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O PROFISSIONAL COMO SER DA INDÚSTRIA 4.0 www.exsto.com.br

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O PROFISSIONAL COMO SER

DA INDÚSTRIA 4.0

www.exsto.com.br

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DICAS PARA LEITURA DO EBOOK

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Boa leitura e até a próxima!

O l á ! E s t e e - b o o k é u m P D F i n t e r a t i v o . I s s o q u e r d i z e r q u e a q u i , a l é m d o t e x t o , v o c ê t a m b é m v a i e n c o n t r a r l i n k s , b o t õ e s e u m í n d i c e c l i c á v e l .

Como ser O Profissional da Indústria 4.0

www.exsto.com.br

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3 ÍNDICE

14 Tecnologias 4.0 x Competências 4.0 Cybersegurança e Resiliência Sistemas Integrados x Saberes Integrados Internet of Things x Trabalho em Rede Computação em nuvem x Ser um cidadão do mundo Robôs autônomos x autonomia Realidade aumentada e virtual x realidade e ilusão Simulação x Capacidade de abstração Manufatura aditiva x Processos ágeis e prototipagem Big Data e analytics x Capacidade e análise analítica

Atitudes Habilitadoras na Indústria 4.0

Como ser O Profissional da Indústria 4.0 Índice

Grade Curricular 4.0 Currículo Vitae 4.0

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O QUE É INDÚSTRIA 4.0?

Nas áreas ligadas a indústria fala-se muito em “Indústria 4.0” mas, expandindo esse conceito para todas as áreas de negócios e das nossas vidas, podemos adotar o termo mais amplo “transformação digital”. E, por transformação digital, estamos entendendo o uso maciço de TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) em todos os aspectos de negócios nas mais diversas áreas além da indústria, como serviços, agricultura, mercado financeiro, gestão pública e educação.

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5 O QUE É INDÚSTRIA 4.0? E S T A M O S F A L A N D O D O U S O D E T E C N O L O G I A S D E P O N T A C O M O :

5G

Robótica

Inteligência Artificial

Big Data

IoT

Simulação

Aprendizado de Máquina

Manufatura Aditiva

Drones AR e VR

E por aí vai...

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A Indústria 4.0 é a realidade na qual a tecnologia está cada vez mais eficiente: mais inteligente, mais rápida, mais precisa e INDEPENDENTE. É aí que a coisa fica complexa.

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O QUE É INDÚSTRIA 4.0?

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CURRÍCULO 4.0

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Nos negócios do futuro, não só industriais, mas todos que passam por um

processo de transformação digital, são necessários uma formação que não

só reconheça a complexidade dos problemas e das tecnologias, mas que

esteja impregnada deles. Isso impacta no currículo, no sentido currículo

vitae e no sentido de grade curricular. E não estamos preparados para isso.

A forma como o conhecimento se organizou no mundo moderno, a partir do

Iluminismo, foi através da divisão dos saberes em áreas cada vez mais

específicas. Dentro de cada área, primeiro o pesquisador e depois o

profissional, focam em conhecer tudo o que se tem para saber “do seu

quadrado”. Ao seguir essas regras a pesquisa científica teve um grande

avanço e resultou na especialização dos saberes. Como método analítico

(uma ferramenta para compreender como algo funciona) é fantástico e

válido até hoje. O efeito colateral, no entanto, foi a fragmentação dos

saberes a tal ponto que não conseguimos mais, de forma espontânea,

relacioná-los.

Não conseguimos relacionar os saberes de forma sintética (quando é

necessário criar algo novo). Enquanto os problemas são simples, essa

abordagem tem sucesso garantido: quanto mais especializado numa área,

melhor eu resolvo os problemas daquela área. O problema é quando os

problemas se tornam complexos e as soluções simples já não resolvem mais.

Aqui é preciso diferenciar simples, complexo, complicado e simplista. Simples

é tudo o que tem relação de causa e efeito claros, as coisas funcionam de

forma linear (o resultados são proporcionais às causas), são invariantes no

tempo (ao longo do tempo, as coisas comportam-se mais ou menos da

mesma forma); é o mundo “mecânico”, das máquinas e da engenharia em

geral, das coisas simples como pontes, motores e computadores. Complexo

(do latin complexus, “o que é tecido junto”), que não é complicado, é o

cenário onde as relações de causalidade são múltiplas (um efeito tem

múltiplas causas ponderadas), existe realimentação, os resultados não são

lineares (pequenos estímulos podem gerar resultados desproporcionais), é

volátil ou variante no tempo (o comportamento muda de um momento para

o outro); é o mundo dos sistemas, da economia, da biologia, da ecologia, das

coisas complexas como mercados globais, comportamento do consumidor e

a mente humana. Complicado, por sua vez, é algo confuso, pouco claro e de

difícil entendimento. Ser simplista é quando se olha para o cenário complexo

e tenta-se ingenuamente aplicar nele as regras de um cenário simples.

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CURRÍCULO 4.0

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Lá do século XIX, na primeira revolução industrial, com cadeias

produtivas fechadas dentro de países e regiões, com mudança lenta,

comunicação lenta, pouca diversidade de produtos, pequena

concorrência em nível local e com governos autoritários centralizados,

era um mundo de problemas e soluções simples onde reinava o

especialista. Nosso sistema educacional foi criado nessa época.

Já hoje em dia, o cenário é outro: cadeias produtivas internacionais,

mudança acelerada, comunicação mundial instantânea, enorme

diversidade e oferta de produtos e soluções, alta concorrência em nível

global, pluralidade e choque de culturas, democracia em cheque. Um

mundo complexo e líquido. Porém, nosso sistema educacional continua o

mesmo. Para esse desafiador cenário atual é que a transformação digital vem trazendo

tecnologias que, ao mesmo tempo em que se propõem a solucionar os

problemas, criam novos desafios (uma relação de causalidade típica de um

sistema complexo). Para fazer frente a essa complexidade, as diversas tecnologias

devem trabalhar de forma conjunta e colaborativa. Isoladamente, robôs, redes

de comunicação, simulação e softwares de gestão não são novidades. Mas,

quando eu uso redes para colher dados em tempo real do meu robô para

alimentar uma simulação que prediz o comportamento da linha, de forma que

meu sistema de gestão tenha inteligência para otimizar os processos ou prever

problemas, aí estou falando de indústria 4.0, de verdade.

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CURRÍCULO 4.0

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GRADE CURRICULAR 4.0

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Os problemas atuais e as tecnologias para solucioná-los são multidisciplinares

por natureza. Portanto, qualquer educação que não seja multidisciplinar está

fadada a fracassar no processo de formar profissionais para o mercado de

trabalho e cidadão para o mundo. Vemos o interesse crescente em temas de

indústria 4.0, mas as instituições muitas vezes estão prisioneiras de uma grade

curricular (trocadilho inevitável) que divide e separa o que deveria ser tratado

junto. Assim, para formar o profissional do futuro, primeiro é preciso mudar o

mindset de especialização em caixinhas e trabalhar um mindset multidisciplinar,

desde a primeira matéria, desde a primeira aula, na concepção do programa

curricular. É preciso abandonar a meta do especialista que rode nos trilhos de

sistemas simples para criar um multiespecialista capaz de surfar nos sistemas

complexos.

Sendo pragmático, é necessário adotar uma abordagem multidisciplinar. Para isso,

metodologias como: aprendizado baseado em problemas e aprendizado baseados

em projetos, são ótimas ferramentas.

Também é preciso repensar a infraestrutura: separar sala de aula de ambientes de

experimentação, afastando teoria da prática, já há muito tempo não faz sentido. Os

recursos e equipamentos didáticos devem permitir aplicar a multidisciplinaridade,

permitir a conectividade e a interação. Deve haver flexibilidade para que o aluno

possa explorar as práticas sobre diferentes enfoques e diferentes graus de

conhecimento.

Como ser O Profissional da Indústria 4.0

GRADE CURRICULAR 4.0

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CURRICULO VITAE 4.0

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E como ficam nossos currículos vitae?

No mundo do especialista, seria assim: um técnico de uma área qualquer faria

engenharia nessa área, depois uma pós nesse mesmo tema, vários cursos na sua

área focando num seguimento cada vez mais específico. Para um mundo

complexo esse profissional não é mais solução, é problema. Sua

superespecialização o deixa míope, senão cego, para problemas e soluções que

não estejam na sua área de especialidade. Quem quiser montar um cenário de

catástrofe certa, é só agrupar esse especialista, junto com outros da mesma área

em um departamento e colocar para trabalhar com outros departamentos

igualmente especializados, através de um sistema burocrático e hierarquias

rígidas. Graça aos deuses, isso quase nunca acontece, não é?

Um bom currículo profissional para a indústria 4.0 e para o mercado do futuro

mostra multidisciplinaridade na busca de formação. Mostra familiaridade com as

tecnologias mais atuais, sem precisar se especializar em todos. Especialização em

uma área não é ruim, desde que haja dedicação em manter uma visão abrangente

com formações em áreas diversas. E vale lembrar que a velocidade da mudança

coloca um prazo de validade em toda especialização. A pergunta não é “qual é a

sua área”, é “qual a sua área hoje”. Quando se coloca esse profissional (com forte

formação em algumas áreas, mas com visão abrangente de várias outras) junto

com outros parecidos, dificilmente teremos currículos iguais, porque as trajetórias

se tornam únicas. Assim, temos times verdadeiramente multidisciplinares onde as

diversas visões de quem trabalha junto são complementares na compreensão dos

cenários complexos. Com menos burocracia (muito da qual pode ser otimizado

com uso de tecnologia), comunicação e tomada de decisão facilitada por uma

hierarquia mais plana, aumentam as chances de sucesso nesse cenário de

incertezas.

Como ser O Profissional da Indústria 4.0

CURRÍCULO VITAE 4.0

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ATITUDES HABILITADORAS

NA INDÚSTRIA 4.0

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EXPECTATIVAS DO MERCADO

Qual perfil profissional da indústria do futuro? Um paralelo entre as nove tecnologias habilitadoras da indústria 4.0 e as nove atitudes habilitadoras que compõem o mindset da empresa digital.

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Fala-se muito da indústria 4.0 e das tecnologias que permitem tais avanços nos

processos produtivos, as chamadas “tecnologias habilitadoras”. Quanto aos

profissionais que vão trabalhar nessa nova indústria, em um primeiro momento,

pode parecer que a necessidade de capacitação e desenvolvimento de

competência limita-se a dominar essas tecnologias. Ou seja, basta desenvolver as

competências técnicas nas novas ferramentas e sistemas e está resolvido. A

história mostra que não é bem assim.

A digitalização dos processos leva à mudanças nas regras de negócio, nas

relações de poder, na demanda e características dos recursos humanos. Por trás

destas mudanças existe também mudanças de mindset que vão muito além de

dominar um novo software. A contribuição que esperamos fazer com esse

conteúdo é realizar um paralelo entre as tecnológicas 4.0 e as competências 4.0

do profissional do futuro.

Como ser O Profissional da Indústria 4.0

ATITUDES HABILITADORAS NA INDÚSTRIA 4.0

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TECNOLOGIAS 4.0 x COMPETÊNCIAS 4.0

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Vamos refletir um pouco? A sociedade se organiza conforme os meios de produção. Essa é uma afirmação de Marx que é difícil refutar, entretanto é possível aprimorá-la dizendo que os meios também se organizam conforme a sociedade, num sistema circular. Todo negócio é também uma organização social, daí ter uma cultura organizacional, composta de papeis, artefatos e ritos. Toda vez que o processo produtivo sofre uma grande mudança, há também uma grande mudança no perfil dos recursos humanos.

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Senta que lá vem história...

Do ponto de vista do trabalhador, deveria ser um trabalho miserável seguir

um processo definido por outro, anos a fio, sem questionar. Mas esse

processo reduziu enormemente os custos produtivos, aumentou o acesso a

produtos que vão de carros à remédios e alimentos, permitiu o

desenvolvimento de economias fortes até hoje e absorveu um grande

contingente de trabalhadores não qualificados. Isto só se fez possível porque

a linha de produção permitia, literalmente, empregar qualquer um. Quando

Ford fundou sua companhia, apenas 11% das pessoas frequentavam ensino

médio, ou seja, não havia a menor chance de trabalhadores especializados e

qualificados na quantidade necessária para dar impulso à indústria nascente.

A linha de produção não era só uma solução de eficiência produtiva, era

também uma solução de gestão de (falta) de conhecimento.

É atribuída à Ford a expressão “Por que toda vez que contrato um par de

braços um cérebro tem de vir junto?”. Sem mimimi, essa expressão do Ford,

antes de ser vista como a de um explorador sem coração, deve ser colocada

no seu contexto: na fábrica de Ford, gente pensando seria uma catástrofe.

Ford pode ser situado na segunda revolução industrial, que se caracteriza

pelo início do emprego da eletricidade e motor à combustão (tecnologias) e

da linha de produção (processo produtivo). A linha de produção, da qual o

senhor F. foi um dos idealizadores, era baseada no conceito de dividir o

trabalho em atividades mínimas, alocar um funcionário focado em cada

atividade, o funcionário não se desloca, o produto se desloca e vai sendo

agregado, até o produto final. Variedade de produtos baixa escala como

nunca se viu. Especialização brutal, onde você poderia passar anos apertando

o mesmo parafuso.

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Tá, e daí?

Dando um passo atrás, a primeira revolução industrial, alavancada pelo uso das

máquinas a vapor, permitiu potencializar o trabalho humano. Em vez do processo

artesanal, onde conhecimento e execução estão estritamente ligados à figura do

artesão, a produção industrial permitiu separar o conhecimento especializado,

científico e sistematizado do engenheiro, da força de trabalho e capacidade de

execução do operário. Só isso já deu um ganho produtivo relevante, e demorou 100

anos para pensarem em otimizar a produção com processos e gestão. Esses

eventos, na segunda revolução, introduziram as técnicas de administração e a

burocracia. Se o trabalhador de 1800 precisava saber pouco e, se pensasse, era

bônus, para o trabalhador de 1900 melhor que não pensasse. O produto e o

processo já haviam sido pensados, por especialistas, melhor não questionar.

Obediência, padronização, homogeneidade definiam o mindset.

A terceira revolução foi mais silenciosa. Na técnica, a introdução da eletrônica e

informática na fábrica deu impulso à automação. Por outro lado, métodos mais

flexíveis e eficientes de gestão (sistema Toyota de produção e toda a onda lean)

passaram a ser usados, não só porque a tecnologia permitia, mas porque o perfil do

trabalhador também mudou. Quase um século de investimento em melhoria na

educação permitiu compartilhar a gestão, ao menos em parte, com os operários.

Desculpem desfazer algumas fantasias, mas processos de melhoria contínua, a

organização advinda do 5s, qualidade total, rotatividade de funções e autonomia

nas células produtivas exigem um trabalhador com nível de educação e civilidade,

aplicar isso na fábrica do Ford em 1900 não funcionaria nunca. Mas funcionou a

partir dos anos 60, nos países desenvolvidos e, dos anos 80, no resto do mundo

como um todo.

E nos nossos tempos? Bem, fica fácil observar que a cada revolução o número de

pessoas empregadas na produção se reduz, pelos ganhos de eficiência. Além disso,

o nível de qualificação sobe: na primeira revolução, qualquer um vindo do campo

poderia ser empregado no processo desde que não arranjasse muita encrenca. Na

segunda, obediência, padronização e docilidade exigiam um mínimo de educação

formal, pois qualquer desvio faz a linha de produção parar; mas não se exigia muito

mais que saber ler. A terceira revolução demandou pessoal com mais senso crítico,

comprometimento com seu empregador, bagagem técnica e capacidade de

acompanhar os avanços da tecnologia. O que se espera do profissional para a

quarta revolução?

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TECNOLOGIAS 4.0 COMPETÊNCIAS 4.0

Cybersegurança Resiliência

Sistemas integrados Saberes integrados

Internet das Coisas Trabalho em rede

Computação em nuvem Cidadão do Mundo

Robôs autônomos Autonomia

Realidade aumentada e virtual Realidade e ilusão

Simulação Capacidade de abstração

Manufatura Aditiva Processos ágeis, prototipagem

Big Data e Analytics Capacidade de Análise crítica

tecnologias 4.0 x competências 4.0

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CYBERSEGURANÇA E RESILIÊNCIA

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Uma forma de definir cybersegurança (cybersecurity) é como a capacidade ou

propriedade de um sistema resistir a ataques externos, ataques estes com

interesse de roubar dados ou causar danos a dados ou serviços de um sistema.

Buscando reflexo dessa propriedade nas atitudes pessoais, podemos identificar

a resiliência como sua contraparte. “Resiliência” já é um termo emprestado da

física, a propriedade de um material de retornar à forma original após sofrer a

ação de uma força. Assim, no contexto das características pessoais, resiliência é

a capacidade de “resistir à pressão sem entortar”.

Mas, mais que “resistir à pressão”, o profissional do futuro deve desenvolver a

capacidade de não se abalar ou perturbar com os “ataques externos”. Por

ataques, pode-se considerar os baques que a vida dá, seja um colega de

trabalho desleal, um chefe opressor, o fracasso de um projeto, assim como

questões de ordem pessoal, como o fim de um relacionamento, doença em

família, bullying, solidão, etc. É balela essa história de separar o profissional do

pessoal: o ser humano é um só e, conscientemente ou não, um aspecto de sua

vida influencia os demais. Acreditar no contrário é armar uma bomba relógio

que, uma hora ou outra, vai explodir.

Diferente de fingir que um problema não existe é desenvolver a resiliência de não

se deixar afetar por esse problema, seja ele “pessoal” ou “profissional” (para

insistir uma última vez nessa separação ilusória). Essa habilidade é desenvolvida

quando entendemos que tudo, de bom ou ruim, uma hora passa e paramos de

levar as coisas tão a sério. Essa prática vai levar também a perceber que o que há

de bom (o sucesso de um projeto, um aumento, um novo amor, passar um tempo

agradável com a família ou o que trouxer felicidade para você) também uma hora

passa. A constatação dessa impermanência também aumenta a resiliência, pois

parte do sofrimento vem do apego às coisas transitórias que nos trazem

felicidade.

E por que a resiliência é uma competência importante? Porque a velocidade da

mudança é cada vez maior e o grau de certeza é cada vez menor. A

transitoriedade das coisas é sentida mais forte do que foi outrora. As

oportunidades de sucesso e de fracasso se sucedem a cada dia, as razões para se

alegrar e entristecer também. Então, a capacidade de resistir aos ventos que te

jogam de um lado para outro, é um ponto positivo para os profissionais do futuro.

A inovação exige capacidade de assumir riscos e lidar com fracassos, que fazem

parte do processo de aprendizado. Não existe inovação numa zona de conforto e

segurança. Assim, inovadores tem que necessariamente possuir resiliência.

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cybersegurança e resiliência

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SISTEMAS INTEGRADOS x SABERES INTEGRADOS

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Aqui, vamos discutir como o conhecimento se constrói no

sistema de ensino usual através da especialização, enquanto a

demandada profissional no mundo digitalizado é por um

profissional de base de conhecimentos gerais amplos e que saiba

construir conexões entre diferentes saberes.

Assim, como deve haver uma integração dos sistemas no processo

produtivo tanto no horizontal (entre processos e setores) como na

vertical (do chão de fábrica a direção), também o profissional deve

buscar a integração dos saberes e experiências, desenvolvidos ao

longa da carreira na busca de soluções criativas e inovadoras.

“o profissional deve buscar a integração dos saberes e experiências ao longo da carreira.”

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sistemas integrados x saberes integrados

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INTERNET OF THINGS x TRABALHO EM REDE

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Como ser O Profissional da Indústria 4.0

A internet das coisas (IoT – Internet of Thinks) pode ser definida como a rede formada por sensores e atuadores que se comunicam entre si através da internet. É preciso entender que IoT não é apenas um sistema de comunicação máquina com máquina, de forma centralizada, com um nó ou controlador central. Trata-se de um sistema em rede, uma grande troca de informação em diferentes contextos e diferentes aplicações. Trazendo para o contexto das competências profissionais, o foco é nas relações e formas de trabalho. Ainda existe um esforço para desenvolver um bom trabalho em equipe dentro das empresas, mas deve-se também pensar no trabalho em rede. Por trabalho em rede, devemos entender que as relações de trabalhos se darão de forma fluida, horizontalizadas. Em vez de hierarquias e relações de trabalhos de longo prazo, cada vez mais existirá contratos por demanda, relações que duram o tempo de projeto. Nesse ponto, deve existir um esforço de adaptação do estilo de trabalho a um modelo com menor grau de segurança e previsibilidade (vide Resiliência). Não parece improvável pensar um futuro onde a maioria da força de trabalho seja o que hoje se classifica como freelancer. O trabalho em rede exige além da excelência técnica, capacidade de gestão de tempo, gestão financeira, marketing, em resumo, empreendedorismo. Essas competências nem sempre são desenvolvidas nos cursos superiores, ou são isoladamente quando estão no currículo de cada curso.

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internet of things x trabalho em rede

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COMPUTAÇÃO EM NUVEM x SER UM CIDADÃO DO MUNDO

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Como ser O Profissional da Indústria 4.0

Computação em nuvem (ou se preferir em inglês, cloud computing) nada mais é que utilizar recursos computacionais (processamento, memória, armazenamento, backup, etc.) de servidores compartilhados em vez de utilizar os recursos de hardware próprio local. A vantagem da computação em nuvem é que, por serem compartilhados, esses recursos são mais baratos e podem ser facilmente alocados conforme as demandas do momento. Além disso, por estarem “na nuvem” as aplicações podem ser acessadas de qualquer lugar com acesso à Internet. Em resumo, seus dados e aplicações podem estar em qualquer lugar do mundo. Fazendo um paralelo com as competências profissionais, enquanto as aplicações devem ser em nuvem, o profissional deve ser “cidadão do mundo”. Isso implica em duas coisas: primeira que as oportunidades de trabalho e desenvolvimento de carreira estão no mundo todo, não importa muito o país onde se nasce. No mercado global de trabalho, importam muito mais as competências e habilidades do que a seleção para qual se torce na copa; isso também implica que a concorrência pelo emprego que se tem hoje também é global, não só porque um estrangeiro pode assumi-lo como também porque a empresa ou divisão pode mudar de país em busca de melhor competitividade ou perder mercado para uma empresa de outro lugar. A segunda coisa e mais importante é que, para jogar esse jogo em escala mundial é preciso uma mente globalizada. Isso significa estar aberto às diferenças culturais, ser capaz de se adequar às diferentes culturas organizacionais, respeitando seus valores de origem. Também implica em ser capaz de se comunicar e colaborar em times distribuídos pelo mundo todo, estar atualizado com as discussões e notícias internacionais. Num país grande como o Brasil, essa competência é de difícil desenvolvimento por falta de oportunidade em conviver com profissionais de outras culturas ou países o que às vezes, nos deixa presos à nossa forma nacional (até regional) de fazer.

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computação em nuvem x ser um cidadão do mundo

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ROBÔS AUTÔNOMOS x AUTONOMIA

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Esse ponto é fundamental, pois a disseminação do uso de robôs nas mais

diversas funções vai acabar com milhares de empregos. A solução?

Desenvolver a autonomia para não ser substituído por um robô autônomo.

Robôs fazem trabalhos repetitivos e pré-programados, basicamente recebem

ordens e seguem processos que alguém pensou por eles, de forma eficiente, é

verdade, mas não são capazes de resolver problemas por si só.

A autonomia passa a ser uma competência cada vez mais importante, portanto.

Aquele profissional que não é capaz ou prefere não dar um passo sem ordem

de um superior ou chefe, está com os dias contados. O futuro é dos

profissionais capazes de se organizarem sozinhos, resolver problemas sem que

alguém lhes diga o que fazer, se responsabilizar por riscos, erros e acertos. Isso

também muda significativamente as estratégicas de gestão.

Em um mundo que busca cada vez mais eficiência, não há mais espaço para

gestores que micro gerenciam cada atividade do seu time. Menos ainda para

àqueles cujo trabalho é só delegar e cobrar cada tarefa. Para obter os níveis de

eficiência que se espera, cabe ao gestor montar e treinar um time que consiga dar

conta do recado sozinho, dar ao time uma direção, isto é, um rumo e um motivo,

e trabalhar como um facilitador da execução das atividades desse time.

Autonomia muitas vezes é entendido como sinônimo de liberdade. E é! E como a

liberdade implica numa grande dose de responsabilidade e risco, que muita gente

não está disposta a assumir, prefere se esconder atrás de regras bem definidas e

organogramas que possam ser usados como guia para quem passar a culpa. Esse

ponto também é pouco trabalhado nas escolas que, de forma geral, não treinam

responsabilidade e autonomia, mas sim obediência.

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robôs autônomos x autonomia

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REALIDADE AUMENTADA E VIRTUAL x REALIDADE E ILUSÃO

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Realizada virtual (VR) é quando se é introduzido em

um mundo todo (ou quase todo) criado, perdendo

conexão com o local onde se está; na prática isso

hoje implica em usar algum tipo de óculos e fone de

ouvido, de forma a se isolar do ambiente ao redor e

inserir no ambiente simulado. Realidade

aumentada (AR), pelo contrário, é inserir no

ambiente ao redor elementos criados que

acrescentam uma “camada de realidade” a mais; na

prática isso é feito adicionando esses elementos

simulados à filmagem de uma câmera que se assiste

em tempo real (como feito com celulares) ou

projetando algo na frente do seu campo de visão

(como nos óculos de realidade aumentada).

Do ponto de vista das competências, a questão é:

somos realmente capazes de perceber a realidade

como ela é? Para a filosofia, a física e a neurociência

a resposta é muito clara: certamente não! Nos

termos de Schopenhauer, não podemos conhecer

verdadeiramente a realidade, apenas uma

representação da realidade. Fisicamente nossos

sentidos só percebem uma pequena parte das

propriedades de um objeto ou acontecimento, e

nosso cérebro, com bases nesses estímulos, tenta

montar uma representação minimamente coerente,

juntando experiências e memórias; além disso,

nunca podemos saber realmente o que se passa na

mente de outra pessoa, seu humor, etc.

Realidade aumentada para teste com servomotor.

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realidade aumentada e virtual x realidade e ilusão

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Sendo menos filosófico e mais prático: a questão é como fazer uma leitura

mais correta da realidade nas situações profissionais, mesmo sabendo que não

existe uma verdade absoluta. O que pode causar uma falsa percepção da

realidade? Indicadores, por exemplo, se não bem desenhados e avaliados

podem causar grandes enganos (é conhecida a história de certa operadora de

telefonia que comemorou a queda no número de reclamações quando na

verdade seus clientes estavam desistindo e cancelando antes mesmo de

reclamar). A publicidade, mesmo em ambientes corporativos, muitas vezes é

capaz de embrulhar com palavras bonitas e promessas, produtos e serviços que

não agregam nada aos negócios. Nossos preconceitos, nossas experiências

(sempre fizemos assim e sempre deu certo) e nossos egos são criadores de

engano. Como reduzir isso? Questione tudo. Questione cada promessa do seu

fornecedor, peça provas. Questione os dados e conclusões de seus

colaboradores e seus subordinados. Peça uma explicação mais detalhada

quando um argumento do seu chefe não fizer sentido.

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realidade aumentada e virtual x realidade e ilusão

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Outra forma de se aproximar mais da realidade é ser científico, isto é, se basear em

dados e fatos, e não em opiniões. Muitas vezes a visão que as pessoas têm sobre

acontecimentos ou processos está carregada de carga emocional e distorce a realidade

(aquele cliente que foi mal-educado ao reclamar do produto vai ser lembrado mais

facilmente que os cinco que elogiaram e os quinze que gostaram, mas não deram

feedback). Além disso, faça experiência, teste suas ideias, explore alternativas. É

assustador ver que muitos negócios são geridos na base do achismo e do peso da

autoridade, em vez de fatos concretos.

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realidade aumentada e virtual x realidade e ilusão

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SIMULAÇÃO x CAPACIDADE DE ABSTRAÇÃO

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Simular significa imitar a realidade, através de modelos matemáticos e outros

recursos computacionais, afim de avaliar os resultados que seriam obtidos sem

ter necessariamente que criar algo real. A simulação permite testar hipóteses,

verificar resultados, estimar interações em situações complexas, onde uma

simples equação não poderia expressar todas as interações existentes.

Também permite repetir, de forma acelerada, processos e interações, levando à

avaliação de uma grande quantidade de opções antes de identificar a mais

adequada para a realização no mundo físico.

A competência equivalente da simulação é a capacidade de abstração, que é a

habilidade de imaginar cenários diferentes da realidade, visualizando-os e

vivenciando suas possibilidades. Talvez pela facilidade de os meios tecnológicos

entregarem um resultado visível ou mesmo palpável, essa competência tem

andado em baixa. Tem sido cada vez mais difícil (na experiência do autor)

encontrar profissionais que consigam entender e discutir conceitos um pouco

mais abstratos, ou lidar com situações que não vão além das coisas concretas

que se tem a mão.

Um bloqueio à abstração é evitar pensar nos cenários negativos. Devido a um

otimismo exagerado ou ao “pensamento positivo”, muitas vezes os cenários

negativos são propositalmente desconsiderados e, quando acontecem, não há

nenhuma prevenção ou plano B. Como diz o velho ditado: “espere o melhor,

prepare-se para o pior”.

Outra forma de definir a capacidade de abstração é pela imaginação e

criatividade. Conseguir lidar com situações e produtos enquanto ainda é apenas

imaginação, combinar diferentes conceitos e experiências para gerar algo novo ou

antever as possíveis consequências de uma ação. Num mundo cada vez mais

complexo, ser imaginativo e lidar com conceitos abstratos é fundamental.

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simulação x capacidade de abstração

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MANUFATURA ADITIVA X PROCESSOS ÁGEIS E PROTOTIPAGEM

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Os profissionais da indústria do futuro devem então

se acostumar com essa inconstância e uma das

ferramentas para ajudar nisso são as metodologias

ágeis.

Sem querer entrar em detalhes, uma das

características das metodologias ágeis é entregar

sempre algum valor, mesmo implementando o

mínimo de características e funcionalidades

possíveis, e ir testando à medida que o usuário e o

desenvolvedor entendem melhor o produto.

Ou seja, não dá mais para esperar ter um processo

com tudo certinho, testado e definido. É como fazer

um molde de injeção, preparar a máquina,

homologar lote piloto para enfim fazer 100 peças.

Com impressão 3D e métodos ágeis sai mais rápido.

A técnica de manufatura aditiva mais conhecida é

certamente a impressão 3D. Essa tecnologia permite

construir um produto depositando camadas e

criando-o sem necessidade de moldes, ferramentas

ou máquinas dedicadas exclusivamente para aquele

produto. Dessa forma, dois objetivos são

alcançados: a fabricação customizada em escala

(customização em massa) e a prototipagem rápida.

Impressão 3D permite agilidade e flexibilidade. Os

produtos devem poder se adaptar às demandas

diferenciadas de cada cliente, sem comprometer a

velocidade e o custo da produção em massa. Isso

implica que não há (muito) espaço para melhoria

contínua de processos, uma vez que essa

continuidade não existe: o produto é sempre beta.

Estamos numa época em que a velocidade da

inovação é tamanha que não dá tempo de haver

maturação, tudo está sempre em teste e se torna

obsoleto antes de amadurecer.

Outra competência associada à impressão 3D é a

capacidade de prototipação. Prototipação em

engenharia de produto é construir um modelo

suficientemente fiel ao produto final, de maneira

que seja possível testá-lo nas condições de uso

pretendidas e validar seu desempenho. Não só

produtos, mas tudo mais pode ser prototipado: uma

campanha de marketing, um processo novo, uma

prática de RH, uma ideia de negócio.

Prototipar implica em gerar a versão com as

características mínimas/básicas do que se deseja

testar (o famoso MVP) e colocar a coisa para rodar e

verificar os resultados. Antes de gastar meses e

milhões, antes de envolver muitas pessoas, antes de

fazer planos e cronogramas baseados no achismo.

Por isso, prototipagem e metodologias ágeis têm

tanto em comum e são fundamentais para o

profissional do futuro.

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manufatura aditiva x processos ágeis e prototipagem

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BIG DATA E ANALYTICS x CAPACIDADE E ANÁLISE CRÍTICA

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A quantidade de dados gerados pelos clientes e

usuários das empresas em si, já é uma grande

riqueza para quem conseguir extrair conhecimento

útil dessas informações. Fala-se muito de ciência

dos dados como profissão do futuro, uma vez que

saber analisar e criar estratégias para análise desses

dados é fundamental e não surge de forma sozinha

ou automática.

De forma similar à competência de criar sistemas de

análise do grande volume de dados é necessário

também desenvolver um senso crítico ou

capacidade de avalição.

Analisar criticamente é conseguir extrair

conhecimento útil dos fatos, permitindo uma

tomada de ação. É enxergar o que importa de fato,

qual a tendência que está se desenhando, o que não

foi dito explicitamente, que conclusão pode-se tirar

dos acontecimentos.

Essa competência, assim como a capacidade de

abstração, tem sido deixada de lado na formação

profissional, especialmente de nível superior. De um

profissional com graduação, cuja ocupação é

descrita muitas vezes como “analista” deve ser

capaz de olhar para as informações à sua frente e

tirar conclusões e tomar decisões, e analisar

processos e buscar sua melhoria e correção.

Simplesmente seguir o procedimento sem senso

crítico não é função de “nível superior”.

Vale lembrar que, na Taxonomia de Bloom, a

competência de “avaliar” está abaixo somente da de

“criar” e acima de “analisar” e constituem

“capacidade de nível superior”, enquanto

habilidades associadas a seguir processos

estabelecidos como “recordar”, “compreender” e

“aplicar” são apenas capacidades básicas.

Assim, desenvolver uma capacidade de análise crítica tem

a ver com questionar os dados a sua frente, se eles estão

coerentes com suas causas, quais suas consequências.

Analisar criticamente um processo é determinar se ele

está atingindo seu objetivo com eficácia ou tem sido

cumprido mecanicamente. É muitas vezes apontar no

trabalho dos outros e no nosso o que não ficou bom, com

indicação do que e porquê pode ser melhorado.

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big data e analytics x capacidade e análise crítica

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CONCLUSÃO

O objetivo desse e-book é despertar um olhar mais amplo

para o desenvolvimento das competências que vão além das

habilidades técnicas. Essas competências não são tão simples

de treinar, daí a necessidade de uma busca constante de

aperfeiçoamento que vai além de fazer alguns cursos

rápidos. Exige, além de dedicação, modificações nas

instituições e cursos que preparam profissionais para o

mercado. Voltar para o índice

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