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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSO CAMPUS CUIABÁ – BELA VISTA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL LAURA MARIA ORTIZ FELTRIN Comparação de Dois Microclimas em Cuiabá- MT: Área Construída- Comando Geral do Corpo de Bombeiros e o Parque Massairo Okamura Cuiabá / MT Junho 2010

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO

GROSSO

CAMPUS CUIABÁ – BELA VISTA

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL

LAURA MARIA ORTIZ FELTRIN

Comparação de Dois Microclimas em Cuiabá- MT: Área Construída-

Comando Geral do Corpo de Bombeiros e o Parque Massairo Okamura

Cuiabá / MT

Junho 2010

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LAURA MARIA ORTIZ FELTRIN

Comparação de Dois Microclimas em Cuiabá- MT: Área Construída-

Comando Geral do Corpo de Bombeiros e o Parque Massairo Okamura

Trabalho apresentado ao Curso Tecnológico em

Gestão Ambiental do Instituto Federal de

Educação de Mato Grosso, como requisito parcial

para conclusão do curso.

Orientadora: Prof. MSc. Eleusa Maria Almeida

Co-orientadora: MSc. Simone Schreiner

Cuiabá / MT

Junho 2010

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LAURA MARIA ORTIZ FELTRIN

COMPARAÇÃO DE DOIS MICROCLIMAS EM CUIABÁ-MT: ÁREA

CONSTRUÍDA-COMANDO GERAL DO CORPO DE BOMBEIROS E O

PARQUE MASSAIRO OKAMURA

Trabalho de Conclusão de Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental, submetido à

Banca Examinadora composta pelos Professores convidados e do Instituto Federal de

Educação Ciência e Tecnologia de Mato Grosso como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Graduado.

Aprovado em 30 de junho de 2010.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________ Orientadora: Prof. MSc. Eleusa Maria Almeida

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Mato Grosso

(IFMT - Campus Cuiabá Bela Vista)

_________________________________________________________ Co-Orientadora: Prof. MSc. Simone Schreiner

Mestre em Geografia-Ambiente e Desenvolvimento Regional da Universidade Federal de Mato Grosso

_________________________________________________________ Prof. MSc. James Moraes de Moura

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Mato Grosso

(IFMT - Campus Cuiabá Bela Vista)

_________________________________________________________ Prof. MSc. Rodrigo Ferreira de Morais

Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Mato Grosso

(IFMT - Campus Cuiabá Bela Vista)

Cuiabá / MT

Junho 2010

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AGRADECIMENTOS

Durante a ampla jornada que passei ao longo do curso, foram grandes as dificuldades

que tive que enfrentar, mas com muita garra consegui superar, e isso só foi possível graças a

várias pessoas que me auxiliaram e me deram força nos momentos mais difíceis, deixo aqui

meus sinceros agradecimentos.

Aos meus pais, Marilucia Ortiz Feltrin e Danilo Jerônimo Feltrin que me deram à vida,

e mesmo de longe sempre me apoiaram, e me deram forças para continuar minha caminhada.

Agradeço também ao meu esposo Drailer Jhon Mariscal Pena, que sempre esteve do

meu lado em todos os momentos, e que me ajudou na realização desse grande sonho, muitas

vezes abrindo mão de suas conquistas.

Ao meu grande amigo João Francisco A. Kosugue, que sempre me ajudou na trajetória

do curso e principalmente na minha pesquisa e por sua sincera amizade dentro e fora da

instituição, deixo meu eterno agradecimento.

Agradeço Professora Ms. Eleusa Maria Almeida, pela orientação e por acreditar na

realização desse trabalho, sendo mais que um a simples professora, sendo uma grande mãe.

A Professora Ms. Simone Schereiner que foi mais que uma co-orientadora, foi uma

grande amiga que me ensinou muitas coisas e me deu muita força na realização desse

trabalho, muito obrigado.

Agradeço a Professora Dr. Gilda Maitelli Tomassini por ter cedido as estações

climatológicas pra a pesquisa desse trabalho.

Agradeço ao Sr. Alinor Soares de Farias que me ajudou na concretização da minha

pesquisa, colaborando na instalação da estação climatológica, com muita boa vontade, bem

como a instituição que me cedeu local para instalação da mesma.

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RESUMO

Nos centros urbanos, se torna cada vez mais necessário a existência de unidades de conservação e áreas verdes ou vegetadas que irão contribuir diretamente com a manutenção do microclima e dos corpos d’águas existentes, além de ajudar a auto defesa do meio ambiente. Com o propósito de comparar o microclima de duas áreas distintas sendo uma área verde e outra área urbanizada, no que se refere à temperatura e a umidade relativa do ar, o presente trabalho propõe uma descrição da paisagem vegetal nas duas estações climáticas da região: seca (outono-inverno) e chuvosa (primavera-verão) e relacionar com variações climáticas, através de dados climatológicos coletados na estação Climatológica. A metodologia consistiu em consultas bibliográficas e observações da vegetação na área verde (parque), em diferentes períodos do ano, com registros fotográficos da paisagem e comparações com dados de temperatura e umidade relativa do ar registrado em duas estações climatológicas automáticas instaladas no Parque Massairo Okamura (área verde) e outra no Comando Geral do Corpo de Bombeiros (área urbanizada). As análises realizadas a partir das observações empíricas e dos dados climatológicos mostravam que na estação seca (agosto, setembro e outubro) a temperatura média do ar, variou de 18,4 °C a 33,7 °C, dessa forma a temperatura média mais elevada foi registrado na área construída no mês de setembro de 2009. Sendo o mês de outubro o que registrou maiores diferenças, pois nesse mês a área construída estava 1,4 °C mais quente que área vegetada. As umidades relativas do ar desses três meses da estação seca em sua média demonstraram oscilações que variam de 87,4% a 33,2%. Assim a maior e menor umidade foi registrada no mês de agosto de 2009. Portanto a umidade relativa do ar registrada na área construída apresentava maior em relação à área vegetada. Na estação chuvosa referente aos meses de novembro, dezembro (2009) e janeiro, fevereiro (2010), a temperatura média do ar, variou de 23,8°C a 31,9°C, dessa forma a temperatura média mais elevada desse período foi registrado na área construída em novembro de 2009. A umidade relativa do ar nesse período ocorreu uma maior diferença na umidade relativa do ar entre as duas áreas, variando de 58,6% a 99%. A área vegetada registrava maior umidade do que a área construída, apresentando uma diferença máxima de 21% e mínima de 7%. Dessa forma a análise dos dados verificou-se que as áreas verdes dentro de unidades urbanas são de grande relevância para amenizar a temperatura dos microclimas.

Palavras Chaves: Clima urbano. Microclimas. Áreas Verdes.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Imagem detalhada do Parque Massairo Okamura ...................................................19 Figura 2: Imagem detalhada do Comando Geral do Corpo de Bombeiros .......................21 Figura 3: Comando geral do corpo de bombeiros. Fonte: Feltrin 2009. ...........................22 Figura 4: Aspectos diferenciados da Vegetação: (A) árvore durante a estação seca, (B) árvores durante a estação chuvosa. Fonte: Feltrin 2009/2010. ............................................23 Figura 5: Variação mensal da temperatura média do ar no período de estiagem (agosto a outubro de 2009) em Cuiabá, MT. ...........................................................................................24 Figura 6: Variação mensal da Umidade Relativa do Ar (%) no período de estiagem (agosto a outubro de 2009) em Cuiabá, MT. ...........................................................................................26 Figura 7: Aspecto da Vegetação do Parque Massairo Okamura: (A) perda de folhas, (B) chão recoberto de folhas....................................................................................................................27 Figura 8: Parte do Parque Massairo Okamura que apresenta degradação: (A) e (B) solo exposto......................................................................................................................................27 Figura 9: Variação mensal da temperatura média do ar no período de chuva (novembro de 2009 a fevereiro de 2010) em Cuiabá, MT...............................................................................28 Figura 10: Variação mensal da Umidade Relativa do Ar (%) no período de chuva (novembro a fevereiro de 2009) em Cuiabá, MT........................................................................................30 Figura 11: Aspecto da Vegetação do Parque Massairo Okamura: (A) aspecto de brotamento, (B) pós – brotamento. Fonte: Feltrin 2009/2010. ...................................................................31 Figura 12: Parte do Parque Massairo Okamura que apresenta degradação: (A) e (B) solo exposto......................................................................................................................................31 Figura 13: Médias termohigrométricas do período estudado. .................................................33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Relação entre Temperatura e Umidade relativa do ar (agosto de 2009 a fevereiro de

2010, em Cuiabá/MT)...............................................................................................................32

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................8 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................................11

2.1. A importância da presença de vegetação para a urbanização...............................15 2.2 Escalas ........................................................................................................................16

3. METODOLOGIA.................................................................................................................18 4. CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO............................................................19

4.1 Parque Estadual Massairo Okamura...........................................................................19 4.2 Processos de Formação ............................................................................................20 4.3 Comando Geral do corpo de Bombeiros-Porto ......................................................21

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................................................23 5.1 Estação seca................................................................................................................23 5.2 Estação chuvosa..........................................................................................................28

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...............................................................................................34 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................35

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1. INTRODUÇÃO

O clima é uma das grandes preocupações ambientais da atualidade, principalmente no

que se refere às mudanças provocadas pelas atividades antrópicas. Essas mudanças são

decorrentes da relação histórica sociedade/natureza e tem gerado profundas discussões

sobre as questões ambientais em todos os segmentos da sociedade.

Nos centros urbanos, torna-se cada vez mais necessário a existência de unidades de

conservação e áreas verdes ou vegetadas que irão contribuir diretamente com a manutenção

do micro-clima e dos corpos d’águas existentes, além de ajudar a auto defesa do meio

ambiente.

A forma como acontece o uso e a ocupação do solo urbano relacionado à disposição

do relevo pode gerar significativas alterações no campo térmico urbano. Deste modo, o

descontrole processual em que se dá o uso desse solo dificulta tecnicamente a implantação de

infra-estrutura, produz altos custos de urbanização e gera desconforto ambiental, tanto em

nível térmico, acústico, visual ou de circulação. Tudo isso contribui, de acordo com

Lombardo (1985, p. 18) para uma contaminação ambiental que resulta num ambiente

desagradável para o convívio humano.

De acordo com Conti (2000), o clima é o resultado de um processo complexo

envolvendo atmosfera, oceano, superfícies sólidas (vegetadas ou não), neve e gelo,

apresentando enorme variabilidade no espaço e no tempo. A evolução do comportamento

atmosférico nunca é igual de um ano para outro e mesmo de uma década para outra, podendo

(se verificar flutuações a curto, médio e longo prazo).

Conforme Ayoade (1988), o homem pode influenciar o clima através de suas

atividades e ações, tais como a urbanização, industrialização, derrubada de árvores

(desmatamento), atividades agrícolas, drenagem e construção de lagos artificiais, quando os

rios são represados. Porém o maior impacto do homem sobre o clima acontece nas áreas

urbanas. O homem tem exercido uma influência tão grande nessas áreas, que o clima urbano é

bastante distinto, por suas características, do clima das áreas rurais circundantes.

Dessa maneira é evidente que a urbanização exerce influencia direta no clima da

cidade. Além da influencia do homem sobre o clima, o clima também influencia o homem. Há

varias maneiras pela qual o clima age sobre o homem: “O essencial para a vida humana no

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planeta é especialmente o ar, a água, o alimento, o vestuario e o abrigo, que são todos

dependentes das condições meteorologicas”(AYOADE, 2003).

Segundo Mendonça e Danni-Oliveira (2007), a vegetação desempenha um papel

regulador de umidade e de temperatura extremamente importante. Tomando-se as áreas

florestadas como exemplo, observa se que suas temperaturas serão inferiores das áreas

vizinhas com outro tipo de cobertura como campo.

A umidade relativa do ar representa a quantidade de vapor d’água contido na

atmosfera. Dessa forma ela resulta da evaporação das águas a partir das superfícies terrestres e

hídricas e da evapotranspiração de animais e vegetais, portanto, depende do calor para

produzir a evaporação da água e, logicamente, necessita de água para ser evaporada. Assim,

por exemplo, um deserto tem calor suficiente para promover o processo de evaporação, mas

não dispõe de água para ser evaporada e a umidade do ar permanece baixa, (Torres; Oliveira,

2008).

O Parque Estadual Massairo Okamura é uma área verde em pleno meio urbano da

capital Cuiabá, localizado no bairro Morada do Ouro. Além de prover aos habitantes da região

e visitantes com uma bela área verde, também contribui para preservar as nascentes dos

córregos do Barbado e Moinho, que tributam ao rio Coxipó.

A vegetação além de ser um importante componente regulador da temperatura do ar da

cidade, utiliza parte da radiação em seus processos, amenizando, portanto as condições

térmicas do ambiente. Assim como as áreas mais arborizadas das cidades, àquelas localizadas

próximo aos grandes corpos d’água, aos reservatórios tendem a apresentar temperaturas mais

amenas.

Assim sendo, em Cuiabá, com o aumento nos últimos anos das construções urbanas,

provavelmente houve maiores irregularidades nos eventos climáticos devido ao

desmatamento, canalização dos córregos e rios, terra planagem, asfalto, impermeabilização

dos quintais, etc. Verifica se a necessidade de preservação e manutenção das áreas verdes

ainda existentes, devido à relação destas com os elementos climáticos.

O uso das áreas verdes além de propiciar lazer a população, também é responsável por

amenizar os efeitos causados pela intensa densitificação dos ambientes urbanos. A massa

construída provoca impactos no microclima das regiões que poderão ser amenizadas pela

presença da vegetação.

Com o propósito de comparar o microclima de duas áreas distintas sendo uma área

verde e outra área urbanizada, no que se refere à temperatura e a umidade relativa, o

presente trabalho propõe uma descrição da paisagem vegetal nas duas estações climáticas

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da região: seca (outono-inverno) e chuvosa (primavera-verão) e relacionar com variações

climáticas, através de dados climatológicos coletados na estação Climatológica DAVIS –

WEATHER MONITOR II.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No Brasil, estudos sobre a distribuição de temperatura do ar nas cidades começaram a

ser desenvolvidas no final da década de 70. Danni-Oliveira (1987) afirma que os primeiros

estudos foram realizados na cidade de Porto Alegre, diagnosticando a formação de ilha de

calor na cidade com uma intensidade média de 5°C.

Segundo Nimer (1989), o clima é um fenômeno dinâmico, assim não pode ser

compreendido e analisado sem a seleção dos fatores dinâmicos (mecanismos

atmosféricos). Todos os fatores climáticos estáticos, tais como relevo, agem sobre o

clima de determinada região em interação com os sistemas regionais de circulação

atmosférica.

Danni-Oliveira (1995) considera o clima urbano como um sistema de interelação

complexas do qual faz parte a cidade com todos os seus atributos e os aspectos físicos do

espaço em que se insere. Conforme Monteiro (apud DANNI-OLIVEIRA, 1995) do ponto

de vista taxonômico, o clima urbano resulta da interferência da superfície sobre a camada

de ar imediata (microclima), e desta com a camada limite (mesoclima).

A presença de vegetação traz diversos benefícios para o clima local, como ressalta

Feiber (2004) que o uso das áreas verdes além de propiciar o lazer da população é

responsável por amenizar os efeitos de aquecimento causados pela intensa densidade das

construções nos ambientes urbanos onde a massa construída provoca impactos no micro

clima.

Segundo Mendonça e Danni-Oliveira (2007), a umidade relativa do ar é certamente o

termo mais conhecido para representar a presença de vapor no ar. Ela expressa uma relação de

proporção relativa entre o vapor existente no ar e o ponto de saturação do mesmo. Assim ela

mostra em percentual o quanto de vapor está presente no ar em relação á quantidade máxima

possível de vapor que nele poderia haver sob a temperatura em que se encontra. Dessa forma

a umidade relativa é inversamente proporcional ao ponto de saturação de vapor (psv), em

conseqüência, ela é também inversamente proporcional à temperatura do ar, já que esta que

controla o teor de umidade máxima presente em um volume de ar.

De acordo com Amorim (2005), a cidade constitui a forma mais evidente de

transformação da paisagem natural. A modificação nos elementos do clima possui grande

repercussão ecológica, pelo fato de afetar de maneira imediata as pessoas através do

desconforto térmico e da aglomeração de poluentes.

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Visando promover o desenvolvimento de estudos Climatológicos, Mendonça e Danni-

Oliveira (2007) asseguram que a demarcação da área (tridimensional) de estudo é

fundamental, sendo a escala climática relacionada com a extensão, ou ordem de grandeza,

espacial e temporal, segundo o qual os fenômenos climáticos são estudados. Deste modo

esses autores destacam três escalas espaciais do clima:

• Macroclima – é a maior das unidades climáticas e compreende áreas muito extensas da

superfície da Terra. Sua abrangência vai desde o planeta (clima global), passando por

faixas ou zonas (clima zonal), até extensas regiões (clima regional). A extensão espacial

do macroclima é superior a milhões de km², sendo sua definição subordinada à circulação

geral da atmosfera, a fatores astronômicos e fatores geográficos maiores como as grandes

divisões do relevo, oceanos, continentes e as variações da distribuição da radiação no

planeta (baixas e altas latitudes).

• Mesoclima – é a unidade intermediária entre as de grandeza superior e inferior do clima.

O clima regional é uma subunidade de transição entre a ordem superior e esta. O clima

local e o topoclima também se configuram em subunidades do mesoclima. O clima local é

definido por aspectos específicos de determinados locais, como uma grande cidade, um

litoral, uma área agrícola. E o topoclima é definido pelo relevo, e ambos estão inseridos

no clima regional. O mesoclima possui uma extensão espacial bastante variável, as

subunidades clima local e topoclima se enquadram de km² a dezenas de km², enquanto o

clima regional situa-se em dimensões superiores a esta. O dinamismo do movimento da

atmosfera por meio dos sistemas atmosféricos, a circulação secundária e regional, que irão

definir as dimensões das subunidades do mesoclima.

• Microclima – é a menor e a mais imprecisa unidade escalar climática, sua extensão pode

ir de alguns centímetros até algumas dezenas de m² ou centenas de m². Os fatores que

definem essa unidade são: movimento turbulento do ar na superfície (circulação terciária),

determinados obstáculos a circulação do ar, detalhes do uso e da ocupação do solo, etc.

Um exemplo de microclima é o clima de uma rua, de uma casa etc.

Segundo Ayoade (1988), diversos fatores influenciam a distribuição da temperatura

sobre a superfície da Terra, destacando a quantidade de insolação recebida, a natureza da

superfície, a extensão de corpos hídricos, o relevo, a natureza dos ventos predominantes e as

correntes oceânicas.

Mendonça (1994) chama a atenção ao uso e ocupação do solo urbano, mesmo este se

constituindo num importante derivador dos ambientes climáticos da cidade, não pode ser

tomado como exclusividade do estudo do clima urbano, pois a cidade tem sua base física no

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território. Assim o autor destaca que o espaço construído é um fator muitas vezes

determinante da característica do clima urbano, mas não é o único a entrar na sua formação.

Conforme Mendonça e Danni-Oliveira (2007), a superfície terrestre é importante nos

processos de transferência de energia do sistema, no qual a energia emitida pela superfície

terrestre é a maior responsável pelo aquecimento do ar na Troposfera. Portanto toda a

alteração provocada pelas sociedades (concentração de vapor de água e CO2), modificação da

superfície da Terra irá repercutir no balanço de energia do SSA (Sistema Superfície

Atmosfera).

Sant’Anna Neto (apud SCHREINER, 2009), relaciona a elevação da temperatura nas

áreas urbanas em função de vários fatores, como por exemplo, a verticalização das

construções, criando um verdadeiro “labirinto de refletores” onde a energia proveniente do sol

é refletida e emitida pelos edifícios, aquecendo o ar. Também ocasiona, nessas áreas, a

diminuição da evaporação que ocorre pela redução de áreas verdes e a canalização de rios e

córregos, acarretando na atmosfera uma pequena capacidade de resfriamento do ar. A energia

antrópica, ou seja, aquela produzida pelo homem, também provoca aumento do calor, pois ela

ultrapassa o balanço médio de radiação. Assim, os calores produzidos pelo trânsito, pelas

indústrias e pelas habitações elevam consideravelmente a temperatura do ar na cidade e reduz

umidade relativa.

Danni-Oliveira (1995), aponta a questão do ar aquecido e a impermeabilização do solo

nas cidades, onde estes elementos interferem no desempenho da umidade relativa (UR),

diminuindo seus valores em relação ao campo. A respeito da impermeabilidade do solo, bem

como do rápido escoamento, estes interferem na evaporação, diminuindo o fornecimento de

vapor d’água para o ar. A autora destaca que a adição de vapor através da evapotranspiração

também é afetada, uma vez que a cobertura vegetal nos centros urbanos é significativamente

menor que no campo. A vegetação funciona como um regulador das condições climáticas,

através dos seus processos vitais, principalmente a evapotranspiração e a fotossíntese.

De acordo com Feiber (2004), a vegetação atua diretamente nos microclimas

urbanos colaborando para sua ambiência sob diversos aspectos, ou seja: ameniza a

temperatura do ar; regula a umidade do ar pelo processo de transpiração; altera a

velocidade e direção dos ventos; funciona como barreira acústica e reduz a concentração

de CO2 no ar.

A evapotranspiração é um dos principais processos realizados pela vegetação que

intervém no clima, quando a transpiração das plantas (retirada de água do solo pelas

raízes e depositando no ar, pela abertura estomática das folhas), utiliza a radiação liquida

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disponível no sistema para realizar esse processo, diminuindo a quantidade de energia

para aquecer o ar (Maitelli, 2005). Na fotossíntese, as plantas retiram gás carbônico (C02)

da atmosfera e contribuem para amenizar a temperatura do ar, uma vez que o CO2 é bom

absorvedor e emissor de energia.

Nesse sentido Sant'Anna Neto (apud SCHREINER, 2009), afirma que a

substituição da vegetação por áreas construídas (cimento, concreto e alvenaria), a

pavimentação asfáltica das ruas, a concentração de parques industriais e o adensamento

populacional (incluindo-se ai atividades humanas inerentes a sua vida na cidade, como

transporte, alimentação etc.), são responsáveis pelo aumento da temperatura do ar nas

cidades.

Monteiro (2003) define o Sistema Clima Urbano (S.C.U.) como o resultado das

interações entre as atividades urbanas e as características da atmosfera local, dentro de um

contexto regional. A partir do sítio urbano que constitui o núcleo do sistema, o espaço

urbanizado mantém relações estreitas com o ambiente regional.

O clima constitui-se numa das dimensões do ambiente urbano e seu estudo tem

oferecido importantes contribuições ao equacionamento da questão ambiental das cidades. “O

clima dessas áreas, ou clima urbano, é derivado da alteração da paisagem natural e da sua

substituição por um ambiente construído, palco de intensas atividades humanas.” (Mendonça,

2000:168).

À medida que a cidade desenvolve, a urbanização se intensifica e a qualidade de vida

nas cidades é comprometida. Para Maitelli (1994), a variável população associada aos

elementos constituintes da estrutura urbana, como a geometria das ruas e dos prédios

explicam as alterações de temperatura e umidade nas áreas centrais das cidades em relação

aos seus arredores.

Segundo Zamparoni (apud SCHREINER, 2009), as áreas urbanas, constituem-se um

exemplo significativo de apropriação e organização do espaço pela substituição da vegetação

natural em grande escala em curto espaço de tempo, gerando alterações climáticas em

decorrência de suas atividades produtivas.

De acordo com Lombardo (1985) no centro das áreas urbanas, em lugares de pouca

vegetação, que as temperaturas alcançam valores máximos. E os valores mínimos de

temperatura são registrados em áreas verdes e próximo a reservatórios de água. A autora

explicita que a elevada densidade demográfica, a concentração de área construída, a

pavimentação asfáltica e as áreas industriais podem interferir nas alterações do clima local,

notadamente nos valores de temperatura do ar.

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Conforme Ayoade (2006), o homem pode influenciar no clima inadvertidamente

através de suas várias atividades e ações, tais como a urbanização, industrialização,

desmatamento, atividades agrícolas etc. O maior impacto do homem sobre o clima acontece

nas áreas urbanas.

2.1. A importância da presença de vegetação para a urbanização

A urbanização, independente da escala, provoca alterações no ambiente das

cidades e essas alterações atingem diretamente no microclima e na atmosfera das cidades,

no ciclo hidrológico, no relevo, na vegetação e na fauna nativa local. A principal causa

destas modificações é a retirada da vegetação nativa para construções ou a substituição

das mesmas por ruderais ou por plantas exóticas, que muitas vezes, atuam com pequena

função ecológica.

Segundo Guzzo (2000), “as áreas verdes urbanas proporcionam melhorias no

ambiente excessivamente impactado das cidades e benefícios para os habitantes das

mesmas”.

As áreas verdes urbanas possuem funções diferenciadas, Guzzo classifica - as da seguinte

maneira:

• Função Ecológica: necessita - se apresentação da vegetação, do solo não

impermeado e de uma fauna mais diversificada, promovendo melhorias no clima,

na qualidade do ar, água e solo das cidades.

• Função Social: está profundamente pautada com a possibilidade de lazer que essas

áreas proporcionam à população.

• Função Estética: descreve à diversificação da paisagem edificada e o

embelezamento da cidade.

• Função Educativa: está relacionada com a possibilidade imensa que estas áreas

oferecem como ambiente para o alargamento de atividades extraclasses e de

programas de educação ambiental.

• Função Psicológica: ocorre quando as pessoas em contato com o ambiente natural,

relaxam, funcionando como ante-estresse. (2000).

Entre os diversos benefícios proporcionados pelas áreas verdes urbanas, Milano apud

Cavagnari (1999), destaca:

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• Melhoramento no microclima urbano, através da diminuição das incidências dos

raios solares.

• Atuação contra a poluição, através da aptidão que as folhas têm de absorver e

filtrar os gases poluentes.

• Ação visual, visto que os vegetais são hábeis de atenuar e diminuir os ruídos

comuns aos centros urbanos.

• Benefícios sociais, econômicos e políticos, gerados pela valorização das

propriedades situadas próximas aos espaços arborizados.

A presença de vegetação nas cidades é de extrema importância em diversos

aspectos, assim devem se preservar ao máximo essas áreas.

Segundo Guarim; Silva (2008), as vegetações nativas que antes ocupavam grandes

áreas, além de estarem sendo destruídas rapidamente são freqüentemente divididas em

pequenos pedaços pela atividade humana. Quando a vegetação é destruída, fragmentos

desta geralmente são deixados para trás. Estes fragmentos são geralmente afastados um

dos outros, por uma paisagem altamente modificada ou degradada. Esse processo leva a

uma drástica redução na diversidade biótica local, seja imediatamente, através de efeitos

de perda de área, ou em longo prazo, através dos efeitos de isolamento (Prymack;

Rodrigues, 2002).

Landsberg (1956) afirma que existem causas básicas para que ocorram mudanças

climáticas, podendo ser provocadas pela urbanização, tais como: alterações na superfície

(floresta substituída por construções); produção de calor pela própria cidade – desde o calor

vindo do metabolismo humano e animais, ao calor liberado por fornos de residências e

indústrias, nos últimos anos os motores de combustão interna- veículos e por último a maior

influência da cidade sobre o clima, é a alteração da composição da atmosfera.

2.2 Escalas

O sucesso de uma estação urbana depende da apreciação do conceito de escala.

Conforme Oke (apud SCHREINER, 2009), existem três escalas de interesse em áreas

urbanas:

(a) Microescala – escala típica para microclimas urbanos sendo ajustadas pelo

dimensionamento de elementos individuais: prédios, árvores, estradas, ruas, pátios, jardins e

etc., estendendo-se somente por menos de um até cem metros. As balizas da WMO para uma

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estação climatológica de um open-country são projetadas, evitando os efeitos do microclima e

para padronizar assim como praticável – ajustadas a uma altura de medidas, coberturas

singulares de superfícies, distancias mínimas dos obstáculos e pequena obstrução do

horizonte. O alvo é conseguir observações climáticas livres de influências externas de

microclimas singulares característicos do local.

(b) Escala Local – Essa escala inclui os efeitos da característica das paisagens no clima, tal

qual a topografia, porém exclui os efeitos do microclima. Nas cidades, isso corresponde ao de

vizinhanças com tipos similares de desenvolvimento urbano (cobertura da superfície, tamanho

e espaçamento das construções e atividade). Escala típica para um ou mais quilômetros.

(c) Mesoescala – a influência da cidade no tempo e no clima de toda a cidade, tipicamente de

dez ou mais quilômetros de extensão. Uma única estação não é capaz de representar esta

escala.

A vegetação do Parque Massairo Okamura é composta pelo cerrado que é o segundo

maior bioma do Brasil, em sentido restrito é o tipo de vegetação que se caracteriza pela

presença de árvores baixas, inclinadas, tortuosas, com ramificações irregulares e retorcidas

(Rizzini, 1963).

A cobertura vegetal do Parque é caracterizada por espécies de cerrado e uma mata

ciliar bem definida. Algumas espécies presentes na área: Açoita-cavalo Luebea paniculata

Mart., Angélica Himatantbus obovatus(Müll. Arg.) Woodson, Angico Anadenantbera

colubrina (VeIU, Calvoeiro Callistbene fasciculata (Spreng.) Mart., Cumbaru Diptmyx

alataVogel, Fruta-de-veado Pouteria ramijlora (Malt.) Racllk., Gonçaleiro Astronium

fraxinifolium Schott ex Spreng., Lixeira Curatella americana L., Mamica-de-porca

Zantboxylum rboifolium Lam., Mangava-brava Lafoensia pacari A. St.-Hil. (Guarim; Silva

2008).

Uma das formas de garantir a preservação de comunidades biológicas in situ é o

estabelecimento de áreas legalmente protegidas, embora ainda seja uma medida

controvertida, pois a legislação e aquisição de terras, por si só, não asseguram a

conservação do habitat, mas representam um importante ponto de partida (Prymack;

Rodrigues, 2002).

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18

3. METODOLOGIA

Num primeiro momento o trabalho baseou se em pesquisas teóricas e bibliográficas,

enfocando os conceitos de climatologia urbana, buscando compreender a dinâmica dos fatores

que interferem no clima local. Após esses estudos foram feitas várias visitas no Parque

Estadual Massairo Okamura II, escolhendo o local para instalação da estação. Portanto, a

estação climatológica foi instalada próxima do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia de

Mato Grosso (IFMT), visando à segurança do equipamento, foi necessária a autorização da

Instituição para a instalação da mesma. A estação da área construída já estava instalada,

facilitando assim a pesquisa.

O presente trabalho teve como base os dados de duas estações meteorológica iguais da

marca DAVIS – WEATHER MONITOR II, equipadas com: anemômetro, pluviômetros,

termo-higrômetro, registrando dados diários horários de temperatura do ar, umidade relativa

do ar, precipitação, direção e velocidade dos ventos.

As estações meteorológicas estão localizadas em diferentes áreas, com uso do solo

diferenciado na cidade de Cuiabá: Uma estação localizada no Comando Geral do Corpo de

Bombeiros (Porto), na região noroeste de Cuiabá, próximo à área central, nas coordenadas

geográficas de 15°36’40”S e 56°06’51”W e altitude de 178 m; outra instalada no Instituto

Federal de Mato Grosso (IFMT), dentro de uma área verde – Parque Estadual Mossairo

Okamura II, nas coordenadas geográficas de 15°34’42”S e 56°03’54”W e altitude de 207 m.

Ambas as estações registraram dados no período de agosto de 2009 á fevereiro de 2010.

As visitas as estações foram realizadas a cada 30 dias coletando - o fazendo

manutenção dos equipamentos. Também foram registrados atributos do processo urbano e das

variações na fisionomia da vegetação durante a estação seca e chuvosa, na área referente ao

Parque.

Para o presente trabalho optou-se por trabalhar com dois elementos do clima,

temperatura do ar e umidade relativa do ar. Os dados climatológicos foram coletados com

auxilio de computador portátil (HP) onde consta o software específico (WeatherLink 5.5) das

estações, que são utilizados para baixar e armazenar os dados. Após foi realizado o

processamento dos dados e tabulação no software Excel (2003), confeccionando planilhas

diárias mensais e gráficos para o período.

Foram realizados registros fotográficos com auxilio da câmera Fotográfica (Samsung,

8.1 Mega Pixels) de ambas as áreas para comparação do aspecto da vegetação no período

chuvoso e de estiagem.

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4. CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO

4.1 Parque Estadual Massairo Okamura

O Parque Estadual Massairo Okamura localiza-se no estado de Mato Grosso –

Brasil, município de Cuiabá, na Av Historiador Rubens de Mendonça, nas coordenadas

geograficas 15°34’42”S e 56°03’54”W, situando-se em área de proteção ambiental, tendo

em seus limites nascentes que constituem a cabeceira do córrego do Barbado.

As características climáticas são típicas de regime tropical continental, tipo AW na

classificação de Koppen, com presença constante de temperaturas elevadas e

fitofisionomia típica de Cerrado, registrando média anual em torno de 25,7°C, com duas

estações bem definidas: uma seca (outono-inverno) e uma chuvosa (primavera-verão).

Nos meses de setembro e outubro as médias de temperatura máxima atingem entre

32,6°C (Maitelli, 1994). O índice pluviométrico anual varia de 1.250 a 1.500mm e a

velocidade média anual do vento é de 1.7 m/s.

Figura 1: Imagem detalhada do Parque Massairo Okamura

Fonte: Imagem Google Earth 2010.

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20

4.2 Processos de Formação

A reserva ecológica Massairo Okamura foi criada pela Prefeitura Municipal de

Cuiabá (Lei n. 2681, de 06 de junho de 1989), regulamentada pelo decreto 2811, de

setembro de 1993, tendo sido assim denominada em 20 de julho de 1994 (Lei n. 3 351)

conforme Bordest et al (1995). O nome foi indicado por sugestão do Rotary Clube de

Cuiabá, em homenagem ao vereador Massairo Okamura, sócio do clube e fundador da

Sociedade Cuiabana de Proteção ao Meio Ambiente, falecido em 1992.

A reserva localiza-se próximo ao divisor de águas, entre os córregos do Barbado,

Quarta - Feira e Moinho. A área da reserva faz parte do Centro Político e Administrativo

do Estado. A primeira demarcação foi feita pela prefeitura em agosto de 1994. A área da

reserva foi calculada em 86,14 hectares. Em fevereiro de 1995, o Departamento de

Viação e Obras Públicas realizou a segunda demarcação e em março de 1998. Essa

última demarcação fez parte do processo de municipalização, movido pela Prefeitura e

pelo Estado, que foi encaminhado para a Procuradoria Geral do Estado em 1998. Em 21

de setembro de 2001 através da Lei 7.506/01 com apenas 53 hectares passou a ser parque

Massairo Okamura. O levantamento de outubro de 2007 realizado pelo departamento

geoprocessamento do CEFET-MT registrando apenas 52 hectares, um hectare ocupado

por casas de alvenarias de alto padrão na porção leste do parque.

A Reserva Ecológica Massairo Okamura vem sofrendo diversos tipos de agressão,

tais como o desmatamento, poluição, além das invasões. Nela, o córrego Barbado tem

sido vítima do desaguamento constante do esgoto que vem de bairros vizinhos sem

nenhum tratamento, além de outros problemas. Isso tudo denota o descaso das

autoridades pela preservação da área. (Bordest et al., 1993).

O Parque Massairo Okamura foi criado com a justificativa de prover os habitantes

da região e visitantes uma bela área verde e melhoria da qualidade de vida reduzindo a

sensação térmica e aumentando a umidade relativa do ar, contribuindo para preservar as

nascentes dos córregos do Barbado e Moinho, que tributam ao rio Coxipó. Também

utilizado para nidação de aves e refúgio de répteis, anfíbios e mamíferos com vegetação

típica de cerrado fornecendo alimento para a fauna.

A Unidade de Conservação Massairo Okamura é um laboratório natural para

desenvolvimento de pesquisas das instituições de ensino para o estudo da biodiversidade

do cerrado mato-grossense.

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21

4.3 Comando Geral do corpo de Bombeiros-Porto

O Comando Geral do Corpo de Bombeiros localiza-se no estado de Mato Grosso –

Brasil, na região noroeste de Cuiabá, na Rua Cel. Benedito Leite, 401 - Bairro Centro Sul –

Porto, próximo à área central, nas coordenadas geográficas de 15°36’40”S e 56°06’51”W,

(conforme figura 2 e 3).

Figura 2: Imagem detalhada do Comando Geral do Corpo de Bombeiros Fonte: Imagem Google Earth 2010.

Esse bairro (o Porto) está localizado a margem esquerda do rio Cuiabá, tendo sua

origem com pequeno povoado, formado em função da navegação pelo rio Cuiabá, sendo

denominado, desde o início do século XVIII, de Porto Geral.

Desde o século XX esse bairro já tinha suas características de uma área bastante

urbanizada, ou seja, muitas construções nessa área. O Bairro do Porto constitui-se em um dos

pontos mais antigos de Cuiabá. Atualmente é uma área totalmente impermeabilizada, com

asfalto e calçadas, o índice de vegetação presente na área é insignificante comparada às

construções existentes.

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Figura 3: Comando geral do corpo de bombeiros. Fonte: Feltrin 2009.

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23

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em geral, o clima dominante no Parque pode ser definido como sendo semelhante

ao clima regional isto é, do tipo quente semi-úmido (classificação de Koppen), sendo a

principal característica desse regime térmico a presença constante de temperaturas

elevadas, registrando média anual em torno de 25°C a 32°C e mínimas de 21C°. O índice

pluviométrico anual varia de 1.250 a 1.500 mm, sendo os meses de dezembro, janeiro e

fevereiro os mais chuvosos (Relatório Ambiental do Parque Massairo Okamura, 2005)

Pesquisas demonstram que não é preciso grandes áreas para a criação de microclimas.

O que pode ser observado na figura 4, que caracterizam os aspectos da vegetação do Parque

Massaíro Okamura na estação seca e chuvosa com diferenças na sua fisionomia o que

provavelmente também indica pequenas mudanças de microclima, uma vez que de acordo

com Loyde Abreu (UNICAMP), cada árvore é, em si, um oásis, capaz de melhorar o conforto

térmico ao seu redor.

(A) (B)

Figura 4: Aspectos diferenciados da Vegetação: (A) árvore durante a estação seca, (B) árvores durante a

estação chuvosa. Fonte: Feltrin 2009/2010.

5.1 Estação seca Na análise dos dados observou-se uma semelhança na temperatura média do ar dos

dois ambientes, na área construída (Comando Geral do Corpo de Bombeiros), e na área

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vegetada (Parque Estadual Mossairo Okamura II) nos meses de agosto, setembro e outubro de

2009, (figura 5).

Nesses meses, a temperatura média do ar variou de 18,4°C a 33,7°C. A temperatura

média mais elevada desse período foi registrada na área construída no mês de setembro de

2009. E a temperatura média mínima também foi registrada nessa área e no mês de setembro.

A semelhança nos dois ambientes se deve ao fato da estiagem, ou seja, o período seco,

no qual as características gerais do tempo são estáveis e a vegetação é seriamente

comprometida no local.

O mês de outubro de 2009 foi o que registrou maiores diferenças de temperatura no

período seco, pois nesse mês a área construída (Comando Geral do Corpo de Bombeiros)

estava 1,4°C mais quente que área vegetada (Parque Massairo Okamura II).

De acordo com o trabalho realizado por Xavier et. al. (2006), outra área, Jardim

Cuiabá, porém com vegetação semelhante a do Parque Estadual Massairo Okamura,

apresentou uma variação de 1,8 ºC para o mês de setembro.

UMIDADE DA SECA(descrever)

ESCREVE E FIGURA

Figura 5: Variação mensal da temperatura média do ar no período de estiagem (agosto a outubro de 2009) em Cuiabá, MT.

Temperatura Média (°C) Agosto de 2009

15

20

25

30

35

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31

Dias

Tem

peratura do Ar (°C)

IFMT

BOMBEIROS

Temperatura Media (°C) Setembro de 2009

15

20

25

30

35

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29

Dias

Tem

peratura do A

r (°C)

IFMT

BOMBEIROS

Temperatura Media (°C) Outubro de 2009

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31

Dias

Tem

peratura do A

r (°C)

IFMT

BOMBEIROS

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A umidade relativa do ar é fortemente influenciada pelas variações da

temperatura, isto é, o aumento do aquecimento pode resultar numa diminuição da

umidade relativa. Assim um ambiente quente pode estar associado à maior secura caso

não ocorra à inserção de vapor de água, sendo menos freqüente na estação seca. A

umidade relativa do ar nos meses de agosto, setembro e outubro de 2009, em sua média

demonstraram oscilações (figura 6), que variam de 87,4% a 33,2%, dessa maneira a

maior e a menor umidade foi registrada no mês de agosto de 2009.

De acordo com a Figura 6, nos três meses da estação seca, a umidade relativa do

ar registrada na área construída (Comando Geral do Corpo de Bombeiros) apresentava

maior em relação à área vegetada (Parque Estadual Mossairo Okamura II). Uma das hipóteses

levantada para explicar esse fato, pode ser em função da perda das folhas da vegetação do

parque, o que diminui o processo de evapotranspiração, devido à redução do volume de área

foliar, visto que a vegetação mantém o fechamento dos estômatos no período de senescência,

como forma de defesa para suportar as altas temperaturas.

Além disso, o parque vem sofrendo com a ação antrópica, apresentando algumas áreas

com solo nu, isso pode interferir no potencial matricial da água no solo, pois esse potencial

matricial é mantido pela serrapilheira e vegetação nativa, ou seja, as copas, os troncos e os

galhos das árvores atuam como barreira á radiação solar direta, diminuindo a disponibilidade

de energia para aquecer o ar. O processo de troca de energia e umidade entre o solo e o ar são

mais diretos e efetivos na superfície marcada pela ausência de vegetação.

Outro fator que poderia explicar essa maior umidade na área construída é a relativa

proximidade com o rio Cuiabá que principalmente com o aumento de temperatura aumentará

o processo de evaporação, pois matem praticamente a mesma área de espelho d’água,

sofrendo alteração apenas na profundidade nesse período de estiagem.

Trabalho realizado por Barbosa et. al. (2003) em Maceió–AL, encontraram resultados

semelhantes ao deste trabalho, detectando diferenças de comportamentos no que tange os

valores da umidade relativa do ar, registrando resultados não esperados para áreas urbanas

com vegetação.

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Figura 6: Variação mensal da Umidade Relativa do Ar (%) no período de estiagem (agosto a outubro de 2009) em Cuiabá, MT.

Além de contribuir na composição climática, a vegetação contribui diretamente no

solo, fertilizando o mesmo com matéria orgânica derivado das folhas, galhos e frutos que

caem e passam pelo processo de decomposição transformando em nutrientes, sem contar

que as raízes das plantas impedem o desenvolvimento de erosões.

Na estação seca, a vegetação presente no Parque Estadual Mossairo Okamura II

apresentava aspecto de ressecamento, pois em geral, o Parque é constituído por uma

vegetação caducifólia, ou seja, as plantas perdem suas folhas sazonalmente para suportar o

período de seca (Figura 7).

Variação mensal da Umidade Relativa do Ar do mês de Setembro de 2009

25

35

45

55

65

75

85

95

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29

Dias

Umidad

e Relativa do A

r (%

)

IFMT

BOMBEIROS

Variação mensal da Umidade Relativa do Ar do mês de Outubro de 2009

25,0

35,0

45,0

55,0

65,0

75,0

85,0

95,0

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31

Dias

Umidad

e Relativa do A

r (%

)

IFMT

BOMBEIROS

Variação mensal da Umidade Relativa do Ar do mês de Agosto de 2009

25

35

45

55

65

75

85

95

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31

Dias

Umidad

e Relativa do A

r (%

)

IFMT

BOMBEIROS

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(A) (B)

Figura 7: Aspecto da Vegetação do Parque Massairo Okamura: (A) perda de folhas, (B) chão recoberto de folhas. Fonte: Feltrin 2009

A ocupação inadequada caracteriza-se como principal fator da degradação do

Parque Estadual Massairo Okamura, através da pressão exercida pelos moradores, por

construções prediais, empresas particulares e invasões, além do despejo sem controle do

lixo e esgoto na área de preservação. A retirada da vegetação das áreas íngremes

ocasionou a presença de processos erosivos, sulcos e ravinas com perda de solo por

lixiviação (Figura 8). Assim o solo está exposto e desprotegido pela falta de vegetação,

recebendo radiação solar direta.

(A) (B)

Figura 8: Parte do Parque Massairo Okamura que apresenta degradação: (A) e (B) solo exposto.

Fonte: Feltrin, 2009.

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28

5.2 Estação chuvosa

Os meses de novembro, dezembro (2009) janeiro e fevereiro (2010), referem-se ao

período chuvoso, apresentando diferenças significativas na temperatura do ar entre as duas

áreas estudadas, quando comparado ao período da seca, registrando até 3,2°C a mais na área

construída.

Nesses meses a temperatura média do ar, variou de 23,8°C a 31,9°C, e a temperatura

média mais elevada para esse período foi registrado na área construída em novembro de 2009,

e a temperatura média mais baixa registrada foi na área vegetada nesse mesmo mês, conforme

observado na figura 9.

Figura 9: Variação mensal da temperatura média do ar no período de chuva (novembro de 2009 a fevereiro de 2010) em Cuiabá, MT.

Na estação chuvosa, notou-se também que em novembro a umidade das duas áreas

estudadas não apresentou grandes diferenças, por ser o mês que iniciou o período chuvoso e é

também a fase de brotamento das plantas. Já nos meses de dezembro e janeiro com chuva

regular e vegetação próxima do clímax do período, ocorreu uma maior diferença na umidade

relativa do ar entre as duas áreas, variando de 58,6% a 99% (Figura 10).

Temperatura Media (°C) Novembro de 2009

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29

Dias

Tem

per

atura

do A

r (°C)

IFMT

BOMBEIROS

Temperatura Media (°C) Dezembro de 2009

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

Dias

Tem

per

atura

Ar(°C

)

IFMT

BOMBEIROS

Temperatura Media (°C) Janeiro de 2010

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31

Dias

Tem

per

atura

do A

r (°C)

IFMT

BOMBEIROS

Temperatura Media (°C) Fevereiro de 2010

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27

Dias

Tem

per

atura

do A

r (°C)

IFMT

BOMBEIROS

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Nesse período a umidade relativa do ar do parque Massairo Okamura esteve sempre

maior que a umidade registrada na área construída, apresentando uma diferença máxima de

21% e mínima de 7%. Em fevereiro a umidade das duas áreas estava praticamente igual,

podendo ser explicado pela redução das chuvas com observação não instrumental, esse mês

assemelha com novembro 2009, quando iniciou o período chuvoso.

Durante esse período de chuva a vegetação apresentava regularidade na sua função

biológica/estomática, realizando seu processo normalmente de fotossíntese e

evapotranspiração, já que não precisava se proteger da seca. Dessa forma o dossel da

vegetação protegia o solo do impacto causado pela gota da chuva, assim mantendo o potencial

matricial da água no solo em perfeito funcionamento.

Além disso, o manto de matéria orgânica formado pela serrapilheira juntamente com

ação das raízes no solo, permitem que o processo de infiltração d’água no solo sejam mais

eficiente. Ocorrendo um aumento da capacidade do solo de transmitir o calor absorvido,

retardando o tempo de aquecimento do ar.

Com o aumento da infiltração d’água e conseqüentemente diminuição do escoamento

superficial, o ar das superfícies vegetadas tem a sua disposição mais água para ser usada no

processo de evaporação e evapotranspiração, o que torna o ambiente mais úmido e mais

ameno.

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Figura 10: Variação mensal da Umidade Relativa do Ar (%) no período de chuva (novembro a fevereiro de

2009) em Cuiabá, MT.

De acordo com Barbosa et.al (2003), em trabalho semelhante a este, confirma - se

que a vegetação contribui de forma positiva para os microclimas urbanos, amenizando a

temperatura do ar, confirmado também pelos resultados analisados neste trabalho.

Ainda Barbosa et.al. (2003), estudando o ambiente urbano com vegetação,

constataram que os espaços com vegetação heterogênea e copas não muito densas

demonstraram melhores resultados no que se refere a obtenção de ambientes com

temperaturas do ar mais amenas. A vegetação heterogênea junto à pequena densidade das

copas favorece o movimento do fluxo de radiação ao nível do usuário, que é um elemento

auxiliar e que contribui no processo de trocas térmicas. Com isso fica demonstrado à

importância das áreas verdes urbanas independentes de suas características.

Na estação chuvosa (figura 11) pode-se observar uma vegetação heterogênea no

parque com áreas sombreadas e com solo pouco exposto. Nesse local percebeu-se por

observação não instrumental a relação direta entre arborização e amenização das

temperaturas, proporcionando sensação de frescor.

.

Variação mensal da Umidade Relativa do Ar do mês de Novembro de 2009

25,0

35,0

45,0

55,0

65,0

75,0

85,0

95,0

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29

Dias

Umidad

e Relativa do Ar

(%)

IFMT

BOMBEIROS

Variação mensal da Umidade Relativa do Ar do mês de Dezembro de 2009

25,0

35,0

45,0

55,0

65,0

75,0

85,0

95,0

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31

Dias

Umidad

e Relativa do Ar

(%)

IFMT

BOMBEIROS

Variação mensal da Umidade Relativa do Ar do mês de Janeiro de 2010

25,0

35,0

45,0

55,0

65,0

75,0

85,0

95,0

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31

Dias

Umidad

e Relativa do Ar

(%)

IFMT

BOMBEIROS

Variação mensal da Umidade Relativa do Ar do mês de Fevereiro de 2010

25,0

35,0

45,0

55,0

65,0

75,0

85,0

95,0

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27

Dias

Umidad

e Relativa do Ar

(%)

IFMT

BOMBEIROS

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(A) (B)

Figura 11: Aspecto da Vegetação do Parque Massairo Okamura: (A) aspecto de brotamento, (B) pós –

brotamento. Fonte: Feltrin 2009/2010.

A área do parque apresenta impactos significativos como mostra a figura 12,

degradação causada pela ação antrópica e/ou causas naturais, que mesmo na estação

chuvosa, apresentava apenas gramíneas, o que não é suficiente para proteção do solo.

(A) (B)

Figura 12: Parte do Parque Massairo Okamura que apresenta degradação: (A) e (B) solo exposto.

Fonte: Kosugue, 2009.

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Para esse mesmo período, tanto a temperatura quanto a umidade do ar variou a cada

mês, entre as áreas e também dentro do mesmo ambiente, conforme mostra a tabela seguinte.

Atribui-se a essas oscilações não somente a vegetação ou albedo, que pode caracterizar a

variação local, mas também ao conjunto de fatores e elementos meteorológicos não analisados

neste trabalho, como por exemplo: a direção e velocidade do vento, a precipitação, a radiação

solar.

Tabela 1: Relação entre Temperatura e Umidade relativa do ar (agosto de 2009 a fevereiro de

2010, em Cuiabá/MT).

Estação seca

Meses Agosto Setembro Outubro

Temperatura (°C) – IFMT

Temperatura (°C) – Bombeiro

26,9

27,1

27,8

28,2

28,8

28,9

Umidade relativa do ar (%) – IFMT

Umidade relativa do ar (%) – Bomb.

51,9

56,8

58,3

61,9

63,4

66,3

Estação Chuvosa

Meses Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro

Temperatura (°C) – IFMT

Temperatura (°C) – Bombeiro

27,9

29,1

27,3

27,8

27,6

28,0

28,5

28,6

Umidade relativa do ar (%) – IFMT

Umidade relativa do ar (%) – bomb.

70,3

69,8

85,4

75,4

85,6

75,4

73,9

74,0

Na figura 13 encontram-se as correlações entre temperatura média e umidade relativa

do ar com relação à comparação entre as duas áreas. As equações de regressão apresentaram

valores de coeficiente de determinação superiores a 0,80 para o Parque Mossairo Okamura

(IFMT) e 0,98 para a área construída (Bombeiros), indicando que essas variáveis podem ser

utilizadas com segurança para a avaliação de microclima urbano. Assim sendo, com

influência de área vegetada ou construída como demonstra os ajustes das linhas de tendência.

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Variação média mensal da temperatura do ar e umidade relativa do ar nos meses de agosto de 2009 a fevereiro 2010

y = -1,0026x2 + 13,277x + 36,087

R2 = 0,7926

y = -0,6035x2 + 7,9508x + 48,8

R2 = 0,9751

25,5

26,0

26,5

27,0

27,5

28,0

28,5

29,0

29,5

agos set out nov dez jan/10 fev

meses

Tem

peratura do ar (ºC)

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

Umidad

e relativa do ar (%

)

Temperatura - IFMT Temperatura - BOMBEIROS Umidade - IFMT

Umidade - BOMBEIROS Polinômio (Umidade - IFMT) Polinômio (Umidade - BOMBEIROS)

Figura 13: Médias termohigrométricas do período estudado.

Observa-se nitidamente nessa figura, as diferenças de temperatura nos dois ambientes.

As temperaturas médias mensais do ar, tanto no período seco quanto no chuvoso, estavam

mais elevadas na área construída. Essa diferença na temperatura média do ar esta intimamente

relacionada com a presença da vegetação, amenizando as condições microclimáticas.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

• O período de coleta de dados inicialmente proposto para o trabalho era estimado em

um ano completo, porém foi alterado parcialmente devido a problemas que ocorreram na

estação climatológica instalada no Parque Massairo Okamura, no mês de março de 2010 não

comprometendo os resultados trabalhados.

• De acordo com os resultados encontrados, houve variação na temperatura e umidade

que deve ser considerada conforme as características locais, mas apresentou também

resultados com relação à umidade relativa do ar que não foram os esperados, o que pode

indicar a necessidade de avaliar as variáveis do entorno devido à dinâmica atmosférica.

• Conforme as análises dos dados verificou-se que as áreas verdes dentro de unidades

urbanas é de grande relevância para amenizar os rigores do clima local, principalmente com

relação a temperatura e umidade do ar. Assim fica evidente a necessidade de políticas

públicas que visem à preservação de áreas verdes já existentes e a criação de novas áreas para

proporcionar melhorias no conforto térmico.

• Para um acompanhamento mais detalhado do clima local de Cuiabá, é importante a

instalação de mais estações meteorológicas na cidade, abrangendo várias áreas com uso do

solo diferenciado. Dessa maneira, é possível realizar um acompanhamento da temperatura e

umidade relativa do ar em outros locais e também outras variáveis meteorológicas, tais como,

direção e velocidade dos ventos, precipitação, radiação solar e condições atmosféricas

regionais.

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