código de Águas

231
Código de Águas Coleção Ambiental _ Volume I Brasília _ 2003 Senado Federal

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Código Nacional de águas

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  • Cdigode

    guas

    Coleo Ambiental _ Volume I

    Braslia _ 2003

    Senado Federal

  • COLEO AMBIENTAL VOLUME I

    Cdigo de guasE LEGISLAO CORRELATA

  • Senado FederalSecretaria Especial de Editorao e Publicaes

    Subsecretaria de Edies Tcnicas

    Braslia 2003

    COLEO AMBIENTAL VOLUME I

    Cdigo de guasE LEGISLAO CORRELATA

  • Editor: Senado FederalImpresso na Secretaria Especial de Editorao e PublicaesProduzido na Subsecretaria de Edies TcnicasDiretor: Raimundo Pontes Cunha NetoPraa dos Trs Poderes, Via N-2, Unidade de apoio IIICEP 70.165-900 Braslia, DFTelefones: (61) 311-3575, 3576 e 3579Fax: (61) 311-4258E-Mail: [email protected]

    Pesquisa e Organizao: Paulo Roberto Moraes de AguiarReviso: Angelina Almeida Silva e Renata Filgueira CostaEditorao Eletrnica e Capa: Renzo ViggianoFicha Catalogrfica: Yuri Guimares Barchette

    Brasil. Cdigo de guas (1934).Cdigo de guas : e legislao correlata. Braslia : Senado

    Federal, Subsecretaria de Edies Tcnicas, 2003.234 p. (Coleo ambiental ; v. 1)

    1. Cdigo de guas, Brasil (1934). 2. gua, legislao, Brasil. 3.Direito das guas, Brasil. I. Ttulo. II. Srie.

    CDDir 342.1244

    Trabalho atualizado at maio de 2002.

    ISBN 85-7018-220-1

  • Sumrio

    Dispositivos Constitucionais Pertinentes ....................................................... 11Decreto no 24.643, de 10 de julho de 1934 (Cdigo das guas)Livro I guas em geral e sua propriedade

    Ttulo I guas, lveo e margensCaptulo I guas Pblicas art. 1o a art. 6o ........................................ 19Captulo II guas Comuns art. 7o .................................................... 20Captulo III guas Particulares art. 8o ............................................. 20Captulo IV lveo e Margens art. 9o a art. 15 .................................. 21Captulo V Acesso art. 16 a art. 28 ................................................. 22

    Ttulo II guas Pblicas em Relao aos seus ProprietriosCaptulo nico art. 29 a art. 31 ........................................................... 23

    Ttulo III DesapropriaoCaptulo nico art. 32 e art. 33 ........................................................... 24

    Livro II Aproveitamento das guasTtulo I guas Comuns de Todos

    Captulo nico art. 34 e art. 35 ........................................................... 25Ttulo II Aproveitamento das guas Pblicas

    Disposio Preliminar art. 36 .............................................................. 25Captulo I Navegao art. 37 a art. 40 .............................................. 25Captulo II Portos art. 41 ................................................................. 26Captulo III Caa e Pesca art. 42 ...................................................... 26Captulo IV Derivao art. 43 a art. 52 ............................................. 26Captulo V Desobstruo art. 53 a art. 57 ........................................ 28Captulo VI Tutela dos Direitos da Administrao e

    dos Particulares art. 58 a art. 60 ....................................................... 28Captulo VII Competncia Administrativa art. 61 a art. 64 ............... 29Captulo VIII Extino do Uso Pblico art. 65 a art. 67 .................... 30

    Ttulo III Aproveitamento das guas Comuns e das ParticularesCaptulo I Disposies Preliminares art. 68 a art. 70 ....................... 30Captulo II guas Comuns art. 71 a art. 83 ...................................... 31Captulo III Desobstruo e Defesa art. 84 a art. 87 ........................ 32Captulo IV Caa e Pesca art. 88 ...................................................... 33Captulo V Nascentes art. 89 a art. 95 .............................................. 33

    Ttulo IV guas SubterrneasCaptulo nico art. 96 a art. 101 .......................................................... 34

    Ttulo V guas Fluviais art. 102 a art. 108 ............................................ 34Ttulo VI guas Nocivas

    Captulo nico art. 109 a art. 116 ........................................................ 35

  • Ttulo VII Servido Legal de AquedutoCaptulo nico art. 117 a art. 138 ........................................................ 36

    Livro III Foras Hidrulicas Regulamentao da Indstria HidroeltricaTtulo I

    Captulo I Energia Hidrulica eseu Aproveitamento art. 139 a art. 144 ............................................ 38

    Captulo II Propriedade das Quedas Dgua art. 145 a 149 ............ 40Ttulo II

    Captulo I Concesses art. 150 a art. 169 ......................................... 41Captulo II Autorizaes art. 170 a art. 177 ...................................... 46Captulo III Fiscalizao art. 178 a 188 ............................................ 48Captulo IV Penalidades art. 189 e art. 190 ...................................... 51

    Ttulo IICaptulo nico Competncia dos Estados para Autorizar ou

    Conceder o Aproveitamento Industrial das Quedas Dgua eOutras Fontes de Energia Hidrulica art. 191 a art. 194 ................... 51

    Ttulo IIICaptulo I Disposies Gerais art. 195 a art. 201 ............................. 52Captulo II Disposies Transitoriais art. 202 a art. 205 .................. 54

    Normas correlatasLeis

    Lei no 6.938/81 (Poltica ambiental) .............................................................. 59Lei no 7.754/89 (Nascentes e mananciais de gua doce) ............................. 71Lei no 8.171/91 (Lei agrcola) ........................................................................ 72Lei no 9.433/97 (Poltica Nacional de Recursos Hdricos) ............................ 92Lei no 9.605/98 (Penalidades ambientais) ..................................................... 107Lei no 9.966/2000 (Poluio das guas nacionais) ....................................... 124Lei no 9.984/2000 (Agncia Nacional de guas) ......................................... 137Lei no 9.985/2000 (Sistema Nacional de Unidades de

    Conservao da Natureza) .................................................................... 149Decretos (regulamentaes)

    Decreto no 79.367/77 ................................................................................... 168Decreto no 96.944/88 ................................................................................... 170Decreto no 3.057/99 ..................................................................................... 173Decreto no 3.692/2000 .................................................................................. 175Decreto no 3.834/2001 .................................................................................. 189Decreto no 4.024/2001 .................................................................................. 190Decreto de 5 de junho de 2001 3 .............................................................. 192Decreto no 4.136/2002 .................................................................................. 195Decreto no 4.340/2002 .................................................................................. 216

    ndice Temtico do Decreto no 24.643/34 (Cdigo de guas) ......................... 229

  • Nota do Editor

    Anunciamos, com satisfao, o lanamento da srie Coletnea Ambiental, quecompreender a edio de publicaes seqenciadas com variados temas normativose doutrinrios sobre a questo do meio ambiente, seja em territrio brasileiro, seja emtodo o globo terrestre. Sero abordados os problemas ecolgicos mais atuais e pre-mentes com os quais nos defrontamos, cuja soluo vincula-se diretamente com acontinuidade da prpria existncia humana no planeta.

    Essa soluo , ao mesmo tempo, uma questo de tempo e de ao. Impe-se-nos, atodos os homens de bom senso, no apenas a celeridade de atitudes positivas, comotambm uma gama de esforos compartilhados para a implementao dos objetivoscomuns desejveis, visando ao monitoramento de uma existncia possvel e susten-tvel para todos os organismos vivos do reino vegetal e animal, que at hoje dodiversidade aos nossos ares, florestas, campos, tundras, desertos e guas.

    Hoje os homens temem o futuro, no apenas em razo da interminvel contenda entreas naes, raas e crenas, que se vale em nome de uma paz muitas vezes injusta de armas convencionais, qumicas, nucleares e bacteriolgicas, como tambm pelosriscos que mesmo os seus empreendimentos em tese pacficos podem representarpara a manuteno das condies mnimas de subsistncia das espcies. Entre elespodem ser citados a construo de usinas nucleares, de fbricas, o transporte deleo mineral e rejeitos radioativos, o garimpo de ouro e minerais preciosos, as quei-madas para desmatamento e, enfim, tudo o que contribui para o aumento vertiginosodas emisses de gases e elementos txicos na atmosfera, rios e oceanos.

    Saber o ser humano vencer mais esse desafio ao seu caminho rumo a um futuronobre e digno? Temos a esperana de que sim, e o Brasil, por sua ndole democrticae humanitria, vem, particularmente nesse mister, desempenhando um importante eresponsvel papel no concerto das naes, posicionando-se firmemente a favor detodas as iniciativas mundiais por uma vida sadia e de qualidade para todos.

    Paulo Roberto Moraes de Aguiar assistente tcnico

  • DispositivosConstitucionais

    Pertinentes

  • 10 Cdigo de guas

  • 11Cdigo de guas

    TTULO IIDA ORGANIZAO DO ESTADO

    CAPTULO II Da Unio

    ............................................................................................................

    Art. 20. So bens da Unio:............................................................................................................

    III os lagos, rios e quaisquer correntes de gua em terrenos de seu domnio,ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros pases, ou seestendam a territrio estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos margi-nais e as praias fluviais;

    IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limtrofes com outros pases; aspraias martimas; as ilhas ocenicas e as costeiras, excludas, destas, as reas referi-das no art. 26, II;

    V os recursos naturais da plataforma continental e da zona econmica exclusiva:VI o mar territorial;VII os terrenos de marinha e seus acrescidos;VIII os potenciais de energia hidrulica;............................................................................................................

    1o assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aosMunicpios, bem como a rgos da administrao direta da Unio, participao noresultado da explorao de petrleo ou gs natural, de recursos hdricos para fins degerao de energia eltrica e de outros recursos minerais no respectivo territrio,plataforma continental, mar territorial ou zona econmica exclusiva, ou compensaofinanceira por essa ocupao.

    ............................................................................................................

    Art. 21. Compete Unio:............................................................................................................

    XII explorar, diretamente ou mediante autorizao, concesso ou permisso:............................................................................................................

    b) os servios e instalaes de energia eltrica e o aproveitamento energticodos cursos dgua, em articulao com os Estados onde se situam os poten-ciais hidroenergticos;d) os servios de transporte ferrovirio e aquavirio entre portos brasileiros efronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Territrio;f) os portos martimos, fluviais e lacustres;............................................................................................................

  • 12 Cdigo de guas

    XIX instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hdricos edefinir critrios de outorga de direitos de seu uso;

    ............................................................................................................

    Art. 22. Compete privativamente Unio legislar sobre:............................................................................................................

    IV guas, energia, informtica, telecomunicaes e radiodifuso;............................................................................................................

    X regime dos portos, navegao lacustre, fluvial, martima, area eaeroespacial;

    ............................................................................................................

    XIV populaes indgenas;............................................................................................................

    Art. 23. competncia comum da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dosMunicpios:

    ............................................................................................................

    III proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histrico, artsticoe cultural, os monumentos, as paisagens naturais notveis e os stios arqueolgicos;

    VI proteger o meio ambiente e combater a poluio em qualquer de suasformas;

    VII preservar as florestas, a fauna e a flora;XI registrar, acompanhar e fiscalizar as concesses de direitos de pes-

    quisa e explorao de recursos hdricos e minerais em seus territrios;............................................................................................................

    Art. 24. Compete Unio, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concor-rentemente sobre:

    ............................................................................................................

    VI florestas, caa, pesca, fauna, conservao da natureza, defesa do solo edos recursos naturais, proteo do meio ambiente e controle da poluio;

    VII proteo ao patrimnio histrico, cultural, artstico, turstico epaisagstico;

    VIII responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens edireitos de valor artstico, esttico, histrico, turstico e paisagstico;

    ............................................................................................................

    CAPTULO IIIDos Estados Federados

    ............................................................................................................

    Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:

  • 13Cdigo de guas

    I as guas superficiais ou subterrneas, fluentes, emergentes e em depsito,ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da Unio;

    II as reas, nas ilhas ocenicas e costeiras, que estiverem no seu domnio,excludas aquelas sob domnio da Unio, Municpios ou terceiros;

    III as ilhas fluviais e lacustres no pertencentes Unio;IV as terras devolutas no compreendidas entre as da Unio.............................................................................................................

    CAPTULO IVDos Municpios

    ............................................................................................................

    Art. 30. Compete aos Municpios:............................................................................................................ .

    VIII promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, medianteplanejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupao do solo urbano;

    ............................................................................................................

    CAPTULO VIIDa Administrao Pblica

    ............................................................................................................

    SEO IVDas Regies

    Art. 43. Para efeitos administrativos, a Unio poder articular sua ao em ummesmo complexo geoeconmico e social, visando a seu desenvolvimento e redu-o das desigualdades regionais.

    ............................................................................................................

    2o Os incentivos regionais compreendero, alm de outros, na forma da lei:............................................................................................................

    IV prioridade para o aproveitamento econmico e social dos rios e dasmassas de gua represadas ou represveis nas regies de baixa renda, sujeitas asecas peridicas.

    3o Nas reas a que se refere o 2o, IV, a Unio incentivar a recuperao deterras ridas e cooperar com os pequenos e mdios proprietrios rurais para oestabelecimento, em suas glebas, de fontes de gua e de pequena irrigao.

    ............................................................................................................

  • 14 Cdigo de guas

    TTULO VIIDA ORDEM ECONMICA E FINANCEIRA

    CAPTULO IDos Princpios Gerais da Atividade Econmica

    ............................................................................................................ .

    Art. 176. As jazidas, em lavra ou no, e demais recursos minerais e os potenciaisde energia hidrulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito deexplorao ou aproveitamento, e pertencem Unio, garantida ao concessionrio apropriedade do produto da lavra.

    ............................................................................................................

    CAPTULO IIIDa Poltica Agrcola e Fundiria e da Reforma Agrria

    ............................................................................................................

    Art. 187. A poltica agrcola ser planejada e executada na forma da lei, com aparticipao efetiva do setor de produo, envolvendo produtores e trabalhadoresrurais, bem como dos setores de comercializao, de armazenamento e de transpor-tes, levando em conta, especialmente:

    ............................................................................................................

    VII a eletrificao rural e irrigao;............................................................................................................

  • 15Cdigo de guas

    TTULO VIIIDA ORDEM SOCIAL

    CAPTULO VIDo Meio Ambiente

    Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem deuso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao poderpblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes efuturas geraes.

    1o Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder pblico:I preservar e restaurar os processos ecolgicos essenciais e prover o mane-

    jo ecolgico das espcies e ecossistemas;............................................................................................................

    IV exigir, na forma da lei, para instalao de obra ou atividade potencialmen-te causadora de significativa degradao do meio ambiente, estudo prvio de impac-to ambiental, a que se dar publicidade;

    V controlar a produo, a comercializao e o emprego de tcnicas, mtodos esubstncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

    VI promover a educao ambiental em todos os nveis de ensino e aconscientizao pblica para a preservao do meio ambiente;

    VII proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as prticas quecoloquem em risco sua funo ecolgica, provoquem a extino de espcies ousubmetam os animais a crueldade.

    2o Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meioambiente degradado, de acordo com a soluo tcnica exigida pelo rgo pblicocompetente, na forma da lei.

    ............................................................................................................

    4o A Floresta Amaznica brasileira, a Mata Atlntica, a Serra do Mar, o Panta-nal Mato-grossense e a Zona Costeira so patrimnio nacional, e sua utilizao far-se-, na forma da lei, dentro de condies que assegurem a preservao do meioambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.

    ............................................................................................................

    CAPTULO VIIIDos ndios

    Art. 231. So reconhecidos aos ndios sua organizao social, costumes, lnguas,crenas e tradies, e os direitos originrios sobre as terras que tradicionalmente ocu-pam, competindo Unio demarc-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

    ............................................................................................................

  • 16 Cdigo de guas

    2o As terras tradicionalmente ocupadas pelos ndios destinam-se a sua possepermanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e doslagos nelas existentes.

    3o O aproveitamento dos recursos hdricos, includos os potenciais energticos,a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indgenas s podem ser efetiva-dos com autorizao do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas,ficando-lhes assegurada participao nos resultados da lavra, na forma da lei.

  • 17Cdigo de guas

    Decreto no 24.643de 10 de julho de 1934

    (Cdigo de guas)

  • 18 Cdigo de guas

  • 19Cdigo de guas

    DECRETO No 24.643DE 10 DE JULHO DE 19341

    (CDIGO DE GUAS)O Chefe do Governo Provisrio da Repblica dos Estados Unidos do Brasil, usandodas atribuies que lhe confere o art. 1o do decreto no 19.398, de 11/11/1930, e:

    Considerando que o uso das guas no Brasil tem-se regido at hoje por uma legislaoobsoleta, em desacordo com as necessidades e interesse da coletividade nacional;

    Considerando que se torna necessrio modificar esse estado de coisas, dotando opas de uma legislao adequada que, de acordo com a tendncia atual, permita aopoder pblico controlar e incentivar o aproveitamento industrial das guas;

    Considerando que, em particular, a energia hidrulica exige medidas que facilitem egarantam seu aproveitamento racional;

    Considerando que, com a reforma porque passaram os servios afetos ao Ministrioda Agricultura, est o Governo aparelhado, por seus rgos competentes, a ministrarassistncia tcnica e material, indispensvel consecuo de tais objetivos;Resolve decretar o seguinte Cdigo de guas, cuja execuo compete ao Ministrioda Agricultura e que vai assinado pelos ministros de Estado:

    CDIGO DE GUAS

    LIVRO Iguas em Geral e Sua Propriedade

    TTULO Iguas, lveo e Margens

    CAPTULO Iguas Pblicas

    Art. 1o As guas pblicas podem ser de uso comum ou dominicais.

    Art. 2o So guas pblicas de uso comum:a) os mares territoriais, nos mesmos includos os golfos, baas, enseadas eportos;

    1 Coleo Leis do Brasil, CLBR 1934, V004, pgina 679 1.

  • 20 Cdigo de guas

    b) as correntes, canais, lagos e lagoas navegveis ou flutuveis;c) as correntes de que se faam estas guas;d) as fontes e reservatrios pblicos;e) as nascentes quando forem de tal modo considerveis que, por si s, cons-tituam o caput fluminis;f) os braos de quaisquer correntes pblicas, desde que os mesmos influamna navegabilidade ou flutuabilidade.

    1o Uma corrente navegvel ou flutuvel se diz feita por outra quando se tornanavegvel logo depois de receber essa outra.

    2o As correntes de que se fazem os lagos e lagoas navegveis ou flutuveissero determinadas pelo exame de peritos.

    3o No se compreendem na letra b deste artigo, os lagos ou lagoas situadasem um s prdio particular e por ele exclusivamente cercado, quando no sejamalimentados por alguma corrente de uso comum.

    Art. 3o A perenidade das guas condio essencial para que elas se possamconsiderar pblicas, nos termos do artigo precedente.

    Pargrafo nico. Entretanto, para os efeitos deste Cdigo ainda sero consi-deradas perenes as guas que secarem em algum estio forte.

    Art. 4o Uma corrente considerada pblica, nos termos da letra b do art. 2o, noperde este carter porque em algum ou alguns de seus trechos deixe de ser navegvelou flutuvel.

    Art. 5o Ainda se consideram pblicas, de uso comum todas as guas situadas naszonas periodicamente assoladas pelas secas, nos termos e de acordo com a legisla-o especial sobre a matria.

    Art. 6o So pblicas dominicais todas as guas situadas em terrenos que tambmo sejam, quando as mesmas no forem do domnio pblico de uso comum, ou noforem comuns.

    CAPTULO IIguas Comuns

    Art. 7o So comuns as correntes no navegveis ou flutuveis e de que essas nose faam.

    CAPTULO IIIguas Particulares

    Art. 8o So particulares as nascentes e todas as guas situadas em terrenos quetambm o sejam, quando as mesmas no estiverem classificadas entre as guascomuns de todos, as guas pblicas ou as guas comuns.

  • 21Cdigo de guas

    CAPTULO IVlveo e Margens

    Art. 9o lveo a superfcie que as guas cobrem sem transbordar para o solonatural e ordinariamente enxuto.

    Art. 10. O lveo ser pblico de uso comum, ou dominical, conforme a propriedadedas respectivas guas; e ser particular no caso das guas comuns ou das guasparticulares.

    1o Na hiptese de uma corrente que sirva de divisa entre diversos proprietri-os, o direito de cada um deles se estende a todo o comprimento de sua testada at alinha que divide o lveo ao meio.

    2o Na hiptese de um lago ou lagoa nas mesmas condies, o direito de cadaproprietrio estender-se- desde a margem at a linha ou ponto mais convenientepara diviso eqitativa das guas, na extenso da testada de cada quinhoeiro, linhaou ponto locados, de preferncia, segundo o prprio uso dos ribeirinhos.

    Art. 11. So pblicos dominicais, se no estiverem destinados ao uso comum, oupor algum ttulo legtimo no pertencerem ao domnio particular;

    1o, os terrenos de marinha;2o, os terrenos reservados nas margens das correntes pblicas de uso comum,

    bem como dos canais, lagos e lagoas da mesma espcie. Salvo quanto s correntesque, no sendo navegveis nem flutuveis, concorrem apenas para formar outrassimplesmente flutuveis, e no navegveis.

    1o Os terrenos que esto em causa sero concedidos na forma da legislaoespecial sobre a matria.

    2o Ser tolerado o uso desses terrenos pelos ribeirinhos, principalmente ospequenos proprietrios, que os cultivem, sempre que o mesmo no colidir por qual-quer forma com o interesse pblico.

    Art. 12. Sobre as margens das correntes a que se refere a ltima parte do no 2 doartigo anterior, fica somente, e dentro apenas da faixa de 10 metros, estabelecida umaservido de trnsito para os agentes da administrao pblica, quando em execuode servio.

    Art. 13. Constituem terrenos de marinha todos os que banhados pelas guas domar ou dos rios navegveis, vo at 33 metros para a parte da terra, contados desdeo ponto a que chega o preamar mdio.

    Este ponto refere-se ao estado do lugar no tempo da execuo do art. 54, 14, dalei de 15 de novembro de 1831.

    Art. 14. Os terrenos reservados so os que banhados pelas correntes naveg-veis, fora do alcance das mars, vo at a distncia de 15 metros para a parte de terra,contados desde o ponto mdio das enchentes ordinrias.

  • 22 Cdigo de guas

    Art. 15. O limite que separa o domnio martimo do domnio fluvial, para o efeito demedirem-se ou demarcarem-se 33 (trinta e trs), ou 15 (quinze) metros, conforme osterrenos estiverem dentro ou fora do alcance das mars, ser indicado pela seotransversal do rio, cujo nvel no oscile com a mar ou, praticamente, por qualquerfato geolgico ou biolgico que ateste a ao poderosa do mar.

    CAPTULO VAcesso

    Art. 16. Constituem aluvio os acrscimos que sucessiva e imperceptivelmentese formarem para a parte do mar e das correntes, aqum do ponto a que chega opreamar mdio, ou do ponto mdio das enchentes ordinrias, bem como a parte dolveo que se descobrir pelo afastamento das guas.

    1o Os acrscimos que por aluvio, ou artificialmente, se produzirem nas guaspblicas ou dominicais, so pblicos dominicais, se no estiverem destinados aouso comum, ou se por algum ttulo legtimo no forem do domnio particular.

    2o A esses acrscimos, com referncia aos terrenos reservados, se aplica oque est disposto no art. 11, 2o.Art. 17. Os acrscimos por aluvio formados s margens das correntes comuns,ou das correntes pblicas de uso comum a que se refere o art. 12, pertencem aosproprietrios marginais, nessa segunda hiptese, mantida, porm, a servido de trn-sito constantes do mesmo artigo, recuada a faixa respectiva, na proporo do terrenoconquistado.

    Pargrafo nico. Se o lveo for limitado por uma estrada pblica, esses acrs-cimos sero pblicos dominicais, com ressalva idntica a da ltima parte do 1o doartigo anterior.

    Art. 18. Quando a aluvio se formar em frente a prdios pertencentes a propri-etrios diversos, far-se- a diviso entre eles, em proporo a testada que cada umdos prdios apresentava sobre a antiga margem.

    Art. 19. Verifica-se a avulso quando a fora sbita da corrente arrancar umaparte considervel e reconhecvel de um prdio, arrojando-a sobre outro prdio.Art. 20. O dono daquele poder reclam-lo ao deste, a quem permitido optar, oupelo consentimento na remoo da mesma, ou pela indenizao ao reclamante.

    Pargrafo nico. No se verificando esta reclamao no prazo de um ano, aincorporao se considera consumada, e o proprietrio prejudicado perde o direitode reivindicar e de exigir indenizao.

    Art. 21. Quando a avulso for de coisa no susceptvel de aderncia natural,ser regulada pelos princpios de direito que regem a inveno.

    Art. 22. Nos casos semelhantes, aplicam-se avulso os dispositivos que re-gem a aluvio.

  • 23Cdigo de guas

    Art. 23. As ilhas ou ilhotas, que se formarem no lveo de uma corrente, pertencemao domnio pblico, no caso das guas pblicas, e ao domnio particular, no caso dasguas comuns ou particulares.

    1o Se a corrente servir de divisa entre diversos proprietrios e elas estiveremno meio da corrente, pertencem a todos esses proprietrios, na proporo de suastestadas at a linha que dividir o lveo em duas partes iguais.

    2o As que estiverem situadas entre esta linha e uma das margens pertencem,apenas, ao proprietrio ou proprietrios desta margem.

    Art. 24. As ilhas ou ilhotas, que se formarem, pelo desdobramento de um novobrao de corrente, pertencem aos proprietrios dos terrenos, custa dos quais seformaram.

    Pargrafo nico. Se a corrente, porm, navegvel ou flutuvel, eles poderoentrar para o domnio pblico, mediante prvia indenizao.

    Art. 25. As ilhas ou ilhotas, quando de domnio pblico, consideram-se coisaspatrimoniais, salvo se estiverem destinadas ao uso comum.

    Art. 26. O lveo abandonado da corrente pblica pertence aos proprietrios ribei-rinhos das duas margens, sem que tenham direito a indenizao alguma os donosdos terrenos por onde as guas abrigarem novo curso.

    Pargrafo nico. Retornando o rio ao seu antigo leito, o abandonado volta aosseus antigos donos, salvo a hiptese do artigo seguinte, a no ser que esses donosindenizem ao Estado.

    Art. 27. Se a mudana da corrente se fez por utilidade pblica, o prdio ocupadopelo novo lveo deve ser indenizado, e o lveo abandonado passa a pertencer aoexpropriante para que se compense da despesa feita.

    Art. 28. As disposies deste captulo so tambm aplicveis aos canais, lagosou lagoas, nos casos semelhantes que ali ocorram, salvo a hiptese do art. 539 doCdigo Civil.

    TTULO IIguas Pblicas em Relao aos Seus Proprietrios

    CAPTULO NICOArt. 29. As guas pblicas de uso comum, bem como o seu lveo, pertencem:

    I Unio:a) quando martimas;b) quando situadas no Territrio do Acre, ou em qualquer outro territrio quea Unio venha a adquirir, enquanto o mesmo no se constituir em Estado, oufor incorporado a algum Estado;

  • 24 Cdigo de guas

    c) quando servem de limites da Repblica com as naes vizinhas ou se esten-dam a territrio estrangeiro;d) quando situadas na zona de 100 quilmetros contgua aos limites da Rep-blica com estas naes;e) quando sirvam de limites entre dois ou mais Estados;f) quando percorram parte dos territrios de dois ou mais Estados.II Aos Estados:a) quando sirvam de limites a dois ou mais Municpios;b) quando percorram parte dos territrios de dois ou mais Municpios.III Aos Municpios:a) quando, exclusivamente, situados em seus territrios, respeitadas as restri-es que possam ser impostas pela legislao dos Estados.

    1o Fica limitado o domnio dos Estados e Municpios sobre quaisquer correntes,pela servido que Unio se confere, para o aproveitamento industrial das guas eda energia hidrulica, e para navegao;

    2o Fica, ainda, limitado o domnio dos Estados e Municpios pela competnciaque se confere Unio para legislar, de acordo com os Estados, em socorro das zonasperiodicamente assoladas pelas secas.

    Art. 30. Pertencem Unio os terrenos de marinha e os acrescidos natural ouartificialmente, conforme a legislao especial sobre o assunto.

    Art. 31. Pertencem aos Estados os terrenos reservados s margens das correntese lagos navegveis, se, por algum ttulo, no forem do domnio federal, municipal ouparticular.

    Pargrafo nico. Esse domnio sofre idnticas limitaes s de que trata o art. 29.

    TTULO IIIDesapropriao

    CAPTULO NICOArt. 32. As guas pblicas de uso comum ou patrimoniais, dos Estados ou dosMunicpios, bem como as guas comuns e as particulares, e respectivos lveos emargens, podem ser desapropriadas por necessidade ou por utilidade pblica:

    a) todas elas, pela Unio;b) as dos Municpios e as particulares, pelos Estados;c) as particulares, pelos Municpios.

    Art. 33. A desapropriao s se poder dar na hiptese de algum servio pblicoclassificado pela legislao vigente ou por este Cdigo.

  • 25Cdigo de guas

    LIVRO IIAproveitamento das guas

    TTULO Iguas Comuns de Todos

    CAPTULO NICOArt. 34. assegurado o uso gratuito de qualquer corrente ou nascente de gua,para as primeiras necessidades da vida, se houver caminho pblico que a torneacessvel.

    Art. 35. Se no houver este caminho, os proprietrios marginais no podem impe-dir que os seus vizinhos se aproveitem das mesmas para aquele fim, contanto quesejam indenizados do prejuzo que sofrerem com o trnsito pelos seus prdios.

    1o Essa servido s se dar, verificando-se que os ditos vizinhos no podemhaver gua de outra parte, sem grande incmodo ou dificuldade.

    2o O direito do uso das guas, a que este artigo se refere, no prescreve, mascessa logo que as pessoas a quem ele concedido possam haver, sem grande dificul-dade ou incmodo, a gua de que carecem.

    TTULO IIAproveitamento das guas Pblicas

    DISPOSIO PRELIMINARArt. 36. permitido a todos usar de quaisquer guas pblicas, conformando-secom os regulamentos administrativos.

    1o Quando este uso depender de derivao, ser regulado, nos termos docaptulo IV do ttulo II do livro II, tendo, em qualquer hiptese, preferncia a deriva-o para o abastecimento das populaes.

    2o O uso comum das guas pode ser gratuito ou retribudo, conforme as leis eregulamentos da circunscrio administrativa a que pertencerem.

    CAPTULO INavegao

    Art. 37. O uso das guas pblicas se deve realizar sem prejuzo da navegao,salvo a hiptese do art. 48 e seu pargrafo nico.

    Art. 38. As pontes sero construdas deixando livre a passagem das embarcaes.Pargrafo nico. Assim, estas no devem ficar na necessidade de arriar a mastreao,salvo se contrrio o uso local.

  • 26 Cdigo de guas

    Art. 39. A navegao de cabotagem ser feita por navios nacionais.

    Art. 40. Em lei ou leis especiais, sero reguladas:I A navegao ou flutuao dos mares territoriais das correntes, canais e

    lagos do domnio da Unio.II A navegao das correntes, canais e lagos:a) que fizerem parte do plano geral de viao da Repblica;b) que, futuramente, forem consideradas de utilidade nacional, por satisfaze-rem as necessidades estratgicas ou corresponderem a elevados interessesde ordem poltica ou administrativa.III A navegao ou flutuao das demais correntes, canais e lagos do terri-

    trio nacional.Pargrafo nico. A legislao atual sobre navegao e flutuao s ser

    revogada medida que forem sendo promulgadas as novas leis.

    CAPTULO IIPortos

    Art. 41. O aproveitamento e os melhoramentos e uso dos portos, bem como arespectiva competncia federal, estadual ou municipal sero regulados por leis espe-ciais.

    CAPTULO IIICaa e Pesca

    Art. 42. Em Leis especiais so reguladas a caa, a pesca e sua explorao.Pargrafo nico. As leis federais no excluem a legislao estadual supletiva ou

    complementar, pertencente a peculiaridades locais.

    CAPTULO IVDerivao

    Art. 43. As guas pblicas no podem ser derivadas para as aplicaes da agri-cultura, da indstria e da higiene, sem a existncia de concesso administrativa, nocaso de utilidade pblica e, no se verificando esta, de autorizao administrativa,que ser dispensada, todavia, na hiptese de derivaes insignificantes.

    1o A autorizao no confere, em hiptese alguma, delegao de poder pbli-co ao seu titular.

    2o Toda concesso ou autorizao se far por tempo fixo, e nunca excedentede trinta anos, determinando-se tambm um prazo razovel, no s para serem inici-adas, como para serem concludas, sob pena de caducidade, as obras propostas pelopeticionrio.

  • 27Cdigo de guas

    3o Ficar sem efeito a concesso, desde que, durante trs anos consecutivos,se deixe de fazer o uso privativo das guas.

    Art. 44. A concesso para o aproveitamento das guas que se destinem a umservio pblico ser feita mediante concorrncia pblica, salvo os casos em que asleis ou regulamentos a dispensem.

    Pargrafo nico. No caso de renovao ser preferido o concessionrio ante-rior, em igualdade de condies, apurada em concorrncia.

    Art. 45. Em toda a concesso se estipular, sempre, a clusula de ressalva dosdireitos de terceiros.

    Art. 46. A concesso no importa, nunca, a alienao parcial das guas pblicas,que so inalienveis, mas no simples direito ao uso destas guas.

    Art. 47. O Cdigo respeita os direitos adquiridos sobre estas guas, at a data desua promulgao, por ttulo legtimo ou posse trintenria.

    Pargrafo nico. Estes direitos, porm, no podem ter maior amplitude do queos que o Cdigo estabelece, no caso de concesso.

    Art. 48. A concesso, como a autorizao, deve ser feita sem prejuzo da navega-o, salvo:

    a) no caso de uso para as primeiras necessidades da vida;b) no caso da lei especial que, atendendo a superior interesse pblico, opermita.

    Pargrafo nico. Alm dos casos previstos nas letras a e b deste artigo, se ointeresse pblico superior o exigir, a navegao poder ser preterida sempre que elano sirva efetivamente ao comrcio.

    Art. 49. As guas destinadas a um fim no podero ser aplicadas a outro diverso,sem nova concesso.

    Art. 50. O uso da derivao real; alienando-se o prdio ou o engenho a que elaserve, passa o mesmo ao novo proprietrio.

    Art. 51. Neste regulamento administrativo se dispor:a) sobre as condies de derivao, de modo a se conciliarem quanto possvelos usos a que as guas se prestam;b) sobre as condies da navegao que sirva efetivamente ao comrcio, paraos efeitos do pargrafo nico do art. 48.

    Art. 52. Toda cesso total ou parcial da concesso ou autorizao, toda mudan-a de concessionrio ou de permissionrio depende de consentimento da adminis-trao.

  • 28 Cdigo de guas

    CAPTULO VDesobstruo

    Art. 53. Os utentes das guas pblicas de uso comum ou os proprietrios margi-nais so obrigados a se abster de fatos que prejudiquem ou embaracem o regime e ocurso das guas, e a navegao ou flutuao exceto se para tais fatos forem especi-almente autorizados por alguma concesso.

    Pargrafo nico. Pela infrao do disposto neste artigo, os contraventores,alm das multas estabelecidas nos regulamentos administrativos, so obrigados aremover os obstculos produzidos. Na sua falta, a remoo ser feita a custa dosmesmos pela administrao pblica.

    Art. 54. Os proprietrios marginais de guas pblicas so obrigados a remover osobstculos que tenham origem nos seus prdios e sejam nocivos aos fins indicadosno artigo precendente.

    Pargrafo nico. Se, intimados, os proprietrios marginais no cumprirem aobrigao que lhes imposta pelo presente artigo, de igual forma sero passveis dasmultas estabelecidas pelos regulamentos administrativos, e custa dos mesmos, aadministrao pblica far a remoo dos obstculos.

    Art. 55. Se o obstculo no tiver origem nos prdios marginais, sendo devido aacidentes ou a ao natural das guas, havendo dono, ser este obrigado a remov-lo, nos mesmos termos do artigo anterior; se no houver dono conhecido, remov-loa administrao, custa prpria, a ela pertencendo qualquer produto do mesmoproveniente.

    Art. 56. Os utentes ou proprietrios marginais, afora as multas, sero compelidosa indenizar o dano que causarem, pela inobservncia do que fica exposto nos artigosanteriores.

    Art. 57. Na apreciao desses fatos, desses obstculos, para as respectivas san-es, se devem ter em conta os usos locais, a efetividade do embarao ou prejuzo,principalmente com referncia s guas terrestres, de modo que sobre os utentes ouproprietrios marginais, pela vastido do pas, nas zonas de populao escassa, depequeno movimento, no venham a pesar nus excessivos e sem real vantagem parao interesse pblico.

    CAPTULO VITutela dos Direitos da Administrao e dos Particulares

    Art. 58. A administrao pblica respectiva, por sua prpria forca e autoridade,poder repor incontinente no seu antigo estado, as guas pblicas, bem como o seuleito e margem, ocupados por particulares, ou mesmo pelos Estados ou municpios:

    a) quando essa ocupao resultar da violao de qualquer lei, regulamento ouato da administrao;

  • 29Cdigo de guas

    b) quando o exigir o interesse pblico, mesmo que seja legal, a ocupao,mediante indenizao, se esta no tiver sido expressamente excluda por lei.

    Pargrafo nico. Essa faculdade cabe Unio, ainda no caso do art. 40, no II,sempre que a ocupao redundar em prejuzo da navegao que sirva, efetivamente,ao comrcio.

    Art. 59. Se julgar conveniente recorrer ao juzo, a administrao pode faz-lo, tan-to no juzo petitrio, como no juzo possessrio.Art. 60. Cabe a ao judiciria para defesa dos direitos particulares, quer quantoaos usos gerais, quer quanto aos usos especiais, das guas pblicas, seu leito emargens, podendo a mesma se dirigir, quer contra a administrao, quer contra ou-tros particulares, e ainda no juzo petitrio, como no juzo possessrio, salvas asrestries constantes dos pargrafos seguintes:

    1o Para que a ao se justifique, mister a existncia de um interesse direto porparte de quem recorra ao juzo.

    2o Na ao dirigida contra a administrao, esta s poder ser condenada aindenizar o dano que seja devido, e no a destruir as obras que tenha executado,prejudicando o exerccio do direito de uso em causa.

    3o No admissvel a ao possessria contra a administrao. 4o No admissvel, tambm, a ao possessria de um particular contra ou-

    tro, se o mesmo no apresentar como ttulo uma concesso expressa ou outro ttulolegtimo equivalente.

    CAPTULO VIICompetncia Administrativa

    Art. 61. da competncia da Unio a legislao de que trata o art. 40, em todos osseus incisos.

    Pargrafo nico. Essa competncia no exclui a dos Estados para legislaremsubsidiariamente sobre a navegao ou flutuao dos rios, canais e lagos de seuterritrio, desde que no estejam compreendidos nos nmeros I e II do artigo 40.Art. 62. As concesses ou autorizaes para derivao que no se destine produo de energia hidroeltrica sero outorgadas pela Unio, pelos Estados oupelos municpios, conforme o seu domnio sobre as guas a que se referir ou confor-me os servios pblicos a que se destine a mesma derivao, de acordo com osdispositivos deste Cdigo e as leis especiais sobre os mesmos servios.

    Art. 63. As concesses ou autorizaes para derivao que se destinem produ-o de energia hidroeltrica sero outorgadas pela Unio, salvo nos casos de trans-ferncias de suas atribuies aos Estados, na forma e com as limitaes estabelecidasnos arts. 192, 193 e 194.

  • 30 Cdigo de guas

    Art. 64. Compete Unio, aos Estados ou aos municpios providenciar sobre adesobstruo nas guas do seu domnio.

    Pargrafo nico. A competncia da Unio se estende s guas de que trata oart. 40, no II.

    CAPTULO VIIIExtino do Uso Pblico

    Art. 65. Os usos gerais a que se prestam as guas pblicas s por disposio delei se podem extinguir.

    Art. 66. Os usos de derivao extinguem-se:a) pela renncia;b) pela caducidade;c) pelo resgate, decorridos os dez primeiros anos aps a concluso das obras,e tomando-se por base do preo da indenizao s o capital efetivamenteempregado;d) pela expirao do prazo;e) pela revogao.

    Art. 67. sempre revogvel o uso das guas pblicas.

    TTULO IIIAproveitamento das guas Comuns e das Particulares

    CAPTULO IDisposies Preliminares

    Art. 68. Ficam debaixo da inspeo e autorizao administrativa:a) as guas comuns e as particulares, no interesse da sade e da seguranapblica;b) as guas comuns, no interesse dos direitos de terceiros ou da qualidade,curso ou altura das guas pblicas.

    Art. 69. Os prdios inferiores so obrigados a receber as guas que correm natu-ralmente dos prdios superiores.

    Pargrafo nico. Se o dono do prdio superior fizer obras de arte, para facilitaro escoamento, proceder de modo que no piore a condio natural e anterior dooutro.

    Art. 70. O fluxo natural, para os prdios inferiores, de gua pertencente ao donodo prdio superior, no constitui por si s servido em favor deles.

  • 31Cdigo de guas

    CAPTULO IIguas Comuns

    Art. 71. Os donos ou possuidores de prdios atravessados ou banhados pelascorrentes, podem usar delas em proveito dos mesmos prdios, e com aplicao, tantopara a agricultura, como para a indstria, contanto que do refluxo das mesmas guasno resulte prejuzo aos prdios que ficam superiormente situados, e que inferior-mente no se altere o ponto de sada das guas remanescentes, nem se infrinja odisposto na ltima parte do pargrafo nico do art. 69.

    1o Entende-se por ponto de sada aquele onde uma das margens do lveodeixa primeiramente de pertencer ao prdio.

    2o No se compreende na expresso guas remanescentes as escor-redouras.

    3o Ter sempre preferncia sobre quaisquer outros, o uso das guas para asprimeiras necessidades da vida.

    Art. 72. Se o prdio atravessado pela corrente, o dono ou possuidor poder,nos limites dele, desviar o lveo da mesma, respeitando as obrigaes que lhe soimpostas pelo artigo precedente.

    Pargrafo nico. No permitido esse desvio, quando da corrente se abaste-cer uma populao.

    Art. 73. Se o prdio simplesmente banhado pela corrente e as guas no sosobejas, far-se- a diviso das mesmas entre o dono ou possuidor dele e o do prdiofronteiro, proporcionalmente extenso dos prdios e s suas necessidades.

    Pargrafo nico. Devem-se harmonizar, quanto possvel, nesta partilha, os in-teresses da agricultura com os da indstria; e o juiz ter a faculdade de decidir ex-bono et aequo.

    Art. 74. A situao superior de um prdio no exclui o direito do prdio fronteiro poro da gua que lhe cabe.

    Art. 75. Dividido que seja um prdio marginal, de modo que alguma ou algumasdas fraes no limite com a corrente, ainda assim tero as mesmas direito ao uso dasguas.

    Art. 76. Os prdios marginais continuam a ter direito ao uso das guas, quandoentre os mesmos e as correntes se abrirem estradas pblicas, salvo se, pela perdadesse direito, forem indenizados na respectiva desapropriao.

    Art. 77. Se a altura das ribanceiras, a situao dos lugares, impedirem a derivaoda gua na sua passagem pelo prdio respectivo, podero estas ser derivadas em umponto superior da linha marginal, estabelecida a servido legal de aqueduto sobre osprdios intermdios.

  • 32 Cdigo de guas

    Art. 78. Se os donos ou possuidores dos prdios marginais atravessados pelacorrente ou por ela banhados, os aumentarem, com a adjuno de outros prdios,que no tiverem direito ao uso das guas, no as podero empregar nestes comprejuzo do direito que sobre elas tiverem ou seus vizinhos.Art. 79. imprescritvel o direito de uso sobre as guas das correntes, o qual spoder ser alienado por ttulo ou instrumento pblico, permitida no sendo, entretan-to, a alienao em benefcio de prdios no marginais, nem com prejuzo de outrosprdios, aos quais, pelos artigos anteriores, atribuda a preferncia no uso dasmesmas guas.

    Pargrafo nico. Respeitam-se os direitos adquiridos at a data da promulga-o deste cdigo, por ttulo legtimo ou prescrio que recaia sobre oposio noseguida, ou sobre a construo de obras no prdio superior, de que se possa inferirabandono do primitivo direito.

    Art. 80. O proprietrio ribeirinho tem o direito de fazer, na margem ou no lveo dacorrente, as obras necessrias ao uso das guas.

    Art. 81. No prdio atravessado pela corrente, o seu proprietrio poder travarestas obras em ambas as margens da mesma.

    Art. 82. No prdio simplesmente banhado pela corrente, cada proprietrio margi-nal poder fazer obras apenas no trato do lveo que lhe pertencer.

    Pargrafo nico. Poder ainda este proprietrio trav-las na margem fronteira,mediante prvia indenizao ao respectivo proprietrio.

    Art. 83. Ao proprietrio do prdio serviente, no caso do pargrafo anterior, serpermitido aproveitar-se da obra feita, tornando-a comum, desde que pague uma parteda despesa respectiva, na proporo do benefcio que lhe advier.

    CAPTULO IIIDesobstruo e Defesa

    Art. 84. Os proprietrios marginais das correntes so obrigados a se abster defatos que possam embaraar o livre curso das guas, e a remover os obstculos aeste livre curso, quando eles tiverem origem nos seus prdios, de modo a evitarprejuzo de terceiros, que no for proveniente de legtima aplicao das guas.

    Pargrafo nico. O servio de remoo do obstculo ser feito custa doproprietrio, a quem ela incumba, quando este no queira faz-lo, respondendo aindao proprietrio pelas perdas e danos que causar, bem como pelas multas que lhe foremimpostas nos regulamentos administrativos.

    Art. 85. Se o obstculo ao livre curso das guas no resultar de fato do propriet-rio e no tiver origem no prdio, mas for devido a acidentes ou a ao do prpriocurso de gua, ser removido pelos proprietrios de todos os prdios prejudicados,

  • 33Cdigo de guas

    e, quando nenhum o seja, pelos proprietrios dos prdios fronteiros onde tal obst-culo existir.

    Art. 86. Para ser efetuada a remoo de que tratam os artigos antecedentes, odono do prdio em que estiver o obstculo obrigado a consentir que os propriet-rios interessados entrem em seu prdio, respondendo estes pelos prejuzos que lhescausarem.

    Art. 87. Os proprietrios marginais so obrigados a defender os seus prdios, demodo a evitar prejuzo para o regime e curso das guas e danos para terceiros.

    CAPTULO IVCaa e Pesca

    Art. 88. A explorao da caa e da pesca est sujeita s leis federais, no excluin-do as estaduais, subsidirias e complementares.

    CAPTULO VNascentes

    Art. 89. Consideram-se nascentes para os efeitos deste Cdigo, as guas quesurgem naturalmente ou por indstria humana, e correm dentro de um s prdioparticular, e ainda que o transponham, quando elas no tenham sido abandonadaspelo proprietrio do mesmo.

    Art. 90. O dono do prdio onde houver alguma nascente, satisfeitas as necessi-dades de seu consumo, no pode impedir o curso natural das guas pelos prdiosinferiores.

    Art. 91. Se uma nascente emerge em um fosso que divide dois prdios, pertence aambos.

    Art. 92. Mediante indenizao, os donos dos prdios inferiores, de acordo comas normas da servido legal de escoamento, so obrigados a receber as guas dasnascentes artificiais.

    Pargrafo nico. Nessa indenizao, porm, ser considerado o valor de qual-quer benefcio que os mesmos prdios possam auferir de tais guas.

    Art. 93. Aplica-se s nascentes o disposto na primeira parte do art. 79.

    Art. 94. O proprietrio de uma nascente no pode desviar-lhe o curso, quando damesma se abastea uma populao.

    Art. 95. A nascente de uma gua ser determinada pelo ponto em que ela comeaa correr sobre o solo e no pela veia subterrnea que a alimenta.

  • 34 Cdigo de guas

    TTULO IVguas Subterrneas

    CAPTULO NICOArt. 96. O dono de qualquer terreno poder apropriar-se por meio de poos, galerias,etc., das guas que existam debaixo da superfcie de seu prdio contanto que no preju-dique aproveitamentos existentes nem derive ou desvie de seu curso natural guaspblicas dominicais, pblicas de uso comum ou particulares.

    Pargrafo nico. Se o aproveitamento das guas subterrneas de que trata esteartigo prejudicar ou diminuir as guas pblicas dominicais ou pblicas de uso comum ouparticulares, a administrao competente poder suspender as ditas obras e aproveita-mentos.

    Art. 97. No poder o dono do prdio abrir poo junto ao prdio do vizinho, semguardar as distncias necessrias ou tomar as precisas precaues para que ele no sofraprejuzo.Art. 98. So expressamente proibidas construes capazes de poluir ou inutilizar parao uso ordinrio a gua do poo ou nascente alheia, a elas preexistentes.

    Art. 99. Todo aquele que violar as disposies dos artigos antecedentes, obrigadoa demolir as construes feitas, respondendo por perdas e danos.

    Art. 100. As correntes que desaparecerem momentaneamente do solo, formando umcurso subterrneo, para reaparecer mais longe, no perdem o carter de coisa pblica deuso comum, quando j o eram na sua origem.Art. 101. Depende de concesso administrativa a abertura de poos em terrenos dodomnio pblico.

    TTULO Vguas Fluviais

    Art. 102. Consideram-se guas fluviais, as que procedem imediatamente das chuvas.

    Art. 103. As guas fluviais pertencem ao dono do prdio onde carem diretamente,podendo o mesmo dispor delas vontade, salvo existindo direito em sentido contrrio.

    Pargrafo nico. Ao dono do prdio, porm, no permitido:1o, desperdiar essas guas em prejuzo dos outros prdios que delas se possam

    aproveitar, sob pena de indenizao aos proprietrios dos mesmos;2o, desviar essas guas de seu curso natural para lhes dar outro, sem consenti-

    mento expresso dos donos dos prdios que iro receb-las.

    Art. 104. Transpondo o limite do prdio em que carem, abandonadas pelo propriet-rio do mesmo, as guas fluviais, no que lhes for aplicvel, ficam sujeitas s regras ditadaspara as guas comuns e para as guas pblicas.

  • 35Cdigo de guas

    Art. 105. O proprietrio edificar de maneira que o beiral de seu telhado no despejesobre o prdio vizinho, deixando entre este e o beiral, quando por outro modo no opossa evitar, um intervalo de 10 centmetros, quando menos, de modo que as guas seescoem.

    Art. 106. imprescritvel o direito de uso das guas fluviais.Art. 107. So de domnio pblico de uso comum as guas fluviais que carem emlugares ou terrenos pblicos de uso comum.

    Art. 108. A todos lcito apanhar estas guas.Pargrafo nico. No se podero, porm, construir nestes lugares ou terrenos,

    reservatrios para o aproveitamento das mesmas guas sem licena da administrao.

    TTULO VIguas Nocivas

    CAPTULO NICOArt. 109. A ningum lcito conspurcar ou contaminar as guas que no consome,com prejuzo de terceiros.Art. 110. Os trabalhos para a salubridade das guas sero executados custa dosinfratores, que, alm da responsabilidade criminal, se houver, respondero pelas perdas edanos que causarem e pelas multas que lhes forem impostas nos regulamentos adminis-trativo.

    Art. 111. Se os interesses relevantes da agricultura ou da indstria o exigirem, e medi-ante expressa autorizao administrativa, as guas podero ser inquinadas, mas os agri-cultores ou industriais devero providenciar para que elas se purifiquem, por qualquerprocesso, ou sigam o seu esgoto natural.

    Art. 112. Os agricultores ou industriais devero indenizar a Unio, os Estados, osMunicpios, as corporaes ou os particulares que, pelo favor concedido no caso doartigo antecedente, forem lesados.

    Art. 113. Os terrenos pantanosos, quando, declarada a sua insalubridade, no foremdessecados pelos seus proprietrios, se-lo-o pela administrao, conforme a maior oumenor relevncia do caso.

    Art. 114. Esta poder realizar os trabalhos por si ou por concessionrios.

    Art. 115. Ao proprietrio assiste a obrigao de indenizar os trabalhos feitos, pelopagamento de uma taxa de melhoria sobre o acrscimo do valor dos terrenos saneados,ou por outra forma que for determinada pela administrao pblica.

    Art. 116. Se o proprietrio no entrar em acordo para a realizao dos trabalhos nostermos dos dois artigos anteriores, dar-se- a desapropriao, indenizado o mesmo na

  • 36 Cdigo de guas

    correspondncia do valor atual do terreno, e no do que este venha a adquirir por efeitode tais trabalhos.

    TTULO VIIServido Legal de Aqueduto

    CAPTULO NICOArt. 117. A todos permitido canalizar pelo prdio de outrem as guas a quetenham direito, mediante prvia indenizao ao dono deste prdio:

    a) para as primeiras necessidades da vida;b) para os servios da agricultura ou da indstria;c) para o escoamento das guas superabundantes;d) para o enxugo ou bonificao dos terrenos.

    Art. 118. No so passveis desta servido as casas de habitao e os ptios,jardins, alamedas, ou quintais, contguos s casas.

    Pargrafo nico. Esta restrio, porm, no prevalece no caso de concessopor utilidade pblica, quando ficar demonstrada a impossibilidade material ou econ-mica de se executarem as obras sem a utilizao dos referidos prdios.

    Art. 119. O direito de derivar guas nos termos dos artigos antecedentes compre-ende tambm o de fazer as respectivas presas ou audes.

    Art. 120. A servido que est em causa ser decretada pelo Governo, no caso deaproveitamento das guas, em virtude de concesso por utilidade pblica; e pelojuzo, nos outros casos.

    1o Nenhuma ao contra o proprietrio do prdio serviente e nenhum encargosobre este prdio, poder obstar a que a servido se constitua, devendo os terceirosdisputar os seus direitos sobre o preo da indenizao.

    2o No havendo acordo entre os interessados sobre o preo da indenizao,ser o mesmo fixado pelo juiz, ouvidos os peritos que eles nomearem.

    3o A indenizao no compreende o valor do terreno; constitui unicamente ojusto preo do uso do terreno ocupado pelo aqueduto, e de um espao de cada umdos lados, da largura que for necessria, em toda a extenso do aqueduto.

    4o Quando o aproveitamento da gua vise o interesse do pblico, somente devida indenizao ao proprietrio pela servido, se desta resultar diminuio dorendimento da propriedade ou reduo da sua rea.

    Art. 121. Os donos dos prdios servientes tm, tambm, direito a indenizao dosprejuzos que, de futuro, vierem a resultar da infiltrao ou irrupo das guas, oudeteriorao das obras feitas, para a conduo destas. Para garantia deste direitoeles podero, desde logo, exigir que se lhes preste cauo.

  • 37Cdigo de guas

    Art. 122. Se o aqueduto tiver de atravessar estradas, caminhos e vias pblicas, suaconstruo fica sujeita aos regulamentos em vigor, no sentido de no se prejudicar otrnsito.

    Art. 123. A direo, natureza e forma do aqueduto devem atender ao menor prejuzopara o prdio serviente.

    Art. 124. A servido que est em causa no fica excluda por que seja possvelconduzir as guas pelo prdio prprio, desde que a conduo por este se apresentemuito mais dispendiosa do que pelo prdio de outrem.

    Art. 125. No caso de aproveitamento de guas, em virtude de concesso por utilida-de pblica, a direo, a natureza e a forma do aqueduto sero aquelas que constaremdos projetos aprovados pelo Governo, cabendo apenas aos interessados pleitear emjuzo os direitos indenizao.Art. 126. Correro por conta daquele que obtiver a servido do aqueduto todas asobras necessrias para a sua conservao, construo e limpeza.

    Pargrafo nico. Para este fim, ele poder ocupar, temporariamente os terrenosindispensveis para o depsito de materiais, prestando cauo pelos prejuzos quepossa ocasionar, se o proprietrio serviente o exigir.

    Art. 127. inerente servido de aqueduto o direito de trnsito por suas margenspara seu exclusivo servio.

    Art. 128. O dono do aqueduto poder consolidar suas margens com relvas, estaca-das e paredes de pedras soltas.

    Art. 129. Pertence ao dono do prdio serviente tudo que as margens produzemnaturalmente.

    No lhe permitido, porm, fazer plantao, nem operao alguma de cultivo nasmesmas margens, e as razes que nelas penetrarem podero ser cortadas pelo dono doaqueduto.

    Art. 130. A servido de aqueduto no obsta a que o dono do prdio serviente possacerc-lo, bem como edificar sobre o mesmo aqueduto, desde que no haja prejuzo paraeste, nem se impossibilitem as reparaes necessrias.

    Pargrafo nico. Quando tiver de fazer essas reparaes, o dominante avisarpreviamente ao serviente.

    Art. 131. O dono do prdio serviente poder exigir, a todo o momento, a mudana doaqueduto para outro local do mesmo prdio, se esta mudana lhe for conveniente e nohouver prejuzo para o dono do aqueduto.

    A despesa respectiva correr por conta do dono do prdio serviente.

    Art. 132. Idntico direito assiste ao dono do aqueduto, convindo-lhe a mudana eno havendo prejuzo para o serviente.

  • 38 Cdigo de guas

    Art. 133. A gua, o lveo e as margens do aqueduto consideram-se como partesintegrantes do prdio a que as guas servem.

    Art. 134. Se houver guas sobejas no aqueduto, e outro proprietrio quiser terparte nas mesmas, esta lhe ser concedida, mediante prvia indenizao, e pagando,alm disso, a quota proporcional despesa feita com a conduo delas at ao pontode onde se pretendem derivar.

    1o Concorrendo diversos pretendentes, sero preferidos os donos dos prdi-os servientes.

    2o Para as primeiras necessidades da vida, o dono do prdio serviente poderusar gratuitamente das guas do aqueduto.

    Art. 135. Querendo o dono do aqueduto aumentar a sua capacidade, para quereceba maior caudal de guas, observar-se-o os mesmos trmites necessrios parao estabelecimento do aqueduto.

    Art. 136. Quando um terreno regadio, que recebe a gua por um s ponto, se dividapor herana, venda ou outro ttulo, entre dois ou mais donos, os da parte superior ficamobrigados a dar passagem gua, como servido de aqueduto, para a rega dos inferi-ores, sem poder exigir por ele indenizao alguma, salvo ajuste em contrrio.Art. 137. Sempre que as guas que correm em benefcio de particulares, impeamou dificultem a comunicao com os prdios vizinhos, ou embaracem as correntesparticulares, o particular beneficiado dever construir as pontes, canais e outrasnecessrias para evitar este inconveniente.

    Art. 138. As servides urbanas de aqueduto, canais, fontes, esgotos sanitrios efluviais, estabelecidos para servio pblico e privado das populaes, edifcios,jardins e fbricas, reger-se-o pelo que dispuserem os regulamentos de higiene daUnio ou dos Estados e as posturas municipais.

    LIVRO IIIForas Hidrulicas Regulamentao da Indstria Hidroeltrica

    TTULO I

    CAPTULO IEnergia Hidrulica e Seu Aproveitamento

    Art. 139. O aproveitamento industrial das quedas de guas e outras fontes deenergia hidrulica, quer do domnio pblico, quer do domnio particular, far-se- peloregime de autorizaes e concesses, institudo neste Cdigo.

    1o Independe de concesso ou autorizao o aproveitamento das quedasdgua j utilizadas industrialmente na data da publicao deste Cdigo, desde que

  • 39Cdigo de guas

    sejam manifestadas na forma e prazos prescritos no art. 149 e enquanto no cesse aexplorao; cessada esta, cairo no regime deste Cdigo.

    2o Tambm ficam excetuados os aproveitamentos de quedas dgua de potn-cia inferior a 50 kws. para uso exclusivo do respectivo proprietrio.

    3o Dos aproveitamentos de energia hidrulica que, nos termos do pargrafoanterior, no dependem de autorizao, deve ser, todavia, notificado o Servio deguas do Departamento Nacional de Produo Mineral do Ministrio da Agriculturapara efeitos estatsticos.

    4o As autorizaes e concesses sero conferidas na forma prevista no art. 195e seus pargrafos.

    5o Ao proprietrio da queda dgua so assegurados os direitos estipulados noart. 148.

    Art. 140. So considerados de utilidade pblica e dependem de concesso:a) os aproveitamentos de quedas dgua e outras fontes de energia hidrulicade potncia superior a 150 kws. seja qual for a sua aplicao;b) os aproveitamentos que se destinam a servios de utilidade pblica federal,estadual ou municipal ou ao comrcio de energia seja qual for a potncia.

    Art. 141. Dependem de simples autorizao, salvo o caso do 2o, do art. 139, osaproveitamentos de quedas de gua e outras fontes de energia de potncia at omximo de 150kws., quando os permissionrios forem titulares de direitos deribeirinidades com relao totalidade ou, ao menos, maior parte da seo do cursodgua a ser aproveitada e destinem a energia ao seu uso exclusivo.

    Art. 142. Entendem-se por potncia para os efeitos deste Cdigo a que dadapelo produto da altura da queda pela descarga mxima de derivao concedida ouautorizada.

    Art. 143. Em todos os aproveitamentos de energia hidrulica sero satisfeita exi-gncias acauteladoras dos interesses gerais:

    a) da alimentao e das necessidades das populaes ribeirinhas;b) da salubridade pblica;c) da navegao;d) da irrigao;e) da proteo contra as inundaes;f) da conservao e livre circulao do peixe;g) do escoamento e rejeio das guas.

    Art. 144. O Servio de guas do Departamento Nacional de Produo Mineral doMinistrio da Agricultura o rgo competente do Governo Federal para:

  • 40 Cdigo de guas

    a) proceder ao estudo e avaliao de energia hidrulica do territrio nacional;b) examinar e instruir tcnica e administrativamente os pedidos de concessoou autorizao para a utilizao da energia hidrulica e para produo, trans-misso, transformao e distribuio da energia hidroeltrica;c) fiscalizar a produo, a transmisso, a transformao e a distribuio deenergia hidroeltrica;2

    d) exercer todas as atribuies que lhe forem conferidas por este Cdigo e seuregulamento.

    CAPTULO IIPropriedade das Quedas Dgua

    Art. 145. As quedas dgua e outras fontes de energia hidrulica so bens im-veis e tidas como coisas distintas e no integrantes das terras em que se encontrem.Assim, a propriedade superficial no abrange a gua, o lveo do curso no trecho emque se acha a queda dgua, nem a respectiva energia hidrulica, para o efeito de seuaproveitamento industrial.

    Art. 146. As quedas dgua existentes em cursos cujas guas sejam comuns ouparticulares, pertencem aos proprietrios dos terrenos marginais, ou a quem for porttulo legtimo.

    Pargrafo nico. Para os efeitos deste Cdigo, os proprietrios das quedasdgua que j estejam sendo exploradas industrialmente devero manifest-las, naforma e prazo prescritos no art. 149.

    Art. 147. As quedas dgua e outras fontes de energia hidrulica, existentes emguas pblicas de uso comum ou dominicais, so incorporadas ao patrimnio daNao, como propriedade inalienvel e imprescritvel.

    Art. 148. Ao proprietrio da queda dgua assegurada a preferncia na autoriza-o ou concesso para o aproveitamento industrial de sua energia ou co-participaorazovel, estipulada neste Cdigo, nos lucros da explorao que por outrem for feita.

    Pargrafo nico. No caso de condomnio, salvo o disposto no art. 171, s terlugar o direito de preferncia autorizao ou concesso, se houver acordo entre oscondminos; na hiptese contrria, bem como, no caso de propriedade litigiosa, ssubsistir o direito de co-participao nos resultados da explorao, entendendo-sepor proprietrio para esse efeito o conjunto dos condminos.Art. 149. As empresas ou particulares, que estiverem realizando o aproveitamen-to de quedas dgua ou outras fontes de energia hidrulica, para quaisquer fins, soobrigados a manifest-lo dentro do prazo de seis meses, contados da data da publi-cao deste Cdigo, e na forma seguinte:

    2 Decreto-lei 3.763 de 25/10/1941.

  • 41Cdigo de guas

    I tero de produzir, cada qual por si, uma justificao no Juzo do Frum, dasituao da usina, com assistncia do rgo do Ministrio Pblico, consistindo adita justificao na prova da existncia e caractersticos da usina, por testemunhasde f e da existncia, natureza e extenso de seus direitos sobre a queda dguautilizada, por documentos com eficincia probatria, devendo entregar-se parte osautos independentemente de traslado;

    II tero que apresentar ao Governo Federal a justificao judicial de quetrata o nmero I e mais os dados sobre os caractersticos tcnicos da queda dguae usina de que se ocupam as alneas seguintes:

    a) estado, comarca, municpio, distrito e denominao do rio, da queda, dolocal e usina;b) um breve histrico da fundao da usina desde o incio da sua explora-o;c) breve descrio das instalaes e obras de arte destinadas a gerao, trans-misso, transformao e distribuio da energia;d) fins a que se destina a energia produzida;e) constituio da empresa, capital social, administrao, contratos para for-necimento de energia e respectivas tarifas.

    1o S sero considerados aproveitamentos j existentes e instalados para osefeitos deste Cdigo, os que forem manifestados ao Poder Pblico na forma e prazoprescritos neste artigo.

    2o Somente os interessados que satisfizerem dentro do prazo legal as exign-cias deste artigo podero prosseguir na explorao industrial da energia hidrulica,independentemente de autorizao ou concesso na forma deste Cdigo.

    TTULO II

    CAPTULO IConcesses

    Art. 150. As concesses sero outorgadas por decreto do Presidente da Repbli-ca, referendado pelo ministro da Agricultura.

    Art. 151.3 Para executar os trabalhos definidos no contrato, bem como, para ex-plorar a concesso, o concessionrio ter, alm das regalias e favores constantes dasleis fiscais e especiais, os seguintes direitos:

    a) utilizar os termos de domnio pblico e estabelecer as servides nos mes-mos e atravs das estradas, caminhos e vias pblicas, com sujeio aos regu-lamentos administrativos;

    3 Regulamentado pelo Decreto 35.851/54

  • 42 Cdigo de guas

    b) desapropriar nos prdios particulares e nas autorizaes preexistentes osbens, inclusive as guas particulares sobre que verse a concesso e os direi-tos que forem necessrios, de acordo com a lei que regula a desapropriaopor utilidade publica, ficando a seu cargo a liquidao e pagamento das inde-nizaes;c) estabelecer as servides permanente ou temporrias exigidas para as obrashidrulica e para o transporte e distribuio da energia eltrica;d) construir estradas de ferro, rodovias, linhas telefnicas ou telegrficas,sem prejuzo de terceiros, para uso exclusivo da explorao;e) estabelecer linhas de transmisso e de distribuio.

    Art. 152. As indenizaes devidas aos ribeirinhos quanto ao uso das guas nocaso de direitos exercidos, quanto propriedade das mesmas guas, ou aos proprie-trios das concesses ou autorizaes preexistentes, sero feitas, salvo acordo emsentido contrrio, entre os mesmos e os concessionrios, em espcie ou em dinheiro,conforme os ribeirinhos ou proprietrios preferirem.

    1o Quando as indenizaes se fizerem em espcie sero sob a forma de umquinho dgua ou de uma quantidade de energia correspondente a gua que apro-veitavam ou energia de que dispunham, correndo por conta do concessionrio asdespesas com as transformaes tcnicas necessrias para no agravar ou prejudi-car os interesses daqueles.

    2o As indenizaes devidas aos ribeirinhos quanto ao uso das guas, no casode direitos no exercidos, sero feitas na forma que for estipulada em regulamento aser expedido.

    Art. 153. O concessionrio obriga-se:a) a depositar nos cofres pblicos, ao assinar o termo de concesso, emmoeda corrente do pas, ou em aplices da dvida pblica federal, como garan-tia do implemento das obrigaes assumidas, a quantia de vinte mil ris, porkilowatt de potncia concedida, sempre que esta potncia no exceder a 2.000Kws. Para potncias superiores a 2.000 Kws. a cauo ser de quarenta con-tos de ris em todos os casos;b) a cumprir todas as exigncias da presente lei, das clusulas contratuais edos regulamentos administrativos;c) a sujeitar-se a todas as exigncias da fiscalizao;d) a construir e manter nas proximidades da usina, onde for determinado peloServio de guas, as instalaes necessrias para observaes linimtricas emedies de descargas do curso dgua utilizado;e) a reservar uma frao da descarga dgua, ou a energia correspondente auma frao da potncia concedida, em proveito dos servios pblicos daUnio, dos Estados ou dos Municpios.

  • 43Cdigo de guas

    Art. 154. As reservas de gua e de energia no podero privar a usina de mais de30% da energia de que ela disponha.

    Art. 155. As reservas de gua e de energia a que se refere o artigo anterior seroentregues aos beneficirios; as de gua, na entrada do canal de aduo ou na sadado canal de descarga e as de energia, nos bornes da usina.

    1o A energia reservada ser paga pela tarifa que estiver em vigor, com abati-mento razovel, a juzo do Servio de guas do Departamento Nacional de ProduoMineral, ouvidas as autoridades administrativas interessadas.

    2o Sero estipuladas nos contratos as condies de exigibilidade das reser-vas; as hipteses de no exigncia, de exigncia e de aviso prvio.

    3o Poder o concessionrio, a seu requerimento, ser autorizado a dispor daenergia reservada, por perodo nunca superior a dois anos, devendo-se-lhe notificar,com seis meses de antecedncia, a revogao da autorizao dada para tal fim.

    4o Se a notificao de que trata o pargrafo anterior, feita no for, a autorizaoconsidera-se renovada por mais dois anos, e, assim sucessivamente.

    5o A partilha entre a Unio, os Estados e os Municpios, da energia reservadaser feita pelo Governo da Unio.

    Art. 156. A Administrao Pblica ter em qualquer poca, o direito de prioridadesobre as disponibilidades do concessionrio, pagando pela tarifa que estiver emvigor, sem abatimento algum.

    Art. 157. As concesses, para produo, transmisso e distribuio da energiahidroeltrica, para quaisquer fins, sero dadas pelo prazo normal de 30 anos.

    Pargrafo nico. Excepcionalmente, se as obras e instalaes, pelo seu vul-to, no comportarem amortizao do capital no prazo estipulado neste artigo, como fornecimento de energia por preo razovel, ao consumidor, a juzo do Governo,ouvidos os rgos tcnicos e administrativos competentes, a concesso poderser outorgada por prazo superior, no excedente, porm, em hiptese alguma, de 50anos.

    Art. 158. O pretendente concesso dever requer-la ao Ministrio da Agri-cultura e far acompanhar seu requerimento do respetivo projeto, elaborado deconformidade com as instrues estipuladas e instrudo com os documentos edados exigidos no regulamento a ser expedido sobre a matria e especialmente,com referncia:

    a) idoneidade moral, tcnica e financeira e nacionalidade do requerente:b) constituio e sede da pessoa coletiva que for o requerente;c) exata compreenso 1) do programa e objeto atual e futuro do requerente;2) das condies das obras civis e das instalaes a realizar;d) ao capital atual e futuro a ser empregado na concesso.

  • 44 Cdigo de guas

    Art. 159. As minutas dos contratos, de que constaro todas as exigncias deordem tcnica, sero preparadas pelo Servio de guas e, por intermdio dodiretor geral do Departamento Nacional de Produo Mineral, submetidos apro-vao do ministro da Agricultura.

    Pargrafo nico. Os projetos apresentados devero obedecer s prescri-es tcnicas regulamentares, podendo ser alterados no todo ou em parte, ampli-ados ou restringidos, em vista da segurana, do aproveitamento racional docurso dgua ou do interesse pblico.

    Art. 160. O concessionrio obriga-se, na forma estabelecida em lei, e a ttulode utilizao, fiscalizao, assistncia tcnica e estatstica a pagar uma quantiaproporcional potncia concedida.

    Pargrafo nico. O pagamento dessa quota se far, desde a data que forfixada nos contratos para a concluso das obras e instalaes.

    Art. 161. As concesses dadas de acordo com a presente lei ficam isentas deimpostos federais e de quaisquer impostos estaduais ou municipais, salvo os deconsumo, renda e venda mercantis.

    Art. 162. Nos contratos de concesso figuraro entres outras as seguintesclusulas:

    a) ressalva de direitos de terceiros;b) prazos para incio e execuo das obras, prorrogveis a juzo do Gover-no;

    c) tabelas de preos nos bornes da usina e a cobrar dos consumidores,com diferentes fatores de carga;d) obrigao de permitir aos funcionrios encarregados da fiscalizaolivre acesso, em qualquer poca, s obras e demais instalaes compreen-didas na concesso, bem como o exame de todos os assentamentos, grfi-cos, quadros e demais documentos preparados pelo concessionrio paraverificao das descargas, potncias, medidas de rendimento das quanti-dades de energia utilizada na usina ou fornecida e dos preos e condiesde venda aos consumidores;

    Art. 163. As tarifas de fornecimento da energia sero estabelecidas, exclusi-vamente, em moeda corrente no pas e sero revistas de trs em trs anos.

    Art. 164. A concesso poder ser dada:a) para o aproveitamento limitado e imediato da energia hidrulica de umtrecho de determinado curso dgua;b) para o aproveitamento progressivo da energia hidrulica de um determi-nado trecho de curso dgua ou de todo um determinado curso dgua;

  • 45Cdigo de guas

    c) para um conjunto de aproveitamento de energia hidrulica de trechos dediversos cursos dgua, com referncia a uma zona em que se pretenda esta-belecer um sistema de usinas interconectadas e podendo o aproveitamentoimediato ficar restrito a uma parte do plano em causa.

    1o Com referncia alnea c, se outro pretendente solicitar o aproveitamentoimediato da parte no utilizada, a preferncia para o detentor da concesso, uma vezque no seja evidente a desvantagem pblica, se dar, marcado, todavia, o prazo deum a dois anos para iniciar as obras.

    2o Desistindo o detentor dessa parte da concesso, ser a mesma dada aonovo pretendente para o aproveitamento com o plano prprio.

    3o Se este no iniciar as obras dentro do referido prazo, voltar quele o privi-lgio integral conferido.

    Art. 165. Findo o prazo das concesses revertem para a Unio, para os Estadosou para os Municpios, conforme o domnio a que estiver sujeito o curso dguatodas as obras de captao, de regularizao e de derivao principais e acessrias,os canais adutores dgua, os condutos forados e canais de descarga e de fuga,bem como, a maquinaria para a produo e transformao da energia e linhas detransmisso e distribuio.

    Pargrafo nico. Quando o aproveitamento da energia hidrulica se destinar aservios pblicos federais, estaduais ou municipais, as obras e instalaes de quetrata o presente artigo revertero:

    a) para a Unio, tratando-se de servios pblicos federais, qualquer que sejao proprietrio da fonte de energia utilizada;b) para o Estado, tratando-se de servios estaduais em rios que no sejam dodomnio federal, caso em que revertero Unio;c) para o Municpio, tratando-se de servios municipais ou particulares emrios que no sejam do domnio da Unio ou dos Estados.

    Art. 166. Nos contratos sero estipuladas as condies de reverso, com ou semindenizao.

    Pargrafo nico. No caso de reverso com indenizao, ser esta calculadapelo custo histrico menos a depreciao, e com deduo da amortizao j efetuadaquando houver.

    Art. 167. Em qualquer tempo ou em poca que ficarem determinadas no contrato,poder a Unio encampar a concesso, quando interesses pblicos relevantes oexigirem, mediante indenizao prvia.

    Pargrafo nico. A indenizao ser fixada sobre a base do capital que efetiva-mente se gastou, menos a depreciao e com deduo da amortizao j efetuadaquando houver.

  • 46 Cdigo de guas

    Art. 168. As concesses devero caducar obrigatoriamente, declarada a caduci-dade por decreto do Governo Federal:

    I Se, em qualquer tempo, se vier a verificar que no existe a condio exigidano art. 195;

    II Se o concessionrio reincidir em utilizar uma descarga superior a que tiverdireito, desde que essa infrao prejudique as quantidades de gua reservadas naconformidade dos arts. 143 e 153, letra e;

    III Se, no caso de servios de utilidade pblica, forem os servios interrom-pidos por mais de setenta e duas horas consecutivas, salvo motivo de fora maior, ajuzo do Governo Federal.Art. 169. As concesses decretadas caducas sero reguladas da seguinte for-ma:

    I No caso de produo de energia eltrica destinada ao comrcio de energia,o Governo Federal, por si ou terceiro, substituir o concessionrio at o termo daconcesso, perdendo o dito concessionrio todos os seus bens, relativos ao apro-veitamento concedido e explorao da energia, independentemente de qualquerprocedimento judicial e sem indenizao de espcie alguma.

    II No caso de produo de energia eltrica destinada a indstria do pr-prio concessionrio, ficar este obrigado a restabelecer a situao do curso dguaanterior ao aproveitamento concedido, se isso for julgado conveniente pelo Go-verno.

    CAPTULO IIAutorizaes

    Art. 170. A autorizao no confere delegao do poder pblico ao permissionrio.

    Art. 171. As autorizaes so outorgadas por ato do ministro da Agricultura. 1o O requerimento de autorizao dever ser instrudo com documentos e da-

    dos exigidos no regulamento a ser expedido sobre a matria, e, especialmente, comreferncia:

    a) idoneidade moral, tcnica e financeira e nacionalidade do requerente, sefor pessoa fsica;b) constituio da pessoa coletiva que for o requerente;c) exata compreenso do programa e objetivo atual e futuro do requerente;d) s condies tcnicas das obras civis e das instalaes a realizar;e) do capital atual e futuro a ser empregado;f) aos direitos de ribeirinidade ou ao direito de dispor livremente dos terrenos,nos quais sero executadas as obras;

  • 47Cdigo de guas

    g) aos elementos seguintes: potncia, nome do curso dgua, distrito, munic-pio, Estado, modificaes resultantes para o regime do curso, descarga mxi-ma derivada e durao da autorizao.

    Art. 172. A autorizao ser outorgada por um perodo mximo de trinta anos,podendo ser renovada por prazo igual ou inferior:

    a) por ato expresso do ministro da Agricultura, dentro dos cinco anos queprecedem terminao da durao concedida e mediante petio dopermissionrio;b) de pleno direito, se um ano, no mnimo, antes da expirao do prazo conce-dido, o poder pblico no notificar o permissionrio de sua inteno de no aconceder.

    Art. 173. Toda cesso total ou parcial da autorizao, toda mudana de per-missionrio, no sendo o caso de vendas judiciais, deve ser comunicada ao Minist-rio da Agricultura, para que este d ou recuse seu assentimento.

    Pargrafo nico. A recusa de assentimento s se verificar quando o preten-dente seja incapaz de tirar da queda de que ribeirinho um partido conforme com ointeresse geral.

    Art. 174. No sendo renovada a autorizao, o Governo poder exigir o abando-no, em seu proveito, mediante indenizao, das obras de barragem e complementaresedificadas no leito do curso e sobre as margens, se isto for julgado conveniente pelomesmo Governo.

    1o No caber ao permissionrio a indenizao de que trata esse artigo. Se asobras tiverem sido estabelecidas sobre terrenos do domnio pblico.

    2o Se o Governo no fizer uso dessa faculdade, o permissionrio ser obrigadoa estabelecer o livre escoamento das guas.

    Art. 175. A autorizao pode transformar-se em concesso, quando, em virtudeda mudana de seu objeto principal, ou do aumento da potncia utilizada, incida nosdispositivos do art. 140.

    Art. 176. No poder ser imposto ao permissionrio outro encargo pecunirio ouin natura, que no seja quota correspondente a 50% (cinqenta por cento), da quecaberia a uma concesso de potncia equivalente.

    Art. 177. A autorizao incorrer em caducidade, nos termos do regulamento quefor expedido:

    a) pelo no cumprimento das disposies estipuladas;b) pela inobservncia dos prazos estatudos;c) por alterao, no autorizada, dos planos aprovados para o conjunto dasobras e instalaes.

  • 48 Cdigo de guas

    CAPTULO IIIFiscalizao

    Art. 178.4 No desempenho das atribuies que lhe so conferidas, a Diviso deguas do Departamento Nacional da Produo Mineral fiscalizar a produo, atransmisso, a transformao e a distribuio de energia hidroeltrica, com o trpliceobjetivo de:

    a) assegurar servio adequado;b) fixar tarifas razoveis;c) garantir a estabilidade financeira das empresas.

    Pargrafo nico.5 Para a realizao de tais fins, exercer a fiscalizao da con-tabilidade das empresas.

    Art. 179. Quanto ao servio adequado a que se refere a alnea a do artigo prece-dente, resolver a administrao, sobre:

    a) qualidade e quantidade do servio;b) extenses;c) melhoramentos e renovao das instalaes;d) processos mais econmicos de operao.

    1o A diviso de guas representar ao Conselho Nacional de guas e EnergiaEltrica sobre a necessidade de troca de servios interconexo entre duas ou maisempresas, sempre que o interesse pblico o exigir.6

    2o Compete ao C.N.A.E.E., mediante a representao de que trata o pargrafoanterior ou por iniciativa prpria:7

    a) resolver sobre interconexo.8b) determinar as condies de ordem tcnica ou administrativa e a compen-sao com que a mesma troca de servios dever ser feita.9

    Art. 180. Quanto s tarifas razoveis, a alnea b do artigo 178, o Servio deguas fixar, trienalmente, as mesmas:

    I sob a forma do servio pelo custo, levando-se em conta:a) todas as despesas e operaes, impostos e taxas de qualquer natureza,lanados sobre a empresa, excludas as taxas de benefcio;

    4 Decreto-lei 3.763 de 25.10.1941.5 Decreto-lei 3.763 de 25.10.1941.6 Decreto-lei 3.763 de 25.10.1941.7 Decreto-lei 3.763 de 25.10.1941.8 Decreto-lei 3.763 de 25.10.1941.9 Decreto-lei 3.763 de 25.10.1941.

  • 49Cdigo de guas

    b) as reservas para depreciao;c) a remunerao do capital da empresa.II Tendo em considerao, no avaliar a propriedade, o custo histrico, isto ,

    o capital efetivamente gasto, menos a depreciao;III conferindo justa remunerao a esse capital;IV vedando estabelecer distino entre consumidores, dentro da mesma

    classificao e nas mesmas condies de utilizao do servio;V tendo em conta as despesas de custeio fixadas, anualmente, de modo

    semelhante.

    Art. 181. Relativamente estabilidade financeira de que cogita a alnea c do art.178, alm da garantia do lucro razovel indicado no artigo anterior, aprovar e fisca-lizar especialmente a emisso de ttulos.

    Pargrafo nico. S permitida essa emisso, qualquer que seja a espcie dettulos para:

    a) aquisio de propriedade;b) a construo, complemento, extenso ou melhoramento das instalaes,sistemas de distribuio ou outras utilidades com essas condizendo;c) o melhoramento na manuteno do servio;d) descarregar ou refundir obrigaes legais;e) o reembolso do dinheiro da renda efetivamente gasto para os fins acimaindicados.

    Art. 182.10 Relativamente fiscalizao da contabilidade das empresas, a Divisode guas:

    a) verificar, utilizando-se dos meios que lhe so facultados no artigo seguin-te, se feita de acordo com as normas regulamentares baixadas por decreto;11

    b) poder proceder, semestralmente, com a aprovao do Ministro da Agricul-tura, tomada de contas das empresas.12

    Pargrafo nico. Os dispositivos alterados estendem-se igualmente energiatermoeltrica e s empresas respectivas, no que lhes forem aplicveis.

    Art. 183. Para o exerccio das atribuies conferidas ao Servios de guas, pelosarts. 178 a 181, seus pargrafos, nmeros e alneas, as empresas so obrigadas:

    a) apresentao do relatrio anual, acompanhado da lista de seus acionis-tas, com o nmero de aes que cada um possui e da indicao do nmero enome de seus diretores e administradores;

    10 Decreto-lei 3.763 de 25.10.1941.11 Decreto-lei 3.763 de 25.10.1941.12 Decreto-lei 3.763 de 25.10.1941.

  • 50 Cdigo de guas

    b) indicao do quadro do seu pessoal;c) indicao das modificaes que ocorram quanto sua sede, quanto listae indicao de que trata a alnea a, e quanto s atribuies de seus direto-res e administradores.

    Pargrafo nico. Os funcionrios do Servio de guas, por este devidamenteautorizados, tero entrada nas usinas, subestaes e estabelecimentos das empre-sas e podero examinar as peas de contabilidade e todo documento administrativoou comercial.

    Art. 184. A ao fiscalizadora do servio de guas, estende-se:a) a todos os contratos ou acordo, entre as empresas, de operao e seusassociados, quaisquer que estes sejam, destinem-se os mesmos contratos ouacordos direo, gerncia, engenharia, contabilidade, consulta, compra,suprimentos, construes, emprstimos, vendas de aes ou mercadorias, oua fins semelhantes;b) a todos os contratos ou acordos relativos aquisio das empresas, deoperao pelas empresas de controle de qualquer gnero, ou por outras em-presas.

    1o Esses contratos ficam debaixo de sua jurisdio, para impedir lucros que nosejam razoveis, sendo examinado cada contrato como um item separado, e nopodendo se tornar efetivo sem sua aprovao.

    2o Entre os associados, se compreendem as empresas estrangeiras que prestemservios daquelas espcies, dentro do pas.

    Art. 185. Consideram-se associados para os efeitos do artigo precedente:a) todas as pessoas ou corporaes que possuam, direta ou indiretamente,aes com direito a voto, da empresa de operao;b) as que conjuntamente com a empresa de operao, fazem parte direta ouindiretamente de uma mesma empresa do controle;c) as que tm diretores comuns;d) as que contratarem ser