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Educ. a Distância, Batatais, v. 4, n. 1, p. 173-208, 2014 173 Competências do tutor na EaD: a prática da tutoria e sua relação com os aspectos psico- -afetivo-sociais dos alunos 1 Kelly dos Reis CANAVEZ 2 Resumo: Este trabalho pretende estudar a importância do tutor online en- quanto educador, formador e mediador, analisando as principais habilida- des e competências na ação de uma prática efetiva no processo de ensino- -aprendizagem, considerando a relação tutor-aluno. A metodologia de pesquisa utilizada neste estudo foi descritiva e explicativa, além de um estudo de caso e de uma pesquisa de campo. A coleta de dados foi realizada considerando um universo de 160 alunos de um curso de pós- -graduação (lato sensu) na modalidade EaD, de uma instituição de ensino supe- rior (IES) particular do interior de São Paulo. Desse universo, 71 alunos partici- param da pesquisa. A coleta de dados deu-se por meio da aplicação de um ques- tionário composto por 12 questões, tendo em vista a opinião dos alunos sobre as ações pedagógicas dos tutores que compõem o quadro docente do referido curso, considerando os processos educativos e o quanto estes refletem na aprendiza- gem. Por meio deste estudo, observou-se que a atuação do tutor é imprescindível na EaD e no processo educacional. O que motiva um aluno a se interessar pelos estudos e pelo cumprimento das tarefas propostas no plano de curso são as pro- váveis recompensas resultantes das ações dos tutores. Palavras-chave: Educação a Distância. Tutor. Competências. Aluno. Aprendi- zagem. 1 Patrícia Itala FERREIRA (Orientadora). Mestre em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Graduada em Psicologia pela mesma instituição. Docente da Universidade Federal Fluminense (UFF). E-mail: <[email protected]>. 2 Kelly dos Reis CANAVEZ. Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da EAD pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Graduada em Pedagogia pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.

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Competências do tutor na EaD: a prática da tutoria e sua relação com os aspectos psico--afetivo-sociais dos alunos1

Kelly dos Reis CANAVEZ2

Resumo: Este trabalho pretende estudar a importância do tutor online en-quanto educador, formador e mediador, analisando as principais habilida-des e competências na ação de uma prática efetiva no processo de ensino- -aprendizagem, considerando a relação tutor-aluno. A metodologia de pesquisa utilizada neste estudo foi descritiva e explicativa, além de um estudo de caso e de uma pesquisa de campo. A coleta de dados foi realizada considerando um universo de 160 alunos de um curso de pós- -graduação (lato sensu) na modalidade EaD, de uma instituição de ensino supe-rior (IES) particular do interior de São Paulo. Desse universo, 71 alunos partici-param da pesquisa. A coleta de dados deu-se por meio da aplicação de um ques-tionário composto por 12 questões, tendo em vista a opinião dos alunos sobre as ações pedagógicas dos tutores que compõem o quadro docente do referido curso, considerando os processos educativos e o quanto estes refletem na aprendiza-gem. Por meio deste estudo, observou-se que a atuação do tutor é imprescindível na EaD e no processo educacional. O que motiva um aluno a se interessar pelos estudos e pelo cumprimento das tarefas propostas no plano de curso são as pro-váveis recompensas resultantes das ações dos tutores.

Palavras-chave: Educação a Distância. Tutor. Competências. Aluno. Aprendi-zagem.

1 Patrícia Itala FERREIRA (Orientadora). Mestre em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Graduada em Psicologia pela mesma instituição. Docente da Universidade Federal Fluminense (UFF). E-mail: <[email protected]>.2 Kelly dos Reis CANAVEZ. Especialista em Planejamento, Implementação e Gestão da EAD pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Graduada em Pedagogia pelo Claretiano – Centro Universitário. E-mail: <[email protected]>.

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Online tutors’ abilities: the tutoring practice and its relation with the students’ psycho--affective-social aspects

Kelly dos Reis CANAVEZ

Abstract: This paper aims at studying the importance of the online tutor as an educator, trainer and mediator, analyzing the main skills and abilities in an effective practice action in the teaching-learning process, considering the tutor- -student relationship. The research methodology used in this study was descriptive and explanatory, in addition to a case study and a field research. The data collection was performed considering a universe of 160 postgraduate students of an EaD modality course, of a particular higher education institution in the countryside of São Paulo. From this universe, 71 students participated in the research. The data collection was carried out through the application of a questionnaire composed of 12 issues, taking into account the views of students about educational actions of the tutors that compose the teaching staff of that course, considering the educational processes and how much they affect learning. By means of this study, it was observed that the work of the online tutor is indispensable in the EaD and in the educational process. What motivate the student to be interested in studying and fulfilling tasks proposed in the plan of course are the likely rewards resulting from the tutors’ actions.

Keywords: Distance Education. Tutor. Abilities. Student. Learning.

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1. INTRODUÇÃO

Com o crescimento da Educação a Distância, as institui-ções de ensino necessitam rever suas práticas pedagógicas e re-pensar o papel dos agentes envolvidos nos processos de ensino- -aprendizagem. Sendo assim, o tutor se configura em uma peça fundamental, que viabiliza a integração entre o aluno e a instituição na interação, nos ambientes virtuais, possibilitando um aprendiza-do significativo. Como elemento central no processo educativo, é importante realizar uma reflexão sobre o papel do tutor no contexto pedagógico atual.

Muitos estudos se reportam à importância da mediação, pro-movendo a interação entre tutores e alunos de forma colaborativa e construtiva. Para tanto, é necessária a criação de sistemas que consolidem estratégias pedagógicas, tendo em vista as competên-cias cognitivas, afetivas e sociais que oportunizam a articulação e a busca de conhecimentos coletivos.

Diante do exposto, este trabalho objetiva ressaltar a im-portância do tutor enquanto educador, formador e mediador, refletindo sobre as principais competências e habilidades na prática de uma boa tutoria. Além do referencial teórico, este tra-balho apresenta uma pesquisa de campo por meio da aplicação de um questionário, visando inquirir a relação entre tutores e alu-nos e a sua influência nos processos de ensino e aprendizagem, em uma instituição de ensino particular, de um curso de pós- -graduação em Educação a Distância: Planejamento, Implantação e Gestão, que contou com a participação de 71 respondentes.

Com a ascensão da Educação a Distância, as instituições de ensino estão sendo obrigadas a rever suas práticas pedagógicas e repensar o papel dos seus atores nos processos educativos. Nesse contexto, surge o tutor, o qual se transformou em uma figura cha-ve para proporcionar a integração entre o aluno e a instituição e fomentar a interação nos ambientes virtuais, garantindo que haja um aprendizado colaborativo; contribuindo, assim, para a aprendi-zagem significativa.

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O tutor é de fundamental importância na educação a distância. De sua atuação depende em grande parte o sucesso de um curso oferecido nessa modalidade. Na verdade, em um curso a distância, é com o tutor que o aluno terá mais contato, tanto por meio das ferramentas de interação disponíveis no ambiente virtual do curso quanto nos encontros presenciais a serem realizados nos polos de atendimento e frequência presencial (WOTCKOSKI; SPRESSOLA, 2012, p. 249).

Conforme os Referenciais de Qualidade para a Educação Su-perior a Distância (BRASIL, 2007, p. 21), “[...] o corpo de tutores desempenha papel de fundamental importância no processo edu-cacional dos cursos superiores a distância.” O presente estudo tem como principal objetivo ressaltar a importância do tutor enquanto educador, formador e mediador, tendo em vista as habilidades e competências na ação de uma prática exitosa no processo de ensino e aprendizagem.

De acordo com Tecchio et al. (2008), o conceito de compe-tência baseia-se em três dimensões, sendo elas conhecimento, habi-lidade e atitude. Sendo assim, justificamos a escolha do tema pelo fato de o tutor ser imprescindível nos processos educativos e por acreditarmos que ele deve desenvolver competências essenciais para a prática de uma boa tutoria, de forma que estimule os aspec-tos cognitivos, psicológicos, afetivos e sociais dos alunos.

Partindo desses pressupostos, pretendemos responder às questões: quais as competências essenciais de um tutor? Qual a im-portância do tutor e qual a sua relação com os aspectos cognitivos, afetivos e sociais dos alunos? Qual a relevância do tutor como parte integrante de uma instituição?

Como forma de responder a esses questionamentos, além do levantamento bibliográfico, foi feita uma pesquisa de campo com um determinado grupo de alunos de uma instituição de ensino su-perior (IES) particular, onde foi aplicado um questionário que vi-sava, além de responder às questões estabelecidas no objetivo da pesquisa, averiguar a relação entre tutores e alunos e o quanto esta pode influenciar nos processos de ensino e aprendizagem.

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Além de a presente pesquisa ter como objetivo geral investi-gar a importância do tutor enquanto educador, formador e mediador e analisar as principais habilidades e competências na ação de uma prática exitosa no processo de ensino e aprendizagem, ela visa ave-riguar a relação entre tutores e alunos por meio de um questionário aplicado em um grupo de alunos da modalidade de Educação a Dis-tância de uma instituição de ensino superior particular do interior de São Paulo.

Os objetivos específicos para o desenvolvimento do trabalho são:

• Compreender e analisar a Educação a Distância no Brasil, destacando a relevância do tutor na EaD;

• Identificar as competências essenciais de um tutor para a prática de uma boa tutoria;

• Avaliar a importância do tutor e a sua relação com os as-pectos cognitivos, afetivos e sociais dos alunos;

• Apresentar sugestões também com base na li-teratura de ações que reflitam na relação tutor- -aluno e evidenciar os aspectos significativos nos proces-sos de ensino e aprendizagem.

Considerando a escolha do tema, foi feito um levantamento bibliográfico sobre a temática escolhida, com pesquisas em livros da área, periódicos e artigos científicos disponibilizados em web- -sites e bibliotecas; portanto, foi realizada uma pesquisa de campo com o objetivo de coletar informações sobre as competências do tutor em sua prática pedagógica.

Esta pesquisa descreve o papel estimulador em suas habili-dades e competências na prática de uma boa tutoria na visão dos alunos. Trata-se ainda de um estudo de caso, por se limitar a uma faculdade específica e a uma pesquisa de campo, visto que serão também coletadas informações no local onde o fenômeno ocorre.

A coleta de dados foi realizada considerando um universo de 160 alunos, discentes de um curso de pós-graduação (lato sensu) em Educação a Distância: Planejamento, Implantação e Gestão na

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modalidade de Educação a Distância, de uma instituição de ensino superior (IES) particular do interior de São Paulo, que chamare-mos de Instituição X. Desse universo, 71 alunos participaram da pesquisa.

Essa pesquisa se deu por meio da aplicação de um questioná-rio composto por 12 questões, sendo 10 (dez) objetivas e 2 (duas) dissertativas, tendo em vista a opinião dos alunos sobre as ações pedagógicas dos tutores que compõem o quadro docente do refe-rido curso, considerando os processos educativos e o quanto estes refletem na aprendizagem significativa.

A elaboração do questionário foi realizada de forma cuida-dosa, no intuito de não induzir os alunos às respostas esperadas. A abordagem foi feita por meio da ferramenta Google Docs, a qual foi disponibilizada em formato de link para acesso ao questionário no Sistema Gerenciador de Aprendizagem, ambiente virtual utilizado pela IES.

2. COMPREENDENDO A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

A procura pela Educação a Distância (EaD) tem apresenta-do um crescimento considerável em função das demandas pessoais e profissionais que acometem as pessoas que gostariam de iniciar seus estudos ou até mesmo dar continuidade a eles, mas que por forças maiores não podem frequentar, presencialmente, uma sala de aula, sobretudo pela escassez do tempo.

Para iniciar este trabalho, é preciso conceituar a EaD. Afinal, como ela é caracterizada? De acordo com o Art. 1º do Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que regulamenta o artigo 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as Leis e Diretrizes e Bases (LDB) da Educação Nacional, a EaD é caracte-rizada como:

[...] modalidade educacional na qual a mediação didático--pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de infor-mação e comunicação, com estudantes e professores de-

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senvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (BRASIL, 2005, s/p).

Para melhor entendimento sobre o surgimento da Educação a Distância, discorreremos sobre essa modalidade, trazendo um pou-co da sua história. A EaD existe há aproximadamente dois séculos. Segundo Alves (2009), ela surgiu na Europa, na primeira metade do século XIX; contudo sua metodologia passou a ser utilizada, no Brasil, a partir de 1904. Ainda segundo esse autor, desde o seu surgimento até os dias atuais, a EaD passou por avanços significa-tivos, utilizando-se de diversas mídias até chegar no formato mais utilizado, que é a metodologia por meio do computador e o acesso à internet. Os primeiros registros da Educação a Distância deram-se via mídia impressa, por correspondência, onde o envio do material didático era feito via correio.

A partir de 1923, com a fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, nota-se um avanço na EaD com o surgimento de pro-gramas educativos que possibilitam a educação popular. Conforme Alves (2009, p. 9), “[...] a educação via rádio foi, dessa maneira, o segundo meio de transmissão a distância do saber, sendo apenas precedida pela correspondência.” Outra grande iniciativa na dis-seminação da EaD foi a TV educativa, que nas décadas de 1960 e 1970 destinou vários incentivos à educação brasileira a partir da determinação do Código Brasileiro de Telecomunicações, que des-tinava “[...] transmissões de programas educativos pelas emissoras de radiodifusão, bem como pelas televisões educativas”, conforme nos coloca Alves (2009, p. 10).

Em meados de 1970, os computadores começaram a ser utili-zados a favor da educação, e os avanços tecnológicos e o surgimen-to da internet facilitaram a metodologia dessa EaD via computador. Atualmente, essa a mais utilizada, pois oportuniza aos professores e alunos o uso de ferramentas que possibilitam um contato direto, seja síncrono ou assíncrono, facilitando o processo educativo.

A ascensão da educação a distância é notória. Segundo o cen-so 2011 da Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), “[...] em 2010, 4,7% das instituições desenvolviam produtos e ser-viços de EAD além de todos os tipos de cursos e, em 2011, esse

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índice passou a 12%. Esse aumento pode indicar uma tendência das instituições para o desenvolvimento de todos os tipos de ações em EAD” (ABED, 2012, n. p).

Para que essas ações em Educação a Distância tenham êxito, é preciso se pensar em modelos que contemplem sistemas que se-jam capazes de proporcionar um ambiente virtual de aprendizagem eficaz, com o apoio de ferramentas tecnológicas que possibilitem, também, um espaço de convivência entre os professores e os alu-nos. A seguir, discorreremos sobre a importância da criação de sis-temas de tutoria no apoio aos processos de ensino e aprendizagem na modalidade de EaD.

3. A IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DE SISTEMAS DE TUTORIA

Considerando a rápida expansão e o constante crescimento da Educação a Distância, é preciso repensar as metodologias e práticas pedagógicas, bem como rever os papéis dos atores envolvidos nos processos educativos, de forma que possam atender plenamente as necessidades dos alunos dessa modalidade de ensino.

Segundo Wotckoski e Spressola (2012, p. 241), “[...] o pro-cesso evolutivo da educação a distância, portanto, desenvolve-se pela crescente experimentação do uso de ferramentas tecnológicas que auxiliam no processo ensino-aprendizagem.” Tais ferramentas possibilitam o desenvolvimento de ambientes virtuais de aprendi-zagem, que favorecem a interação entre professores e alunos, de modo que haja construção colaborativa do conhecimento em um processo de aprendizagem significativa.

Partindo desses pressupostos, vemos a necessidade da cria-ção de sistemas de tutorias eficazes, uma vez que nessa modalidade de ensino toda a interação é feita por meio do ambiente virtual de aprendizagem. De acordo com Souza et al. (2004, p. 5), “Para que a EaD se torne realidade e venha a se desenvolver efetivamente, faz-se necessário e urgente investir em, por exemplo, criação de sistemas tutoriais eficazes, apropriados a apoiar e promover o cres-cimento do aluno em cada uma das etapas do processo de ensino.”

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Conforme Fantacini (2012), a criação desses sistemas é uma estratégia pedagógica importante na Educação a Distância, pois oportuniza suporte ao aluno por meio dos tutores, favorecendo a mediação e a interação entre os alunos e, ao mesmo tempo, compar-tilha saberes na busca de conhecimentos coletivos.

Mas afinal, o que é tutoria? E o que seriam esses sistemas tutoriais? Segundo Ferreira (1999, p. 2020), tutoria corresponde a “[...] cargo ou autoridade do tutor [...]” e, ainda, a “[...] exercício de tutela.” Partindo desses significados e relacionando-os com a Edu-cação a Distância, de acordo com Souza et al. (2004, p. 5), a tutoria pode ser entendida como:

Uma ação orientadora global, chave para articular a ins-trução e o educativo. O sistema tutorial compreende, desta forma, um conjunto de ações educativas que contribuem para desenvolver e potencializar as capacidades básicas dos alunos, orientando-os a obterem crescimento intelec-tual e autonomia, para assim ajudá-los a tomar decisões em vista de seus desempenhos e suas circunstâncias cria-das ao longo do curso.

Uma vez entendida a importância da tutoria nos ambientes virtuais, percebe-se a necessidade de um profissional que seja res-ponsável pela interação, mediação e construção desses conheci-mentos coletivos. Esse profissional deixa de ter o foco no professor que só ensina, que repassa o conhecimento adquirido, para ser o professor que aprende com o aluno, que colabora com a construção do conhecimento e compartilha experiências, construindo com o discente a rede do saber.

Nota-se a necessidade de se rever o papel do professor, uma vez que o professor on-line precisa desenvolver algumas compe-tências necessárias para a obtenção da aprendizagem significativa nos ambientes virtuais. Conforme Fantacini (2012, p. 4):

[...] Surge também a necessidade de novos espaços no cam-po de atuação para o professor, ou seja, uma nova função denominada tutor (um “educador a distância”), cujo papel é mediar a relação/interação educativa estabelecida entre o aluno e o conteúdo a ele apresentado, entre o aluno e o professor e entre o aluno e os outros alunos.

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Esses novos espaços no campo de atuação do professor res-significam o trabalho do tutor, que deixa de ser apenas um professor e assume a função de “elo” entre o aluno, o curso e a instituição. O tutor deve ser acolhedor, motivar o aluno a seguir em frente, instigar o processo de construção do conhecimento, ser cordial, desenvol-ver empatia e participar, ativamente, do processo de aprendizagem.

Neste contexto, o professor-tutor deve ser um profissional comprometido e atuante dentro de um ambiente virtual, sendo capaz de acolher e motivar o aluno, apoiando-o ao utilizar as diversas ferramentas pedagógicas tecnoló-gicas disponíveis, coordenando, organizando, indicando materiais e temas para discussões em fórum, relatando e compartilhando experiências, propiciando a interação do aprendiz com os diversos objetos de estudo e conheci-mento, estabelecendo assim o diálogo com o grupo, pro-blematizando, mediando a construção do conhecimento, motivando, valorizando e conscientizando o aluno do seu papel de sujeito participativo e responsável pela sua apren-dizagem, diante de um processo em que ambos são prota-gonistas (FANTACINI, 2012, p. 5).

Com essa ressignificação do professor atuante no ambiente virtual, que passa a ser chamado de tutor, percebemos que esse pro-fissional deve desenvolver algumas competências que se tornam essenciais para a prática de uma boa tutoria. Dessa forma, discor-reremos a seguir sobre algumas das competências que tornam o trabalho de tutoria exitoso.

4. COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS DE UM TUTOR PARA A PRÁTICA DE UMA BOA TUTORIA

Muitos são os estudos que apontam a importância do tutor como mediador e formador no ensino a distância, sendo este funda-mental no apoio, orientação, integração e estímulo à aprendizagem autônoma do aluno, utilizando para isso recursos e estratégias, bem como metodologias diversificadas para o sucesso do profissional.

Oliveira et al. (2004, p. 21), em suas análises, descrevem o seguinte:

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O estudo sobre as competências docentes tornou-se “moda” na área de Educação e sofreu, em virtude disto, um inevitável desgaste, oriundo, entre outros motivos, da multiplicação das pesquisas e textos publicados, do em-pobrecimento e da repetição, que começam a ser percebi-das na leitura sucessiva de várias abordagens, e da perda do foco principal e da incursão por um “emaranhado” de questões secundárias, muitas vezes pouco significantes.

Podemos compreender que tal estudo deve ser amplamente explorado, uma vez que as competências estão atreladas a uma boa prática pedagógica, tendo em vista a atuação do profissional e as suas relações em um curso EaD. Os mesmos autores definem com-petências profissionais como “Um conjunto de conhecimentos, ha-bilidades e atitudes que capacitam um profissional a desempenhar as suas tarefas de forma satisfatória, tomando como critério avalia-tivo os padrões esperados em um determinado momento histórico, em uma determinada cultura” (OLIVEIRA et al., 2004, p. 22).

Assim, verifica-se que as competências estão vinculadas aos conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) articulados à capaci-dade do profissional na sua atuação profissional satisfatória diante de um determinado contexto, tendo em vista um propósito. Oliveira et al. (2004, p. 24) acrescentam que:

Mesmo reconhecendo que a definição de competências para o exercício de atividades profissionais ainda não con-sagradas pelo uso, pouco conhecidas ou de circunstâncias, procedimentos e resultados incertos, como o ensino a dis-tância, é bastante complexa, os autores propõem compe-tências docentes:

• Nas discussões online assíncronas – permitir aos alu-nos o tempo necessário à reflexão, manter as discus-sões vivas e produtivas e arquivar os dados resultantes das discussões, para uso posterior.

• Nas discussões online síncronas (como nos chats, por exemplo) – estabelecer as regras básicas para que a dis-cussão aconteça, estimular as interações com o míni-mo de intervenção ou diretividade, perceber como as mensagens textuais são recebidas pelo aluno distante e estar atento às diferenças culturais.

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Maggio (2001) considera o papel do tutor como aquele que guia e, dentro das perspectivas pedagógicas atuais, descreve que esse profissional deve possuir qualidades, capacidades e aptidões.

De acordo com Preti (1996, n. p.) “[...] é por intermé-dio do tutor que se garantirá a efetivação do curso em to-dos os níveis. Ao tutor cabe respeitar a autonomia da apren-dizagem de cada cursista no qual estará constantemente orientando, dirigindo e supervisionando o processo de ensino- -aprendizagem”.

Para Almeida (2001), professor-tutor deve atuar como me-diador, facilitador, incentivador, investigador do conhecimento, da própria prática e da aprendizagem individual e grupal.

Analisando os respectivos aspectos mencionados, verifica-se que para exercer competentemente essas funções, o tutor necessita de formação especializada. “O tutor se encontra diante de uma tare-fa desafiadora e complexa” (LITWIN, 2001, p. 103). Na concepção de Mauri Collins e Zane Berge (1996, apud LITWIN, 2001), os papéis e tarefas exigidos do professor on-line estão classificados em quatro áreas: pedagógica, gerencial, técnica e social.

Ideias similares são descritas por Maia (2002, apud BATTIS-TI et al., 2010, n. p.), pois estes ressaltam que o papel do tutor é o de promover a interação e o relacionamento dos participantes e, para tanto, entre as competências e habilidades está a competência tecnológica e as competências sociais e profissionais, em que “[...] o tutor deve possuir um papel profissional com capacidades, habi-lidades e competências inerentes à sua função, sendo que o mesmo deve expressar uma atitude de excelente receptividade diante do aluno e assegurar um clima motivacional”.

Segundo Aretio (2001, p. 9), as funções do tutor são enfa-tizadas da seguinte maneira: “[...] orientadora (mais centrada na área afetiva), acadêmica (relacionada ao aspecto cognitivo) e ins-titucional (que diz respeito à própria formação acadêmica do tutor, ao relacionamento entre aluno e instituição e ao caráter burocrático desse processo)”.

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Mais recentemente, Borges e Souza (2012) identificam as competências essenciais que delineiam a ação do tutor na EaD em quatro grupos: pedagógicas, socioafetivas, tecnológicas e auto avaliativas.

Diante do exposto, acreditamos que para uma boa prática de tutoria, muitos são os aspectos a serem considerados. Conforme Borges e Souza (2012, p. 7), “[...] o tutor é o profissional que faz a comunicação e a mediação pedagógica e relacional entre o aluno e professor e conteúdo, superando as dificuldades que esta nova realidade educacional pode apresentar”.

Os estudos corroboram para a compreensão dos mecanismos essenciais para uma boa prática e atuação do tutor enquanto forma-dor e mediador do processo de ensino-aprendizagem.

Competências relacionadas aos aspectos cognitivos e psicológicos

Entre as competências apresentadas, verifica-se que os aspec-tos cognitivos e psicológicos são de fundamental importância na compreensão do mecanismo de ensino e aprendizagem na Educa-ção a Distância.

Conforme Oliveira, Dias e Ferreira (2009, n. p., apud SAN-TANA, 2010, p. 3), “[...] várias são as discussões sobre o papel do tutor na educação à distância: assistente, assessor, professor acompanhante, mentor, mediador, facilitador. Em todas elas, no en-tanto, há a demanda de procedimentos, estratégias e competências comuns”. Para tanto, os autores referenciam os aspectos cognitivos e psicológicos, considerando a relação professor-aluno, pensando na melhoria da qualidade do ensino de forma significativa; assim, a intenção, nesse momento da pesquisa, é propor algumas reflexões sobre a importância das competências essenciais do tutor para o desenvolvimento efetivo da aprendizagem cognitiva e psicológica do aluno.

O desafio que se configura nesse contexto é imbuir o tutor da compreensão de sua responsabilidade nesse processo. Fazê-lo refletir e buscar o exercício contínuo da articulação de conteúdos,

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ferramentas e diferentes contextos a que está integrado para exerci-tar seu diferencial de promotor da aprendizagem e do ser humano em sua totalidade.

O professor desloca-se do contexto habitual da sala de aula e passa a interagir com seus alunos por meio de outras formas e materiais tecnológicos, mediando a construção do conhecimento do aluno. Em parceria com o trabalho do professor em EaD, encontramos a participação de um indivíduo que facilitará o percurso do aluno nessa metodo-logia, o tutor (SCHLOSSER, 2012, n. p.).

De acordo com Arnaiz (2005, apud SILVA, 2008), para que haja articulação entre os aspectos cognitivos e psicológicos no pro-cesso de ensino e aprendizagem, é preciso haver concatenação en-tre o domínio específico da disciplina e o conhecimento técnico das ferramentas disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem e até mesmo nas relações interpessoais. O autor aponta três dimensões de qualidade que o “ser tutor” necessita ter:

• qualidades humanas, ou seja, ter empatia, maturidade intelectual e afetiva, sociabilidade, responsabilidade e capacidade de aceitação;

• qualidades científicas, ou seja, conhecimento de ele-mentos pedagógicos e didáticos que o auxiliarão no convívio com seu aluno e no trato com cada um indi-vidualmente;

• qualidades técnicas do “saber fazer tutoria”, ou seja, trabalhar com eficácia e em equipe, envolvendo-se nos projetos e programas criados em prol da formação de seus alunos (ARNAIZ, 2005, s/p. apud SILVA, 2008, s/p).

Para Souza et al. (2004), a atuação do tutor on-line deve ins-tigar princípios e fundamentos psicologicamente definidos em que seus alunos percebam os valores que norteiam a aprendizagem na direção da melhoria constante, permitindo uma inter-relação de qualidade e reflexiva, contribuindo para que eles possam desen-volver suas habilidades cognitivas de forma criativa, construtora e eficaz, durante o desenvolvimento dos objetivos propostos.

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Enquanto mediador do processo ensino-aprendizagem, o tu-tor tem a função de interagir com a diversidade de saberes que estão presentes no ambiente escolar.

Enquanto responsável por subsidiar um ensino de qualidade, o tutor on-line precisa trabalhar de forma que, além de despertar as habilidades cognitivas dos alunos, também estimule as habilidades psicológicas. Mas, para isso, ele precisa estar preparado para lidar com os múltiplos saberes de um grupo diversificado.

O tutor preparado para exercer a mediação no processo de ensino e aprendizagem tem condições de organizar e planejar ações que permitam a sua interação com os sujeitos da aprendizagem, no sentido de lhes fornecer referenciais de apoio, tanto cognitivamente quanto afetivamente, para que eles possam construir o conhecimen-to. Portanto, o tutor deve ser um parceiro do estudante e a todo o momento deve estar apto a estimular o envolvimento do aluno em sua aprendizagem.

A comunicação docente/discente no ensino aberto e a dis-tância exige dos professores novos esquemas mentais e no-vos entendimentos acerca do saber que envolve diálogos constantes, intercâmbios singulares, criatividade e dispo-nibilidade para investigação, indispensáveis ao cumpri-mento do compromisso real com as políticas democráticas e de equidade social (SOUZA et al., 2004, p. 2).

De acordo com Vygotsky (1988, n. p., apud JÓFILI, 2002, p. 2), “[...] como um amplo princípio, o construtivismo pressupõe que o conhecimento é construído ativamente pelo aluno via interação com os objetos – de acordo com algumas interpretações do trabalho de Piaget – e através da interação social”. Sendo assim, fica clara a relevância da atuação do professor e do contexto social na constru-ção do conhecimento do aluno, em que também podemos destacar a afetividade e os aspectos emocionais no ambiente virtual.

Oliveira (2009) ressalta a importância da afetividade nos am-bientes on-line e do papel mediador da linguagem nos diálogos que se estabelecem nos fóruns e nas ferramentas síncronas e assíncro-nas, que destacam o papel do tutor enquanto promotor de um rela-cionamento afetivo, com vistas à aprendizagem colaborativa.

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O mesmo autor afirma que “[...] muitos são os autores que discutem a relevância dos aspectos emotivos, bem como da afeti-vidade nos processos de aprendizagem. Podemos destacar Piaget, Vygotsky, Maturana, Wallon e Freire”. (OLIVEIRA, 2009, p. 2). A partir dessas referências, muitos pesquisadores da EaD têm apoia-do suas fundamentações na busca de recursos para compreender os processos educativos, tanto nos espaços presenciais quanto nos espaços on-line.

Valorizar as ideias pessoais promovendo seu uso espontâneo, propor novas situações de ensino, apontar os erros valorizando as interpretações e conceitualizações e elogiar os esforços emprega-dos na realização das atividades são exemplos de reforço positivo da motivação dos alunos.

Aspectos afetivos e sociais relacionados às competências do tutor

Quando pensamos no processo de aprendizagem, seja ele pre-sencial ou não, devemos considerar o ser aprendiz em todas as di-mensões e, também, no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), que é um espaço de socialização. Dentre as dimensões, destacam-se a afetiva e social, que possuem estudos recentes que já demonstram importância nesse processo. Essas dimensões já foram objeto de es-tudos nos cursos presenciais, mas também devem ser consideradas na Educação a Distância.

Jean Piaget, Vygotsky e Henry Wallon destacam a impor-tância do conteúdo sócio-afetivo como mola propulsora do processo educativo. Vygotsky critica a separação do inte-lecto e do afetivo feita pela pedagogia tradicional e destaca que a afetividade possui um caráter de ação volitiva, que norteia toda a atividade humana. Esse postulado teórico, em que o desenvolvimento cognitivo pressupõe uma base afetivo-volitiva, também, está presente nas teorias de Jean Piaget e de Henry Wallon (BARBOSA, 2011, p. 1).

Apesar de a motivação ser intrínseca, o tutor tem um papel fundamental, que é despertar essa motivação por meio de ações que lhe cabem utilizando a linguagem e o conhecimento como seus aliados. Cunha e Silva (2009, p. 4) afirmam que “[...] o tutor preci-

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sa possuir uma característica até então não tão importante, que é a capacidade de motivar e incentivar o aluno durante o curso”.

Em se tratando de EAD, torna-se necessário à atuação de um tutor motivador, que estimula a interação com e entre os alunos; que incentiva e monitora a participação dos alu-nos no AVA; que dá dicas de estudo; que indica leituras, sites, e blogs incentivando a pesquisa de outros materiais, além daqueles disponibilizados pela instituição; que pro-mova discussões que abarcam os objetivos estabelecidos em cada curso; que acompanhe o desempenho no discorrer da disciplina; que possibilite o desenvolvimento da auto-nomia nos alunos, dentre outros (MULLER, 2011, p. 34).

Além da motivação, Longhi et al. (2009, apud OLIVEIRA, 2009, p. 3) afirma que os estudos da neurociência mostram que “[...] cognição e afetividade têm parcelas igualmente importantes na aprendizagem”. Sendo assim, Oliveira (2009, p. 4) destaca que “[...] emoção e afetividade são elementos a serem considerados em qualquer fase da vida [...] especialmente nas situações de aprendi-zagem.” Dessa forma, a afetividade deve ser estimulada como algo que facilita a aprendizagem.

A construção do conhecimento que se busca na educação online e que se configura nas relações entre tutor e aluno nos ambientes de aprendizagem envolve elementos que de-vemos considerar. O primeiro deles é que os seres huma-nos, em situação de aprendizagem são seres cognoscentes. O segundo, é que o ambiente virtual de aprendizagem é um espaço de sociabilidades, fundamentado em intera-ções múltiplas, no qual é possível aprender em colaboração (OLIVEIRA, 2009, p. 1).

Ainda segundo o autor a produção de vínculos afetivos deva fazer parte da mediação do tutor e, para que isso ocorra, o tutor deve conhecer o perfil do seu aluno. A forma como o tutor escreve pode ajudar na criação desses vínculos, favorecendo assim, o su-cesso do aluno.

Conforme Souza (2004, p. 3) “[...] é essencial que o tutor exerça sua práxis em duas direções: valorização das necessidades do aluno tanto quanto aos conteúdos de ensino”. Para isso, o autor acredita que o “[...] professor/tutor, possua entre outras qualidades

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a facilidade de comunicação, dinamismo, criatividade, liderança e iniciativa para realizar com eficácia o trabalho de facilitador, junto ao grupo de alunos sob sua tutoria”.

De acordo com Borges e Souza (2012, p. 6), “[...] a compe-tência sócio-afetiva [...] diz respeito a habilidades ligadas ao rela-cionamento com o aluno, a afetividade desenvolvida durante o pro-cesso de ensino-aprendizagem e a criação de um ambiente virtual pautado no acolhimento e no respeito ao próximo”.

A importância do diálogo é primordial para o vínculo profes-sor-aluno, uma vez que a aprendizagem se dá por meio desse fator, que está diretamente vinculado à afetividade e sociabilidade entre os pares. Segundo Mota (2006, s/p apud OLIVEIRA, 2009, p. 7), “[...] aprende-se dialogando, investigando, buscando possíveis res-postas [...]”, reforçando a importância do diálogo na aprendizagem.

Na EaD esse aspecto é importantíssimo, já que não há contato físico e essa relação afetiva deve ser mediada pelo tutor por meio da linguagem escrita, possibilitada nas diversas ferramentas tecno-lógicas disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem, seja ela síncrona ou assíncrona.

Cunha et al. (2004 apud CUNHA; SILVA, 2009) apresentam alguns atributos afetivos que consideram essenciais a um tutor. Dentre eles, destacam: sociabilidade, comunicabilidade, pontuali-dade, comprometimento, meticulosidade e iniciativa, referindo-se ao apoio que o professor dá ao aluno no ambiente virtual.

Para tanto, o tutor precisa antes de mais nada acreditar que a EAD é perfeitamente possível na construção do saber fazer e no aprender a aprender; dispor de uma boa comu-nicação e de estratégias motivacionais; ter clareza da me-todologia utilizada na instituição que atua, bem como da concepção de aprendizagem; dominar o conteúdo; promo-ver a construção do conhecimento por meio da interação e reflexão; ter empatia e disponibilidade de tempo para doar-se na atuação do seu papel; ter clara a sua responsa-bilidade sobre a importância que exerce na consolidação do ensino\aprendizagem na EAD (MULLER, 2011, p. 36).

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5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com o objetivo de refletir mais profundamente sobre as com-petências dos tutores virtuais na EaD e sobre a sua importância na formação dos alunos, foi realizada, além de uma pesquisa bi-bliográfica e descritiva, uma investigação caracterizada por uma pesquisa exploratória no método de pesquisa de campo, bem como um estudo de caso.

O público alvo da pesquisa contou com um universo de 160 alunos matriculados no curso de pós-graduação (lato sensu) de Educação a Distância: Implantação, Planejamento e Gestão, de uma instituição privada de Ensino Superior do Estado de São Paulo. O questionário foi disponibilizado aos alunos por meio da ferramenta de acesso gratuito Google Doc’s. Foram enviados com antecedência, e-mails e recados virtuais via ambiente de aprendi-zagem com os convites para a participação na pesquisa. Num to-tal de 160 participantes, obteve-se 71 questionários respondidos, o que representa 44,37% do total. Desses participantes, 38% eram do sexo masculino, e 62% representavam o sexo feminino, com média de idade entre 37,9 anos no geral, distribuídos conforme mostram as figuras 1 e 2:

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Figura 1 – Percentual dos respondentes por gênero.

Gênero

38,0%

62,0%

Masculino

Feminino

Fonte: Elaboração própria, 2013.

Figura 2 – Percentual dos respondentes por idade

Idade

0

10

20

30

40

50

60

70

Menor Média Maior

an

os

Fonte: Elaboração própria, 2013.

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Análises relativas ao problema de pesquisa

Através das reflexões realizadas nas respostas obtidas através do questionário, os dados foram divididos em três categorias prin-cipais: sobre as atividades de ensino, atividades de progresso dos alunos e atividades de apoio aos alunos, realizadas pelos tutores on-line, que procuraram refletir o que os alunos da EaD pensam sobre as competências desenvolvidas por eles durante a mediação da aprendizagem.

“Para que a EaD se torne realidade e venha a se desenvolver efetivamente, faz-se necessário e urgente investir em, por exemplo, criação de sistemas tutoriais eficazes, apropriados a apoiar e pro-mover o crescimento do aluno em cada uma das etapas do processo de ensino”. (SOUZA et al., 2004, p. 5). A interação entre as partes necessita de uma construção cotidiana onde o tutor possa condu-zir, amparar e encaminhar o aluno a medida em que o processo de aprendizagem se efetiva. No decorrer desse processo, percebe-se uma constante mudança, aprofundando e estreitando o contato afe-tivo, proporcionando efetiva assimilação educativa com formação de valores e práticas do aluno para a vida social com maior autono-mia, liberdade e diferenciação (OLIVEIRA, 2001).

Para realizar a análise das respostas obtidas, as informações sobre as porcentagens dos itens foram somadas a fim de uma me-lhor visualização dos resultados.

Analisando a opinião dos alunos nas questões que represen-tam as atividades de ensino que devem ser desenvolvidas pelos tu-tores, percebe-se que a maioria concorda e identifica em seus tuto-res as competências essenciais para a prática de uma boa tutoria, além de avaliar que estes atuam de acordo com as competências básicas da tutoria apontadas no questionário. 97,1% dos respon-dentes confirmam que recebem intervenções pertinentes e positivas durante a execução das atividades, contribuindo assim para uma aprendizagem colaborativa e construtiva, enquanto apenas 5,6% discordam das ações de seus tutores.

Sendo assim, é possível identificar e constatar que, no âmbito das atividades de ensino, os tutores têm atuado de forma positi-

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va, contribuindo para o sucesso do curso a distância, mediação da aprendizagem e interação entre as partes, como é possível compro-var com a aceitação de 100,0% dos respondentes, demonstrada no quadro abaixo.

Quadro 1 – As atividades de ensino.

Pergunta/Escala Discordo fortemente Discordo

Não con-cordo nem discordo

Concordo Concordo fortemente

Você identifica nos seus tutores competências que acredita serem essenciais para a prática de uma boa tutoria?

0,00% 0,00% 2,80% 62,00% 35,20%

Avalie a proximidade da atuação de seu tutor com as competências apontadas no questionário.

0,00% 0,00% 2,80% 57,70% 39,40%

O seu tutor faz intervenções pertinentes de forma positiva, para que o processo de ensino- -aprendizagem ocorra de forma colaborativa e construtiva?

0,00% 5,60% 12,70% 57,70% 23,90%

O sucesso de um curso a distância depende do desempenho do aluno, da mediação da aprendizagem pelo tutor e pela contribuição e interação de ambas as partes. Você concorda?

0,00% 0,00% 0,00% 29,60% 70,40%

Fonte: Elaboração própria, 2013.

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Com o grande avanço tecnológico surge também um novo cenário comunicacional em que o público da EaD está inserido. Assim os tutores precisam se preparar para o fato de que a forma de conduzir o ensino e a aprendizagem precisa ser reorganizada e modificada sob o impacto das intervenções dos alunos (SILVA e SANTOS, 2006). A tutoria on line precisa ser voltada para uma gama de possibilidades de articulação entre os conteúdos a serem trabalhados, permitindo aos alunos ampla liberdade de analisar, as-sociar, significar e construir as informações.

A competência para estimular o progresso dos alunos é um elemento fundamental e de responsabilidade do tutor, por isso, as atividades de progresso devem ser monitoradas com freqüência a fim de que ele possa avaliar o ritmo de aprendizagem, os prazos e o envio das tarefas pelos alunos.

De acordo com o quadro 2, nas respostas obtidas, 98,6% afir-maram concordar que seus tutores são fundamentais para o desen-volvimento do processo de uma aprendizagem efetiva e colaborati-va e 85,9% concordam que a atuação dos tutores para o progresso de sua aprendizagem é adequada. Ainda em relação à atuação dos tutores, apenas 1,4% afirmaram discordar enquanto 12,7% dos res-pondentes preferem manter sua opinião neutra, não concordando e nem discordando.

A maioria dos participantes, num total de 67,6% exatamente, acredita que o bom andamento de seus estudos durante a realização das atividades independe da presença física de seu tutor, enquanto 23,91% não concordam, ou seja, acreditam que a presença física de seus tutores durante a disciplina melhoraria seu desempenho no decorrer de seus estudos. Apenas 8,5% preferem não se posicionar.

Articulando este resultado com as competências essenciais esperadas de um tutor online, Silva et. al (2004) nos mostram que,

O sistema tutorial compreende, desta forma, um conjunto de ações educativas que contribuem para desenvolver e po-tencializar as capacidades básicas dos alunos, orientando--os a obterem crescimento intelectual e autonomia, para assim ajudá-los a tomar decisões em vista de seus desem-penhos e suas circunstâncias criadas ao longo do curso (SOUZA et al, 2004, p. 5).

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A ação tutorial constitui um dos eixos fundamentais do sis-tema educacional, pois se trata de um processo no qual se incluem também valores, normas e atitudes, numa perspectiva global do desenvolvimento dos alunos, em seu ambiente escolar, familiar e social.

Todo o trabalho de tutoria em EaD pressu põe o estabeleci-mento de uma comunicação efetiva entre docen tes, tutores e alu-nos, para que se crie um ambiente virtual de real aprendizagem.

Quadro 2 – As atividades de progresso dos alunos.

Pergunta/Escala Discordo fortemente Discordo

Não concordo nem discordo

Concordo Concordo fortemente

Você acredita que o tutor é peça fundamental para o desenvolvimento do processo de uma aprendizagem efetiva e colaborativa na EaD?

0,00% 0,00% 1,40% 35,20% 63,40%

Você concorda que a atuação de seus tutores é adequada?

0,00% 1,40% 12,70% 52,10% 33,80%

Você acredita que o bom andamento dos seus estudos durante a disciplina independe da presença física de seu tutor?

2,80% 21,10% 8,50% 40,80% 26,80%

Fonte: Elaboração própria, 2013.

Uma educação de qualidade exige dos tutores reflexões e prá-ticas essenciais para mediar uma aprendizagem significativa. No que é de responsabilidade do tutor, um dos elementos que mais lhe exige certas habilidades e competências é a abordagem de ensino escolhida por ele, assim como os recursos de atividades utilizadas durante as aulas. Trata-se, aqui, de uma postura assumida pelo tutor

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diante do processo educacional de ensino-aprendizagem e, particu-larmente, diante dos alunos a ele confiados.

Analisando as respostas dos participantes relacionadas às ati-vidades de apoio ao aluno (Quadro 3), foi possível observar que, segundo os alunos, 86,0% dos tutores atuantes no curso pesquisado valorizam as necessidades de seus alunos, havendo discordância de apenas 4,2% da amostra pesquisada. No que tange à questão sobre a valorização dos conteúdos da disciplina, nota-se que o resultado também é satisfatório nesse quesito, onde 90,1% dos respondentes concordam que seus tutores atuam de forma positiva; apenas 2,8% discordam da afirmação. 77,5% dos alunos concordam que seus tu-tores os estimulam a alcançar os seus objetivos no curso, enquanto somente 8,5 % não concordam com a afirmação.

Na análise do quadro 3 é possível concluir que, no processo educacional, o que motiva um aluno a se interessar pelos estudos, pelo cumprimento das tarefas propostas no plano de curso, são as prováveis recompensas resultantes das ações dos tutores. “A parti-cipação dos alunos envolvidos no curso demonstra claramente que a presença de um tutor que interaja no sentido de reforçar compor-tamentos e ações motivadoras em seus aprendizes é fundamental” (GONZALES, 2005, p. 45).

Quadro 3 – As atividades de apoio ao aluno.

Pergunta/Escala Discordo fortemente Discordo

Não concordo

nem discordo

Concordo Concordo fortemente

Seus tutores valorizam suas necessidades como aluno?

0,00% 4,20% 9,90% 59,20% 26,80%

Seus tutores valorizam somente os conteúdos das disciplinas?

0,00% 2,80% 7,00% 52,10% 38,00%

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Pergunta/Escala Discordo fortemente Discordo

Não concordo

nem discordo

Concordo Concordo fortemente

Seus tutores estimulam os estudantes a alcançar os seus objetivos no curso?

0,00% 8,50% 14,10% 47,90% 29,60%

Fonte: Elaboração própria, 2013.

Para a realização desta pesquisa, foram coletadas também as opiniões dos alunos por meio de duas questões dissertativas, que foram analisadas uma de cada vez, a saber:

1) Fale sobre a importância que seus tutores têm tido na sua formação acadêmica, apontando 3 características mais im-portantes e 3 características menos importantes.

2) Cite três melhorias que considera importantes serem im-plementadas junto aos tutores nos próximos períodos.

Atualmente, é sabido que o tutor EaD tem uma tarefa mui-to importante na formação acadêmica dos alunos, mas que tipo de ações pedagógicas são essas, que necessitam de cuidado e atenção especial?

[...] é essencial que o tutor exerça sua práxis em duas dire-ções: valorização das necessidades do aluno tanto quanto aos conteúdos de ensino. O professor/tutor, deve possuir entre outras qualidades a facilidade de comunicação, di-namismo, criatividade, liderança e iniciativa para realizar com eficácia o trabalho de facilitador, junto ao grupo de alunos sob sua tutoria (SOUZA, 2004, p. 3).

Durante a análise das opiniões dos respondentes na primeira questão, foi possível perceber que, de fato, a atuação de seus tu-tores tem sido de grande ajuda e contribuição para sua formação, conforme representado pelos comentários a seguir: “Os tutores in-centivaram, estiveram presentes, e responderam as dúvidas pron-tamente”; e “Meus tutores conferem importância à autonomia do aluno motivando sempre o aluno a construir seus saberes, compar-tilham experiências trazendo para a prática um assunto que está

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sendo abordado na teoria, promovem a interação nas discussões na SAV.”

Segundo Oliveira (2009), outra característica importante per-cebida durante a atuação do tutor no decorrer do curso é a sua pre-ocupação e cuidado com os critérios de qualidade para a mediação pedagógica da discussão, por meio da interação em grupo.

A realização de discussões promove trocas de conhecimen-tos e olhares diferentes sobre determinado assunto, gerando uma aprendizagem reflexiva coletiva, além de ser uma ótima oportuni-dade de levantar pontos positivos e negativos nas questões lançadas e responder a dúvidas e questionamentos para que os alunos possam progredir no trabalho, como é possível perceber na resposta de um dos alunos: “No curso que realizo atualmente, percebi que todos os tutores do curso têm dado o maior apoio em relação às atividades realizadas através de interações, recados pela lista e e-mail, moti-vando os alunos a participarem das discussões em grupo (fórum), além de indicar vários materiais para leitura”.

Outra característica fundamental que deve ser compreendida pelo tutor e que influencia diretamente na formação de seus alu-nos diz respeito à diversidade cultural do grupo e a motivação. Ele precisa conceber novos olhares e desenvolver uma sensibilidade lúdica e crítica sobre a dimensão cultural da sua prática pedagógica, como é sugerido pelo seguinte comentário de um dos respondentes: “A importância do tutor é real. Destaco como característica im-portante a acolhida, uma vez que ambos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem em EAD advém de contextos e níveis distin-tos de “bagagem”, conhecimento e cultura”.

Quando o tutor passa a refletir e perceber as próprias caracte-rísticas pessoais, experiências, culturas e história podem interferir positivamente no seu trabalho cotidiano.

Articulando as respostas dos alunos com o referencial teórico utilizado sobre a motivação, é possível identificar que o tutor pre-cisa ter a consciência de que, quando tem bom relacionamento com os alunos, consegue elevar o nível de aprendizado de cada um, pois o aprendizado torna-se significativo e prazeroso, além de contribuir

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para a não desistência e evasão de alunos no curso (CUNHA; SIL-VA, 2009).

No seu papel enquanto mediador, o tutor precisa estimular e motivar seus alunos, ajudando-os na superação de seus desafios e incentivando-os a procurar novos caminhos de aquisição do co-nhecimento, assim como apoiá-los emocionalmente e ajudá-los na resolução de problemas, como é possível verificar na opinião a se-guir: “O tutor que prende seu aluno a disciplina é tutor diferente, que motiva, que ensina e passa confiança aos seus alunos, tornan-do o processo ensino-aprendizagem mais eficiente. Mas por outro lado o tutor é um mediador, e nós alunos precisamos nos dedicar.”

Nesta opinião de um aluno, fica mais clara a importância no tutor enquanto agente motivador: “Os tutores podem contribuir muito para o sucesso do aluno na medida em que demonstrarem acessibilidade, comprometimento e diálogo. Não adianta o interes-se do aluno mais um bom material disponibilizado na sala virtual se a ação do tutor não for colaborativa e assertiva. É necessário que a interação com os alunos seja feita de maneira a facilitar o processo pedagógico”.

Atualmente, constata-se que a aprendizagem colaborativa é uma atividade na qual os participantes constroem, através da coo-peração entre si, um modelo claro de conhecimento, e o tutor tem papel fundamental como fonte de motivação e consequente facilita-dor da permanência dos alunos nos cursos (ABED, 2012).

Concluindo a análise dessa questão dissertativa, é possível identificar que a grande maioria das respostas apresenta a mesma opinião, afirmando que a atuação do tutor e suas ações durante todo o desenvolvimento das atividades é de alguma forma proveitosa e contribuem para a aprendizagem dos alunos. De acordo com algu-mas respostas obtidas, foi possível verificar que, uma vez que cada indivíduo é diferente, possuindo particularidades específicas (ida-de, formação, cultura, objetivos...), o que pode não ser importante para um pode ser fundamental para o outro.

Considerando a segunda questão discursiva respondida pe-los participantes, onde foi solicitado que citassem três melhorias que consideravam importantes serem implementadas juntamente

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com os tutores nos próximos períodos, foi possível perceber que as opiniões englobavam uma diversidade muito rica de recursos pedagógicos e reformulação da atuação dos tutores, que podem re-fletir efetivamente sobre sua prática docente, como é possível ver nas seguintes respostas: “[...] rapidez no feedback, exercícios mais elaborados, projetos pertinentes a disciplina” e “Mais flexibilida-de nas atividades e avaliações; mais material extra (vídeos, etc.); mais empatia na interação com os alunos”.

De acordo com Wotckoski e Spressola (2012), na EaD o alu-no precisa do apoio, do ensinamento, do direcionamento do tutor, mas, além disso, ele precisa saber também onde errou, o que pre-cisa melhorar, e isso é possível somente através do retorno, de um feedback bem elaborado e estruturado, como é possível ver nesta resposta: “O aluno precisa do retorno da sua atividade/interativi-dade, esse é o fator principal para avaliar se o caminho percorrido da aprendizagem está correta”.

Ao iniciar o curso, o tutor também precisa ter conhecimento sobre o currículo e sobre o planejamento das disciplinas, pois os alunos precisam estar informados do funcionamento destes, como solicita o aluno a seguir: “[...] explicações também quanto ao de-senvolvimento de atividades, principalmente atividades em grupo e material em formato mais fácil para download ou impressão”.

Do ponto de vista do papel dos tutores na EaD, verifica-se que eles encontram diante de si uma tarefa desafiadora e complexa e que devem estar preparados para desenvolvê-la.

Segundo Fantacini (2012), o tutor precisa de uma formação especializada, com conhecimentos dos conteúdos a serem trabalha-dos, organização e estratégias para conduzir a classe, conhecimento curricular e pedagógico sobre os contextos educacionais, valores educativos, históricos e filosóficos.

Se o tutor apresentar-se ao seu grupo de forma desprepara-da, com certeza passará insegurança e inconfiabilidade aos alunos, como narra este participante: “O tutor precisa ter mais didática; expor o assunto de forma clara e simples; e passar confiança aos discentes”.

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Ainda de acordo com o autor, o tutor precisa ter conhecimento sobre os recursos de intervenção que devem ser executados quando perceber que não atuou de forma bem-sucedida e, a partir dessa percepção, é que ele precisa pensar em estratégias diferentes de mediação do ensino, que possam recuperar o foco de seu trabalho, como é sugerido por alguns participantes: “Fornecer mais indica-ções de leituras complementares; Propor atividades nas diversas linguagens midiáticas, indicando mais vídeos, grupos de discus-sões, sites [...] Esclarecer nas discussões propostas (especialmente no Fórum), as visões errôneas sobre um conteúdo [...]”.

Sob o ponto de vista de Maggio (2001), a tarefa do tutor é ser aquele que guia e, dentro das perspectivas pedagógicas atuais, descreve que esse profissional, como possuidor de qualidades, ca-pacidades e aptidões, é alguém que deve criar propostas de ativi-dades para a reflexão e precisa participar ativamente de cursos de aprofundamento teórico.

Sendo assim, é possível constatar que as sugestões de me-lhoria sobre a atuação do tutor citadas pelos participantes foram adequadas e dentro do contexto do fazer pedagógico de tutoria.

Concluindo esta análise, é preciso que o tutor perceba que mais que orientar e dinamizar o processo de ensino-aprendizagem se espera que ele articule as diferentes situações e instrumentos ge-rados pelo contexto educacional, para promover a formação inte-gral do discente.

O desafio que se configura nesse contexto é imbuir o tutor a distância da compreensão de sua preponderante responsabilidade nesse processo (ALMEIDA, 2001); fazê-lo refletir e buscar o exer-cício contínuo da articulação de conteúdos, ferramentas e diferen-tes contextos a que está integrado para exercitar seu diferencial de promotor da dignidade e do ser humano em sua totalidade.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A principal característica da tutoria é estabelecer um proces-so intermediário entre sujeitos essencialmente diferentes, ou seja, entre professor e alunos.

Uma educação de qualidade exige reflexões e práticas essen-ciais a cada ser com ela envolvida na instituição escolar. No que é de responsabilidade do tutor, um dos elementos que mais lhe exige certas habilidades e competências é a abordagem de ensino esco-lhida por ele. Trata-se, aqui, de uma postura assumida pelo docente diante do processo educacional de ensino-aprendizagem e, particu-larmente, diante dos educandos a ele confiados.

Durante o desenvolvimento do referencial teórico desta pes-quisa, foi possível identificar que a educação deve ser mais que uma transmissão de conteúdos; deve trabalhar os alunos de forma que estes possam assimilar os dados apreendidos e serem cidadãos comprometidos com as ações sociais que os envolvem, utilizando--as em vista do bem comum e da melhoria das relações que envol-vem a sociedade atual.

O objetivo deste estudo foi investigar a importância do tutor enquanto educador, formador e mediador, bem como analisar as principais habilidades e competências na ação de uma prática exi-tosa no processo de ensino e aprendizagem, averiguando a relação entre tutores e alunos por meio de um questionário aplicado em um grupo de alunos da EaD de uma instituição de ensino superior particular do interior de São Paulo.

Durante a pesquisa de campo realizada para a coleta de dados sobre as competências essenciais do tutor, identificou-se que ele são de fundamental importância para a formação acadêmica dos alunos.

Em relação às competências pedagógicas e tecnológicas, 97% dos alunos afirmaram que recebem intervenções pertinentes e positivas durante a execução das atividades, contribuindo assim para uma aprendizagem colaborativa e construtiva.

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No âmbito das atividades de ensino, os tutores têm atuado de forma positiva, contribuindo para o sucesso do curso a distância, a mediação da aprendizagem e a interação entre as partes, como é possível comprovar com a aceitação de 100,0% dos respondentes.

A tutoria on-line precisa ser voltada para uma gama de pos-sibilidades de articulação entre os conteúdos a serem trabalhados, permitindo aos alunos ampla liberdade de analisar, associar, signi-ficar e construir as informações.

Nas atividades de progresso dos alunos, onde as competên-cias auto avaliativas devem ser estimuladas frequentemente para um desempenho significativo dos estudantes, 98,6% afirmaram concordar que seus tutores são fundamentais para o desenvolvi-mento do processo de uma aprendizagem efetiva e colaborativa e 85,9% concordam que a atuação dos tutores para o progresso de sua aprendizagem é adequada. Sobre a importância da presença física do tutor durante o processo de aprendizagem, 67,6% dos alunos acreditam que o bom andamento de seus estudos durante a reali-zação das atividades independe da presença física de seu tutor, ou seja, é possível identificar que a motivação e o estímulo on-line durante o ensino, na EaD, são imprescindíveis.

No âmbito das competências socioafetivas, ou seja, aque-las que valorizam os alunos nos seus aspectos culturais, sociais, afetivos e emocionais, 86,0% dos alunos afirmam que os tutores atuantes no curso pesquisado valorizam as necessidades de seus alunos. No que tange à questão sobre a valorização dos conteúdos da disciplina, nota-se que o resultado também foi satisfatório nesse quesito, em que 90,1% dos respondentes concordam que seus tu-tores atuam de forma positiva. Ainda nesses aspectos, 77,5% dos alunos concordam que seus tutores os estimulam a alcançar os seus objetivos no curso.

No processo educacional, o que motiva um aluno a se inte-ressar pelos estudos e pelo cumprimento das tarefas propostas no plano de curso, são as prováveis recompensas resultantes das ações dos tutores.

Foi possível perceber durante o estudo que em seu papel en-quanto mediador, o tutor precisa estimular e motivar seus alunos,

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ajudando-os na superação de seus desafios, incentivando-os a pro-curar novos caminhos de aquisição do conhecimento, assim como apoiá-los emocionalmente e ajuda-los na resolução de problemas. Eles precisam compreender também que mais que orientar e dina-mizar o processo de ensino-aprendizagem se espera que articulem as diferentes situações e instrumentos gerados pelo contexto educa-cional para promover a formação integral do aluno.

Por fim, pode-se refletir que essa interação entre tutor e aluno deve superar os desafios apresentados e construir um processo de ensino-aprendizagem que se realize pela mútua colaboração entre ambos. Seu papel não é simplesmente o de um avaliador, mas de um auxiliador e mediador no processo pedagógico para que todos cresçam juntos no cotidiano da educação e desenvolvam, a partir daí, aprendizagens efetivas e significativas.

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