como falar com adolescentes sobre sexo...outeiral, professor da faculdade de medicina da puc-rs e...

18
Como falar com adolescentes & amor sexo Pais, coragem: não é preciso fazer rodeios. Aqui estão algumas estratégias que realmente podem ajudar. SOBRE SEXO

Upload: others

Post on 18-Feb-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Como falar com

    adolescentes

    &amor sexo

    Pais, coragem: não é preciso fazer rodeios. Aqui estão

    algumas estratégias que realmente podem ajudar.

    SOBRE SEXO

  • TOQUE, DESLIZE, LEIA.

    No tablet ou smartphone, o uso da tela touch screen – aquela sensível ao toque – é bastante intuitivo, mas podemos sugerir algumas dicas para facilitar sua leitura:

    1 Depois de entrar no aplicativo PerfilSeleções, escolha na estante de livros o e-book desejado tocando o botão Acessar.

    2 A mudança de página pode ser feita posicionando-se o dedo indicador no lado direito da tela e arrastando para a esquerda ou selecionando a página específica nos thumbnails (miniaturas das páginas) que se localizam na parte inferior da tela.

    3Para localizar mais facilmente algum item, clique no botão localizado no alto à direita, que oferece a visualização de todas as páginas do e-book.

    4Para voltar ao menu com todas as áreas, clique no botão Menu, localizado no alto à esquerda na estante.5O botão Meu Perfil, localizado no alto à direita na estante, permite acessar as informações sobre o usuário, visualizar sua lista de amigos e desconectar o aplicativo.

    CLIQUE E LEIA.

    Na versão web (via browser), depois de fazer o login, a navegação é feita através da estante:

    1 Selecione Estante no menu e clique em Acessar on-line. Para navegar, é preciso clicar na parte inferior ou superior do e-book e arrastar para o lado oposto. Também é possível navegar através das setas.

    2Com os botões superiores, podemos dar zoom e visualizar em tela cheia.

    COMO USAR ESTE APP

  • &amor sexo

    1

    Quando a filha de 15 anos se apaixonou, Susan quis ajudá-la a compreender os sintomas daquela atração irresistível. Mas sabia que a filha, como a maioria dos adolescentes, poderia se mostrar supersensível a qualquer sinal de crítica. Então iniciou a conversa sobre o amor admitindo que, quando adolescente, também tivera comportamentos estranhos motivados pela paixão, como, por exem plo, desmaiar por causa de um cantor do coral que frequentava.

    “Eu ficava espiando atrás do coro”, disse Susan à filha. “Depois o seguia de

    volta para casa, na esperança de que ele se virasse e

    falasse comigo.”Professora de Psicologia

    Clínica na Universidade

  • &amor sexo

    2

    de Ottawa, e uma das mais conhecidas terapeutas de casais da América do Norte, Susan Johnson explica que uma forma de os pais começarem o diálogo sobre amor e paixão é revelar histórias de si próprios. Isso ajuda o adolescente a lidar melhor com os sentimentos fortes e confusos que estão experimentando.

    Embora não seja fácil iniciar com o adolescente a conversa sobre os altos e baixos do amor, os especialistas garantem que há maneiras de fazê-lo, além de mensagens importantes que valem a pena ser passadas. Aqui estão algumas:

    > AMAR NÃO É SÓ FAZER O QUE O OUTRO QUER

    “No início da adolescência, as paixões são frequentes. Meninos e meninas se apaixonam da noite para o dia, pois são mais vulneráveis emocionalmente e tendem a

  • &amor sexo

    3

    > Controle sua ansieda-de ao saber que um filho adolescente está namoran-do. Preocupar-se demais dificulta a conversa.> Compartilhe suas expe-riências no amor, no sexo e nos relacionamentos. Saber que essa “confusão de sen-timentos” é normal ajuda o adolescente.> Crie um lugar apropriado e oportunidades para con-versar. Saia para jantar com

    seu filho, tome um sorvete jun-tos, converse no carro en-quanto o leva ao futebol ou à aula

    de dança, vá a shows com ele, leia um livro ou revista em algum lugar tranquilo da casa em sua companhia.> Assista à TV ou a filmes juntos, depois discuta sobre como cada um interpreta o que viu.> Evite fazer julgamentos ou críticas infundados.> Faça perguntas do tipo: “Como você está se sen-tindo? Como estão seus amigos? Como estão seus relacionamentos? Você se sente próximo das pessoas? Como você se sente perto dele/dela? Do que você gosta na relação? Do que você não gosta?”> E o mais importante: Faça do seu próprio relacio-namento um modelo de responsabilidade, respeito, carinho e amor verdadeiro.

    SUGESTÕES na hora de conversar com os adolescentes sobre amor»

  • &amor sexo

    4

    idealizar o outro”, analisa o psiquiatra José Outeiral, professor da Faculdade de Medicina da PUC-RS e autor do livro Adolescer: estudos revisados da adolescência.

    “Alguns apaixonados tendem a fazer tudo o que o outro quer; dão esperando retorno, ou querem ter o outro na mão. São atitudes que nada têm a ver com amor. O amor demanda tempo. Com o reconhecimento da individualidade do outro, as pessoas são amadas com suas qualidades e defeitos. Não é preciso ficar a mercê do outro”, explica o psiquiatra.

    Karen Gram, jornalista, ficou preocupada com algo semelhante quando a filha de 15 anos, Yette, apaixonou-se por um menino que conhecera na Internet por intermédio de uma amiga.

    Com o computador da família na cozinha, para garantir maior controle, Karen com frequência via Yette, que é aluna do primeiro

  • &amor sexo

    5

    ano do ensino médio, correspondendo-se com o garoto. “Perguntei o que a atraía naquele menino em particular, e minha filha respondeu: ‘Ele me faz rir.’ Compre-endi na hora.”

    Ainda assim, Karen tentou prepará-la para a visita que o menino lhe faria. “Disse a Yette que, quando o conhecesse pessoalmente, talvez não sentisse nada. E minha filha concordou. Expliquei: ‘Às vezes, podemos gostar da pessoa porque ela gosta de nós, mas acho que este não é

    um bom motivo para entrar numa relação.’ Pedi a ela que não se

  • &amor sexo

    6

    esquecesse disso, dessa maneira teria controle sobre a própria vida. Estava tentando ajudá-la a se sentir segura ao estabelecer limites antes de iniciar o namoro.”

    > O AMOR É DIFÍCIL E PODEMOS NOS MAGOAR

    O adolescente merece respeito ao se aventurar pelo mundo complexo e emocionante dos relacionamentos. “Todo pai tenta passar adiante sua sabedoria, mas é claro que os conselhos são inúteis”, diz Susan com um sorriso. “Não adianta eu perguntar à minha filha, da melhor maneira possível: ‘Você não acha que esse rapaz é um pouco manipulador?’ Não

  • &amor sexo

    7

    adianta porque ela está apaixonada por ele.”

    Em vez disso, Susan tenta abordar a filha como aborda seus clientes na terapia de casais. “O que procuro dizer é: ‘O que você sente quando está com esse garoto? O que é bom na relação? O que não é bom?’”

    A essas perguntas, conta Susan, a filha respondeu que, como os outros adolescentes são implicantes, ela se sente mais segura quando o menino está a seu lado. Susan, por sua vez, afirmou que segurança é algo que realmente devemos sentir quando estamos apaixonados.

    “Então eu talvez pergunte: ‘Há ocasiões em que é complicado estar com esse

    “Perguntei à minha filhao que a atraía

    naquele menino, e ela respondeu: ‘Ele me faz rir.’”

  • &amor sexo

    8

    garoto?’ E ela talvez responda: ‘Eu fico com ciúme, porque acho que ele gosta mais de outra menina do que de mim.’ Aí podemos começar a falar de como o amor é assustador, por ser um risco.”

    > AMOR É AMIZADEBen Klassen se lembra de ter tido uma ótima conversa quando ele e o pai, Brian, viajaram de carro, só os dois, para ir a um campeonato de futebol. “É sempre um pouco estranho quando o pai fala com o filho sobre algo íntimo”, comenta ele.

    Mas, embora os amigos do adolescente de 16 anos sugerissem que ele não devesse sair com uma menina de quem gostava por acharem que ela não era bonita o suficiente, não demorou muito para que Ben e o pai chegassem à conclusão de que a inteligência dela a tornava uma companhia estimulante: uma boa amiga para noites de

  • &amor sexo

    9

    cinema e longas conversas. Quem sabe o que decorreria daí?

    “Esse é o problema da TV e do cinema”, avalia Ben. “Tratam as relações como se elas fossem um grande jogo: o importante é a aparência, e todo mundo precisa ser bonito e bem-sucedido.” Compromisso também parece não ser prioridade hoje em dia. “Na adolescência é assim”, diz ele. “As relações só conseguem durar cerca de uma semana.”

    “‘Ficar’ é uma condição contemporânea banalizada. A ideia de compromisso muitas vezes é impensável, pois o exemplo ao redor dos jovens é o das relações superficiais, que evitam intimidade”, diz o Dr. Outeiral.

    Mas Adina Bogert-O’Brien – cujos pais estão casados há muito tempo – namora o mesmo rapaz desde que os dois se conheceram na adolescência. “Outros alunos do ensino médio saíam com pessoas que mal conheciam porque as achavam bonitas

  • &amor sexo

    10

    e atraentes”, recorda Adina, de 23 anos. “Mas meu namorado foi, antes de tudo, meu melhor amigo. E pude ver o quanto é positivo a amizade fazer parte do amor.”

    > O AMOR INCLUI ERROS“Amar é nunca ter de pedir desculpas.” Esta é apenas uma das muitas bobagens que os adolescentes aprendem com a mídia, diz Susan.

    Recentemente, após tentar conversar com a filha sobre o que alguns meninos esperam das meninas, Susan reconhece que acabou provocando uma briga. “Eu estourei. Perdi o controle”, confessa. “Mas depois cheguei para ela e disse: ‘Você teve razão de ficar chateada comigo. Eu me descontrolei. Desculpe.’ Quando, na condição de pais, agimos assim, estamos ensinando ao adolescente o que é amor. Amar não é ser gentil e calmo o tempo

  • &amor sexo

    11

    todo. É cometer erros e admiti-los. A relação é mais importante do que o orgulho de estarmos certos.”

    > AMAR É CONFIARBrian Klassen admite se exceder quando a filha de 18 anos, Jacqueline, sai com o namorado no fim de semana e volta para casa depois das 11 da noite.

    “Eu grito com ela. Começo a disparar mil

  • &amor sexo

    12

    perguntas: ‘O que vocês fizeram? Que tipo de limite você está se impondo?’ Perguntas às vezes meio fortes.”

    Klassen, que é terapeuta, sabe que a hora da raiva não é o melhor momento para um pai protetor e religioso conversar com a filha adolescente sobre o amor. Em momentos familiares menos doutrinários, porém, Jacqueline diz gostar de conversar com os pais sobre amor, relacionamentos e sexualidade.

    Klassen, por sua vez, descobriu que essas conversas funcionam melhor quando ele sai para tomar um café com a filha, ou quando está no carro com o filho.

    Ele diz que os pais não devem encher os adolescentes de perguntas. É preciso começar com outros assuntos, como estudos ou esportes, até entrar em temas delicados como as relações afetivas. Conversar sobre programas de TV, filmes

  • &amor sexo

    13

    Jaqueline diz gostar de conversarcom os pais sobre amor,

    relacionamentos e sexualidade.

  • &amor sexo

    14

    e música também pode gerar momentos instrutivos: aqueles em que pais e adolescentes têm oportunidade de discutir a diferença entre o que Jacqueline chama de “falso amor”, promovido por uma indústria de entretenimento saturada de sexo, e as relações mais autênticas e cheias de desafios que os adolescentes aprendem com a família e a comunidade.

  • &amor sexo

    15

    > AMAR É MOSTRAR COMO SE FAZNo fim, com frequência as ações valem mais do que as palavras. Uma conversa franca pode gerar bons momentos entre pais e filhos. Por exemplo, quando perguntada pela mãe se estava

  • &amor sexo

    16

    tendo relações sexuais com o namorado, Jacqueline respondeu sem rodeios.

    Mas, independentemente de como a filha responda a perguntas íntimas assim, Klassen procura não se descontrolar. Também tenta evitar ser agressivo, porque acredita que um dos elementos cruciais ao conversar com adolescentes sobre o amor é mostrar o exemplo.

    “Sabemos que temos pouco controle sobre os filhos”, admite ele. “Jacqueline está no último ano do ensino médio, e começa a trilhar o próprio caminho. Queremos que saiba que vamos aceitá--la e amá-la, independentemente das escolhas que fizer. Para mim, isso é uma verdadeira demonstração do que é amor.”