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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES COMPARAÇÃO DE MÉTODOS PARA QUANTIFICAÇÃO DO CARBONO DA BIOMASSA MICROBIANA DE SOLOS RAFAEL THOMAZ DE AQUINO MOURA RECIFE - 2007

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Page 1: COMPARAÇÃO DE MÉTODOS PARA QUANTIFICAÇÃO DO … · Muito ainda se discute sobre a adequação dos atuais métodos comumente utilizados para a quantificação do carbono da biomassa

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE ENERGIA NUCLEAR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS ENERGÉTICAS E NUCLEARES

COMPARAÇÃO DE MÉTODOS PARA QUANTIFICAÇÃO DO

CARBONO DA BIOMASSA MICROBIANA DE SOLOS

RAFAEL THOMAZ DE AQUINO MOURA

RECIFE - 2007

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RAFAEL THOMAZ DE AQUINO MOURA

COMPARAÇÃO DE MÉTODOS PARA QUANTIFICAÇÃO DO

CARBONO DA BIOMASSA MICROBIANA DE SOLOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Tecnologias Energéticas e

Nucleares – PROTEN. Departamento de

Energia Nuclear da Universidade Federal de

Pernambuco, para obtenção do título de Mestre

em Tecnologias Energéticas e Nucleares. Área

de concentração: Aplicação de Radioisótopos –

Fertilidade de Solos.

ORIENTADOR: PROF. DR. RÔMULO SIMÕES CEZAR MENEZES

RECIFE – 2007

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M929c Moura, Rafael Thomaz de Aquino.

Comparação de métodos para quantificação do carbono da Biomassa microbiana de solos / Rafael Thomaz de Aquino Moura.- Recife: O Autor, 2007.

35 folhas, il : figs., tabs. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CTG.

Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Energéticas e Nucleares, 2007.

Inclui bibliografia. 1. Tecnologia Energia Nuclear. 2. Biomassa Microbiana. 3. Radiação

Gama. 4. Esterilização. I. Título. UFPE 621.4837 CDD (22. ed.) BCTG/2007-155

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AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente ao meu orientador Dr. Rômulo Simões Cezar Menezes que de

maneira singular me deu apoio, orientação, confiança, discussões, puxões de orelhas,

conselhos, risos e amizade em todo o momento, minha eterna gratidão.

Aos amigos Marlon da Silva Garrido e Carla Souza da Silva, pelo apoio, ajuda e

ensinamentos necessários para a realização deste trabalho.

Aos Professores Ignácio Salcedo e Everardo Sampaio, pelas contribuições e sugestões

necessárias durante a construção desta pesquisa.

Ao Departamento de Energia Nuclear (DEN) e ao PROTEN, pela oportunidade para a

realização deste trabalho.

Ao CNPq, pela concessão da bolsa de estudo.

Ao Inter American Institute for Global Change Research (IAI) e ao CNPq pelo apoio

financeiro.

A minha mãe Eliane Thomaz de Aquino, pelo exemplo de mãe e pela formação do meu

caráter e cobrança pela busca do saber.

Ao Meu pai Enilson Ferreira de Moura pelo apoio em todos os momentos da minha

vida.

Ao meu irmão e sempre amigo Anderson Souza de Moura por sempre acreditar e torcer

pelo meu sucesso.

Ao meu sobrinho Arthur (a “peitica” de titio) pelo simples fato de existir.

Ao meu tio Telmo Mendes pelo apoio e força na construção do conhecimento.

A minha família por todo amor dedicado a mim.

Aos amigos do Laboratório de Radioagronomia /Fertilidade do solo pelo imenso auxílio,

discussões, risadas e companhia, que fazem do trabalho uma alegria: Fabio, Marlon, Sandra,

Jackson, Romildo, Valdemir, Carla, Claudenice, Gilberto, Pedrinho, Clarindo, Tereza.

A grande amiga Mônica Reis de Farias por me dar apoio em tantos momentos difíceis e

me fazer perceber que nada dá errado para quem não está só.

A toda minha família e amigos, pois alguns serviram de exemplo, outros de auxílio, mas

todos me ofereceram o maior patrimônio, que é a amizade.

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COMPARAÇÃO DE MÉTODOS PARA QUANTIFICAÇÃO

DO CARBONO DA BIOMASSA MICROBIANA DE SOLOS Autor: Rafael Thomaz de Aquino Moura

Orientador: Prof. Dr. Rômulo Simões Cezar Menezes

RESUMO

A biomassa microbiana do solo (BMS) é o principal componente do sistema de

decompositores, que regula a ciclagem de nutrientes, o fluxo de energia, a produtividade

das plantas e dos ecossistemas. Sendo assim, estudos voltados ao entendimento do

funcionamento da microbiota do solo são importantes para a compreensão dos

processos de ciclagem de nutrientes. Os métodos utilizados para estimar a BMS

baseiam-se na esterilização do solo e posterior quantificação do carbono da biomassa

microbiana (Cmic). O método mais utilizado consiste na fumigação do solo com

clorofórmio em dessecador, mas outros métodos também são empregados, como a

esterilização através da aplicação direta de clorofórmio no solo, por irradiação

eletromagnética (microondas), ou através da radiação gama com o uso de uma fonte de 60Co. Muito ainda se discute sobre a adequação dos métodos comumente utilizados para

a quantificação do carbono da biomassa microbiana em condições edafoecológicas

diversas, seja pela confiabilidade dos resultados, seja pela pouca praticidade e

viabilidade de alguns dos métodos. Os objetivos do presente estudo foram: 1)

determinar a dose de radiação gama mais adequada para a esterilização de quatro solos

do semi-árido com teores crescentes de carbono (5, 10, 15 e 30 g kg-1); e 2) comparar,

nestes mesmos solos, os valores de carbono da biomassa microbiana e a eficiência de

esterilização após a utilização de quatro métodos (radiação gama, fumigação com

clorofórmio em dessecador, aplicação direta com clorofórmio e radiação por

microondas). Para determinar a dose de radiação mais adequada foram testadas as doses

de 15, 25, 35, 45 e 60 KGy. A quantificação do Cmic foi feita pelo método

colorimétrico, após extração com sulfato de potássio. Posteriormente, foi feita a

estimativa de microrganismos por método de contagem em placa para confirmar a

eficiência das doses e métodos testados. Doses, iguais ou maiores que 25 KGy

esterilizaram completamente os solos. O Cmic dos dois solos com teores mais baixos de

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carbono total não diferiram entre os métodos de esterilização. No solo com 15 g kg-1 de

C, o Cmic foi maior após esterilização com radiação gama, enquanto no solo com 30 g

kg-1 de C a aplicação direta extraiu mais Cmic. Todas as metodologias apresentadas

obtiveram valores crescentes de Cmic com o aumento do carbono do solo. Doses acima

de 25 KGy continuaram extraindo carbono de outras frações e, portanto, não são

recomendadas pois podem superestimar o Cmic. As metodologias testadas mostraram

que os métodos de fumigação com clorofórmio em dessecador e a aplicação direta de

clorofórmio não são capazes de esterilizar completamente os solos. Apenas os métodos

com utilização de microondas e radiação gama realizaram a esterilização completa das

bactérias e fungos dos solos.

Palavras-chave: Biomassa microbiana, radiação gama, esterilização

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COMPARISON OF METHODS TO QUANTIFY SOIL

MICROBIAL BIOMASS CARBON

Author: Rafael Thomaz de Aquino Moura

Adviser: Prof. Dr. Rômulo Simões Cezar Menezes

ABSTRACT

The microorganisms of the soil are the main component of the biota that regulate the

fluxes of nutrients and energy in ecosystems, therefore affecting the productivity of the

plants. For this reason, studies that investigate the functioning of the soil microbiota are

important for the understanding of the processes responsible for nutrient cycling. The

methods used to measure soil microbial biomass (SMB) are based on the sterilization of

the soil followed by the quantification of the microbial biomass carbon (Cmic). The

most traditional method to sterilize soils uses chloroform vapor to fumigate the soils

within a desecator, but other methods are also used, such as the direct application of

chloroform to the soil, the use of eletromagnetic radiation (microwave), or the use of

gamma radiation with a source of 60Co. However, there is much discussion to detemine

which is the most adequate method to measure SMB under varying environmental

conditions, either due to the reliability of the results or the high demand of labor and

infra-structure by these methods. The objectives of the present study were: 1) to

determine the most adequate dosis of gamma radiation to sterilize four soils from the

semi-arid region of NE Brazil with increasing levels of carbon (5, 10, 15 e 30 g kg-1);

and 2) to compare, for these same four soils, the values of Cmic and the sterilization

efficiency after using four sterilization methods (gamma radiation, fumigation with

chloroform, direct application of clororformium, and microwave radiation). The doses

of gamma radiation used were 15, 25, 35, 45 e 60 KGy. The Cmic was detemined by

colorimetry after extraction with potassium sulfate. The evaluation of the efficiency of

the sterilization was done by serial dilutions and pour plate techniques. The soils were

completely sterilized with doses of 25 KGy or higher. Values of Cmic of the two soils

with the two lowest levels of total carbon did not differ among sterilization methods.

For the soil with 15 g kg-1 of C, the Cmic was greater after sterilization with gamma

radiation, while for the soil with 30 g kg-1 of C the direct application of chloroform

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extracted more Cmic. All methodologies resulted in increasing Cmic with increasing

total soil C. Doses greater than 25 KGy continued to extract carbon from other fractions

of the soil organic matter and, therefore, are not recommended because could

overestimate Cmic. Fumigation or direct application of chloroform did not sterilize the

soils, while the microwave and the gamma radiation eliminated completely the bacteria

and fungi of the soils.

Keywords: Microbial biomass, gamma radiation, sterilization

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LISTA DE FIGURA

Figura 1. Comparação dos teores de carbono extraídos de quatro solos com

teores crescentes de carbono orgânico, após irradiação com cinco

doses de radiação gama. Barras verticais representam à diferença

mínima significativa.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Caracterização química e física de quatro solos, com teores

crescentes de carbono orgânico total, provenientes da região semi-

árida do Nordeste brasileiro.

20

Tabela 2. Quantificação de bactérias e fungos presentes em quatro solos com

teores crescentes de carbono orgânico, após esterilização com

diferentes doses de radiação gama.

24

Tabela 3. Quantificação do carbono da biomassa microbiana de solos com

teores crescentes de carbono, utilizando-se diferentes metodologias

de esterilização.

27

Tabela 4. Quantificação de bactérias e fungos em solos com teores crescentes

de carbono, depois de submetidos os diferentes métodos de

esterilização.

29

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 12

REVISÃO DE LITERATURA................................................................................... 15

Microbiologia do solo................................................................................................. 15

Biomassa microbiana.................................................................................................. 16

Métodos de determinação da biomassa microbiana do solo....................................... 17

MATERIAL E MÉTODOS........................................................................................ 19

Descrição dos solos utilizados.................................................................................... 19

Comparação de doses de radiação γ de 60Co para esterilização dos

microorganismos do solo............................................................................................

19

Comparação de metodologias de esterilização para quantificação do carbono

microbiano do solo......................................................................................................

21

Extração e quantificação da biomassa microbiana...................................................... 21

Quantificação de microrganismos............................................................................... 21

Análise estatística........................................................................................................ 22

RESULTADOS E DISCUSSÕES.............................................................................. 23

CONCLUSÕES........................................................................................................... 30

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 31

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INTRODUÇÃO

As atividades agropecuárias da região semi-árida do Nordeste brasileiro têm

como um dos seus maiores problemas, além da deficiência hídrica, a baixa fertilidade

natural dos solos, o que limita a produtividade das principais culturas agrícolas, como o

milho e o feijão. Por estes motivos, o nível de renda dos agricultores é baixo, o que

impossibilita a compra de insumos externos para a melhoria da fertilidade dos solos

(Menezes e Salcedo, 1999, e Menezes et al., 2002). Sendo assim, a matéria orgânica do

solo consiste na principal fonte de nutrientes para o crescimento vegetal nas áreas

agrícolas e, conseqüentemente, a liberação de nutrientes devido à decomposição da

matéria orgânica é de vital importância para a manutenção da produção vegetal.

Os microrganismos do solo estão entre os principais responsáveis pelos

processos de ciclagem de nutrientes. Dessa forma, estudos voltados ao entendimento do

funcionamento da microbiota do solo são importantes para a compreensão dos

processos que controlam a disponibilidade de nutrientes para as plantas. Vários

parâmetros microbiológicos têm sido usados como indicadores para avaliar esses

processos no solo, mas nenhum tem se mostrado adequado a todas as situações, devido

à natureza dinâmica e complexa dos ecossistemas (Dick, 1992). Um bom indicador

necessita responder às perturbações do solo, avaliar com precisão o funcionamento do

sistema produtivo, indicar diferenças espaciais e temporais e ser relativamente rápido e

de baixo custo (Turco et al., 1994).

Dentre os indicadores de qualidade do solo comumentes adotados está a

biomassa microbiana. A biomassa microbiana do solo (BMS) é definida como a parte

viva da matéria orgânica do solo, incluindo bactérias, fungos, actinomicetos,

protozoários, algas e microfauna. Excluindo-se raízes de plantas e animais do solo

maiores do que 5 µm³, a biomassa microbiana contém, em média, de 2 a 5% do C

orgânico (Jenkinson e Ladd, 1981) e de 1 a 5% do N total do solo (Smith e Paul, 1990).

Muito ainda se discute sobre a adequação dos atuais métodos comumente utilizados

para a quantificação do carbono da biomassa microbiana em condições edafoecológicas

diversas, seja pela confiabilidade dos resultados, seja pela pouca praticidade e

viabilidade de alguns dos métodos. Dessa forma, é mais conveniente, sempre que

possível, a utilização de mais de um método para estudos sobre a biomassa microbiana

(Gama-Rodigues, 1999).

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Vários métodos de quantificação do carbono da biomassa microbiana baseiam-

se em processos que causam a morte dos microrganismos e a desintegração total ou

parcial das suas células. Com a desintegração, parte dos constituintes celulares dos

microrganismos é facilmente extraível do solo por extratores fracos. Há diversos

métodos que causam a morte dos microrganismos do solo, para, em seguida, ser feita a

quantificação do carbono da biomassa microbiana. Atualmente, os métodos mais

comumente citados são: a fumigação em dessecador (Vance et al. 1987) e a irradiação

eletromagnética por microondas (Islam e Weil, 1998 e Brookes et al. 1982). Alguns

estudos utilizam uma adaptação do método da fumigação em dessecador, no qual o

clorofórmio é aplicado diretamente no solo (Witt et al., 1998). Além destes, também

tem sido utilizada a radiação gama (Powlson, e Jenkinson, 1975). O método mais

comumente adotado foi desenvolvido por Jenkinson e Powlson (l976), posteriormente

modificado por Vance et al. (1987), e consiste na fumigação do solo com clorofórmio

em dessecador, seguido da extração do carbono solúvel por sulfalto de potássio e

posterior quantificação desse carbono por titulação (Anderson e Ingram, 1993) ou

colorimetria (Bartlett e Ross, 1988).

A escolha do método a ser utilizado para a quantificação da BMS deve levar

em consideração fatores como a disponibilidade de recursos e infra-estrutura

laboratorial, mas também a eficácia e praticidade do método. Por exemplo, poucos

trabalhos avaliam a eficácia da esterilização de cada um dos métodos citados acima. Em

alguns casos, já se demonstrou que a fumigação em dessecador não elimina

completamente os microrganismos presentes no solo (Wolf et. al., 1989), além de

requerer equipamentos que limitam o número de análises que podem ser realizadas

simultaneamente. O método da aplicação direta de clorofórmio direto no solo, apesar de

ser frequentemente utilizado no Brasil, não foi avaliado cuidadosamente quanto à sua

eficácia na morte dos microrganismos.

A irradiação por energia eletromagnética (microondas), pela facilidade de

execução, pela disponibilidade do equipamento utilizado e pela eficiência na morte dos

microrganismos, é um método aconselhável. Outro método eficiente na morte dos

microrganismos é baseado no uso de radioatividade, sendo o solo levado a irradiadores

de fonte 60Co com emissão de raios gama (Powlson e Jenkinson, 1975). Após a

irradiação, é realizada a quantificação do carbono liberado. Vários trabalhos já foram

realizados utilizando este método (Wolf et. al., 1989; Cawse, 1969, 1975), mas, não há

dados disponíveis na literatura sobre uso da radiação gama para esterilização de solos da

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região semi-árida do Nordeste do Brasil, particularmente em solos com distintos teores

de carbono.

Sendo assim, os objetivos deste trabalho foram: 1) determinar a dose de

radiação gama mais adequada para a esterilização de quatro solos do semi-árido com

teores crescentes de carbono (5, 10, 15 e 30 g kg-1); e 2) comparar, nestes mesmos

solos, os valores de carbono da biomassa microbiana e a eficiência de esterilização após

a utilização de quatro métodos (radiação gama, fumigação com clorofórmio em

dessecador, aplicação direta com clorofórmio e radiação por microondas).

15

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REVISÃO DE LITERATURA

Microbiologia do Solo

Em sistemas tropicais, os solos, de maneira geral, apresentam-se bastante

intemperizados e lixiviados, possuindo uma baixa fertilidade natural. Nesta situação, a

matéria orgânica do solo representa a maior fonte de nutrientes para o crescimento

vegetal. Sendo assim, as taxas de decomposição da matéria orgânica e de liberação de

nutrientes são de vital importância para a manutenção da produção vegetal. Os

microrganismos do solo são os responsáveis pelo processo de ciclagem de nutrientes.

As bactérias e os fungos utilizam-se de aparatos enzimáticos, sendo os responsáveis por

diversos mecanismos de síntese e degradação no solo, ora promovendo a mineralização

de compostos orgânicos e a liberação de nutrientes, ora imobilizando-os em sua

biomassa (Seasted e Crossley, 1984). Os microrganismos imobilizam temporariamente

C, N, P, Ca, K, S, Mg e micronutrientes, que serão liberados após sua morte e

decomposição, podendo tornar-se disponíveis às plantas. A biomassa microbiana (BMS)

é definida como a parte viva da matéria orgânica do solo, incluindo bactérias, fungos,

actinomicetos, protozoários, algas e microfauna. Excluindo-se raízes de plantas e

animais do solo maiores do que 5 µm³, a biomassa microbiana contém, em média, de 2

a 5% do C orgânico do solo (Jenkinson e Ladd, 1981) e de 1 a 5% do N total do solo

(Smith e Paul, 1990). Apesar de sua grande capacidade de transformação química, os

microrganismos possuem mobilidade limitada. Sendo assim, a variabilidade espacial da

atividade dos microrganismos pode ser muito grande, apresentando-se ativos em

microsítios favoráveis e inativos em outros desfavoráveis.

Um maior aporte de matéria orgânica estimula o desenvolvimento de

microrganismos no solo, incluindo os microrganismos solubilizadores e fixadores que

são os principais responsáveis pela decomposição dos resíduos orgânicos, pela ciclagem

de nutrientes, pela fixação de nitrogênio e pelo fluxo de energia dentro do solo. Os

microrganismos exercem influência tanto na transformação da matéria orgânica, quanto

na estocagem do carbono e nutrientes minerais (Jenkinson e Ladd, 1981). Vários

parâmetros microbiológicos têm sido usados como indicadores para avaliar esses

processos no solo, mas nenhum é adequado a todas as situações, devido à natureza

dinâmica e complexa dos ecossistemas (Dick, 1992). Um bom indicador necessita

responder às perturbações do solo, avaliar com precisão o funcionamento do sistema

produtivo, indicar diferenças espaciais e temporais e ser relativamente rápido e de baixo

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custo (Turco et al., 1994). Entre os indicadores comumente adotados estão à respiração

e a biomassa microbiana.

Biomassa Microbiana

A remoção da vegetação nativa de um ecossistema para fins agrícolas causa

uma quebra nos ciclos do carbono e dos nutrientes (Malavolta, 1987), os quais operam

graças à entrada fotossintética de carbono e à decomposição acelerada e contínua da

matéria orgânica do solo (MO), realizada pelos microrganismos. Nesse contexto, a

alteração da qualidade e da quantidade de matéria orgânica afeta os microorganismos do

solo. A biomassa microbiana do solo, definida por Jenkinson e Ladd, (1981) como o

componente microbiano vivo, é composta de fungos, bactérias, microfauna e algas, com

participação fundamental nos ciclos biogeoquímicos de interesse para a produtividade

agrícola.

A BMS é o principal componente do sistema de decompositores, que regula a

ciclagem de nutrientes, o fluxo de energia, a produtividade das plantas e dos

ecossistemas (Sparling, 1992), e, portanto, a medição deste compartimento e sua

atividade são relevantes para a conservação dos solos. Conforme as condições

edafoclimáticas, a velocidade de decomposição da serapilheira varia de acordo com os

teores de lignina, polifenóis, celulose, carbono, nitrogênio, fósforo e enxofre, dentre

outros componentes. Altos teores de lignina, polifenóis e celulose estão relacionados

com a baixa taxa de decomposição, menor liberação de nutrientes e com maior acúmulo

de serapilheira (Swift et al., 1979).

Como a decomposição e a mineralização dos resíduos vegetais dependem da

atividade microbiana, a avaliação da biomassa microbiana fornece informações

importantes para o entendimento da ciclagem de nutrientes (Paul e Clark, 1989). Por

apresentar rápida ciclagem, este atributo microbiológico responde intensamente a

flutuações sazonais de umidade e temperatura, ao cultivo e ao manejo de resíduos,

sendo um indicador mais sensível das mudanças nos níveis de matéria orgânica do que

o teor de C orgânico total (Anderson e Domsch, 1989; Sparling, 1997). Contudo, mais

importante que o valor absoluto da biomassa microbiana é o estudo das relações entre a

biomassa e a atividade microbiana e atributos químicos para o melhor entendimento

sobre a funcionalidade do sistema solo-serapilheira.

Gama-Rodrigues et al. (1997), trabalhando com solo e serapilheira sob

diferentes coberturas florestais, nas quais a serapilheira com maiores teores de N

17

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apresentaram menor quantidade acumulada, encontraram correlação negativa entre o N

da biomassa microbiana e o N da serapilheira (r = -0,52, P < 0,01), indicando que

quanto maior a taxa de decomposição menor o N acumulado na biomassa microbiana.

Nesse caso, a qualidade nutricional da serapilheira estaria determinando a maior taxa de

decomposição e, conseqüentemente, a imobilização de N pela biomassa microbiana.

Na região Nordeste do Brasil, Sampaio e Salcedo (1982), trabalhando com

incorporação de palha marcada com 14C no solo, concluíram que, as taxas de liberação

de CO2 são proporcionais às quantidades de palha adicionadas ao solo, indicando que a

quantidade de substrato disponível é que é limitante e não a atividade dos

microrganismos do solo que se ajusta em pouco tempo às possibilidades de

decomposição. Segundo Garcia et al. (1994), o baixo teor de matéria orgânica é a

principal causa da pouca atividade microbiana em solos de regiões semi-áridas.

Uma das principais limitações da quantificação da biomassa microbiana em

solos tropicais é a imprecisão no valor da constante de mineralização. Entretanto,

Sampaio et al. (1986), realizaram testes para encontrar valores mais precisos desta

constante e acharam valores bastante semelhantes aos obtidos para solos de zonas

temperadas e, portanto, sugeriram que estes poderiam ser generalizados para solos de

zonas tropicais.

Métodos de Determinação do Carbono da Biomassa Microbiana do Solo

Até o início da década de 90, os trabalhos sobre BMS tratavam,

principalmente, de ajustes metodológicos (Gama-Rodrigues, 1999). Neste sentido,

deve-se distinguir a biomassa de sua atividade (Siqueira et al., 1994), visto que a BMS

não é uma estimativa da atividade dos microrganismos do solo, mas da massa

microbiana viva total do solo, com base na concentração de algum elemento ou de

alguma substância celular, considerando-se a população microbiana como uma entidade

única (De-Polli e Guerra, 1999). Ressalva-se que as atividades de algumas enzimas

podem ser relacionadas com a BMS e são auxiliares na interpretação da condição

funcional da BMS total ou de algum compartimento (Marchiori Júnior e Melo, 1999;

Taylor et al., 2002; Matsuoka et al., 2003).

O aumento do interesse em microrganismos de solo e, paralelamente, a

necessidade de isolamento, identificação e enumeração desses agentes transformadores

da matéria orgânica do solo, resultaram na criação e diversificação de muitas técnicas.

18

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Inicialmente, as investigações em bacteriologia de solo foram realizadas com métodos

desenvolvidos em bacteriologia médica: amostras de solo eram diluídas com água

esterilizada, disseminadas em placas com gelatina e, após incubação, determinava-se o

número de bactérias (Grisi, 1984). Posteriormente, foi introduzido o método de diluição

em placas para contagem de bactérias do solo. Nessa técnica, diluições da amostra do

solo são adicionadas a tubos contendo meio liquefeito e resfriado, e posteriormente o

conteúdo desses tubos é distribuído em placas de Petri, e a partir do número de colônias

desenvolvidas na placa, é calculado o número de organismos vivos por unidade de

massa do solo (Jackson e Raw, 1975; Pelczar Jr. et al., 1996; Melloni et al., 2001). Em

seguida, por adaptação, foi introduzida a técnica de plaqueamento para isolamento de

fungos de solo (Jackson e Raw, 1975; Grisi, 1984). O método de plaqueamento por

gotas é recomendado por Jahnel et al. (1999) para determinação do número mais

provável de fungos e bactérias do solo. O desenvolvimento de técnicas microscópicas

para exame de microrganismos provenientes de amostras dos ambientes naturais

ocorreu no início do século XX. Os primeiros métodos utilizados consistiam na

contagem do número de células microbianas pela observação direta de lâminas de solo

ao microscópio, sendo introduzido depois o uso de corantes vitais, bem como o cálculo

da biomassa através da determinação dos volumes celulares e da densidade média das

estruturas vivas (Grisi, 1984; Grisi e Gray, 1985). Na impossibilidade da obtenção de

uma medida quantitativa exata da população microbiana total em um ecossistema, por

métodos culturais ou por meio da observação microscópica direta, foram desenvolvidas

outras técnicas capazes de avaliar a massa dos microrganismos, ou seja, a BMS (Pelczar

et al., 1980; Haubensak et al., 2002).

Diversos trabalhos sobre a fumigação de solos, especialmente com vapores de

clorofórmio (CHCl3), realizados na década de 70, notadamente pelo grupo de D.S.

Jenkinson, na Estação Experimental de Rothamsted, na Inglaterra, levaram à proposição

do método da fumigação-incubação (Jenkinson e Powlson, l976), desencadeando um

grande número de trabalhos que propiciaram consideráveis avanços neste campo.

Posteriormente, foi proposto o método da fumigação-extração (Vance et al. 1987). A

diferença deste último para o método da fumigação-incubação é que o material celular

liberado pelo rompimento da parede celular após a fumigação é recuperado com um

extrator fraco, como o K2SO4, em uma relação solo extrator de 1:4 ou 1:2,5 (Tate et al.

1988), logo após a fumigação, eliminando-se os 10 dias de incubação, nas quais se

calculava a liberação de CO2 produzido pela respiração dos microrganismos inoculados,

19

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consumindo o carbono dos microrganismos anteriormente mortos. Os dois trabalhos

acima citados (Vance et al. 1987 e Tate et al., 1988) detalham com clareza as etapas e

cuidados metodológicos necessários.

Alguns trabalhos para solos inundados realizados recentemente têm usado o

método da aplicação direta de clorofómio no solo, em substituição ao método da

fumigação com dessecador (Witt et al., 1998). Neste caso, uma alíquota de clorofórmio

é adicionada diretamente ao solo, em frascos depois hermeticamente fechados por 24 h

e posteriormente colocados na capela para volatilização do clorofórmio, depois da qual

é feita a determinação da biomassa após extração com K2SO4.

Outro método utilizado é a irradiação por microondas, que consiste na

utilização de energia eletromagnética (microondas), causando efeito na transferência de

energia e temperatura, levando ao rompimento celular e à liberação dos compostos

intracelulares (Brookes et al. 1982 e Islam e Weil, 1998).

Além dos métodos baseados na utilização do clorofórmio e da irradiação por

microondas, também se pode usar a radiação gama para a esterilização do solo. Esse

método é baseado no uso de radiação nuclear, sendo o solo levado a irradiadores de

fonte 60Co, com emissão de raios gama (Powlson, e Jenkinson, 1975).

Após a esterilização, o carbono da biomassa microbiana é extraído com um

extrator fraco, como o K2SO4, e titulado com sulfato ferroso amoniacal (Vance et al.,

1987, Anderson e Ingram, 1993) ou colorimetria (Bartlett e Ross, 1988) para a

determinação do carbono que foi liberado da biomassa microbiana.

MATERIAL E METODOS

Descrição dos solos utilizados

Foram utilizados quatro solos com teores de carbono crescentes, variando

entre 4,8; 9,9; 15,8; 29,2 g kg-1. Os solos foram provenientes de municípios do Agreste

paraibano, coletados em áreas sob uso agropecuário, com exceção do solo com maior

teor de carbono, que foi coletado em área de mata nativa (Floresta Atlântica de

Altitude). Em cada área foram coletadas vinte amostras simples na profundidade de 0-

20 cm, as quais foram agrupadas formando uma amostra composta. As características

químicas e físicas dos quatro solos são apresentadas na Tabela 1.

20

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21

Comparação de doses de radiação γ de 60Co para esterilização dos

microorganismos do solo

Três sub-amostras contendo 20 g de cada um dos solos estudados foram acondicionadas

em sacos de polietileno, umedecidas até atingir 40% da capacidade de campo e, em

seguida, incubadas por 72h. Após esse período, as amostras foram colocadas em um

irradiador de 60Co (GammaCell 220 Excel) e irradiadas por períodos de 1,5; 2,5; 3,5; 4,5

e 6

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22

Tabela 1. Caracterização química e física de quatro solos, com teores crescentes de carbono orgânico total, provenientes da região semi-árida do Nordeste brasileiro.

Solo C N P K Ca Mg Na pH (H2O) Densidade Areia Silte Argila

---g kg-1--- mg kg-1 -------- cmolc. kg solo-1 -------- g cm-3 --------------- % ---------------

1

4,8 0,46 0,6 0,18 1,75 1,10 0,14 6,4 1,20 83,0 11,0 6,0

2 9,9 0,85 6,0 0,13 2,08 1,35 0,13 5,8 1,16 73,3 13,4 13,3

3 15,8 1,27 3,1 0,16 2,25 1,28 0,14 5,5 1,08 66,3 12,6 21,1

4 29,2 2,38 1,9 0,18 1,27 1,18 0,08 4,6 0,94 47,0 10,0 43,0

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h, de maneira a atingir doses de 15, 25, 35, 45 e 60 KGy, respectivamente. Essa metodologia

foi proposta por Powlson e Jenkinson (1975).

Os valores de carbono da biomassa microbiana das amostras irradiadas e do solo

controle não irradiado foram determinados de acordo com a metodologia descrita em Vance et

al.(1987).

A quantificação do carbono microbiano foi feita utilizando-se o método da oxidação

do carbono pelo permanganato de potássio, como agente oxidante, e a quantificação por

colorimetria em espectrofotômetro com comprimento de onda de 495 nm (Bartlett e Ross,

1988).

Para avaliar a eficiência de esterilização do solo pelas doses de radiação, foram

realizadas quantificações de fungos e bactérias, tanto nas amostras irradiadas com nas não

irradiadas. Para isso, sub-amostras de 10g de solo foram pesadas, transferidas para

Erlenmeyers, contendo 90 ml de solução salina de NaCl a 0,85%, e homogeneizadas em

agitador orbital por 1 hora. Posteriormente, foram realizadas diluições seriadas (10-1 a 10-5)

das suspensões obtidas, e alíquotas de 100µL foram distribuídas com o auxílio de alça de

Drigalsky, em placas de Petri, contendo meio de cultura Sabourand com ciclohexamida, na

concentração de 100 mg mL-1, para isolamento e quantificação de fungos, e meio de cultura

TSA com estreptomicina, na concentração de 100 mg.mL-1, para bactérias, conforme o

método descrito por Korn-Wendisch e Kützner (1992). Todo o procedimento foi realizado em

câmara de fluxo laminar. Após o plaqueamento, as placas foram incubadas a 30°C, em

câmara de crescimento tipo B.O.D., durante 24 h para bactérias e 48 a 72 h para fungos. As

colônias crescidas foram quantificadas com auxílio de um contador eletrônico de colônias.

Comparação de metodologias de esterilização para quantificação do carbono

microbiano do solo.

Antes de serem submetidas à esterilização e extração do carbono microbiano, as

amostras dos solos utilizados foram incubadas para recuperação do crescimento microbiano e

aumento da biomassa microbiana. Para isso, seis amostras contendo 20g de cada um dos

quatro tipos de solos foram acondicionadas em sacos de polietileno, umedecidas até atingir

40% da capacidade de campo e em seguida incubadas por 72 h. Para esterilização dos solos

foram comparados os métodos de fumigação com clorofórmio em dessecador, aplicação

direta de clorofórmio, radiação gama e radiação por microondas, conforme detalhado a seguir.

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1) Fumigação em dessecador: consiste na esterilização dos microrganismos do solo com a

utilização do vapor do clorofórmio. Em um dessecador foi colocado um vidro de extrato,

contendo 20 g da amostra de solo úmido para ser fumigado, juntamente com um becker com

25 ml de clorofórmio e outro becker com água para manter a umidade. O dessecador foi

fechado e submetido o vácuo durante 2 a 5 minutos, até o borbulhamento do clorofórmio. Em

seguida, as amostras foram mantidas por 24 h no dessecador. Após esse período, foram

retirados os beckers contendo água e clorofórmio e fez-se novamente vácuo para retirar o

excesso do fumigante do solo (Vance et al., 1987; De-Polli e Guerra, 1999).

2) Aplicação direta de clorofórmio: foi aplicado 1 ml de clorofórmio diretamente nos frascos

contendo 20 g de solo, que em seguida foram vedados e incubados por 24 h. Após esse

período, os frascos foram abertos por 20 minutos em uma capela de exaustão para eliminação

do fumigante (Witt et al., 1998).

3) Radiação gama: As amostras foram irradiadas por 2,5 h, de maneira a atingir uma dose de

25 KGy (Powlson e Jenkinson, 1975).

4) Radiação por microondas: Amostras contendo 20g de solo foram irradiadas em aparelho de

microondas com tempo pré-determinado pelo cálculo da potência do aparelho de microondas

(Islam e Weil, 1998).

O carbono da biomassa microbiana foi determinado de acordo com a metodologia

descrita na seção anterior, com base em Vance et al. (1987) e a quantificação do carbono

microbiano foi feita utilizando-se o método descrito em Bartlett e Ross (1988). A

quantificação de fungos e bactérias foi realizada conforme o método descrito anteriormente,

baseado em Korn-Wendisch e Kützner (1992).

Análise estatística

Para a comparação das doses de radiação gama foi usado um delineamento

experimental inteiramente casualizado em esquema fatorial 5x4, sendo cinco doses de

radiação gama e quatro tipos de solo. Para a comparação dos métodos de esterilização de

microrganismos do solo foi utilizado um delineamento experimental inteiramente casualizado

em esquema fatorial 4x4, sendo quatro métodos de esterilização e quatro tipos de solo. Os

24

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dados de contagem foram transformados em 1+x (Banzatto e Kronka 1992), e foram feitos

desdobramentos das interações entre os fatores, análises de variância e a comparação das

médias pelo teste de Tukey a 5% de significância. Para o fator dose foram realizadas análises

de regressão e ajustadas às equações com maior coeficiente de determinação. Os dados foram

analisados com o programa estatístico SISVAR Versão 4.6 (Ferreira, 2000).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Comparação de doses de radiação γ de 60Co

A radiação gama provocou a morte da maior parte dos microorganismos do solo já a

partir da dose mais baixa utilizada no presente estudo. O plaqueamento do extrato dos solos

irradiados demonstrou que a dose de 15 KGy foi capaz de reduzir em cerca de 99% as

unidades formadoras de colônias (UFC) nas placas incubadas, tanto fungos quanto de

bactérias, mas não esterilizou completamente os solos (Tabela 2). A dose de 25 KGy,

recomendada por Powlson e Jenkinson (1975), causou a completa esterilização dos solos,

independente dos teores de carbono, pelo menos no que diz respeito ao crescimento de

colônias de bactérias ou fungos. Como era de se esperar, também não houve formação de

colônias de bactérias e fungos nos extratos de solo das amostras irradiadas com doses acima

de 25 KGy, ou seja, 35, 45 e 60 KGy. Wolf et al. (1989) quando utilizaram doses entre 50 e

60 KGy observaram esterilização total de fungos e bactérias em solos com diferentes teores

de carbono total. É interessante mencionar que, nas amostras de solo não irradiadas, o solo 3,

apesar de não apresentar o maior valor de carbono total, foi o que apresentou maior número

de UFC dentre os solos estudados (Tabela 2).

Os valores de carbono microbiano dos quatro tipos de solos foram crescentes com o

aumento das doses de radiação gama aplicadas (Figura 1). Para os solos 1 e 3, as equações de

segundo grau foram as que melhor ajustaram as doses crescentes de radiação, apresentando

pontos da máxima de 53 e 60 KGy, respectivamente. No caso dos solos 2 e 4, as equações de

primeiro grau foram as que mais se ajustaram. Os valores de carbono microbiano obtidos com

a dose de 25 KGy foram, aproximadamente, 16, 62, 119 e 86 mg C kg-1 para os solos 1 a 4,

respectivamente. Observou-se que o solo 3 foi o que apresentou significativamente maior teor

de carbono microbiano após a irradiação com 25 KGy de radiação gama (Figura 1). Este

resultado é coerente com os resultados do plaqueamento (Tabela 2), que demonstram um

25

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Tabela 2. Quantificação de bactérias e fungos presentes em quatro solos com teores crescentes de carbono orgânico, após esterilização com diferentes doses de radiação gama.

* UFC – Unidade Formadora de Colônias

Solos Teores de carbono no solo Doses de radiação gama (KGy)

0 15 25 35 45 60

----g kg-1---- -------------------- UFC* x 103 gss-1 --------------------

Bactérias

1 4,8 243 0,063 0 0 0 0 2 9,9 650 0,050 0 0 0 0 3 15,8 850 0,078 0 0 0 0 4 29,2 300 0,037 0 0 0 0

Fungos

1 4,8 3 0,013 0 0 0 0 2 9,9 28 0,017 0 0 0 0 3 15,8 28 0,015 0 0 0 0 4 29,2 8 0,010 0 0 0 0

26

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0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 10 20 30 40 50 60 70

Doses de Radiação (KGy)

Car

bono

(m

g kg

-1)

Solo1Solo2Solo3Solo4

Figura 1. Comparação dos teores de carbono extraídos de quatro solos com teores crescentes de carbono orgânico, após irradiação com cinco doses de radiação gama. Barras verticais representam à diferença mínima significativa.

27

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maior crescimento de colônias para o solo 3, em comparação com os demais solos. Essa

diferença na relação entre o carbono total e o carbono microbiano é exatamente o parâmetro

que faz da biomassa microbiana um indicador útil para a avaliação da qualidade de diferentes

tipos de manejo ou de solo.

Nas doses acima de 25 KGy, observaram-se liberações crescentes de carbono,

indicando que a radiação gama poderia estar disponibilizando para extração frações de

carbono do solo que não a da biomassa microbiana, já que os microrganismos foram mortos

na dose de 25 KGy (Tabela 2). Esses resultados merecem uma análise mais cuidadosa, uma

vez que os dados obtidos indicam que doses acima de 25 KGy podem superestimar os valores

de carbono microbiano do solo. Em decorrência disso, é também possível que a radiação

gama venha a ser uma ferramenta útil para extrair frações lábeis da matéria orgânica do solo,

além do carbono da biomassa microbiana. Por exemplo, no caso do solo 1, essa extração

adicional em doses acima de 25 KGy foi relativamente menor (182% a mais de carbono para

a dose de 60 KGy), talvez pelo fato desse solo ter sido intensamente cultivado por vários

anos, ter menor quantidade de carbono total e, conseqüentemente, menos carbono lábil a ser

extraído pelas doses adicionais de radiação. Comportamento semelhante foi observado para o

solo 3, mas com extração de carbono superior à do solo 1 (203% a mais de carbono para a

dose de 60 KGy). Já nos solos 2 e 4, os valores de carbono não se estabilizaram após a dose

de 25 KGy e cresceram linearmente até a última dose, de 60 KGy (375 e 398% a mais de

carbono, respectivamente), indicando que ainda seria possível extrair mais carbono com doses

maiores que 60KGy. Entretanto, são necessários estudos adicionais mais detalhados para

testar a hipótese do uso da radiação gama para a extração de frações lábeis da matéria

orgânica do solo.

Comparação de metodologias de esterilização para quantificação do carbono microbiano do

solo

O teor de carbono orgânico total do solo teve influência significativa sobre a

comparação dos métodos de esterilização do solo e determinação do carbono da biomassa

microbiana. No caso do solo com menore teor de C total (solos 1), não foi observado

diferença nos teores de carbono microbiano entre os métodos testados (Tabela 3). No entanto,

para o solo 3, o teor de carbono da biomassa microbiana foi significativamente maior após

esterilização do solo com radiação gama do que com os métodos de fumigação em

dessecador, a aplicação direta de clorofórmio e com o método radiação por microondas.

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Tabela 3. Quantificação do carbono da biomassa microbiana de solos com teores crescentes de carbono, utilizando-se diferentes metodologias de esterilização.

1Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Letras maiúsculas comparam dentro de cada linha e minúsculas dentro de cada coluna.

Metodologias

Solo Teores de Carbono

Fumigação direta

Fumigação em dessecador Microondas Radiação

gama

---g kg-1---

---------------------------- mg C kg solo-1 ----------------------------

1

4,8

14,8 Ab1

16,1 Ac

22,5 Ac

22,6 Ac

2

9,9

69,4 Aa

46,0 Bb

64,7 ABb

74,03Ab

3

15,8

63,6 BCa

56,5 Cb

81,6 Bab

107,3 Aa

4

29,2

71,8 Ba

85,3 ABa

92,8 Aa

97,1 Aa

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De uma maneira geral, os métodos de esterilização do solo foram capazes de

detectar as diferenças dos teores de carbono microbiano dos quatro solos com valores

crescentes de carbono orgânico total.

Os resultados do plaqueamento mostraram claramente que os métodos do

microondas e da radiação gama foram capazes de eliminar completamente os fungos e

bactérias dos solos estudados, enquanto os dois tratamentos com clorofórmio não foram

eficazes na eliminação dos microrganismos do solo (Tabela 4). Wolf et al. (1989) também

realizaram o plaqueamento após a esterilização dos microrganismos com diferentes métodos e

observaram esterilização total de fungos e bactérias, quando utilizaram entre 50 e 60 KGy de

radiação com uma fonte de 60Co em solos com diferentes teores de carbono total, enquanto a

fumigação em dessecador não foi capaz de eliminar os fungos e bactérias.

Comparando-se a esterilização entre os dois tratamentos com uso de clorofórmio,

observaram-se significativamente mais UFC de bactérias no método de utilização de vapor de

clorofórmio em dessecador, enquanto houve mais UFC de fungos após a utilização da

aplicação direta do clorofórmio ao solo (Tabela 4). Contrário ao esperado, após a aplicação

direta, observou-se um maior número de UFC de bactérias para o solo 1, e não para os demais

solos, que continham maior UFC no solo não esterilizado (Tabela 4). No caso dos fungos,

observaram-se mais UFC no solo 2, para os dois tratamentos com fumigação, mas o solo não

esterilizado mostrou maior UFC para os solos 2 e 3. Observou-se uma deficiência de

informações sobre os reais efeitos de diferentes métodos de esterilização do solo, pois a

maioria dos trabalhos emprega a quantificação do carbono da biomassa microbiana como

indicativo de qualidade destes métodos de esterilização, sem posteriormente proceder à

quantificação dos microrganismos para verificar a sua eficácia.

30

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Tabela 4. Quantificação de bactérias e fungos em solos com teores crescentes de carbono, depois de submetidos os diferentes métodos de esterilização.

Metodologias

Solo

Teores de Carbono

Não Esterilizado

Fumigação Direta

Fumigação Dessecador Microondas Radiação

gama

---g kg-1--- --------------------------- UFC* x 103 gss-1 ---------------------------

Bactérias

1 4,8 243 23 Ba1 42 Aa 0 Ca 0 Ca 2 9,9 650 11 Bb 37 Aa 0 Ca 0 Ca 3 15,8 850 13 Bab 33 Aa 0 Ca 0 Ca 4 29,2 300 11 Bb 32 Aa 0 Ca 0 Ca

Fungos

1 4,8 3 5 Ac 0,5 Bb 0 Ca 0 Ca 2 9,9 28 10 Aa 3 Ba 0 Ca 0 Ca 3 15,8 28 7,5 Ab 0,5 Bb 0 Ca 0 Ca 4 29,2 8 7,5 Ab 0,5 Bb 0 Ca 0 Ca

1Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Letras maiúsculas comparam dentro de cada coluna e minúsculas dentro de cada linha. * UFC – Unidade Formadora de Colônias

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CONCLUSÕES

1. A dose de radiação gama mais adequada para esterilização dos solos utilizados no

presente estudo foi de 25 KGy, independente do teor de carbono dos solos. Doses de

radiação gama superiores a 25 KGy, aparentemente extraíram carbono de outros

compartimentos do solo, o que poderia superestimar os valores do carbono microbiano do

solo.

2. Os métodos de radiação em microondas e radiação gama mataram completamente os

fungos e bactérias nos solos estudados, independente do teor de carbono, enquanto os

métodos de fumigação com clorofórmio em dessecador e aplicação direta de clorofórmio

não esterilizaram completamente os solos.

3. O método de radiação por microondas parece ser o mais prático e viável, em virtude da

maior acessibilidade aos equipamentos e menor tempo de execução que o método de

radiação gama.

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