comentarios aos arts. 420 a 439 do cpc

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Comentários aos arts. 420 a 439 do CPC Da prova pericial Contribuição da Academia Brasileira de Direito Processual Civil André Couto Lazari - Matrícula nº 200603003 Luciano Engel Coitinho Márcia Isabel Heinen Mauro Henrique Maidana Roman Rafael Maurer R 1. INTRODUÇÃO 1 A prova técnica ou pericial é utilizada para esclarecer fato ou fatos complexos, pelos quais se requer conhecimentos específicos não afetos ao julgador. LUIZ RODRIGUES WAMBIER conceitua a perícia como: “o meio de prova destinado a esclarecer o juiz sobre circunstâncias relativas aos fatos conflituosos, que envolvem conhecimentos técnico ou científicos.”[1] c Para CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO [2], o nome perícia é uma alusão à qualificação e aptidão do sujeito a quem tais exames são confiados, ou seja, os peritos ou experts. Segundo CHIOVENDA [3], esses experts deveriam ser pessoas dotadas de certos conhecimentos teóricos ou aptidões em domínios especiais, não havendo, portanto, uma obrigação de terem tais conhecimentos. De acordo com o artigo 145 e parágrafos do Código de Processo Civil, tais peritos são escolhidos entre profissionais de nível superior, devidamente inseridos nos órgãos de classe competente. c Desses profissionais dependerá, provavelmente, a decisão do litígio. Entretanto, o juiz não está obrigado a julgar de acordo com o esclarecimento pericial (art. 436 do CPC), vigorando o princípio do livre convencimento.[4] d 1.1 CLASSIFICAÇÃO 1 Conforme a sistemática adotada no CPC em seu artigo 420, a perícia pode ser classificada em exame, vistoria e avaliação. Cada uma dessas provas periciais tem um objetivo específico: a) - exame: destina-se normalmente a análise de documentos, bens móveis, pessoas etc; b) - vistoria: recai sobre bem imóvel e visa, via de regra,  sua avaliação; c) - avaliação: tem por finalidade quantificar monetariamente determinado bem. q A perícia pode ainda ser classificada como judicial, extrajudicial e informal. A perícia judicial ocorre nos autos do processo, a requerimento da parte ou decretada de ofício pelo juiz. Com o advento da Lei nº 8.455/92, as partes podem instruir o processo com o laudo de um perito de confiança. Embora nesse caso tal procedimento pode-se confundir com a prova documental, tal prova continua sendo pericial, pois é um laudo ou parecer técnico. p A perícia pode ocorrer de forma informal também, inclusive sem a necessidade de confecção de um laudo, sendo colhida em audiência pelo próprio juiz que inquire o perito e os assistentes técnicos. 

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Page 1: Comentarios Aos Arts. 420 a 439 Do CPC

Comentários aos arts.  420 a 439 do CPC Da prova pericial

Contribuição da Academia Brasileira de Direito Processual Civil André Couto Lazari ­ Matrícula nº 200603003Luciano Engel CoitinhoMárcia Isabel HeinenMauro Henrique Maidana RomanRafael MaurerR

1. INTRODUÇÃO1

A prova técnica ou pericial é utilizada para esclarecer fato ou fatos complexos, pelos quais se requer conhecimentos específicos não afetos ao julgador. LUIZ RODRIGUES WAMBIER conceitua a perícia como: “o meio de prova destinado a esclarecer o juiz sobre circunstâncias relativas aos fatos conflituosos, que envolvem conhecimentos técnico ou científicos.”[1]c

Para CÂNDIDO RANGEL DINAMARCO [2], o nome perícia é uma alusão à qualificação e aptidão do sujeito a quem tais exames são confiados, ou seja, os peritos ou experts. Segundo CHIOVENDA [3], esses experts deveriam ser pessoas dotadas de certos conhecimentos teóricos ou aptidões em domínios especiais, não havendo, portanto, uma obrigação de terem tais conhecimentos. De acordo com o artigo 145 e parágrafos do Código de Processo Civil, tais peritos são escolhidos entre profissionais de nível superior, devidamente inseridos nos órgãos de classe competente.c

Desses profissionais dependerá, provavelmente, a decisão do litígio. Entretanto, o juiz não está obrigado a julgar de acordo com o esclarecimento pericial (art. 436 do CPC), vigorando o princípio do livre convencimento.[4]d

1.1 CLASSIFICAÇÃO1

Conforme a sistemática adotada no CPC em seu artigo 420, a perícia pode ser classificada em exame, vistoria e avaliação. Cada uma dessas provas periciais tem um objetivo específico: a) ­ exame: destina­se normalmente a análise de documentos, bens móveis, pessoas etc; b) ­ vistoria: recai sobre bem imóvel e visa, via de regra,  sua avaliação; c) ­ avaliação: tem por finalidade quantificar monetariamente determinado bem.q

A perícia pode ainda ser classificada como judicial, extrajudicial e informal. A perícia judicial ocorre nos autos do processo, a requerimento da parte ou decretada de ofício pelo juiz. Com o advento da Lei nº 8.455/92, as partes podem instruir o processo com o laudo de um perito de confiança. Embora nesse caso tal procedimento pode­se confundir com a prova documental, tal prova continua sendo pericial, pois é um laudo ou parecer técnico.p

A perícia pode ocorrer de forma informal também, inclusive sem a necessidade de confecção de um laudo, sendo colhida em audiência pelo próprio juiz que inquire o perito e os assistentes técnicos. 

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Mesmo assim, muitas causas são decididas com a prevalecência da opinião emitida pelo perito, do que pela proficiência dos advogados ou da sabedoria do magistrado.[5]q

1.2 HISTÓRICO1

A seção VII do capitulo VI, relativo à prova pericial, sofreu modificações trazidas pela Lei 8.455/92. Para se entender tais modificações, faz­se necessário conhecer a antiga legislação a respeito do tema.r

O código Buzaid (texto original de 1973) atribuía muita importância ao assistente técnico indicado pela parte, exigindo­se dele total isenção, não sendo tolerado que o assistente fosse amigo ou funcionário de uma das partes, sob pena de se instaurar o incidente para o afastamento do consultor técnico, pois a redação do art. 138 do CPC também previa o perito e o assistente técnico nos motivos que levam ao afastamento do magistrado por impedimento e suspeição (arts. 134 e 135 do CPC). [6]C

Atualmente, com a nova redação dada ao art. 138 pela Lei 8.455/92, é permitida a argüição de parcialidade apenas com relação ao perito do juízo, deixando isentos os assistentes técnicos das partes. Nota­se que com o passar do tempo, os assistentes técnicos assumiram o seu papel de consultores das partes, do que de assistentes periciais, pela isenção de responsabilidade concebida pela nova redação do art. 138 do CPC.p

É certo que mesmo antes da alteração legislativa, os assistentes técnicos das partes já apresentavam suas conclusões de forma interessada, até porque, eles eram contratados pelas partes. Mas isso, como assevera CARLOS ALBERTO CARMONA, [7] não significa de forma alguma que os laudos críticos fossem inidôneos ou de qualquer maneira viciados. A nova lei apenas reconheceu uma situação que de fato já existia. Os experts das partes se esforçavam para trazer elementos válidos e reais, que poderiam esclarecer os fatos, mas que realçassem os elementos técnicos mais favoráveis para a parte assistida. Qualquer tipo de abuso, obviamente não fica impune, nem mesmo pela falta de dispositivo especifico como havia na redação original do art. 138, pois o magistrado pode informar aos órgãos de classe sobre os deslizes praticados pelos profissionais, bem como possíveis falsificações, inverdades ou conclusões incorretas, para que se proceda às punições cabíveis.f

No regime do código de processo de 1939, a perícia era realizada por perito de livre escolha do juiz, e cabiam as partes indicar um assistente técnico que acompanharia a perícia, podendo impugnar as conclusões do expert. Tal disposição trouxe inquietações no meio jurídico, e em 1942 do Decreto­Lei nº 4.665 alterou o art. 129 daquele diploma legal, trazendo a seguinte redação: “exames periciais serão feitos por um perito, sempre que possível técnico, de escolha do juiz, salvo se as partes concordarem num mesmo nome e o indicarem. Se a indicação for anterior ao despacho do juiz, este nomeará o perito indicado. Não havendo indicação, a escolha do juiz prevalecerá se as partes não indicarem outro perito dentro de 48 horas após o despacho de escolha”.p

Em 1946, houve nova alteração que permaneceu até a entrada em vigor do código de 1973 e trouxe a seguinte redação: “Os exames periciais poderão ser feitos por um só louvado, concordando as partes; se não concordarem, indicarão de lado a lado o seu perito e o juiz nomeará o terceiro para desempate por um dos laudos dos dois antecedentes, caso não se contente com um destes”. O problema ocorreu porque as partes nunca concordavam com a indicação do perito ou laudos divergentes eram freqüentemente apresentados, acarretando sempre (ou quase sempre) na presença 

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do “perito desempatador”.d

Tais procedimentos geravam maiores agravamentos e custos processuais, o que gerou muito descontentamento, razão pela qual fez com que o código Buzaid reintroduzisse o sistema do perito único (como o de 1939), mas cercando­o de certos mecanismos para manter sua imparcialidade, equiparando­o ao perito. Na prática, a imparcialidade dos assistentes não ocorreu como o esperado, sendo o papel desempenhado por eles o mesmo de um auxiliar das partes.s

Com a entrada em vigor da Lei 8.455/92 o assistente técnico passou a desempenhar seu verdadeiro papel, que é de um consultor, nos moldes do Código de Processo Civil Italiano [8] e o Argentino [9].[

1.3 INOVAÇÕES1

A principal inovação trazida pela Lei 8.455/92 é a faculdade do juiz apenas inquirir o perito e os assistentes na audiência, nos moldes do art. 421 do CPC. Tal dispositivo tem o propósito de transformar a perícia em um procedimento menos formal e mais ágil, sem a apresentação de um laudo escrito; sendo apenas um “depoimento técnico”, semelhante ao modelo anglo­saxão, prestigiando o princípio da imediação e a figura do magistrado.p

Outra inovação é a revogação do art. 430 do CPC, que disciplinava a perícia conjunta com outros peritos e com o assistente técnico, visível na expressão “averiguação individual ou em conjunto”, método muito comum em outras legislações como a LEC Espanhola (art. 626, 3), ocorrendo inclusive nulidade se o laudo comprovar que não houve a realização coletiva da perícia. Para alguns autores, a nova disciplina infringe a garantia do contraditório, que assegura ampla defesa, com os meios inerentes (CF, art. 5º, inc. LV), o que a lei viola, pois entre os meios inerentes a ampla defesa figura sem dúvida o efetivo acompanhamento da atividade desenvolvida pelo perito, de cujo laudo dependerá o julgamento da causa[10]. Porém, foi recentemente acrescentado o art. 431 A e o art. 431 B, com redação dada pela Lei 10.358/2001, que trouxa mais uma vez à volta do colegiado de peritos em causas de maior complexidade.p

1.4 PROVA PERICIAL NO PROCEDIMENTO SUMÁRIO1

Segundo o art. 276 do CPC, é cabível a prova pericial no procedimento sumário. Porém, na própria peça inaugural deverá o autor requerer a prova, formulando quesitos e indicando o seu assistente técnico.t

Conforme leciona ATHOS GUSMÃO CARNEIRO, [11] “este dispositivo prestigia o principio da concentração, evitando posterior abertura de prazo para que o demandante, se deferida a perícia, apresente quesitos, bem como indique seu assistente técnico caso entenda conveniente munir­se de assessoria especializada e de sua pessoal confiança.” Se a prova for requerida pelo réu o juiz concederá o qüinqüídio (art. 185, por analogia, art. 421, § 1º) para o autor apresentar os quesitos e indicar assistente técnico, respeitando assim o contraditório.i

Cabe afirmar que é possível o juiz determinar a perícia de oficio (art. 130 do CPC), não ocorrendo nesse caso a preclusão consumativa que impede ao autor e o réu de requerer perícia, apresentar quesitos e indicar assistente técnico, se não o fizeram na inicial e na contestação. A prova pericial 

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deve ser de menor complexidade, mas se a causa exigir maiores dilações probatórias, o juiz converterá o processo para o procedimento ordinário (art. 277, § 5º, do CPC).c

1.5 PROVA PERICIAL: O EXAME DE DNA1

São muitos os tipos de prova pericial. O que acontece, em verdade, não é uma produção de prova como acontece com as outras previstas na legislação processual brasileira. Trata­se de esclarecimento ao juiz, a certa de uma questão técnica, não de um fato como nas demais provas. É realizada por um perito técnico imparcial, que pode ser um técnico contábil, um engenheiro ou até mesmo um médico. Deveria ser chamada de esclarecimento pericial, mas não o é.m

Deixando de lado os problemas de nomenclatura, a verdade é que a prova pericial que mais causou alvoroço foi o exame de DNA. Com 99,999% de certeza a respeito da paternidade, tal exame mostra­se hoje fundamental para a decisão de ações de investigação ou negatórias de paternidade. A adoção de tal método trouxe à baila a discussão sobre a relativização do instituto jurídico da coisa julgada, o que ainda é muito discutido entre os doutrinadores.j

Pelo código de processo civil, não se vislumbra tal disposição, até porque, quando de sua edição, não existia tal exame que pudesse contribuir de maneira quase absoluta para a verdade real dos fatos, mas pode­se aplicar a analogia, com o art. 485, VII, que prescreve: “a obtenção de documento novo, cuja existência o autor ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável.”  Mas, mesmo com uma certeza “quase absoluta” (99,999%), o juiz tem o livre convencimento e não está obrigado a julgar em conformidade com o laudo pericial ou com o exame. Para isso, basta analisarmos recente decisão do STJ: “Exame de DNA. Ausência de vinculação do juiz ao laudo. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais, examinando o conjunto probatório, desconsiderou o laudo que, com base no exame do DNA, afirmava, com certeza absoluta, que Eduardo não era o pai biológico de Jéssica. " (...) esta Câmara não tem dado valor absoluto à prova técnica, pois, se assim o fosse, o Juiz deveria ser alijado como julgador da lide, dispondo a lei que as partes deveriam procurar um laboratório, que daria um veredicto. Entretanto, há que se ressaltar que a medicina não é uma ciência exata, não se pode falar em certeza absoluta, o que contraria o entendimento geral de que tudo é relativo, principalmente quando se sabe que a perícia e ato praticado pelo homem e, portanto, sujeito a erro. Interposto recurso especial, dele não conheceu o STJ: " Os artigos 125, 131, 145 e 436 não obrigam o juiz a aceitar esta ou aquela prova; ao contrário, estimulam a posição do juiz de considerar todas as provas existentes para livremente formar o seu convencimento. Se o acórdão recorrido está devidamente fundamentado, com o exame do tema posto a julgamento (...), a só argumentação em favor de uma das provas não traz como conseqüência que tenha havido violação aos dispositivos apontados" .[12]c

2. COMENTÁRIOS2

Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação.A

Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando:P

I ­ a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico;I

II ­ for desnecessária em vista de outras provas produzidas;

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I

III ­ a verificação for impraticável.I

Exame, vistoria e avaliação são espécies de perícia técnica que visam subsidiar/informar o julgador a cerca de questões de natureza técnico­científico. É, pois, meio de prova e deve passar, por isso, pelo crivo do contraditório e da ampla defesa. Admite­se a prova pericial arbitragem (vide artigo 30 e seguintes da Lei n° 9.307/96 e artigos 145 a 147 do CPC).e

O indeferimento da prova pericial deve ser fundamentado e se detém, de forma exaustiva, as ocorrências descritas nos incisos mencionados. Neste sentido, decisão proferida pela 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, no REsp n° 539209/RS, Relatora Min. Eliana Calmon, julgado em 14/06/05. [13] Neste aspecto, vide também decisões do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul nº 70012898581, 70014292007 e 70015794357.7

Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato, o prazo para a entrega do laudo. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).d

§ 1º. Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do despacho de nomeação do perito:d

I ­ indicar o assistente técnico;I

II ­ apresentar quesitos.I

§ 2º. Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem informalmente examinado ou avaliado. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).2

O perito além de possuir conhecimentos técnico­científicos necessários ao encargo assumido deve ser de extrema confiança do julgador. O perito deve cumprir o prazo determinado para entrega do laudo, sob pena de destituição (vide artigos 424, inciso II e 331, § 2º do CPC).l

  O Superior Tribunal de Justiça praticamente consolidou entendimento de que o prazo estabelecido no parágrafo 1º não é preclusivo, podendo a parte nomear perito e formular quesitos enquanto não começados os trabalhos periciais. Neste sentido decisão proferida pelo Superior Tribunal de Justiça, por sua 1ª Turma, no REsp n° 37391, Relator Min. Milton Luiz Pereira, julgado em 29/03/95. [14]p

Decisões que reconhecem a existência de preclusão: TJRGS nº 70012471496, 70002845071, 591009741.5

O segundo parágrafo deste dispositivo possui em sua gênese a busca pela simplicidade e desburocratização e verdadeira aplicação do princípio da economia processual.d

Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de termo de compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou suspeição. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).i

O perito como auxiliar da justiça deve cumprir com empenho e imparcialidade seu encargo. A palavra escrúpulo é um substantivo masculino e significa hesitação ou dúvida de consciência [15]. 

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Inclusive, pode o perito escusar­se do encargo alegando motivo legítimo (artigo 146).I

Art. 423. O perito pode escusar­se (artigo 146), ou ser recusado por impedimento ou suspeição (artigo 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito.” (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).p

O motivo legítimo para escusa (artigo 146) cai no subjetivismo, ao contrário da recusa por impedimento ou suspeição (artigo 138, III) que é eminentemente objetiva. O impedimento e suspeição do perito devem ser argüidos em incidente apartado (exceção – artigo 304), respeitados os princípios do contraditório e da ampla defesa. Vide acórdãos dos processos números 70009022096, 70006349906, 598318152 do TJRGS.7

Art. 424. O perito pode ser substituído quando: (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).A

I ­ carecer de conhecimento técnico ou científico;I

II ­ sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi assinado. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).p

Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo. (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).n

Existem decisões reconhecendo outras hipóteses que ensejam a substituição do perito. Neste sentido vide decisão da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça: RMS 12963­SP, Relator Min. Jorge Scartezzini, Julgado em 21/10/04. [16]S

Na redação anterior do parágrafo único não havia a obrigação do juiz comunicar à corporação profissional respectiva, mas somente a imposição de multa. Vide acórdão do processo nº 70001465301 do TJRGS.7

Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão ciência à parte contrária.q

  

Os quesitos suplementares devem ser formulados antes da apresentação do laudo.O

Art. 426. Compete ao juiz:A

I ­ indeferir quesitos impertinentes;I

II ­ formular os que entender necessários ao esclarecimento da causa.I

A prova pericial é destinada ao convencimento do julgador e ao mesmo cabe indeferir as diligências inúteis ou meramente protelatórias (artigo 130). Vide acórdão do processo nº 2005.002.20921 do TJRJ e nº 70004731311 do TJRGS.T

Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, 

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apresentarem sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).c

O juiz como destinatário da prova incumbe estabelecer seus limites e finalidades (artigo 130).O

Art. 428. Quando a prova tiver de realizar­se por carta, poderá proceder­se à nomeação de perito e indicação de assistentes técnicos no juízo, ao qual se requisitar a perícia.i

A norma supra mencionada aponta uma faculdade. A nomeação do perito e indicação de assistentes também pode ser realizada no juízo deprecante.t

Art. 429. Para o desempenho de sua função, podem o perito e os assistentes técnicos utilizar­se de todos os meios necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações, solicitando documentos que estejam em poder de parte ou em repartições públicas, bem como instruir o laudo com plantas, desenhos, fotografias e outras quaisquer peças.d

O legislador ao assim dispor demonstra a liberdade com que o  perito e o assistente técnico, dispõe para realizar o laudo ou o parecer (princípio da liberdade das formas ­ art. 154 do CPC), desde que, os  meios utilizados sejam idôneos. Data vênia, o perito e o assistente técnico realizam um trabalho técnico, devendo se socorrer de pareceres técnicos.                                 t

Art. 430. O perito e os assistentes técnicos, depois de averiguação individual ou em conjunto, conferenciarão reservadamente e, havendo acordo, lavrarão laudo unânime.(Revogado pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)Parágrafo único. O laudo será escrito pelo perito e assinado por ele e  pelos  assistentes técnicos. (Revogado pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992)Art. 431. Se houver divergência entre o perito e os assistentes técnicos, cada qual escreverá o laudo em separado, dando as razões em que se fundar. (Revogado pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).e

Estes artigos organizavam uma atividade conjunta do perito e assistente técnico, com averiguação possivelmente conjunta do objeto da perícia, debates reservados entre eles, laudo único em caso de convergência de opiniões, prazos coincidentes.c

Art. 431­A. As partes terão ciência da data e local designados pelo juiz ou indicados pelo perito para ter início a produção da prova. (Incluído pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001).p

 A não observância da comunicação da parte quanto á data e ao local da realização da prova pericial, implica na realização de outra prova pericial, ou seja, trata­se de uma norma cogente de ordem pública, (princípio do contraditório) cuja a sua não observância acarreta a nulidade da prova.o

Art. 431­B. Tratando­se de perícia complexa, que abranja mais de uma área de conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a parte indicar mais de um assistente técnico. (Incluído pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001).t

O artigo  em questão refere  na possibilidade do juiz nomear mais um perito, ou seja, não é obrigatório, pois, esta possibilidade advém da regra do livre convencimento. Entretanto, a independência do juiz e a liberdade de apreciação da prova exigem que os motivos que apoiaram a decisão sejam compatíveis com a realidade dos autos.d

Art. 432. Se o perito, por motivo justificado, não puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz 

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conceder­lhe­á, por uma vez, prorrogação, segundo o seu prudente arbítrio.c

Esta disposição refere­se somente ao perito, portanto, o assistente técnico não dispõe desta dilação processual, justamente, porque o legislador  entendeu estes como “auxiliares das partes e não da Justiça”.J

Parágrafo único. O prazo para os assistentes técnicos será o mesmo do perito. (Revogado pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).8

Tal disposição não poderia prosperar, posto que, com a Lei nº 8.455 houve a diferenciação entre perito e assistente técnico, e assim separados com nitidez os prazos fixados  paraos “experts” do juízo e da parte, também as conseqüências da omissão variam”.j

Art. 433. O perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, pelo menos 20 (vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento. (Redação dada pela Lei nº 8.455, de 24.8.1992).d

Parágrafo único. Os assistentes técnicos oferecerão seus pareceres no prazo comum de 10 (dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo.(Redação dada pela Lei nº 10.358, de 27.12.2001).2

O prazo do perito, fixado pelo juiz, necessariamente guardará a antecedência mínima de vinte dias em relação a audiência,  o que é essencial para possibilitar  os estudos críticos a serem feitos pelos assistentes técnicos. O juiz não pode realizar a audiência, sem antes  propiciar ás partes  de se manifestarem sobre o laudo, não atendida essa exigência anula­se este ato decisório. De todo modo, não chegando o laudo em tempo, a audiência pode ser até adiada quando necessário.n

Tudo isto, porque o perito é auxiliar do juízo e, portanto, responsável perante este. Suas eventuais omissões não podem causar prejuízo á instrução da causa nem lesar o direito das partes à prova (manifestação dos princípios do Devido Processo Legal, Contraditório e Ampla Defesa).(

O parágrafo único do artigo, ao dispor após a intimação das partes, transfere para a parte a responsabilidade em diligenciar para que o seu assistente técnico apresente o laudo em tempo. Como são as partes quem escolhe os seus assistentes técnicos e indicam, a parte contrária  e nem mesmo o juízo, podem recusar, que o prazo fixado em lei é preclusivo para a entrega do parecer, de modo que, atrasando­se,  em  princípio já não tem a parte o poder de exigir a espera. Inclusive o atraso não justificado na entrega do parecer pelo assistente técnico autoriza o seu desentranhamento, desde que, requerido pela parte.d

Art. 434. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade ou a falsidade de documento, ou for de natureza médico­legal, o perito será escolhido, de preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos oficiais especializados. O juizautorizará a remessa dos autos, bem como do material sujeito a exame, ao diretor do estabelecimento. (Redação dada pela Lei nº 8.952, de 13.12.1994).1

Parágrafo único. Quando o exame tiver por objeto a autenticidade da letra e firma, o perito poderá requisitar, para efeito de comparação, documentos existentes em repartições públicas; na falta destes, poderá requerer ao juiz que a pessoa, a quem se atribuir a autoria do documento, lance em folha de papel, por cópia, ou sob ditado, dizeres diferentes, para fins de comparação.f

Esta disposição advém do sistema italiano, pois, na Itália, em cada tribunal, forma­se um quadro de 

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peritos dividido em categorias profissionais. No Brasil, conseguiu­se somente, nos casos de perícia médica­legal ou grafoscópica. Fora desses casos, vige somente a exigência de que o perito seja escolhido  entre profissionais de nível universitário inscritos nas entidades representativas de categoria (art. 145, parágrafo 1º).c

O parágrafo único deste dispositivo consagra mais uma vez a regra da liberdade de formas, disponibilizando ao perito diversos meios para obter conhecimentos técnicos para a elaboração da prova pericial.p

Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico, requererá ao juiz que mande intimá­lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as perguntas, sob forma de quesitos.q

Parágrafo único. O perito e o assistente técnico só estarão obrigados a prestar os esclarecimentos a que se refere este artigo, quando intimados 5 (cinco) dias antes da audiência.q

Cumpre referir, o artigo refere “esclarecimento”, ou seja, o perito  e ou o assistente técnico apenas se manifestaram  sobre respostas já apresentadas no laudo e ou  no parecer, para  melhor elucidarem, esclarecerem  as respostas já concedidas. Não lhes cabe responderem sobre questões novas, anteriormente não suscitadas. Além do mais, esta opção vem legitimada pelo inquisitivo poder judicial de direção  do processo e da prova (art.130).p

O prazo referido de 5 (cinco) dias antes da audiência é preclusivo.O

Art. 436. O juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos.e

Trata­se da formação do convencimento do juiz, ou seja, a regra do livre convencimento na valoração do material probatório, inerente ao processo civil (art. 131), projeta­se no poder que se dá ao juiz de, não ficar adstrito aos laudos  periciais, podendo para o seu juízo, valendo­se de outros elementos de prova existente nos autos. Pode inclusive, já precluso o prazo para a parte  requerer a prova pericial,o juiz entendendo­a  necessária para o seu convencimento, deferir o referido pedido, até mesmo porque poderia fazê­la de ofício. a

Art. 437. O juiz poderá determinar, de ofício ou a requerimento da parte, a realização de nova perícia, quando a matéria não lhe parecer suficientemente esclarecida.p

Novamente, o legislador está referindo a regra da formação do convencimento do juiz, poder este que lhe foi concedido, na medida em que o juiz deixou de ser mero espectador inerte da batalha judicial, passando a assumir uma posição ativa, que lhe permite, dentre outras prerrogativas, determinar a produção de provas, desde que o faça com imparcialidade, resguardando sempre o Princípio do Contraditório.P

Como o juiz é o destinatário da prova, somente a ele cumpre aferir sobre a necessidade  ou não de sua realização.s

Art. 438. A segunda perícia tem por objeto os mesmos fatos sobre que recaiu a primeira e destina­se a corrigir eventual omissão ou inexatidão dos resultados a que esta conduziu.a

Mais uma vez se deslumbra, o poder concedido ao juiz, pois, não se sentindo suficientemente 

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instruído para julgar, poderá determinar a realização de uma segunda perícia. Entretanto, não significa que a primeira perícia se reputa cancelada como elemento de convicção.s

Art. 439. A segunda perícia rege­se pelas disposições estabelecidas para a primeira.A

Parágrafo único. A segunda perícia não substitui a primeira, cabendo ao juiz apreciar livremente o valor de uma e outra.v

Esta segunda perícia se processa nos mesmos moldes que a primeira, com indicação de assistente técnico, obrigatoriedade de realização de audiência, bem como a apresentação do  laudo num prazo de 20 dias antes da audiência, em face dos princípios do Contraditório e do Devido Processo Legal .d

De todo modo, o juiz é sempre o peritus peritorum, para quem a perícia é apenas um dos elementos preordenados a formar­lhe a convicção, sem prejuízo do contexto dos autos. O processo civil repudia as regras da prova tarifada inerentes  ao sistema  da prova legal, e  nem seria razoável supervalorizar a perícia, quase que substituindo o poder decisório do juiz pelo perito.s

BIBLIOGRAFIAB

(1) ALVIM, Arruda. Manual de Direito Processual Civil. vol II, Editora Revista dos Tribunais, 9ª ed., 2005;(2) ARAGÃO, Egas Dirceu Moniz de. Alterações no Código de Processo Civil: Tutela Antecipada e Perícia. In Revista de processo n° 83;____ Embargos Infringentes. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 1973;(3) BAPTISTA DA SILVA, Ovídio Araújo. Curso de Processo Civil: processo de conhecimento, vol. 1, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2001;(4) BENTHAM, Jeremías. Tratado de las Pruebas Judiciales. Buenos Aires: Editora Ediciones Juridicas Europa­America, 1971;(5) CAPPELLETTI, Mauro. La Oralidad y las Pruebas en el Proceso Civil. Buenos Aires: Editora Ediciones Juridicas Europa­America, 1972;(6) CARMONA, Carlos Alberto. A Prova Pericial e a Recente Alteração do código de Processo Civil. Editora Revista dos Tribunais. In Revista dos Tribunais n° 691/maio de 1993;(7) CARNEIRO, Athos Gusmão. Aspectos da Reforma do Código de Processo Civil. Revista de Processo n° 83;(8) CARNELUTTI, Francesco. Sistema de Direito Processual Civil. vol IV, 1ª ed., São Paulo: Editora Classic Book, 2000; ___ A Prova Civil. São Paulo: Livraria e editora universitária de direito, 2003;(9) CHIOVENDA, Giuseppe. Instituições de Direito Processual Civil. vol III, São Paulo: Editora Saraiva, 1945;(10) CINTRA, Antonio Carlos de Araújo. Comentários ao Código de Processo Civil. vol. IV, 1ª ed., Rio de Janeiro: Editora Forense, 2000;(11) COUTURE, Eduardo J. Fundamentos do Direito Processual Civil. São Paulo: Editora Saraiva e Cia. Livraria Acadêmica, 1946;(12) CUNHA, Gisele Heloísa. Embargos Infringentes. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1993;(13) CUNHA, Paulo. Código de Processo Civil e diplomas conexos. vol. I, Coimbra: Editora Coimbra, 1986;(14) DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. vol III, 4ª ed., São Paulo: Malheiros, 2003;

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(15) FADEL, Sérgio Sahione. Código de Processo Civil Comentado. tomo II, Rio de Janeiro: Editora José Konfino, 1974;(16) GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. 2º vol., São Paulo: Editora Saraiva, 1981;(17) LIEBMAN, Enrico Tullio. Manuale di Diritto Processuale Civil. vol II, Milano: Editora Dott. A. Giuffrè, 1959;(18) MIRANDA, Pontes de. Comentários ao Código de Processo Civil. tomo IV: arts. 282 a 443, 3ª ed., Rio de Janeiro: Editora Forense, 1997;(19) MOREIRA, José Carlos Barbosa. O Novo Processo Civil Brasileiro. 17ª ed., Rio de Janeiro: Editora Forense, 1995;(20) NEGRÃO, Theotonio e GOUVÊA, José Roberto Ferreira. Código de Processo Civil e legislação processual em vigor. 38ª ed., São Paulo: Editora Saraiva, 2006;(21) NERY JUNIOR, Nelson e ANDRADE NERY, Rosa Maria de. Código de Processo Civil Comentado e legislação extravagante. 9ª ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006;(22) NETTO, Patrícia Mara dos Santos Saad. Dos Embargos Infringentes – uma análise comparada do regime do estatuto de 1973 e após as alterações introduzidas pela Lei n.° 10.352/2001 In Temas Controvertidos de Direito Processual Civil: 30 anos do CPC. Luiz Manoel Gomes Junior, coordenador. Rio de Janeiro: Forense, 2004;(23) OLIVEIRA, C. A. Álvaro. Prova Cível. Obra Conjunta. 2ª ed., Rio de Janeiro: Editora Forense, 2005;(24) PAULA, Alexandre de. Código de Processo Civil Anotado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1976;(25) RIBEIRO, Darci Guimarães. Provas Atípicas. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 1998;(26) SANTOS, Moacyr Amaral. Comentários ao Código de Processo Civil. vol. 4, 1ª ed., São Paulo: Editora Forense, 1976;(27) WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil. vol I, 3ª ed., São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2000.E

[1] Luiz Rodrigues Wambier, Curso Avançado de Processo Civil, vol 1, RT, 3ª ed., p.527.[2] Instituições de Direito Processual Civil, vol III, Malheiros, 4ª ed., p. 585.[3] Instituições de Direito Processual Civil, vol III, Saraiva, 1945, p. 173.[4] Egas Moniz de Aragão, Revista de Processo nº 83, p. 205.[5] Op. Cit., p. 204.[6] Carlos Alberto Carmona, A prova pericial e a recente alteração do código de processo civil, Revista dos Tribunais nº 691, p. 27.[7] Op. Cit., p. 27.[8] Conforme Enrico Tullio Liebman, citado por Carlos Alberto Carmona: “se o juiz nomear um perito (consulente técnico) podem as partes, por sua vez indicar assistentes técnicos (consulenti tecnici di parti), que têm como objetivo “assistir a todas as investigações e operações que executa o perito judicial” e “participar das audiências e da sessão de julgamento todas as vezes que intervier o perito do juízo, com a faculdade de esclarecer e desenvolver (com autorização do presidente) suas observações sobre os resultados das investigações técnicas no interesse das partes respectivas”. E conclui Liebman: “O assistente técnico fornece além disso ao seu assistido observações e conselhos na preparação das respectivas razões e pode, com a autorização do juiz apresentar no seu interesse um laudo escrito de sua lauda.””, in Manuale di Diritto Processuale Civile, Giuffrè Editore, Milão, 1981, II/102, trad. livre.[9] O código procesal civil y comercial de la Nación com alteração da lei 22.434/81 permite a indicação de um consultor técnico. Explica Lino Enrique Palácio in Manual de derecho Proecesal Civil, Ed. Abeledo Perrot, Buenos Aires, 1987, I/585, trad. livre, citado por Carlos Alberto 

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Carmona: “Se bem que o consulto técnico deve ser uma pessoa especializada em alguma ciência, arte, indústria ou atividade técnica, diferencia­se do perito, em sentido estrito, no fato de que enquanto este reveste­se do caráter auxiliar do juiz ou do tribunal e, portanto, adquire sua condição processual por força da nomeação judicial e da subseqüente aceitação do cargo, o consultor técnico é um verdadeiro defensor da parte, que o designa para que o assessore no âmbito da técnica alheia ao especifico saber jurídico”. E citando Carnelutti: “Em outras palavras, o consultor técnico assiste a parte como o advogado, assiste a parte embora em questões estranhas ao campo da técnica jurídica”.[10] Egas Moniz de Aragão, ob. cit., p. 206.[11] Athos Gusmão Carneiro, Aspectos da Reforma do Código de Processo Civil, Revista de Processo nº 83, p.9.[12] STJ, 3ª Turma, REsp. 317.809 ­ MG, Min. Carlos Alberto Menezes Direito, relator, j. 3.5.2002[13] “Processo civil – Prova pericial – Indeferimento – Cerceamento de defesa. 1. Se o magistrado não dependeu de conhecimentos técnicos para proferir a sua decisão, fez­se pertinente a dispensa de prova técnica. 2. A prova pericial é prova do juiz e só tem pertinência quando são necessários conhecimentos técnicos para elucidar fatos controvertidos. 3. Prova documental suficiente para elucidar o magistrado da desnecessidade da retirada de sócio, fato pivô da alegação de distribuição disfarçada de lucros. 4. Recurso especial improvido.” [14] “Processual Civil – Prova Pericial – Indicação de assistente técnico – Prazo – Artigo 421, parágrafo 1°, CPC. 1. O Contraditório e a amplitude de defesa não agasalham restrição na indicação de assistente técnico, salvo se já iniciada a prova pericial. 2. Precedente jurisprudencial. 3 Recurso provido.”[15] FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, Editora Positivo, pág. 796.[16] “Processo Civil – Recurso Ordinário em Mandado de Segurança – Ação de Indenização por Danos Morais e Materiais – Destituição de perito judicial – Quebra de confiança – Substituição – Afastamento ex officio e ad nutum – Possibilidade – Ausência de direito líquido e certo”.A