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\ > t -> % \ + < omlirõc*» Publica-se ás Quartas-feiras e Sabbndos na typographia de J. J. Lopes, onde se recebem assignaturas por t anno, e G mezes, pagas adiantado. Osannuncios propriamente dos Srs. assignanles pa - gao AO reis por linha, quaesquer ou- Iras publicações serúõ feitas por ajuste. (Qitecfot Joòé j. í/jÓpQò JIIIIIOí. REDACTORES-DWWWS. Auno \\l IleMtcrro— Naliliario lll de Outubro de lft*:|. 0 DESPERTADOU DESTERRO> 13 OE OUTUBRO. IHVKKSAS OCClMIUíNCIAS. Partiria.— Devo seguir amanha, no paquete esperado dn corte, afim de ir oceu- par o cargo de contador da thesouraria do fazenda da provincia de S. Pedro du Sul, o nosso estima vel conterrâneo lar. José Theo- d oro da Costa, èx-inspfectór da thesouraria desta,proviucia. Durante o tempb que dirigio a repartição que acaba de deixar, foi sempre estimado e respeitado por seus subordinados pela sua intelligencia, sisudo/, e reconhecido zelo no cumprimento de seus de verias. Agradecendo nós cordialmente a pbse- quiosa visita de despedida quo nos dis- pensou, desejamos que o nosso amigo tenha prospera viagem e que no exercicio do seu novo cargo grangôo iguaes provas de dis- tincçíio e de amizade. OJTerta.— O Sr. Joaquim Ignacio d'Arnizaut Furtado, promotor publico des- ta comarca, offerecen ao Lyceu de Artes e OfBcio.s 50 exemplares da segjindn edição de seu Breve Compêndio de Ortngraphia da lingua portugiiez.i. Passamento.—Victima de uma fe- bre typhicn, süccumbiu e sepultou-se ante- hontem a Sra. D. Dnmazia Francisca Cor- roa, respeitável mai do Sr. Frederico Alves ves Corrêa, porteiro do instituto litterario e normal. A' familia da finada dirigimos sinceras expressões de nosso pezar. Tentativa de roubo.— Na noite de ante-hontem para hontem foi a fabrica de café moido do Sr. Antônio da Silva Me- 47 FOLHETIM DO IIESrEIITADOR OS AMORES DE OLIVIER pon XAVIEU DE MONTEPIN XXXVI ^ £ UM OLHAR RETROSPECTIVO M. de N«síiacnili quiz ouvir mais,: Nfto se tratava de saber a maneira por que Moralés se encapara, mas de o perseguir e agarral-o o mais depressa possível. Chamou Quirino, qun nfto se fez esperar, deu ordem de deitur escaler no inar e procurar. Os primeiros alboren do dia suecediatn às trevas quando h embarcação chegou ao cáes. Tancredo e Quirino atravessaram a cidade: chegaram a Ingoiiville, bateram à porta de '^Olivier, acordaram os criados e pediram para fallar au Sr. D. Gusman sobre um negocio que n&o udraitlia delongas. Breve Tancredo soube que 6 Sr. D. Gusman nfto estava no quarto, e que tudo levava a crer que n8u passara nelle a noite. contava com isso. Oude sflo as cavallariças *? Levaram-no lá, uma das manjedouras es- tava va-iia. 4 Falta um cavallo, observou o official, "onde está elle ? Os palafreueiros, interrogados, responde- rat» sorp^endiilo-i que C'.m effeito o melhor deiros visitada pelos gatunos, os quaes, para ali penetrarem, encostaram ao muro que para a rua da Lapa uma perna de serra, tirada das obras que se estão fazendo próximo desstí logar, e subindo para o te- lhtulo que Cobre â machina a vapor, retira- ram algumas telhas com todo o cuidado, demonstrando ser o sujeito pedreiro e co- nhècer bem o logar, e uraa vez descoberto o telhado, mesmo em cima da caldeira da machina, o gatuno desceu por esta e pene- troü no armazém. Abriu as gavetas do balcão, que nao ti- nham, felizmbnte, dinheiro algum, bebeu vinho á vontade, deixando us torneiras de dous barris abertas, e carregando apenas duas garrafas de cerveja; feito o que, sahio pela porta do fundo, que para a rua da Lapa, deixando-a aberta. Compareceu de manha o Sr. delegado, acompanhado de seu escrivão e procedeu respectivo auto de corpo de deiicto e in- queritu policial. Deste se deprehende quem fora o autor do crime, recaindo fortes indi- cios sobre um indivíduo reconhecido como ratoneiro, o qual foi logo detido; mas, nflo havendo testemunhas de vista, nem provas cabaes, teve de ser posto em liberdade. »A refurma judiciaria é bôa de mais para os gatunos e criminosos. Nao admira que se dêem destes casos entre nós, o á actividade das an-toridu- des, que rondam p >r si mesmas até altas horas da noite, se deve nflo haverem mais roubos, porque, emquanto a patrulhas, consta-nos que muitas noites ha uma pura toda a cidade ! Nova aula.—Informam-nos que o Ly- con de Artes o Ollieios vai abrir uma aula de praticas commerciaW,escnptu ração mer- cantil e explicação do código do commercio e mais legislação commercial. cavallo do Sr Levaillant nao se achava mais no sen logar eque, com certeza fora tirado diilli de noite. Moralés tinliH, pois, partido e, segundo tudo indicava, devia estar bem louge. ²A sorte é contra nós ! exclamou Thn- credo, descendo conjuntamente com Quirino a encosta de Ingouville. A evasão dessa mi- seravel deitou tudo a perder. A esta liara corre a todo o galope pela entrada da Breta- nha. Vai ler com a irmfi, preveuil-a e fogem juntos. Çartuétli escapa-se-uos e vflo todos os nossos planos I sem fallar desse pobre Olivier, aceusado, eslou certo, de um crime imaginário e qua a infernal creatura achará sem duvida meio de o perder ! ²Alcançal-o é possível, respondeu Quiri- uo, que nós adivinhamos o caminho que elle segue. ²Seria talvez possível, se podessemos viajar como elle a cavallo ou de trem. ²Quem nos impede 1 Tenho dinheiro... ²Sim, mas eu nao posso, sob pena de deserção e de deshonra, deixar o posto que me foi confiado. Ventos contrários ou calmas imprevistas podem demorar a nossa marcha e, antes de chegarmos a Saint-NazHire, Car- meti e Moraléá terão subido da Bretauha. ²Queres tu que eu sósiubo na pista do bandido ? ²Eu te responderia: sim, mil vezes"sito se estivéssemos nu floresta de tua terra. Mas aqui, uo centro ile um paiz de que ignoras os costumes, cuja língua apeuas fallas, uma tal empreza seria uma loucura inútil. Volte- mos ao navio, Quiriuo, soltemos as velas e pecamos a Deus que nos mande tempestades, Coftitanlo que caminhemos para diante. O indio abaixou a cabeça sem responder e E' escusado encarecermos mais este im- portante serviço que o Lyceu vai prestar á mocidade estudiosa. toiiipaiiliia eqüestre.-Na quin ta-feira deu esta companhia o espéctaculo annunciado a beneficio do Lyceu de Artes e Officios. A concorrência foi pouca, o que é quasi uma vergonha dizer-se, no entanto o espéctaculo correu bem, e fui um dos me- lhores que tem dado esta companhia. Ilo Mui.— O paquete nacional Rio Ja- guardo, entrado no dia 9 á noite, trouxe- nos datas do Rio-Grande até 9 do corrente. As noticias loc.nes sao de pouco into- resse. No dia 7 naufragou na costa de Móstar- das a escnna ingleza George Leed, proce- dente do Liverpool, com carregamento de arame e outros gêneros para Pelotas. ²Na secção da estrada de ferro, em construecão, do Pelotas ao Passo de Maria Gomes, deu-se no dia 4 utn novo e lamen- tavel desastre, entre o Passo dus Pedras e o Passo das Negras. Abatendo o terreno, humedecido com as ultimas chuvas que ali Jaouve, ao peso dit locomotiva, cahio o machinista Frederico Sottorí, '^ mnis hábil da empreza, fracttv- rando uma perna, sendo transportado para a cidade de Pelotas e recolhido á Santa Casa da Misericórdia, reconhecendo-se a necessidade da amputação da pernn, que realisou-se nas melhores condições. A locomotiva ficou completamente estra- gada, calculando-se em cerca de 35:000§ o prejuízo material. ²A. Palria de Moutevidéo publicou os seguintes telegrammas da Europa: « Madrid, 1." de Outubro. A manifestação hostil feita em Paris ao rei de Hespanha foi provocada por ter-se ali sabido que D. Affonso é coronel de um os dous homens entraram na cidade sileu- ciosos. lama chegarão cáes, quando uma voz alegre disse ao longe: ²Com mil raios! nflo me enganava ! é mesmo o meu amigo que eu vejo, é elle, Tancredo de Nassac. Tancredo voltou-se apressadamente e es- tendeu a m&o aquelle qne assim acabava de fallar, um mancebo de sua idade e da sua es- tatura, fidalgo como elle e trajando o unifor- me de official de marinha. Era o Visconde Raul de Tremblay, que navegara uo mesmo navio com Taucredo quando os dous eram aindu aspirantes. ²Que fazes llavre, visconde ? "- Estou de licença e espero que a minha feliz estreita me depare um companheiro de viagem disposto a ir comrnigo alé Nanles, onde se acha minha familia... Queres tu ser esse compauheiro ? ²Oh I meu caro, foi o céo que te enviou ! Vás prestar-me um obséquio enorme. ²Tanto melhor ! Se tu me proporcionas o ensejo de te ser útil, sou eu que te fico obrigado. Em poucas palavras, Tancredo poz seu amigo ao corrente do qne era indispensável elle saber para poder reclamar-lhe o auxilio e pedir-lhe de se encarregar de Quirino e de o guiar até Saint-Nazaire, ao que o viscon- de graciosamente secedeu. Meia hora depois Raul de TremblByeo indio, installados em um carro alugado em Commum, corriam rapidamente a galope pe- la estrada da Bretanha, euiquanlo Tancredo se dirigia para bordo. O francez e o indio tinham convencionado que, e>te nunca perderia Çsríhêu de vista, Preços da assignatura Por anno ....... 10._M)00 » someslre6&000 COM PORTE PELO CORREIO. Poranno11®000 v semestre6©5O0 FOLHA AVULSA 160 HEIS. A. &,I39. regimento de hulanos. Immediatamente depois do suecesso o presidente Grévy fui visitar o roi para pessoalmente apresentar- lhe os sentimentos de amizade que professa a republica franceza á Hespanha o a seu soberano. A emoção causada no primeiro momento principia acalmar-se. » « Londres, 1.' de Outubro. O Daily News du hoje contém um tele- gramma de S. Petersburgo noticiando quo nesta cidade foi descoberta uma vasta cons- piraçaq contra a vida do czar. A policia desenvolveu a maior actividade, conse- guindo prender 150 oíTiciae.q do exercito russo, suspeitos de complicidnde no cnm- plot. O facto de serem os suppòstós culpa- dos membros do exercito, causou viva im- pressão na população de S. Petersburgo. » Festejos em Porto- Alegre— Sobre u festa commèmórutiva que teve lo- gar no dia '28 do passado, promovida pelas sociedades abolicionistas Esperança e Cari- dade e Parthenon Lillerurio, eis a descripçilo 'que delia fez o Jornal do Commercio da- quella capital: « Foi na verdade imponente a festa emun- cipadora realisada nesta capital no dia 28. « Dir-sè-hia que um pensamento ani- mava uma população inteira. A festa que se ia celebrar impunha-se de tal forma ao espirito generoso e culto desta cidade, qne todas as opiniões cgtigraçavam-se na idéa predumiuante a remissão dos captivos. a As attençõesconvergiam para as duas sociedades, que pelos seus humanitários fei- tos têm jus à benemerencia publica —o Par- thenon Litterario e a Esperança e Caridade. « Daquella partiu a idéa da creaçilo do um Centro Abolicionista, destinado a con- globar forças dispersas, estreitam!o-as em communhao de esforços, para que da união sincera e devotada de muitos patriotas re- suite a maior somtna possível de reaes be- neficios á nobre causa. « Da Esperança e Caridade tem brotado scentelhas de luz a illuminar a tantas fron- tes entristecidas pelo captiveiro. Esse pu- nhado de homens esforçados operários que economisam o frueto de seu diário labor para destinal-o á manurnissao essa cen- logo que a encontrasse e, no caso de que se visse obrigado a sahir dn Saint-Nazaire atrás de Camien, deixaria uo,hotel das Armas da Bretanha uma carta parB Tancredo, indican- dò-lhe a direcçao para onde seguia. vimos Quirino e o visconde chegarem pelo meio da noile. a Saneny, onde Curuaen, prevenida por Morulés, os esperava como a pauthera espera a preza. sabemos de que maneira a cigana, re- conhecendo Quirino e illudida pela farda do official de maiinh», o tomara por Taucredo. Conhecemos, emfim, em todas as suas mi- nucias a ratoeira infernal armada pelos ei- gatios e assistimos ao espantoso drama do valle das Fadas. Eis de quo maneira Quirino tinha escapa- do, iniraculosameute, a uma morte que pa- recitt certa. No momento em que o carro, arrastado por força irresistível, saltava no vácuo, o indio, em vez de eahir sobre as ro- cbas e de despedaçar-se como o seu desgra- çado companheiro e o postilhflo, tiuha sido arrojado a alguns passos mais distante no profutido leito oude as águas corriam espu- musas. Aturdido e paralysado pela queda Urri- vel, em breve voltou a si; comprehendendo a eminência do perigo, lutara contra as on- das tumultuosas, que o arrastavam e de um iuntaute para outro o podiam arrojar de eu- coutro ás massas graniticas. Nadador expe- rimentado e vigoroso, apoiando-se tal vez nos ramos flexíveis das brvores, conseguiu che- gar á margem. Alli, deitado sobre a herva, esperou que lhe voltassem as forças. Passado algum tempo, o indio, com aqüel- la prodigiosa deliendeza de ouvido particu- lar áquelles que têm passado toda n vida m^Sm^JStL..

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Publica-se ás Quartas-feiras e Sabbndosna typographia de J. J. Lopes, onde serecebem assignaturas por t anno, e Gmezes, pagas adiantado. Osannunciospropriamente dos Srs. assignanles pa -gao AO reis por linha, quaesquer ou-Iras publicações serúõ feitas por ajuste.

(Qitecfot — Joòé j. í/jÓpQò JIIIIIOí.

REDACTORES-DWWWS.

Auno \\l IleMtcrro— Naliliario lll de Outubro de lft*:|.

0 DESPERTADOU

DESTERRO> 13 OE OUTUBRO.

IHVKKSAS OCClMIUíNCIAS.

Partiria.— Devo seguir amanha, no

paquete esperado dn corte, afim de ir oceu-

par o cargo de contador da thesouraria dofazenda da provincia de S. Pedro du Sul, onosso estima vel conterrâneo lar. José Theo-d oro da Costa, èx-inspfectór da thesourariadesta,proviucia.

Durante o tempb que dirigio a repartiçãoque acaba de deixar, foi sempre estimado erespeitado por seus subordinados pela suaintelligencia, sisudo/, e reconhecido zelo nocumprimento de seus de verias.

Agradecendo nós cordialmente a pbse-quiosa visita de despedida quo nos dis-pensou, desejamos que o nosso amigo tenhaprospera viagem e que no exercicio do seunovo cargo grangôo iguaes provas de dis-tincçíio e de amizade.

OJTerta.— O Sr. Joaquim Ignaciod'Arnizaut Furtado, promotor publico des-ta comarca, offerecen ao Lyceu de Artes eOfBcio.s 50 exemplares da segjindn ediçãode seu Breve Compêndio de Ortngraphia dalingua portugiiez.i.

Passamento.—Victima de uma fe-bre typhicn, süccumbiu e sepultou-se ante-hontem a Sra. D. Dnmazia Francisca Cor-roa, respeitável mai do Sr. Frederico Alvesves Corrêa, porteiro do instituto litterario enormal.

A' familia da finada dirigimos sincerasexpressões de nosso pezar.

Tentativa de roubo.— Na noitede ante-hontem para hontem foi a fabricade café moido do Sr. Antônio da Silva Me-

47 FOLHETIM DO IIESrEIITADOR

OS AMORES DE OLIVIERpon

XAVIEU DE MONTEPIN

XXXVI

^

£

UM OLHAR RETROSPECTIVO

M. de N«síiacnili quiz ouvir mais,: Nfto setratava de saber a maneira por que Moralésse encapara, mas de o perseguir e agarral-oo mais depressa possível. Chamou Quirino,qun nfto se fez esperar, deu ordem de deiturescaler no inar e procurar.

Os primeiros alboren do dia suecediatn àstrevas quando h embarcação chegou ao cáes.

Tancredo e Quirino atravessaram a cidade:chegaram a Ingoiiville, bateram à porta de'^Olivier, acordaram os criados e pediram parafallar au Sr. D. Gusman sobre um negocioque n&o udraitlia delongas. Breve Tancredosoube que 6 Sr. D. Gusman nfto estava noquarto, e que tudo levava a crer que n8upassara nelle a noite. Já contava com isso.

— Oude sflo as cavallariças *?Levaram-no lá, uma das manjedouras es-

tava va-iia.4 — Falta um cavallo, observou o official,"onde está elle ?

Os palafreueiros, interrogados, responde-rat» sorp^endiilo-i que C'.m effeito o melhor

deiros visitada pelos gatunos, os quaes,para ali penetrarem, encostaram ao muroque dá para a rua da Lapa uma perna deserra, tirada das obras que se estão fazendopróximo desstí logar, e subindo para o te-lhtulo que Cobre â machina a vapor, retira-ram algumas telhas com todo o cuidado,demonstrando ser o sujeito pedreiro e co-nhècer bem o logar, e uraa vez descobertoo telhado, mesmo em cima da caldeira damachina, o gatuno desceu por esta e pene-troü no armazém.

Abriu as gavetas do balcão, que nao ti-nham, felizmbnte, dinheiro algum, bebeuvinho á vontade, deixando us torneiras dedous barris abertas, e carregando apenasduas garrafas de cerveja; feito o que, sahiopela porta do fundo, que dá para a rua daLapa, deixando-a aberta.

Compareceu de manha o Sr. delegado,acompanhado de seu escrivão e procedeuaó respectivo auto de corpo de deiicto e in-queritu policial. Deste se deprehende quemfora o autor do crime, recaindo fortes indi-cios sobre um indivíduo reconhecido comoratoneiro, o qual foi logo detido; mas, nflohavendo testemunhas de vista, nem provascabaes, teve de ser posto em liberdade.

»A refurma judiciaria é bôa de mais paraos gatunos e criminosos.

Nao admira que se dêem destes casosentre nós, o só á actividade das an-toridu-des, que rondam p >r si mesmas até altashoras da noite, se deve nflo haverem maisroubos, porque, emquanto a patrulhas,consta-nos que muitas noites só ha umapura toda a cidade !

Nova aula.—Informam-nos que o Ly-con de Artes o Ollieios vai abrir uma aulade praticas commerciaW,escnptu ração mer-cantil e explicação do código do commercioe mais legislação commercial.

cavallo do Sr Levaillant nao se achava maisno sen logar eque, com certeza fora tiradodiilli de noite.

Moralés tinliH, pois, partido e, segundotudo indicava, devia estar já bem louge.

A sorte é contra nós ! exclamou Thn-credo, descendo conjuntamente com Quirinoa encosta de Ingouville. A evasão dessa mi-seravel deitou tudo a perder. A esta liaracorre a todo o galope pela entrada da Breta-nha. Vai ler com a irmfi, preveuil-a e fogemjuntos. Çartuétli escapa-se-uos e lá vflo todosos nossos planos I sem fallar desse pobreOlivier, aceusado, eslou certo, de um crimeimaginário e qua a infernal creatura acharásem duvida meio de o perder !

Alcançal-o é possível, respondeu Quiri-uo, já que nós adivinhamos o caminho queelle segue.

Seria talvez possível, se podessemosviajar como elle a cavallo ou de trem.Quem nos impede 1 Tenho dinheiro...Sim, mas eu nao posso, sob pena de

deserção e de deshonra, deixar o posto queme foi confiado. Ventos contrários ou calmasimprevistas podem demorar a nossa marchae, antes de chegarmos a Saint-NazHire, Car-meti e Moraléá jà terão subido da Bretauha.

Queres tu que eu vá sósiubo na pistado bandido ?

Eu te responderia: sim, mil vezes"sitose estivéssemos nu floresta de tua terra. Masaqui, uo centro ile um paiz de que ignorasos costumes, cuja língua apeuas fallas, umatal empreza seria uma loucura inútil. Volte-mos ao navio, Quiriuo, soltemos as velas epecamos a Deus que nos mande tempestades,Coftitanlo que caminhemos para diante.

O indio abaixou a cabeça sem responder e

E' escusado encarecermos mais este im-portante serviço que o Lyceu vai prestar ámocidade estudiosa.

toiiipaiiliia eqüestre.-Na quinta-feira deu esta companhia o espéctaculoannunciado a beneficio do Lyceu de Artese Officios. A concorrência foi pouca, o queé quasi uma vergonha dizer-se, no entantoo espéctaculo correu bem, e fui um dos me-lhores que tem dado esta companhia.

Ilo Mui.— O paquete nacional Rio Ja-guardo, entrado no dia 9 á noite, trouxe-nos datas do Rio-Grande até 9 do corrente.

As noticias loc.nes sao de pouco into-resse.

No dia 7 naufragou na costa de Móstar-das a escnna ingleza George Leed, proce-dente do Liverpool, com carregamento dearame e outros gêneros para Pelotas.

Na secção da estrada de ferro, emconstruecão, do Pelotas ao Passo de MariaGomes, deu-se no dia 4 utn novo e lamen-tavel desastre, entre o Passo dus Pedras e oPasso das Negras.

Abatendo o terreno, humedecido com asultimas chuvas que ali Jaouve, ao peso ditlocomotiva, cahio o machinista FredericoSottorí, '^ mnis hábil da empreza, fracttv-rando uma perna, sendo transportado paraa cidade de Pelotas e recolhido á SantaCasa da Misericórdia, reconhecendo-se anecessidade da amputação da pernn, querealisou-se nas melhores condições.

A locomotiva ficou completamente estra-gada, calculando-se em cerca de 35:000§ oprejuízo material.

A. Palria de Moutevidéo publicou osseguintes telegrammas da Europa:

« Madrid, 1." de Outubro.A manifestação hostil feita em Paris ao

rei de Hespanha foi provocada por ter-seali sabido que D. Affonso é coronel de um

os dous homens entraram na cidade sileu-ciosos.

lama chegarão cáes, quando uma vozalegre disse ao longe:

Com mil raios! nflo me enganava ! émesmo o meu amigo que eu vejo, é elle,Tancredo de Nassac.

Tancredo voltou-se apressadamente e es-tendeu a m&o aquelle qne assim acabava defallar, um mancebo de sua idade e da sua es-tatura, fidalgo como elle e trajando o unifor-me de official de marinha.

Era o Visconde Raul de Tremblay, quenavegara uo mesmo navio com Taucredoquando os dous eram aindu aspirantes.

Que fazes nó llavre, visconde ?"- Estou de licença e espero que a minha

feliz estreita me depare um companheiro deviagem disposto a ir comrnigo alé Nanles,onde se acha minha familia... Queres tu seresse compauheiro ?

Oh I meu caro, foi o céo que te enviou !Vás prestar-me um obséquio enorme.

Tanto melhor ! Se tu me proporcionaso ensejo de te ser útil, sou eu que te ficoobrigado.

Em poucas palavras, Tancredo poz seuamigo ao corrente do qne era indispensávelelle saber para poder reclamar-lhe o auxilioe pedir-lhe de se encarregar de Quirino e deo guiar até Saint-Nazaire, ao que o viscon-de graciosamente secedeu.

Meia hora depois Raul de TremblByeoindio, installados em um carro alugado emCommum, corriam rapidamente a galope pe-la estrada da Bretanha, euiquanlo Tancredose dirigia para bordo.

O francez e o indio tinham convencionadoque, e>te nunca perderia Çsríhêu de vista,

Preços da assignaturaPor anno ....... 10._M)00

» someslre 6&000COM PORTE PELO CORREIO.

Poranno 11®000v semestre 6©5O0

FOLHA AVULSA 160 HEIS.

A. &,I39.

regimento de hulanos. Immediatamentedepois do suecesso o presidente Grévy fuivisitar o roi para pessoalmente apresentar-lhe os sentimentos de amizade que professaa republica franceza á Hespanha o a seusoberano. A emoção causada no primeiromomento principia acalmar-se. »

« Londres, 1.' de Outubro.O Daily News du hoje contém um tele-

gramma de S. Petersburgo noticiando quonesta cidade foi descoberta uma vasta cons-piraçaq contra a vida do czar. A policiadesenvolveu a maior actividade, conse-guindo prender 150 oíTiciae.q do exercitorusso, suspeitos de complicidnde no cnm-plot. O facto de serem os suppòstós culpa-dos membros do exercito, causou viva im-pressão na população de S. Petersburgo. »

Festejos em Porto- Alegre—Sobre u festa commèmórutiva que teve lo-gar no dia '28 do passado, promovida pelassociedades abolicionistas Esperança e Cari-dade e Parthenon Lillerurio, eis a descripçilo'que delia fez o Jornal do Commercio da-quella capital:

« Foi na verdade imponente a festa emun-cipadora realisada nesta capital no dia 28.

« Dir-sè-hia que um só pensamento ani-mava uma população inteira. A festa quese ia celebrar impunha-se de tal forma aoespirito generoso e culto desta cidade, qnetodas as opiniões cgtigraçavam-se na idéapredumiuante — a remissão dos captivos.

a As attençõesconvergiam para as duassociedades, que pelos seus humanitários fei-tos têm jus à benemerencia publica —o Par-thenon Litterario e a Esperança e Caridade.

« Daquella partiu a idéa da creaçilo doum Centro Abolicionista, destinado a con-globar forças dispersas, estreitam!o-as emcommunhao de esforços, para que da uniãosincera e devotada de muitos patriotas re-suite a maior somtna possível de reaes be-neficios á nobre causa.

« Da Esperança e Caridade tem brotadoscentelhas de luz a illuminar a tantas fron-tes entristecidas pelo captiveiro. Esse pu-nhado de homens esforçados — operáriosque economisam o frueto de seu diário laborpara destinal-o á manurnissao — essa cen-

logo que a encontrasse e, no caso de que sevisse obrigado a sahir dn Saint-Nazaire atrásde Camien, deixaria uo,hotel das Armas daBretanha uma carta parB Tancredo, indican-dò-lhe a direcçao para onde seguia.

Já vimos Quirino e o visconde chegarempelo meio da noile. a Saneny, onde Curuaen,prevenida por Morulés, os esperava como apauthera espera a preza.

Já sabemos de que maneira a cigana, re-conhecendo Quirino e illudida pela farda doofficial de maiinh», o tomara por Taucredo.

Conhecemos, emfim, em todas as suas mi-nucias a ratoeira infernal armada pelos ei-gatios e assistimos ao espantoso drama dovalle das Fadas.

Eis de quo maneira Quirino tinha escapa-do, iniraculosameute, a uma morte que pa-recitt certa. No momento em que o carro,arrastado por força irresistível, saltava novácuo, o indio, em vez de eahir sobre as ro-cbas e de despedaçar-se como o seu desgra-çado companheiro e o postilhflo, tiuha sidoarrojado a alguns passos mais distante noprofutido leito oude as águas corriam espu-musas.

Aturdido e paralysado pela queda Urri-vel, em breve voltou a si; comprehendendoa eminência do perigo, lutara contra as on-das tumultuosas, que o arrastavam e de umiuntaute para outro o podiam arrojar de eu-coutro ás massas graniticas. Nadador expe-rimentado e vigoroso, apoiando-se tal vez nosramos flexíveis das brvores, conseguiu che-gar á margem. Alli, deitado sobre a herva,esperou que lhe voltassem as forças.

Passado algum tempo, o indio, com aqüel-la prodigiosa deliendeza de ouvido particu-lar áquelles que têm passado toda n vida

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Page 2: COM PORTE PELO CORREIO.memoria.bn.br/pdf/709581/per709581_1883_02139.pdf · t-> % \ + < omlirõc*» Publica-se ás Quartas-feiras e Sabbndos na typographia de J. J. Lopes, onde

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3 O DESPERTADORV

tena do patriotas, enriquecidos pelo grande •amor da caridade, não cede a nenhum obstacilló, não recua ante os obiceá de suagrande e enuobrecida empreza, e forte pelonumero e pela sinceridade que juiiiini osseus associados", vai cada dia assigmalnndqa sua existência pur actos significativos eeloqüentes;

« Para quo não antecipemos factos, va-rnos dar, ainda qne pnllida, idéa da festaabolicionista que purte desta capital pre-senciou cheia do sympathia o do còmmóçãónu memorável dia 28 de Setembro.

« A's 6 horas da tarde, reunido grandenumero de sócios e de convidados na saladas sessões do Parthenon Lillerario, tomouu palavra o nosso digno òòllabürádõV Sr.Joaquim de Sailes Torres Homem, quo emum criterioso improviso fundamentou a ne-cessidade da creação do Centro Abolicionista,cujas bases já foram publicadas; As suasphrases enérgicas e incisivas furam ouvidascom muita sympathia e o orador applaudidomerecida mente.

« Seguiii-se-lhe o Sr. Júlio Cezar Leal.Por mais de uma vez o nosso collegu de re-daçção teve o prazer do sentir as suas pala-vras abafadas pelos applausos com quo oauditório rendia homenagem á idéa aboli-ciònista. Quando S. S., depois de algumasbellas considerações, declarou qheprocla-rh.avá presidente do Centro ao coronel Joa-quiin Pedro Salgado, o povo em massa quose premia no recinto do edifício; prorómpeilem bravos tão estrepitosos como esponta-neos.

« Occiípáda a cadeira da presidência peloatíclamado, esto digno patriota, ngradecen-do a honra quo lhe ora feita, declarou que,como prova do regosije quo lbo inundava ocoração, desde aquelle momento considera-va livres o.s quatro escravos que possuiu. i

« E'-no.s impossível descrever a sensaçãoque este facto produziu nos assistentes, que,de pó, arrebatados de imthusiasmo doliran-te, em prolongadas palmas o continiius bra*vos, procuravam exprimir a cointn.o.ç&o doque se achavam possuídos.

«Òcctíparam a tribuna os Srs. Dr. Sovo-rino Prestes e o joven Wla'dislau Freitas,que saudou o coronel Joaquim Pedro Sal-gado pelo humanitário acto que praticara.Ambos os improvisos foram applaudidoscom muita éffnsão.

« Antes do finda a sessão, assignarnm olivro de actas todas as pessoas presentes.

« Precedida da banda de musica do arse-nal de guerra, arvorados os estandartes doCentro Abolicionista em quo se lia — Liber-dado para todos os homens —, e do Parlhe-non Lillerario, seguiu a nova associaçãopara o theatro a tomar parte na festa dasociedade Esperança c Caridade.

« Platéa, camarotes e galerias achavam-se já repletos de uma multidão immensa.Cavalheiros o senhoras, em uma promiscui-dade imponente, davam ao acto uma signi-fienção solemne de adhesão á emancipaçãodos escravos.

u Ao subir o patino, apresentou-se á upre-ciaçao publica um mise-cn scene único nahistoria do nosso theatro.

« Ao fundo, sobre um altar, destacava-seo vulto sympathico e magestoso do viscon-

nas solidões das florestas, ouviu um fracomurmúrio de vozes, (jue uflo se confundiucom o ruido da torrente.

Eram as vozes de Carmen e Moralés. Sa-behdp Corao um verdadeiro selvagem que ohomem é o raais lerrivel inimigo do homem,Quirino perguntou a si mesmo se a catastro-phe de que linha escapado de ser victimanão era o producto de um crime audacioso,era vez do resultado de um accideute iucuiu-prehensivel. O que ura índio suppõe ou adi-vinha procura logo saber cora certeza. Qui-rinõ, reanimado por alguns minutos de re-pouso, poz-se a rastejar c«ra ondulações deserpente pelas rachas que formavam aspa-redes do abysmo, e attingiu assim á lesiriado bosque de carvalhos.

Chegado alli, deslison lentamente e sprabruidò de arvore em arvore, retendo a res-piração, tocando apeuas cora as pontas dospés sobre a terra. Era breve se achou juntode Carmen e Moralés. Reconheceu-os, ape-zar das trevas e do disfarce da cigana, e ou-viu palavras que lhe provaram alé á eviden-cia que, suspeitando um crime, uão se en-gatiára.

O primeiro movimento do índio foi atirar-se 9ob<-e os dous e fazer justiça cora as suaspróprias mflos, mns veio-lhe a reflexão. Nãolinha armas e vagos reflexos metallicosindi-cavam a presença de pistolas, guardadas noscinios de Moralés e Carmen.

Quirino pensou que atacal-os nessas con-diçõ^s era rematada loucura. Abrigou-seatrás dos troncos nodasos de um velho car-valho e continuou a escutar.

A ex-bnilarina e o cigano fallavam de es-paçi a espaço, mas o que elles diziam bastou

de do Rio-Branco, e aos lados, cm duas |alas, doze escravos davam ao quadro um jrelevo euternecedor. Eram doze cunscien- :cias que dessa noite om diante sentiriamtoda a gloria da autonomia humana, enca-minhundo por si mesmas a sua actividadeem busca de melhor futuro.

« Por essa occasiiio, o incansável o prós-timosp cidadão Sr. Theodoro Ramos, presi-douto da sociedade Esperança c Caridade,depois (le um pequeno discurso, fez entregadas cartas de liberdade aos doze escravos,declarando quo mais uma deixava de serentregue por não se achar presente a liber-latida.

« O publico sancçionou oste acto com si-gnificativos applausos.

« Usaram da palavra, na ordem em queforam inscriptòs, os Srs.:

« Dr. Severino Prestos, por parte da Es-perança e Caridade, demonstrando a neces-sidado palpitante de lavar da bandeira na-,cional a uodoa quo nos degrada; teve mo-mentos do verdadeira eloqüência.

« Sua voz vibrante e nervosa foi por di-versas vezes abafada pela escala tompes-tuosa de palmas do iminenso auditório.

« Foi uma noite de triumpho para o dis-ti neto abolicionista.

« O Sr. Júlio Cezar Leal teve mais umaoceasião do patentear com fliiencia e eleva-çfto as suas adiantadas e generosas idéasdo liberdade;

« O Sr. Damasceno Vieira recitou umabellissima poesia, sendo mais de uma vezinterrompido pelos estrepitosos applausosda multidão elithusiasmada, que sempresabe admirar as brilhantes producções doseu talento fecundo.

« A sua poesia foi distribuída em avulsospelos espectadores, bem como, também emavulsos, o retrato do visconde do Rió-Bran-co, acompanhado do singela estrophe, quedesejáramos Iho servisse de pedestal. Estesegundo avulso continha a seguinte dedi-caloria: — Homenagem do Jornal do Com-mareio ao visconde dp liio-tiranco\

« Ü Sr. Aurélio de Bittencourt, qne emum bem elaborado discurso, deu livre ex-pansão as idéas do abolicionismo;

« O Sr. Antônio Ramos, digno filho doSr. Theodoro Ramos, que patenteou o apro-veitamimto de sua intelligencia;

a O Sr. Sailes Torres Homem, que embreve e eloqüente discurso insistiu ainda nogrande desideratum — a prompta remissão(los captivos.

« A interessante menina Herminia Vieirada Rocha recitou, com muito garbo, umapoesia análoga ao acto, producção do Sr.Damasceno Vieira.

«Todos os oradores fizeram-se ouvir datribuna collocada no palco, alastrado deflores.

a Foi essa uma das mais bellas manifes-tnções a que temos assistido.

« Ella é de certo um prenuncio de queesta provincia, cujas tradições impõem-seao respeito de todos os patriotas sinceros,tomará em breve o posto a quo tem direitona vanguarda dos batalhadores modernosque empenham-se na cruzada santa do ele-var o Império á altura de nação eminente-mente civilisada e livre.

pira o pôr ao corrente dos projectos queelles tinham.

Iara, logo que amanhecesse, tomar o ca-min lio de Saint-Nazaire, onde os chamavaa vingança insaciável de Carmen.

Coiu effeito, logo que as claridades palli-das da inauhã permittiram á falsa Annunzi-ata lançar um olhar ho abysmo povoado decadáveres, montou a cavallo e afastou-se coraMoralés. Seguro de os encontrar e uflo qoe-rendo expor-se a ser visto por elles era plenodia e sem disfarce, Quirino os não seguiu.Tinha comsigo ainda o cinto cheio de ouro,apezar da queda. Deixou o caminho trilhadoa internou-se nos campos, teudo o cuidadode deixar cahir atrás de si ramos de arvores,atira de saber ua volta o caminho. Chegou auma herdade onde comeu pão e leite e com-prou um traje de lavrador.

A jaqueta e as calças largas, os pesadossapatos com ilhós de latSo e principalmenteo imiueuso chapéo de feltro preto com asabas voltadas para baixo, operavam uo tododo índio uma tflo completa transformação,que teria podido affronlar os olhares iu vesti-gadores e importunes de Carmen e Moralés,sem receio de ser reconhecido.

Esperou o crepúsculo para deixar a her-dade e já de ha muito era noite, quando en-trou ora Saiut-Nazaire. Entrou resoluta-mente na hospedaria das Armas da Bretanhae iiiHtallou-.se no canto mais escuro da salacommum, em frente a uma ceia frugal.

Sabemos o que a estas horas se passavaua herdade de Diuorah, onde a cigana faziacorrer lagrimas e sangue. Dez horas bate-ram. Mestre Lehuedé despedira os últimosheberrões. Quirino, prohibido pela pobrezado seu trajo de ler o luxo de um quarto cora

« Cabe-lhe a defesa de um direito sagra-do, e o Rio-Grande do Sul, no seu devota-mento á liberdade, garantirá com esforçossublimes os justos créditos do Sparta brazi-loira. »

I*aragiiay.— O governo desta rèpu-blica pedio, e as câmaras concederam, au-torisàção para suspender do exercício desuas fiiucções os Srs. Agustiu Canete e JoséAl Bazaras, presidente è membro adjuntodo supremo tribunal do justiça, emqunntodurar o processo pur elles instaurado contrao autor de um libellõ ihfaraánte publicadono jornal La Democracia.

Foram nomeados interinamente para oc-cltpar esses lugares os Srs. Dr. BenjámiiiAcoval o Juan C. Centurion.

O commendador Padua Fleury foi re-conhecido no caracter de encarregado denegócios do Brazil.

O congresso approvou o o governosancçionou o tratado de paz, amizade e na-vegaçáò com o Brazil.

Criminosos.*- Lè-se na Palria deMontevidéo:

« De Taquarembó remetteram os crimi-uosos José Gonçalves o Diónisiò AntônioAlvares o postos á disposição do Sr. ministrode relações exteriores.

« Foram reclamados de conformidade como tratado de extradicção entre o Brazil eesta republica, pelo nosso ministro resi-dente aqui.

« Estes criminosos são os que ha temposnoticiamos terem fugido da cadôa de SantaAnna do Livramento, em companhia deum tal Carvajal, oriental, o qual foi depoisaprehendido pelas autoridades brazileiras.

((Brevemente devem seguir para o RioGrande os referidos criminosos. »

Balão «111110 César.— Dando no-ticia da exposição que no dia 21 fi/era oSr. Júlio César do balão que mandara con-struir em Pariz, a Prooincia do Pard escre-veu o seguinte a 23 de Agosto.

« Grande numero de pessoas afüuiramhontem á cathedral, para verem o balão doSr. Júlio César, trabalho verdadeiramentegigantesco e digno do ?er visto, mesmo poraquelles que presumem ter o segredo dasgrandes conquistas e a sciencia cia resolu-ção dos problemas extraordinários.

O balilo enchia a grande nave da grandecathedral, que passa por um dos temposmais espaçosos do Império.

Medo o monstro 52m de comprimento e10m,40 de maior diâmetro. O corpo destina-do a conter o gaz é de seda dupla, imper-meavelna parte exterior. Doutro do baliloha um-balonete, também de seda imperme-avel, com a capacidade de 300 metros cu-bicos. Este balonete tem por fim manter afórma do balão, uo caso de perda ou decondensação de gaz.

Uma camisa igualmente de seda, reveste

caiUH, preparava-se para se deitar na cavai-Ia riça, sobre um meda de feuo, quando che-gouo sinistro cortejo dos ageutes e dos sol-dados conduzindo o corpo ensaugueuudo deOlivier.

O iudio assistiu impassível a todas essasacenas que alli se passaram, e que os leitores

já conhecem.No dia seguinte, do parapeito do cáes, viu

partir aa duas barcas. Pediu que lhe indicas-aem o nome de uraa estalagem era Nanies eescreveu em uma folha de papel estas pala-vras: Estou em Nantes. Vem procurar-me naestalagem dos marinheiros do Loire. Dobrou-a em fórma de carta e escreveudo nas coslasTancredo de Nassac, eutregou-a ao mestreLehuedé e partiu.

Logo que chegou, tomou informações, ecorao toda a cidade se oecupava do processoque breve se ia julgar, uão lhe foi diflicil co-nhecer era todas as particularidades as aceu-sações que pesavam sobre Olivier.

Apezar da sua absoluta ignorância da le-gislaçflo franceza, compreheiidia que Olivieruflo podia ser culpado do crime que lhe im-putavam, pois que Carraen, casada com urahoraem que aiuda vivia, nflo se toruara suamulher senão com um uome supposto. Sen-do pois nulla a primeira uniflo, o segundocasamento nflo constituiu bigaraia.

Alguns dias depois Tancredo de Nassacchegava a Nantes.

Quirino e o official de marinha dirigiram-se immediutamente ao tribunal. Tancredoescreveu ás pressas as seguintes linhas:

« Senhor.—Em nome do céo, era uome dajustiça, receba-nos immediatamente.

« Aquelle que julga, aquelle que vai cou-derauar á morte, está iunocente. Trago as

o balão pela parte superior até o maiorplano horisontal.

Esta camisa é sobrocosida, de cadarços,doutro dos quaes se estendem em todo ocomprimento do balão, cordas que augmeu-tam-lhes a solidez.

Das extremidades inferiores da camisa edessas cordas descem duas redes, que cir-cundam todo o balão, uma alcatroada e ou-tra branca. Estas redes e as cordas quedellas pendem, em numero de cerca de 500,tem por fim prender ao balão uma grandeverga, do com pri mento deste, á qual devemser fixadas a barquinhá; as azas, o leme e aancora.

As azas medem 12 metros de compri-mento sobre 8 do maior largura, furmandocada uma um triângulo, cujo maior lado éparallleo á grande verga.

A cauda fórma um triângulo de 6 metrosdu lado. »

Cura ti'u iu a mulher que la-«Irava.— Lê-se no Jornal de Lisboa:

" M. Bouley cominuuicou á academia dasscieucuts ura curioso caso de cura d'uraadoença uervosa obtida pela inetallotherapi».Sabe-se que M. Burq descobriu cm 1851 quea applicaçflo de certos metues variáveis, se-gundo as individualidades, tinha porsingu-lar resultado o despertar da sensibilidadeque desapparecera e das forças musculares.Depois M. Burq achou que as injecções sub-cutâneas dos saes do metal conveuiente, ainjecção mesraò desses saes, determinavamlima acerto análoga.

Conhecem-se muitos casos era que estetratamento inverosimil tem comtudo produ-zido curas rapidíssimas. A diíüculdade estáem encontrar o metal que convém a cadapessoa,admiltindo mesmo qne exista nlgura.Lembrado isto, eis a ubservaçflo apresentadapor Mr. B mley.

Uma rapariga tinhi de nusceuça uraadoença nervcsti; era atacada de uma paraly-sia absoluta de todo o lado esquerdo, e ladra-va sem cessar á maneira d'um cão de meiaestatura. Havia quatro aunos que os latidosse tomavam cada vez mais freqüentes, so-breviudo crises de quinze a vinte minutos;eram iflo estridenies, que todos os cães davisinhunça lhe respondiam.

Tinham se ensaiado, sem nenhum exilo, aelectricidade, a hydrotherapia, as águas deNeris, broraurutus, arsênico, etc.

ü Dr. Bu";." o sen colaborador o Dr. Mo-ricort foram chamados por sua vez; nflo en-contraram metal algum que exercesse in-fluencia sobre a doente. Iam abaudonar aspesquizàa quando veiu a idéa de experimen-tar o aluminium, metal muito raras vezesempregado. Uma armadura de aluminiiiiiifoi applicada era volta do pescoço da doente,e ministraram-lhe, além disso, pílulas combase de sulfato de alumina.

O tratamento foi começado no dia 9 deAbril, a paralysia linh'i desapparecido com-pletameule nos dias 10 e 11, e em menos dequarenta e oilo horas depois, o ladrar tinhacessado; alguns dias mais tarde estava cura-da; pesa hoje 75 kilos: um bom peso parauma paralytica de hontem.

Este exemplo é iuteressa'nte e authentico.Comtudo lem* provocado varias criticas. Pois

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provas.—Tancredo de Nassac, official da ar-raáila.»

Sabemos o que se passou. Os dous homenseram Tancredo e Quirino.

• XXXVIIUM DRAMA

O juiz criminal aiinunciava qé>e a suspeu-são do jury duraria meia hora. E>ta raeiahora passou-se, depois outra, e os juradosnflo voltavam aos «eus logares.

Olivier calmo, mas acabrunhado, evitavavoltar os olhos para o lado de Diuorah. Apobre criança recobrara com o uso dos sen-tidos u conhecimento da sua dôr. Compre-hendia a perda completa da sua ultima es-perançH-, e encostando a cabeça uo seio dasua fiel Jocelyna chorava copiosaraeute. Car-meu esperav» com uma impaciência raal dis-farçada. Vagos rumores circulavam na sala.Sabe-se com que rapidez iucomprebensivelas novas se espalham eutre as multidões.

Quantas vezes nflo se têm visto popula-ções iuleiras ao facto de ura segredo de Es-lado, sem que fosse possível saber-se quemo revelou !

O instineto popular caminha-mais deprea*'sa era certas oceasiões do que os cprreioa di-ploiuaticos.

Assim, o.s curiosos amontoados sob as abo-badas do tribunal diziam uns aos outros, emvoz baixa, que um incideute estranho, mys-terioso, inaudito, cuja natureza uiuguerasuspeitava, ia estourar de improviso comoum trovão e mudar completamente a face doprocesso. Carraen, sorpresa e inquieta com ademora, disse ao irmflo que se collocasse porentre os grupos e que escutasse e observasse0 que se passava. •

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Page 3: COM PORTE PELO CORREIO.memoria.bn.br/pdf/709581/per709581_1883_02139.pdf · t-> % \ + < omlirõc*» Publica-se ás Quartas-feiras e Sabbndos na typographia de J. J. Lopes, onde

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é possível que a metallotherapia produzacuras? Pois a applicação d'um simples me-tal produzirá uma tal maravilha? E come-

çaram a lembrar o effeilo da imagiuiição so-bre certas doenças.

Pois uão se costuma purgar os nevropa-thos com pilulas de pão ? Não se curam pormil meios, mais empíricos uns que outros,os doentes atacados de affecções nervosas?

A roa tá l lo lhe rã pia existe? Podia-se irlonge neste caminho e perguntar mesmo sea medicina existe lambem Não exageramosheraiiVum sentido, nem ti'outro. E' difiicilnegar phenomenos postos em evidencias porM.C13urq depois dás observações de verifica-

ção de Pasteur, Milue Edwards, CharcotMarey, Bouley, etc, depois dos relatórios dasociedade de biologia de Dumonlpather etc.

Mas deixemos ns observações médicas, quedao sempre, mais ou menos, azo a cotitesfi-cões.

Trata-se de saber, sim ou não, se a appli-cacao d*um metal sobre a pelle determmauni phenomend que se pôde produzir á vou-tade fora do systema nervoso, è tornar pai-pavel por factos physicos iüdisculiyeis> Ora,

pódo-se responder ttffirtnativatileute; Todo ometal, ao qual ura indivíduo é sensível, eunicamente esse, provoca uma elevação detemperatura muito accentuada do muitos

gráos sobro os pontos onde ó applicado.üraaròdtflla de-cubre.por exemplo, collo-

quem-u'a sobre a p«dle, e ao lado colloque-se o tlierraomètro, Se o individuo é insensi-vel ao cobre, o ibermometro fica estaciona-rio. Se se muda de metal, e se tem a felici-dade de escolher outro a qne o indivíduo ésensível, iramediatamenie o ibermometrosobe 5 a 6 gráos. Oni a elevação de tempe-ratura ó um facto physico, independente daimagiuBçáo, e só se produz com nin deter-minado melai.

E' necessário concluir d'ahi qne certosmetaes, com exclusão d-òutros, exercem tunaacção especifica indiscutível.

Esla simples experiência, devida a M.Bur<|, cousiiiue só por si uma descoberta.Talvez a não tivessem tomado ua devida cou-sideração; mas lem importância, e era ulíluão a deixar passar desapercebida/'

O diabo na terra.—Sob íst« rubti-ca o Correio Paulistano dá a seguiule uo-

tiçia;«. Com a responsabilidade do signatário

publicamos a seguinte caru;~7;>&ni»rt.JOriít)da-r'raiíl de S. Sebastião. '*0-*~* -.-'

Agradeceudo-a chamamos para ella a at-tenção dos curiosos.

«Illm. sr. redactor do Correio Paulistano.—Um facto singular e digno de ser registra-do nus columuas do seu jornal, acaba deser-me referido por um homem residente nacoulracosia da ilha de S. Sebastião, destetermo, que attesta-uos a existência definidado diabo, si não por um facto passado comvisionários.

Reside nessas bandas da ilha, no logardenominado—Castelhano—Barnabéda Luz,cuja familia compõe-se de sua mulher e umafilha de nome Maria.

Constando a Barnabé que certo individuodo côr parda pretendia esposar sua filha, fi-cou elle por esla uoticia tão perturbado aponto de dizer—que se sua filha havia de ca-sarse com similhante homem, antes o diaboa carregasse.

Não decorreram muitos dias que o effeitode tão más palavras de utn pae contra suafilha se fizessem experimeular.

Foi era a tarde de ütu< domingo, quandosua filha achava-se assentada á porta da ruade sua casH, contemplando talvez a bellezaque a naliflreza osleuta por essas paragens,onde o enlevo das imisageus e o murmúriosaudoso das VHgas encantam, quaudo ouviua voz de seu pae que chamava-a para aju-dal-o a moer uma canna. Ella, acudiudo pre-surosa ao chamado de seu pae, levaniou-se;raas qual não foi a sua surpreza quaudo viu-se impedida era pro-<eguir seus passos, por-que ura braço occulto e forte pretendia ar-rastal-a para fora de casa, agarraudo-so «oportal para não ser iramediatamente arreba-tada.

Era sirailhante lauce, que cora certezacollocaria a pobre moça no maior desespero,gritou por seu pae— que lhe acudisse queum braço occulto queria carrcgal-a^ I

0 pae, ao ouvir os gritos de sua filha, cor-rou precipitadamente e vin qne uma forçasobrenatural de ura espirito invisível lutavacom ella; abraçou-a; mas foi f«irç«do a cedertambém á irapulsao desta f«irça superior queentão já arrastava a ambos, não podeudodescobrir o que com elles lutava.

Em lance ião apertado, gritou por suamulher que lhes acudisse ! Esta, lembrando-se das más palavras que ouvio seu maridoproferir contra sua filha, erreu ao oratório,abriu e implorou de Nossa Senhora da Boa

^ Viagem o seu soecorro era favor de seu ma-?'í rido e filha, que o diabo queria carregar,

cessando a lula no lempo desta supplica !• Nenhuma duvida, pois, resta ein face de

tão raro acontecimento da existência do dia-bo, porque, além do que fica mencionado, anuca refere qne quando aq-;e|la força oceul-tu queria sobjugal-a, viu abrir-Su debaixode seus pés o inferno, isto ó, o solo em freuteà casa tornou se om abysrao que horrori-sa va

Ninguém mais até hoje tem socego nos-sa casa, isto ha quinze dias; a moça acha-se com a razão quasi perdida, e o lado docorpo que supportou a maior luta, com sym-pio mas para ly ti cos.

O façto que fica narrado é tal qual ouvi;si não foi obra do diabo, nao sei como se po-dera explicar.

Bairro de S. Francisco, 30 de Agosto de1883. -José Francisco da Cunha. »

PARTE SCIENTIFICA

O terremoto de Ischia

Iscbia, a cidade voluptuosa qnedormitavamollemeule sobro as vagas azues do golpbode Nápoles; Iscbia, cujo nome eufeitiçou astussas scismas da adolescência quaudo opoético nu lor de üraziella nos embalava coraa cadência de suas rimas encantadoras; Is-chia está nesta momento reduzida a um lu-gubre cemitério, euveneuado por emanaçõescadavericas.

Por serena e bella noite, a 28 de Julhoultimo, emquanto as suas graciosas cida-desiuhas sa entregavam aos prazeres, em-quanto os thealros se enchiam de espectado-res e nos salões a musica, agitando as azasfi-einentes, deixava voar harmonias no sonhomysterioso de uma noite de verão, braraiuespantoso irovão nas profundezas do sulo;formidável abalo sacudiu a ilha: um turbi-Ihão de poeira elevou-se ua atmosphera e eraquinze segundos a população eslava sepul-tada debaixo de utn montão de ruiuas.

A cidade de Casamicciola, estação thermalda ilha e sitio de repous i, derruira-se toda:igrejas, banhos, lheatros, boleis, casas,ludo, indo absolutamente desítbarii sobre oshabi lati le.-; nem uma casa ficara de pé.

Cinco.mil seres humanos tinham sido es-magadoe. ...l.-'~- - "

Cum poucas 0xcepçõ"\s, .só haviam esca-pado as pessoas que lusse tremendo ínoraeuto.(8 horas.»! 50 liUtiiHosj-se-aciia-vam nos p'as-"^cios afastados da cidade ou á beira do mar.

todas as localidades da ilha- tinham Sof-frido. Forio ficou também completamentedestruída, sendo talvez igual o numero dassuas victimas ás de Casamicciola.

A cidade de Iscbia soffreu gravemente;ijacoo Ameno foi toda destruída; Porto deIschia muito injuriada; a ilha de Procida foiabalada,

O terremoto fez-se sentir até etn Nápoles.No dia immediato a atmosphera conser-

von-se nuii perturbada.Pela primeira vez, depois de tres mezes,

cahiu chuva no golfo, chuva diluviaua,acoinpauhada de borrasca.

* *A que causa é para attribuir a terrível

cataslrophe ?Ha terremotos de varias espécies.A ihebria' por lanto lempo admittida, da

existeucia de fogo central, já não conta seuãoraros adeptos.

Nada é provável que uosso planeta sejaardoute, liquido e gazozo, e unicamente so-lida como casca de ovo a superfície.

A hypothese da flnidez parece incorapa-tivel com o valor do achatamento (.1/294) doespheroide terrestre e cora o pheuomeno as-tronoinico da precessão dos equitioçios.

Demais, se o interior do globo fosse liqui-do, não seriara insensíveis as marés quoli-diauas que abi se dariam, autes prejudicariam a estabilidade de toda a superfície.

Purece mais racioual admittir que o núcleodo nosso planela é em parte solido ou talvezpastoso em razão da enorme pressão que,umas sobre oulras, exercem as camadas dedeusidade igual á do ferro (7), bem comoque esse núcleo, etn vez de reagir coutra asuperfície e de fazer-lhe sorpresas dramali-cas, sustenta o solo era que vivemos, e que émuito mais leve e coja densidade é igual àda pedra ou cerca de tres vezes a da água.

O augmento uotado na temperatura, ámedida que penetramos no solo, não deveconitnuar até grande profundidade. Expe-riencias mostrara que semelhante Htigraento,sendo ua média de Io por 30 metros a come-çar da superfície, é apenas de 0°9 em igualextensão abaixo de 400 metros, de 0°8 a 650metros, de 0°7 a 850 metros", de 0"6 a 1,000metros e de 0°5 enire 1,100 e 1,200 metrosde profutididade. Nesta proporção o augmen-to tornar-se-hia nullo a 2,300 metros, o quenada é comparativamente aos 6,371,000metros que conta o meio diâmetro do globo.

E* assim que, sendo de 10°8a temperaturamédia do solo de Paris, marca o thermometro11°8 a 30 metros de profundidade,'nas cavas

do Observatório; e marcari-t 12° a 36 me-tros, 15 a 130, 20 a 280, 25 a -140, 30 a (320,35 a 820, 40 a 1,050, 45 u 1,310, 50 a 1,590,55 a 1,920 e (30 a 2,300. Além de.-la pro-fuudídade cessaria o augmento.

Segundo esla tbeoria, que reúne nume-rosos suffragios, a temperatura das fontesraiueraes, bem como as das lavas, não pro-véiu do interior do globo, mas dellas mes-mas, que devem ser consideradas acçOeschimicas locaes. Seriam pelo contrario estasoperações chimicas que aqueceriam por con-duetibilidádé a casca do globo desde a su-peificie alé a profundidade de cerca de dous .kilometros.

Nesta" hypothese uão são mais os volcõesválvulas de segurança da immensa caldeirafervenle a que era comparado nosso planeta.Tètn elles origem em profundidade relativa-mente pequena, Sendo priucípaltuente for-mados por infiltrações da água do mar epela combinação cbimica desta água comcertas rochas q«ie ella tende a decompor.Derramando água sobre cal produzimos umafonte de calor. Todos os vulcões do globo de-moram de feito ao longo das costas. Os vol-cões exünctos, qne ora se deparam uo iule-rior das terras, achavam-se ao tempo desua vitalidade tia proximidade de antigosmares.

Assim os movimentos do solo e os torre-motos que oceorrem nas regiões vulcânicas ethermaes devem ser causados por essas ope-rações chimicas interiores, pela expansãodos gazes produzidos por essas reacções, pe-Ias depres«õ«'S do solo que suecedem ás des-locações locaes internas.

Pur dramáticos que sejam no aspecto dahumanidade, os terremotos não passam demovimentos insignificantes no aspecto geo-lógico. Elles não são sequer eslremecimen-tos da epiderme do planela.

Estes movimentos do solo podem ter ou-tra causa.

Longe do ser perfeitamente unida, a su-perficie do globo mostra-nos irregularidadessensíveis: Alpes, Pyreueus, Andes, Cordilheiras. Estas sublevações do solo não po-d ia ai ocorrer sem determinar deslocações uabase e pt-odii*./ vácuos.^slb^co^Vsu |; A tmr«ÍT*4&lJí.v iden les,

que podemos soldar pe/^iensaraento oso011.^lados de ora bati ranço dá*%»i^sa ou da Ar-gellai á. '^^ikfcj'

O peso, os esco r rega meu tos 0%^» chuvasobrara lentamente; era moraanto «U^ido eu -

jche-se uni vacüo e eis ora terremoto pi?ra a;região inteira.. N'oútras regiões o solo se eleva. Eslá namemória.

Algumas vezes são tao lentos taes movi-mentos, que apenas se fazem apreciáveis pe-los astrônomos.

E'assim, por exemplo, quo a collina deMail, em Neuchatel, sobre a qual se acha oobservatório, inclina gradualmente paraoeslo. Desdo a fundação do Observatório,em 1859, a collina já pendeu 550 segundosde arco ou mais de 9 minutos.

No Observatório de Paris os pilares quasupportain o circulo meridiano do jardimdescem iusensivelmente, em virtude de abai-xaniento do solo.

Pôde dizer-se que, de ura modo ou de ou-tro, a superfície da terra eslá em perpeluomovimento.

Os Paizes Baixos continuam a imtiiergirabaixo do nível do mar do Norte.

Neutras regiões o solo se eleva. Está namemória de iodos a sublevaçao das ilhas doarchípelago.

Sao oulros tantos factos para provar que,embora o interior da terra, seguudo toda aprobabilidade, seja solido, ao menos comouma pasta raetaílica, tão deusu quanto ochumbo, os cursos d'agua- subterrâneos, asmisluras chimicas dos ácidos e oxydos, osgazes relidos nas bacias carboniferas, osabysmos cavados pelas deslocações geologi-cas, as sublevações devidas á expansão dosvapores, os abaixameutos produzidos pelapressão ou escorregameulo das camadas su-periores, ele, coustituem outras tantas cau-sas de movimentos do solo, as quaes bastamsem duvida á explicar todos os terremotos.

* *E' tanto mais provável que a cataslrophe

de Iscbia seja devida, nao a ura simples des-abameulo local do solo das cidades arruina-dHS, mas a causa mais geral, quanto o vol-cão Epomeo, cuja base está minada de bar-ranços profundos, ha apenas 580 annos seacha exliucto (e o Vesuvio estava exlinctodesde tempo iinraemorial, quando se deu aerupção que tragou Herculauiun e PoinpeiB).

Já alli se fez sentir, a 4 de Março de 1881,um terremoto percursor, e outros lêra-sodado freqüentemente nestes últimos mezes:

A 27 de Junho etn Corfou ,.A 28, ires choques em DarmstadtA 29, abalo na ArgéliaA 6 de Julho em ConstanliuoplaA 28, calastrophe de IscbiaA 30, novo abalo

A 31, in» P«)rto, em PortugalA 2 de Agosto, novo abalo mui violento

em IschiaA 4, forie, abalo no Pireo em Alhenas.E basta visitar o golfo de Nápoles para

notar o estado particular desta região.Nunca passei oito dias ne.-«le paiz encania-

dor sem mo impressionar aiuda maus coraos perigos do sub-solo do que com as floresda superfície.

Em Pómpeia, na Torre dei Greco, nas ver-tentes do Vesuvio, tudo nos falia de destrui-ção.

Do ouiio lado de Nápoles, apenas atra-vessatnos o Pausilippe, os fogos interioresfazem sentir-se.

Aqui as termas de Nero s3o atravessadaspor unia galeria tão queute, que o pequenolazzaronc, uú, vermelho como lagosta, coseum ovo nos tres minutos que gasta a percor-rer a mesma galeria.

Acolá a gruta do cão depara-nos esseleuto despreudimento de ácido carbônico,que adormece no ultimo somno os seres queali so deitara.

Em Pouzzoles o templo de Seropis mos-tra-uos suas columuas corroídas, que or»descem, ora se erguem do mar.

Em Solfotare, se o batemos com o pó, amontanha faz ouvir som cavernoso coiuoabobada de cova sonora.

No fundo do golfo deparamos o inferno deVirgílio e o antro da Sybilla.

O solo de Iscbia é formado de rochedostrachyticos do autigo volcão; estes rochedosrepousam sobre um banco de argilla o sãoroidos, ha séculos, por águas thermaes, ricasde ácido carbônico, que ali têm cavado sub-terraneos, que o homem, em bu>ca de ar-gilla, tem aogmentado com exeavações quese estendem até o sub-solo de Casamicciola.Basta que uma bolha de gaz ou um poucode vapor faça explosão, para que a cidadese desmorone.

Pelo aspecto da historia natural a catas-troplíe é facto extremamente simples. Mas ohomem é coufiatile e desmemoriado e ama osolo natal.

Em vez de ser abandonada a enganadorailha, as cidades destruídas serão reedificadas,como suecedeu com Herculanum.

Cada quarto de século, ua média, desmo-roua-«e ua Suissa uma montanha, esma-

-abando uma vill*. No unnoiuimedialo a.villaestà'iétí!Í.f^«dtt- . 0

Fia-se da ítíiüíu^è» ^,rH d» «dureza eda brevidade da vid*. hium^^R^-*» *segurança por uuf* oftdrtas garaçôMS, q.uattt ^S$íâ,to basta ao interesse particular.

Na realidade, apezar de suíta pequenas-'couvul-ões, o planeta permanece, o hom«m>passa e a vida coutinúa seu curso.

C Fl.AMMAUION.

(Extr.)

i

PUBLICAÇÕES A PEDIDO.

Cabotagem nacional.

(Conclusão)

III

Com relação á província du Sanla Cathari-na, podemos garantir á illustrada directoria,que os filhos desta provincia tôm decididopendor para a vida do mar c disso tem dadoprovas desde os tempos coloniaes, tanto namarinha mercante como na de guerra; e se,como diz a directoria, os do littorai vivemda pesca, em lanchas e canoas, é porque osestadistas brazileiros acabaram com nossosnavios.

E assim mesmo, em canoas de Ires palmosde bocea, elles alfrontam o oceano para bus-carem um meio de vida honesto.

Os factos de temeridade marítima que osjornaes da Europa e America registram sãotão cornmuns no nosso littorai que de com-muns passam desapercebidos.

Não é nosso propósito declinar nomes, nemenumerar episódios de verdadeiro heroísmomarítimo; são tantos que de tantos diflicil édescrevel-os.

O que os filhos do Ilio-Grande do Sul são-á cavallo, são os do littorai de Santa Catha-rina nas ondas do mar.

O mesmo se poderá dizer com relação aosde Pernambuco, Pará e outras províncias dolittorai brazileiro, que, segundo diz a dire-ctoria, vivem nas jangadas.

Não ha, pois, fundamento para justificar aopinião sustentada pela illustrada directoria.

5." O nniquilamenlo dos navios de velaè devido no grande numero de vapores.

Page 4: COM PORTE PELO CORREIO.memoria.bn.br/pdf/709581/per709581_1883_02139.pdf · t-> % \ + < omlirõc*» Publica-se ás Quartas-feiras e Sabbndos na typographia de J. J. Lopes, onde

4

Entendemos quo. a concorrência d" yapo-res não tem tanta influencia Sobre os naviosde vela, como pensa a directoria] porquê osfretes daquelles são mais caros qne os des-tes, geralmente o duplo ou triplo, o por essemotivo não podem prejudicar os navios deYela a ponlo de aniquilái-os. Km regra ocarregador, salvo çircümsiarícias extraordi-narias. prefere pagar o menor frete, dandopnr esse motivo preferencia aos navios devela, embora as viagens desle sejam maisde moradas e incertas.

lista é a verdade que nenhum negocianteignora, e admira como a direcloria da praçado commercio de Porto-Alegre, composta dedislinetos commercianles, pretenda sustentaro contrario.

Se os vapores, apezar da rapidez e certezade suas viagens, contribuíssem tanto comopensa a directoria, para o aiiiquilamenlodos navios de vela, então estes estariam aca-bados ou muito reduzidos na Inglaterra eEslados-Unidos, que, como todos sabem, pos-suem grande numero de vapores.

Mas os factos provam que não obstante ogrande numero de vapores que estas duasnações possuem, os navios de vela progri-dem.

Ninguém ignora que o custo e custeio douai vapor impo 'Ia, pelo menos, no decuploda despeza feila com uni navio de vela damesma lotação e é por essa razão que osfretes daquelles são mais caros do que destes.E a distineta direcloria, a despeito do seumodo de pensar, não deixará de reconheceresla verdade que salta aos olhos.

O aniqüilamento, pois, de nossos naviosde vela é devido á cincurrencia dos de na-ciorialídadé estrangeira, que tem a vantagemde possuir pessoal e material mais barato doque os nossns, e que além de trazerem todaa variedade tle objectos, cujo consumo abordo de ura navio é quasi diário, tem afaculdade de contratar a tripolação por doisou três annos e tomar fretes por escalas. ^,

E' dessa concorrência victorjgs^ jgfo josvapores, como db^ifíi-cctoria, que vem oft^^^^fuò ne nossos navios de vela.

O DESBERTABOft\ a mummmmm, x.

E se essa concurrencia traz alguma com-pensação pela baixa dos fretes, é innegavelque produz o prejuízo de retirar annualmcn-te somma enorme qne devia ficar no paizque vai se empobrecendo em proveito estra-nho.

Não temos dados para precisar essa som-ma, nem é fácil calculal-a, mas qualquer lio-mem quc.se oecupe desse importante assum-pto não deixará de reconhecer, quo o capilalrepresentado pelos fretes cobrados no servi-ço de nossos portos, bem comi o da con-strucção naval nos estaleiros estrangeiros,que podia c devia ser feila no paiz, não pôdedeixar de ser uma somma muito importante.

Também ninguém duvidará qtíb é maisconveniente ao paiz a concurrencia internado que a qué vem do exlerior, porque aquel-Ia consome o capital na pátria, esta carregapara o estrangeiro lodo o liquido produetodo seu trabalho.

A concurrencia interna, a nacional, cami-nhava a passos largos, o numero de naviosauginentava-sc aiinualinenlc, a conslruc-ção naval desenvolvia-se e ánimava-se, osoperários tinham trabalho sufliciente parasustentar sua familia; de repente tudo issocessa por amor e om holocausto á livre ca-botagem I

Depois deste desastre econômico que apro-veitou a nações mais adiantadas, que nos ex-pioram, temos visto o que estamos vendo— a nossa marinha mercante quasi reduzidaa zero; o paiz, a despeito da barateza dosfretes, (lcpaupcraiulo-sc visivelmente; a bai-xa constante do cambio, pelo desequilíbrioentre a exportação c a importação o o de-preciamento dos nossos principaes produ-ctos, como o café, assucar, etc.

Isso prova que um paiz não deve dependersó de uma industria que pôde falhar e pro-duzir desastres financeiros, como os quo têmultimamente ílagcllado o Império.

Foram essas considerações de ordem eco-nomica que moveram o corpo do commerciodo Desterro a representar a S. M. o Impera-dor, pedindo apenas medidas de protecçãopara a cabotagem nacional, de accordo com

os recíprocos interesses dos consumidores eproduetoros.

Sabíamos que na situação actual da cabo-tagein nacional, quasi reduzida a zero pelosfataes decretos, não convém a revogaçãodelles, porque isso produziria a alia sensíveldos fretes.

A iliustre direcloria, porém, pároco quenão comprenendeo o nosso pensamento, o,soltando o grilo de alarma, apressou-se ompublicar o seu protesto na Gazela de Porto-¦Alegre.

Com quanto não nos julgamos habilitadospara tratar dessa importante questão a fun-do, entendemos de nosso dever, justifican-do-nns, fazer nosso conlra-protcsto e appel-lar para o juizo imparcial dos homens com-potentes que julguem quem advoga melhoros interesses geraes do pàizi nós pedindo aosaltos poderes do Eslado medidas de proleo-ção para a cabotagem nacional, que cóiici-liem os interesses dos armadores e construolores navaes, com os dos consumidores cproduetoros, ou a directoria da praça docommercio de Porto-Alegre oppondo-se aesse pedido ?

.Nós, pedindo ao poder competente meiosde vida para essa industria nacional, ou ellanegando pão o água ?

Os homens competentes o o paiz que nosjulguem.

Terminando, lembramos á directoria que,apezar dos decantados progressos do Brazil,a que se refere a obra estrangeira recente-mente publicada, o do quadro risonho osbo-çado pela direcloria com tanto cntliusiasmo,a consciência nacional souto um "máo estarque acabrunha e opprime a nação brazileirae afugenta a ulil e desejada emigração es-pontanéá a ponto do se appellar para oscliins.

EimisTovÀo Nunes Piues.I)est^u^y-tlr0irtúíifolíc''lÍ8;í> • -~^

8 FraiBfisco.

Resposta «o pé da letra.

Não me admirou que o Sr. Dr. Abdon ha-ptisla viesse á imprensa para contestar o ar-ligo publicado no Despertador de 2ü do Sc-tembro, cuja autoria dá-me, porque defendeos seus próprios interesses, pois, como me-dico, e segundo confessa, está percebendo2()X)()0 réis diários para tratar de enfermosindigentes, sob o pretexto da existência defebres epidêmicas em S. Francisco.

Alli estive desde í) alé 18 de Setembro,percorrendo a cidado, Paraty, Joinville eSahy e confesso que fiquei sorprendido sa-bondo da cômmissão dada ao Sr. Dr. Abdon,porque obtive informações de pessoas lide-dignas, dignas do todo o credito, do que nãoexistia epidemia alguma, pois a febre inter-milíMile, que cpstuiris apparecor em deter-minado tempo, eslava extineta.

Ao contrario, disseram-me outras, que odilo doutor, na caballa desenfreada em queandava por fora, promottia curar grátis aeleitores, para lhes obter o voto.

De sorte que, á custa do Estado, procura-va-se illudir a bòa fé de alguns eleitoresconservadores.

Se me sorpreudeu a existência de talcômmissão, foi porquo a julguei cxpcculati-va, porquanto sabia que a pharmacia Gly-cerio tinha apresentado contas que o go-verno mandou examinar por serem excossi-vos os preços dos medicamentos fornecidos,circumstancia que verifiquei ser exacta, peloque li publicado na Regeneração.

Não desconheço os dotes pessoaes do Sr.Dr. Abdon, assim como elle teve a bondadede não desconhecer os meus, nos brindestrocados em uma soirée, que teve lugar nanoite de minha chegada a S. Francisco, nacasa do dislincto meu amigo Sr. commenda-dor Costa Pereira, em que promettemos,como candidatos da localidade, elle liberalc ou conservador, tratarmos do bem geral dacomarca, se fossemos eleitos, como fomosambos, o que deveremos cumprir, indepen-denlc de política.

Ufano-me cm ter prestado mais serviços ácomarca de S. Francisco do que o Sr. Dr.Abdon, pois, em minha mocidade, quandoalli residia, servia cargos de eleição populare de nomeação do governo, e nesse tempoainda o Sr. l)f. não sonhava de vir estabcle-cer clinica em S. Francisco.

Felizmente gozo a estima dos meus affti-gos, habitantes do 1." districto, dos quaesacabei de receber a prova cxhuberanle de

verdadeira consideração, a que muito agra-deço.

Nao smi. pois, um especulador, que nãotendo .merecimentos ou consideração publicana minha terra natal, vá, como

'engeilado,

procural-o em outra.Tirei, é verdade, uma certidão da morta-

lidado, duranle Julho, Agosto o Setembro,havida na cidade e no Sahy, para lim espe-ciai do (pie não dou conta a ninguém, c S.Ex. o Sr. presidente da provincia c o me-lhor testemunho que posso invocar para des-mentir o Sr. Dr. Abdon Báptislá em suaallinnativa.

Não quero, nem desejo perturbar as rela-ções de estima reciproca que o Sr. Dr. Abdontenha em S. Francisco. Fique com as suas,que eu ficarei com as minhas: elle no seupartido, eu no meu.

Não obstante as grandes relações do Sr.Dr. Abdon, o resultado da votação no 1."districto me foi superior á delle, e so tevemais votos na cidade de S. Francisco (onde amaioria do eleitorado ó liberal), eu os tiveno Paraty (quasi no duplo dado Sr. Dr.),onde a maioria é conservadora.

E', portanto, toleima, invocar um factoque nenhuma significação tem. Ao contrarioa minha votação no I." districto ó superiora do Sr. Dr. Abdon, não obstante a guerraque me moveram os seus correligionários,distribuindo uma circular ásnatica, que con-servo para memória.

O meu gonio impetuoso^ como diz o Sr.Dr. Abdon, não soffre que se esteja, por ga-nancia, fazendo passar a minha terra natalcomo alTectáda de uma peste, sem a estar;tenho-lho o amor pátrio e hei de sempre pro-curar cloval-a, não fazondo-a passar pordoentia, como não é.

Porque razão o Sr. Dr. não usa de carida-de, medicando os indigentes som compensa-ção do Estado ? Desse modo provaria quedesempenhava no mais elevado grão a suamissão na terra, fazendo bom uso de sua sei-encia medica, salvando a humanidade desva-lida e praticando uma obra de misericórdia;mas, receber 20^000 réis diários para tratardous ou tros doentes indigentes, quando aoDr. Vianna, da Laguna, só mandaram pagar10^000 réis diários, durante a epidemia davaríola que íá se niànifõSlGi^ é a prova fivi-dente de protecção indébita.

Vá a censura a quem tocar.Sejamos justos. Nada de. desperdício do

suor do povo.Sc a mortalidade desapparecia c o mal

diminuía, como diz o Sr. Dr., ergo, eis a ra-záo de não continuar o Estado a fazer despe-za desnecessária.

Do mais, quaes as medidas hygienicas queadoptou ?Declare-as, se é capaz.Nunca procurei os meus patrícios só quan-

do quero votos.Não; elles quo o digam, pois sempre pro-

curo cumprir os seus pedidos, que para mimconsidero ordens, o essa é a razão de gozaroure elles de estima e consideração.

Não especulo com os males alheios, nem-encho as algiheirás á custa do Eslado, e nemtenho feito eleições á custa do alheio.

Os votos quo recebi foram lão osponla-neos como os dados ao Sr. Dr. Abdon.

Os meus correligionários não vendem vo-tos, nem se podem comparar aos parasitasque sugam cm todas as arvores, ou que,como scduclorcs, não devem ter guarida nocentro de uma sociedade elevada.

Voltarei ao assumpto, desde que, comoagora seja provocado, pois só o faço parasatisfazer os diclames da dignidade, sem dei-xar impune uma offensa directa.

Concluo declarando que, em S. Francisco,não existe epidemia alguma.

Ao governo compete tomar a minha aflir-maliva na devida consideração e providen-ciar.

Manoel José de Oliveira.Desterro, 12 de Outubro de 1883.

Agradecimento.

Agradeço de coração aos Srs. eleitores domunicípio da capital, a honra que dispensa-ram-me, votando em mou humilde nomepara deputado provincial, na eleição do dia30 do passado mez, desejando assim a mi-nha reeleição. Se, na ultima legislatura,cumpri ou não com o meu dever, pugnandopelos interesses da provincia o do povo queme elegeu, iútosei; o quo é certo, é, queminha consciência está tranquilla quanto aomeu procedimento naquelia corporação: portanto estou satisfeito.

Declaro quo não sou candidato ao 2," es-

crulinio; que necessariamente devo haver.Retirando assim minha candidatura, não pormim solicitada, mas só devido a bondade dealguns amigos dedicados (jue instaram apre-sentar-me, só desejo quo os Srs. eleitoresempreguem sous votos em quem melhor do(jue eu possa representar nossa provincia efazer-lhe o bem que cila tem o direito esperarde seus novos representantes.

Jo.\o J. Pinheiro.Canasvieiras, 8 de Outubro do 1883.

¦>.-, ¦ UtorfMPK

Os parentes do finado DomingosJoaquim Nativhlade agradecem dointimo d'alina ás distinetas pessoas delta-jahy, que u acompanharam durante a suapenosa enfermidade, e especialmente aExma Sra l). Emiliá Hyppòlito do Cantoa Illins. Srs. Carlos Frederico Seara e suaExma. familia, Eduardo Dias de Miranda,Luiz Fortunatn Mendes, Revm. vigário l'a-dre João Rodrigues d^lmeida e HenriqueCésar Cardoso.

A's pessoas do seu conhecimento e ami-zade, residentes uesta capital, convidampara assistirem á missa que, em suffragioda alma do mesmo finado, celebrará naIgreja .Ia Venera vel Ordem Terceira de S.Francisco, pelas 8 horas da manha de lõdo corrente, o Revm. Sr. Padre Bernardoda Silva Penedo, e antecipam os seus agra-d eçnn> ri-tos por esse acto de caridade.

Desterro, 12 de Outubro de 1883.

TALTliesoiirtiritt tle Fazenda

Substituição de notas

Do ordem do lllm. Sr. inspector faço pu-bliro que estão sondo substituídas as notas doIflOOO rs. da 3 à eslampa o 10$000 rs. da íi.';devendo começar do I." do Julho de 1884 omdianlo o dosooiilodo.lOVo monsaos n<> valordas nulas mio nâo tiverem sido substituída?,até 30 de Junli» do mesmo atina.

Outrosim, quo do 1 • de Janeiro próximofuturo, principiará ò desconto lambem do10 °/'o inensaes nas nulas do lOgOOO rs. da 6.*estampa o 20$000 rs. da o.\

Tliesüiirarta de fazenda do Sanla Catliiiri-na, 6 do Outubro de 1883.- João Pamphilode L. Ferreira, 1.°'escrii luiario, secretarioda junta.

 'A

IIPEIIAL HOSPITAL liE ütilDAIIEVenda de prédios

O abaixo assignado, aulorisado pela mesaadministrativa do Imperial Hospital de Gari-dade, faz publico quo acliain-so á venda osseguintos prédios, pertencentes ao dito lios-piial: «

Uma po'|Uona casa do sobrado, sila á rua doS Marli li ho;

Uma dita torrou á rua da Conceição ulti-mamcnlo doada pelos herdeiros da liuada D.Francisca Cândida do Menezes.

llecebem-so propostas em carta fechada alóo dia.25 do corrente, quo deverão ser en-(rogues ao abaixo assignado.

Desterro, 9 de Outubro do 1883—O se-crolario, Weneèsldo Martins da Costa.

LYCEU DE ARTES E OFFICIOSA congregação direclora roga a todas as

pessoas quo antes da inauguração do eslabe-lecimenlo receberam lislas para subscripçõesou circulares da grando cimmissào, residen-los quer nesla capilal quer om outros pontosda provincia, •> especial favor do remei-lor-lho, por intermedia do Sr. dircclor, osdonativos quo pnr ventura tenham agóri-ciado.

Desleno, 14 do Agoslo do 1883.— O so-crolario, J. M. Duarte.

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