complicações após a ressecção da clavicula
DESCRIPTION
Ressecção da cláviculaTRANSCRIPT
-
Rev Bras Ortop _ Vol. 30, N 8 Agosto, 1995 593
COMPLICAES APS A RESSECO DA EXTREMIDADE DISTAL DA CLAVCULA
Complicaes aps a resseco daextremidade distal da clavcula*
SRGIO L. CHECCHIA1, PEDRO DONEUX S.2
RESUMO
Os autores analisam e discutem os resultados obtidosem 44 ombros (40 pacientes) operados entre julho de 1987e julho de 1991, para tratamento da sndrome do impac-to, nos quais, alm de acromioplastia, associou-se ressec-o da extremidade distal da clavcula, por esta ser dolo-rosa no exame clnico pr-operatrio. Os resultados fi-nais no foram to bons quando comparados com os dogrupo operado sem esta resseco (p < 0,05). Isso se devea instabilidade residual ps-operatria, acompanhada dequeda do ombro, a qual leva a fadiga muscular e dor,muitas vezes incapacitante. Descrevem os achados clni-cos e uma manobra especfica para a pesquisa desta ins-tabilidade residual da articulao acromioclavicular, asbases anatmicas que poderiam levar a essa instabilidadee propem, como nota prvia, pequena modificao datcnica operatria, visando impedir ou minimizar estacomplicao.
Unitermos ombro sndrome do impacto; tratamento cirrgi-co resultados; resseco da articulao acromio-clavicular
SUMMARY
Complications after resection of the distal end of the clavicle
Results obtained with 40 patients (44 shoulders) surgical-ly treated of the impingement syndrome between July 1987and July 1991, with a minimum follow-up of 2 years, arediscussed and analyzed. These patients underwent an openacromioplasty plus resection of the distal end of the clavicle,when painful at preoperative examination. Final results did
* Trab. realiz. pelo Grupo de Ombro do Dep. de Ortop. e Traumatol. daSanta Casa de Miseric. de So Paulo (Diretor: Prof. Dr. Jos Soares Hun-gria Neto). Apres. na IV ICSS, Conf. Int. sobre Cirurg. do Ombro, Pa-ris, Frana, 14 de julho de 1992.
1. Chefe do Grupo de Ombro.
2. Assistente do Grupo de Ombro.
not compare favorably with those obtained with a group ofpatients who had been submitted to open acromioplasty with-out A/C resection (p < 0.05). A postoperative residual insta-bility of the A/C joint, accompanied by a dropped shoul-der, leading to an often incapacitating muscular fatigueand pain, was believed to be the main cause for the resultsobtained. Clinical findings and a specific maneuver to ac-cess the residual instability of the acromioclavicular joint,and also the anatomic basis which might lead to such insta-bility, are described. The authors propose a slight modifica-tion of the operative technique to avoid or minimize this com-plication, and a surgical technique to restore the lost stabil-ity, obtained by transposing a flap of the conjoined tendon tothe stump of the resection, combined with a cerclage betweenthe clavicle and the coracoid process.
Keywords shoulder impingement syndrome; surgical treat-ment results; acromioclavicular joint resection
INTRODUO
A sndrome do impacto, descrita(17) e estadiada(18) por Neer,j foi alvo de inmeros trabalhos na literatura recente, tantono Brasil quanto no exterior. Esses trabalhos comprovam asdescries de Neer e deixam bem estabelecido que o trata-mento cirrgico pela acromioplastia ntero-inferior d bonsresultados, que no se deterioram com o passar do tempo,em aproximadamente 80 a 90% dos pacientes(1,2,5,7,13,21,29,34).
No seu primeiro trabalho, hoje clssico, Neer indica, almda acromioplastia, a resseco associada de 2,5cm da clav-cula distal nos pacientes que apresentassem melhora da doraps injeo de anestsico dentro da articulao acromiocla-vicular, ou com degenerao hipertrfica desta articulao avaliao radiogrfica, ou ainda como via de acesso nos pa-cientes nos quais o tendo do supra-espinhal estivesse muitoretrado, facilitando assim sua mobilizao para reinsero.
Essa resseco foi descrita por Munford(16) e Gurd(12), in-dependentemente, em 1941, para tratamento da subluxaoacromioclavicular crnica sintomtica. Watkins(33), em 1925,
-
S.L. CHECCHIA & P. DONEUX S.
594 Rev Bras Ortop _ Vol. 30, N 8 Agosto, 1995
foi o primeiro autor a propor a cerclagem entre o processocoracide e a clavcula como tcnica cirrgica para estabili-zao da articulao acromioclavicular. Relata ainda que atransferncia do ligamento coracoacromial do acrmio paraa clavcula, refazendo os ligamentos coracoclaviculares, te-ria sido proposta, no incio do sculo, por Cadenat(4). Em1968, Neviaser(19) prope a transferncia do ligamento inver-tida, ou seja, do processo coracide para a clavcula, refa-zendo o ligamento acromioclavicular superior.
Weaver & Dunn, em 1972(35), associaram resseco daextremidade distal da clavcula a transferncia do ligamentocoracoacromial do acrmio para a clavcula. Em 1986, Sho-ji & col.(26) propem que a transferncia de Weaver-Dunnseja feita com um fragmento sseo do acrmio.
Em 1982, Neviaser & col.(20) descrevem procedimento,chamado de 4 em 1, para tratamento da sndrome do im-pacto, consistindo na acromioplastia, resseco do ligamen-to coracoacromial, resseco da extremidade distal da clav-cula e tenodese da cabea longa do msculo bceps braquial,aliadas a eventual reparo do manguito rotador.
Neer(18), em 1983, revisa suas indicaes para a ressecoda extremidade distal da clavcula. Esta somente deveria serfeita nos pacientes que apresentassem, especificamente, dornesta articulao. Pacientes com artrose hipertrfica, mas semdor, seriam candidatos apenas a uma resseco dos ostefi-tos da borda anterior e inferior da articulao.
A preocupao com a estabilidade ps-operatria de umaresseco da extremidade distal da clavcula aparece apenasmuito recentemente na literatura. Salter & col.(25), em estu-dos em cadveres, concluem que o ligamento trapezide omais importante estabilizador da articulao, especialmentedo desvio para superior. Em 1986, Fukuda & col.(10) obser-vam, tambm em cadveres, que o ligamento acromioclavi-cular superior desempenha papel muito importante na esta-bilizao da articulao, notadamente no desvio para poste-rior; sugerem que a resseco da clavcula distal poderia ge-rar instabilidade, por no permitir correta cicatrizao dosligamentos, notadamente o acromioclavicular superior, porperda de sua insero ssea.
Cook & Tibone, em 1988(6), publicam os resultados de 23atletas operados pela tcnica de Munford. Apenas um atletano estava satisfeito com o resultado obtido. Notaram queem dez dos 23 casos havia aumento do movimento da clav-cula no sentido horizontal.
Em 1986, Johnson(14) e, em 1988, Snyder(28) descrevem aresseco artroscpica da clavcula distal, destacando que oprocedimento no comprometeria a estabilidade articular.
Gartsman & col., em 1991(11), estudam dois grupos de pa-cientes operados por via aberta ou artroscpica e notam quemesmo nos pacientes operados por via artroscpica pode-mos encontrar instabilidade residual, associada, segundo eles, prpria resseco ssea.
Flatow, em 1993(8), e Flatow & col., em 1992(9), publicamos resultados obtidos com a resseco artroscpica e salien-tam dois fatos importantes: o tamanho da resseco no pre-cisa ultrapassar mais que 5 a 6mm, e no 3 a 5mm, comochegou a ser preconizado(23); a resseco isolada no deveser praticada em pacientes com instabilidade crnica sinto-mtica, mesmo graus I ou II(24), pois isso aumentaria o graude instabilidade da articulao e poderia provocar sintomaspor um desvio para posterior da clavcula, cuja ponta pste-ro-lateral se chocaria contra a base do acrmio. Segundo osautores, a resseco da extremidade distal da clavcula, nes-ses casos, deve ser aberta e associada a procedimento de re-construo capsuloligamentar.
Todas estas dvidas e polmica da literatura nos levaram aquestionar os resultados da resseco da clavcula distal notratamento cirrgico da sndrome do impacto.
Ser que podemos ressecar a extremidade distal da clav-cula impunemente? Ser este procedimento seguro e isentode complicaes?
ANATOMIA E BIOMECNICA
Fizemos a disseco de seis cadveres frescos, em que arigidez ps-morte poderia influir o mnimo possvel nas ava-liaes.
A insero do ligamento trapezide se faz na linha trape-zide situada na face inferior da clavcula distal e se estendepor aproximadamente 2 a 2,5cm, at muito prximo da arti-culao. O ligamento conide se insere no tubrculo coni-de, a aproximadamente 3cm da extremidade acromial. O li-gamento acromioclavicular superior tem sua insero na cla-vcula distal, desde a face articular lateral at 1,5 a 2cm paramedial.
Quando, seletivamente, seccionamos os ligamentos cora-coclaviculares (trapezide e conide) e preservamos o acro-mioclavicular superior, no observamos o aparecimento deinstabilidade articular, principalmente no sentido de umasubluxao ou luxao superior da clavcula. No entanto,quando seccionamos o acromioclavicular superior, mesmopreservando os coracoclaviculares, esta instabilidade mui-to importante. Obviamente, esta instabilidade se tornava maisacentuada se os coracoclaviculares tambm fossem seccio-nados, sendo que o conide contribua, mais que o trapezi-
-
Rev Bras Ortop _ Vol. 30, N 8 Agosto, 1995 595
COMPLICAES APS A RESSECO DA EXTREMIDADE DISTAL DA CLAVCULA
de, para a estabilizao. Verificamos, tambm, que o liga-mento trapezide possui forma em V, sendo que as fibrasanteriores estabilizam a articulao quando foras so apli-cadas no sentido de posterior para anterior e as fibras poste-riores no sentido inverso e que ambas as fibras, pelo seu sen-tido de medial (no coracide) para lateral (na clavcula), im-pedem a aproximao do acrmio de encontro clavcula.
MATERIAL E MTODO
No perodo compreendido entre julho de 1987 e julho de1991, o Grupo de Ombro do Departamento de Ortopedia eTraumatologia da Santa Casa de Misericrdia de So Paulooperou 44 ombros (40 pacientes) para tratamento da sndro-me do impacto, nos quais, alm da acromioplastia por viaaberta, e eventual sutura de leses do manguito rotador, foiassociada resseco da extremidade distal da clavcula, porapresentarem dor palpao desta articulao.
A idade mdia dos pacientes foi de 52,4 anos (38 a 65anos). Trinta e trs eram do sexo feminino e sete, do mascu-lino. O membro dominante foi operado 37 vezes e o nodominante, sete.
Analisando as radiografias ps-operatrias, encontramosque a somatria do espao articular propriamente dito com aresseco foi em mdia de 1,98cm (1,0 a 2,8cm).
Quanto s condies macroscpicas do manguito rota-dor(32), sete ombros no apresentavam leses identificveisno ato cirrgico, 23 tinham leso incompleta, em quatro asleses eram pequenas (menor que 2cm), em oito eram m-dias (entre 2 e 4cm), e em dois as leses eram grandes (maio-res que 4cm).
Submetemos, a seguir, este grupo de 40 pacientes a umaanlise estatstica comparativa com um grupo de pacientes(111 ombros), em que no havia sido feita resseco da ex-tremidade distal da clavcula(5). A diferena entre a gravida-de das leses associadas do manguito rotador nos dois gru-pos foi estatisticamente significativa (p > 0,05), sendo que ogrupo-controle de 111 ombros apresentava leses do man-guito rotador mais graves que o grupo ora em estudo. Sendoassim, provavelmente, deveramos ter encontrado resultadosfuncionais melhores o grupo de pacientes com resseco daextremidade distal da clavcula, porm no foi isso que acon-teceu.
RESULTADOS
Reexaminando cuidadosamente os pacientes submetidos resseco da extremidade distal da clavcula, notamos quea maioria deles tinha ombro mais baixo que o ombro contra-
lateral e que a extremidade posterior da clavcula ressecadafazia protruso na massa do msculo trapzio (figura 1). Esseaspecto do exame fsico lembrava uma luxao acromiocla-vicular grau IV(24).
Encontramos instabilidade em 86,3% dos ombros, quandoexaminados especificamente para detect-la. A manobra deveser realizada com o examinador situado atrs do ombro a serexaminado. Com uma das mos (mo esquerda para ombrodireito), apoiamos de cima para baixo a clavcula, com aponta dos dedos, para que a mesma fique o mais fixa poss-vel; com a outra mo, seguramos firmemente o cotovelo e,ento, realizamos movimentos para cima e para baixo (figu-ra 2).
Em 56,8% dos doentes, havia queixa de dor residual, degraus de intensidade variados, associada a fadiga, de rpidoaparecimento nas atividades com o brao acima da cabea.Os pacientes apresentavam-se com sinal de Neer positivo,mas que no era negativado com injeo de anestsico naregio subacromial. Tratava-se portanto de um falso sinal deNeer. No entanto, quando o anestsico era injetado na proe-minncia posterior da clavcula que se projetava na massado trapzio, a dor desaparecia.
A grande maioria dos pacientes evoluiu bem com exerc-cios para reforo da musculatura do trapzio e paraescapula-res; porm, em dois pacientes houve necessidade de cirur-gia. A estabilizao biolgica da articulao foi obtida coma transposio de uma lingeta do tendo conjunto para aclavcula, associada a cerclagem ao coracide com fio inab-sorvvel n 5 (figura 3), com bons resultados at a presentedata.
Fig. 1 Aspecto clnico ps-operatrio de paciente com resseco da extre-midade distal da clavcula. Notar a retroposio da clavcula na massamuscular do trapzio.
-
S.L. CHECCHIA & P. DONEUX S.
596 Rev Bras Ortop _ Vol. 30, N 8 Agosto, 1995
DISCUSSO
Notvamos, empiricamente, que, nos pacientes nos quaisa resseco era feita, a evoluo no era a mesma que nospacientes nos quais a resseco no era realizada. Muitostinham queixa de fadiga e/ou algum desconforto e, em al-guns, dor, muitas vezes importante. Num exame cuidadoso,encontramos, com a manobra descrita, instabilidade decor-rente da resseco. Reavaliando esses doentes, encontramosinstabilidade em grande parte deles.
Procuramos na literatura trabalhos que mostrassem os re-sultados das incuas resseces e encontramos pouqussi-mas informaes. Smith & Stewart(27), em 1979, analisandosua casustica de 122 ombros operados por luxao acromio-clavicular, no encontraram diferena de resultados funcio-nais, houvessem ou no ressecado a extremidade distal daclavcula. No entanto, importante salientar que os autoresassociaram reconstruo ligamentar em todos os pacientes.Petersson(22), em 1983, relata que, em 51 ombros operados,apenas 27 casos tinham bons resultados (53%), 11 tinhamresultados satisfatrios (22%) e 13, resultados ruins (25%),porm no havia explicao definitiva para os maus resulta-dos. Lancaster & col.(15), em 1987, analisaram os resultadosda simples resseco em 95 pacientes com luxao acromio-clavicular crnica; concluem que este procedimento d ndi-ce de bons resultados em 75 a 100% dos pacientes. No en-tanto, no citam seus critrios para anlise de resultados.
Os bons resultados obtidos por Cook & Tibone(6), j cita-dos anteriormente, talvez devam ser analisados sob outra ti-ca, pois o grupo em estudo de atletas (diferentemente dos
nossos pacientes), com musculatura normalmente bem de-senvolvida, o que colabora para os bons resultados. Isso pu-demos verificar em nossos pacientes, que melhoraram comexerccios especficos para suspender o ombro.
Rockwood(23) considera que os maus resultados se devema um choque que a clavcula faria contra o acrmio, indican-do para estas complicaes resseco ainda maior (3 a 5cm).
Recentemente, vrios artigos foram publicados a respeitoda resseco da extremidade distal da clavcula por via ar-troscpica. Tolin & Snyder(30), em 1993, indicam-na comouma tcnica que evitaria a instabilidade residual, que podeser resultado de resseces realizadas por via aberta. Flatow& col.(9) citam a possibilidade de instabilidade residual apsresseco artroscpica, chegando a indicar transferncia li-gamentar para corrigi-la, porm sem especificar como issoseria feito. Nesse mesmo artigo, h uma citao que vai aoencontro do choque citado por Rockwood(23), em que co-mentam que mesmo em resseces de 5 a 6mm esse choqueno ocorreria, desde que o ligamento acromioclavicular su-perior fosse respeitado. Em nossa opinio, a integridade doligamento trapezide, pela direo de suas fibras, tambm importante para evitar esse choque. Bigliani & col.(3), em1993, relatam que a resseco artroscpica no d bons re-sultados em instabilidades crnicas da articulao acromio-clavicular e que essa instabilidade residual, que no pode sercorrigida pela via artroscpica, seria a causa para os mausresultados.
Em relao discusso relativa biomecnica desta arti-culao, ainda mais confuso existe. Urist(31) considera que
Fig. 2 Esquema da manobra utilizada para deteco da instabilidade re-sidual ps-operatria da clavcula: a) com uma das mos, o examinadorestabiliza a clavcula enquanto traciona o brao pelo cotovelo, sentindoa instabilidade; b) ao empurrar o ombro para cima, podemos sentir que aclavcula volta para seu lugar.
Fig. 3 Esquemada estabilizaobiolgica daarticulaoacromioclavicularutilizando faixado tendo conjuntoe cerclagemcoracoclavicular
-
Rev Bras Ortop _ Vol. 30, N 8 Agosto, 1995 597
COMPLICAES APS A RESSECO DA EXTREMIDADE DISTAL DA CLAVCULA
uma luxao acromioclavicular pode ocorrer mesmo semleso dos ligamentos coracoclaviculares. Fukuda(10), em es-tudos feitos em cadveres, notou que as principais barreirasa uma retroposio da clavcula so a cpsula e os ligamen-tos acromioclaviculares e que, aps luxao completa, o prin-cipal contensor o ligamento conide. Salter & col.(25), poroutro lado, tambm baseados em estudos em cadveres, con-sideram o ligamento conide o mais importante estabiliza-dor.
Nossos estudos em cadveres frescos nos mostraram querealmente o ligamento acromioclavicular superior o maisimportante contensor do deslocamento posterior e superiorda clavcula, porm, mais do que isso, este importantssi-mo como suspensor do ombro, pois no a clavcula quese projeta para posterior e sim o ombro, que cai para frente epara baixo.
Baseados nesses achados e estudos, procuramos inicial-mente ser ainda mais criteriosos na indicao da resseco.Nos pacientes que se queixam de dor palpao no examepr-operatrio, por ser este um sinal bastante subjetivo, fa-zemos infiltrao com anestsico (lidocana a 2%, 1 ou 2ml)e reavaliamos a necessidade da resseco, s a praticandonos pacientes que obtenham completo alvio desta dor. Tam-bm introduzimos pequena modificao tcnica.
Soltamos o ligamento coracoacromial do acrmio, sem res-sec-lo, e realizamos a acromioplastia da maneira habitual.A resseco da clavcula feita com broca, preservando oligamento acromioclavicular superior, procurando danificaro mnimo possvel o ligamento trapezide; portanto, a res-seco no pode ser maior do que 1cm. Fazemos ento atransferncia do ligamento coracoacromial, que permanecepreso ao coracide, para a clavcula, como o procedimentode Weaver-Dunn(35). O fio de sutura a ser utilizado deve serinabsorvvel, n 2 ou n 5, para garantir estabilidade duranteo processo de cicatrizao (figura 4).
Esta pequena modificao garante maior estabilidade, segura, no aumenta a desinsero do deltide da clavcula eno incrementa mais do que dez minutos no tempo cirrgi-co.
Estamos propondo esta modificao como nota prvia, poisainda no temos os resultados a longo prazo (apesar de atermos realizado em 25 casos), porm possvel verificardurante o ato cirrgico a eficcia quanto estabilidade re-constituda.
O principal objetivo deste trabalho o de chamar a aten-o para esta possvel e provvel complicao e que a res-seco da extremidade distal da clavcula procedimentono totalmente isento de riscos, principalmente em no atle-tas.
Como diz Flatow(8), as articulaes acromioclavicular,esternoclavicular e escapulotorcica so importantes com-ponentes da cintura escapular. Juntas com as articulaes doombro e subacromial, formam um mecanismo intrincado paraposicionar o membro superior no espao, um mecanismo queestamos apenas comeando a compreender.
REFERNCIAS
1. Adamson, G.J. & Tibone, J.E.: Ten-year assessment of primary rotatorcuff repairs. J Shoulder Elbow Surg 2: 57-63, 1993.
2. Bigliani, L.U., Cordasco, F.A., McIlveen, S.J. & Musso, E.S.: Operativerepair of massive rotator cuff tears: long-term results. J Shoulder ElbowSurg 1: 120-130, 1992.
3. Bigliani, L.U., Nicholson, G.P. & Flatow, E.L.: Arthroscopic resectionof the distal clavicle. Orthop Clin North Am 24: 133-141, 1993.
4. Cadenat, F.M., apud Watkins, J.T.: An operation for the relief of acro-mio-clavicular luxations. J Bone Joint Surg 7: 790-792, 1925.
5. Checchia, S.L. & Santos, P.D.: Sndrome do impacto: tratamento cirr-gico. Rev Bras Ortop 27: 65-70, 1992.
6. Cook, F.F. & Tibone, J.E.: The Munford procedure in athletes: an objec-tive analysis of function. Am J Sports Med 16: 97-100, 1988.
7. Ferreira F, A.A., Zoppi F, A., Ferreira N, A.A. & Xavier, S.A.: Tra-tamento cirrgico da sndrome do impacto em atletas. Rev Bras Ortop27: 767-772, 1992.
Fig. 4 Esquemada modificao datcnica cirrgica
utilizada,mostrando
a transfernciado ligamento
coracoacromialdo acrmio para
a clavcula
-
S.L. CHECCHIA & P. DONEUX S.
598 Rev Bras Ortop _ Vol. 30, N 8 Agosto, 1995
8. Flatow, E.L.: The biomechanics of the acromioclavicular, sternoclavic-ular and scapulothoracic joints. AAOS Instructional Course Lectures34: 237-245, 1993.
9. Flatow, E.L., Cordasco, F.A. & Bigliani, L.U.: Arthroscopic resection ofthe outer end of the clavicle from a superior approach: a critical, quan-titative, radiographic assessment of bone removal. Arthroscopy 8: 55-64, 1992.
10. Fukuda, K., Craig, E.V., An, K.N., Cofield, R.H. & Chao, E.Y.S.: Bio-mechanical study of the ligamentous system of the acromioclavicularjoint. J Bone Joint Surg [Am] 68: 434-440, 1986.
11. Gartsman, G.M., Combs, A.H., Davis, P.F. & Tullos, H.S.: Arthroscopicacromioclavicular joint resection An anatomical study. Am J SportsMed 19: 2-5, 1991.
12. Gurd, F.B.: The treatment of complete dislocation of the outer end ofthe clavicle. Ann Surg 113: 1094-1098, 1941.
13. Hawkins, R.J., Brock, R.M., Abrams, J.S. & Hobeika, P.: Acromioplastyfor impingement with an intact rotator cuff. J Bone Joint Surg [Br] 70:795-797, 1988.
14. Johnson, L.L.: Arthroscopic surgery: principles and practice, 3rd ed.,St. Louis, Mosby, 1986.
15. Lancaster, L., Horowitz, M. & Alonso, J.: Complete acromioclavicularseparations A comparison of operative methods. Clin Orthop 216:80-88, 1987.
16. Munford, E.B.: Acromioclavicular dislocation A new operative treat-ment. J Bone Joint Surg 23: 799-802, 1941.
17. Neer, C.S.: Anterior acromioplasty for the chronic impingement syn-drome in the shoulder A preliminary report. J Bone Joint Surg [Am]54: 41-50, 1972.
18. Neer, C.S.: Impingement lesions. Clin Orthop 73: 70-77, 1983.
19. Neviaser, J.S.: Acromioclavicular dislocation treated by transference ofthe coraco-acromial ligament A long-term follow-up in a series of 112cases. Clin Orthop 58: 57-68, 1968.
20. Neviaser, T.J., Neviaser, R.J., Neviaser, J.S. & Neviaser, J.S.: The four-in-one arthroplasty for the painful arc syndrome. Clin Orthop 163: 107-112, 1982.
21. Packer, N.P., Calvert, P.T., Bayley, J.I.L. & Kessel, L.: Operative treat-ment of chronic ruptures of the rotator cuff of the shoulder. J Bone JointSurg [Br] 65: 171-174, 1983.
22. Petersson, C.J.: Resection of the lateral end of the clavicle A 3 to 30-year follow-up. Acta Orthop Scand 54: 9094-9097, 1983.
23. Rockwood, C.A.: Operative treatment of the impingement syndrome.AAOS Instructional Course Lectures, Feb., 1988.
24. Rockwood, C.A.: Disorders of the acromioclavicular joint, in Rock-wood, C.A. & Matsen, F.A. (eds.): The shoulder, Philadelphia, W.B.Saunders, 1990.
25. Salter, E.G., Nasca, R.J. & Shelley, B.S.: Anatomical observations onthe acromioclavicular joint and supporting ligaments. Am J Sports Med15: 199-200, 1987.
26. Shoji, H., Roth, C. & Chuinard, R.: Bone block transfer of coracoacro-mial ligament in acromioclavicular injury. Clin Orthop 206: 272-276,1986.
27. Smith, M.J. & Stewart, M.J.: Acute acromioclavicular separations A20 year study. Am J Sports Med 7: 62-69, 1979.
28. Snyder, S.J.: Arthroscopic acromioclavicular joint debridement and distalclavicle resection. Techniques Orthop 3: 41-45, 1988.
29. Tibone, J.E., Jobe, F.W., Kerlan, R.K., Carter, V.S., Shields, C.L., Lom-bardo, S.J. & Yocum, L.A.: Shoulder impingement syndrome in ath-letes treated by an anterior acromioplasty. Clin Orthop 198: 134-140,1985.
30. Tolin, B.S. & Snyder, S.J.: Our technique for the arthroscopic Munfordprocedure. Orthop Clin North Am 24: 143-151, 1993.
31. Urist, M.R.: Complete dislocations of the acromioclavicular joint Thenature of the traumatic lesion and effective methods of treatment withan analysis of forty-one cases. J Bone Joint Surg 28: 813-837, 1946.
32. Walch, G., Marchal, E., Maupas, J. & Liotard, J.P.: Traitement chirur-gical des ruptures de la coiffe des rotateurs. Facteurs de prognostic. RevChir Orthop 42: 379-388, 1992.
33. Watkins, J.T.: An operation for the relief of acromio-clavicular luxa-tions. J Bone Joint Surg 7: 790-792, 1925.
34. Watson, M.: Major ruptures of the rotator cuff. The results of surgicalrepair in 89 patients. J Bone Joint Surg [Br] 67: 618-624, 1985.
35. Weaver, J.K. & Dunn, H.K.: Treatment of acromioclavicular injuries,especially complete acromioclavicular separation. J Bone Joint Surg[Am] 54: 1187-1194, 1972.
MENUndice AssuntoRetorna