como se contam multidões? a around knowledge explica como?
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Enric Vives-Rubio
A multidão concentrada na Praça de Espanha, em Lisboa
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Como se contam multidões?22.09.2012 - 10h03 Andreia Sanches
"Nem régua e esquadro, nem
"olhómetro"" É no essencial assim que
quem conta manifestações em Portugal
faz. Mas a dúvida é quase universal e
coloca-se sempre quando um protesto
termina: quantas pessoas estiveram na
manifestação? Há cientistas a estudar
como pôr termo a isto.
É preciso a ajuda de algoritmos complexos, de câmaras especiais, de antenas que
detectam sinais de telemóvel, de mapas a três dimensões? Ou basta "experiência"
e "olho"? A polémica é frequente e é assim em todo o mundo: raramente há
consenso sobre o número de participantes numa manifestação. Porque os
números podem ser mais do que números - podem ser armas de arremesso entre
patrões e sindicatos, Governo e oposição... Há, contudo, quem se dedique a
investigar - e até a comercializar - ferramentas de contagem de multidões que,
sendo úteis para medir protestos, têm outras potencialidades. Em Portugal, os
métodos estão longe de ser particularmente sofisticados.
Comece-se por aqui, antes de procurar saber que técnicas têm sido inventadas. A
PSP, por exemplo, faz, genericamente, da seguinte maneira: calcula a área onde
se concentram as pessoas, usando ferramentas como o Google, depois avalia o
quão compacta está a multidão - entre 3 e 6 pessoas por m2.
Para se ter uma ideia de que concentração de pessoas estamos a falar (porque a
densidade da ocupação do espaço é uma das variáveis controversas), eis alguns
exemplos: o Santuário de Fátima, quando conta os peregrinos, aplica a fórmula de
quatro pessoas por m2, quando o espaço está bem preenchido. "Poderá ir-se até
seis pessoas por m2, nas grandes peregrinações e nos locais de maior
concentração, como junto à Capelinhas das Aparições", explica António Valinho,
secretário da Reitoria.
Já num grande concerto (como o da Madonna, em 2008, no Parque da Bela Vista,
com 72.666 pessoas) a promotora Everything is New define como lotação máxima
2,8 pessoas por m2, diz o director Álvaro Covões. No metropolitano, o valor de
referência é quatro pessoas por m2, lembra o arquitecto Tiago Mota Saraiva.
A Lynce, uma empresa espanhola que trabalhou alguns anos com a agência de
notícias EFE na contagem de multidões, faz saber no seu site que 1,7 pessoas por
metros quadrado "já é uma cifra altíssima para uma multidão em movimento". Em
Fevereiro, a empresa encerrou por problemas financeiros. E terá havido quem
tivesse suspirado de alívio: "O pesadelo dos manifestantes fechou portas", noticiou
-se, numa alusão ao facto dos cálculos da Lynce acabarem sempre por dar uma
imagem bem mais magra das manifestações do que a publicitada por quem as
organizava e, até, pela polícia.
Em suma: caberem seis pessoas num m2 pode parecer impossível para alguns?
Valinho, do Santuário de Fátima, diz que não é. E o comissário Paulo Flor, director
do gabinete de imprensa da direcção Nacional da PSP, não entra em detalhes. O
método da polícia "tem apenas o propósito de apoiar medidas operacionais e
consta dos relatórios confidenciais da PSP", diz.
Mais: os resultados das contas não são revelados desde 2008 porque "em dado
momento da vida social e política do país" os números da polícia eram usados
"como mediadores de lutas entre sindicatos e entidades patronais e/ou outras".
No sábado, a organização dos enormes protestos que decorreram em várias
cidades do país com o lema "Que se lixe a troika. Queremos as nossas vidas de
volta!", apontou para um número de 500 mil pessoas, só na cidade de Lisboa, e
100 mil no Porto, para além das manifestações noutras cidades.
Elísio Estanque, sociólogo de Coimbra, admite que as contagens são sempre
polémicas. Mas não tem dúvidas que esta foi das maiores manifestações depois
do 1.º de Maio de 1974 - que terá juntado um milhão a seguir à revolução de Abril,
como lembra Alan Stoleroff, investigador do ISCTE, especialista em sindicalismo,
que fala do protesto de 15 de Setembro como algo de "gigante".
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3. Não. Trata-se de uma condição essencialmente comportamental e classificá-la como doença apenas leva à sua excessiva medicalização.
4. Não. O peso em excesso é sobretudo um “efeito secundário” de comportamentos desajustados que, eles sim, conduzem a doenças como a diabetes ou a doenças cardio-circulatórias.
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Emagril
Produto: EmagrilEmpresa Responsável: NUTRIFLOR
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Questionário de Frequência Alimentar
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27-09-2012http://static.publico.pt/pesoemedida/noticia.aspx?id=1564111&idCanal=5482
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Mas é mesmo impossível contar com mais rigor? Um grupo de investigadores da
Universidade do Porto desenvolveu um software que, com a ajuda de antenas,
contabiliza, em tempo real, sinais de telemóvel.
O projecto foi finalista do ISCTE/MIT-Portugal Venture Competition (um concurso
internacional que distingue projectos de base tecnológica em Portugal) e já foi
distinguido noutros concursos. Suzy Vasconcelos, uma das autoras, diz que já é
usado para monitorizar trânsito ou contar clientes em centros comerciais, mas
também detectar como se movimentam (é possível saber, por exemplo, que uma
pessoa que esteve na loja A foi, a seguir, almoçar ao restaurante B). Poderia ser
usado numa manifestação? Sim, responde. Mas a sua empresa, a Around
Knowledge, nunca foi contratada para tal.
A Around Knowledge nasceu na incubadora da Fundação Serralves e tem
financiadores nacionais e internacionais. O funcionamento do produto que vende,
explicado por Suzy, parece simples: "Para monitorizar uma manifestação, bastava
colocar antenas nas extremidades da zona da manifestação e estas estariam a
apontar para o centro da manifestação, de forma a cobrir a zona dos
manifestantes" e a excluir, por exemplo, sinais que viessem de quem estivesse
dentro dos edifícios.
A vantagem do seu método, diz, é que não faz estimativas. Conta pessoa a
pessoa ("Hoje já quase toda a gente tem telemóvel, excepto crianças e pessoas
muito idosas").
Outro português, Nuno Vasconcelos, professor na Universidade da Califórnia em
San Diego, está a desenvolver um modelo estatístico que relaciona o movimento
em imagens captadas por vídeo com o número de pessoas - está ainda "na
infância", tem sido testado no campus universitário de San Diego. Mas uma das
ideias é que esta tecnologia possa vir a ser usada pelas forças de segurança em
manifestações, possibilitando identificar em tempo real zonas que estão
sobrecarregadas de gente e onde há perigo de esmagamento, por exemplo,
permitindo às forças de segurança actuar de forma preventiva.
"O meu trabalho é tentar fazer com que os computadores percebam imagens e
reconheçam objectos, no fundo, dar capacidade de visão a computadores. Este
problema da contagem de multidões é uma subárea nessa área" que pode ter
interesse também para o planeamento urbano, exemplifica.
O "método da experiência"
Mas afinal, contar cabeças tem assim tanto interesse, quando se fala de
manifestações?
"Mais cem mil, menos cem mil, aquelas imagens aéreas junto à Praça de Espanha
dissuadiram grandes disputas sobre os números" da adesão ao protesto de
sábado em Lisboa, diz Elísio Estanque.
"Os números nunca conseguem ser tão rigorosos como as pessoas, o importante
para nós foi a força expressiva dessas pessoas unidas nas ruas cheias", muitas
delas a manifestarem-se pela primeira vez, nota Mariana Avelãs da comissão que
lançou a manifestação.
"Uma manifestação vale muito, também, pela impressão que deixa. Será que se
forem um pouco menos, isso vai alterar a percepção do que representou" o
protesto? - questiona o politólogo André Freire.
"Os números são um indicador da mobilização cívica", diz o investigador António
Costa Pinto, presidente da Associação Portuguesa de Ciência Política. Mas "os
académicos não têm meios para contabilizar". E, a verdade, é que desde o final
dos anos 70 que as manifestações de rua deixaram de suscitar tanto interesse.
"Em 1978, 1979, estar na rua era estar próximo do PCP. As elites tinha um
discurso: há eleições, há deputados, acabou a rua da transição democrática... Por
medo e por necessidade de legitimização das instituições representativas."
Mas, com tudo isto, há quem, para além da organização do protesto de há uma
semana, arrisque cálculos. "Para uma manifestação tão grande, como era a de
sábado, é extremamente difícil fazer uma contagem sem uma equipa, porque é - e
foi - quase impossível uma só pessoa andar do fim até ao início da manifestação e,
o inverso, andar do início até ao fim", começa por dizer Alan Stoleroff.
Habituado a contar multidões porque precisa disso para o seu trabalho académico,
Stoleroff estima, ainda assim, que no sábado "houve, pelo menos, três vezes o
número de participantes que na maior manifestação dos professores" que terá
juntado 120 mil em Novembro de 2008. E mais também do que na organizada em
2007 contra a flexisegurança, pela organização sindical CGTP, no Parque das
Nações, que terá juntado quase 200 mil e foi considerada uma das maiores de
sempre. "Portanto, no sábado, estiveram entre 300.000 e 400.000" pessoas nas
ruas de Lisboa.
Que método é o deste académico? "É uma mistura de método de contagem, de
comparação entre manifestações e de muita experiência de observação de
concentrações", responde. E ilustra: se uma manifestação percorre a Av. da
A massa corporal das crianças e dos adultos pode apresentar variações diárias de...
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27-09-2012http://static.publico.pt/pesoemedida/noticia.aspx?id=1564111&idCanal=5482
Liberdade (o que não aconteceu no sábado - aliás, o facto do percurso não ser o
de quase todas as manifestações dificultou os cálculos) o professor conta
"pacotes" de pessoas numa determinada área e vai multiplicando esse número por
áreas idênticas com a mesma densidade.
Mas há muitos outros dados que pode ter em conta: a probabilidade de encontrar
pessoas conhecidas, por exemplo - "Conheço as caras de todos os radicais de
esquerda, dos sindicalistas, vejo-os em todas as manifestações, mas na de 15 de
Setembro não os encontrei" -, é menor em manifestações mais concorridas.
"Nem régua e esquadro, nem "olhómetro"", sintetiza João Torrado, da CGTP, outro
homem que há décadas conta multidões. O sindicalista diz que não há matemática
pura que permita contar gente. "As manifestações são todas diferentes. Há
pessoas que entram a meio, às vezes a cabeça da manifestação chega ao local do
discurso e a cauda chega uma hora e meia depois e quem chegou primeiro não
fica até ao fim, não tem paciência; as pessoas andam para trás e para a frente..."
Não basta, diz, multiplicar metros quadros e densidade estimada.
Faz-se então, como? Os sindicalistas da CGTP cruzam sempre a observação do
terreno, com outro tipo de informação (quantos autocarros vieram com
manifestantes? Quantas pessoas em cada empresa os delegados conseguiram
mobilizar?) O próprio estado de espírito dos manifestantes interfere na forma como
ocupam o espaço. Numa manifestação que assinale o 25 de Abril as pessoas vão
mais relaxadas, mais afastadas; numa mais politizada há faixas a separar filas de
pessoas, a multidão tende a esperar pelos discursos, e concentra-se; numa como
a de sábado é tudo mais caótico.
No final das "manifes" da CGTP, juntam-se sempre alguns dirigentes e delegados,
ponderam tudo e só depois avançam um número.
Balões e mapas 3D
Poderiam métodos menos baseados na "experiência" dar azo a menos debate?
Não necessariamente.
Em Outubro de 2009, a organização de uma manifestação contra o aborto, em
Madrid, calculou ter juntado dois milhões de pessoas. A polícia contou 250 mil. O
jornal El País, 265 mil. E a Lynce apenas 55.316.
A empresa usou duas câmaras de vídeo, quatro câmaras de fotos e um balão
dirigível que sobrevoou a manifestação. Foram recolhidas 300 imagens, mas
bastaram sete para a contagem final, relatou o El País. A cada manifestante foi
atribuído um número.
A EFE defendeu-se das críticas que surgiram dizendo que o método lhe parecia
suficientemente rigoroso. E manteve o contrato com a Lynce.
Também os dados da norte-americana Digital Design and Imaging Service já têm
sido notícia. Em Agosto de 2010, a estação de televisão norte-americana CBS
contratou-a para estimar a multidão que estaria presente num comício liderado
pelo conservador Glenn Beck, em Washington, sob o lema "Restaurar a honra". A
organização estimou ter juntado no Lincoln Memorial entre 300 mil e 500 mil
participantes (Washington Post). Já a empresa contou 87 mil, depois de recolher
imagens aéreas da multidão e aplicá-las a um modelo a três dimensões, onde
aparecem marcados os diferentes graus de concentração das pessoas no espaço.
Em suma: o método consensual parece estar longe de ter sido atingido. Nuno
Vasconcelos, da Universidade da Califórnia, diz que "o que hoje em dia se faz -
régua e esquadro, para estimar uma área e depois multiplicar por uma estimativa
de densidade de pessoas é algo arcaico". O que Vasconcelos procura - e como ele
outros investigadores que têm publicado sobre o assunto -, são margens de erro
próximas do 1%. Até lá se chegar, acredita, "haverá sempre discrepâncias brutais"
nos balanços dos protestos. É assim em toda a parte, garante.
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