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Page 1: Coletânea de poemas da NOP (Nova Ordem da Poesia ...4 Debaixo daquela árvore ... debaixo daquela árvore, a mulher escuta o silêncio e se doa ao vento, os pássaros ... Anjos falavam

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Coletânea de poemas da NOP (Nova Ordem da Poesia) – comunidade do Orkut http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=83467701

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Novembro de 2012

Page 3: Coletânea de poemas da NOP (Nova Ordem da Poesia ...4 Debaixo daquela árvore ... debaixo daquela árvore, a mulher escuta o silêncio e se doa ao vento, os pássaros ... Anjos falavam

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Américo Lima

André Fernandes

Dhenova

Helenice Priedols

Juleni Andrade

Larissa Vaz Fadel

Lena Ferreira

Márcia Poesia de Sá

Marisa Schmidt

Rogério Germani

Tim Soares

Wasil Sacharuk

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Debaixo daquela árvore... e debaixo daquela árvore, a menina ouvia o canto dos passarinhos, sentia o vento no rosto, brisa morna quase perfumada não fosse o peixe, ainda assim, a menina sorria e continuava sentada, construindo castelos de areia, despreocupada... debaixo daquela árvore, a moça escutava nos fones uma canção que falava de amor e traição, e chorava meio que sem saber, apaixonada pela paixão, esquecia da vista e da água, o que lhe chamava atenção eram as pedras afiadas, ah, moça tola, sofria tanto por tudo e todos... debaixo daquela árvore, a mulher escuta o silêncio e se doa ao vento, os pássaros, as cores, o azul tão profundo do horizonte vão sendo mesclados, mudo contato do eu com as águas da laguna, a mulher e suas ranhuras, cravadas na terra úmida da sua estranha estrutura, até a onda vir e mudar novamente suas curvas. Dhenova

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Eu era tão menina Naquela época em que meu pai, eterno companheiro de conversas longas e inteligentes, trabalhava a tarde toda em seu consultório, e com isto eu ficava entre duas opções: entre a biblioteca dele e aquela árvore distante da casa grande, onde eu me sentava com meu caderninho e de lá partia para tantos outros mundos, que eu mesma criava em minhas linhas ainda infantis. Aqueles momentos tão ternos na minha memória ainda são tão vivos como se fosse ontem... folhas e folhas de historinhas de fadas, gnomos, estrelas falantes, princesas e príncipes encantados... ah! Lembrei que certa vez contei uma estorinha linda que falava de uma formiguinha real que tinha me picado... falei do quanto ela se arrependeu depois que eu com toda calma a tirei da minha perna colocando-a em cima de um fruto maduro.... Não vou me estender mais, mas sinto ainda forte em meu peito que se hoje, eu já avó... sentar embaixo daquela árvore novamente, ela sorrirá para mim, e certamente vai me perguntar: Por onde estivestes menina de cachinhos? Eu estive aqui todos esses anos esperando por tuas estórias. Nem sabe ela que em mim também, durante todos esses anos ela ainda desfolha, floresce e dá frutos... como antes o fazia. Só uma coisa mudou para mim, meu pai já não senta mais lá comigo, para ler as estórias escritas durante a semana. Márcia Poesia de Sá

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Sob a sombra boa Anjos falavam de calos, deuses ventavam segredos, iam-se embora os medos. Como se o mundo girasse ao redor do formigueiro ali do terreno ameno. O verrume que furava a consciência, quando esta acordava atada ao asfalto, não trabalhava embaixo da árvore amiga de anjos e nuvens. Assim, o tempo era amigo, o sol cantava canções de alegrar coração maltratado. Primaveras tornavam-se eternas nos olhos de dentro, o centro da vida mudava o eixo, antagonismos davam braços aos caracóis de paradoxos debilitados. Verões traziam a fome maior de deitar sob a sombra delineada em forma de bem. Em cada arrepio de inverno dava vontade de queimar memórias arrependidas e o frio gelava o senso de urbanização. Os restos de outonos da árvore serviam de alimento aos inventos da alma cansada de ver multidão. Em rodízio, os pensamentos saltavam de um lado para o outro, a vida passada na tela da solidão. Juleni Andrade

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Quando a lagoa reclamou sua pérola Debaixo daquela árvore passaram as águas eram escuras e tantas se enfiaram em tudo como sumanta de açoite invadiram a noite num canto surdomudo Debaixo daquela árvore misturam-se os medos as vidas lavadas na frieza deixaram revelar os segredos e outras histórias na correnteza Debaixo daquela árvore depois que as águas haviam passado eu fui até lá outro dia e fiquei ali sentado a escrever poesia e o que havia sobrado Debaixo daquela árvore vi que passou tanto amor e a força da superação dessas raízes fincadas com o brio da reconstrução Debaixo daquela árvore se escondem do sol os veranistas. Wasil Sacharuk

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Sombra da árvore A sombra ali perdida, rodeada de sol e ventos, é como senhora distinta alheia ao despudor. Ao mesmo tempo atrevida e folgazã, mãos de uma Eva segurando a vermelha maçã; atiçando meus instintos chamando para deitar... como se fosse leito feito à beira mar . Juleni Andrade

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Árvore da vida Debaixo daquela árvore os domingos eram mastins farejando meus silêncios, minhas vozes íntimas. Era com a alma desabitada que ali eu vinha colher a sabedoria do dia, encher de brisa meus pensamentos em desalinho. As horas passavam vagarosas, em cúmplice marcha, convite contínuo à meditação. E por tantas e tantas vezes eu meditei... Minhas reflexões ganhavam asas, iam soltas no farfalhar do vento suave, como se fossem naves abduzindo os mistérios do mundo. Em questão de segundos eu saboreava as filosofias humanas, adentrava os segredos dos mares, discursava com pássaros a real existência de Deus e a cada canto ouvido, eu sentia a presença divina mais próxima da árvore. Para assombro meu e dos anjos que desciam por detrás das nuvens, minhas idéias me permitiam voar; já não mais homem, fazia-me espectro de luz, farol às estrelas errantes que, de vez em quando, beijam e marcam a fronte das crianças escolhidas. Debaixo daquela árvore, quase todos os domingos eram mágicos. Os versos tinham trânsito livre; o amor era sincero e do tamanho dos sonhos e as idades nada significavam. As pessoas eram qualificadas por seus atos e não pela importância de seus nomes e num momento único de paz, todas as almas se aqueciam num forte abraço universal, gênesis da vida. Rogério Germani

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Nova era Debaixo daquela árvore segura havia um céu imenso adiante impossível esquecer a candura do gesto terno, tocante debaixo daquela árvore nasceu amor de diamante estrelas pontiagudas sem dores apenas o bem como amante debaixo daquela árvore nascia uma nova era poesia de gente do bem esquecida de qualquer fera Dhenova

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A Velha Árvore Debaixo daquela árvore bastarda que por ninguém foi plantada descobri os segredos da vida... Soube da menina tão sofrida que transformava tudo em alegria Poliana, companheira tão sadia... Depois soube de um casal que morre de amor no final Romeu e Julieta, que drama! Teve uma Simone bacana falando de amor sem barreiras e dando nós na minha cabeça... E, antes que eu esqueça, houve as cartas do poeta e lágrimas na tarde deserta... Hoje, a árvore frondosa sumiu no seu lugar um prédio subiu tirando o sol daquela rua Mas minha saudade cultua a árvore que me fez aprendiz de um prazer que deixou raiz... Marisa Schmidt

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Orfandade Debaixo daquela árvore as cinzas da família as lágrimas ressurgidas tristeza no fim de tarde debaixo daquela sombra passaram outonos amargos inglórios bastardos fantasmas com seus pesados fardos; passaram homens de tristes sonhos debaixo daquela árvore uma forca ao vento balança um silêncio ainda canta ... ainda réstia de pranto de uma vida trágica. Rogério Germani

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Lembranças de folhas Quando me aproximo de uma árvore, sempre a faço uma reverência e não raramente recebo um sorriso dela em retribuição. O vento se alegra com minha atitude e a faz acenar mansa e alegremente... Quando me aproximo de uma árvore e posso abraçá-la, sempre o faço, e este contato é maravilhoso, aprendi a fazer isto desde criança, adorava conversar com elas e sentia no meu íntimo que elas me ajudavam. Lembro-me bem de uma pracinha perto da Av. Rui Barbosa, aqui em Recife, onde plantaram alguns raros eucaliptos e não sei bem o porquê, mas eles são fofinhos ao abraçar, provavelmente troquem de "pele" com muita rapidez... quando eu estava com meu pai, sempre pedia para ele parar nesta pracinha, eu corria até eles, os abraçava e voltava. Esta pracinha ainda existe e sempre que passo por lá acenos para eles... E ouço-os comentarem entre si... ei menina, volta aqui... Esta minha ligação com árvores é antiga. Na chácara de meu pai, onde eu subia em árvores para comer frutas, havia as árvores colegas... a azeitoneira por exemplo, conhecia-me muito bem. O pé de ciriguela era um brincalhão que crescia na horizontal, doido para me fazer tropeçar e rir de mim... mas eu sempre ria com ela de seus pensamentos. Inesquecível mesmo era a grande do penhasco, ah... esta sim sabe de meus segredos... não sei que espécie de árvore ela é, só sei que é amiga. Eu sempre passava muitas horas sentada pertinho dela, lendo, conversando, chorando os namoros acabados, ou simplesmente observando a paisagem lindíssima que havia ali após a árvore, a colina caia vertiginosamente, mas era coberta de plantas e flores rústicas, matinhos que eu amava... e lá em baixo havia o riachinho que ficava cantando, me chamando para descer e a mata densa, verde escura, que contava-me tantas lendas e estórias fantásticas. Hoje, aqui em casa, não tenho uma árvore preferida, amo todas! Algumas eu vejo e sinto todo dia. A árvore dos passarinhos que dá pequenos frutinhos verdes e toda manhã ela se enche de cores! Passarinhos de vários tons a comerem e contarem seus sonhos da noite, todos de uma só vez... eu adoro vê-los. E a árvore os recebe sempre, sorridente. Há também a árvore da paisagem da casa de meu pai e daqui eu vejo a cerra do outro lado, ela é saudosista mas muito esbelta e tranquila... elegante que só ela, fica sempre olhando o horizonte com um certo ar de filósofa. Há as árvores das preguiças, essas, não são bonitas, são abertas no espaço, seus galhos mais parecem dedos a apontar para o céu... mas elas alimentam minhas amiguinhas e gosto delas por isso. Enfim, as árvores da minha vida, são assim... nem sempre posso sentar pertinho delas embora o faça sempre que dá, mas elas estão sempre em mim de muitas formas. Márcia Poesia de Sá

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Nuanças Verdes Debaixo daquela árvore uma sombra lembrou um desígnio como um signo ou um fantasma a luz do espírito ou apenas miasma debaixo de árvores enterraram as mortes tanto as de azar quanto as de sorte e brotaram raízes as fracas e as fortes debaixo daquela árvore havia um fruto esmagado por fatalidade ou pecado mas isso dá na mesma se um sonho é esmagado e vira água como uma lesma debaixo de árvores riscaram os raios que vêm das estrelas os horrores mais feios as mais lindas belezas dos verdes mais cheios e de suas fraquezas. Wasil Sacharuk

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Fábula No tempo em que os anjos falavam de coisas plausíveis, debaixo daquela árvore os unicórnios arrancaram as próprias [asas por lealdade aos homens não mais eram invisíveis aos olhos [humanos, inundaram pradarias e vales com seus relinchos, sua coragem e força fizeram daquela árvore áurea e abrigo berço de divinos cavalos, animais de coração nobre. Rogério Germani

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E debaixo da árvore (escutam-se...) E no quadrado onde me fixaram, observo o azul que baila com minhas folhas objeto fixo, aos navegantes loucos. E debaixo da árvore escutam-se estórias Sou a mãe da imagem a figura lenta... a modificar-me nesta metamorfose E debaixo da árvore escutam-se estórias Quando chove muito e me molho inteira... são em meus galhos que se escondem ninhos lindos passarinhos sinfonia matreira E debaixo da árvore escutam-se estórias Vou assim vivendo... engrossando o tronco envelhecendo a pele me tornando espanto E debaixo da árvore escutam-se estórias... Márcia Poesia de Sá

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Debaixo daquela árvore Castanheira Debaixo da castanheira Imensa, bela e secular Uma onça senta na beira Dessa árvore espetacular Debaixo ela dá moradia Sombra e alimento Abrigo de noite e de dia Descanso e até sustento Debaixo ela oferece carinho Memória e muita gratidão Também constrói o seu ninho Com madeira farta no chão Mas, também exige respeito De cortar com sustentação Pra não sumir de um jeito Que nunca mais as verão André Fernandes

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Sem Afobação toda assim jeitosa acolhendo-me calada assinalando a miragem sem pressa sem pressa no fluir das nossas horas às vésperas dos destroços equinócio da vontade sem pressas sem pressa sem pressa de sentir sem pressa de florir sem pressa de fazer perguntas sem pressa de agir sem pressa de fingir sem pressa de cair em tentações toda assim tão verde recebendo meu cansaço assistindo ao começo dos sonhos sem pressa sob o azul nervoso entre a tarde e a brisa solstícios dos fantasmas de dentro sem pressa sempre em forma de abrigo amigo consigo esquecer da vida debaixo de seu verde sem pressa Juleni Andrade

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Condomínio Praiano Não tens a força ancestral do baobá nem a beleza florida do ipê amarelo que no fim da tarde enche de farelo as calçadas fronteiriças ao jequitibá Não és um símbolo, como a tamareira nem mensagem, como cerejeira em flor És refrigério nos longos dias de calor e teus longos ramos cobrem a rua inteira És o condomínio da paisagem à beira-mar onde moram corujas, sem se importar com as luzes que se infiltram ao arrebol Tens o porte e a beleza da simplicidade que acolhe, como pai, em igualdade cada ave que repousa no chapéu-de-sol... Marisa Schmidt

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Sossego (Lena Ferreira) Debaixo daquela árvore deitei; pensamento aflito abafada pelo grito de uma situação tão grave Esperei vento suave levasse o desassossego e ensinasse o desapego dissolvendo o meu entrave Debaixo daquela árvore passei quase todo o dia suportando a ventania que anuncia temporais Sufoquei todos os ais quando voaram as folhas; por suas próprias escolhas nos galhos não estão mais Debaixo daquela árvore vi chegando a noite fria me trazendo a calmaria numa brisa tão suave Sossegada, já sem trave nos olhos e o peito ameno adormeço no sereno debaixo daquela árvore

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À sombra daquela árvore O vento frio acaricia a face da mulher. As maçãs salientes vão se tornando a cada momento mais avermelhadas. As rugas surgem mostrando sorrisos passados, tantas as fases. À sombra da árvore frondosa, a velha mulher olha a escada adiante, cujos degraus gastos estão descoloridos pelos vários sois. Lembra a mulher velha das histórias vividas naquela casa de madeira escura. Um chalé que abrigou a família grande, hoje apenas ela. O filho mais velho, formado em Medicina, buscou a capital, e aparece vez por outra apenas nas ditas datas especiais. A filha também, embora mais vezes, mas preferiu seguir o companheiro pela estrada da vida. Sempre que pode, volta para abraçar a mãe e ficar embaixo da árvore centenária, plantada pelo bisavô. Ainda assim, a velha senhora sente a falta dos dias ensolarados de primavera, em que as brincadeiras podiam ser ouvidas e o griteiro característico das crianças entrava pela janela, enquanto ela fazia sua receita especial, o bolo de cenoura da Vó Cecília, e a roseira florida misturava seu cheiro ao gostoso aroma vindo do fogão à lenha. O inverno castiga a roseira atualmente e não há mais fogão, foi trocado por uma máquina que faz barulho e aquece os alimentos sem nenhuma chama, presente do filho. A mulher velha não gosta de usar a tal máquina e prefere o fogareiro de duas bocas, herança do marido pescador. Pouco faz comida, somente quando sabe que os filhos vêm. Alimenta-se mais das frutas e dos legumes e verduras que mantém com carinho no vasto quintal. Embora o inverno este ano tenha castigado seus frutos. É hora de levantar e sair da sombra daquela árvore. Com dificuldade, sobe os quatro degraus. Entra no chalé e fecha a porta, sem olhar para trás. Dhenova

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Debaixo daquela árvore... Ressonava acalmado pelas sombras daquela copa um menino em lampejos de sertão, nos perdidos cantos na infinda sabedoria procurada, regurgitava entre folhas os pássaros, e a curiosidade do menino brechava entre cores e galhos o feitio em ganchos da flora, da fauna a passarada saltitava serelepe confundindo os olhos daquela observação, entre arqueares e posições e pisares felinos, aquele menino se enchia de incisivos pensares que arquivavam todas aquelas brechas cinematográficas... Rodeava sem zuada a ponta do pé, suas mãos de 1º decanato rodeavam aquele caule, ambas vivas tateavam a casca meio secular daquela historia de tantos olhos meninos, sortidos de cores e oscilações de imagens líricas, montando uma primavera surreal em seu sertão, ao tempo que se recobria de aconchegos daquela paz, havia cobertura das folhas secas sobre o pó da terra bíblica, folhas alegres e infantis que brincavam em cambalhotas penteadas pelos ventos nordeste, e debaixo daquela arvore o menino agora adulto volta La, num olhar de fim de tarde, em que as garças alertadas pelo relógio crepuscular até hoje planam suaves e agradecidas, pela dormida acomodada em apoios empalhados de infindos carinhos, desde um pretérito longínquo. Américo Lima

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Debaixo daquela árvore... Deliciava-se Debaixo Daquela Dádiva Doutrinava-se Diante Dourados Dragões Dormia Desejando Duetos Divinos Tim Soares

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Amoreira amoreira, ah! minha amoreira, quão abençoada tu és! te vi em meu quintal ainda tão pequenina e tão rápido cresceste em pouco tempo os galhos já nos abraçavam e não demoraste a oferecer teus frutos doces, suculentos, em profusão com que generosidade teus galhos cedem e se curvam para que possamos colher as amoras do alto onde não alcançaríamos com que alegria recebes os passarinhos que tuas ramas vêm balançar e se fartar de amoras doces com que sabedoria escondes teus frutos que o vento revela no revirar dos galhos como a ensinar que devemos sempre olhar as coisas sob diversos ângulos agradeço a Mãe Natureza por estares em nossa vida cumprindo tua trajetória tão bonita devotada e competente esse teu jeito de amar é conexão direta com a Criação ah, minha amoreira ensina-nos sempre a lição de uma vida simples e completa onde não falte amor e geleia de amora Helenice Priedols

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Minha Árvore da Esperança Ela fica bem perto da água doce frondosa e vermelha onde me sento para descansar ao meio dia onde no lago volto a ser criança a jogar pedrinha E ela é só minha... Minha sombra, nas horas breves nos ventos leves na esperança... Ela é minha canção de bem aventurança Meu porto ondo descanso a alma onde leio o livro que quase escrevi E ouço a canção que quase te fiz Debaixo da minha árvore teço os retalhos das rimas serenas Onde recordo os primeiros anos... Louros anos... dos meus primeiros poemas Debaixo da minha árvore... tem o beijo de vermelhas folhas recanto que parece colo de mãe é lugarzinho de ainda ingênuas emoções Debaixo da minha árvore... tem terra que planto todos os sonhos meus Tem o amor colhido... no verde mais verde que só tem os olhos teus Debaixo da minha árvore tem cheirinho de pimenta vem... experimenta! Mas só quando eu convidar. Porque de surpresa, só deixo minha paixão entrar Debaixo da minha árvore Só tem brisa pra paixão lá do sul Tem pincel e tinta Para colorir de novo o meu céu de azul. Larissa Vaz Fadel

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Agradeço aos amigos poetas da NOP por toda essa inspiração. São versos que tocam a alma, mostram beleza nas descrições

e muito sentimento, muita emoção.

Espero que agrade este pequeno mimo, que foi feito com muito carinho.

Dhenova 24/11/2012