comoção nacional faz congresso entrevista remodelar ... · maioridade penal. o sistema é ruim, e...

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Jornal mensal da Associação dos Magistrados Catarinenses - Ano II, nº12 - Abril/2007 Comoção nacional faz Congress Comoção nacional faz Congress Comoção nacional faz Congress Comoção nacional faz Congress Comoção nacional faz Congresso remodelar legislação penal remodelar legislação penal remodelar legislação penal remodelar legislação penal remodelar legislação penal O brutal assassinato do garoto João Hélio no Rio de Janeiro chocou a nação, indignada com a violência urbana e com a sensação de impunidade. Deputados e senadores se viram no olho do furacão e acabaram obrigados a tomar alguma atitude. Em meio à repercussão do fatí- dico crime, os congressistas resolveram pôr em pauta um aglomerado de leis sobre segurança pública que estavam parados há anos no Parlamento, o cha- mado “pacote antiviolência” ou “pacote Sessão do Senado Federal do último dia 26 de março, quando foram discutidos e votados Projetos de Lei do pacote de segurança pública O programa Justiça Legal, do TJ catarinense, tem o formato de uma revista eletrônica Ícone da imprensa catarinense, o jornalista Moacir Pereira diz estar mais motivado em razão do seu retorno ao grupo RBS. Em entrevista para O Judiciário, Moacir faz uma análise sobre a rela- ção entre o Judiciário e a Imprensa; fala da importância de uma reforma política para o país e o papel dos Três Poderes da República; bem como re- vela os seus projetos pessoais, entre eles, o lançamento de novos livros ain- da em 2007. Pág. 4 ENTREVISTA Justiça e mídia na visão Justiça e mídia na visão Justiça e mídia na visão Justiça e mídia na visão Justiça e mídia na visão de Moacir P de Moacir P de Moacir P de Moacir P de Moacir Pereira ereira ereira ereira ereira Levantamento feito por juízes de todo o Estado, a pedido da Correge- doria Geral da Justiça do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ/SC), mostra que existem, hoje, no Poder Judiciário catarinense, significativo número de processos que já estão há mais de um ou dois anos conclusos para despachos, decisões ou senten- ças. Para dar vazão a esta demanda, o Tribunal de Justiça de Santa Cata- rina lançou, em janeiro deste ano, o projeto “Mutirão de Sentenças 2007”. Também está programado para este ano o Mutirão do Tribunal do Júri, que pretende realizar até junho de 2007 o julgamento de cerca de 119 processos que são da competência do Tribunal do Júri. Pág. 11 TJ/SC lança mutirões TJ/SC lança mutirões TJ/SC lança mutirões TJ/SC lança mutirões TJ/SC lança mutirões de sentença e júri de sentença e júri de sentença e júri de sentença e júri de sentença e júri Págs. 8 e 9 O movimento “Xô CPMF”, compos- to por políticos e setores da sociedade civil, está organizando uma cruzada contra a cobrança do chamado “im- posto do cheque”, e um dos alvos do grupo é a alegada inconstitucionalida- de da contribuição. Para os integran- tes do protesto, “jamais um tributo conseguiu acumular tantas inconsti- tucionalidades”. A idéia é impedir a prorrogação da CPMF, que já está sen- do discutida entre os governistas e deve ser votada até o fim de setembro para continuar valendo já a partir do próximo ano e assim evitar interrup- ções na cobrança. IMPOSTO Movimento considera Movimento considera Movimento considera Movimento considera Movimento considera CPMF inconstitucional CPMF inconstitucional CPMF inconstitucional CPMF inconstitucional CPMF inconstitucional Pág. 6 O Poder Judiciário tem se utiliza- do dos mais diferentes tipos de veícu- los de comunicação para facilitar a aproximação com o cidadão. Além de jornais e internet, já existem vários programas de rádio e TV em funcio- namento no Estado de Santa Catari- na, que abordam temas relacionados à Justiça e que são de interesse da sociedade em geral. Além de informar à população sobre o funcionamento do Judiciário e traduzir a complicada lin- guagem usada pelos operadores do Direito, os programas servem para esclarecer as principais dúvidas sobre o universo jurídico. CIDADANIA Mídia e Judiciário a Mídia e Judiciário a Mídia e Judiciário a Mídia e Judiciário a Mídia e Judiciário a ser ser ser ser serviço da sociedade viço da sociedade viço da sociedade viço da sociedade viço da sociedade Pág. 7 Agência Senado Assessoria de Imprensa/TJ-SC CORREGEDORIA de segurança” – contendo, na maioria, leis mais rigorosas com os bandidos. Como um dos responsáveis pelo ho- micídio era menor de idade e passará não mais do que três anos internado, a questão da redução da maioridade pe- nal veio à tona novamente. O assunto ainda está sendo estudado pela CCJ do Senado, e não se sabe como o assunto vai acabar. De concreto até agora, há a aprovação do aumento do tempo míni- mo de cumprimento de pena para a pro- gressão de regime, de 1/6 para 2/5, punições para quem utilizar celulares em presídios e a duplicação de pena para integrantes de quadrilha que en- volverem menores de idade em crimes – este último em estágio final de trami- tação, mas ainda sem vigorar. Resta saber agora se toda a movimentação foi apenas para aplacar os ânimos da so- ciedade ou se realmente surgirão mu- danças substanciais.

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Page 1: Comoção nacional faz Congresso ENTREVISTA remodelar ... · maioridade penal. O sistema é ruim, e é ele que deve ser mudado, e não apenas um paliativo como a redução”. * Rodolfo

Jornal mensal da Associação dos Magistrados Catarinenses - Ano II, nº12 - Abril/2007

Comoção nacional faz CongressComoção nacional faz CongressComoção nacional faz CongressComoção nacional faz CongressComoção nacional faz Congressoooooremodelar legislação penalremodelar legislação penalremodelar legislação penalremodelar legislação penalremodelar legislação penal

O brutal assassinato do garoto JoãoHélio no Rio de Janeiro chocou a nação,indignada com a violência urbana e coma sensação de impunidade. Deputadose senadores se viram no olho do furacãoe acabaram obrigados a tomar algumaatitude. Em meio à repercussão do fatí-dico crime, os congressistas resolverampôr em pauta um aglomerado de leissobre segurança pública que estavamparados há anos no Parlamento, o cha-mado “pacote antiviolência” ou “pacote

Sessão do Senado Federal do último dia 26 de março, quando foram discutidos e votados Projetos de Lei do pacote de segurança pública

O programa Justiça Legal, do TJ catarinense, tem o formato de uma revista eletrônica

Ícone da imprensa catarinense, ojornalista Moacir Pereira diz estar maismotivado em razão do seu retorno aogrupo RBS.

Em entrevista para O Judiciário,Moacir faz uma análise sobre a rela-ção entre o Judiciário e a Imprensa;fala da importância de uma reformapolítica para o país e o papel dos TrêsPoderes da República; bem como re-vela os seus projetos pessoais, entreeles, o lançamento de novos livros ain-da em 2007.

Pág. 4

ENTREVISTA

Justiça e mídia na visãoJustiça e mídia na visãoJustiça e mídia na visãoJustiça e mídia na visãoJustiça e mídia na visãode Moacir Pde Moacir Pde Moacir Pde Moacir Pde Moacir Pereiraereiraereiraereiraereira

Levantamento feito por juízes detodo o Estado, a pedido da Correge-doria Geral da Justiça do Tribunal deJustiça de Santa Catarina (TJ/SC),mostra que existem, hoje, no PoderJudiciário catarinense, significativonúmero de processos que já estão hámais de um ou dois anos conclusospara despachos, decisões ou senten-ças. Para dar vazão a esta demanda,o Tribunal de Justiça de Santa Cata-rina lançou, em janeiro deste ano, oprojeto “Mutirão de Sentenças 2007”.Também está programado para esteano o Mutirão do Tribunal do Júri,que pretende realizar até junho de2007 o julgamento de cerca de 119processos que são da competência doTribunal do Júri.

Pág. 11

TJ/SC lança mutirõesTJ/SC lança mutirõesTJ/SC lança mutirõesTJ/SC lança mutirõesTJ/SC lança mutirõesde sentença e júride sentença e júride sentença e júride sentença e júride sentença e júri

Págs. 8 e 9

O movimento “Xô CPMF”, compos-to por políticos e setores da sociedadecivil, está organizando uma cruzadacontra a cobrança do chamado “im-posto do cheque”, e um dos alvos dogrupo é a alegada inconstitucionalida-de da contribuição. Para os integran-tes do protesto, “jamais um tributoconseguiu acumular tantas inconsti-tucionalidades”. A idéia é impedir aprorrogação da CPMF, que já está sen-do discutida entre os governistas edeve ser votada até o fim de setembropara continuar valendo já a partir dopróximo ano e assim evitar interrup-ções na cobrança.

IMPOSTO

Movimento consideraMovimento consideraMovimento consideraMovimento consideraMovimento consideraCPMF inconstitucionalCPMF inconstitucionalCPMF inconstitucionalCPMF inconstitucionalCPMF inconstitucional

Pág. 6

O Poder Judiciário tem se utiliza-do dos mais diferentes tipos de veícu-los de comunicação para facilitar aaproximação com o cidadão. Além dejornais e internet, já existem váriosprogramas de rádio e TV em funcio-namento no Estado de Santa Catari-na, que abordam temas relacionadosà Justiça e que são de interesse dasociedade em geral. Além de informarà população sobre o funcionamento doJudiciário e traduzir a complicada lin-guagem usada pelos operadores doDireito, os programas servem paraesclarecer as principais dúvidas sobreo universo jurídico.

CIDADANIA

Mídia e Judiciário aMídia e Judiciário aMídia e Judiciário aMídia e Judiciário aMídia e Judiciário aserserserserserviço da sociedadeviço da sociedadeviço da sociedadeviço da sociedadeviço da sociedade

Pág. 7

Agência Senado

Assessoria de Imprensa/TJ-SC

CORREGEDORIA

de segurança” – contendo, na maioria,leis mais rigorosas com os bandidos.

Como um dos responsáveis pelo ho-micídio era menor de idade e passaránão mais do que três anos internado, aquestão da redução da maioridade pe-nal veio à tona novamente. O assuntoainda está sendo estudado pela CCJ doSenado, e não se sabe como o assuntovai acabar. De concreto até agora, há aaprovação do aumento do tempo míni-mo de cumprimento de pena para a pro-

gressão de regime, de 1/6 para 2/5,punições para quem utilizar celularesem presídios e a duplicação de penapara integrantes de quadrilha que en-volverem menores de idade em crimes– este último em estágio final de trami-tação, mas ainda sem vigorar. Restasaber agora se toda a movimentação foiapenas para aplacar os ânimos da so-ciedade ou se realmente surgirão mu-danças substanciais.

Page 2: Comoção nacional faz Congresso ENTREVISTA remodelar ... · maioridade penal. O sistema é ruim, e é ele que deve ser mudado, e não apenas um paliativo como a redução”. * Rodolfo

O JUDICIÁRIO Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 200722222

OpiniãoOpiniãoOpiniãoOpiniãoOpinião

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Jornal “O Judiciário”Publicação mensal da Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC)Ano II, nº 12 - Abril/2007Tiragem: 3 mil exemplares/ Impressão: Diário Catarinense

Jornalista responsável: Fabrício Severino/ SC01061-JPTextos: Fabrício Severino, Bruno Zamora, Andrezza MeloColaboração: assessoria de imprensa do TJ/SC, TRT/SC , ACMP, MP eAMBProjeto gráfico e diagramação: Andrezza MeloCoordenação Editorial: Carlos Alberto Silveira Lenzi

Diretoria Executiva:

Juiz José Agenor de Aragão/ PresidenteDes. Solon d’Eça Neves/ 1o Vice-PresidenteJuiz Paulo Marcos de Farias/ 2o Vice-PresidenteJuiz Luís Francisco Delpizzo Miranda/ Secretário-GeralJuiz Marcelo Volpato de Souza/ 1o SecretárioJuiz Rudson Marcos/ 2o SecretárioDes. Solon d’Eça Neves/ TesoureiroJuiz Laudenir Fernando Petroncini/ 1o Tesoureiro

Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC) - Rua dos Bambus, 116/ Itacorubi, Florianópolis/SC. CEP: 88034-570 - (48) 3231 3006 - Site: www.amc.org.br - Contato: [email protected]

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Em 1993, no governo Ita-mar Franco foi criado o Impos-to Provisório sobre TransaçõesFinanceiras (IPMF) com pre-texto de destinar sua receitaà saúde pública, em grave cri-se – como ainda hoje está –, apedido do então ministro Adib

Jatene. No governo Fernando HenriqueCardoso, primeiro mandato em 1996,o imposto foi transformado em contri-buição (CPMF), com alíquota de 0,20%.

No segundo mandato de FHC, a alí-quota passou para 0,38% e a “contri-buição”, de passageira, tornou-se pror-rogável a cada mandato presidencial,vencendo em 31 de dezembro próximo,

pretendendo o governo que ela perma-neça em definitivo.

Desde 1996, a arrecadação daCPMF engordou os cofres da União emR$ 250 bilhões. Anualmente, está ar-recadando cerca de R$ 32 bilhões evem sendo prorrogada, através deemenda constitucional, apreciada evotada pelo Congresso Nacional.

Recentemente, foi lançado no Con-gresso, e com o apoio de mais de cin-qüenta instituições comerciais, indus-triais, associações de classe e sindi-catos, campanha capitaneada pelo de-putado federal Paulo Bornhausen(DEM/SC), denominada “XÔ CPMF”,visando a extinção da contribuição ou,

pelo menos, que a alíquota fique entre0,01% ou 0,05%, e apenas cobrada nastransações financeiras.

A arrecadação da CPMF ficou to-talmente sob o controle e destino dogoverno federal, sem a participação dosestados federativos, usufruindo so-mente a União da sua arrecadação. Acontribuição imposta (ou imposto?)não ajudou a melhorar a saúde públi-ca e nem aos fins outros a que estádestinada.

O presidente da Associação Comer-cial de São Paulo, Guilherme Afif Do-mingos, argumenta que a lógica dacampanha, de âmbito nacional, é que,reduzindo a arrecadação, os gastos do

governo tenderão a diminuir, alegan-do ainda que temos visto no país, nosúltimos quatro anos, a consagração damentira no campo tributário, já que,sobre as verbas da CPMF, o governonão divulga sua destinação.

Como a matéria é de interesse dapopulação brasileira, resguardadorados interesses da cidadania, O Judici-ário, como órgão da mídia, vê-se con-tingenciado a divulgá-la e discutí-la,como está inserido nesta edição.

Não nos movem interesses políti-cos ou partidários, mas simplesmen-te, os interesses da sociedade brasi-leira e catarinense, na qual os opera-dores do Direito estão inseridos.

CartasCartasCartasCartasCartas

FrasesFrasesFrasesFrasesFrases

i m p r e n s a @ a m c . o r g . b r

MemóriaMemóriaMemóriaMemóriaMemória

“Sou acadêmico de Direito do extremooeste de Santa Catarina. Em fevereiro des-te ano, numa das minhas idas ao fórum,encontrei um exemplar do jornal, lendo per-cebi que é muito bem organizado e possuimatérias interessantíssimas, bem elabora-das. E, portanto, gostaria de recebê-lo.Esse jornal, com certeza, contribuirá muitopara uma boa formação jurídica e crítica,ampliando minha visão em relação ao Di-reito. Ficarei muito grato se me enviaremos exemplares mensais ”* Fernando Ernesto Tiesca Pereira,estudante de Direito

“Cumprimentando os ilustres senhorese toda equipe, solicito, com toda vênia, re-messa mensal de um exemplar do jornalO Judiciário pois é instrumento atual e in-dispensável sobre as notícias do judiciá-rio Barriga Verde.”* Sandro Márcio Andrade do Herval,São José/SC

acervo do Museu do Judiciário/SC

Visita do falecido jurista Pontes de Miranda ao Tribunal de Justiça catarinense em 17/10/1970, então presidido pelo desembargador Marcílio João da Silva Medeiros, funcionandonos altos da rua Felipe Schmidt (agência Ford). No flagrante o falecido desembargador

Alves Pedrosa, entregando uma placa oferecida pelo Tribunal ao homenageado.

“ Os homens se relacionam com Deus pessoalmente, sem a mediação de insti-tuições religiosas”

* Rubem Alves (FSP, 21/03/07)

“ Reforma poítica não transforma cafajeste em cavalheiro”

* Da jornalista Lucia Hippolito (jornal AMB Informa, março de 2007)

“O debate sobre a redução da maiori-dade penal é interessante, mas fora dehora. Não pelos problemas que a como-ção nacional com a morte do menino JoãoHélio traga à discussão, mas sim por umsingelo fato: apenas um dos cinco envol-vidos era menor de idade.

Se fosse um caso isolado, sem todaesta repercussão, mesmo os criminososadultos seriam beneficiados pela mal fa-dada progressão de regime, pelos inúme-ros recursos e até mesmo, quem sabe,pela falta de vagas nos presídios – milha-res de criminosos já foram soltos Brasilafora por não haver onde colocá-los.

O problema é muito maior do que amaioridade penal. O sistema é ruim, e éele que deve ser mudado, e não apenasum paliativo como a redução”.* Rodolfo Calderon Machado,estudante

“Sobre a súmula vinculante, quero di-zer que apesar de seus problemas, elavai agilizar o Judiciário brasileiro sim! Sãomilhares de casos repetidos travandonossa Justiça, que em breve serão resol-vidos rapidamente.

Basta o Supremo ter o discernimentonecessário e fazer a coisa certa e tere-mos uma redução no número de proces-sos parados”.* Santo Dercy, representantecomercial

“A súmula vinculante, aparentementeum avanço, vai trazer uma série de proble-mas à Justiça brasileira. Os 11 ministrosdo Supremo Tribunal Federal vão pratica-mente reger normas.

O engessamento das instâncias inferi-ores vai acabar com a oxigenação do Judi-ciário, pois é na base que surgem novassoluções para novos conflitos. O mundocontemporâneo, da globalização e avançostecnológicos vai ficar, aqui no Brasil, rele-gado as mesmas normas legais, sem pos-sibilidade de mudanças e avanços. Este émais um daqueles casos em que a socie-dade leva gato por lebre”.* Guilherme Mazarin, engenheiro

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O JUDICIÁRIOAbril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 200733333

Search utilizado para, em uma pes-quisa na web, classificar as páginaspor relevância, utiliza alguns critéri-os que podem ser adaptados para aatividade do advogado ao buscar ju-risprudência que tenha pertinência àsua causa. Assim, por exemplo, a fer-

ramenta considera, para colocaruma página entre as primeirasnos resultados, o número de re-

ferências existentes àquelas páginasem outras páginas da web (númerode links que apontam para ela). Istoseria, mais ou menos, como utilizaruma jurisprudência que já foi citadapor diversos juízes e que, por conse-guinte, tem uma boa aceitação des-tes.

Portanto, ao profissional que pro-duz uma peça processual, por meio

em virtude de seu modelo de petiçãoestar desatualizado, haver pressa naapresentação da peça ou ambos.

Todavia, isto causa no juiz a impres-são de que, se o advogado somente con-seguiu uma jurisprudência que emba-se a sua pretensão com cinco, dez, ouàs vezes até 20 anos de idade, a con-tar de então nada mais se decidiuno mesmo sentido.Igualmente isto

ocorre quando a jurisprudência apre-sentada é oriunda de um tribunal pe-queno e distante, com pouca influên-cia nas decisões das grandes metró-poles (se ninguém do Rio Grande doSul, São Paulo, Minas Gerais ou Riode Janeiro decidiu desta forma é por-que não deve lhe assistir o direito pre-tendido é o pensamento que emerge).

O sistema de indexação do Google

OpiniãoOpiniãoOpiniãoOpiniãoOpinião

espanto e preocupação para a guerracivil instalada no Iraque, para o caospalestino, para as epidemias que fla-gelam o continente africano. A misé-ria brasileira, esta não nos atinge. Afi-nal, como o tic-tac do relógio no cria-do mudo, aquilo que é permanenteacaba passando despercebido, poissupostamente normal.

É lógico então que um ato bárba-ro e violento como foi a morte do me-nino João Hélio na cidade maravilho-sa acaba nos sacudindo e nos golpe-ando fundo. E a velha questão da se-gurança pública volta à cena. No ca-lor das emoções não faltam os arau-tos do conhecimento, senhores daverdade, com palavras de impacto esoluções definitivas, de segurança, leie ordem. E os congressistas, movi-dos pelos sentimentos paranóicos co-letivos de vingança, acabam por en-campar estas “idéias”. Como Pilatos,aprovam uma lei inconstitucional elavam as mãos, dando o assunto porencerrado.

Ora, o fenômeno da violência, quei-ram ou não, é muitíssimo mais com-plexo e vem sendo estudado há sécu-los. Muito surpreende então ouvir for-madores de opinião defendendo maispunição aos “cidadãos do mal” e re-dução da maioridade penal. A violên-

A

* João Marcos Buch, juiz de Direitoda 2ª Vara Criminal de Joinville

CaosCaosCaosCaosCaos

“A violência não seresume a crimes deroubo, seqüestro,

latrocínio”

os trancos e barrancos a vidaou a sobrevida do povo brasi-leiro segue. Olhamos com

cia, esquecem-se estes senhores, nãose resume a crimes de roubo, seqües-tro, latrocínio. Igual violência, mas emmaior escala, é, por exemplo, aquelaque mata ou lesiona milhares de pes-soas em acidentes do trabalho, é aque-la que mata ou lesiona milhares depessoas no trânsito, é aquela que mataou lesiona milhares de pessoas nas fi-las de atendimento hospitalar, é a vio-lência da fome, da fal-ta de moradia, da faltade terras, da falta deeducação, é a violênciado desespero.

É claro que a vio-lência urbana, decor-rente de crimes gravescontra a integridade física, precisa serdiscutida e trabalhada, tanto quantoas demais violências mencionadasacima. Mas o que se quer dizer é queidéias simplistas de redução da mai-oridade penal e agravamento de pe-nas nunca foram, não são e nuncaserão fatores de contenção e preven-ção da criminalidade.

A redução da imputabilidade pe-nal para os 16 anos de idade e o agra-vemento das penas além disso não po-dem ser aceitos, em absoluto, por doismotivos, um político e outro moral.Existem milhares de mandados de pri-são expedidos pela justiça não cum-pridos porque não há espaço nos cár-ceres, superlotados, com quase o tri-

plo de sua capacidade. O rigorismo pe-nal, iniciado pela casual lei dos cri-mes hediondos no início dos anos no-venta e sucedido por leis de emergên-cia, não trouxe nenhuma melhora nasegurança pública, pelo contrário,como efeito colateral superlotou o cár-cere. Assim, por uma questão de polí-tica de Estado é preciso, para efetivara legislação de pânico já existente, que

no mínimo se construampenitenciárias, capazesde agir para trazer os pre-sos ao convívio social, quecumpram normas míni-mas de respeito à integri-dade dos detentos, comvagas para o trabalho e

estímulo ao estudo. E mais, que estaspenitenciárias possuam agentes car-cerários tecnicamente preparados eequipados, com remuneração digna,fiscalização e controlados no combateà corrupção.

Por outro lado, a olhos nus cons-tatamos, especialmente nos grandescentros urbanos, que são milhares ascrianças presentes em semáforos, es-quinas e viadutos, abandonadas àprópria sorte, no impiedoso flagelo damiséria e anonimato. Por uma ques-tão moral, o Estado não pode simples-mente aguardar que esta criança che-gue à adolescência para então sim sefazer presente com seu braço puniti-vo e impiedoso. O Direito e o Estado

primeiro precisam se utilizar de to-dos os seus instrumentos, adminis-trativos, culturais, econômicos, so-ciais, educativos, desde antes, des-de a formação da família e na primei-ra infância. A redução da maiorida-de penal e o agravamento das penasnum Estado que a tudo falta ao ci-dadão, menos quando é para puní-lo, é eticamente inaceitável. Cumpreaos operadores do direito a consci-ência disto e a descoberta de cami-nhos que coloquem um pouco de ra-cionalidade nesta irracionalidade dasegurança pública, disseminada nosenso comum.

Muitas são as dúvidas e muitassão as respostas apresentadas. Umacoisa entretanto é certa: não são comverdades finais e fórmulas milagrosasque a solução virá, muito menos pelacriação de uma nova lei. A violência éum fenômeno histórico e complexo eque, diante do caos vivido, precisacom urgência ser combatida, commedidas concretas, mas fundadas emsóbrio e racional debate. O tempo urgee o futuro não se furtará em nos res-ponsabilizar. Já nos cobramos pelatrágica e pungente violência que omenino João Hélio sofreu. Eu já tivea idade dele, ele não terá a minha.Não pode ser assim. Não é certo.

precedentes jurisprudenciais nosquais a parte embasa sua pretensão.Trata-se de leitura por vezes maçante,principalmente, quando o seu autor,no lugar de selecionar as partes maisrelevantes, indicando a fonte paraconsultas, simplesmente cola todo oconteúdo de determinada sentença ouacórdão, sem o cuidado, sequer, decorrigir a sua formatação ou omitir osdestaques de sua pesquisa.

O que os advogados deixam deconsiderar, freqüentemente, é a exis-tência de uma complexa análise men-tal (muitas vezes inconsciente) pro-cedida pelo julgador através da qualele hierarquiza as informações cons-tantes dos autos considerando as te-ses da inicial e da defesa, documen-tos apresentados, depoimentos pes-soais e testemunhais e, como um dosúltimos elementos, subsídios juris-prudenciais.

Neste quadro, não raro a apresen-tação de uma ementa inadequadapode, inclusive, surtir o efeito de pre-judicar o peticionário. Assim, a exis-tência de um método para a identifi-cação de jurisprudência relevantepara os casos concretos pode fazertoda diferença na hora de ser proferi-da a decisão.

Exemplifiquemos. Ocorre muito dea parte, apresentando a sua preten-são ou defesa, socorrer-se de uma ju-risprudência muito antiga. Talvez até

Muitas vezes, na nossa ativida-de, recebemos peças processu-ais recheadas de referências a

Critério de fundamentoCritério de fundamentoCritério de fundamentoCritério de fundamentoCritério de fundamento

* Jorge Alberto AraújoFonte: Revista Consultor Jurídico, 18 demarço de 2007

“ A apresentaçãode uma ementa

inadequada pode,inclusive, surtir o

efeito deprejudicar opeticionário”

da qual pretenda fazer reconhecer odireito de seu cliente, seria interes-sante, para se valer da metodologiado Google, inicialmente, ter conheci-mento dos juízes que vão apreciar asua demanda e, ao tê-lo, que faça umaleitura das decisões destes.

Nesta leitura, o profissional deve-rá fazer uma identificação de influên-cias e tendências dos julgadores, ob-servando, principalmente, para estafinalidade, a quais decisões (de quejulgadores e/ou de quais turmas ouregionais) se reportam para, de possede tais informações, fazer um estudoaprofundado de jurisprudências quesejam, de fato, importantes para se-rem apresentadas.

Com o advento do processo virtu-al, em que todas as decisões estarãona rede mundial de computadores,certamente será mais viável que secriem algoritmos que transponham ametodologia ora proposta para o cam-po da pesquisa jurisprudencial, en-tretanto, as atitudes ora propostas jásão possíveis de serem tomadas.

Por certo, muitos outros critériospoderão ser utilizados e, embora enten-damos que a sua adoção aumente aschances de sucesso em uma demanda,isto não suprirá, por exemplo, a ausên-cia do Direito, da mesma forma que osistema de busca do Google não encon-tra páginas inexistentes.

“O que osadvogadosdeixam de

considerar é acomplexa análisemental procedida

pelo julgador ”

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O JUDICIÁRIO Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 200744444

EntrevistaEntrevistaEntrevistaEntrevistaEntrevista

O Judiciário - Como o senhor avalia o rela-cionamento entre o Poder Judiciário e aimprensa, não só em Santa Catarina, mastambém em todo país?

Moacir Pereira - O relacionamento entre oPoder Judiciário e a imprensa em SantaCatarina tem sido de alto nível. As duas ins-tituições têm uma convivência harmônica,ética e profissional. Não se tem notícia aquino Estado de qualquer ruído na comunica-ção entre o Judiciário e os meios de comu-nicação. Temos um Judiciário que, em di-ferentes setores, constitui um paradigmapara o Brasil. Creio, contudo, que há muitoa avançar na relação dos magistrados e in-tegrantes do Judiciário com os profissionaisde imprensa. De um lado, identifico juízesque, zelosos no cumprimento do dever cons-titucional, enclausuram-se em seus gabine-tes, sem a preocupação de veicular decisõesque têm extraordinário interesse público. Hásentenças e acórdãos que, pelo seu conteú-do e extensão, possuem até um caráter di-dático-pedagógico, se merecessem divulga-ção adequada. De outro, há também repór-teres sem conhecimento da estrutura e dosmecanismos do Judiciário, as vezes sem for-mação para tratar com questões polêmicas.E alguns colegas que ignoram até o signifi-cado de expressões jurídicas usadas de for-ma corriqueira pelos magistrados. No gerale, historicamente, as relações têm sido muitoprodutivas. No plano nacional,a situação é muito diferente.Há Estados em que as rela-ções são melhores e outras jádeterioradas.

OJ – Têm sido freqüente asqueixas de magistrados emrelação à forma como a mí-dia aborda certos assuntos, assim comomuitos jornalistas reclamam da dificulda-de de serem atendidos pelos juízes quan-do estes são contatados para uma entre-vista. Qual a sua opinião sobre essas situ-ações?

MP - Entendo que faltam mais informaçõespara magistrados sobre o processo de co-municação, a estrutura dos veículos e asresponsabilidades dos repórteres e co-mentaristas. Constato, na outra ponta, de-sinformação ou desconhecimento dos pro-fissionais de imprensa sobre as atividadesdos juizes e desembargadores, os meca-nismos processuais, prazos e recursos,enfim, todos os múltiplos aspectos de umprocesso ou de uma decisão. Estou se-guro de que palestras e maior convivên-cia podem ser esclarecedoras à jornalis-tas em encontros com magistrados . AAssociação Catarinense de Imprensa eAssociação dos Magistrados Catarinen-

ses, fazendo a intermediação, poderiameliminar as causas desses ruídos. Os de-sencontros não são de caráter ético ou ins-titucional, mas residuais decorrentes maisda desinformação.

OJ - As associações de magistrados têmprocurado investir no lançamento decampanhas cujos focos são a cidadania ea ética. Normalmente, a mídia abre espaçosomente para o lançamento dessesprojetos, deixando de acompanhar oandamento das ações. Por que issoocorre?

MP - Este é um problema que envolve ou-tros temas de idêntica relevância pública.A imprensa, em particular a TV por seupoder de comunicação, costuma veicularcom impacto determinados temas popula-res que, de repente, desaparecem do noti-ciário como se resolvidos estivessem. Naverdade, muitas vezes aqueles mesmosproblemas estão até mais agravados. Éuma falha que precisa ser corrigida. A des-continuidade da cobertura jornalística noBrasil constitui um desastre para a cidada-nia e para a democracia. Devo destacar aimportância das campanhas das associa-ções de magistrados. Elas dão prestígio àmagistratura, valorizam as instituições de-mocráticas e, sobretudo, respaldam inicia-tivas isoladas, políticas ou comunitárias,que procuram, justamente sob o enfoqueda ética, fortalecer a cidadania, a democra-cia e a própria Justiça.

OJ – A Associação dos Magistrados Brasi-leiros (AMB) lançou, em fevereiro, umacampanha para esclarecer os diversospontos da Reforma Política. O senhor acre-dita na possibilidade de essa iniciativa teralgum resultado prático?

MP - Benefícios concretos estas promoçõessempre apresentam. No caso da AMB, osaplausos são devidos à coragem de sua Di-

retoria e a seu presidente,o dedicado e talentoso juizRodrigo Collaço, de realizaresta e outras campanhas.A reforma política deveriaser a prioridade dos parla-mentares, dos partidos, dospolíticos. Como há razõesinconfessáveis para o en-

gavetamento, nada mais justo do que asinstituições com expressão e prestígio na-cional como a AMB tomem a iniciativa paraesclarecer a opinião pública e forçar algu-ma decisão do Congresso Nacional. Afinal,as sucessivas e escandalosas prorroga-ções constituem grave ofensa à cidadania.Nem os recentes escândalos que frustra-ram os homens de bem de todo o país, fe-rindo mortalmente várias instituições, ser-viram para motivar uma decisão urgente.E, sabemos todos, sem reforma política, oBrasil não avança.

OJ - Qual a sua análise sobre os repre-sentantes e membros dos Três Poderes?Onde eles erram e onde eles acertam?

MP - Os integrantes do Poder Executivo,em todos os níveis, costumam exagerar nasoberba e na tendência de uma atuaçãoautoritária. É da natureza do poder. O Exe-cutivo sobrepõe-se sempre aos demais

Poderes. A Teoria dos Poderes de “Mon-tesquieu”, continua distante da realidadedas nações. Os membros do Legislativocontinuam fora do trilho. Os temas trata-dos nas Câmaras, Assembléias e no Con-gresso Nacional, na maioria das vezes,nada tem a ver com as prioridades do cida-dão comum, em termos econômicos, soci-ais, políticos, culturais. Além disso, é bru-tal o distanciamento entre o que o povo quere o que os parlamentares fazem. Em rela-ção ao Judiciário, constato muita perda deenergia, por falta de prioridade nos julga-mentos, pela ausência de análise críticasobre o conteúdo dos processos e, especi-almente, na avaliação sobre a natureza dasleis e a origem dos conflitos. Autoridadesque editam atos, leis e decretos sabidamen-te inconstitucionais ou ilegais, com encar-gos financeiros, que transferem o ônus paraa Justiça, apostando justamente na lenti-dão e transferindo a responsabilidade paraos sucessores. Identifico muitas vezestambém prevalência do formalismo proces-sual sobre a efetiva aplicação da Justiça,com prejuízo para os cidadãos e a imagemda instituição.

OJ - Qual o papel desempenhado pelaAssociação Catarinense de Imprensa (ACI)e quais as ações programadas para esteano?

MP - A ACI dará continuidade este ano aExposição Memória da Imprensa Catari-nense, homenagem ao bicentenário de nas-cimento de Jerônimo Coelho, prosseguire-mos com o projeto de edição de livros so-bre imprensa e comunicação, realizaremoseventos sobre temas da atualidade, exe-cutaremos parcerias de campanhas públi-cas com diferentes instituições, reuniremosos profissionais em atividades sociais, lan-çaremos o programa do centenário da As-sociação Brasileira de Imprensa(fundadapelo jornalista catarinense Gustavo de La-cerda em 1908) e interiorizaremos as ativi-dades com novas diretorias regionais.

OJ – Com uma folha invejável de serviçosprestados à imprensa catarinense e aténacional; diversos livros escritos; profes-sor universitário; o que mais falta no currí-

culo do profissional Moacir Pereira paraque este se sinta plenamente realizado?

MP - Meu retorno ao grupo RBS realimen-ta o espírito, oxigena o profissional, colocapoderoso fermento para novos desafios eme confere uma energia juvenil. Ali tenhorecebido excepcionais manifestações decalor humano e profissionalismo dos cole-gas e incentivos extraordinários de seus di-retores. Só tenho um objetivo: fazer jorna-lismo com mais ética, mais independênciae mais profissionalismo, contribuindo noque for possível para que as pessoas se-jam mais felizes, que a vida tenha mais qua-lidade e que sejamos mais amigos e maisfraternos em todos os ambientes. Que anossa querida Ilha de Santa Catarina sejaaquela vila acolhedora que me viu nascere não uma metrópole fria e violenta. Pro-jetos não faltam para executar no Diário Ca-tarinense, na RBS-TV, na CBN-Diário e naTV-Com. Todos eles, de valorização denossa terra e nossa gente, de resgate darica memória do Estado, de divulgaçãoampla de iniciativas de extraordinário valorhumano e comunitário, de projeção de em-presários criativos e corajosos que ajudama desenvolver o Estado, enfim, de cidadãosíntegros que representam magníficos exem-plos para toda Santa Catarina. Para enri-quecer o currículo, além disso, a realiza-ção de dois sonhos: tocar algum instrumen-to em alguma banda (não saber cozinhar enão tocar piano ou violão são as duas frus-trações) e ter coragem para uma experiên-cia literária.

OJ – Moacir Pereira lança algum livro esteano?

MP - Projetos não faltam. Pretendo editarum livro sobre as eleições de 2006, cominformações dos bastidores da campanhae avaliação dos resultados; uma biografiaresumida do ex-governador Colombo Sal-les, e um trabalho sobre Gustavo de La-cerda, fundador da ABI, entre os ensaios.Na gaveta, projetos de coletâneas sobre osjornalistas Dakir Polidoro e Aldirio Simões,outro sobre o empresário e desportista Pau-lo Gil Alves e, como sonho na cabeça, “As12 Estações”.

O retorno ao grupo RBS reoxigenouo profissional Moacir Pereira. É o queafirma o jornalista nesta entrevista aojornal O Judiciário. Nela, Moacir falatambém da relação entre Judiciário eimprensa; a importância da aprovaçãoda reforma política pelo Congresso Na-cional; o papel dos Três Poderes daRepública; o trabalho desenvolvido pe-las associações dos magistrados; bemcomo sobre os seus projetos pessoais.Confira a entrevista:

“Judiciário e imprensa precisam caminhar juntos”“Judiciário e imprensa precisam caminhar juntos”“Judiciário e imprensa precisam caminhar juntos”“Judiciário e imprensa precisam caminhar juntos”“Judiciário e imprensa precisam caminhar juntos”JorJorJorJorJornalista Moacir Pnalista Moacir Pnalista Moacir Pnalista Moacir Pnalista Moacir Pereira sustenta que é preciso avançar na relação entre magistrados e profissionais que atuam na imprensa catarinenseereira sustenta que é preciso avançar na relação entre magistrados e profissionais que atuam na imprensa catarinenseereira sustenta que é preciso avançar na relação entre magistrados e profissionais que atuam na imprensa catarinenseereira sustenta que é preciso avançar na relação entre magistrados e profissionais que atuam na imprensa catarinenseereira sustenta que é preciso avançar na relação entre magistrados e profissionais que atuam na imprensa catarinense

acervo Casa do Jornalista

Como presidente da Associação Catarinense de Imprensa (ACI), Moacir Pereira tementre as suas metas a interiorização dos projetos e atividades da entidade

"A reforma políticadeveria ser a

prioridade dosnossos partidos e

dos políticos"

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O JUDICIÁRIOAbril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 200755555

AssociativasAssociativasAssociativasAssociativasAssociativas

Diversos segmentos , além de magistrados, promotores de Justiça e advogados participaram do lançamento do projeto no Diversos segmentos , além de magistrados, promotores de Justiça e advogados participaram do lançamento do projeto no Diversos segmentos , além de magistrados, promotores de Justiça e advogados participaram do lançamento do projeto no Diversos segmentos , além de magistrados, promotores de Justiça e advogados participaram do lançamento do projeto no Diversos segmentos , além de magistrados, promotores de Justiça e advogados participaram do lançamento do projeto no oooooeste catarinenseeste catarinenseeste catarinenseeste catarinenseeste catarinense

Revogam-se ou revoga-se a lei e o decreto

A base da concordância verbal é, resumidamente:- Sujeito simples Com um só núcleo no singular – verbo no singular. Ex.: Ele saiu. Com um só núcleo no plural – verbo no plural. Ex.: Elas saíram.

- Sujeito compostoFormado por mais de um núcleo – verbo no plural. Ex.: João e

Maria saíram.

Contudo, existe um caso em que o verbo pode ficar no singularmesmo se referindo a um sujeito composto: é quando se coloca overbo na frente do sujeito, contrariando a ordem natural que é “su-jeito e predicado/verbo”. Antecipado ao sujeito, o verbo pode ouconcordar com o núcleo mais próximo ou com o conjunto. Vejamosuma frase com sujeito composto na ordem direta:

- ”A Lei nº 2.089/88 e demais disposições em contrário ficamrevogadas”. Essa mesma frase pode ser construída na ordem indi-reta de duas maneiras:

* Ficam revogadas a Lei nº 2.089/88 e demais disposições emcontrário.

* Fica revogada a Lei nº 2.089/88 e demais disposições em con-trário.

Ao pluralizar, concordando com o conjunto, você estará maisseguro e evitará possíveis ambigüidades. Todavia, é bom saber queexistem as duas possibilidades. Às vezes o singular soa melhornesses casos de anteposição, e também, por uma questão de esti-lo, você pode querer usar essa inversão. Exemplos das duas op-ções (núcleos do sujeito em itálico):

* Ali pelo parque sempre passava uma senhora com os setefilhos e várias avós com os netinhos.

* A pedido do Governador, redigiu-se novamente o Decreto n°9.959 e as alterações contratuais dele decorrentes.

* Nas mãos não se refletem unicamente a nossa vivência psíqui-ca e o nosso estado anímico.

* No livro, narram-se a queda dos preços do café a partir dacrise de 1929 e os desmandos do populismo getulista.

Maria Tereza de Queiroz Piacentini

O Projeto Agente da Pazfoi lançado, oficialmente, nacidade de Chapecó, no dia 29de março, um dia antes darealização do Seminário daInfância e Juventude.

A iniciativa foi organizadapela Associação dos Magistra-dos Catarinenses (AMC) e bus-ca promover a cultura da paz.

Na cidade oestina, o lançamen-to aconteceu às 19h no audi-tório do Lang Palace Hotel.

A programação iniciou coma exibição de uma vídeo-repor-tagem sobre as condições devida de crianças e jovens emtodo Brasil e sobre a propostado Agente da Paz. Em seguida,a coordenadora do projeto, ju-íza Sônia Maria Mazzetto Mo-

roso falou sobre as propostas enovidades do Agente da Pazpara este ano. “O projeto Agen-te da Paz vem com uma propos-ta de reflexão. Pretende tambémnão só fazer a defesa dos quenão podem se defender, comotambém ensina-los a se defen-der”, destacou a magistrada. Opresidente da AMC, juiz JoséAgenor de Aragão, tambémenalteceu o projeto. “A disposi-ção demonstrada pelos magis-trados e demais segmentos dasociedade civil organizada, quede forma voluntária decidiramadotar o projeto Agente da Paz,é sinal encorajador e mostraque juntos podemos fazer maise melhor pela nossa sociedade”.

No final do evento, o presi-dente do Conselho Estadual deEntorpecentes de Santa Catari-na, Jairo Brincas, ministroupalestra com o tema: Drogadi-ção, a Cultura da Impunidade,Família e Escola como Foco de

Entre outras autoridades, fez parte da mesa o Corregedor Geral daJustiça, desembargador Newton Trisotto.

Oeste debate área da infância e juventudeOeste debate área da infância e juventudeOeste debate área da infância e juventudeOeste debate área da infância e juventudeOeste debate área da infância e juventude

Atuação. O Agente da Paz já foilançado em 2006 e conseguiu,inclusive, a aprovação de umalei estadual que estabelece aSemana da Cultura da Paz emSanta Catarina. Entre 5 e 12de outubro dos próximos anos,deverão ser realizadas ativida-des artísticas, científicas, cul-turais, esportivas e ecumênicaspela paz.

O projeto é apoiado pelo Po-

der Judiciário, Assembléia Le-gislativa de Santa Catarina, Mi-nistério Público Estadual, Se-cretaria de Estado da Saúde,Secretaria de Estado da Segu-rança Pública e Defesa do Ci-dadão, Fundação Maurício Si-rotsky Sobrinho, UDESC, Con-selho Estadual dos Direitos daCriança e Adolescente e Secre-taria de Estado de Educação,Ciência e Tecnologia.

O Seminário da Infânciae Juventude, realizado no dia30 de março, em Chapecó,reuniu um bom público, quepode acompanhar e discutirassuntos atuais que envol-vem o Direito e a questão dacriança e do adolescente.

O evento foi organizadopelo Tribunal de Justiça deSanta Catarina (TJ/SC), atra-vés do Centro de Estudos Ju-rídicos (Cejur) e da AcademiaJudicial, e pela Associação dosMagistrados Catarinenses(AMC), através da Escola Su-perior da Magistratura do Es-tado de Santa Catarina (Es-mesc) e Núcleo de EstudosAvançados (NEA) da Infânciae Juventude da Esmesc. Aspalestras foram transmitidasem tempo real, pela internet.

A abertura do seminárioaconteceu às 14h30 com apalestra: “Direito à convivên-cia familiar e a atuação doPoder Judiciário”, ministradapelo juiz da Vara da Infância eJuventude de Florianópolis,Francisco José Rodrigues deOliveira Neto. Em seguida, foi

feito o lançamento da campa-nha “O que o destino me man-dar”, com a exibição do docu-mentário da jornalista ÂngelaBastos sobre as condições emque vivem os meninos e meni-nas em abrigos catarinenses.

Depois do filme foi abertoum espaço para debates entreos participantes, a jornalistae os juízes Francisco OliveiraNeto e Marcelo Carlin. À noi-

te, duas palestras estavamprogramadas. A primeira foiministrada pelo desembarga-dor Antônio Fernando do Ama-ral e Silva, com o tema: "Im-putabilidade aos 16 anos.Uma solução?”. Em seguida,o espaço foi do médico psiqui-atra Francisco Baptista Neto,que ministrou palestra com otema "Prevenção e tratamentodo adolescente em conflito”.

Projeto Agente da PProjeto Agente da PProjeto Agente da PProjeto Agente da PProjeto Agente da Paz chega à cidade de Chapecóaz chega à cidade de Chapecóaz chega à cidade de Chapecóaz chega à cidade de Chapecóaz chega à cidade de Chapecó

Fabrício Severino

Presidente da Associação dos Magistrados Catarinenses, JoséAgenor de Aragão, discursou na abertura do evento

Gilmar Zico Paloschi

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O JUDICIÁRIO Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 200766666

CidadaniaCidadaniaCidadaniaCidadaniaCidadania

Começou como um im-posto, e provisório, e 14 anosdepois ela está presente naeconomia brasileira comouma contribuição quase per-manente. Com origem emum imposto temporário so-bre transações bancárias, cri-ado em 1993 pelo governoItamar Franco, a Contribui-ção Provisória sobre Movi-mentação Financeira (CPMF)surgiu oficialmente em 1996.

Provisório, o tributo foi re-novado quatro vezes, duranteos governos FHC e Lula, e, ago-ra, prestes a ter seu prazo devalidade encerrado novamen-te – 31 de dezembro é a datalimite – o Governo Federal jáse movimenta nos bastidorespara mais uma renovação. Osatuais oposicionistas, antigosdonos da contribuição, agorapedem o fim da taxa implan-tando o movimento “Xô CPMF”.A promessa é martelar um pon-to controverso: a cobrança dochamado imposto do banco éinconstitucional.

O deputado federal catari-nense Paulo Bornhausen

(DEM-SC) encabeça o grupoanti-CPMF – o movimento écomposto, além dos congres-sistas, por setores da socieda-de civil. “A CPMF é, nada mais,nada menos, que fruto da in-capacidade do Estado em efe-tuar um ajuste fiscal eficientee de enfrentar uma reforma tri-butária que elimine os tribu-tos em cascata”, ataca o demo-crata. As inconstitucionalida-des não existiriam apenas nasseguidas prorrogações, massim na própria Emenda Cons-titucional nº12, de 1996, quedelegou à União a competên-cia para instituir tributos so-bre a movimentação e trans-missão de va-lores. Para oprofessor epresidente doCentro dePesquisas eEstudos Jurí-dicos (Cepe-jur), KiyoshiHarada – um dos integrantesdo “Xô CPMF” –, “jamais um tri-buto conseguiu acumular tan-tas inconstitucionalidadescomo este, a começar pela pró-

pria Emenda que autorizousua criação”. Foi a alteraçãona constituição que permitiua criação da Lei nº 9.311, ins-tituidora e regulamentadorada CPMF.

A EC nº12 invalidou os ar-tigos 153, §5º e 154, I da Cons-tituição para o caso específicoda Contribuição Provisória. Deacordo com o artigo “CPMF: In-constitucionalidade em casca-ta”, de Harada, ambos os itenssão dispositivos das “’Limita-ções do Direito de Tributar’,porque constituem escudo deproteção do contribuinte, ouseja, garantia fundamental docidadão, insuprimível por

Emenda”. Ao vi-olar um direitofundamental, aCPMF estaria,assim, cometen-do sua primeiratransgressãoconstitucional.Legal ou não, o

fato é que a Emenda passoupelo Congresso em agosto de1996 e começou a morder obolso dos brasileiros a partir dasanção da lei regulamentado-

ra pelo então presidente Fer-nando Henrique Cardoso, emoutubro do mesmo ano. Ironi-camente, os petistas, que ago-ra querem a quinta prorrogaçãoda contribuição, gritaram con-tra a invençãodos tucanos epeefelistas, jus-tamente os ago-ra inquisidoresdo tributo.

Acusaçõessobre irregulari-dades jurídicas à parte, e porsaber que águas passadas nãomovem moinhos, os críticos daCPMF centram seus ataquesnas inconstitucionalidades dasprorrogações – além, é claro,dos prejuízos trazidos à socie-dade e ao setor produtivo dopaís. Alega-se que instituir umtributo da maneira unilaterale com as renovações contradi-tórias perante o universo do Di-reito cria uma sensação de in-segurança legal no país. Outroproblema seria a criação demini-fundos. A exemplo doocorrido com o dinheiro do “im-posto do cheque”, abocanhadocom o pretexto de investir em

Constitucionalidade da CPMF é posta em xConstitucionalidade da CPMF é posta em xConstitucionalidade da CPMF é posta em xConstitucionalidade da CPMF é posta em xConstitucionalidade da CPMF é posta em xequeequeequeequeequePPPPPara o movimento “Xô CPMFara o movimento “Xô CPMFara o movimento “Xô CPMFara o movimento “Xô CPMFara o movimento “Xô CPMF”, jamais um tributo conseguiu acumular tantas inconstitucionalidades no Brasil como o chamado imposto do cheque”, jamais um tributo conseguiu acumular tantas inconstitucionalidades no Brasil como o chamado imposto do cheque”, jamais um tributo conseguiu acumular tantas inconstitucionalidades no Brasil como o chamado imposto do cheque”, jamais um tributo conseguiu acumular tantas inconstitucionalidades no Brasil como o chamado imposto do cheque”, jamais um tributo conseguiu acumular tantas inconstitucionalidades no Brasil como o chamado imposto do cheque

Críticos centram osataques nas

prorrogações daCPMF, consideradas

“inseguras”

Cobrança tem origemem um imposto

provisório criado porItamar Franco em 1993

um fundo para a saúde públi-ca, o governo acaba gastandoo montante da maneira quemais lhe convém. Ao contráriodas verbas do orçamento, o di-nheiro dos fundos possui uma

fraca fiscaliza-ção e controleorçamentário,além de nãoser repartidocom os estadose municípios.

Em suamaioria, os políticos, empresá-rios, trabalhadores, sindicalis-tas e demais membros da so-ciedade civil que compõem o“Xô CPMF” são opositores his-tóricos da cobrança, apesar dobloco ter ganho forma apenasneste ano. Agora em 2007, noprocesso de renovação do tri-buto, o novo pomo da discór-dia dos manifestantes deve sera distinção entre capital es-trangeiro e nacional. Comen-ta-se a possibilidade da entra-da e saída de capitais estran-geiros nas Bolsas de Valoresbrasileiras ficarem isentas doCPMF, mantendo a cobrançaapenas para os capitais brasi-leiros. “Os legisladores palaci-anos estão empenhados emagravar as inconstitucionali-dades, desta vez, com afron-ta, também, de ordem moral”,alerta o professor Harada.“Querem isentar do malsina-do imposto o ingresso de ca-pital estrangeiro nas Bolsas ea sua saída, sob os mais inde-fensáveis argumentos: o es-trangeiro nada tem a ver coma saúde do brasileiro”, comple-ta. Com uma, teoricamente,forte coalizão, é provável queo governo consiga a prorroga-ção do tributo, mas os oposi-cionistas prometem, ao me-nos, dar dores de cabeça nabase aliada.

Em 1993, o presidente Ita-mar Franco criou o Imposto Pro-visório sobre Movimentação Fi-nanceira (IPMF). Aprovado a to-que de caixa pelo Congresso, oimposto cobrou uma alíquota de0,25% sobre as transações fi-nanceiras entre 1994 e 1995.Entre os parlamentares, a resis-tência foi branda e restrita aoPDT e ao grupo ligado ao sena-dor Antônio Carlos Magalhãesno PFL. O precursor da CPMFnão tinha sua receita vinculadaà nenhuma área específica do

governo e não era aplicado aotrabalhadores assalariados –para eles, o gasto com o IPMFera compensado na contribui-ção previdenciária.

Ao assumir o governo, opresidente Fernando HenriqueCardoso não se mostrou inte-ressado em conseguir umanova prorrogação do IPMF, queexpirou no final de 1995. Entre-tanto, o imposto morreu para onascimento de uma contribui-ção. Por iniciativa do então mi-nistro da Saúde Adib Jatene, foi

criado o projeto da ContribuiçãoProvisória sobre MovimentaçãoFinanceira, que originariamentedespejaria recursos para desen-volver a saúde pública. A emen-da acabou aprovada pela Câma-ra em junho de 1996, aprovadapor 323 votos a 146, e entregouem vigor em janeiro de 1997com a alíquota de 0,2%.

Dois anos depois de sua cri-ação, no início de 1999, a CPMFdeixou de existir. Ao contrário doIPMF, ela voltou em junho domesmo ano, fortalecida após o

Histórico da cobrança

renascimento: a alíquota subiupara 0,38%. De prorrogação emprorrogação, o tributo permane-ce inserido na economia brasi-leira. Em 31 de dezembro eledeixa de vigorar, e, para nãohaver interrupção na cobrança,o governo deve aprovar novaemenda até o final de setembro.O provisório tem tudo para vi-rar permanente, afinal, a Uniãonão quer menosprezar os R$ 35bilhões anuais que a CPMF tirado bolso dos brasileiros e joganas garras do leão.

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O JUDICIÁRIOAbril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 200777777

CidadaniaCidadaniaCidadaniaCidadaniaCidadania

Judiciário utiliza a mídia para ajudar cidadãosJudiciário utiliza a mídia para ajudar cidadãosJudiciário utiliza a mídia para ajudar cidadãosJudiciário utiliza a mídia para ajudar cidadãosJudiciário utiliza a mídia para ajudar cidadãosCom programas de Com programas de Com programas de Com programas de Com programas de TVTVTVTVTV e rádio, as infor e rádio, as infor e rádio, as infor e rádio, as infor e rádio, as informações sobre a Justiça têm atingido mais pessoas e ajudado a apromações sobre a Justiça têm atingido mais pessoas e ajudado a apromações sobre a Justiça têm atingido mais pessoas e ajudado a apromações sobre a Justiça têm atingido mais pessoas e ajudado a apromações sobre a Justiça têm atingido mais pessoas e ajudado a aproximar o Judiciário da populaçãoximar o Judiciário da populaçãoximar o Judiciário da populaçãoximar o Judiciário da populaçãoximar o Judiciário da população

Um dos maiores desafios do Judi-ciário é buscar uma maior aproxima-ção com o cidadão comum. Atual-mente, diversas iniciativas nessesentido usam veículos de comunica-ção para informar à população sobreo funcionamento da Justiça e escla-recer as principais dúvidas legais.Além de jornais e sites, já existemdiversos programas de rádio e TV quebuscam traduzir a linguagem jurídi-ca e mostrar que o Judiciário é umaliado do cidadão.

Em Santa Catarina, um dos progra-mas televisivos que, atualmente, é vei-culado em dois canais abertos (SBT e

TVBV) é o “Justiça Legal”, elaborado peloTribunal de Justiça do Estado (TJ/SC).O programa existe desde 2001 e no iní-cio passou por dificuldades como a ade-quação dos profissionais ao universojurídico e a desconfiança dos magistra-dos, receosos como uma exposição atéentão inexistente. Segundo Ângelo Me-deiros, assessor de imprensa do TJ, aaudiência do programa vem aumentan-do com o tempo. “As pessoas começama se interessar pelo programa quandoassistem nele matérias que tratam detemas que podem ter relação com seuscotidianos. A partir de uma linguagemmenos hermética, de entendimento eassimilação mais fáceis, é possível

despertar o interesse do público para ostemas da Justiça, uma vez que são as-suntos que fazem parte do dia a dia daspessoas”. Para Medeiros, outro fator quegarante o sucesso da iniciativa é o apoioirrestrito recebido pelos próprios dirigen-tes do TJ que, mesmo com a alternânciadas gestões, mantêm o status e o espaçodo programa dentre os demais projetosda instituição. “Isto demonstra que es-tamos no caminho certo e que há retor-no para os investimentos realizados”,complementa. O “Justiça Legal” tem oformato de uma revista eletrônica. Pos-sui veiculação semanal, abordando, prin-cipalmente, decisões judiciais e adminis-trativas que repercutam na sociedade.

Algumas das iniciativas de aproxima-ção do Judiciário são feitas por meio deprogramas de rádio que possuem espa-ço para as pessoas esclarecerem dúvi-das relacionadas às questões legais.

No município de Biguaçu,na GrandeFlorianópolis, por exemplo, uma parceria

entre a Vara da In-fância e Juventudedo município e oConselho Tutelarlocal está propor-

cionando à comu-nidade esclareceros mais diversos te-mas relacionados aoEstatuto da Criançae Adolescente (ECA).Para isso, comunida-de local tem a dispo-sição, há um ano, oprograma de rádio“Momento da Infân-cia e Juventude”

que vai ao ar todaquarta-feira das 13h45

às 14h pela rádioc o m u n i t á r i aBiguaçu (104,9FM). A idéia

surgiu da promo-

Rádios abrem espaço para debateRádios abrem espaço para debateRádios abrem espaço para debateRádios abrem espaço para debateRádios abrem espaço para debatetora de Justiça Cristina Bertoncini, titularda Vara da Infância e Juventude deBiguaçu, atenta à grande quantidade dedúvidas relacionadas à infância e adoles-cência que a população local possuía. Oprograma aborda diversos assuntoscomo violência sexual, maus tratos, tra-balho infantil e evasão escolar. Segun-do a promotora, após o início do progra-ma, a comunidade passou a ficar maisesclarecida, o que proporcionou um aumen-to na quantidade de denúncias que chegamao Conselho Tutelar e ao Ministério Público.

Já no sul do Estado, o programa “Rá-dio Justiça”, apresentado por juízes, temrepercutido bastante na cidade de Tu-barão. A iniciativa começou em junho de2003 e, inicialmente, a emissora de rá-dio (Tubá - AM 730) recebia as princi-pais dúvidas dos ouvintes, gravava asrespostas dos juízes e as veiculavam noprograma. O sucesso foi tanto que, em me-nos de quatro meses após a estréia, a rá-dio propôs que o programa passasse a serao vivo. Atualmente, o “Rádio Justiça” é vei-culado toda sexta-feira das 10h às11h30min. Para o juiz Paulo Bruschi, queparticipa do programa desde o início, a ini-ciativa tem sido importante no sentido deesclarecer o próprio funcionamento do Ju-diciário e ajudar na quebra do tabu de queo juiz fica fechado em seu gabinete.

No município deBiguaçu, a

promotora de JustiçaCristina Bertoncini

(meio) e osconselheiros tutelaresLuciane Hoffmann da

Silva (esquerda) eAlexandre Martins de

Souza (direita)orientam a

comunidade sobre osdireitos da criança e

adolescente.

Em cada edição doRádio Justiça, nomínimo três juízesrespondem, ao vivo,às perguntas dapopulação.

Magda Martins

Ricardo Petri

Programasesclarecem as

principaisdúvidas sobre

a Justiça

No“Justiça do Trabalho na TV”, pessoas de diversas áreas são entrevistadas. Na foto, aentrevista com o médico Herval Pina Ribeiro (direita), autor do livro “O Juiz sem a toga”.

O programa “Justiça Legal” do Tribunal de Justiça de SC tem o formato de uma revistaeletrônica e exibe reportagens sobre assustos judiciais com repercussão na sociedade

Jaiciara Monteiro Assessoria de Imprensa/TJ-SC

Outro programa televisivo feito porum órgão do Judiciário é o “Justiça doTrabalho na TV”. O programa é produzi-do pela assessoria de comunicação doTRT/Santa Catarina que dispõe, no pró-prio Tribunal, de toda estrutura para gra-vação e edição do material veiculado naTV Justiça, TV Cultura e mais dez ca-nais a cabo de Santa Catarina. No “Jus-tiça do Trabalho na TV” são feitas en-trevistas de 30 minutos sobre assuntosrelacionados à Justiça, ao trabalho e aosinteresses sociais da população. A idéiavinha sendo discutida desde 1998, massó em 2001 o projeto conseguiu se con-cretizar. No início, as gravações e edi-ções eram feitas na TV Cultura.

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O JUDICIÁRIO Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 200788888

EspecialEspecialEspecialEspecialEspecial

Crime no Rio de Janeiro fazCrime no Rio de Janeiro fazCrime no Rio de Janeiro fazCrime no Rio de Janeiro fazCrime no Rio de Janeiro fazCongresso alterar leis penaisCongresso alterar leis penaisCongresso alterar leis penaisCongresso alterar leis penaisCongresso alterar leis penais

A morte do garoto João Hélio fez os políticos se meA morte do garoto João Hélio fez os políticos se meA morte do garoto João Hélio fez os políticos se meA morte do garoto João Hélio fez os políticos se meA morte do garoto João Hélio fez os políticos se mexxxxxeremeremeremeremerem e um pacote de leis anti-violência foi criado para dar um resposta a comoção nacionale um pacote de leis anti-violência foi criado para dar um resposta a comoção nacionale um pacote de leis anti-violência foi criado para dar um resposta a comoção nacionale um pacote de leis anti-violência foi criado para dar um resposta a comoção nacionale um pacote de leis anti-violência foi criado para dar um resposta a comoção nacional

Não há paz nas grandes cidadesbrasileiras. A afirmação, um con-senso geral, é conhecida por todos.O aumento da violência urbana dé-cada após década, a sensação decaos, os atentados criminosos e asdemais faces da violência brasilei-ra deixaram o cidadão indignadocom a realidade do país. Mas, ape-sar da revolta geral, pouco – ounada – foi feito paramoldar um novo cená-rio. Eis que um garo-to de seis anos é ar-rastado por um carropreso ao cinto de se-gurança por sete qui-lômetros no Rio deJaneiro. A brutal mor-te choca a nação. A comoção naci-onal empurra o Congresso a tomaralguma atitude, e uma leva de pro-jetos sobre segurança despenca napauta do Legislativo.

Os deputados e senadores sen-tem-se obrigados a mostrar serviço,e o que deveria ser feito há décadascomeça a ocorrer de forma repenti-na. A morte do jovem João Hélio Fer-nandes ocorreu no dia seis de feve-reiro, e de lá para cá foram apresen-tados mais de 20 projetos na Câma-ra e no Senado – todos com a carac-terística comum de aumentar o rigor

das leis penais.Surgiu então o cha-

mado pacote de segu-rança ou pacote anti-violência. Trata-se deum aglomerado deProjetos de Lei (PL´s) ePropostas de EmendasC o n s t i t u c i o n a i s

(PEC´S) que procuram adequar a le-gislação penal à realidade do país. Oobjetivo é satisfazer o clamor popu-lar por mudanças e a desejo nacio-nal de acabar com a impunidade. Uns

aplaudiram, ao verem o fim da inér-cia legislativa em torno das leis pe-nais, e outros criticaram a formaapressada do processo. O ponto cen-tral da questão era saber se, com asociedade comovida com a morte dogaroto João Hélio, era a hora certado Congresso agir.

“Há casos que comovem o país devez em quando. Mas, agora, o paísestá comovido permanentemente. Hápessoas que dizem: nãovamos votar agora por-que estamos sob emo-ção. Eles supõem quevai haver uma normali-dade e nunca mais vaihaver essa normalidadeno Brasil se nós não in-tervimos”, argumentouo deputado federal Fernando Gabei-ra, defensor do pacote antiviolência.Já para a presidente do Supremo Tri-bunal Federal (STF), ministra Ellen

Gracie, “o que ocorre é que se discu-te sobre mudanças na Legislação sobum clima de tensão e isso não é, ne-cessariamente, a melhor forma dediscutir legislação. Creio que a ques-tão da criminalidade é bem mais am-pla”, disse. Havia também o temor darepetição de um costume da políticabrasileira: quando um fato bombás-tico estoura, há toda uma movimen-tação parlamentar, mas quando o as-

sunto vai desapare-cendo do noticiáriotudo volta ao normale, no final das contas,a situação continua amesma.

Entre as alteraçõespropostas, a maiorpolêmica ficou por

conta da redução da maioridade pe-nal. Como um dos cinco integrantesda quadrilha responsável pela mortedo garoto João Hélio no Rio é menorde idade, houve protestos pelo fato docriminoso permanecer no máximo trêsanos recluso em um centro de reabili-tação. As sugestões dos parlamenta-res sobre o tema eram variadas. Duasopções destacaram-se no debate: a re-dução da maioridade penal de 18 para16 anos, e admitir a imputabilidadede menores na maioria dos crimes he-diondos – ou ao menos fazer altera-ções no Estatuto da Criança e do Ado-lescente (ECA). Além delas, havia Pro-postas de Emenda Constitucionais re-duzindo a maioridade para 13 anos econsiderando o fator psicológico – enão apenas o cronológico – como de-terminante da imputabilidade.

No final das contas, seis PEC´sque já tramitavam no Congresso fo-ram apensadas em uma só, sob a re-latoria do senador Demóstenes Tor-res (PFL-GO). O congressista é favo-rável a redução da maioridade para16 anos, mas com a possibilidade deregime prisional apenas para os cri-mes hediondos. “Só será punido coma prisão o jovem menor de 18 anosque cometer crimes hediondos. Issopune os adolescentes que efetiva-mente cometerem crimes graves”, ex-plicou o senador em entrevista à im-prensa. A Comissão de Constituiçãoe Justiça (CCJ) do Senado marcarapara 28 de fevereiro a votação da pro-posta, mas a votação foi adiada. Foiaprovada a instalação de um grupode estudos, composto por seis mem-bros, destinado a buscar uma solu-ção abrangente para a área da segu-rança pública. O prazo para um re-latório final é de 45 dias. Até lá, oclamor popular em torno da questãoterá cessado, e não se sabe se o Con-gresso vai manter o pique e a vonta-de de modificar a legislação criminalbrasileira.

Em sua maioria, as leis do pacote anti-violência aumentam o rigor com os criminosos. O objetivo é acabar com a sensação de impunidade: apolícia prende, o juiz condena, mas milhares de recursos e benefícios presentes na lei dão um jeito de deixar o bandido solto

Redução damaioridade penal é umdos principais temas

em debate

Como resposta a gravesituação, governo criou

um pacote “anti-violência”

Ascom Polícia Civil/MS

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O JUDICIÁRIOAbril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 200799999

EspecialEspecialEspecialEspecialEspecial

Crimes hediondos

Celular em presídio

Uso de menores

Videoconferência

Prescrição retroativa

Defesa / Tribunal do Júri

Prisão preventiva

Investigação

Pena máxima

Segurança Máxima

Liberdade condicional

Direito ao benefício de progressão de pena e liberdade provisória após o cumprimento de 2/5 da pena.No caso dos reincidentes, 3/5.

Considera falta grave o porte de uso de telefones celulares e aparelhos de rádio comunicação dentrodos presídios.

Dobra a pena para integrantes de quadrilha que usarem menores em crimes, e aumenta – a critério dojuiz – para adultos não integrantes de quadrilha.

Permite interrogatórios ou audiências através de videoconferência.

Prevê novas regras dificultando a prescrição de crimes.

Cria a defesa preliminar; altera o número de testemunhas de oito para cinco na fase preliminar e decinco para oito no plenário.

Dificulta a prisão preventiva, extinguindo causas indeterminadas; torna-a obrigatória em crimes hediondos.

Determina apenas a presença de elementos relevantes nos inquéritos e diminui as formalidades dainvestigação

Mantém em 30 anos a pena máxima, mas determina o cumprimento da sentença em regime fechadopara penas superiores.

Cria o regime de segurança máxima para envolvidos com o crime organizado.

Impede que reincidente punido com reclusão tenha direito à liberdade condicional.

Aprovado pela Câmara e Senado, aguar-dando sanção presidencial.

Aprovado pela Câmara e Senado, aguar-dando sanção presidencial.

Aprovado pela Câmara, pela CCJ do Se-nado e à espera de votação no Plenário doSenado.

Aprovado e alterado na Câmara, vai voltarao Senado.

Aprovado pela CCJ do Senado, à esperada votação no Plenário.

À espera de votação na Câmara.

À espera de votação na Câmara.

À espera de votação na Câmara.

Aprovado pela CCJ do Senado, aguarda in-clusão na pauta da Câmara.

Aprovado no Senado, vai agora à Câmara.

Aprovado pela CCJ do Senado, aguardainclusão na pauta da Câmara.

TTTTTrabalhos chegam a primeiros resultadosrabalhos chegam a primeiros resultadosrabalhos chegam a primeiros resultadosrabalhos chegam a primeiros resultadosrabalhos chegam a primeiros resultadosO primeiro resultado prático da

movimentação dos deputados e se-nadores após a repercussão do assas-sinato no Rio foi o aumento do tem-po de cumprimento de prisão para aprogressão de regime.

O Projeto de Lei Complementar(PLC) 08/2007 deu nova redação aoArtigo 2º da Lei nº 8.072, de 1990.Agora, o tempo mínimo de prisãopara a progressão sobe dos então 1/6 para 2/5. A mudança surge em ummomento importante, já que no iní-cio do ano passado o Supremo Tri-bunal Federal declarou inconstituci-onal a proibição do be-nefício aos condenadospor crimes hediondos.

Na prática, um cri-minoso culpado pormúltiplos homicídiosqualificados com umasentença de, por exem-plo, 30 anos, podia ga-nhar o direito de cumprir sua penaem regime semi-aberto após cincoanos de prisão. Agora, esse benefíciosó poderia ser adquirido depois de 12anos de reclusão.

Uma outra mudança surgida noescopo do mutirão da segurança noCongresso Nacional determinou, fi-nalmente, punições ao presidiárioque usar telefone celular ou algumtipo de aparelho de comunicaçãodentro das cadeias ou presídios. Umpreso podia fazer ligações de dentrode uma penitenciária ordenando cri-mes ou cometendo os chamados “se-qüestros telefônicos” e não sofrersanção alguma. Com a modificação

Principais pontos do pacote de segurança

na Lei de Execução Penal (nº 7.210,de 1984), a prática foi caracterizadacomo falta disciplinar grave. Comoconseqüência, o preso perde o direi-to a privilégios como indultos de fe-riados e passa a ser enquadrado noregime disciplinar diferenciado – sis-tema mais rígido, no qual não há con-tato com outros detentos ou direitoa visitas e apenas uma hora diáriafora da cela.

Há ainda, em andamento, o Projetode Lei Complementar 19/07, que aca-ba com a chamada prescrição retroati-va. De caráter puramente técnico, o ob-jetivo da medida é reduzir a impunida-

de. Atualmente, o ins-trumento legal é umaexceção à contagemnormal dos prazos doCódigo Penal. O perío-do para prescrição éembasado de acordocom a pena sentencia-da pelo juiz, e não pela

pena máxima prevista. O projeto prevêque o tempo para contar a prescriçãocomece a partir da publicação da sen-tença e não a partir da denúncia. OProjeto de Lei foi aprovado pela Co-missão de Constituição de Justiça doSenado no dia 28 de março e agoravai a votação no plenário.

Rigor para quem utilizar menoresEstá em estágio final de tramita-

ção no Congresso o PLC 9/07, quedetermina o aumento de pena paraintegrantes de quadrilhas ou bandosque utilizarem menores de 18 anosem ações criminosas. Aprovado pelaCâmara, o Projeto também passou

pela CCJ do Senado, em 28 de mar-ço. Agora resta a votação em Plená-rio pelos senadores e a sanção presi-dencial. A atual legislação brasileiraprevê a duplicação das penas casoos integrantes da quadrilha portemarmas. Agora, induzir menores ao cri-me também vai ser motivo para do-brar a condenação.

O relator, senador Jarbas Vascon-celos (PMDB-PE), acolheu emenda deredação do senador Epitácio Cafetei-ra (PTB-MA) que dobra também apena para o adulto - não integrantede quadrilha ou bando - que utilizar

Aumento de tempomínimo para

progressão de regimesubiu de 1/6 para 2/5

menores, armados ou não, em açõesdelituosas. Na prática, caberá ao juizdecidir em quanto será agravada apena de quem cooptar menores, como magistrado tendo como parâmetrodecisório o tipo de crime e demais cir-cunstâncias. Já para os casos de uti-lização de menores envolvendo for-mação de quadrilha ou bando, a penaserá obrigatoriamente duplicada.“Até aqui tem prevalecido a maiscompleta indulgência com quem uti-liza ou conta com a participação demenores para cometer crimes”, expli-cou Vasconcelos no Senado.

Senadores Eduardo Azeredo (esq.), Jefferson Peres (dir.) e Demóstenes Torres (cen.)conversam durante a reunião do último dia 27 de março da CCJ do Senado

Agência Senado

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CidadaniaCidadaniaCidadaniaCidadaniaCidadania

guém”, disse a senadora, salientandoa importância de se tratar o tema daadoção com muito cuidado e atenção.E completou: “A sociedade precisa co-nhecer melhor essa realidade. A ado-ção não é um ato de pena, misericórdiaou piedade. É um ato de amor”.

A presidente do Conanda, CarmemOliveira, alertou a platéia sobre umasituação preocupante no país. Segun-do ela, em 40% dos estados brasileiroshá instituições de abrigamento comatendimento misto, ou seja, acolhemjovens órfãos ou desamparados pelosfamiliares e outros envolvidos com cri-mes. “Faço um chamamento aos no-vos governos estaduais para mudaremessa grave situação de alguns abrigos.É um dever de casa para os novos go-vernantes”, ressaltou.

A orientadora pedagógica do abrigoNosso Lar, Patrícia Braga, revelou a di-

ficuldade de adaptaçãodesses jovens a um lar to-talmente novo. “Quando acriança chega ao abrigo,por mais que ele seja bo-nito e aconchegante, elaprecisa adquirir confian-ça nesse novo lar. Para

tanto, precisamos nos preocupar coma saúde emocional desses jovens”, ex-plicou, elogiando a iniciativa da AMB.“Com essa campanha, os abrigos es-tão se sentindo acolhidos.”

ImprensaA jornalista Ângela Bastos destacou

a necessidade de a imprensa brasileiradar mais destaque à questão da adoçãoe à situação das crianças e adolescentesque vivem em abrigos. “A imprensa nãotem dado bom espaço para esse debate.Um dos papéis da mídia é ajudar a des-mistificar o processo da adoção”, disse.E deu um conselho à platéia: “Se vocêspuderem visitar um abrigo algum dia,com certeza se sentirão mais homens”.

A Associação dos Magistrados Bra-sileiros (AMB) lançou, no dia 14 demarço, a mais nova campanha da en-tidade: Mude um Destino – em favordas crianças que vivem em abrigos.Com a participação de integrantesdos Poderes Judiciário, Executivo eLegislativo, do Ministério Público, deprofissionais da imprensa e da socie-dade em geral, a solenidade de lança-mento da iniciativa foi realizada noHotel Blue Tree, em Brasília (DF).

Com a campanha, a Associação pre-tende sensibilizar, comover e mostrarà sociedade a realidade das crianças ejovens que vivem em abrigos, hoje tãodesconhecida pela maioria dos brasi-leiros. A intenção é incentivar o retor-no desses jovens à família biológica,além de estimular a prática da adoção

Campanha mostra situação de crianças abrigadasCampanha mostra situação de crianças abrigadasCampanha mostra situação de crianças abrigadasCampanha mostra situação de crianças abrigadasCampanha mostra situação de crianças abrigadas

em todo o país. A iniciativa tambémbusca orientar os dirigentes de abrigossobre a legislação que trata do assunto.

Para subsidiar esses cidadãos, acampanha conta com um material dedivulgação, composto por um folder ex-plicativo, uma cartilha com o passo apasso do processo de adoção, um livre-to com a legislação sobre o assunto, doiscartazes e uma cópia em DVD do docu-mentário “O que o destino me mandar”,dirigido pela jornalista Ângela Bastoscom o apoio da AMB. “Tenho confiançade que os presidentes de associações demagistrados levarão a campanha paratodo o país, pois acredito que há neces-sidade desse engajamento para realizar-mos um trabalho extremamente positi-vo”, afirmou o presidente da AMB, Ro-drigo Collaço, ao anunciar o lançamen-to oficial da campanha.

O ministro Patrus Ananias, do Mi-nistério do Desenvolvimento Social eCombate à Fome, compareceu à ce-rimônia, representando o presidenteda República, Luiz Inácio Lula da Sil-va. Em seu discurso, o ministro ga-rantiu que entregaria todo o materi-al de divulgação da campanha aopresidente Lula e transmitiria a elesuas impressões “altamente positivase profundamente emotivas” em rela-ção à iniciativa.

Talk-showO lançamento da campanha foi se-

guido pela exibição do documentário “Oque o destino me mandar” e por um de-bate, em formato talk-show, sobre a re-alidade dos jovens que vivem em abri-gos no país. Participaram da discussão”o presidente da AMB; a senadora Patrí-cia Saboya (PSB-CE); a presidente doConselho Nacional dos Direi-tos da Criança e do Adoles-cente (Conanda), CarmemOliveira; a orientadora edu-cacional do abrigo NossoLar, localizado no DistritoFederal, Patrícia Braga; e ajornalista Ângela Bastos. Odebate foi mediado pelo jornalista Jú-lio Mosquéra.

“O que essa campanha pode pro-duzir de mais positivo é trazer à tona arealidade desses jovens, pouco conhe-cida pela sociedade. Ela mostrará odrama de cada uma dessas crianças eadolescentes à população”, explicouRodrigo Collaço. Segundo ele, foi gra-ças à coragem e ao novo pensamentoda magistratura nacional que essacampanha pôde ser concretizada.

A senadora Patrícia Saboya, que temuma filha adotada, destacou que sãonecessárias mudanças na legislação,“mas só isso não basta”. “Uma criançanão é um brinquedo que a gente com-pra e depois dá de presente para al-

AAAAAssociação dos Magistrados Brasileiros quer estimular a adoção em todo país, bem como o retorssociação dos Magistrados Brasileiros quer estimular a adoção em todo país, bem como o retorssociação dos Magistrados Brasileiros quer estimular a adoção em todo país, bem como o retorssociação dos Magistrados Brasileiros quer estimular a adoção em todo país, bem como o retorssociação dos Magistrados Brasileiros quer estimular a adoção em todo país, bem como o retorno dos jovens as suas famílias biológicasno dos jovens as suas famílias biológicasno dos jovens as suas famílias biológicasno dos jovens as suas famílias biológicasno dos jovens as suas famílias biológicas

Ministro Patrus Ananias (dir.) disse que transmitiria ao presidente Lula suas impressões“altamente positivas e emotivas” em relação à iniciativa da AMB

Hermínio Oliveira

O consumidor catarinense quecomprar um veículo usando o ins-trumento da alienação fiduciárianão precisará registrar a operaçãoem Cartórios de Registro de Títulose Documentos de Pessoas Jurídicas,bastando apenas o registro dos con-tratos bancários no DepartamentoEstadual de Trânsito (Detran).

O Pleno do Tribunal de Justiça (TJ)restabeleceu liminar da Vara da Fa-zenda Pública da comarca da Capitaldesobrigando os contribuintes a re-gistrarem os contratos de alienaçãonos cartórios.

A necessidade de fazer o registrocartorário surgiu com o convênio6.719/2005-9, entre o Governo Esta-dual e o Sindicato dos Oficiais de Re-gistro Civil de Santa Catarina (Siredoc).

“A suspensão dos efeitos do con-vênio desobriga os interessados de terde registrar contratos fiduciários nostabelionatos, dispensando-os de mais

Compra de carCompra de carCompra de carCompra de carCompra de carros por alienação não vai mais passar por cartóriosros por alienação não vai mais passar por cartóriosros por alienação não vai mais passar por cartóriosros por alienação não vai mais passar por cartóriosros por alienação não vai mais passar por cartóriosum custo e/ou uma taxa, consideradoesse verdadeiro cipoal de mais de 55 tri-butos, diretos e indiretos, que a naçãobrasileira suporta impotente, atônita ejá quase extenuada”, apontou em seuacórdão o desembargador Eládio TorretRocha, relator da matéria. Foi rebatidaa argumentação do Estado de que a sus-pensão do convênio poderia prejudicara segurança pública com o conseqüen-te esvaziamento do Fundo para Melho-ria da Segurança Pública. Segundo o re-lator Torret Rocha , o Fundo possui“mais de 10 outras fontes arrecadatóri-as para o seu custeio”.

O Governo Estadual firmou o con-vênio com a intenção de angariar 20%dos recursos arrecadados com os re-gistros. A expectativa de arrecadaçãoanual corresponderia, aproximada-mente, a 0,12% da receita do Estado.O objetivo seria investir o dinheiro nofundo de segurança pública. Outro ar-gumento usado pelo governo, de que ofim da cobrança teria impacto negati-

vo na economia estatal, também foi ne-gado pelo Pleno do TJ. “Não é crívelque a perda de fração tão ínfima dareceita terá expressiva repercussão naeconomia do Estado”.

Alienação FiduciáriaA alienação fiduciária em garantia

de bens móveis tem sido largamenteutilizada como forma de garantia emfinanciamentos bancários, principal-mente, na compra de au-tomóveis e imóveis. Atra-vés da alienação, o credorfica com a propriedade dobem e o devedor (compra-dor) com o direito de uso.Trata-se de uma forma degarantia. Quando a dívidafor quitada, a propriedadepassa para o comprador. Mas caso ofinanciamento não seja quitado, o cre-dor recupera o bem.

Na prática, por exemplo, a aliena-ção fiduciária acontece quando uma

pessoa compra um carro à prazo. Ocredor toma o próprio automóvel ven-dido como forma de garantia do pa-gamento. O comprador pode usar oveículo, mas não pode vendê-lo. Ouseja, o comprador não pode negociaro bem antes da quitação da dívida,mas pode usufruir dele.

O Novo Código Civil, em vigor des-de 2003, tornou o registro do contra-to de alienação fiduciária de veículos

dispensável. Conformeo Artigo 1.361 § 1º,“constitui-se a propri-edade fiduciária com oregistro do contrato,celebrado por instru-mento público ou par-ticular, que lhe servede título, no Registro

de Títulos e Documentos do domicíliodo devedor, ou, em se tratando de ve-ículos, na repartição competente parao licenciamento, fazendo-se a anota-ção no certificado de registro".

Convênio doGoverno Estadualcom sindicato, de

2005, criou aexigência do registro

“Magistraturadeve se engajar”,

diz RodrigoCollaço

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O JUDICIÁRIOAbril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 20071111111111

CidadaniaCidadaniaCidadaniaCidadaniaCidadania

RRRRRelatório mostra como está a saúde dos magistrados catarinenseselatório mostra como está a saúde dos magistrados catarinenseselatório mostra como está a saúde dos magistrados catarinenseselatório mostra como está a saúde dos magistrados catarinenseselatório mostra como está a saúde dos magistrados catarinensesUm em cada quatro magistrados

ou dependentes é hipertenso, ape-nas 7,5% são diabéticos, oito emcada dez não fumam e três em cadaquatro estão satisfeitos com sua saú-de. É o que revela o Relatório daAção Verão e Perfil de Saúde elabo-rado pela equipe técnica de medici-na preventiva da Unimed-Florianó-polis, publicado em março.

O documento analisa as atividadesrealizadas por uma equipe de profissi-onais da saúde na sede balneária daAssociação dos Magistrados Catari-nenses (AMC) durante o mês de janei-ro, quando 160 pessoas foram atendi-das e 45 entrevistadas. Ao final do tra-balho, chegou-se à conclusão de que37,5% do público atendido caracteri-za-se com o perfil sadio, 30% com opropenso e 35,5% com o crônico.

Para chegar aos resultados, o pro-jeto desenvolvido com os associados,denonimado “Programa Saúde VIP Ma-gistrados”, foi centrado em dois pila-res. Primeiro, em diagnósticos preco-ces obtidos através de entrevistas comos veranistas da sede balneária. E de-pois, através da prestação de serviçosbásicos de saúde, como verificação dapressão arterial, exame de glicemia ca-pilar, verificação do Índice de MassaCorporal e orientações gerais de saú-de. Sete profissionais integraram aequipe técnica de medicina preventi-va da Unimed – quatro enfermeiros,um professor de educação de física,

outro de tai chi e um coordenador derelação com cliente. O objetivo do pro-grama é melhorar a qualidade de vidados associados com as ações preven-tivas e uma avaliação continuada emsaúde.

Após a primeira etapa, desenvolvidadurante as férias de janeiro, as avalia-ções do perfil de saúde dos juízes e de-sembargadores vão continuar e ser in-tensificadas. O contato com os entre-vistados será mantido através de tele-monitoramento, para estimular a mu-dança de hábitos. “Os contatos têm apretensão de transformar cada clienteem gerenciador de sua própria saúdeatravés do acompanhamento sistemá-tico e padronizado, orientações contínu-as de autocuidado, incentivo e medidasde prevenção e promoção á saúde”, es-tabelece o relatório.

O trabalho vai consistir em avalia-ções individuais, obtenção de um perfildetalhado da saúde de cada magistra-do e um relatório individual com metasa serem alcançadas. Há ainda a possi-bilidade de, além do desenvolvimento dotrabalho em Florianópolis, o atendimen-to ser estendido a cidades no interiordo Estado. A proposta de extensão estáem discussão entre a diretoria da AMCe da Unimed, e, caso se concretize, Cha-pecó e Lages deverão ser as prováveisfiliais do programa.

ResultadosDas 40 entrevistas realizadas,

57,5% foram feitas com os titulares

CorCorCorCorCorregedoria lança mutirões de sentença e júriregedoria lança mutirões de sentença e júriregedoria lança mutirões de sentença e júriregedoria lança mutirões de sentença e júriregedoria lança mutirões de sentença e júriJuízes irão analisar lotes que variam de 50 a 300 processos a partir de sua unidade. Dos 12 mil processos já distribuídos, 20% foram julgadosJuízes irão analisar lotes que variam de 50 a 300 processos a partir de sua unidade. Dos 12 mil processos já distribuídos, 20% foram julgadosJuízes irão analisar lotes que variam de 50 a 300 processos a partir de sua unidade. Dos 12 mil processos já distribuídos, 20% foram julgadosJuízes irão analisar lotes que variam de 50 a 300 processos a partir de sua unidade. Dos 12 mil processos já distribuídos, 20% foram julgadosJuízes irão analisar lotes que variam de 50 a 300 processos a partir de sua unidade. Dos 12 mil processos já distribuídos, 20% foram julgados

Levantamento feito por juízes detodo o Estado, a pedido da Corre-gedoria Geral da Justiça do Tribu-nal de Justiça de Santa Catarina(TJ/SC), mostra que existem, hoje,no Poder Judiciário catarinense,significativo número de processosque já estão há mais de um ou doisanos conclusos para despachos,decisões ou sentenças.

Ou seja, eles já cumpriram prati-camente todas as etapas de tramita-ção dentro do primeiro grau de ju-

risdição e estão somente à espera dadecisão de um magistrado para quepossam ser concluídos.

Preocupado em dar vazão a estademanda, o Tribunal de Justiça deSanta Catarina (TJ/SC) lançou, emjaneiro deste ano, o projeto “Mutirãode Sentenças 2007”. O trabalho, po-rém, começou bem antes, em junhode 2006, atendendo recomendaçãodo Conselho Nacional de Justiça(CNJ), que cobrou mais agilidade nafinalização de processos pendentesde julgamento em todo país.

A meta a ser perseguida éa de que em junho deste anonão haja no Poder Judiciáriode Santa Catarina nenhumprocesso concluso para deci-são ou sentença há mais detrês meses.

Desde que foi lançado, oprojeto conseguiu o apoio vo-luntário de 127 juízes (53 ti-tulares e 74 substitutos). Emtorno de 12 mil processosconclusos para sentença fo-ram distribuídos entre os ma-gistrados participantes domutirão, que vão julgar lotesque variam de 50 a 300 pro-cessos a partir de suas uni-dades. Até agora, aproxima-damente 20% do montantedistribuído aos juízes do Mu-

tirão já foram julgados.A iniciativa tem como objetivo não

só agilizar a tramitação dos proces-sos na Justiça de primeiro grau, comotambém mudar uma cultura entre osmagistrados.

Os juízes, na maioria das vezes,quando chegam em uma nova comar-ca, costumam dar prioridade aos pro-cessos mais recentes, aqueles em queeles puderam acompanhar desde oinício. Com isso deixam para trás osmais antigos, que por sua vez foramanalisados em parte pelos magistra-dos que por ali passaram. Isso geraum certo desgaste para a imagem doJudiciário.

A radiografia feita pelos juízes re-vela algumas curiosidades: o númerode juízes com serviço em dia é relati-vamente alto; as regiões oeste e meio-oeste de Santa Catarina, bem comoas comarcas de entrância inicial e al-gumas intermediárias estão em situ-ação mais confortável; a grande mai-oria das comarcas do litoral está so-brecarregada; as comarcas de Joinvi-lle, Blumenau e Jaraguá do Sul fica-ram de fora desta primeira etapa domutirão; o mutirão atinge 41 comar-cas e 69 unidades judiciárias.

Mutirão do JúriOutro projeto que ganha corpo e

visa a agilizar a tramitação de proces-

O Tai Chi, que é uma espécie de arte marcial chinesa, e atendimentos médicos,esteviveram entre as atividades oferecidas pelo “Saúde VIP Magistrados”

Divulgação Unimed

O juiz corregedor Dinart Francisco Machadocoordena o mutirão do Tribunal do Júri

Fabrício Severino

sos no poder Judiciário catarinense éa realização do Mutirão do Tribunaldo Júri. O Tribunal de Justiça deSanta Catarina (TJ/SC), em parce-ria com a Procuradoria Geral de Jus-tiça, pretende realizar até junho desteano o julgamento de cerca de 119processos que são da competência doTribunal do Júri, diminuindo consi-deravelmente o número de processosde júri em tramitação no Estado. Ins-creveram-se voluntariamente cercade 40 magistrados para a presidên-cia destes julgamentos, que já estãopautados em várias Comarcas doEstado (Chapecó, Videira, Florianó-polis, Itajaí e Joinville).

Também devem participar destainiciativa os inscritos no projeto Ju-rado Voluntário de iniciativa da Cor-regedoria Geral da Justiça – aproxi-madamente 2 mil em todo o Estado –(vide site www.tj.sc.gov.br/correge-doria), que poderão ser sorteadospara compor os Conselhos de Sen-tença com atuação decisiva no des-fecho destes julgamentos. “Acreditoque a realização do Tribunal de Júritorna mais evidente a atuação daJustiça perante à sociedade, contri-buindo, inclusive, para afastar a sen-sação de impunidade e a longo prazoajudar na redução dos índices de cri-minalidade”, destaca o juiz correge-dor Dinart Francisco Machado.

dos planos, 37,5% com os dependen-tes e 5% com os aposentados. Divididosigualmente entre homens e mulheres,os entrevistados se equilibraram entresadios, propensos e crônicos, com cadaperfil na casa dos 30%. No perfil sa-dio, o indivíduo não apresenta evidên-cia ou diagnóstico clínico de doençacrônica ou baixo risco para o desen-volvimento de alguma doença. No pro-penso, há a presença de fatores de ris-co em potencial para o desenvolvimen-to de doenças crônicas. Já no crônico,o sujeito apresenta evidências clí-nicas ou diagnóstico da presença dealguma doença crônica – que são ahipertensão arterial sistêmica, do-enças cardiovasculares, coronario-patia, obesidade e diabetes mellitus.

Outro curioso dado apresentadopelo relatório refere-se à forma físicados magistrados. Entre os pesquisa-dos, não foi encontrado nenhum casode obesidade mórbida e apenas 5%de obesidade. Enquadraram-se comonão-obesos, mas com o chamado so-brepeso, 45% dos associados. Os ou-tros 50% classificam-se como magrosou esbeltos. A classificação foi base-ada no Índice de Massa Corporal, queleva em conta o peso e a altura dapessoa.

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O JUDICIÁRIO Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 20071212121212

AssociativismoAssociativismoAssociativismoAssociativismoAssociativismo

Presidentes das duas instituições iniciaram, dia 13 de março, ciclo de reuniões mensais para tratar de assuntos de interesse da magistraturaPresidentes das duas instituições iniciaram, dia 13 de março, ciclo de reuniões mensais para tratar de assuntos de interesse da magistraturaPresidentes das duas instituições iniciaram, dia 13 de março, ciclo de reuniões mensais para tratar de assuntos de interesse da magistraturaPresidentes das duas instituições iniciaram, dia 13 de março, ciclo de reuniões mensais para tratar de assuntos de interesse da magistraturaPresidentes das duas instituições iniciaram, dia 13 de março, ciclo de reuniões mensais para tratar de assuntos de interesse da magistratura

AMC e TJ/SC firAMC e TJ/SC firAMC e TJ/SC firAMC e TJ/SC firAMC e TJ/SC firmam parceria com universidades catarinensesmam parceria com universidades catarinensesmam parceria com universidades catarinensesmam parceria com universidades catarinensesmam parceria com universidades catarinenses

O presidente da Associa-ção dos Magistrados Catari-nenses (AMC), juiz José Age-nor de Aragão, e o presiden-te do Tribunal de Justiça deSanta Catarina (TJ/SC), de-sembargador Pedro ManoelAbreu, deram início, no dia13 de março, ao ciclo de reu-niões mensais para tratar deassuntos de interesse da ma-gistratura.

O primeiro assunto da pau-ta foi o aumento no número dedesembargadores no Tribunalde Justiça de Santa Catarina.O desembargador Pedro Abreudisse que pretende discutir otema de forma abrangente, noâmbito do Tribunal, juntamen-te com outros projetos paraaprimoramento do 1º Grau deJurisdição.

Presidente do TJ/SC recebe presidente da AMCPresidente do TJ/SC recebe presidente da AMCPresidente do TJ/SC recebe presidente da AMCPresidente do TJ/SC recebe presidente da AMCPresidente do TJ/SC recebe presidente da AMC

O presidente do TJ infor-mou que já iniciou estudosque visam à criação de novoscargos para Juízes de 1º grau,bem como sobre a questão dareclassificação das entrânci-

as. “Queremos resolver esseassunto definitivamente”, des-tacou o desembargador PedroAbreu. Segundo o presidentedo TJ, a iniciativa faz parte deum pacote de medidas que ele

próprio pretende encaminharao Tribunal Pleno, que incluitambém a especialização deVaras por matéria, dandonova dimensão para a orga-nização judiciária.

O Presidente da AMCaproveitou a audiência como desembargador PedroAbreu e protocolou dois ofí-cios: o primeiro trata da pos-sibilidade de pagamento degratificação para os membrosdas Turmas de Recursos; e osegundo solicita a criação decargos de assessores para osjuízes substitutos que aindanão os possuem, bem comopede a ampliação em maisum cargo de assessor para oquadro de pessoal dos gabi-netes dos magistrados subs-titutos.

Sobre a questão da se-

gurança nos fóruns, o presi-dente da AMC foi informadopela Casa Militar de que já estáem fase de licitação a aquisi-ção de câmeras de segurança.O coronel Walmir Moreira, che-fe da Casa Militar do TJ, suge-riu também que os juízes fa-çam contato com o comando daPolícia Militar em suas respec-tivas comarcas, para que sejadisponibilizado um policialpara cuidar da segurança dosfóruns.

Magistrados que queiramparticipar da próxima reuniãoentre o Presidente da AMC e odo TJ, que deverá ocorrer naprimeira terça-feira de abril (dia3), devem entrar em contatocom a Secretaria da AMC paraagendamento, pelo telefone(48) 3231-3004 ou através doe-mail [email protected].

O presidente da Associação dos Magistrados Catarinenses(AMC), juiz José Agenor de Aragão (à esquerda), e da Associa-ção Catarinense do Ministério Público (ACMP), promotor de Jus-tiça Rui Carlos Kolb Schiefler (à direita), estiveram, na tarde dodia 12 de março, com o desembargador Alcides Aguiar (cen-tro), presidente do Fundo de Reaparelhamento da Justiça, paratratar de assuntos de interesses de ambas as classes.

FFFFFundo de Rundo de Rundo de Rundo de Rundo de ReaparelhamentoeaparelhamentoeaparelhamentoeaparelhamentoeaparelhamentoFabrício Severino

Presidente do Tribunal de Justiça de SC (centro) iniciou estudos quevisam à criação de novos cargos para juízes de 1° grau

Fabrício Severino

Novo presidente do TRE-SC toma posseNovo presidente do TRE-SC toma posseNovo presidente do TRE-SC toma posseNovo presidente do TRE-SC toma posseNovo presidente do TRE-SC toma posseO desembargador José

Trindade dos Santos foi em-possado presidente do Tribu-nal Regional Eleito-ral de Santa Cata-rina (TRE-SC) noúltimo dia 26 demarço, em soleni-dade que contouainda com a possedo vice-presidentedesembargadorJoão Eduardo Vare-lla – que tambémvai ocupar o cargode corregedor regi-onal eleitoral.

O novo presiden-te foi eleito em sete demarço. Antes da elei-ção, Trindade dos

Santos já ocupava o cargo decorregedor regional eleitoral evice-presidente do TRE-SC.

Desembargador Trindade dos Santos assinatermo de posse no Tribunal Regional Eleitoral

A solenidade da posse ocor-reu na sala de sessões do Tri-bunal. O magistrado assumiu

a presidência em substituiçãoao desembargador Orli deAtaíde Rodrigues, que coman-dou as eleições para o Execu-tivo e Legislativo no ano pas-sado. O agora ex-presidentese despediu ressaltando a im-portância de servir ao país.“Cito palavras do ex-presiden-te deste Tribunal desembar-gador Antonio Fernando doAmaral e Silva: devemos terconsciência da dimensão doservir”, é de meu feitio deixarde decisões ou de, simples-mente, por comodidade ounão, deixar de instaurar dis-cussões a respeito daquiloque não me convence”.

Ricardo Machado

O presidente da Associa-ção dos Magistrados Catari-nenses (AMC), Juiz José Age-nor de Aragão, participou, nanoite do dia 7 de março, dacerimônia de assinatura dostermos de cooperação entrea AMC, a Escola Superior daMagistratura do Estado deSanta Catarina (Esmesc), oTribunal de Justiça de San-ta Catarina (TJ/SC), a Aca-demia Judicial, o Centro deEstudos Jurídicos e maissete instituições de ensinosuperior do Estado – UFSC,FIE, UNIVILLE, UNESC, UNO-ESC, FURB, UNIDAVI, UNI-SUL e UNIPLAC.

Os convênios contemplamvárias formas de intercâmbionas áreas técnico-científico,cultural, acadêmica e adminis-

trativa. O evento foi realizado nasala de retratos do Gabinete daPresidência, e contou com apresença do Presidente do Tri-bunal de Justiça de Santa Ca-tarina (TJ/SC), desembargadorPedro Abreu, do corregedorGeral da Justiça, desembarga-dor Newton Trisotto, do diretorda Academia Judicial, desem-bargador Antônio Fernando doAmaral e Silva, do Vice-Diretorexecutivo da Academia Judici-al, desembargador Luiz CezarMedeiros e representantes dasuniversidades parceiras.

Foram assinados três ter-mos de cooperação. O primeirodeles envolveu Cejur, AcademiaJudicial, AMC e Esmesc e asuniversidades Univille (Joinvi-lle), Unesc/Fucri (Criciúma),Furb (Blumenau), Unidavi (Riodo Sul), Unisul (Tubarão) e Uni-

plac (Lages). O objetivo deste ter-mo é a realização de semináriositinerantes com o propósito depromover debates de cunho ci-entífico e acadêmico sobre temasligados à Cidadania e à Defesados Direitos Humanos.

Os debates serão realizados

por intermédio de seminários,palestras e cursos de curta du-ração, agendados com 60 diasde antecedência, nas depen-dências das próprias univer-sidades. O segundo termo en-volveu acordo de cooperaçãotécnica-científica, cultural e

administrativo entre o CEJURe a UFSC. O objetivo é o de-senvolvimento de pesquisas,cursos, concursos, estágios,consultorias e colaboração naárea administrativa, assimcomo a realização de um cursode pós-graduação latu sensu,denominado Direito e GestãoJudiciária para Magistrados,destinado aos juízes vitalician-dos que tomaram posse emmarço.

Por fim, o terceiro termo ofi-cializa acordo de cooperaçãoentre a Unisul e o Tribunal deJustiça, com dois programasbem destacados. O primeirotrata de curso de pós-gradua-ção sobre “Modernização emGestão do Poder Judiciário”. Osegundo vai oferecer o curso degraduação em Direito na mo-dalidade de ensino à distância.

Magistrados e membros das universidades prestigiaram o evento

Fabrício Severino

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O JUDICIÁRIOAbril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 20071313131313

AssociativismoAssociativismoAssociativismoAssociativismoAssociativismo

AMC já solicitou a inclusão de mais três membros AMC já solicitou a inclusão de mais três membros AMC já solicitou a inclusão de mais três membros AMC já solicitou a inclusão de mais três membros AMC já solicitou a inclusão de mais três membros no grno grno grno grno grupoupoupoupoupo, para que a magistratura esteja representada em todos os níveis da car, para que a magistratura esteja representada em todos os níveis da car, para que a magistratura esteja representada em todos os níveis da car, para que a magistratura esteja representada em todos os níveis da car, para que a magistratura esteja representada em todos os níveis da carreirareirareirareirareira

ComissãoComissãoComissãoComissãoComissão discute discute discute discute discute reclassificação das entrâncias reclassificação das entrâncias reclassificação das entrâncias reclassificação das entrâncias reclassificação das entrâncias

A Comissão que estuda o novoCódigo de Divisão e Organização Ju-diciárias, presidida pelo 1° vice-pre-sidente do Tribunal de Justiça de San-ta Catarina (TJ/SC), desembargadorEládio Torret Rocha, esteve reunida,no dia seis de março, no próprio Tri-bunal, para discutir a questão da re-classificação de entrâncias.

A Associação dos Magistrados Ca-tarinenses (AMC) foi representada noencontro pelo juiz Volnei Celso Toma-zini. Segundo ele, os membros da Co-missão informaram que prosseguem osestudos relativos à nova compactaçãodas entrâncias. Porém, adiantaram

que qualquer modificação neste senti-do depende, necessariamente, de dis-ponibilidade financeira por parte doTJ. “A realização desta reunião já foium avanço, por colocar em discussãoum assunto que é degrande interesse da ma-gistratura catarinense.O que se percebe é quea Comissão está real-mente empenhada emachar uma solução paraessa questão”, destacouo juiz Volnei Tomazini.

A Comissão já solicitou ao Tribu-nal um levantamento sobre a disponi-bilidade orçamentária do órgão. Uma

próxima reunião foi marcada para odia 26 deste mês, ocasião em que de-verá ser apresentado o referido docu-mento.

Além do desembargador Eládio Ro-cha e do juiz Volnei To-mazini, participaram dareunião os desembarga-dores José Trindade dosSantos, Luiz Cezar Me-deiros, César AugustoMimoso Ruiz Abreu, Mar-co Aurélio Gastaldi Buz-

zi, Salete Silva Sommariva, Rui Fran-cisco Barreiros Fortes, e o juiz PauloHenrique Moritz Martins da Silva.

A Associação dos Magistrados Ca-

tarinenses já encaminhou ofício ao de-sembargador Eládio Torret Rocha, so-licitando a inclusão de mais três mem-bros na referida Comissão – sendo umjuiz substituto, um juiz de entrânciainicial e um juiz de entrância final -,quando das discussões sobre a ques-tão da reclassificação das entrâncias.Por se tratar de um assunto de extre-ma relevância para a classe, a AMCentende que a magistratura deve es-tar representada em todos os níveisna referida Comissão. Já fazem parteda mesma, como representantes daAssociação, os Juízes Volnei Celso To-mazini (entrância especial) e MarceloCarlin (entrância intermediária).

Magistrados aguardamlevantamento sobre

disponibilidadeorçamentária do TJ

Esmesc forEsmesc forEsmesc forEsmesc forEsmesc forma 65 novos alunosma 65 novos alunosma 65 novos alunosma 65 novos alunosma 65 novos alunosA Escola Superior da Magistratu-

ra de Santa Catarina (Esmesc) formou65 novos alunos de suas turmas con-cluintes do nível II do 66º Curso dePreparação para o Concurso da Ma-gistratura Catarinense, em evento re-alizado na noite do dia 10 de março,no auditório da Esmesc.

Os formandos ingressaram na Es-cola no primeiro semestre de 2006 econcluíram seus estudos no final doano. Nos primeiros seis meses foi mi-nistrado o nível I, e no segundo semes-tre o nível II. Este será o último grupoa se formar pelo antigo projeto peda-

gógico da Escola, que foi substituído nosemestre 2006/2, passando a contarcom três módulos de ensino em vez dosdois níveis existentes anteriormente.

A Esmesc é uma instituição ligada àAssociação dos Magistrados Catarinen-ses, que atua preparando operadores doDireito ao concurso de ingresso na ma-gistratura. A reforma pedagógica de2006 foi motivada pela Emenda Cons-titucional nº45, e criou os três módu-los de ensino, com o terceiro deles sen-do um curso de “residência judicial”inédito no país. Qualquer graduandoem Direito pode ingressar na Escolaapós um teste de seleção.

A Escola Superior da Magistratura de Santa Catarina é um órgão ligado à Associaçãodos Magistrados Catarinenses e atua preparação para o concurso da magistratura

Arquivo AMC/Esmesc

Professor PProfessor PProfessor PProfessor PProfessor Paulo Bonavides ministra palestra no TJ/SCaulo Bonavides ministra palestra no TJ/SCaulo Bonavides ministra palestra no TJ/SCaulo Bonavides ministra palestra no TJ/SCaulo Bonavides ministra palestra no TJ/SCA conferência “Governança e Le-

gitimidade”, do renomado professore jurista Paulo Bonavides, abriu ociclo de palestras e debates da Es-cola Superior da Magistratura deSanta Catarina (Esmesc) em 2007.

Conhecido por seu vigor intelectuale cívico – tendo participado dos princi-pais momentos da história do Direitobrasileiro –, Bonavides debateu o temaem questão na noite do dia 15, no au-ditório do Pleno do Tribunal de Justiça

(TJ/SC), que ficou lotado de estudan-tes e profissionais da área do Direito.Além da própria Esmesc e da Associa-ção dos Magistrados Catarinenses(AMC), a instituição acadêmica e oCentro de Estudos Jurídicos do TJ/SC organizaram a conferência.

CurrículoJurista, escritor e advogado, Paulo

Bonavides começou sua carreira profis-sional como jornalista, aos 9 anos deidade. Ao completar os 19, iniciou pro-

grama de intercâmbio de estudos naprestigiada Universidade de Harvard,nos Estados Unidos. Atualmente, o do-cente é catedrático emérito da Faculda-de de Direito da Universidade Federaldo Ceará. É doutor honoris causa pelaUniversidade de Lisboa e detentor daMedalha “Rui Barbosa”, a mais alta dis-tinção honorífica da Ordem dos Advo-gados do Brasil (OAB).

Em 2001, Bonavides escreveu “Teo-ria Constitucional da Democracia Par-ticipativa”, área de predileção pesso-al. Além de estudos sobre a Federa-ção, escreveu, como professor e teó-rico, diversas obras adotadas nos cur-sos de graduação em Direito no país.É autor de inúmeros artigos em jor-nais, periódicos e publicações espe-cializadas.

Bonavides discute usualmente emsuas obras os conflitos vividos na áreaconstitucional. Para ele, "o DireitoConstitucional passa por uma de suasfases mais delicadas, mormente empaíses periféricos, onde a concretiza-ção simultânea dos direitos fundamen-tais de três gerações consecutivas, cujanormatividade e conceituação não seacham ainda bem definidas, faz a leiflutuar como centro nervoso de umaaplicabilidade que nem sempre satis-faz às exigências da consciência soci-al e jurídica" (trecho do artigo “Juris-dição Constitucional e Legitimidade”,publicado pela revista Estudos Avan-çados em junho de 2004).

Michelle Todescatto

Conhecido pelo seu vigor intelectual e cívico, professor Paulo Bonavides palestrou sobre“Governança e Legitimidade”, em evento que lotou o auditório do Tribunal Pleno

Eleições MP/SCEleições MP/SCEleições MP/SCEleições MP/SCEleições MP/SCO promotor de Justiça Gercino

Gomes Neto foi eleito procurador-ge-ral de Justiça em eleição promovidapelo Ministério Público de Santa Ca-tarina no último dia 16 de março.Gomes Neto recebeu 163 votos, con-tra 152 dos procuradores José Galva-ni Alberton e Narcísio Rodrigues. Setecandidatos estavam na disputa.

O primeiro lugar no pleito fez o pro-motor encabeçar a lista tríplice para aescolha do novo dono do cargo envia-da ao governador do Estado, Luiz Hen-rique da Silveira. O governador ratifi-cou a escolha dos integrantes do ór-gão e nomeou o novo procurador-ge-ral em 26 de março.

Dos 320 promotores e procuradoresde Santa Catarina, 310 compareceramàs urnas – eletrônicas, cedidas pelo Tri-bunal Regional Eleitoral (TRE-SC). Cadaeleitor pôde votar em até três nomes.Na mesma eleição foram escolhidos osrepresentantes da instituição que vãoconcorrer a uma vaga nos ConselhosNacionais do Ministério Público (CNMP)e da Justiça (CNJ). O indicado para oCNMP foi o promotor de Justiça SandroJosé Neis, com 184 votos. Para o CNJ oescolhido foi o promotor de JustiçaAffonso Ghizzo Neto, com 189 votos.

"Nossa proposta foi aceita pela maio-ria e é uma conquista da classe a eleiçãode um promotor de Justiça para o cargode Procurador-Geral de Justiça”, come-morou o novo chefe do MP estadual.

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Decisões JudiciaisDecisões JudiciaisDecisões JudiciaisDecisões JudiciaisDecisões Judiciais

Juiz condena advogado por abando de clienteJuiz condena advogado por abando de clienteJuiz condena advogado por abando de clienteJuiz condena advogado por abando de clienteJuiz condena advogado por abando de clienteO Juizado Especial Crimi-

nal (JEC) de Tubarão, em de-cisão do juiz Luiz FernandoBoller, julgou improcedenteação de cobrança de hono-rários por parte do advogadoR.O.C. OAB/SC nº 18.978.

Ele alegou ter sido con-tratado pelo aposentado Al-cides Mendes da Silva paraingressar com ação ordiná-ria contra a Caixa Econômi-ca Federal para cobrança dediferenças do FGTS., sendoque, após ter sido acolhidaa pretensão – já na fase exe-cutiva – Alcides por iniciati-va própria, teria aderido aacordo para pagamento ex-trajudicial, recebendo o valor

Justiça proíbe cobrançaJustiça proíbe cobrançaJustiça proíbe cobrançaJustiça proíbe cobrançaJustiça proíbe cobrançapara serpara serpara serpara serpara serviço de tele-seviço de tele-seviço de tele-seviço de tele-seviço de tele-sexxxxxooooo

Concurso é anulado pela segunda vezConcurso é anulado pela segunda vezConcurso é anulado pela segunda vezConcurso é anulado pela segunda vezConcurso é anulado pela segunda vezO concurso da Prefeitura

de Faxinal dos Guedes reali-zado em 2006 foi anuladodevido à suspeitas de favo-recimento.

O Ministério Público cata-rinense conseguiuuma liminar quedetermina a sus-pensão das nomea-ções dos aprovadose o afastamento doscandidatos eventu-almente já nomea-dos. Esta é a segunda vez queo Ministério Público intervémno concurso da cidade porcausa de irregularidades.

O Concurso 001/2006,que previa a contratação de

Secretária deEducação favoreceucandidatos na prova

de R$ 4.870, - motivo peloqual, alegando a necessidadede cumprimento do contratode honorários, pugnou pelacondenação do réu ao paga-mento de R$ 1.452,93 equi-valente a 20% do proveito eco-nômico auferido pelo aposen-tado.

Contestando, Alcides re-conheceu a contratação dosserviços, sobressaindo, toda-via, que após decorridos qua-tro anos – por não mais loca-lizar R.O.C. no endereço ori-ginal – concluiu ter sidoabandonado à própria sortepelo advogado constituído,outorgando, então, anuênciaà proposta de acordo formu-lada pela CEF, pugnando

pelo não acolhimento do plei-to. Alcides acrescentou que,ao mudar de endereço, a úni-ca providência adotada porR.O.C. foi a afixação, "naporta do próprio escritório deadvocacia", de um "aviso in-formando que estava mu-dando para Joinville-SC",sequer especificando "quan-to tempo este tal aviso ficouafixado na porta do escritó-rio", o juiz Boller concluiuque "não se revela adequadopôr a termo atividade profis-sional numa comarca, semque os mandantes sejamadequadamente cientifica-dos, e, assim, possam optarpela continuação ou revoga-ção do mandato".

O magistrado des-tacou, ainda, que "adesorganização e negli-gência do causídicoR.O.C. resultou em prejuízopara o réu, visto que, houves-se lhe sido garantida a pos-sibilidade de contato com seumandatário, poderia não teraderido à proposta formaliza-da pela CEF que condiciona-va o recebimento do valor re-lativo à correção do saldo doFGTS a um deságio varianteentre 8% e 15%, apenas exe-cutando a sentença prolata-da em seu benefício". Assim,Boller distinguiu a inexistên-cia de qualquer contrato dehonorários, julgando impro-cedente o pedido formulado,

visto que o advogado R.O.C.alegou e não provou fato cons-titutivo de seu direito, orde-nando, em contrapartida, oencaminhamento de cópia doprocesso ao Conselho Estadu-al da OAB, para apuração deafronta ao disposto no Códi-go de Ética e Disciplina e noEstatuto da Advocacia, indul-tando o pagamento das cus-tas processuais e honoráriosadvocatícios devidos ao patro-no do réu. Ainda cabe recur-so da decisão à 4ª Turma deRecursos.

148 pessoas para o Poder Exe-cutivo Municipal, teve seu pri-meiro cancelamento em de-zembro do ano passado devi-do a irregularidades detecta-das no edital. Correções foramfeitas, um novo período de

inscrições foiaberto e as pro-vas aplicadas.No entanto,houve novas de-núncias. O Mi-nistério Públicorelatou que dez

dias após as provas várioscandidatos foram chamadosà Prefeitura, onde todos tive-ram que assinar os gabaritosdos outros participantes.

Outra ilegalidade denun-

ciada refere-se a um ato co-metido pela Secretária daEducação do município. Elateria chamado alguns candi-datos em sua residência e,para este grupo, disse quecaso quisessem passar noconcurso bastava assinar ogabarito em branco. Teste-munhas relatam que na oca-sião a secretária disse quemesmo sendo contra tal atoilegal, ela queria dar uma"ajuda". Os promotores di-zem que há a criação de umarede para favorecer algunscandidatos. A Justiça deter-minou que caso não sejamcumpridas as determinaçõesos réus deverão pagar multadiária de R$ 30 mil.

A Brasil Telecom estáproibida de cobrar serviçosespeciais como o Disque-200, Disque-Criança, Dis-que-Sexo e Disque-Namorosem a prévia autorização doassinante.

Decisão judicial proferidapelo juiz Domingos Paludo,em análise do pedido de AçãoCivil Pública proposto peloMinistério Público (MP) Cata-rinense, determinou a proibi-ção da cobrança. Caso a em-presa descumpra a ordemserá cobrada uma multa equi-valente a 200 vezes a quantiapaga pelo cliente.

A ação começou em 1994,contra a então Telesc. O MP ar-

gumentou que os serviços es-peciais eram usados pelos fi-lhos menores de idade dos as-sinantes, sem que os pais sou-bessem ou autorizassem a prá-tica. O Código de Defesa doConsumidor serviu como basepara a decisão. O artigo 39 foiusado na sentença para argu-mentar que a cobrança de ser-viços como disque sexo, sem adevida autorização do assinan-te, é ilegal. “A cobrança de ser-viço de ‘900 - disque prazer’sem a prévia solicitação do con-sumidor constitui prática abu-siva. Se prestado, sem o pedi-do anterior, tal serviço equipa-ra-se às amostras grátis, ine-xistindo obrigação de paga-mento”, dispõe o artigo.

BB vai pagar indenizaçãoBB vai pagar indenizaçãoBB vai pagar indenizaçãoBB vai pagar indenizaçãoBB vai pagar indenizaçãopor desconto indevidopor desconto indevidopor desconto indevidopor desconto indevidopor desconto indevido

O Banco do Brasil vai in-denizar o cliente Gerson Ka-estner em R$ 3,8 mil por fa-zer cobranças indevidas. A 3ºCâmara de Direito Civil doTribunal de Justiça (TJ) re-formou sentença da Comar-ca de Balneário Camboriú edeterminou o pagamento daindenização.

O cliente será indenizadopelos danos morais sofridospor um débito feito na sua con-ta corrente indevidamente. Noferiado de Finados de 2001, aorealizar um saque, o cliente ve-rificou que o banco havia des-contado erroneamente R$ 1,9mil de sua conta. O estabeleci-mento bancário reconheceu oequívoco, mas levou quatro

dias para devolver o dinheiro.Neste período o cliente nãopôde fazer saques. Kaestneralegou que a viagem realizadacom sua família durante o fe-riado foi comprometida. Argu-mentou também que teve suasatividades como representan-te comercial prejudicadas.

“Mostra-se desnecessária acomprovação dos danos mo-rais, visto que referido prejuí-zo extrapatrimonial presume-se existente quando analisadaa gravidade do ilícito pratica-do”, explicou a relatora do pro-cesso, desembargadora SaleteSomariva. Nos autos, ressaltouque o Código Civil adotou a te-oria do risco, que atribui a res-ponsabilização independente-mente da prova de culpa.

Autor de chacina tem Autor de chacina tem Autor de chacina tem Autor de chacina tem Autor de chacina tem habeashabeashabeashabeashabeas negado negado negado negado negadoA 1ª Câmara Criminal do

TJ negou habeas corpus aAndré Oliveira Pinto, presoem flagrante por cometerdois homicídios e tentar ou-tros quatro em uma chaci-na no bairro Serrinha, emFlorianópolis.

O réu foi reconhecido pe-las vítimas sobreviventes eteve sua liberdade provisórianegada para garantir a ordempública e a instrução do in-quérito policial. “O crime foicometido com extrema bru-talidade – denominado pormuitos como verdadeira cha-cina –, de sorte que cumpreprevenir o meio social em quefoi perpetrado e, mais queisso, responder adequada-mente aos anseios da socie-dade que se encontra farta deimpunidade” anotou o relatordo processo, desembargadorGaspar Rubik.

De acordo com o proces-

Acusado matoudois e feriu

outros quatroem frente à

Igreja

so, a região onde os crimesaconteceram é caracterizadapela violência decorrente dotráfico de entorpecentes.

O crime foi praticado em 15de janeiro deste ano, por voltadas 11h da noite.André, um com-parsa e três ado-lescentes, todosarmados, segui-ram de carro até ocampo de futebolda Serrinha, loca-lizando defronteuma Igreja. Aspessoas que esta-vam no campo receberam or-dem para se deitar no grama-do e, na seqüência, os bandi-dos atiraram contra todaselas, sem chance de defesa.

Edson Bueno Gonçalvesrecebeu três tiros na cabeça eoutros três no tronco e Rena-to Venícios da Silva foi alveja-do na cabeça. Ambos morre-ram no local. As outras víti-

mas baleadas conseguiramsobreviver. As mortes forammotivadas por vingança con-tra um dos rapazes assassi-nados, que teria “ficado” coma namorada do réu.O acusa-

do é integrantedo grupo doSaco dos Li-mões, rival daSerrinha. Umasemana antes,os grupos já ha-viam se enfren-tado em umacasa noturna noBairro Santa

Mônica, onde trocaram ame-aças.

Com medo da violência,as testemunhas do crimeaceitaram testemunhar ape-nas sob a tutela do progra-ma de proteção à testemu-nha.

A decisão da 1º Câmarade negar o habeas foi toma-da em votação unânime

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O JUDICIÁRIOAbril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 2007Abril de 20071515151515

R. URTIGÃO

Documento (1)Circula internamente nos gabine-

tes do TJ/SC um documento intitu-lado “Repensando o Judiciário”.

Trata-se de proposta de criação deum órgão permanente de planejamen-to e reflexão, estimulando a busca desoluções internas para a abordagemde alguns temas, como: alteração donúmero de desembargadores; ampli-ação do número de juízes especiais dacapital; permanente revisão do siste-ma de especialização das unidades dejulgamento; edição de súmulas, enun-ciados e julgamentos por atacado; diá-logo com os demais poderes em nívelestadual e municipal; correição no Tri-bunal; redimensionamento do quadrode pessoal dos gabinetes; setor de tri-agem de processos; serviços prestadospelo Judiciário; criação do Conselhode Segurança e Justiça, entre outros.

O documento, que não vem assi-nado, nem com digital, mostra, entre-tanto, pela lucidez e pertinência, quefoi elaborado por mais de seis mãos.

Documento (2)Conclui o documento: “ A insatisfa-

ção, que parece generalizada, com omodelo de justiça que temos não podeser fonte de acomodação, de aguardode providências externas, constitucio-nais e infraconstitucionais, quandosoluções outras existem, internas, quesugerem apenas um pouco mais de re-flexão e planejamento, de criatividadee racionalização.

Vamos agir para vencer os desafi-os, sem olvidar que a verba destinadaao Judiciário, se não é escassa hoje,poderá sê-la amanhã.”

TrajeO surgimento da ministra do STF,

Carmem Lúcia Antunes, trajando cal-ças compridas em sessão da Cortecriou uma enorme, estéril e machistaexploração pela mídia.

O traje é permitido desde a refor-ma regimental de 2000, mas nuncausado pela então solitária ministramulher, Ellen Gracie. É proibido, en-tretanto, pelo regimento, para mulhe-res, o uso de blusas sem mangas, mi-nissaias ou vestimentas provocantes.

Assim a segurança barra, como jáassistimos em sessão de posse naque-le Tribunal.

Além dos SetentaNo Tribunal de Justiça de São

Paulo foi apreciada liminar em man-dado de segurança que concedeu odireito para que os desembargadoresRenzo Leonardi e LaércioLaurelli per-manecem em atividade após comple-tarem 70 anos. A decisão foi reverti-da no Órgão Especial, por maioria devotos, após acaloradas discussões en-tre os pares que formam correntesfavoráveis e contrárias. “Apesar de seruma violência simbólica contra o ci-dadão, o limite de idade de 70 anospara a aposentadoria compulsória éuma realidade inarredável, que paraser modificada dependerá de altera-ção constitucional”, disse o desem-bargador-relator Palma Bisson.

IlegalDecisão do TJ/SC determinou pra-

zo até agosto próximo para a realiza-ção de licitação dos boxes do Merca-do Público da capital. A Câmara Mu-nicipal, por seus vereadores, aprovouprojeto de lei que concede o uso dosboxes pelos atuais locatários por mais15 anos.

A deliberação da Câmara é ilegal edesrespeitosa para com o Judiciáriocatarinense.

FiscaisDeu no “O Estado de S. Paulo” de

04/03: “O Tribunal de Contas da União(TUC) firmou acordo de cooperação commo Conselho Nacional de Justiça (CNJ)para viabilizar a fiscalização do Judici-ário nos Estados. O CNJ passa a con-tar com o apoio da estrutura técnicado TCU, que deverá ceder suporte, me-todológico e pessoal para inspeções emvaras e tribunais.”

O CNJ convoca um órgão auxiliardo Poder Legislativo para fiscalizar oPoder Judiciário estadual !!! Onde ficao disposto no art.99 da Carta Magnaque confere e assegura autonomia ad-ministrativa e financeira do Poder Ju-diciário??? Para o CNJ, pelo que seconstata....no lixo.

DerrapadaA ascensão e queda do ministro

aposentado do STF, Nelson Jobim, coma “derrapada” na incursão político-par-tidária de tornar-se presidente doPMDB, segundo especialista político do“Grupo das Quartas-Feiras do Empó-rio”.... “ vai acabar em nomeação parauma Embaixada....na África é que nãovai ser, mas Londres ou Paris , segun-do o tamanho do pretendente”, ponti-ficou o Procurador do grupo.

DecoraçãoA decoração das ruas centrais da

capital dos catarinenses para a procis-são do Senhor dos Passos e comemo-rações da Semana Santa está simples-mente linda. Litúrgica, de fino gosto ereverencial. Parabéns a prefeitura. Va-leu a acidez da coluna pelo carnaval!

DiamanteO desembargador aposentado Ivo

Sell e a Sra. Neusa comemoraram Bo-das de Diamante, no último dia 16 demarço. Familiares, amigos e colegas,com grande alegria, acorreram aoscumprimentos no sóbrio e elegantíssi-mo jantar oferecido nos salões do LiraTênis Clube.

CoraçãoAmigos e colegas do desembarga-

dor Jorge Mussi compareceram à suaresidência por ocasião do seu aniver-sário para abraçá-lo. Numa mesa eclé-tica, comentava-se sobre o volume detrabalho no Tribunal, com o crescentenúmero de processos distribuídos. Daíque um magistrado perguntou aocardiologista,Mário Mussi, qual a re-ceita para evitar o infarto: “ Não terinveja ou ressentimentos”, prescreveuo médico, um dos decanos da cardiolo-gia catarinense.

DefensoriaO presidente da OAB/SC, Paulo de

Borba, manifestou a sua completa de-silusão, com vistas à promessa do go-vernador Luiz Henrique da Silveira depagar (parcelar e não liquidar) o débitodo Estado para com a Defensoria Dati-va. Argumenta que houve repasse fi-nanceiro específico para este atendi-mento, há quase dois anos, sem que ogovernador cumprisse o prometido.

Um interlocutor entre as partes in-formou que o governador ao ser insta-do sobre o problema teria dito: “Pro-messa não é dívida ... é possibilidade.”

ElogioVem sendo elogiada pela magistra-

tura estadual, a deliberação do presi-dente Pedro Manoel Abreu do TJ/SC,determinando a realização de velório demagistrados falecidos, no hall do Tri-bunal Pleno.

É uma homenagem para aquelesque dedicaram as suas vidas à insti-tuição, servindo-a e dignificando-a. Nahora do falecimento, não necessitamser prematuramente esquecidos ou dis-pensados das devidas homenagens.

LivraçoCirculando pelas livrarias e mãos

de leitores, em bela edição, a mais re-cente obra do desembargador RenatoNalini (SP), “A Rebelião da Toga”, ondeanalisa, profundamente a crise do Po-der Judiciário no País. A proposta, dizo magistrado, é que “O Judiciário per-maneceu aparentemente distanciadodo torvelinho das mudanças sociais.O imobilismo tornou reativo, não pró-ativo. A imparcialidade foi confundi-da com absoluta assepsia política. Aintenção de consubstanciar uma anti-natural e inexistente neutralidade fezcom que o Judiciário se afastasse dopovo. Muitos cidadãos o consideramfugitivo do contrato social, por ter àcontaminação.”

O prefácio da obra é da lavra doministro do STF, Ricardo Lewandowski.

Gravura de Francisco de Goya

MotimO Motim de explícita insubordinação

militar provocado pelos controladores devôo do sistema aéreo nacional criou umcaos maior para os usuários nos últi-mos dias. As TVs mostraram os cons-trangimentos dos passageiros(crianças,idosos, grávidas) dormindo emcadeiras e no chão dos aeroportos.

O governo tratou o motim grevista einsubordinação hierárquica com bene-volência, oferecendo aumento, desmi-litarização e impunidade, porque dian-te da grave crise que já permanece, háseis meses, não teve previsão, planeja-mento, comando e liderança para re-solvê-la (abstraindo de qualquer ilaçãoo letárgico ministro da defesa).

No governo Ronald Reagan (1981-1989) houve crise semelhante nosEUA. Previamente o presidente haviapreparado outras equipes. Não nego-ciou com os insurretos, demitiu-os,nomeando os novos. É um exemplocontra a impunidade.

A FAB já anunciou que vai abando-nar o controle do tráfego aéreo no país.Voar hoje em dia, em périplo pelos ae-roportos, é uma grande temeridade.

JogatinaTrês procuradores da República se-

diados em Santa Catarina ingressaramcom ação no STF, buscando anular odecreto do governador LHS que, bus-cando uma lei de 1960, possibilita jo-gos em máquinas de vídeo-loteria ecaça-níqueis.

Page 16: Comoção nacional faz Congresso ENTREVISTA remodelar ... · maioridade penal. O sistema é ruim, e é ele que deve ser mudado, e não apenas um paliativo como a redução”. * Rodolfo

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* Denise FrossardJuíza aposentada e ex-deputadafederalFonte: www.amb.com.br

Há boas notícias nesse mar revolto!Há boas notícias nesse mar revolto!Há boas notícias nesse mar revolto!Há boas notícias nesse mar revolto!Há boas notícias nesse mar revolto!

“Conselho Nacional deJustiça tomou para si a

iniciativa de criar oSistema Integrado dePopulação Carcerária”

Chega a doer a leiturados jornais pela manhã,porque há neles, quasesempre, certo sentimentode calamidade pública; dedesgraça permanente. Al-guma notícia positiva ouagradável a gente aindaencontra nos cadernos decultura ou de domingo, foradali, quase nada! É bemverdade que a culpa não

está neles, ou nas notícias, porque, aomodo próprio de cada um, eles refle-tem a dura realidade brasileira. Não sepode desconhecer que há mesmo mui-to crime; que há violência e impunida-des; que a corrupção corre solta e queos agentes dos governos e do próprioEstado Brasileiro falam demais e fazemde menos – de muito menos! Mas, háos que fazem e é sobre estes que euquero falar!

Na segunda-feira, 19 de março, eue todos os leitores do jornal O Globodemos de frente com mais uma man-chete assustadora:“Censo revela que seismil fugiram de prisõesdo Rio.” Diante da man-chete, logo me voltou àmente dois pontos quetenho defendido incan-savelmente: nenhumavanço haverá no cam-po da segurança pública se nós conti-nuarmos a desconsiderar a realidadeno sistema carcerário brasileiro e é umasuprema bobagem a onda que corre poraí em defesa do endurecimento daspenas, sem levar em consideração omodo como funcionam as polícias, osistema de investigação de crimes, opróprio Poder Judiciário e, principal-mente, a estrutura penal. É impossível

avaliar com um mínimo de seriedadequalquer proposta de endurecimento depenas se não considerarmos antes ascondições para se dar cumprimento àspenas existentes.

Passei pelo impacto da leitura damanchete e fui ao inteiro teor da notí-cia: “O primeiro censo realizado nospresídios brasileiros, que será lançadopelo Conselho Nacional de Justiça...”Neste ponto, eu parei e repisei: “Con-selho Nacional de Justiça...” Ora, mascontar os presos e conhecer a sua rea-lidade, não deveria ser, há muito tem-po, uma providência dos governos es-taduais coordenada pelo governo fede-ral? Neste campo, caberia ao PoderJudiciário, tão somente, fazer uso dosdados para melhorar a execução penal.No entanto, os governos, neste campopouco fizeram e a minha experiênciame diz que do modo como tratam otema, jamais farão à contento.

Por isso, a providência do ConselhoNacional de Justiça, sob a liderança daMinistra Ellen Gracie, uma das pou-

cas presenças femininasna estrutura superior daJustiça, é a notícia boaa compor a mancheteperversa. A matéria deCarolina Brígido infor-ma: “Pelo menos 5% doscondenados pela Justiçano Estado do Rio de Ja-

neiro estão foragidos. (...). Os númerosfazem parte do Sistema Integrado dePopulação Carcerária, um banco dedados com informações inéditas e ain-da parciais..., lançado pelo ConselhoNacional de Justiça.” Ou seja, o Con-selho Nacional de Justiça tomou parasi a iniciativa de criar o inédito Siste-ma Integrado de População Carcerária,significativa ferramenta gerencial a per-

mitir, como diz o secretário-geral doConselho, Juiz Sérgio Tejada, “tratarcada um deles (presidiários) individu-almente e não coletivamente comoacontece hoje.”

A providência do Conselho Nacionalde Justiça, no entanto, não é um exer-cício estatístico, nem demonstração deboa vontade do Poder Judiciário paracom os governos. É fato que comprovao compromisso do Conselho com a so-ciedade. O Conselho, imediatamente,deu tratos aos números que apurou,para produzir outra boa notícia: a as-sinatura de acordos de caráter nacio-nal com a Federação de Indústrias deSão Paulo, a poderosa FIESP, com oobjetivo de oferecer aos ex-detentosoportunidades de ocupação e renda. Osacordos oferecem cursos de alfabetiza-ção e profissionalizantes e ampliam a

oferta de vagas no mercado de trabalho.De imediato, foram criados 500 novosempregos para os ex-presidiários.

A medida tem singular significadonum País que conhece taxas de reinci-dência no crime acima de 50%, núme-ros relevantes de participação de jovense de pessoas pobres no desempenhodas variáveis de violência, crimes emortes prematuras, déficit de 158.942vagas no sistema prisional, dados dopróprio Conselho Nacional de Justiçae que tem governos que muito falam epouco – pouquíssimo - fazem. Este émais um convite à reflexão, com as coi-sas nos seus devidos lugares.

Grande parte das manchetes dos jornais diários estão repletos de notícias de calamidade