestesia geral. Por essa razão, a data foi escolhida para homenagear os profissionais que, nos últimos 173 anos, tornaram os procedi-mentos cirúrgicos mais seguros e confortáveis para médicos e pacientes. A SAMG e a Coopa-nest-MG, entidades represen-tativas da especialidade em Mi-nas Gerais, não deixam a data passar em branco e, há mais de

25 anos, têm organizado uma grande festa para que os colegas e suas famílias possam come-morar e interagir.

Em 2019, mais uma vez, a ce-lebração teve lugar no espaço de eventos do Shopping Pon-teio, em Belo Horizonte, e reu-niu cerca de 450 pessoas, entre médicos e familiares. “Além de ter proporcionado um momento de lazer e uma oportunidade de contato entre os profissionais, o evento reforçou a integração entre as gestões da SAMG e da

Coopanest-MG. Estivemos jun-tos durante todo o ano, e a fes-ta coroou esse novo momento”, comenta Dr. Rômulo Pinheiro, presidente da Coopanest-MG.

Animada pela banda Aste-roides, a festa homenageou os residentes que tiveram o me-lhor desempenho na prova da Sociedade Brasileira de Aneste-siologia. “Valorizamos os pro-fissionais que estão chegando para tornar nossa especialida-de ainda mais forte”, acrescen-ta Dr. Rômulo.

Comemoração que reúne anestesiologistas e familiares tem adesão cada vez maiorDú

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SAMG e Coopanest-MG

Os melhores residentes do ano

ME’1 (CET do Hospital Universitário da UFJF – Juiz de Fora)Dr. José de Carvalho Feitosa NetoResponsável: Dr. José Mariano Soares de Moraes

ME’2 (CET do Hospital das Clínicas da UFU – Uberlândia) Dr. Lucas Gonçalves GomesResponsável: Dr. Roberto Araújo Ruzi

ME’3 (CET do Hospital das Clínicas da UFMG – Belo Horizonte)Dr. Gabriel Faustino Sousa SoaresResponsável: Dra. Walkiria Wingester Vilas Boas

Dra. Walkiria Wingester Vilas Boas recebeu a homenagem em nome de todos os residentes

Fotos: Dúnia Catelli Porto de Assis

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Capa

Segurança paramães e bebêsComplicações obstétricas precisam ser contornadas com técnicasanestésicas que garantam um parto seguro

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A Organização Pan-Ameri-cana de Saúde (Opas) tem um diagnóstico alarmante sobre a mortalidade materno-infantil em âmbito mundial: 830 mu-lheres morrem todos os dias por causas evitáveis relacio-nadas à gestação e ao parto. Em 99% dos casos, o problema ocorre em países cujas políti-cas públicas de prevenção são ainda precárias.

É fato que muito se avan-çou na questão – de 1990 pra cá, a redução de casos é de aproximadamente 45%. Ainda assim, em 2015, para cada 100 mil habitantes, a taxa global de mortalidade era de 239. Até 2030, o objetivo, entretanto, é reduzi-la a 70.

A realização de uma aneste-sia segura é fator essencial para que a meta seja alcançada, de modo a preservar a saúde das mães antes, durante e após o parto. O profissional de anes-tesia que lida diretamente com parturientes sabe da necessi-dade de se capacitar tecnica-mente para o procedimento e de ter a frieza necessária para lidar com complicações obsté-tricas que eventualmente pos-sam surgir. “Toda e qualquer anestesia é um ato de extrema responsabilidade, sem distin-ção. O que se deve entender na anestesia do parto é que a chegada de um filho é cerca-da de muita expectativa. Toda a família aguarda o momento com ansiedade, e nenhum ser humano deseja que algo saia do habitual. Existem crenças

equivocadas e muita desinfor-mação sobre a anestesia no trabalho de parto. Por isso, é necessário que a gestante seja avaliada previamente por um anestesiologista para que ela possa tirar todas as suas dú-vidas e tenha certeza de que todos estarão empenhados nessa etapa de sua vida”, co-menta Dr. Luis Gustavo Torres dos Santos, instrutor do CET da Santa Casa e anestesista da Neocenter Maternidade.

Além da expectativa em torno da chegada de uma nova vida, vale destacar que o parto é um episódio importante na vida de qualquer parturiente. É um momento de incerteza, fragilidade e medo, sobretudo de sentir dor e de ter sequelas causadas por lacerações vagi-nais. Portanto, ao lidar com um indivíduo em estado mais sensível, é preciso que toda a equipe tenha tato e paciência e mantenha um diálogo trans-parente, principalmente por parte dos anestesiologistas.

Uma anestesia segura du-rante o parto se inicia com uma comunicação fluida en-tre o obstetra, o pediatra e a equipe de enfermeiros. O envolvimento materno ativo nas decisões a serem tomadas também é muito importante, desde que suas escolhas não coloquem em risco as duas vi-das em questão. E, por se tra-tar de um procedimento eleti-vo, a avaliação pré-anestésica é essencial. Escolhida a técnica anestésica que será utilizada,

o profissional deve checar os materiais que serão utilizados e o funcionamento dos equipa-mentos, além de fazer o moni-toramento preciso dos dados vitais da paciente.

COMPLICAÇÕESA intoxicação por magnésio

é um dos problemas graves que podem comprometer o parto. Dr. Luís afirma que na literatura médica há registros de eventos graves em cerca de 2,95% a 5,3% dos procedimentos, que variam entre hipotensão, bradi-cardia, fraqueza muscular e de-pressão ventilatória. Ele explica que, sempre que for utilizado o MgSO4 em gestantes com pré--eclâmpsia, é importante ter em mente que, apesar de ser um fármaco seguro, podem acontecer erros em sua admi-nistração e talvez esta seja a causa mais comum de intoxica-ção. “À primeira suspeita, deve--se interromper imediatamente a infusão venosa, mas sempre lembrando que a meia-vida é de aproximadamente quatro a cinco horas. É preciso garantir a monitorização básica, fornecer O2 e suporte ventilatório e, se a depressão ventilatória for gra-ve, proceder à intubação oro-traqueal. Gluconato ou cloreto de cálcio devem estar pronta-mente disponíveis. Posicionar a gestante em decúbito lateral esquerdo é necessário, assim como manter uma comunica-ção constante com a obstetrícia e monitorar o bem-estar fetal”, orienta Dr. Luís.

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O médico conta que já vi-venciou um “quase evento” en-volvendo o uso de magnésio. Chamado para dar assistência a um parto vaginal já em cur-so, ele aventou a possibilidade de realizar uma cesariana de emergência, em razão de uma parada de progressão e por receio de complicações fetais. Após se inteirar do caso por completo, o médico checou toda a monitoração, os aces-sos venosos, as infusões e os equipamentos. “Durante a anamnese e no exame físico dirigido, chamou-me atenção a sonolência excessiva da par-turiente. Ela estava receben-do duas infusões contínuas – uma de oxitocina e outra de MgSO4. Como a todo momen-to os obstetras solicitavam que a enfermagem aumentasse a taxa de infusão da oxitocina e as contrações uterinas não

melhoravam, chequei as bom-bas de infusão e detectei que a identificação das soluções não fora realizada corretamente”, lembra Dr. Luís.

Ele observa ainda que al-gumas maternidades não se encontram preparadas para l idar com complicações sé-rias, em que procedimentos invasivos devem ser realiza-dos com rapidez.

OBESIDADE E ECLÂMPSIA O risco de complicações du-

rante a gravidez aumenta em até seis vezes quando a ges-tante se encontra acima do peso. No momento do parto, problemas de saúde como hi-pertensão, diabetes, doenças coronarianas, trombose veno-sa e embolia pulmonar podem influenciar diretamente a saú-de da mãe e do bebê. Além das especificidades anatômicas

da parturiente, o manejo das vias aéreas e o acesso venoso periférico podem complicar o procedimento. Dr. Luís des-taca ainda as dificuldades da anestesia neuroeixo, em que as referências anatômicas não são prontamente identificáveis – com isso, o uso da ultrasso-nografia pode ajudar na reali-zação dos bloqueios.

Outro problema grave, que é grande causador de morte materna no Brasil, é a eclâmpsia. Ela se caracteriza pela presença de convulsões tônico-crônicas generalizadas ou coma em mulher com qual-quer quadro hipertensivo, não causadas por epilepsia ou ou-tra doença convulsiva. Mestre em Perinatologia, Dr. Bruno Carvalho Cunha de Leão, anes-tesista do Hospital Life Center e da Maternidade Odete Vala-dares, explica que a eclâmpsia

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Capa

Dr. Luís Gustavo Torres dos Santos,instrutor do CET da Santa Casa e anestesista

da Neocenter Maternidade.

é uma emergência obstétrica que exige assistência multidis-ciplinar. Ele ressalta que há na literatura forma pedagógica de atendimento da condição (veja o quadro da página 14).

Dr. Bruno chama a atenção para outra grave complicação obstétrica, o choque hipovolê-mico. “Vale lembrar que o ter-mo ‘choque’ não é sinônimo de hipotensão arterial, mas sim de injúria tecidual sistêmica. A população obstétrica é um claro exemplo de pacientes que podem apresentar cho-que hipovolêmico com que-da tardia da pressão arterial. Nesse cenário, outros dados, como frequência respiratória, sensório e ferramentas que es-timam a perda sanguínea, de-vem ser considerados.” Há uma diretriz da Organização Mun-dial da Saúde (OMS) para o tratamento intitulada 0MMxH (Zero Morte Materna por He-morragia Pós-Parto), que lista ações para a primeira hora de atuação, como estabelecer ve-nóclise calibrosa; afastar hipo-fibrinogemia; ofertar oxigênio; manter temperatura central superior a 36°C; iniciar esti-mativa de perdas – idealmen-te por método gravimétrico, se couber; considerar transfusão equalizada dos hemocompo-nentes; administrar um grama de ácido tranexâmico em caso de hemorragia superior a meio ou um litro no parto normal e cesáreo, respectivamente, e se atentar ao risco de hiper--hidratação com cristaloides.

PROTOCOLO PERIDURALÉ importante que o aneste-

siologista informe com clareza a gestante sobre a analgesia regional que será utilizada. “A solicitação materna de anal-gesia compreende indicação suficiente para sua realização, independentemente da fase do parto e do grau de dilatação. Isso inclui parturiente em fase latente com dor intensa”, ex-plica Dr. Bruno.

Ele recomenda iniciar a analgesia peridural com as drogas usuais (bupivacaína, ropivacaína e levobupivacaí-na) diluídas na dose – volume de 13 mL a 20 mL em concen-tração de 0,06% a 0,1% acres-cido de fentanila 2 mcg/mL. A manutenção da analgesia via peridural deve ser iniciada, com volumes próximos de 10 mL/h, em sua menor concen-

tração efetiva – por exemplo, bupivacaína 0,06% ou ropiva-caína 0,1%, ambos acrescidos de fentanila 2 mcg/mL. A ma-nutenção da analgesia peri-dural em bolus intermitente ou sob regime de PCEA são os modos preferidos de adminis-tração para a manutenção da analgesia peridural.

A administração rotineira de oxitocina após analgesia regional não é recomendada, por agregar potenciais efei-tos adversos sem benefício, e, uma vez que não difere do contexto habitual, deve obe-decer às orientações gerais do uso de uterotônicos. Re-comenda-se que as gestantes sob analgesia epidural, quan-do se sentirem confortáveis e seguras, sejam encorajadas a deambular e adotar posições mais verticais.

“O que se deve entender na anestesia do parto é que a

chegada de um filho é cercada de muita expectativa. Toda a

família aguarda o momento com ansiedade, e nenhum ser humano deseja que algo saia do habitual”

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Amorim e Katz definiram a condutaanestésica para o tratamento de eclâmpsia:

Capa

A (vias aéreas e ajuda) – O objetivo ini-cial, além de mobilizar ajuda, é minimizar o risco de aspiração e garantir a pervie-dade das vias aéreas. Para isso, deve-se colocar a parturiente em decúbito lateral esquerdo e lateralizar seu rosto. Cânula de Guedel pode ser útil para evitar o trauma da língua. A opção pela intubação orotra-queal nem sempre é óbvia. Um estado pós-comicial com escala Glasgow menor ou igual a oito é sugerido como uma das principais variáveis de decisão.

B (ventilação) – Oxigenioterapia suple-mentar será rotina. Se necessário ventilar, idealmente em prótese orotraqueal.

C (circulação) – Considerando a associa-ção com entidades hemorrágicas e a ne-cessidade de iniciar imediatamente o sul-fato de magnésio, dois acessos calibrosos devem ser providenciados. Não existem benefícios da infusão rotineira de crista-loides ou coloides.

D (danos) – Evitar a recorrência da convul-são com sulfato de magnésio, esquema de Zuspan: Ataque de 4 g em 20 minutos, segui-do pela manutenção de 1 a 2 horas por 24 horas. A cada hora assegurar diurese supe-rior a 25 mL/h, frequência respiratória maior que 16 irpm e presença do reflexo patelar.Obs.: Na recorrência de eclâmpsia, será necessário novo bolus de 2 g, assim como investigar ocorrência de acidente vascular.

E (exame físico e laboratorial) – Admi-nistração de anti-hipertensivo visando à redução inicial de 20 mmHg na Pam. O

agente de escolha é a nifedipina 10 mg VO (nunca SL), porém muitos profissionais têm maior experiência com a hidralazina, bolus endovenoso progressivo de 5 mg.Coleta de amostras para tipagem e reser-va de sangue, propedêutica padrão e de síndrome HELLP, avaliação da função renal e hepática.

F (feto) – Realizar cardiotocografia e afastar associação com descolamento de placenta.

G (interrupção da gestação) – Embora a necessidade de se interromper a gesta-ção seja óbvia, na maioria dos casos é possível, em poucas horas, otimizar as condições clínicas, dar tempo para com-pensação metabólica fetal e aguardar plaquetometria. A técnica anestésica de-penderá não somente da contagem pla-quetária, mas também da avaliação das vias aéreas e do estado hemodinâmico e sensório da paciente.

Uma vez que se tenha optado pela anes-tesia geral, devemos atentar-nos para a presença de dois anestesistas; Pró-clive e pré-oxigenação; preparo do campo obs-tétrico para minimizar exposição fetal aos agentes anestésicos; indução com agentes ultrarrápidos e liberação de selick após insuflação do balonete.

Obs.: No intento de evitar o agravamento da hipertensão durante a laringoscopia, devemos, exceto em concomitância de he-morragia, associar remifentanila (bolus de 1 mcg/kg na indução + manutenção 0,1 a 0,4 mcg/kg/minuto).

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15Revista Anestesiologia Mineira

SAMG

Ioga na praça Eventos que fomentam a prática esportiva e o bem-estar entre profissionais de saúde seguem em pauta

Anestesiologistas sabem o que é permanecer por horas dentro de um bloco cirúrgico e as consequências que tal rotina pode trazer à saúde em longo prazo. Por isso, precisam man-ter-se vigilantes em relação à alimentação, à prática regular de atividades físicas e à preser-vação do convívio social.

Não por acaso a SAMG tem insistido em tratar desse as-sunto e oferecer alternativas aos profissionais da área. Em novembro, por exemplo, eles foram convidados a passar uma manhã na Praça do Papa, em Belo Horizonte, para conhecer a ioga, uma prática milenar de controle da respiração, medita-ção e exercício físico. A atividade deu início a uma série de ações programadas para os próximos meses, que visam fomentar o bem-estar.

De acordo com Dra. Luciana de Sousa Cota Carvalho, que vai assumir a presidência da SAMG em 2020, a ideia é iniciar com eventos de pequeno porte, até que a prática se dissemine. “Faremos uma pesquisa para saber qual é a preferência dos colegas e, a partir daí, estender os eventos, inclusive, a cidades--polo de outras regiões de Mi-nas Gerais”, adianta a médica.

IOGAQuem ministrou a aula foi

Lisiane Freire Murta, especia-listas nas modalidades “Vinyasa Flow” e “Hatha”, que trabalha a respiração, o equilíbrio e a to-nificação muscular. Lisiane, que

também é enfermeira, aponta os benefícios da prática perió-dica da ioga para os profissio-nais de saúde. “Ela pode ser um importante aliado dos médicos para o controle da ansiedade e do estresse.”

A intenção da SAMG é expandir as ações que promovam a saúde e o bem-estar para o interior de Minas

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16Revista Anestesiologia Mineira

Conduta

Cirurgia intrauterina

Trata-se de um procedimento cirúrgico complexo, e a conduta anestésica indicada é extrema-mente desafiadora. A cirurgia intrauterina se tornou mais

conhecida no Brasil a partir de 2003, mas ainda não pode ser considerada comum no país, principalmente por requerer ex-periência dos profissionais en-

volvidos e uma equipe médica multidisciplinar (Anestesiologia, Obstetrícia, Neurocirurgia e Pe-diatria) prontamente disponível em sala de cirurgia.

Dr. Marcel Souki e Dr. Lucas Almeida relatam como foi feita a anestesiadurante o primeiro procedimento do tipo realizado na Santa Casa de BH

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17Revista Anestesiologia Mineira

Conduta

No segundo semestre deste ano, Dr. Marcel Andrade Souki e Dr. Lucas Almeida participaram da primeira cirurgia intrauterina realizada na Santa Casa de Belo Horizonte – um grande feito para o hospital e para a equipe. Eles contam que os profissionais se prepararam durante dois anos para que o procedimento fosse bem-sucedido. Foi selecionado um feto com mielomenigocele, uma vez que a literatura aponta que, se a cirurgia for realizada no interior do útero, as chances de complicações são bem menores. “Nossa primeira preocupação é não aumentar a morbidade nes-ses casos”, comenta Dr. Marcel. “Temos que ter em mente que estamos, obviamente, lidando com dois pacientes.”

Os fármacos administrados na mãe passam para o feto e podem gerar efeitos deletérios. Além disso, cirurgias como essa exigem que tanto a mãe quanto o feto estejam anestesiados. No caso da mielomenigocele, a equi-pe obstétrica entrou em cena como responsável pelo acesso ao útero; coube ao profissional de neurocirurgia corrigir o defeito de fechamento espinhal do feto, e, por fim, a equipe obstétrica fez o fechamento. “O objetivo central é manter a integridade mãe/feto e que a gestação possa continuar até o momento ideal. Uma das possíveis complicações é o trabalho de parto prematu-ro, portanto é necessário tomar cuidados para inibi-la. É necessá-ria uma anestesia profunda para que o feto fique imóvel e não

haja contração uterina, que é um dos maiores pontos de atenção.” O anestesiologista conta que foi elaborado um protocolo institu-cional que previa mínimas doses de opioides; anestesia peridural contínua visando, principalmen-te, ao controle de dor no pós--operatório; relaxantes muscu-lares, além de plano anestésico profundo, com altas doses de anestésico inalatório de no mí-nimo duas CAM.

Dr. Lucas Almeida, também responsável pelo manejo anes-tésico, informa que foi preciso administrar vasopressores para manter a pressão arterial, o que garantiu o fluxo placentário e a viabilidade fetal, para prevenir hipotensão e perfusão durante os momentos mais críticos da cirurgia. Ele observa que a ne-cessidade de opioide é mínima. “Eventualmente, o cirurgião obstetra pode perceber sinais de movimentação de contração uterina e nos sinaliza rapida-mente para tomarmos as me-

didas para inibir a contração”, completa.

A cirurgia foi realizada em setembro, e a criança deve nascer em dezembro de 2019. A equipe considerou o procedi-mento um sucesso.

FÁRMACOSÉ importante ressaltar que a

cirurgia fetal intraútero é reali-zada no segundo trimestre ges-tacional (de 20 a 26 semanas), pois nesse período já se comple-tou a organogênese e é menor a chance de parto prematuro. Algumas medicações podem le-var ao desejável efeito de rela-xamento uterino, como o sulfato de magnésio. Outras, como os anestésicos inalatórios, podem ter efeitos nocivos sobre a orga-nogênese fetal. Por fim, algumas drogas vão em baixas quantida-des, portanto não atingem o feto, como relaxantes musculares. Quando necessário, podem ser administrados fármacos por via intramuscular no feto.

Dr. Marcel Andrade e Dr. Lucas Almeida foram os anestesiologistasresponsáveis pelo procedimento

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18Revista Anestesiologia Mineira

Especial

55 anos de dedicação à vida

Até meados do século XX, a maioria dos partos era reali-zada em ambiente doméstico, sem auxílio médico. O avanço registrado pela Medicina Obs-tetrícia nas últimas décadas mudou, contudo, esse cenário, o que levou a uma queda dos

índices de mortalidade mater-na e, principalmente, infantil. A Anestesiologia teve papel fundamental na preservação das vidas, graças à evolução das técnicas e à diminuição dos riscos em cirurgias como a cesariana.

Não é por acaso que a espe-cialidade é parte da história de um das mais respeitadas insti-tuições dedicadas à Ginecolo-gia e à Obstetrícia em Minas Gerais. Fundada em 1964 por um grupo de médicos obste-tras, a Maternidade Octaviano

Serviço de Anestesiologia da Maternidade Octaviano Nevescomemora marco histórico

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19Revista Anestesiologia Mineira

Especial

Neves tinha na época a missão de suprir a carência de uma estrutura voltada à saúde da mulher e do neonato na ca-pital mineira e, com o passar dos anos, se tornou conhecida pela qualidade do atendimento e dos serviços prestados.

Após mais de meio século, o corpo clínico cresceu e, atu-almente, é composto por cerca de 600 médicos, que atendem a mais de 13 mil pacientes/ano, principalmente nas especiali-dades Ginecologia, Obstetrí-cia e Pediatria. A maternida-de conta com 100 leitos de internação, uma UTI infantil, um CTI adulto e uma unida-de externa para atendimento ambulatorial, além de oferecer acompanhamento pré-natal e internações para tratamentos ginecológicos.

O Serviço de Anestesiolo-gia reúne 17 profissionais ex-perientes, divididos em duas equipes, que atuam de forma distinta: uma no bloco cirúrgi-co, em cirurgias ginecológicas e de mama; e outra no bloco obstétrico, que trabalha em regime de plantões de 12 ho-ras. De acordo com o coorde-nador do Serviço, Dr. Leonardo Carvalho Figueiredo, o aten-dimento da equipe é pautado pela humanização e pelo cui-dado integrado, eixos centrais das diretrizes adotadas na ma-ternidade. “O objetivo central da Anestesiologia é oferecer mais conforto à mulher nes-se momento tão importante, que é o parto, respeitando

suas preferências quanto aos procedimentos que deseja ou quer evitar”, diz.

Para pacientes com encami-nhamento cirúrgico, a materni-dade dispõe de atendimento pré-anestésico, que possibili-ta ao médico conhecer o his-tórico clínico, repassar orien-tações e esclarecer eventuais dúvidas. O hospital mantém ainda um programa de aten-ção para prestar informações, por exemplo, sobre gestação, parto, anestesia e puerpério.

As salas de parto são com-postas de box para peridural separado da estrutura princi-pal, que é equipada com di-versos dispositivos de moni-toramento, banheiro e quarto especial para trabalho de parto individual, tudo para possibili-tar maior conforto e segurança às parturientes. O mesmo vale para o momento da anestesia. Dr. Leonardo conta que, há al-

gumas décadas, as anestesias eram feitas de modo que a mãe sequer participasse do próprio parto, por permanecer sedada durante todo o tempo. “Nos dias de hoje, assim como a pre-sença do companheiro reforça o conceito de humanização, a anestesia é aplicada quando e como a paciente quiser, com o consentimento do obstetra, de forma monitorada. Isso permite que a mulher participe mais ati-vamente do trabalho de parto, fortalecendo também o atendi-mento anestésico como parte do processo.”

O coordenador destaca, ain-da, a importância da atualiza-ção constante dos profissionais da área, e, para isso, a equipe está sempre participando de cursos e congressos. “A Aneste-siologia é cada vez mais respei-tada como parte do processo de humanização, graças à sua evolução científica”, diz.

“O objetivo central da Anestesiologia é oferecer mais

conforto à mulher nesse momento tão importante, que é o parto, respeitando suas preferências

quanto aos procedimentos quedeseja ou quer evitar”

Dr. Leonardo Carvalho Figueiredo, coordenador doServiço de Anestesiologia do Octaviano Neves

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Contraindicação: Em pacientes portadores de bradicardia sinusal. Interação Medicamentosa: Drogas que depletam catecolaminas podem ter um efeito aditivo quando administradas com agentes betabloqueadores. Referência Bibliográfi ca: 1. Varon J. Treatment of acute severe hypertension current and newer agents. Drugs. 2008; 68(3):283-97.2. Blanski L, Lutz J, Laddu A. Esmolol, the fi rst ultra-short-acting intravenous beta blocker for use in critically ill patients. Heart Lung. 1988 Jan;17(1):80-9. 3. Wiest DB, Haney JS. Clinical pharmacokinetics and therapeu-tic effi cacy of esmolol. Clin Pharmacokinet. 2012 Jun;51(6):347-56. 4. Rose JC, Mayer SA. Optimizing blood pressure in neurological emergencies. Neurocrit Care. 2004;1(3):287-99. Review. Erratum in: Neurocrit Care. 2006;4(1):98. Dosage error in article text. Neurocrit Care. 2006 Feb;4(1):98. 5. Mocco J, Rose JC, Komotar RJ, Mayer SA. Blood pressuremanagement in patients with intracerebral and subarachnoid hemorrhage. Neurosurg Clin N Am. 2006 Sep;17 Suppl 1:25-40.6. Gelineau AM, King MR, Ladha KS, Burns SM, Houle T, Anderson TA. Intraoperative Esmolol as an Adjunct for Perioperative Opioid and Postoperative Pain Reduction: A Systematic Review, Meta-analysis, and Meta-regres-sion. Anesth Analg. 2017 Oct 11. 7. Dhir R, Singh MR, Kaul TK, Tewari A, Oberoi R. Effect of intravenous esmolol on analgesic requirements in laparoscopic cholecystectomy. J Anaesthesiol Clin Pharmacol. 2015 Jul-Sep;31(3):375-9. 8. Krumpl G, Domanovits H, Stix G, Heinz G. Esmolol in Cardiology, Emergency and Critical-Care Medicine. J Kardiol. 2012;19(Suppl A):2-8. 9. Brevibloc® Diluído: cloridrato de esmolol. Bula do medicamento. 10. Brevibloc®: cloridrato de esmolol. Bula do medicamento.BREVIBLOC® cloridrato de esmolol – solução injetável de 10mg/mL e 250mg/mL, USO INTRAVENOSO. USO ADULTO. INDICAÇÕES: tratamento da taquicardia su-praventricular, fi brilação atrial ou “fl utter” atrial, taquicardia sinusal não-compensatória e hipertensão em circunstâncias perioperatórias ou outras situações de emergência. CONTRAINDICAÇÕES: bradicardia sinusal, bloqueio cardíaco superior ao de primeiro grau, choque cardiogênico ou insufi ciência cardíaca manifesta. Hipersensibilidade ao medicamento ou componentes da fórmula. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES: Hipotensão: doses >200mcg/kg/min não são recomendadas: maior possibilidade de hipo-tensão. Monitorar o paciente. Geralmente, a redução da dose ou término da infusão reverte a hipotensão em 30 minutos. Insufi ciência Cardíaca: pode potencializar o risco de depressão miocárdica e precipitar ou agravar uma insufi ciência cardíaca. Interromper a infusão ao primeiro sinal ou sintoma de insufi ciência cardíaca iminente. Administrar com precaução para arritmias supraventriculares quando o paciente estiver hemodinamicamente comprometido ou em uso de medicamentos que diminuam resistência per-iférica, enchimento miocárdico, contratilidade miocárdica e/ou propagação do impulso elétrico no miocárdio. Taquicardia e/ou Hipertensão lntra e Pós-Operatória: não deve ser utilizado quando o aumento da pressão arterial for primariamente devido à vasoconstrição associada à hipotermia. Doenças Broncoespáticas: administrar, com cautela, na menor dose efi caz. Interromper se broncoespasmo. Diabetes Mellitus e Hipoglicemia: administrar com cautela. Pode mascarar sintomas de hipoglicemia. Infusões: 20mg/mL – mais associadas com irritação venosa e trombofl ebite; extravasamento pode levar a reação local grave e necrose. Evitar concentrações >10mg/mL em veias de pequeno calibre ou cateteres do tipo “butterfl y”. Gravidez e Lactação: utilizar quando o benefício justifi car o risco potencial. Comprometimento Renal: administrado com precaução. Uso Pediátrico: segurança e efi cácia não estabelecidas. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: sinergismo: depletores de catecolaminas; ajuste de dose: digoxina, morfi na, succinilcolina, varfarina; cautela: verapamil em pacientes com depressão da função miocárdica (risco de parada cardíaca); não utilizar junto a agentes vasoconstritores e inotrópicos (dopamina, epinefrina e norepinefrina). POSOLOGIA E MODO DE USAR: BREVIBLOC® 250mg/mL DEVE SER DILUÍDO ANTES DA INFUSÃO. INCOMPATÍVEL COM BICARBONATO DE SÓDIO; NÃO DEVE SER MISTURADO COM OUTROS MEDICAMENTOS ANTES DE SER DILUÍDO EM DILUENTE ADEQUADO. Diluição: Para maiores informações consulte a bula do profi ssional da saúde. Dose de Ataque: 0,5mg/kg/min. Taquicardia Supraventricular: após dose de ataque administrar dose de manutenção; dose efi caz média é de 100mcg/kg/min; doses menores que 25mcg/kg/min são adequadas a alguns pacientes. Doses >300mcg/kg/min: taxa elevada de efeitos adversos; não recomendado. Doses de manutenção >200mcg/kg/min: não demonstraram benefícios adicionais signifi cativos. Ajuste de dose e intervalos: conforme objetivo desejado, cada passo consiste de uma dose de ataque seguida por uma de manutenção. À medida que se aproxime do objetivo, omita as doses de ataque subsequentes e aumente ou diminua a dose de manutenção e intervalos. Taquicardia e/ou Hipertensão lntra e Pós-Operatória: controle imediato - bolus de 80mg (aproximadamente 1mg/kg) durante 30 segundos, seguido de infusão (150mcg/kg/min); controle gradual – mesmo esquema terapêutico que na taquicardia supraventricular. REAÇÕES ADVERSAS: maioria de natureza leve e transitória. Eventos adversos mais frequentes: Cardiovascular: hipotensão sintomática e assintomática, diaforese. Sistema Nervoso Central: tontura, sonolên-cia, confusão, dor de cabeça e agitação. Respiratório: broncoespasmo, sibilo, dispneia, congestão nasal, ronco e crepitações. Gastrintestinal: náusea. Pele: reação no local da injeção, incluindo infl amação e endurecimento. SUPERDOSE: Toxicidade Aguda: doses de 5000 a 6250mcg/kg em bolus intravenosos produziram hipotensão, bradicardia, tontura e perda da consciência. Efeitos regrediram em 10 minutos, em alguns casos com administração de agente vasopressor. O primeiro passo no tratamento da toxicidade deve ser a descontinuação da infusão de Brevibloc®. APRESENTAÇÕES: 250mg/mL - caixa contendo 10 ampolas de 10mL; 10mg/mL - caixa com 25 frascos-ampola de 10mL e caixa com 5 bolsas de 250mL. CRISTÁLIA – Produtos Químicos Farmacêuticos Ltda - Farm. Resp.: Dr. José Carlos Módolo CRF-SP nº 10.446 - Rodovia Itapira-Lindóia, km14, Itapira-SP - CNPJ nº 44.734.671/0001-51 - Indústria Brasileira - SAC: 0800 7011918 - nº do Lote, Data de Fabricação e Prazo de Validade: Vide Rótulo/Caixa. CLASSIFICAÇÃO: VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. USO RESTRITO A HOSPITAIS - Reg. MS nº 1.0298.0227. BREVIBLOC® é marca registrada sob licença de Bristol-Myers Squibb Company.44.734.671/0001-51 - Indústria Brasileira - SAC: 0800 7011918 - nº do Lote, Data de Fabricação e Prazo de Validade: Vide Rótulo/Caixa. CLASSIFICAÇÃO: VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. USO RESTRITO A HOSPITAIS - Reg. MS nº 1.0298.0227 - SE PERSISTIREM OS SINTOMAS, O MÉDICO DEVERÁ SER CONSULTADO. BREVIBLOC® é marca registrada sob licença de Bristol-Myers Squibb Company.

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