colégio estadual padre cláudio morelli ensino fundamental ... · local no maior produtor...
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Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli
Ensino Fundamental e Médio
PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
CURITIBA, 2007
Apresentação
O presente projeto vem na perspectiva de atualizar e
complementar o anterior apresentado no ano de 2002, uma vez que o
Projeto Pedagógico se apresenta enquanto “carta de intenções” do
Estabelecimento, elaborado a partir da realidade escolar e da
comunidade a qual serve e neste sentido, torna-se um documento
inconcluso, em constante construção e mobilização face à dinâmica do
estabelecimento que se renova em suas diversas gerações de alunos,
funcionários e professores; as modificações na comunidade e na
sociedade como um todo e, conseqüentemente em relação às novas
demandas e necessidades da sociedade.
Além de conter a história da escola e da comunidade, sob a ótica
de quem vive e de quem trabalha na mesma, aponta seus problemas,
suas demandas, suas necessidades, ainda em relação ao ambiente
escolar propriamente dito: os currículos, as metas e os procedimentos: e
demonstra como este Projeto, concebido para um tempo-espaço, dentro
de uma concepção de homem e sociedade, norteará os conselhos de
classe, a escolha do livro didático, o planejamento, o estabelecimento do
calendário escolar, a organização de eventos culturais, atividades
cívicas, esportivas e recreativas, transformando a gestão democrática
em atitude e método.
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1. MARCO SITUACIONAL
1.1Histórico
O Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli, instituição de Ensino
Fundamental e Médio, está situado à Rua Luiz Nichele nº 08, na região
Sul do município de Curitiba, precisamente no bairro de Umbará.
Umbará, nome de origem tupi, significa “fruta silvestre quando
está madura”, considerado este, um dos bairros mais antigos e
tradicionais de Curitiba, conserva algumas de suas tradições e
manifestações culturais. Alterações estas devido ao desenvolvimento
econômico e ao desenvolvimento populacional da região.
O início de sua história está marcado pelo casco das mulas dos
tropeiros que utilizavam caminhos que cortavam a região sul de Curitiba
e que ligavam as populações do interior com a região litorânea e
portuária do Paraná, e com o litoral e serra catarinenses. Na beira
desses caminhos de tropas no final do século XVIII, os neo-brasileiros
(fruto da mestiçagem descaracterizadora do índio e do português)
ocuparam o território com pequenas e médias propriedades de
agricultura de subsistência e extrativismo do mate.
No final do século XIX estabeleceram-se de forma espontânea,
imigrantes italianos e poloneses que formaram, junto com os brasileiros,
um típico bairro rural que abastecia Curitiba com gêneros agrícolas e
lenha. Nesse período, o Paraná vivia o ciclo da erva-mate e os
umbaraenses abasteceram os engenhos com barricas produzidas nas
suas tanoarias.
Na segunda metade do século XX, o bairro cresceu graças à
indústria cerâmica, substituindo as tanoarias e a agricultura. A atividade
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sustenta grande parte da população até os nossos dias e transformou o
local no maior produtor paranaense de tijolos.
O século XXI chegou e com ele um desenfreado processo de
urbanização. Apesar disso, Umbará conserva vários traços de sua
história marcada pela soma de culturas. Parte da população ainda
conserva hábitos pitorescos como a fabricação de vinho, cerveja e pães
caseiros.
Do alto da torre de sua bela igreja matriz os sinos “Antonio, Pedro
e Maria do Rosário” continuam chamando o povo em torno de si e hoje
testemunham as mudanças pelas quais passou e guardam
cuidadosamente, os vários recantos ecológicos que muito encantam a
todos os visitantes.
Intrinsecamente ligada à história do bairro, a fundação do Colégio
teve a participação decisiva da comunidade de Umbará, que com
doações construiu um prédio com dois pavimentos, anexo à igreja e a
casa das Irmãs da Congregação Filhas de Nossa Senhora da
Misericórdia, as quais chegaram aqui em 18 de junho de 1953.
As irmãs iniciaram o trabalho de catequese e, posteriormente, o
Secretário da Educação passou a subvencionar as irmãs como
professoras do Estado do Paraná.
Em 31 de dezembro de 1913, a convite do Padre Cláudio Morelli, as
irmãs Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, abriram a primeira escola
na comunidade. Funcionava na Rua Nicola Pelanda, atrás da Igreja
velha. Mais tarde, sob a administração estadual, foi aberto o Grupo
Escolar de Umbará, na Rua Luiz Nichele n.º 110, no prédio onde
funcionou a delegacia, e depois a “Biblioteca Irmã Angela Fripp”. Com
o aumento do número de alunos, houve a necessidade da construção de
um outro prédio. Padre Albino Vicco, juntamente com a comunidade,
construíram o novo prédio com dois pavimentos, anexo à Igreja São
Pedro. Em 1953, recebeu a denominação de Escola Nossa Senhora da
Misericórdia para receber a licença de abertura.
A escola foi oficializada em julho de 1954 e dirigida pelas Irmãs da
Congregação Filhas de Nossa Senhora da Misericórdia, a convite do Pe.
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Albino Vicco. Funcionava como escola comunitária e registrada sob n.º
95, com o nome de Escola Paroquial de Umbará. O ensino era gratuito e
estendia-se a todas as crianças da comunidade. A entidade
mantenedora era a Comunidade e a própria Igreja. Em 1959 passou a se
chamar Casa Escolar de Umbará. A escola de 1ª a 4ª série foi
estadualizada pelo Decreto Lei n.º 20751/66 de 27 de janeiro de 1966,
recebendo a denominação de Casa Escolar José Júlio Fernandes Biscaia.
Em 1967, em outro prédio anexo, autorizado pelo Decreto 3543/66
passou a funcionar o "Ginásio Padre Cláudio Morelli" fundado pelo Padre
Artur Seppi e funcionava em caráter particular.
Em 1972, inicia-se o processo gradativo de unificação, Casa
Escolar José Júlio Fernandes Biscaia e Ginásio Estadual Padre Cláudio
Morelli, passando a administração ao Governo do Estado do Paraná. Em
1976 passa a se chamar Complexo Escolar Padre Cláudio Morelli.
Em 1977 funcionou a Escola Nossa Senhora da Misericórdia -
Ensino de 1º grau e Supletivo fase 2. Neste ano, terminou o processo
gradativo de estadualização e foi reorganizado com o nome de Escola
Estadual Padre Cláudio Morelli.
Em 1979, paralelamente com a Escola Estadual Padre Cláudio
Morelli funcionou o Colégio Papa João Paulo I, com cursos
profissionalizantes de Magistério e Contabilidade, em caráter particular,
durante dois anos. Reorganizou em 1981, com o nome de Colégio
Cenecista Guilherme Lacerda Braga, que atendia aos alunos de 2º grau,
curso profissionalizante, nos turnos manhã e noite, continuando a
funcionar como entidade particular.
Em 08/02/1994, foi estadualizado o 2º grau, com cursos
profissionalizantes, e passou a se chamar Colégio Estadual Padre
Cláudio Morelli - Ensino de 1º e 2º graus.
Em 1997, iniciou o processo gradativo de extinção dos cursos
profissionalizantes, sendo implantado o curso de Educação Geral e mais
tarde Ensino Médio.
Em 1998, com a implantação da Lei de Diretrizes e Bases de
Educação Nacional sob n° 9394/96, o estabelecimento passou a
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denominar-se Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli – Ensino
Fundamental e Médio. Tendo sido implantando o Ensino Médio no ano
de 1999.
A fundação e histórico da escola são regulamentados ainda pela
Resolução n° 2019/82 de 28 de julho de 1982 – Homologação do
parecer n° 131/82 de DEPG que aprovou o sistema de avaliação de 1°
grau; Resolução n° 3939/84 de 30 de maio de 1984 – Homologação do
parecer n° 10/84 do DEPG que aprovou nova redação aos artigos
102,112,121 e 122 do Regimento Escolar, apresentado pelas Escolas
do Complexo, vigorando a partir de 1984; Resolução n° 137/87 de 30
de junho de 1987 – aprovação do Plano Curricular (1ª a 8ª série);
Resolução n° 3739/90 de 03 de dezembro de 1990 – Aprovação da
Grade curricular; Ato Administrativo n°111/93 – Aprovação do Sistema
de Avaliação; Resolução n° 701/94 de fevereiro de 1994 –
Denominação de Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli – Ensino de 1°
e 2° Graus; LDB – 9394/96 – Denominação de Colégio Estadual Padre
Cláudio Morelli – Ensino Fundamental e Médio.
1.2Realidade atual
A elaboração do projeto político pedagógico da escola deve ser
analisado sob o olhar da realidade que temos da sociedade e suas
características das perspectivas atuais numa realidade marcada pela
globalização, interesses mercantilistas, capitalismo desenfreado. Modelo
econômico que marginaliza grande parte da população.
Os muitos trabalhadores têm poucas opções para superar as
desigualdades estabelecidas pelo modelo dominante, representantes
das classes minoritárias que têm as condições de manipulação e acesso
que determinam que a maioria terá quais condições de escola
,emprego, salário, e informação.
As desigualdades estão ligadas à condição econômica, cada
pessoa vive conforme a renda que possui. A sociedade de classes
sociais hierarquiza as pessoas conforme a quantidade de bens materiais
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. Ser pobre significa estar num lugar social desigual que impede o
acesso a determinados bens e serviços.
Também é necessário incluir outras condições que acabam
agregando-se a questões das classes sociais como o pertencimento
étnico, diferenças etárias, de gêneros, de orientações sexuais, religiosas,
de visões de mundo.
As diferenças culturais e a condição de classe social devem ser
analisadas pois são categorias que não se excluem.
Na sociedade marcada pelo neoliberalismo a diversidade é
admitida, enquanto vantagem para o capital no sentido de ampliar e
diversificar o mercado.
O Estado neoliberal cria as necessidades de novas formas de
vigilância, fiscalização e controle geral da escola e, nesse modelo,
decide manter todos dentro de determinados padrões de qualidade,
ditado pelas forças econômicas com leituras e análises quantitativas do
desempenho de cada instituição e da rede educacional. No dizer de
Mark Olssen, o Estado toma as medidas para que cada um faça de si
próprio uma empresa contínua, no que parece ser um processo de
“governar sem governar” ( Olssen, 1996).
Dentro desta perspectiva qual é o modelo de escola que
queremos? E qual o modelo de escola que oferecemos?
A escola é o lugar garantido por lei de acesso a todos os
cidadãos, temos grande parte da população inserida na escola, e
políticas de governo tem buscado garantir o acesso e a permanência de
todos na escola, portanto torna-se necessário romper com os ditames
dos padrões didáticos hegemônicos, pois com a universalização da
escola ocorre a necessidade de suportes diferenciados pois que também
existem diferenças cognitivas, é preciso acolher diversidade nas
práticas educativas. Neste sentido deve-se pensar em práticas
educativas que devem estar fundamentadas em olhar o outro no seu
mundo de cultura, trabalhar com as diferenças de modo a reconhecê-las
e valorizá-las, para que os educandos possam falar e ser ouvidos.
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Diante de tais questionamentos, que só poderão ser elucidados
através de uma prática pedagógica emancipadora e sobretudo crítica,
temos, enquanto parte de uma comunidade escolar, a obrigação de
repensar a Educação como forma de intervenção real na sociedade,
como possibilidade de transformação nas relações humanas que hoje
se vêem deterioradas pelo “voraz apetite” capitalista. Capitalismo este,
que determina a modernidade em detrimento da preservação, o
consumismo em detrimento da solidariedade, o ter em detrimento do
ser.
Frente a tal quadro, a ação coletiva de educadores, pais e alunos
representada no Projeto Político Pedagógico (PPP), vem no sentido de
construir atitudes de uma consciência afim, com um projeto de
sociedade onde todos possam ter as mesmas possibilidades.
O PPP reflete o pensar da comunidade escolar e tem como objetivo
buscar caminhos e soluções para promover a melhoria da
aprendizagem e formar o aluno crítico, pensante, ciente e consciente
de seus direitos e deveres para com a escola, a família, a sociedade e o
mundo. Para que isto seja possível, é necessário um real envolvimento
de todos os segmentos da comunidade escolar, engajados na
construção de uma concepção de escola que venha ao encontro dos
anseios enunciados no Projeto Político Pedagógico e que se refletem
parte de nossas opções enquanto pais e mestres, e que muitas vezes,
se findam em nossos corações e mentes. É preciso mais do que pensar,
é preciso concretizar, e isto, só é possível com compromisso.
1.3 Realidade da Comunidade Escolar
Situado numa região que foi colônia de imigrantes italianos e
poloneses, nosso colégio acaba tendo algumas características culturais
próprias. A comunidade umbaraense que o construiu e o manteve por
muitos anos, mesmo com a estadualização, continua a relacionar-se
com a instituição como se esta fosse uma extensão da comunidade
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paroquial católica. De forma geral isto tem trazido inúmeros benefícios,
uma vez que a comunidade, bastante tradicional e religiosa, sente-se
responsável pela escola. Deve-se considerar que o crescimento
demográfico alterou a caracterização da população local; mas,
percebe-se que vários aspectos se mantêm devido à permanência dos
descendentes que ainda residem no bairro.
a) Sociedade local
Os alunos que freqüentam este estabelecimento de ensino provêm
de diversas classes sociais, empresários, profissionais autônomos,
trabalhadores dos vários setores da economia, sendo estes a maioria.
Embora a maioria resida em Umbará, alguns são oriundos de
famílias bastante tradicionais, e com o crescimento acentuado da
região sul, nos últimos anos temos também alunos que vêm de bairros
vizinhos.
Este crescimento que provém do latente processo de
industrialização da região, trouxe diferentes “viés” para a comunidade
e mesmo para a escola, imbuindo um ar de modernidade, refletido em
uma maior abertura cultural.
b) A escola
A educação enquanto processo individual e também coletivo, se
faz em diversos espaços, contudo é necessário uma estrutura mínima
que ofereça condições para um aprendizado de qualidade. Dentro
deste contexto, o espaço físico da escola compreende uma área de
terreno de 21.168,98 m2, 05 edificações (pertencentes à Igreja e
alugados ao Estado), 29 salas, biblioteca (denominada Biblioteca
Professor Boaventura Souza Neto) com um acervo de 9.159 livros,
ainda jornais e revistas, laboratório de ciências, sala de informática,
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com 03 computadores, aguardando os demais computadores que serão
fornecidos pelo Paraná Digital, cantina, Quadra de Esportes
poliesportiva, sala de vídeo com opção de VHS e DVD, sala de
professores.
Em relação a recursos humanos, a escola conta com 18
professores de 1ª a 4ª séries, todos com habilitação em Magistério; 57
professores de 5ª a 8ª série do Ensino Fundamental e Médio, destes 19
possuem pós-graduação, sendo 2 mestres; o colégio conta ainda com:
1 secretária, 8 auxiliares administrativos, 1 direção geral, 2 direções
auxiliares, 4 membros na equipe pedagógica e 19 auxiliares de
serviços gerais.
Em sua estrutura organizacional possui Conselho Escolar, órgão
de natureza consultiva, deliberativa e fiscal, com o objetivo de
estabelecer critérios relativos a Proposta Pedagógica, sua organização
e funcionamento nos limites da legislação vigente, bem como
promover a articulação entre os vários segmentos da sociedade e os
setores da escola. Possui uma Associação de Pais, Mestres e
Funcionários (APMF), órgão colegiado com Estatuto e Regimento
próprio, cujo objetivo central é colaborar com a escola no que tange as
ações que tem melhoria na qualidade de ensino e das condições físicas
técnicas e Pedagógicas do Estabelecimento.
A escola tem buscado se aperfeiçoar tanto em relação a sua
estrutura física, quanto em relação ao atendimento a alunos e pais,
primando sempre pela qualidade em todos os âmbitos e dimensões,
como condição básica para o desenvolvimento da cidadania, concebida
enquanto participação política, crítica e consciente, permeada por uma
visão de mundo com vistas à justiça e à igualdade.
2. MARCO CONCEITUAL
2.1 Concepção de Sociedade
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A tão aclamada sociedade do conhecimento, requer de todos a
apropriação de ferramentas que nos possibilitem a seletividade e a
correta utilização do conhecimento e das milhares de informações que
nos são ofertadas diariamente.
O que ocorre atualmente é uma “torrente” de informações
disponíveis para uma sociedade que se equipa tecnologicamente, mas,
no entanto, não consegue realizar uma adequada interpretação de tais
informações. Não consegue ler nas entrelinhas, ou seja, a informação se
torna nula, uma vez que não corresponde aos objetivos de atender a
sociedade de forma crítica e conscientemente organizada.
Nosso desafio maior é caminhar para uma sociedade, pensada sob
a perspectiva da igualdade de oportunidades, onde o desigual seja
tratado não com suposta “igualdade”, mas atendido em suas
necessidades, que por vezes se dão de forma diferenciada, exigindo
diferentes olhares sobre as variadas dimensões do ser humano,
integrando-as em sua totalidade.
Ao mesmo tempo que o século XXI instrumentalizou o
desenvolvimento da tecnologia, instalou processos de competitividade,
agressão e injustiça social, acarretando não somente a devastação
social, ambiental e psicológica nos diversos âmbitos da sociedade, mas
também a elitização da ciência e da tecnologia, colocando-as a serviço
de poucos privilegiados.
Reverter este quadro que simboliza a estagnação na evolução
humana, depende de inúmeros fatores, entre eles a percepção da
necessidade de uma formação crítica e cidadã voltada para a construção
de uma identidade do nosso alunado enquanto parte ativa na tomada de
decisões que envolvem as políticas públicas e ainda, o real
entendimento destas, nas diversas formas de organização social.
A partir desta compreensão, podemos traçar os rumos de nossa
caminhada, traduzidos aqui neste Projeto Pedagógico, enquanto
concepções, reflexões, ações e metas.
2.2 Concepção de Ciência/Conhecimento.
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O Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli em sua proposta
pedagógica concebe a ciência e o conhecimento sendo processo a ser
elaborado constantemente, dando ênfase à ciência já construída através
da história.
A escola deve ser o lugar da busca da superação dos
pressupostos da organização da sociedade capitalista em que constitua-
se no lugar da emancipação do sujeito em separação do senso comum.
No período que compreende o século V a. C. até o século XIII, a
natureza foi vista e interpretada sob uma ótica antropocêntrica.
Sob forte influência do cristianismo, a ciência foi considerada como
verdade absoluta pronta e acabada, sem espaço para contestações.
No século XIII com o surgimento das primeiras universidades, é
que o conhecimento passou a ser discutido sob um enfoque menos
divino, mas ainda assim linear e absoluto.
Estudos sobre astronomia, botânica, zoologia, medicina, física,
química, e metafísica proporcionaram o desenvolvimento de uma
mentalidade mais científica, mas ainda assim teórica e livresca.
O Renascimento trouxe uma reorganização social, política e
econômica, levando a uma redução do poder da Igreja, refletindo em
contestações e questionamentos. A propagação de um pensamento
antiaristotélico permitiu uma concepção mecanicista de natureza,
alterando os fatores que influenciavam o pensamento científico. Avanço
com o heliocentrismo, provocaram rupturas no senso comum e no
fundamentalismo religioso.
A ciência passava a ser percebida como construção humana e
histórica. A invenção e o aperfeiçoamento do microscópio contribui para
que as teorias sobre o surgimento de vida tomassem impulso, assim
como as teorias de Newton compreendendo o universo sob as leis da
física e equações matemáticas (ao invés de ações divinas) as quais
trouxeram força à visão histórica e transitória de ciência.
A partir dos séculos XVIII e XIX a educação científica passa a ser
estimulada. Contribuíram para isso as revoluções industrial e francesa,
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a derrota da nobreza e do clero. Surgem conceitos sobre classificação,
evolução, adaptação e reprodução. A química se desenvolve em
conseqüência da industrialização. Os estudos da geologia e dos fósseis
influenciaram as idéias evolucionistas.
Descobertas sobre a existência, a anatomia e a fisiologia celular,
assim como a transmissão de caracteres hereditários subsidiam uma
revolução conceitual da Biologia. Então novas ciências se desenvolvem e
se consolidam, demonstrando a transitoridade do conhecimento.
Sendo a escola um espaço de pesquisa, de construção e
reconstrução do conhecimento, todo intelectual deve assumir o
compromisso com a pesquisa e com o posicionamento político.
A universalização dos bens materiais e simbólicos, exige a
ampliação do campo de atuação para além dos conteúdos. Assim, é
necessário desenvolver a observação e a reflexão acerca da realidade e
a partir de conhecimentos específicos proporcionando aos alunos chaves
conceituais que permitam uma compreensão crítica da realidade, bem
como, buscar alternativas para superarem a idéia de que o modelo
neoliberal é inevitável.
Para Willians, parafraseado por Veiga Neto, o currículo é “ a
porção da cultura – em termos de conteúdos e práticas, (de ensino, de
avaliação, etc.) que, por ser considerado relevante num dado momento
histórico, é trazido para a escola, ou seja, é escolarizado” (Veiga Neto,
1997).
Esta “porção cultural” a ser escolarizado é sempre uma seleção
de saberes a serem socializados que num arranjo curricular pretende
“formar” um determinado tipo de sujeito/indivíduo. Daí a importância de
refletir sobre quais questões uma proposta curricular dispõe-se a
responder. Então, essa seleção de saberes que compõem um currículo
nos impõe reflexões como: [ ...] o que eles devem saber? Qual
conhecimento ou saber é considerado importante ou válido ou essencial
para merecer ser considerado parte do currículo? [...] o que eles ou elas
devem ser? O que eles ou elas devem se tornar? [...] Por que esse
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conhecimento e não outro? Quais interesses fazem com que esse
conhecimento e não outro esteja no currículo?
Por que privilegiar um determinado tipo de identidade ou
subjetividade e não outro? (Silva, 2000: 14 – 16).
Para tanto é necessário que cada professor se torne pesquisador
do conteúdo que ensina e da prática que desenvolve centrando seu
trabalho de ensino na pesquisa.
A partir desta visão de conhecimento e da realidade, o professor
terá também melhores condições de instrumentalizar os alunos para a
leitura crítica de mundo.
A escola deve ter um projeto de homem e de sociedade a defender
e impulsionar, mas deverá ter raízes nos referenciais do presente e da
realidade que nos rodeia. O futuro promissor construído a partir das
raízes do presente; a educação para o progresso devem penetrar nelas e
transformá-las. O compromisso crítico como presente é a única garantia
de liberação. (José Gimeno)
2.3 Concepção de homem/pessoa
O Sistema Democrático nos concebe enquanto pessoas,
detentoras de direitos civis e políticos, e ainda, segundo a Constituição
Federal, somos todos iguais perante a lei sem distinção de qualquer
natureza. (art. 5º).
Formar homens e mulheres com capacidade de compreender tais
insígnias constitui um desafio para a educação, uma vez que exige o
compromisso com a ruptura com antigos sistemas, com a superação do
senso comum, com a busca do que existe de mais verdadeiro.
Entretanto, se o que almejamos é uma sociedade justa, igualitária,
fraterna e solidária, temos que também preparar os homens
adequadamente para que os mesmos possam viver de acordo com a
proposta desta nova sociedade.
Desta forma, ao compreender o aluno enquanto sujeito de sua
própria história, em constante evolução e busca pelo seu
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desenvolvimento, detentor de desejos, inseguranças, coragem,
emoções, é necessário também concebê-lo enquanto possibilidade,
enquanto potencial, gerador de conhecimento, de capacidade, de
criatividade.
É preciso acreditar no valor de nossos alunos e lançá-los ao futuro
como homens não conclusos, mas em constante busca pela melhoria da
qualidade de vida seja na dimensão local, seja na dimensão planetária.
Contudo, o acreditar descrito em nosso Projeto Político Pedagógico
se faz na concretude da teoria e prática pedagógica, não apenas em
palavras, mas em ações, norteadas pelos princípios que edificam nossa
escola.
Com base nesse raciocínio, recorre-se à categoria praxis, enquanto
uma das categorias do método dialético, possíveis para fundamentar a
proposta de conteúdos estruturantes apresentados nestas diretrizes,
que se articulam e se imbricam à de totalidade e historicidade mais
diretamente embora não se excluam outras.
Inicia-se pelo conceito de praxes, como princípio pedagógico e
curricular, em que a ação humana se conjuga às condições sociais,
ideológicas e históricas, conforme afirmou Vasquez, a praxes apresenta-
se como teoria e prática, ao mesmo tempo portanto indissociáveis do
processo de conhecimento dos homens – da atividade humana
(Vasquez, 1977).
2.4 Concepção de Educação
A fragmentação do conhecimento e mesmo a complexidade da
dita “sociedade do conhecimento” nos leva a uma série de conceitos e
entendimentos para Educação, uma vez que esta pode se dar nas mais
variadas formas: nas ruas, na igreja, na escola, na Internet, nos livros,
etc. Entretanto, ainda que, considerado o valor inerente nas diversas
instituições onde se dá a educação, assumimos enquanto educadores
um compromisso com o saber sistematizado que dê conta da construção
de uma Educação fundamentada na dialogicidade sensível, crítica,
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conflitiva, reflexiva, criativa, permanentemente política e
transdisciplinar.
Desta forma, entendemos por educação um processo pelo qual o
conhecimento construído pela humanidade é socializado de forma crítica
e responsável, formando crianças, jovens, homens e mulheres
autônomos, solidários, produtivos, competentes e responsáveis,
oportunizando ainda, a vivência, a convivência e o aprendizado segundo
os desafios de sua existência e de seu tempo.
2. 5 Concepção de trabalho
A especificidade e a natureza do trabalho podem ser concebidas
como inerentes ao homem. Embora outros animais possam também
transformar a natureza ao seu modo de vida, somente o homem o faz de
forma planejada. Esta transformação visando suprir demandas e
necessidades criadas pelo homem, se dá mediante o trabalho.
Neste contexto o trabalho pode ser aqui definido como forma de
intervenção do homem na natureza, transformando-a em produto do seu
trabalho.
Esta relação homem x natureza, entretanto não ocorre de forma
harmoniosa, acarretando conseqüências irreversíveis.
Outra relevante característica da relação de trabalho, é que não
apenas a natureza é explorada pelo homem, mas também o próprio
homem.
Em uma relação desigual, onde o trabalhador assalariado vende
sua mão de obra ao patrão-empregador, detentor dos instrumentos e
meios de produção, prevalece a supremacia Capitalista, ideologia na
qual o que importa são os lucros, o dinheiro, jamais o ser humano.
Sob esta ótica, um Projeto Político Pedagógico alicerçado em bases
solidárias, que tenha como foco o ser humano em sua totalidade, deve
buscar superar a prática do trabalho alienado que faz do homem objeto,
desconhecedor de sua condição de homem; deve buscar ainda a ruptura
com divisão entre trabalho manual e trabalho intelectual, que elitiza ,
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que discrimina, que é responsável direta e indiretamente pelos diversos
estratos sociais.
Desta forma, o Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli, busca
envolver seus alunos na concepção de que o trabalho deve servir para
alavancar nossas capacidades e potenciais, procurando ainda, fazê-los
pensar de forma crítica sobre esta relação Capital x trabalho, ter x ser,
necessidades x consumismo.
2.5.1 Educação e Trabalho
Várias são as questões fundamentais sobre o trabalho, entre elas,
como o trabalho é definido e organizado e como isso afeta a experiência
de trabalho, como os indivíduos são distribuídos entre as ocupações (em
termos de sexo, raça ou composição etária da força de trabalho, como a
organização do trabalho se vincula ao sistema), a estratificação e
desigualdade e como ele se relaciona com as grandes instituições, como
o estado, a religião e a família, as quais devem ser analisadas a partir do
conceito geral de trabalho, entendido como toda atividade que gera um
produto ou serviço para uso imediato ou troca.
Na sociedade de mercado, onde indivíduos satisfazem suas
necessidades principalmente mediante recebimento de salário, o
trabalho é considerado como ocupação apenas se resultar em ganho
monetário, o qual se dá através de um tipo particular, entendido como
emprego ambiente social particular no qual o trabalho é realizado.
Quando ocorrem mudanças na estrutura de oportunidades no mercado
de trabalho, ocorre a diminuição nas vagas de emprego em determinada
ocupação, sendo assim necessário, a volta aos estudos para adquirir
novas habilidades que qualifiquem o trabalhador para ocupações
diferentes.
O sistema econômico capitalista organiza o trabalho de maneira
que os trabalhadores fiquem alienados de seu trabalho. O
desenvolvimento de trabalho alienado afeta a maneira como o indivíduo
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se sente. A alienação ocorre porque os que produzem bens têm voz
sobre o que produzem e como produzem.
Na produção capitalista os trabalhadores não exercem controle
sobre o que é feito com o mesmo, que resulta na tendência dos
trabalhadores se distanciarem do trabalho, vivenciando-o como uma
tarefa enfadonha a ser suportada até a chegada do fim de semana,
transformando-se em rotina, em atividade mecânica e dirigida por
outras pessoas.
Na ótica capitalista, o trabalho é uma forma de ganhar dinheiro
para satisfazer as necessidades materiais.
Contudo, é necessário buscar um trabalho significativo no qual os
trabalhadores possam vivenciar a si mesmos como seres humanos
completos e integrados. De acordo com Marx, a condição de sentir-se
humano é a realização de trabalho significativo, através do qual o
homem modela e transforma o meio ambiente.
Oferecer aos alunos possibilidade de realizar estágios não
obrigatórios deve ser a condição de proporcionar o contato do estudante
com o mundo do trabalho e não apenas inseri-lo no mercado de
trabalho, aqui entendido como o conjunto de mecanismos sociais
através dos quais o trabalho é comprado e vendido, uma mercadoria a
ser vendida em troca de salário, relação desigual entre capitalistas e
trabalhadores. Para Gramsci a escola do trabalho não é a escola do
emprego, assim a escola é local de estudo, portanto, trabalho intelectual
sério, é esforço disciplinado, muscular nervoso que se acrescenta ao
esforço da jornada de trabalho.
É necessário ter claro que o mercado de trabalho apresenta
segmentação devido a tendência capitalista ocorrendo a divisão em
diferentes empregos. Para uns empregos altamente remunerados e para
outros, a maioria, empregos de baixa remuneração, prestígio e
segurança limitados e de pouca oportunidade em matéria de
qualificações e promoções.
Portanto, a escola deve, através da transmissão do conhecimento
historicamente produzido, formar estudantes que sejam conscientes da
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sua condição de classe, para compreender as verdadeiras causas e
extensão da opressão que os trabalhadores sofrem. As classes
dominantes tendem a controlar as grandes instituições sociais
exercendo grandes influências sobre os valores, crenças e normas
culturais, sendo função da escola, fornecer condições teóricas para que
os estudantes compreendam os pressupostos para conhecer, comparar
e identificar os diferentes pontos de vista que determinam como o grupo
ou sociedade está organizada e como acontece a influência dos
aspectos culturais, econômicos e sociais predominantes na sociedade
onde vivem.
2.5.2 Estágio não obrigatório
Entende-se por estágio não obrigatório aquele desenvolvido por
iniciativa do próprio estudante como atividade opcional, acrescida à
carga horária regular e obrigatória, mediante autorização do
responsável, quando menor de 18 anos, visando o enriquecimento de
sua formação.
De acordo com a Lei 11788/08, estágio é ato educativo escolar
supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à
preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam
freqüentando o ensino regular em instituições de educação superior, de
educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos
anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da
educação de jovens e adultos, podendo ser obrigatório ou não
obrigatório.
2.5.3 Condições para efetivação do contrato de estágio não obrigatório
O horário de realização do estágio a ser cumprido pelos
estudantes será negociado entre a concedente e o estagiário, desde que
não haja coincidência com o horário das aulas e atividades escolares.
20
As atividades a serem desenvolvidas pelo estagiário, bem como,
todas as condições de estágio, devem constar em Termo de
Compromisso assinado pelos interessados.
A supervisão do estágio deve ser entendida como orientação
fornecida ao estudante no decorrer do estágio, buscando-se o pleno
desempenho de ações, princípios e valores inerentes à escola e ao
mundo de trabalho.
2.5.4 Objetivos do estágio não obrigatório
• Criar um campo de experiências e conhecimentos que
constitua a possibilidade de articulação entre teoria e
prática e que estimule a inquietação intelectual dos
alunos;
• Desenvolver capacidades, hábitos e atitudes pertinentes e
necessárias para aquisição das competências acadêmicas;
• Incentivar o interesse pela pesquisa;
• Colaborar para o exercício da cidadania plena;
• Criar um espaço de inserção para a vida profissional;
• Propiciar a ampliação do universo cultural dos estudantes;
• Permitir o desenvolvimento de capacidades técnicas e
científicas, visando uma melhor qualificação para o futuro
profissional do estudante;
• Propiciar condições para aquisição de maiores
conhecimentos e experiências no mundo do trabalho.
2.5.5 Supervisão do estágio não obrigatório
Cabe ao Pedagogo supervisionar os alunos que venham a realizar
estágio não obrigatório e ele deverá:
21
• Manter atualizado o cadastro das atividades de estágio
realizado pelos alunos;
• Promover palestras, seminários, visitas, objetivando
esclarecer sobre os programas de estágio;
• Divulgar as vagas para estágio oferecidas pelas unidades
concedentes;
• Promover reuniões com professores e supervisores
técnicos, sempre que necessário;
• Acompanhar, via relatório entregue pelos estudantes, o
desenvolvimento do estágio;
• Informar o estagiário sobre as normas, procedimentos e
critérios de avaliação do estágio;
• Comunicar a empresa/instituição concedente o calendário
escolar aprovado pela mantenedora, bem como, informar
horário do início e término das atividades escolares e
períodos das avaliações.
2.5.6 Compete ao estagiário:
• Informar-se e cumprir as normas e regulamentos do
estágio;
• Cumprir o plano de estágio que foi estabelecido;
• Firmar o Termo de Compromisso de estágio com a unidade
concedente;
• Entregar os relatórios sobre o estágio ao pedagogo que o
acompanha num período inferior a 6 meses;
• Respeitar o sigilo da unidade concedente do estágio e
obedecer as normas por ela estabelecidas.
2.6 Concepção de Tecnologia
22
O Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli, concebe a tecnologia
enquanto conhecimento e os computadores como recurso qualificado
que cria um impacto significativo não somente na produção de bens e
serviços, mas também no conjunto das relações sociais, culturais e
humanas.
O “conhecimento” é o eixo estrutural comum que norteia a
educação, a escola e a sociedade, e, para que todo cidadão exerça sua
cidadania plena, é necessário que todos tenham acesso à informação e
à tecnologia.
As implicações dos avanços da informática que mais se
destacaram neste processo de evolução tecnológica indicam que
estamos vivendo num período de transformações revolucionárias. A
informática constitui um salto qualitativo na história da humanidade,
pois com ela, o homem deixa de ampliar apenas a capacidade sensório-
motora e passa a ampliar parte de sua própria capacidade mental de
processar informações. A informática além de intensificar o processo
comunicativo, expande o uso das potencialidades de pensar. Ela
apresenta o raciocínio lógico e a memória como condicionantes básicos.
O computador pode ser classificado como Instrumento de Ensino.
Está se tornando uma ferramenta poderosa para a escola.
A informática e seus computadores estão tomando conta da
sociedade, não somente na indústria, nos serviços, mas também no dia-
a-dia, e a escola portanto, deve preparar seus alunos para essa
realidade introduzindo em suas atividades o aprendizado do emprego do
computador.
É importante salientar que não basta o aluno ter contato com os
computadores, povoar as escolas com os mesmos e adequar os horários
para que todos tenham acesso. É importante, acima de tudo, saber o
que se quer com esse contato, o que significa e quais possíveis
aplicações dos conhecimentos básicos de programação, aplicativos,
editores de textos, planilhas eletrônicas, internet...
2.7 Concepção de Escola
23
2.7.1 Filosófica
Os princípios filosóficos que norteiam a prática educativa do
Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli concebidos, enquanto formação
integral, visam buscar a melhoria da qualidade de aprendizagem;
comunicar e socializar o saber sistematizado, desenvolvendo um
trabalho de atendimento às necessidades dos alunos, em especial, das
camadas populares; formar o cidadão pensante, consciente, crítico;
possibilitar o acesso à cultura; integrar o colegiado no compromisso de
mudanças e metas a serem cumpridas no PPP (Del. 014/99); preparar os
jovens de maneira que possam acompanhar as rápidas mudanças
mundiais, desafiando-os a construírem seu próprio conhecimento;
conscientizar o aluno de seu papel na construção da história.
O principal papel da escola da atualidade é tornar-se um espaço
privilegiado de encontro humano. Um local em que as pessoas com
experiências diversas desenvolvam seus potenciais.
A escola será gratuita, mantida pelo Estado, organizada e
funcionando de modo que todos tenham acesso a mesma. O
conhecimento será trabalhado na perspectiva de socialização e domínio
do mesmo de maneira a compreender o mundo para que seja possível
participar plenamente da sociedade.
Nossa escola será democrática e gratuita. Será democrática para
garantir a todos o acesso e a permanência na escola, proporcionando
um espaço para aprendizagem que leve em conta as características
específicas dos alunos que freqüentam e será gratuita porque é um
direito essencial dos indivíduos para se constituírem cidadãos.
No processo de planejamento e implantação do trabalho
pedagógico é imprescindível a preocupação com a garantia da igualdade
e justiça curricular, Gimeno Sacristan (2002, p. 249-258) destaca os
momentos e sentidos da igualdade na escola:
1- O acesso à educação: é necessária a escolarização básica, de
efetivo e
24
igual duração e qualidade para todos.
2- A igualdade, no que se refere à permanência no sistema
educacional: a
escola deve garantir a todos os estudantes a educação de qualidade,
visando à superação das desigualdades sociais.
3-A igualdade de tratamento interno: todos os alunos têm o direito
de receber uma educação de qualidade – professores, currículo, meios
técnicos e condições ambientais.
4-A igualdade de realização: dos objetivos fixados pela instituição
escolar, que requer estratégias pedagógicas que propiciem o
desenvolvimento de todos os educandos.
5-A igualdades de oportunidades na transição para o mundo adulto
e produtivo: se quando os educandos chegam ao término do processo
de escolarização, as desigualdade permanecem as mesmas vivenciadas
quando do início deste processo, então a escola terá realizado apenas o
mero papel de reprodutora das diferenças sociais.
Outro princípio fundamental de nossa instituição é ter como base a
educação para todos, e como foco, a inclusão de alunos com
necessidades educacionais especiais, garantindo o acesso e a
permanência, assim como a qualidade no atendimento.
A inclusão do aluno com necessidades educativas especiais,
garantida em lei, se dará com base no respeito às diferenças, mas com
uma pedagogia centrada no aluno e não na diferença, que tenha ênfase
não na dificuldade, mas no potencial, enfim, uma pedagogia equilibrada
que beneficie todas as crianças, visto que estas terão a oportunidade de
conviver e crescer, aprendendo na diversidade a superar suas
dificuldades e a lidar com suas limitações.
2.7.2 Concepção Pedagógica
A escola pública é o lugar privilegiado onde as crianças e jovens
podem ampliar os seus saberes para tornarem-se capazes de exercerem
a sua condição de cidadão, em uma realidade caracterizada por
25
profundas desigualdades sociais. Portanto, é fundamental que a escola
esteja baseada nos referenciais do presente e na realidade que nos
rodeia, para promover a transformação que se faz necessária. E esta é
garantida através do compromisso crítico dos envolvidos neste
processo.
A escola tem a liberdade de adequar o currículo, o planejamento
à realidade do educando fazendo os ajustes necessários para o
desempenho do seu papel, para que haja a abertura de atividades
diversificadas, a fim de criar uma maior interação entre alunos e a
realidade que os cercam, de acordo com as condições materiais e
humanas que a escola oferece.
A escola precisa deixar clara sua função. Ao reafirmarmos o seu
valor, apegamo-nos ao dizeres de Saviani, que afirma:
“... o fundamental hoje no Brasil é garantir uma escola elementar
que possibilite o acesso à cultura letrada para o conjunto da população.
Logo, é importante envidar todos os esforços para que a alfabetização,
o domínio da língua vernáculo, o mundo dos cálculos, os instrumentos
de explicação científico estejam disponíveis para todos indistintamente.
Portanto, aquele currículo básico da escola elementar (Português,
Aritmética, Geografia e Ciências) é uma coisa que temos que recuperar
e colocar como centro de nossas escolas, de modo a garantir, que todas
as crianças, assimilem esses elementos, pois sem isso elas não se
converterão em cidadãos com a possibilidade particular dos destinos do
país e interferir nas decisões e expressar seus interesses, seus pontos
de vista” (Saviani, 1986:82).
Para possibilitar a efetivação de uma ação pedagógica
transformadora é necessário oferecer cursos de capacitação ao corpo
docente, promover a conscientização dos pais quanto à vida escolar dos
filhos, oferecer condições de segurança pública aos alunos nos arredores
da escola, e oferecer atividades pedagógicas de apoio à aprendizagem
aos alunos com dificuldades no processo de aquisição de conteúdos.
26
O trabalho pedagógico sempre vinculado à realidade escolar,
contempla o papel da educação de caráter obrigatório e universal em
um ensino de qualidade.
Esta concepção de organização curricular incide obrigatoriamente
nas formas de ensinar e privilegia o tratamento disciplinar dos
conteúdos, pretende contribuir para a superação da tradicional forma de
sistematizar e trabalhar com os conteúdos escolares, supondo ao
mesmo tempo, a sua necessária inter-relação com o planejamento
curricular, principalmente no que se refere ao tratamento dos conteúdos
pelos professores em sala de aula, objetivando em última instância a
efetiva apreensão do conhecimento pelos alunos da escola pública
(Saviani,1989).
A avaliação de modo geral apresenta uma dimensão formadora,
com função de promover o desenvolvimento das pessoas
Na escola a avaliação revela o desempenho presente, as
possibilidades de desempenho futuro e os encaminhamentos
necessários para as práticas que precisam ser modificadas, apontando
novos caminhos e possibilitando a superação dos problemas atuais.
A aprendizagem difere do desenvolvimento, entendendo o
desenvolvimento enquanto herança genética. Todo ser humano se
desenvolve, indo ou não à escola. Já a aprendizagem depende do
contexto no qual o indivíduo vive, de acordo com as oportunidades.
A aprendizagem escolar ocorre em realizações sucessivas,
situadas no tempo de escolarização e de acordo com os períodos de
desenvolvimento.
Como a aprendizagem tem dimensões temporais distintas, a
avaliação num único momento isolado, acaba por ser, no mínimo parcial.
Aprendizagem precisa ser verificada nas várias dimensões em
que a nova aquisição reorganiza o comportamento do indivíduo.
Avaliar é uma das atividades mais comuns na vida cotidiana de
todo ser humano.
Ao avaliar deve-se identificar fatores, refletir sobre o valor e
funcionalidade destes fatores, compreender a situação para realizar o
27
próximo passo, elaborar estratégias, formular respostas, resolver algum
problema. Avaliar é um processo complexo, no qual o significado do que
está sendo avaliado é sempre construído em relação a algum modelo ou
referencial existente no meio cultural do indivíduo que avalia.
O aluno está continuamente construindo sua imagem como
aprendiz a partir de todos os indicadores que ele percebe em sala de
aula. Este é um aspecto muito importante, que se discute com o
educando a apreciação que ele faz de si mesmo. Este julgamento é de
grande importância, pois estará sempre presente nas atividades de
aprendizagem.
A avaliação existe na escola desde sua criação, e ao longo dos
anos tem tido caráter punitivo; a palmatória denota esta relação entre
punição e aprendizagem. A prova foi-se enfatizando como instrumento
básico de avaliação, assim perdeu-se a idéia de processo de
aprendizagem para privilegiar o produto de aprendizagem. Na escola
moderna o objetivo da avaliação é quantificar a aprendizagem com
grande ênfase no erro. Contemporaneamente, há uma confusão entre
avaliação do comportamento e da aprendizagem concepção de erro.
Indisciplina não significa necessariamente não-aprendizagem.
Tradicionalmente praticado como sendo a comparação entre os
resultados obtidos e os padrões estabelecidos, a avaliação assume um,
caráter de transgressão, ao tornar-se democrático, pois os próprios
padrões são questionados. Os padrões são culturais, portanto
construídos historicamente e condicionados por um modo de produção
capitalista que se transforma ao longo do tempo, mas não permite que
sua natureza seja alterada.
Ao romper os padrões culturais, a avaliação, auxilia as
manifestações da vida e da natureza, quando praticado sem
julgamentos morais ou de comparação. A relação da aprendizagem
como tempo da vida recomeça a concepção cumulativa e não a
concepção pelo cálculo de médias dos resultados apresentados em
diferentes tempos. ( Profª Drª Lilian Anna Wachorwicz).
28
Mas é importante que se entenda que uma forma de pensamento
presente em dado momento no processo de aprendizagem não é uma
característica estabilizada e/ou permanente do pensamento.
A partir da avaliação é necessário identificar quais são as
intervenções necessárias para a continuidade da aprendizagem.
O erro deve ser ressignificado no seu papel no processo
educativo. Analisar o erro para detectar as informações que o educando
está utilizando, quais relações estabelece entre elas.
Considerar o erro como parte do pensamento em formação traz
uma nova dimensão do processo avaliativo: avaliação implica na
identificação de um determinado objeto de conhecimento, através da
articulação (dialética) entre os elementos adequados da resposta
(geralmente referidos como acertos) e os elementos inadequados
( geralmente referidos como erros).
A avaliação para a formação humana tem como função nortear o
aluno e informar ao professor o estágio de desenvolvimento do aluno e
os próximos passos no processo. Desta forma não classifica, mas situa.
Sendo assim, a avaliação deve ser entendida como formativa,
contínua e diagnóstica do ensino e aprendizagem, devendo apontar as
dificuldades, possibilitando a intervenção pedagógica; é a retomada
dentro e a partir das diferenciadas metodologias.
2.7.3 Administrativa
A escola será administrada por uma equipe composta pela Direção
e Direções Auxiliares as quais serão indicadas pela comunidade,
conforme a legislação em vigor. Essa administração, no entanto, terá
caráter democrático no que diz respeito a tomada de decisões, com
consultas constantes ao grupo de professores e pais de alunos.
Um importante elemento constitutivo desta relação administrativa
é a participação, sem a qual a gestão perde seu teor democrático e
reduz seus estreitos laços com a comunidade a informes e comunicados.
29
A família tem importante papel não somente em relação aos
aspectos pedagógicos da escola, mas também administrativos, uma vez
que estes estão intrinsecamente relacionados, um afetando diretamente
o outro. Assim, “por pequena que seja, em comparação com tudo o que
há por fazer na escola, a contribuição que os pais podem dar para o
processo pedagógico escolar precisa ser levada em conta para evitar o
risco de se ignorar algo que é imprescindível para o bom desempenho
dos alunos” (Paro 2002, p. 72).
A escola deve garantir espaços de atuação coletiva, promovendo o
processo de democratização. Espaços estes como a participação de
representantes dos diversos segmentos (diretores, professores,
funcionários, estudantes, pais e outros representantes da comunidade),
para discutir definir e acompanhar o desenvolvimento do projeto político
pedagógico da escola.
O Conselho Escolar delibera sobre questões político-pedagógicas,
administrativas e financeiras. Analisa, empreende e viabiliza o
cumprimento da finalidade da escola, representa a comunidade escolar
e local. Esta instância é de suma importância para a escola, pois é
através desse espaço de discussão democrática que idéias, sugestões,
princípios e ações são discutidos, consensuados e realizados de forma
conjunta e participativa.
O Conselho de Escola não deve ser instituído por mera formalidade
ou simples cumprimento da lei mas deve ser um espaço de exercício
autêntico do diálogo do poder de decisão na busca do bem comum no
âmbito de escola e de suas relações.
O Conselho Escolar, constitui um importante espaço de tomada
democrática de decisões. Dessa instância de representação participam
“diretores, professores, funcionários, estudantes, pais e outros
representantes da comunidade para discutir, definir e acompanhar o
desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico da Escola, que deve ser
visto, debatido e analisado dentro do contexto nacional e internacional
em que vivemos”. (MEC, 2004 cad. 1 p. 20). É atribuição do Conselho
Escolar deliberar sobre questões político-pedagógicas, administrativas,
30
financeiras; analisar, empreender e viabilizar o cumprimento das
finalidades da escola; representar a comunidade escolar e local, nessa
perspectiva ,” é papel das comunidades locais participar nas decisões
relativas aos rumos, diretrizes e organização de suas escolas, como
forma de garantir uma educação de qualidade que possa ter
continuidade, mesmo com as mudanças que ocorrem no quadro político
“. Setubal, al, p.151).
O Projeto Político Pedagógico, como norteador da prática
educativa, requer um processo democrático em que todos possam
envolver-se nas deliberações acerca do que é importante; deve consistir
em tomar consciência das condições concretas ou das contradições que
sinalizam para a viabilidade de um projeto de democratização das
relações no interior da escola.
“Essa participação política comprova a constante luta
empreendida por essas pessoas ao se autoquestionarem sobre suas
condições presentes, para poderem atuar com maior responsabilidade.
Não se engajar nesse contínuo questionamento é esquivar-se da própria
responsabilidade para com as vidas atuais e futuras de milhares de
alunos que passam anos na escola”. (APPLE; p. 46-47, 2002.)
O fator fundamental para estabelecer uma gestão democrática é
manter os canais de comunicação abertos entre escola e comunidade
escolar para que todos possam ser estimulados a contribuir.
3. MARCO OPERACIONAL
3.1 Procedimentos
3.1.1 Gerais
A prática pedagógica de nossa escola está pautada nos princípios
norteadores da educação segundo a LDB 9394/96, seguindo assim suas
consignas.
No que se refere ao Calendário Escolar, no último mês do ano
anterior à vigência do mesmo, se coloca em edital as instruções do
31
Núcleo Regional de Educação para a sua elaboração, no intuito de
coletar sugestões sobre o mesmo. Depois de um determinado período se
mostra ao corpo docente uma proposta de calendário e novamente se
buscam sugestões. Só ai é elaborado em definitivo o calendário para o
ano letivo seguinte, que é, posteriormente, endereçado aos órgãos
competentes para a devida aprovação, sendo que, junto com o
calendário, seguirá em anexo uma proposta para a sua complementação
e dinamização.
Quanto ao Conselho de Classe, serão realizados quatro anuais,
onde todos os professores, de todos os turnos e de todas as áreas se
farão presentes para avaliação do processo de aprendizagem, como um
todo, durante determinado período letivo. Serão momentos de trocas de
experiências, de idéias, dificuldades e serão, sobretudo, momentos de
avaliação e discussões .
Para acompanhamento das médias e análise dos rendimentos dos
alunos em cada disciplina, serão realizados pré-conselhos, que se
constituem de reuniões menores, só com a participação dos professores
da turma em questão e da equipe pedagógica, onde trocam-se
informações e propõem-se procedimentos com o intuito de incentivar o
aluno a buscar o seu aperfeiçoamento.
Em termos operacionais serão realizados os seguintes
procedimentos:
Reunião de professores para discussão e levantamento dos problemas
da escola e busca de soluções para os mesmos, ainda no início do ano,
discussão em grupo de professores sobre os seguintes tópicos:
- Problemas enfrentados no ano interior e que dificultaram a
realização de um trabalho pedagógico de melhor qualidade;
- O que se pretende mudar na escola e nas aulas?
- Planejamento: como está sendo feito e o que precisa ser
aperfeiçoado?
- Atuação da equipe pedagógica na escola: como está ocorrendo e o
que precisa melhorar?
32
As conclusões dos grupos, após a aprovação do plenário, serão
incluídas no Projeto Político Pedagógico da escola, para tentativa de
superação dos problemas.
3.1.2 Do Ensino Fundamental
É papel da escola instrumentalizar crianças e jovens para o
processo democrático, propiciando o acesso à educação de qualidade
para todos e às possibilidades de participação social.
As séries iniciais do Ensino Fundamental – 1ª a 4ª série – têm
importância relevante em toda a vida escolar do aluno, visto ser a base
para o aprender a aprender. Na perspectiva do que propõe este PPP são
considerados elementos necessários para a construção do aprender:
autonomia, diversidade, interação e cooperação. Elementos a partir dos
quais buscaremos atingir o objetivo maior do Ensino Fundamental, que
segundo a LDB, é o de propiciar a todos a formação básica para a
cidadania.
Dentro deste contexto, o CBA – Ciclo Básico de Alfabetização –
desenvolvido pelo Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli, é uma
proposta curricular que expressa a preocupação e o compromisso dos
educadores com a melhoria do ensino, no sentido de responder às
necessidades sociais e históricas para a sua inserção na cultura letrada,
cria as condições de operação mental, capacidade de apreensão de
conceitos mais elaborados e complexos, que vem resultando do
desenvolvimento das formas sociais de produção.
A concepção de aprendizagem é de processo social, em que a
atividade humana é mediadora das relações do homem com os outros
homens e com a natureza. Nessa mediação, o professor, como agente
capaz e experiente, irá fazer a intervenção pedagógica necessária
promovendo situações em que a nova informação seja possível de ser
compreendida pelas crianças, isto é, precisa haver uma ligação possível
entre aquilo que o aluno já sabe e o que vai aprender. É necessário,
33
também, estabelecer uma relação ativa e contextualizada da criança
com o conteúdo a ser aprendido.
Dentro desta perspectiva de trabalho, adota-se o sistema contínuo
de quatro anos, sem retenção de alunos até a 4ª série, pois considera-se
a alfabetização como processo gradativo, onde se procura respeitar as
peculiaridades de cada criança nele envolvido.
A efetivação da proposta do Ciclo Básico vai ao encontro da
obrigatoriedade do Ensino Fundamental, seguindo princípios da LDB,
uma vez que trabalha com a visão holística sobre o aluno e tende, ainda,
a reduzir o afunilamento para o prosseguimento das séries posteriores:
5ª a 8ª série.
O Ensino Fundamental tem, entre outros, o objetivo de levar o
aluno a compreender a cidadania como participação social e política;
conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sócio-cultural brasileiro;
perceber-se integrante, dependente e agente transformador do
ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles;
questionar a realidade formulando problemas e tratando de resolvê-los.
Para cumprir tais objetivos, o Colégio Padre Cláudio Morelli busca
resignificar as relações sociais dentro e fora da escola, procurando criar
um ambiente de troca e de cooperação, onde família e escola possam
juntas pensar encaminhamentos e propostas de forma a atender as
diversas nuances que se fazem presentes no surgimento da
adolescência. Buscando estabelecer parâmetros, valores e
possibilidades de expressão para o jovem, utilizando para isto as mais
variadas atividades, desde gincana, jogos, dinâmicas, musicais,
atividades religiosas, desenho, pintura, exposições, aulas de campo, etc.
Para isto, serão feitos estudos e discussões com o corpo docente
para delimitar as linhas de ação, de modos a adequá-los às necessidade
e realidade locais.
Para tanto, serão previstos dias específicos no Calendário Escolar que
servirão para o desenvolvimento e, ou culminância dos projetos.
É preciso ter claro que em tempos de surpreendentes avanços
tecnológicos, progressos científicos, gerando uma sociedade movida a
34
informações, mas também uma sociedade que gera desemprego, que
exclui, que desencanta ao excluir, que gera fome, desigualdade e
desesperança, a Escola continua a ser um importante referencial para os
jovens, sendo, portanto, grande a responsabilidade da escola em
propiciar a estes jovens, não somente o Ensino Fundamental e Médio,
mas, também, condições para que estes percebam a importância da
Educação e façam da mesma, força motriz na construção e edificação
de suas vidas e de uma nova sociedade.
Conforme Moreira, a escola deve pautar suas ações na formação
geral, ampla, pois é isto que pode e deve oferecer.
A escola não deve, portanto, ter a expectativa de formar
cientistas, artistas ou músicos, mas contribuir para com os seus saberes
para que os estudantes possam ler e se expressar por meio de uma
linguagem com a qual tenham maior afinidade, o que só podem fazer se
conhecerem as diferentes linguagens postas no mundo de hoje.
( Moreira, p. 19,2003).
3.1.3 Do Ensino Médio
A atual legislação prevê a obrigatoriedade do Ensino Fundamental
e a progressiva ampliação do Ensino Médio, como forma de atender a
premissa de Educação para todos.
De acordo com muitas estatísticas o número de alunos que
concluem o Ensino Fundamental e conseguem ingressar no Ensino
Médio é ainda bastante baixo, indicando a existência de um sistema
seletivo e perverso, uma vez que exclui estes alunos da possibilidade do
Ensino Superior e, muitas vezes, até mesmo de uma profissão dentro do
mercado formal.
Este balanço, no entanto, não é novidade, visto que o próprio
histórico do Ensino Médio se encontra enraizado nesta dualidade: a
formação para o mercado de trabalho ou a formação para o
continuidade dos estudos? Como se ambas fossem incompatíveis.
35
O Colégio Estadual Padre Cláudio Morelli concebe o Ensino Médio
dentro da perspectiva da relação educação e trabalho enquanto unidade
indissociável, que perfaz a formação humana na sua totalidade. O
trabalho é aqui entendido enquanto relação produtiva que permeia a
história da humanidade, fazendo parte da evolução humana e da própria
sociedade.
Buscamos formar o aluno do Ensino Médio também para o mundo
de trabalho, mas principalmente para a formação cidadã, para que o
aluno tenha condições reais de realizar uma adequada leitura do mundo
em que vive, e principalmente, tenha possibilidades de intervir
criticamente em sua realidade, transformando-a de acordo com um
projeto de sociedade, o qual tenha planejado de forma consciente e
participativa.
3.2 Metas e Ações
Todos os envolvidos no processo educacional devem estar
comprometidos com essa proposta e desafio, visto que é o resultado da
discussão de todos os profissionais da educação e indicam os rumos que
neste momento se apresentam.
“... o fundamental hoje no Brasil é garantir uma escola elementar
que possibilite o acesso à cultura letrado para o conjunto da população”.
Logo, é importante envidar todos os esforços para que a alfabetização,
o domínio da língua vernáculo, o mundo dos cálculos, os instrumentos
de explicação científica estejam disponíveis para todos indistintamente.
Portanto, aquele currículo básico da escola elementar (Português,
Aritmética, História, Geografia e Ciências) é uma coisa que temos que
recuperar e colocar como centro das nossas escolas, de modo a garantir,
que todas as crianças, assimilem esses elementos, pois sem isso elas
não se converterão em cidadãos com a possibilidade de participar dos
destinos do país e interferir nas decisões e expressar seus interesses,
seus pontos de vista” (Saviani, 1986;82).
36
Como forma de buscar operacionalizar e concretizar nossos
pensamentos e reflexões à cerca de nossa filosofia e concepções,
propomos:
3.2.1 Formação Continuada dos Profissionais de Educação
- Desenvolvimento da semana de estudo, palestras e outros,
visando a qualidade do trabalho e a integração do corpo docente
e de funcionários.
- Cursos de capacitação para funcionários, objetivando o melhor
atendimento ao público, capacitando-os a resolver situações e
problemas que acontecem no dia a dia da escola.
- Formação continuada através dos simpósios, encontros, palestras
e eventos oferecidos pela SEED.
3.2.2 Integração Família e Escola
- Efetivação de projetos culturais proporcionando a presença da
família e da comunidade;
- Festa do folclore
- Corpus Christi
- Feira do conhecimento
- Festival de música.
- Organização de reuniões informativas para os pais.
- Participação cotidiana no processo formativo dos filhos
- Informar e exigir dos pais o acompanhamento do filho quanto ao
conhecimento aprendido e as medidas disciplinares da escola.
3.2.3 Efetivação de Projetos de Aprendizagem Extra Curriculares
37
- Projeto Gazeta do Povo, parceria com jornais dos bairros e de
menor circulação.
- Promoção de palestras, envolvendo trabalhos interdisciplinares.
- Projeto extra-curriculares como, lixo que não é lixo e outros.
- PROERD (Programa Estadual de Resistência às Drogas)
- Projeto de conscientização ecológica e cuidados com recursos
hídricos denominados OLHO D’ ÁGUA. (SECRETARIA MUNICIPAL
DO MEIO AMBIENTE).
3.2.4 Atitudes Disciplinares Coletivas
- Definição de regras comuns gerais no relacionamento professor /
aluno.
- Posicionamento coletivo quanto às medidas disciplinares em sala
de aula e fora dela.
- Encaminhar os casos emergenciais à Delegacia do Adolescente,
Conselho Tutelar.
- Aplicabilidade de regimento escolar nas infrações apresentadas.
- Professores, funcionários, equipe diretiva seguindo as normas
disciplinares.
- Manter os pais informados quanto ao comportamento dos filhos.
- Explorar habilidades dos alunos indisciplinados.
3.2.5 Otimização dos Colegiados
- Reimplantar o Grêmio Estudantil
- Avaliação institucional da escola.
- Reavaliação semestral do Projeto Político Pedagógico.
3.3 Determinação Geral
O Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Padre Cláudio
Morelli estará entrando em vigor no ano de 2006. Todavia no decorrer
38
deste período poderão ser feitas alterações, devendo ser estas
registradas em ata. O mesmo será entregue no Núcleo Regional de
Educação.
3.4– Referências Bibliográficas
• Sacristan J. Gimeno (2002,p. 249-258)
• Sacristan, J G. A educação obrigatória é o seu sentindo educativo e
social. Porto Alegre, 2001.
• Sacristan, J. Gimeno - O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3
ed. Porto Alegre, 2000.
• Vásquez, A S. Filosofia da Práxis . Trad. Luiz F. Cardoso. 2 ed. Rio de
Janeiro. Paz e Terra, 1977
• Veiga Neto, 1997, 60
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