contabilidadeenegocios.files.wordpress.com€¦  · web view1 conceito e objeto da contabilidade...

90
1 Conceito e objeto da contabilidade tributária A matéria tributária tem sido objeto de estudo de diversas disciplinas, cada uma delas adotando um enfoque e uma metodologia próprias de suas respectivas áreas. Nesse contexto, destacam-se a Economia, o Direito, a Contabilidade e a Administração. A contabilidade tributária é a disciplina ou o ramo da contabilidade que se dedica ao estudo dos princípios, conceitos, técnicas, métodos e procedimentos aplicáveis à apuração dos tributos devidos pelas empresas e entidades em geral, à busca e análise de alternativas para a redução da carga tributária e ao cumprimento das obrigações acessórias estabelecidas pelo Fisco. Economia: Pode-se dizer que os economistas estudam aspectos relacionados: (1) à evasão tributária e suas causas, linha de pesquisa conhecida como tax compliance (obediência tributária); (2) à tributação ótima, onde investigam se os países devem tributar mais a renda ou o consumo; (3) à eficiência econômica dos tributos, analisando como o comportamento dos agentes econômicos é afetado pelo sistema tributário;

Upload: others

Post on 03-Nov-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1 Conceito e objeto da contabilidade tributária

A matéria tributária tem sido objeto de estudo de diversas disciplinas,

cada uma delas adotando um enfoque e uma metodologia próprias de suas respectivas áreas. Nesse contexto, destacam-se a Economia, o Direito, a Contabilidade e a Administração.

A contabilidade tributária é a disciplina ou o ramo da contabilidade que

se dedica ao estudo dos princípios, conceitos, técnicas, métodos e procedimentos aplicáveis à apuração dos tributos devidos pelas empresas e entidades em geral, à busca e análise de alternativas para a redução da carga tributária e ao cumprimento das obrigações acessórias estabelecidas pelo Fisco.

Economia:

Pode-se dizer que os economistas estudam aspectos relacionados:

(1) à evasão tributária e suas causas, linha de pesquisa conhecida

como tax compliance (obediência tributária);

(2) à tributação ótima, onde investigam se os países devem tributar mais a renda ou o consumo;

(3) à eficiência econômica dos tributos, analisando como o comportamento dos agentes econômicos é afetado pelo sistema tributário;

(4) a questões macroeconômicas da tributação, tais como crescimento econômico, inflação, poupança e investimento.

O Direito.

Os juristas, por sua vez, dedicam-se mais ao estudo do sistema tributário enquanto um conjunto de normas que regem a tributação, lançando sua preocupação precipuamente em analisar aspectos relacionados à constitucionalidade e à legalidade das exigências tributárias.

Administração

Os administradores abordam os tributos especialmente quando tratam de aspectos da gestão pública e de administração financeira e estratégica em geral.

A Psicologia

e a Sociologia têm dado importantes contribuições na análise de aspectos comportamentais dos contribuintes.

A Contabilidade

Os contadores dedicam-se ao estudo de fatores relacionados às normas tributárias que impõem práticas contábeis e procedimentos de apuração dos tributos, de questões de planejamento tributário e à análise do impacto que os tributos causam nas decisões dos contribuintes. A contabilidade tributária ganhou autonomia justamente para dar suporte ao desenvolvimento de conceitos e técnicas para habilitar o contador a fazer frente à complexidade e aos desafios crescentes da área tributária.

2 Tipos de contabilidade

(Aula explicada em vídeo)

3 Perfil profissional e áreas de atuação

O profissional que atua ou pretende atuar nessa área deve ser dotado

de um perfil notadamente interdisciplinar. Ao conhecimento e formação

contábil sólidos, deve associar um mínimo domínio dos princípios e normas aplicáveis ao direito tributário.

Manter-se atualizado a respeito das alterações da legislação tributária é

fundamental para que um profissional possa alcançar sucesso nesse mercado. No Brasil, em especial, essa tarefa é extremamente trabalhosa e custosa, uma vez que nosso sistema tributário é um dos mais complexos e intrincados do planeta.

O profissional da contabilidade tributária, a quem podemos chamar de

contador tributarista ou, simplesmente, tributarista, tem sob sua responsabilidade a realização de diferentes atividades, embora todas vinculadas à matéria tributária.

· As principais funções a cargo do contador tributarista podem

· ser resumidas da seguinte maneira:

· Analisar as atividades e operações realizadas pelas empresas e identificar os tributos aos quais estão sujeitas.

· Identificar a legislação aplicável aos tributos devidos pelas empresas e acompanhar as alterações das normas de forma ágil e oportuna.

· Analisar e interpretar a legislação aplicável a cada tributo devido pela empresa para determinar o alcance e a aplicabilidade dos dispositivos legais.

· Orientar e assessorar os departamentos, setores e pessoas envolvidos com a emissão de documentos fiscais, com a apuração dos tributos e com o cumprimento de quaisquer outras obrigações tributárias.

· Estabelecer rotinas de apuração e cumprimento das obrigações tributárias, além de métodos e procedimentos periódicos de revisão e auditoria fiscal.

· Identificar alternativas lícitas de redução do ônus tributário relativamente a cada tributo devido pela empresa a partir de uma análise minuciosa da legislação.

· Representar o contribuinte junto às repartições fiscais competentes para a solução de problemas e impasses relativamente aos tributos devidos, incluindo petições, requerimentos, impugnações, recursos, consultas e quaisquer outras medidas administrativas.

4 Regime de caixa x regime de competência

Assunto crucial para a apuração de tributos.

REGIME DE COMPETÊNCIA CONTÁBIL

 

O reconhecimento das receitas e gastos é um dos aspectos básicos da contabilidade que devem ser conhecidos para poder avaliar adequadamente as informações financeiras.

 

O regime de competência é um princípio contábil, que deve ser, na prática, estendido a qualquer alteração patrimonial, independentemente de sua natureza e origem.

EFEITOS FINANCEIROS

Regime de Competência

 

Sob o método de competência, os efeitos financeiros das transações e eventos são reconhecidos nos períodos nos quais ocorrem, independentemente de terem sido recebidos ou pagos.

Ou seja, o pagamento ou recebimento devem ser reconhecidos na contabilidade mesmo que o dinheiro não tenha sido desenbolsado ou entrado fisicamente na empresa.

 

Isto permite que as transações sejam registradas nos livros contábeis e sejam apresentadas nas demonstrações financeiras do período no qual os bens (ou serviços) foram entregues ou executados (ou recebidos). É apresentada assim uma associação entre as receitas e os gastos necessários para gerá-las.

 

APURAÇÃO DO RESULTADO

 

As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento.

 

Para todos os efeitos, as Normas Brasileiras de Contabilidade elegem o regime de competência como único parâmetro válido, portanto, de utilização compulsória no meio empresarial.

 

RECONHECIMENTO DAS RECEITAS

As receitas consideram-se realizadas:

1. nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à ENTIDADE, quer pela fruição de serviços por esta prestados;

2 – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior;

3 - pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros;

4 – no recebimento efetivo de doações e subvenções.

RECONHECIMENTO DOS GASTOS

Consideram-se incorridas os gastos:

 

1 – quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para terceiro;

2 – pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo;

3 – pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.

 

REGIME DE CAIXA

 

Sob o regime de caixa, os recebimentos e os pagamentos são reconhecidos unicamente  quando se recebe ou se paga mediante dinheiro ou equivalente.

 

Nesse regime só se reconhece a despesa e a receita quando o dinheiro entra fisicamente.

 

Alguns aspectos da legislação fiscal permitem a utilização do regime de caixa, para fins tributários. Porém, de modo algum o regime de competência pode ser substituído pelo regime de caixa numa entidade empresarial, pois se estaria violando um princípio contábil.

 

Frizando

Regime de competência: Exemplo:

Uma empresa vende produtos a prazo no mês de janeiro para receber em março, logo, não interessa quando ela vai receber o valor, se o produto foi vendido em janeiro ela vai considerar que a receita aconteceu em janeiro.

A mesma lógica deve ser usada para despesas e custos, não interessa se a empresa só vai pagar a conta de energia do mês de fevereiro em março, a despesa deve ser considerada em fevereiro, pois a energia foi consumida em fevereiro, março vai ser apenas o mês do pagamento.

5 Tributos no CTN e na CF

CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

CAPÍTULO I

Do Sistema Tributário Nacional

SEÇÃO I

Dos Princípios Gerais

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir

os seguintes tributos:

I – impostos;

II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva

ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte

ou postos a sua disposição;

III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

§ 1o Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados

segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

§ 2o A s taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Art. 146. Cabe à lei complementar:

I – dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a União,

os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

II – regular as limitações constitucionais ao poder de tributar;

III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente

sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos

discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases

de cálculo e contribuintes;

b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública,

de guerra externa ou sua iminência;

II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse

nacional, observado o disposto no art. 150, III, “b”.

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório

será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.

CTN

Lei no 5.172/1966

Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória 1, em moeda ou cujo valor

nela se possa exprimir 2, que não constitua sanção de ato ilícito 3, instituída em lei e

cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

1 Compulsória = Depois que existe a obrigação de pagar, o devedor não tem a opção de não pagar, por isso é compulsória. OBS: Só é compulsória depois que existe uma obrigação formal.

2 Em moeda = O tributo deve ser pago em dinheiro nacional, não pode ser pago com outra mercadoria nem com dinheiro internacional como o dólar. Ou cujo valor nela (moeda) se possa exprimir, ou seja, caso o tributo seja pago com outro bem aceito pelo fisco, esse bem deve ter seu preço medido em moeda nacional.

3 Não constitua sanção de ato ilícito = O Tributo não é uma penalidade por alguma infração a lei.

4 Instituída em lei = O Tributo deve ser instituído em lei, caso contrário não é válido, até mesmo em casos especiais e emergenciais como os empréstimos compulsório (falaremos mais a frente) devem ser instituídos mediante lei complementar.

Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da

respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la:

I – a denominação e demais características formais adotadas pela lei;

O Tributo é devido pelo fato gerador, independente do nome que o devedor atribua ao fato gerador. Fato gerado é a causa que faz com que o tributo seja vendido. Por exemplo: Quando uma empresa vende seu produto e adquire uma receita, ela adquire também uma obrigação de pagar um tributo.

II – a destinação legal do produto da sua arrecadação.

Não interessa o que o Estado irá fazer com o tributo arrecadado, o sujeito devedor continua sendo obrigado a pagar.

6 DRE, porque estudar e como entender ( regime competência).

O que é DRE

A DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) é um resumo das operações financeiras da empresa em um determinado período de tempo (seja mensal, bimestral, trimestral, semestral ou anual) para deixar claro se a empresa teve lucro ou prejuízo. Tecnicamente, é um demonstrativo contábil aplicado dentro do regime de competência para mostrar como é formado o resultado líquido do exercício (normalmente do ano), por meio da comparação entre receitas e despesas.

Receitas – despesas = lucro / prejuízo.

Lembra do regime de caixa e de competência? A DRE é uma demonstração mostra todas as receitas e despesas do perído, inclusive as que ainda não foram recebidas e as despesas que ainda não foram desenbolsadas.

(A DRE É FEITO SEGUNDO O REGIME DE COMPETÊNCIA)

A DRE apresenta a síntese dos resultados das atividades operacionais e não operacionais da empresa. Isso é feito de forma gerencial, com as projeções de crescimento, custos, etc, como de forma fiscal, apresentando os impostos e taxas recolhidas durante o ano.

Estrutura da DRE

Para as empresas brasileiras, a demonstração do resultado do exercício é obrigatória, de acordo com a lei n° 11.638/07, publicada em 27 de dezembro de 2007.  Resumidamente, a DRE de uma empresa se estrutura da seguinte maneira:

· Receita Bruta

· (-) Deduções e abatimentos

· (=) Receita Líquida

· (-) CPV (Custo de produtos vendidos) ou CMV (Custos de mercadorias vendidas)

· (=) Lucro Bruto

· (-) Despesas com Vendas

· (-) Despesas Administrativas

· (-) Despesas Financeiras

· (=) Resultado Antes IRPJ CSLL

· (-) Provisões IRPJ E CSLL

· (=) Resultado Líquido.

Modelo de DRE

1. Receita de vendas

Entrada de dinheiro no caixa ou no patrimônio da empresa em dinheiro ou direitos (crédito documentado que assegure propriedade de mercadorias ou bens). Inclui receita de vendas de produtos, prestação de serviço, recebimento de juros, royalties e dividendos.

2. Deduções de impostos

Inclui devoluções de vendas, descontos oferecidos e abatimentos de impostos que incidem diretamente sobre a venda, como ICMS, ISS etc.

3. Receita líquida

O resultado das receitas de vendas menos as deduções representam a receita líquida.

4. Custos de venda

CPV (Custo de produtos vendidos), CMV (Custos de mercadorias vendidas) e CSP (Custo dos Serviços Prestados) apresentam gastos relativos à fabricação de um produto ou preparação de um serviço. Valores despendidos com matéria-prima, distribuição, logística etc.

5. Lucro bruto ou resultado bruto

Lucro bruto é a diferença entre a receita líquida e o gasto na produção.

6. Despesas Administrativas ou fixas

Despesas fixas correspondem aos gastos para manter a empresa em funcionamento independentemente de haver vendas. Contas de aluguel, água, energia e telefone em escritórios, são exemplos.

7. Despesas com vendas

Gastos com comissões e custos de pós-venda

8. Despesas financeiras

Gastos com juros e multas podem ser apresentados como despesas financeiras. No caso de quem mexe com importação e exportação, variações cambiais também estão neste tópico.

9. Resultados antes do IRPJ e CSLL

Resultado da conta até aqui, desconsiderando o impacto dos impostos sobre o faturamento.

10. IRPJ e CSLL

IRPJ (Imposto de Renda de Pessoa Jurídica) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) são tributos cobrados sobre o faturamento.

11. Resultado líquido

Por fim, temos o resultado líquido, obtido a partir da subtração dos impostos e taxas pagas do lucro bruto. Esse valor corresponde ao resultado de uma empresa, considerando os ganhos e descontos em determinado período. O resultado líquido é, portanto, bastante importante para realizar financiamentos próprios, investimentos ou ser dividido entre sócios, acionistas e funcionários.

7 BASE DE CÁLCULO DE TRIBUTOS

A base de cálculo de um tributo é o montante (expresso em valor monetário) sobre o qual incidirá a respectiva alíquota. Esse valor normalmente é o valor do produto vendido ou do Serviço prestado.

Exemplo 1

Uma empresa vendeu mercadorias no valor de 1.000,00.

O ICMS é o tributo pago devido as vendas de mercadorias.

Base de cálculo do ICMS = R$ 1.000,00

Alíquota do ICMS = 18%

Exemplo 2

Uma empresa prestou um serviço de consultoria contábil no valor de 5.000,00.

O ISS é o tributo pago devido a prestação de serviços.

Base de cálculo do ISS = 5.000,00

Alíquota do ISS = 5%

Alíquota

É o percentual que será aplicado sobre a base de cálculos. No exemplo de cima, a alíquota é 18%.

Lembrando: A alíquota do ISS e ICMS podemvariar de acordo com o município no caso do ISS e do Estado no casodo ICMS.

Pequena atividade: Descubra a alíquota do ISS e do ICMS de onde você.

8 Tributos sobre vendas e sobre comércio

A tributação acontece sobre as vendas e serviços (consumo) ou sobre o patrimônio (renda).

TRIBUTOS SOBRE VENDAS

 

São considerados tributos incidentes sobre as vendas e serviços aqueles que guardam proporcionalidade com o preço da venda, mesmo que integrem a base de cálculo do tributo.

 

IPI e ICMS SOBRE VENDAS

 

O IPI e o ICMS incidente sobre vendas deve ser deduzido da receita bruta na determinação da receita líquida de vendas.

Tributos sobre as Vendas / Receitas são:

ISS

ICMS

PIS

COFINS

IPI

Tributos sobre o lucro / patrimônio

IRPJ – Imposto de renda da pesoa jurídica

IRPF – Imposto de renda da pessoa física

CSLL – Contribuição social sobre o lucro líquido

Não iremos entrar no IOF, pois o curso é voltado para tributos de empresas.

9 Hierarquia do sistema tributário nacional

Como os normativos serão citados em todo o livro, tornase relevante conhecer o significado de cada um deles e a hierarquia da legislação brasileira, particularmente em relação a aspectos tributários.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

É a Carta Magna do País que constitui, define e estrutura o Estado de direito. A Constituição atual é a de 1988. Prevalece sobre todas as demais leis. Só pode ser alterada via Emenda Constitucional, exceto para as chamadas cláusulas pétreas, que não podem ser modificadas. A divisão federativa do país em unidades autônomas (União, estados, Distrito Federal e municípios) é um exemplo de cláusula pétrea.

A Constituição define também a competência tributária de cada ente, apresentando os impostos e contribuições que podem ser criados e cobrados por cada um. Por exemplo, os estados não podem cobrar impostos sobre a renda, pois esta atribuição é exclusiva da União.

EMENDA CONSTITUCIONAL

É o único instrumento legal permitido para se proceder a modificações na Constituição. As Emendas podem ser propostas por:

um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal,Presidente da República ou mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestandose, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

Para ser publicada, uma Emenda Constitucional deve ter aprovação de três quintos dos componentes de cada uma das casas do Congresso Nacional. No Senado Federal, por exemplo, uma Emenda só será aprovada com 49 votos, pois como são 81 senadores, três quintos representariam 48,6 Senadores. A Constituição de 1988 já teve 95 Emendas até 2016, sendo pelo menos um quarto referente a mudanças no sistema tributário nacional. Fazendo conta simples, dá uma Emenda

Constitucional a cada 100 dias, desde a publicação da Constituição em OUT/88.

A Constituição atual perdeu seu sentido. É necessário refazêla

e com qualidade, para que não sejam necessárias tantas emendas.

LEI COMPLEMENTAR

As leis complementares apareceram no Brasil em 1965 com a Emenda nº 18. A ideia original do legislador foi criar um modelo de lei que tivesse abrangência sobre os interesses nacionais, com um quórum diferenciado em relação às leis ordinárias.

A lei complementar não é hierarquicamente superior à lei ordinária. Ou seja, uma lei ordinária, comum, poderá ser aprovada e ter sua aplicação, independentemente de lei complementar. Contudo, a Constituição enumera os temas que devem ser tratados por lei complementar, restando, por exclusão, os demais temas a serem regulados por lei ordinária.

No campo tributário, restringese à lei complementar a criação e regulamentação de tributos (desde que permitida pela Constituição), a definição de base de cálculo e fato gerador. No Brasil, temos exemplos de uso de lei complementar na área tributária:

LC 5.172/66, que representa o Código Tributário Nacional

LC 7/70, que criou o PIS

LC 8/70, que criou o PASEP

LC 70/91, que criou a COFINS

LC 87/96, que definiu as regras básicas do ICMS

LC 116/2003, que redefiniu os serviços alcançados pelo ISS e

LC 123/2003, que instituiu o SUPERSIMPLES.

Por outro lado, estados e municípios enfrentam problemas para regulamentar o ITD e o ITBI, respectivamente, que apresentam arrecadação tímida, justificada, entre outros problemas, pela falta de lei complementar definindo a estrutura de cobrança e o controle destes impostos.

LEIS ORDINÁRIAS

São as leis que regulamentam o dia a dia. No campo tributário, são as leis que trazem as definições básicas sobre os tributos. A Constituição Federal não cria tributos, apenas direciona de forma impositiva a competência para sua instituição. As leis ordinárias de cada ente (estados, municípios e a União) é que instituem e regulamentam os tributos, alterando também sua cobrança ao longo do tempo. Em alguns casos, a Constituição impõe a criação de tributos por lei complementar.

A lei ordinária não precisa de quórum qualificado como a lei complementar e também não tem hierarquia entre os entes, ou seja, uma lei federal não vale mais que uma lei estadual ou municipal e viceversa.

As leis ordinárias são leis próprias de cada ente da Federação e têm poder de normatização apenas dentro dos limites de sua competência tributária.

MEDIDAS PROVISÓRIAS

A Medida Provisória (MP) nasceu na Constituição de 1988, para substituir o DecretoLei. Representam assuntos referentes a casos de relevância e urgência, que podem ser adotados pelo Presidente da República, com força de lei. Originalmente, as MP deveriam ser aprovadas pelo Congresso Nacional no prazo de 30 dias, para não perder eficácia desde a data da edição. Entretanto, adotouse a prática da simples reedição, o que levou algumas Medidas Provisórias a

serem reeditadas mais de cem vezes.

A Emenda Constitucional no 32/01 proibiu esta prática. As Medidas Provisórias devem ser votadas e aprovadas no prazo de 60 dias, prorrogável uma única vez, por mais 60 dias, não cabendo reedição. Caso uma MP não seja aprovada neste prazo, perde sua eficácia e não poderá ser reeditada. Causanos vergonha saber que diversos dispositivos em vigor no sistema tributário nacional, como a tributação de PIS e COFINS das entidades imunes e isentas, sejam regulados, até os dias atuais, por Medida Provisória. A Medida Provisória no 2.158, em sua 35a reedição, está em vigor e ainda não foi convertida em lei. Imagine o caos jurídico que seria se o Congresso Nacional resolvesse votar contra a conversão desta MP 2.158, agora em 2017.

DECRETO LEGISLATIVO

Tem a função de promulgar leis que independam da sanção por parte do Poder Executivo. Por exemplo, os tratados e convenções internacionais celebrados pelo Presidente da República são aprovados em decreto legislativo.

Pode ser usado também para promulgar lei que, vetada total ou parcialmente pelo Executivo, retorna ao Legislativo.

Caso o Legislativo derrube o veto presidencial, a forma de promulgação será via Decreto Legislativo.

Por exemplo, a Lei no 10.637/02 sofreu vários vetos pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso. Caso o Poder Legislativo decidisse derrubar o veto presidencial, faria a promulgação desta lei por decreto legislativo.

DECRETO REGULAMENTAR

É ato jurídico elaborado e promulgado pelo Chefe do Poder Executivo. Normalmente é utilizado para consolidar a legislação acumulada sobre determinado assunto. É possível citar como exemplo o Decreto no 3.000/99, que consolida a legislação do imposto de renda.

O decreto regulamentar não pode inovar em relação ao texto legal, seja ampliando ou restringindo seu alcance e conteúdo. Em suma, o Decreto não cria uma única linha normativa nova, sendo apenas uma combinação de normativos anteriores ou ajuste de itens direcionados por lei.

RESOLUÇÕES

São instrumentos legais emanados pelo Senado Federal, com objetivo de: eliminar da ordem jurídica norma declarada como inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Como exemplo, podese citar a Resolução no 49/95, que declarou inconstitucionais os DecretosLeis nos 445/88 e 449/88 (aumentaram indevidamente a base do PIS) e

estabelecer os limites das alíquotas dos impostos sobre transmissão, circulação de mercadorias e serviços.

TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS

Representam acordos celebrados pelo Poder Executivo de dois Estados soberanos, com efeitos nos territórios dos dois países. Esses tratados e convenções, firmados pelo Poder Executivo (art. 84, VII, da CF), devem ser aprovados pelo Congresso Nacional (art. 49, I, da CF), produzindo seus efeitos no âmbito interno após sua promulgação por Decreto do

Presidente da República.

INSTRUÇÃO NORMATIVA

Como o próprio nome diz, instrui de forma mais detalhada os artigos da lei. Por exemplo: a Lei no 9.249/95 determinou que o resultado não operacional negativo apurado em determinado ano somente seria dedutível com resultado não operacional positivo nos anos seguintes. Da forma como a lei definiu, parecia que o resultado não operacional seria tratado de forma separada do resultado operacional, fazendo o contribuinte apurar dois cálculos separados para o imposto de renda. A Instrução Normativa SRF no 11/96 esclareceu melhor o texto da lei, explicando que o resultado não operacional negativo poderia ser compensado com resultados operacionais positivos, desde que no mesmo ano.

A instrução normativa, por outro lado, não tem poder para aumentar a base dos tributos, embora isso tenha ocorrido em algumas situações. A IN 390/04 da RFB, por exemplo, ampliou a base da CSLL, exigindo adição de valores que, originalmente, eram exigidos apenas na base do IR. Esta IN poderá ser contestada pelos contribuintes que se sentirem

prejudicados.

ATO DECLARATÓRIO

Tem a função de interpretar pontos obscuros dos instrumentos legais, além de ampliar o raio de ação desses instrumentos. É ato departamental.

10 Impostos união x estados e municípios

Impostos de competência da União:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

· I -importação de produtos estrangeiros;

· II -exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

· III -renda e proventos de qualquer natureza;

· IV -produtos industrializados;

· V -operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;

· VI -propriedade territorial rural;

· VII -grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

Impostos de competência dos estados:

· Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

· I -transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

· II -operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

· III -propriedade de veículos automotores. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993).

Impostos de competência dos municípios:

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

· I -propriedade predial e territorial urbana;

· II -transmissão "intervivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;

· III -serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993).

O imposto que mais é arrecada no Brasil é o ICMS.

11 A partir de agora vamos falar sobre o ISS – Imposto sobre serviços

Lembrando que é necessário assistir as aulas em vídeo.

Análise dos pontos mais importantes do ISS

O ISS tem seu fundamento no inciso III do art. 156 da Constituição Federal e tem os seus elementos fundamentais definidos, em âmbito nacional, pela Lei Complementar n° 116/2003.

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:

(...)

III – serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.

§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar:

I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;

II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior,

III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.

O ISS não tributa a prestação de serviços em seu conceito jurídico, mas sim, os serviços conceituados pela economia. Ele onera a circulação de serviços de qualquer natureza, ou seja, os serviços, bens imateriais na etapa de circulação econômica.

É pacífico na doutrina o entendimento de que o “serviço” alcançado pelo ISS acha-se radicado na Economia e não no Direito, assim como o conceito de “mercadoria” ou de “produto”.

INCIDÊNCIA

Lei 116 de 2003

Art. 1o O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador.

§ 1o O imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País.

§ 2o Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias.

Art. 2o O imposto não incide sobre:

I – as exportações de serviços para o exterior do País;

II – a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes delegados; juros e acréscimos moratórios relativos a operações de crédito realizadas por instituições financeiras.

Parágrafo único. Não se enquadram no disposto no inciso I os serviços desenvolvidos no Brasil, cujo resultado aqui se verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no exterior.

LOCAL DO PAGAMENTO DO IMPOSTO

Art. 3o O serviço considera-se prestado, e o imposto, devido, no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXV, quando o imposto será devido no local: (Redação dada pela Lei Complementar nº 157, de 2016).

ALGUNS EXEMPLOS

II – da instalação dos andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas, no caso dos serviços descritos no subitem 3.05 da lista anexa;

III – da execução da obra, no caso dos serviços descritos no subitem 7.02 e 7.19 da lista anexa;

IV – da demolição, no caso dos serviços descritos no subitem 7.04 da lista anexa;

QUEM DEVE PAGAR O IMPOSTO?

Art. 5o Contribuinte é o prestador do serviço.

BASE DE CÁLCULO

Art. 7o A base de cálculo do imposto é o preço do serviço.

§ 1o Quando os serviços descritos pelo subitem 3.04 da lista anexa forem prestados no território de mais de um Município, a base de cálculo será proporcional, conforme o caso, à extensão da ferrovia, rodovia, dutos e condutos de qualquer natureza, cabos de qualquer natureza, ou ao número de postes, existentes em cada Município.

§ 2o Não se incluem na base de cálculo do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza:

I - o valor dos materiais fornecidos pelo prestador dos serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista de serviços anexa a esta Lei Complementar;

Art. 8 o-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento). (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016).

BASE DE CÁLCULO DO ISS

A base de cálculo do ISS é o valor dos servios, ou seja, o valor da nota fiscal.

Se o serviço for de 1.000,00, a nota fiscal deverá ser emitida no valor de 1.000,00 nem 1 centavo a mais nem a menos. Por tanto, esse será a base.

ALÍQUOTA

A alíquota do tributo vai depender do município e da atividade, lembrando que existem aguns municípios que tem uma alíquota mais baixa que outros, e que o teto máximo da alíquota do ISS é 5% e o mínimo é de 2%.

Supondo que a base da cálculo seja 10.000,00 e a alíquota seja de 3%, logo teremos um tributo de 300,00.

Simulação.

Relembrando:

ISS tributa o que? Serviços.

De quem? Pessoas jurídicas.

De onde? Dos municípios (imposto municipal).

Uma empresa presta um serviço de consultoria contábil no valor de 10.000,00, qual o valor que deverá pagar de ISS sendo que sua alíquota é de 5%?

10.000,00 X 5% = 500,00

Uma empresa presta um serviço de pitura no valor de 5.000,00, qual o valor que deverá pagar de ISS sendo que sua alíquota é de 5%?

5.000,00 X 5% = 250,00

A líquota do ISS pode variar de cidade para cidade. Qual a alíquota do ISS na sua cidade?

12. Regimes tributários

Regimes tributários são as maneiras que uma empresa será tributada, não pode ser confundido com tipos de empresas ou com seus portes.

Os regimes tributários são:

Lucro real.

Lucro presumido.

Simples Nacional.

Lucro arbitrado.

(O lucro arbritado é na verdade uma punição das empresas que não fazem corretamente sua tributação).

O regime de tributação dessas empresas nada tem a ver com seu tamanho.

Uma empresa pode ser microempresa e ser obrigada a aderir a forma de tributação LUCRO REAL. Pode ser permitida a adotar o regime SIMPLES NACIONAL ou LUCRO PRESUMIDO.

Uma empresa pode de pequeno porte e ser obrigada a aderir a forma de tributação LUCRO REAL. Pode ser permitida a adotar o regime SIMPLES NACIONAL ou LUCRO PRESUMIDO.

Uma empresa pode ser de Médio Porte e ser obrigada a aderir a forma de tributação LUCRO REAL. Pode ser permitida a adotar o regime LUCRO PRESUMIDO mas não pode optar pelo SIMPLES NACIONAL.

Uma empresa pode ser de Grande Porte e nesse caso ela só poderá optar pela forma de tributação LUCRO REAL.

Classificação de portes de empresas

Microempreendedor Individual (MEI)

· Receita bruta anual: até R$ 81 mil

· Empregados: no máximo 1, com salário mínimo ou piso salarial da categoria.

Microempresa (ME)

· Receita bruta anual: igual ou inferior a R$ 360 mil

· Empregados: até 19 em caso de indústria e até 9 em caso de comércio e serviços.

Empresa de Pequeno Porte (EPP)

· Receita bruta anual: entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões.

· Empregados: de 20 a 99 em caso de indústria e de 10 a 49 em caso de comércio e serviços.

Acima dessa receita de R$ 4,8 milhões, a Lei Geral estipula que as empresas são “normais”.

Para as empresas de médio e grande porte, vamos utilizar, então, a definição do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):

Empresa de Médio Porte

· Receita bruta anual: Até 299.999,99

· Empregados: de 100 a 499 em caso de indústria e 50 e 99 em caso de comércio e serviços.

Empresa de Grande Porte

· Receita bruta anual: 300.000.000,00

· Ativos acima de 200.000.000,00

· Empregados: mais de 500 em caso de indústria e mais de 100 em caso de comércio e serviços.

13. A partir de agora falaremos do regime tributário lucro presumido.

Lucro presumido

1 CONCEITO DE LUCRO PRESUMIDO

O lucro presumido é uma forma de tributação que utiliza apenas as receitas da empresa para apuração do resultado tributável de IRPJ e CSLL. Com isso, esses tributos são calculados por um resultado estimado, encontrado pela aplicação de percentuais definidos em lei. (vamos ver tudo isso mais a frente).

O objetivo do lucro presumido é calcular o IRPJ e a CSLL, SOMENTE ESSES. ICMS, PIS, COFINS, IPI e ISS SÃO TRIBUTADOS COMO EM TODAS AS OUTRAS EMPRESAS.

A PARTIR DAS RECEITAS, IREMOS IDENTIFICAR QUAL SERIA O POSSÍVEL LUCRO DA EMPRESA E CALCULAR OS TRIBUTOS SOBRE ESSE LUCRO LUCRO.

Obs: Tanto no lucro presumido como no lucro real o objetivo do fisco é encontrar o lucro da empresa e em cima desse lucro ele cobrar o imposto de renda. No lucro real, o fisco cobra o tributo a partir do verdadeiro LUCRO da empresa oferecido pela contabilidade, no lucro presumido, a partir das receitas trimestrais da empresa e de acordo com a atividade da mesma, serão aplicados percentuais que o fisco acredita que isso demonstre o verdadeiro lucro da mesma, e ai então, serão cobrados os tributos.

O cálculo de IR e CSLL pelo lucro presumido tem um grau de simplicidade bem maior em comparação com o cálculo pelo lucro real.

O lucro presumido não representa uma forma de tributação obrigatória, podendo o contribuinte, se assim desejar, ser tributado pelo lucro real, mesmo com valor de receita bem reduzido. No entanto, algumas empresas não podem optar pelo lucro presumido, conforme será apresentado a seguir.

O lucro presumido tem suas regras básicas apresentadas entre os arts. 516 e 528 do Decreto no 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda) e algumas alterações posteriores.

2 EMPRESAS PROIBIDAS

A princípio, todas as empresas podem optar pelo lucro presumido. As empresas obrigadas ao lucro real, e logicamente proibidas de utilizar o lucro presumido, são aquelas enquadradas nos seguintes casos:

1. Cuja receita total, no ano calendário anterior, seja superior a R$ 78 milhões ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a 12 meses.

Início de atividades em agosto: 6 meses: 6.500.000,00 * 39.000.000,00

2. instituições financeiras e equiparadas, inclusive empresas de seguros privados, capitalização, factoring e entidades de previdência privada aberta.

3. Que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam benefícios fiscais relativos à isenção ou redução de imposto.

4. Ou que no decorrer do anocalendário tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, inclusive mediante balanço ou balancete de suspensão ou redução.

O limite era de R$ 48 milhões até 2013 e passou para R$ 78 milhões a partir de 2014, conforme Lei no 12.814/13. No limite de R$ 78 milhões, teoricamente, entram todas as receitas, mesmo as não tributadas pelo lucro presumido, como o resultado positivo de participação em empresas controladas e coligadas e as reversões de provisões. São deduzidos da receita total, para fins de cômputo do limite:

· As vendas canceladas, devolvidas ou anuladas

· Os descontos incondicionais concedidos em nota fiscal

· IPI e o ICMS Substituição Tributária, quando registrados como receita.

Sobre o limite de receitas anuais de 78 milhões.

Exemplo prático:

Uma indústria de bebidas, com receita total de R$ 90 milhões no ano, incluindo R$ 15 milhões de IPI e ICMS ST, poderá optar pelo lucro presumido no ano seguinte (90 milhões – 15 milhões = 75 milhões).

Outra empresa, com receita bruta de R$ 80 milhões e desconto incondicional (ou devolução de vendas) de R$ 3 milhões, também poderá optar pelo lucro presumido (80 milhões – 3 milhões = 77 milhões).

Por outro lado, não poderá optar pelo lucro presumido a empresa que apresentar R$ 65 milhões de receita bruta e R$ 20 milhões de resultado

de participação em controladas avaliadas pelo Método de Equivalência Patrimonial.(assunto de contabilidade avançada).

No ano em que a empresa iniciar sua atividade, o limite será proporcional, ou seja, R$ 6,5 milhões vezes o número de meses de funcionamento, sem fracionamento em dias. Portanto, iniciar as atividades em 2 de outubro será igual ao início no dia 30 de outubro, contando, no caso, três meses para fins de limite de opção pelo lucro presumido, que seria de R$ 19.500.000,00.

Supõe-se que asatividades da empresa começaram em agosto = conta-se: Agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro = 5 meses.

5 meses x 6.500.000,00 = 32.500.000,00 (valor que a empresa pode ganhar de receitas nos 5 meses).

Não interessa se as atividades começaram no último dia de agosto.

Se a empresa apresentar receita total em 2015 de R$ 75 milhões, no ano seguinte (2016) poderá optar pelo lucro presumido, independentemente do total de suas receitas neste ano.

Elas podem ser de R$ 200 milhões que a empresa poderá utilizar a opção pelo lucro presumido. Em 2017, contudo, será obrigada ao lucro real.

Se uma empresa tiver 200 milhões de ano, não tem problema, porém, no seguinte a empresa não poderá mais optar pelo lucro presumido, deverá obrigatoriamente optar pelo lucro real.

3 ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL OU LIVRO CAIXA

O RIR/99 (art. 527) permite que a pessoa jurídica tributada pelo lucro presumido utilize a forma de escrituração que considerar mais conveniente: contábil ou livro caixa. No entanto, a Lei no 10.406/02, conhecida como Novo Código Civil Brasileiro, exige a escrituração contábil em seu art. 1.179 (isso mesmo, 1.179!), reproduzido a seguir:

Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.

É oportuno e relevante esclarecer ao empresário que a permissão da RFB para a não utilização de escrituração contábil nos casos de lucro presumido tem validade apenas em relação aos atos exigidos por aquele órgão. A contabilidade de uma empresa é fundamental para fornecer informações internas e externas e também para atender aos órgãos oficiais, inclusive à própria fiscalização.

Portanto, as empresas tributadas pelo lucro presumido podem utilizar escrituração contábil regular (livros diário ou razão) ou escrituração apenas do livro caixa. As empresas que mantêm apenas o livro caixa devem observar o seguinte:

· Emitir a nota fiscal quando da entrega do bem ou direito ou da conclusão do serviço.

· Indicar no livro caixa, em registro individual, a nota fiscal a que corresponder cada recebimento.

As pessoas jurídicas submetidas ao regime de tributação com base no lucro presumido podem utilizar o regime de caixa no reconhecimento de suas receitas, mesmo que tenham escrituração contábil regular. No entanto, o regime de caixa, quando utilizado para fins da incidência das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, deve ser obrigatoriamente utilizado também em relação ao IRPJ e à CSLL.

Algo interessante do lucro presumido é que as empresas podem optar pelo regime de caixa para reconhecer suas receitas.

4 PERIODICIDADE E PRAZO DE RECOLHIMENTO

O lucro presumido deve ser calculado trimestralmente, com o contribuinte podendo fazer, se assim desejar, apenas quatro

recolhimentos durante o ano. O recolhimento do imposto devido no 1º trimestre deve acontecer no último dia útil de abril, sendo esta a data de

vencimento. Contudo, o contribuinte tem a opção de parcelar em até três quotas iguais e sucessivas, pagando no último dia útil dos meses de abril, maio e junho, com acréscimo de juros a partir da 2ª quota.

Dependendo da situação financeira da empresa, pode representar uma vantagem efetuar esse pagamento de forma parcelada. Entretanto, em caso de parcelamento, nenhuma quota poderá ser inferior a R$ 1.000, não sendo possível o parcelamento de valor total menor que R$ 2.000.

Por exemplo, suponha que o IR devido por uma empresa no 1º trimestre de 2017 seja R$ 18.000. Neste caso, admitindo uma taxa SELIC mensal de 1,5%, a empresa poderá parcelar esse valor em até três vezes:

Em 30/ABR, a empresa deverá recolher apenas R$ 6.000, sem acréscimos.

Em 31/MAI, o recolhimento será de R$ 6.060, pois o principal será acrescido de juros de 1%.

Em 30/JUN, o recolhimento será de R$ 6.150, pois o principal seria acrescido da taxa SELIC de maio (1,5%) mais 1% referente ao mês de junho, o que dá o total de 2,5% de acréscimo.

Se o valor a pagar fosse R$ 2.800, somente seria possível o parcelamento em duas quotas e não em três, pois as parcelas não poderiam ser de valor menor que R$ 1.000. O valor a pagar em abril seria R$ 1.400 e em maio, de R$ 1.414. Percebe-se o uso de 1% de juros no mês relativo ao pagamento. É o que manda a legislação: no mês do pagamento ou da compensação, a taxa utilizada deve ser 1%.

BASE DE CÁLCULO E ALÍQUOTAS

A base de cálculo do imposto de renda será obtida pela aplicação de um percentual específico sobre cada receita obtida pela empresa. Este percentual depende da atividade exercida. A tabela a seguir apresenta os percentuais utilizados para IR e CSLL.

Cálculo do IR e da CSLL (calcular uma empresa de comércio)

LEMBRETE: O ISS, ICMS, IPI, PIS e CONFINS são calculados de forma igual seja no lucro presumido ou lucro real.

Nosso objetivo é calcular o IRPJ e a CSLL.

Questão a ser resolvida:

A Cia. Caxambu é uma empresa comercial do ramo de móveis. No 1º trimestre de 2015, obteve receita com vendas de R$800.000, com desconto comercial (concedido na nota fiscal) de R$ 20.000 e devolução de vendas no valor de R$ 10.000. O cálculo pelo lucro presumido será apresentado no quadro a seguir:

Devemos observar o seguinte:

1 – Quantas atividades a empresa tem? Uma.

2 – Qual / quais a(s) atividade(s) da empresa? Comércio.

3 – Qual a alíquota de presunção do IR: 8%

4 - Qual a alíquota de presunção da CSLL: 12%

5 – Qual a soma das receitas do trimestre? 770.000,00

6 – Lembrando no lucro presumido calculamos os tributos trimestralmente, então devemos juntar as receitas do trimestre.

7 – Teve alguns desconto incondicional? Sim.

A Cia. Caxambu é uma empresa comercial do ramo de móveis. No 1º trimestre de 2015, obteve receita com vendas de R$800.000, com desconto comercial (concedido na nota fiscal) de R$ 20.000 e devolução de vendas no valor de R$ 10.000. O cálculo pelo lucro presumido será apresentado no quadro a seguir:

Os descontos incondicionais são considerados parcelas redutoras do preço de vendas, quando constarem da nota fiscal de venda dos bens ou da fatura de serviços e não dependerem de evento posterior à emissão desses documentos; 

Já os descontos condicionais são aqueles que dependem de evento posterior à emissão da nota fiscal, usualmente, do pagamento da compra dentro de certo prazo, e configuram despesa financeira para o vendedor e receita financeira para o comprador.

SÃO TRÊS PASSOS A SEREM SEGUIDOS.

1º Encontrar a receita do trimestre.

2 º Calcular o IRPJ.

3º Calcular a CSLL.

Vamos lá:

1º Encontrar a receita do trimestre.

(+) Receita: 800.000,00

(-) Desconto: 20.000,00

(-) Devolução: 10.000,00

(=) Receita líquida: 770.000,00

2 º Calcular o IRPJ.

Vamos procurar a base do IRPJ

770.000,00 x 8% = 61.600,00 (lucro presumido para fins de IRPJ)

Vejamos o seguinte: preciso explicar a você o que é o adicional de10%.

Quando o lucro presumido ultrapassar 20.000,00 em um mês, ou 60.000,00 em um trimestre (20.000X3), aplicaremos 15% sobre o lucro presumido total, mais 10% sobre o valor que ultrapassou os 60.000,00 no trimestre. No exemplo acima, a empresa teve 61.600,00 de lucro presumido, e teve 1.600,00 a mais no trimestre, ou seja, devemos aplicar 15% sobre os 61.600,00 e 10% sobre os 1.600,00.Em seguida, somamos os dois resultados.

Vamos calcular o imposto

1º Passo – aplicando 15% sobre o lucro

61.600,00 * 15% = 9.240,00 de IRPJ

2º Passo – identificando o valor que ultrapassou os 60.00,00

1.600,00

3º Calculando o adicional de 10% sobre os 1.600,00

1.600,00 * 10% = 160,00 IRPJ

4º Passo – Somandos os dois valores

9240,00 + 160,00 = 9.400,00

IRPJ = 9.400,00

3º Calcular a CSLL.

Aproveitaremos a receita obtiva para fins de IRPJ

770.000,00 x 12% = 92.400,00 (lucro presumido para fins de CSLL)

Lucro = 92.400,00

Alíquota da CSLL 9%

92.400,00 X 9% = 8.316,00

Pronto, agora juntamos IRPJ e CSLL

IRPJ = 9.400,00 Tributos totais sobre o lucro = 17.716,00

CSLL= 8.316,00

Não existe adicional de 10% para CSLL.

Lembrando que só calculamos o IRPJ e a CSLL de uma empresa com uma atividade, mas vamos calcular na próxima aula o IRPJ e a CSLL de uma empresa com duas atividades. Lembrando também que os tributos estaduais e municipais são calculados sobre a receita de 770.0000

Ou seja, deve ser caculados:

ISS ou ICMS ou os dois

IPI caso tenha

PIS

COFINS

IRPJ

CSLL

Cálculo de IR e da CSLL (calcular uma empresa de serviços)

LEMBRETE: O ISS, ICMS, IPI, PIS e CONFINS são calculados de forma igual seja no lucro presumido ou lucro real.

Nosso objetivo é calcular o IRPJ e a CSLL.

Questão a ser resolvida:

Uma transportadora de passageiros e de mercadorias teve receitas no trimestre no valor de 2.000.000,00. Sendo 1.200.000,00 com transporte de passageiros e 800.000,00 com transporte de cargas. Calcule o imposto de renda e constribuição social. Essa empresa teve imposto de renda retido no trimestre no valor de 16.000,00.

Devemos observar o seguinte:

1 – Quantas atividades a empresa tem? duas.

2 – Qual / quais a(s) atividade(s) da empresa? Serviços de passageiros e serviços de cargas.

3 – Qual a alíquota de presunção do IR: 16% para transporte de passageiros e 8% para transporte de cargas.

4 - Qual a alíquota de presunção da CSLL: 12% para ambos.

5 – Qual a soma das receitas do trimestre? 2.000.000,00. Aqui é necessário saber a receita de cada atividade, a questão fornece, 1.200.000,00 com transporte de passageiros e 800.000,00 com transporte de cargas.

6 – Lembrando no lucro presumido calculamos os tributos trimestralmente, então devemos juntar as receitas do trimestre.

7 – Teve alguns desconto incondicional? Não.

8 – Tem imposto de renda retido? 16.000,00

SÃO TRÊS PASSOS A SEREM SEGUIDOS.

1º Encontrar a receita do trimestre.

2 º Calcular o IRPJ.

3º Calcular a CSLL.

Vamos lá:

1º Encontrar a receita do trimestre referente a transporte de passageiros.

(+) Receita: 1.200.000,00

(-) Desconto: 0

(-) Devolução: 0

(=) Receita líquida: 1.200.000,00

1º Encontrar a receita do trimestre referente a transporte de cargas.

(+) Receita: 800.000,00

(-) Desconto: 0

(-) Devolução: 0

(=) Receita líquida: 800.000,00

2 º Calcular o IRPJ.

Vamos procurar a base do IRPJ referente a transporte de passageiros.

1.200.000,00 x 16% = 192.000,00 (lucro presumido para fins de IRPJ da atividade transporte de passageiros)

Vamos procurar a base do IRPJ referente a transporte de cargas.

800.000,00 x 8% = 64.000,00 (lucro presumido para fins de IRPJ da atividade transporte de cargas)

Pronto, como estamos trabalhando com duas atividades, encontramos as duas bases para calcular o tributo. Devemos soma-las.

192.000,00 + 64.000,00 = 256.000,00

256.000,00 É O LUCRO PRESUMIDO.

Quando o lucro presumido ultrapassar 20.000,00 em um mês, ou 60.000,00 em um trimestre (20.000X3), aplicaremos 15% sobre o lucro presumido total, mais 10% sobre o valor que ultrapassou os 60.000,00 no trimestre. No exemplo acima, a empresa teve 256.000,00 de lucro presumido, e teve 196.000,00 a mais no trimestre, ou seja, devemos aplicar 15% sobre os 256.000,00 e 10% sobre os 196.000,00. Em seguida, somamos os dois resultados.

Vamos calcular o imposto

1º Passo – aplicando 15% sobre o lucro

256.000,00 * 15% = 38.400,00 de IRPJ

2º Passo – identificando o valor que ultrapassou os 60.00,00 no trimestre.

196.000,00

3º Calculando o adicional de 10% sobre os 196.000,00

196.000,00 * 10% = 19.600,00 IRPJ

4º Passo – Somandos os dois valores

38.400,00 + 19.600,00 = 58.000,00

Observação: SE A EMPRESA TIVER IRPJ RETIDO, ESSE VALOR DEVE SER DIMINUIDO DOS 58.000,00. NO CASO, O IMPOSTO RETIDO É DE 16.000,00.

(+) IRPJ = 58.000,00

(-) IRPJ RETIDO = 16.000,00

IRPJ TOTAL = 42.000,00

42.000,00 É o imposto de renda. Preste atenção sempre que ouver IR retido.

3º Calcular a CSLL.

Como as alíquotas de presunção para as duas atividades são 12% fica fácil, mas é necessário observar sempre que for calcular parater certeza do que está fazendo.

2.000.000,00 x 12% = 240.000,00 (lucro presumido para fins de CSLL)

Lucro = 240.000,00

Alíquota da CSLL 9%

240.000,00 X 9% = 21.600,00

Obs: não existe adicional de 10% para a CSLL, mesmo que o lucro o presumido seja acima de 60.000,00 no trimestre, aplica-se somente 9% sobre tal lucro.

Pronto, agora juntamos IRPJ e CSLL

IRPJ = 42.000,00

CSLL= 21.600,00

Tributos totais sobre o lucro = 63.000,00

Cálculo de IR e da CSLL (calcular uma empresa de serviço e comércio).

LEMBRETE: O ISS, ICMS, IPI, PIS e CONFINS são calculados de forma igual seja no lucro presumido ou lucro real.

Nosso objetivo é calcular o IRPJ e a CSLL.

Questão a ser resolvida:

Uma transportadora de passageiros teve receitas no trimestre no valor de 500.000,00. Calcule o imposto de renda e constribuição social. Essa empresa teve imposto de renda retido no trimestre no valor de 3.000,00

Devemos observar o seguinte:

1 – Quantas atividades a empresa tem? Uma.

2 – Qual / quais a(s) atividade(s) da empresa? Serviços.

3 – Qual a alíquota de presunção do IR: 16%

4 - Qual a alíquota de presunção da CSLL: 12%

5 – Qual a soma das receitas do trimestre? 500.000,00

6 – Lembrando no lucro presumido calculamos os tributos trimestralmente, então devemos juntar as receitas do trimestre.

7 – Teve alguns desconto incondicional? Não.

8 – Tem imposto de renda retido? 3.000,00

SÃO TRÊS PASSOS A SEREM SEGUIDOS.

1º Encontrar a receita do trimestre.

2 º Calcular o IRPJ.

3º Calcular a CSLL.

Vamos lá:

1º Encontrar a receita do trimestre.

(+) Receita: 500.000,00

(-) Desconto: 0

(-) Devolução: 0

(=) Receita líquida: 500.000,00

2 º Calcular o IRPJ.

Vamos procurar a base do IRPJ

500.000,00 x 16% = 80.000,00 (lucro presumido para fins de IRPJ)

Vejamos o seguinte: preciso explicar a você o que é o adicional de10%.

Quando o lucro presumido ultrapassar 20.000,00 em um mês, ou 60.000,00 em um trimestre (20.000X3), aplicaremos 15% sobre o lucro presumido total, mais 10% sobre o valor que ultrapassou os 60.000,00 no trimestre. No exemplo acima, a empresa teve 80.000,00 de lucro presumido, e teve 20.000,00 a mais no trimestre, ou seja, devemos aplicar 15% sobre os 80.000,00 e 10% sobre os 20.000,00.Em seguida, somamos os dois resultados.

Vamos calcular o imposto

1º Passo – aplicando 15% sobre o lucro

80.000,00 * 15% = 12.000,00 de IRPJ

2º Passo – identificando o valor que ultrapassou os 60.00,00 no trimestre.

20.000,00

3º Calculando o adicional de 10% sobre os 1.600,00

20.000,00 * 10% = 2.000,00 IRPJ

4º Passo – Somandos os dois valores

12.000,00 + 2.000,00 = 14.000,00

Observação: SE A EMPRESA TIVER IRPJ RETIDO, ESSE VALOR DEVE SER DIMINUIDO DOS 14.000,00. NO CASO, O IMPOSTO RETIDO É DE 3.000,00.

(+) IRPJ = 14.000,00

(-) IRPJ RETIDO = 3.000,00

IRPJ TOTAL = 11.000,00

11.000,00 É o imposto de renda. Preste atenção sempre que ouver IR retido.

3º Calcular a CSLL.

Aproveitaremos a receita obtiva para fins de IRPJ

500.000,00 x 12% = 60.000,00 (lucro presumido para fins de CSLL)

Lucro = 60.000,00

Alíquota da CSLL 9%

60.000,00 X 9% = 5.400,00

Obs: não existe adicional de 10%para a CSLL, mesmo que o lucro o presumido seja acima de 60.000,00 no trimestre, aplica-se somente 9% sobre tal lucro.

Pronto, agora juntamos IRPJ e CSLL

IRPJ = 11.000,00

CSLL= 5.400,00

Tributos totais sobre o lucro = 16.400,00

Obs:

Lembrando que só calculamos o IRPJ e a CSLL de uma empresa com uma atividade, mas vamos calcular na próxima aula o IRPJ e a CSLL de uma empresa com duas atividades. Lembrando também que os tributos estaduais e municipais são calculados sobre a receita de 770.0000

Ou seja, deve ser caculados:

ISS ou ICMS ou os dois

IPI caso tenha

PIS

COFINS

IRPJ

CSLL

14 ENCARGOS SOBRE ATRASOS

Quando o contribuinte efetuar o pagamento de tributos federais com atraso, estará sujeito aos acréscimos legais: multa e juros.

Os juros cobrados são aqueles divulgados pelo Banco Central do Brasil, representando a taxa utilizada pela SELIC (Central de Títulos Públicos). A incidência de juros é mensal e só ocorre a partir do mês seguinte ao mês do vencimento.

Uma obrigação vencida no dia 20 de abril não terá cobrança de juros, se o pagamento for realizado até o final do mesmo mês. A partir do primeiro dia do mês seguinte (no caso, maio), haverá incidência de juros. O percentual será a taxa SELIC divulgada pelo BACEN, sendo sempre de 1% no mês do pagamento ou da compensação. Assim, qualquer obrigação quitada no mês seguinte ao mês do vencimento terá juros de apenas 1%.

Admitindo que o IR seja devido no dia 30/ABR/17 e o contribuinte somente efetue o pagamento no dia 12/AGO/17, os juros serão calculados da seguinte forma:

SELIC de maio + SELIC de junho + SELIC de julho + 1% (referente ao mês de agosto)

Não há limite máximo para cobrança de juros, que são calculados de forma simples, não composta. Assim, se a taxa mensal no exemplo anterior fosse 2%, os juros cobrados seriam de 7% (2% de maio + 2% de junho + 2% de julho + 1% de agosto).

Já a multa espontânea cobrada nos atrasos de tributos federais é de 0,33% ao dia, com limitação máxima em 20%, o que dá 60 dias de atraso (19,80%). A partir do 61% dia, ela será fixa em 20% (art. 950 do RIR/99).

A multa começa a ser cobrada a partir do dia útil seguinte ao dia do vencimento da obrigação, contando a partir daí todos os dias, sejam úteis ou não.

Por exemplo, suponha uma obrigação com vencimento no dia 15/FEV (sextafeira), véspera de carnaval. Caso o pagamento ocorra apenas no dia 20/FEV (quartafeira de Cinzas), a multa cobrada será de apenas 0,33%.

Por outro lado, se o vencimento da mesma obrigação fosse dia 14/FEV (quintafeira), com o pagamento feito no mesmo dia 20/FEV, a multa cobrada seria de 1,98%, pois começaria a contar no dia 15/FEV (sextafeira), completando seis dias no dia do pagamento (quartafeira).

As multas aplicadas no caso de procedimento de ofício por parte da RFB são regulamentadas a partir do art. 957 do RIR/99. Basicamente, as multas por notificação da autoridade fiscal são as seguintes:

75% nos casos da falta de pagamentos ou recolhimentos, de falta de declaração e nos de declaração inexata, exceto em caso de fraude

150% nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502/64, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis.

Será concedida redução de 50% da multa de lançamento de ofício ao contribuinte que, notificado, efetuar o pagamento do débito no prazo legal de impugnação (art. 961 do RIR/99).

CUIDADO NO ATRASO DE PARCELAMENTO

Se uma empresa parcelar o IR ou a CSLL em duas ou três quotas e não efetuar o pagamento da 2a quota, por exemplo, a cobrança de multa retroagirá à data original do vencimento. Por exemplo, uma empresa apresenta IR devido de R$ 2.800 no 3o trimestre de 2016 e efetua o parcelamento em duas quotas, iguais e sucessivas. Paga a 1a em 31 de outubro (R$ 1.400), enquanto a 2a parcela somente é paga no dia 2 de

dezembro. No caso, a 2a parcela seria de R$ 1.572,84, com a seguinte composição:

R$ 1.400,00 de principal

R$ 35,00 (considerando juros SELIC de 1,5% em novembro)

R$ 147,84 (considerando 10,56% de multa, referente 32 dias de atraso).

15 A partir de agora falaremos sobre o lucro real.

O que é o lucro real

Lucro real

Este regime tributário tem base no faturamento mensal ou trimestral da empresa e incide apenas sobre seu lucro efetivo, ou seja, não há a possibilidade de pagamento maior ou menor do que é devido.

Tributos

Sobre este regime incidem dois impostos: Imposto de Renda Pessoa Jurídica, ou IRPJ que é de 15% de IRPJ, e a Contribuição Social sobre Lucro Líquido, que varia entre 9% a 12%. Naturalmente, se não houver lucro, não há incidência de IRPJ e CSLL. Enquanto ao PIS e COFINS, ambos não são cumulativos, ou seja, a soma dos créditos menos os débitos é que vão mostrar o saldo do imposto a ser pago.

Quem pode optar?

Qualquer Pessoa Jurídica, mas algumas são obrigadas ao Lucro Real.

Quem é obrigado ao Lucro Real?

· Receita total no A.C. superior a R$ 78.000.000,00 (ou proporcional quando inferior a 12 meses);

· Instituições Financeiras (Bancos comerciais, de investimentos, de desenvolvimento, caixas econômicas...);

· Lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;

· Benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto (SUDENE e SUDAM);

· Instituições de assessoria creditícia (factoringe outras);

· Outros (verificar arts. 13 e 14 da Lei nº 9.718/1998)

Periodicidade

Anual

· Apura o Lucro Real em 31/12

· Cálculo por Estimativa Mensal por:

Receita Bruta; ou

· Balancete de Suspensão/Redução

Trimestral

· Apura o Lucro Real em 31/3, 30/6, 30/9 e 31/12

Cálculo do Balanço Trimestral

Regime de Competência

As receitas e despesas devem ser apropriadas ao período em função de sua incorrênciae da vinculação da despesa à receita, independentemente de seus reflexos no caixa.

A observância desse regime é obrigatória quando se trata de Lucro Real, ou seja, o lucro líquido (base para a apuração do IR), deve necessariamente, ser apurado em conformidade com o regime de competência.

Escrituração

Ao optar pelo Lucro Real, o empreendedor deve estar ciente em assumir a obrigatoriedade de escrituração comercial e fiscal rigorosa e adequada, propiciando uma melhor organização na empresa para estar sempre a par de seu estado financeiro real. Nesta melhor organização da empresa estão inclusos: Inventário; Demonstrativo de Resultados (DRE), Relatório de Lançamentos no Caixa e etc.

Pessoas jurídicas obrigadas ao Lucro Real

Lucro Real é a regra geral para a apuração do Imposto de Renda (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) da pessoa jurídica.

· lucro real: a adesão é obrigatória para empresas que possuem um faturamento superior a R$ 78 milhões no período de apuração. Empresas com atividades relacionadas ao setor financeiro também são obrigadas a adotar esse regime;

Ao mesmo tempo em que é o “regime geral” também é o mais complexo.

Neste regime, o imposto de renda é determinado a partir do lucro contábil, apurado pela pessoa jurídica, acrescido de ajustes (positivos e negativos) requeridos pela legislação fiscal, conforme esquema a seguir:

Lucro (Prejuízo) Contábil

(+) Ajustes fiscais positivos (adições)

(-) Ajustes fiscais negativos (exclusões)

(=) Lucro Real ou Prejuízo Fiscal do período

Quando se trata do regime de Lucro Real pode haver, inclusive, situações de Prejuízo Fiscal, hipótese em que não haverá imposto de imposto de renda a pagar.

Periodicidade

Pessoas jurídicas poderão apurar o imposto de renda com base no lucro real por períodos de apuração trimestrais encerrados em 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano – calendário ou anualmente, recolhendo por estimativa mensal e apurando-o também no final de cada ano.

Textos sobre adiçoes e exclusões estão postadas na plataforma.

Abaixo, está o conteúdo sobre o simples nacional.

O que é Simples Nacional?

Antes de qualquer coisa o Simples não é obrigatório a nenhuma empresa.

O Simples Nacional é o nome abreviado do “Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte”.

Trata-se de um regime tributário diferenciado, simplificado e favorecido previsto pela Lei Complementar nº 123, de 2006, aplicável às Microempresas e às Empresas de Pequeno Porte, a partir de 01/07/2007. E também a lei 155 de 2016.

As empresa do simples não irão emitir vários documentos para cada tributo, mas um só, o DAS – Documento de arrecadação do Simples. Esse documento é suficiente para pagar IRPJ, CSLL, ICMS, ISS, PIS, COFINS etc.

Tributos abrangidos pelo SIMPLES.

Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ);

· Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

· Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);

· Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins);

· Contribuição para o PIS/Pasep;

· Contribuição Patronal Previdenciária (CPP);

· Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre

Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de

Comunicação (ICMS);

· Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS).

Qual a abrangência da Lei Complementar nº 123, de 2006?

A Lei Complementar nº 123, de 2006, institui o Estatuto Nacional da Microempresa (ME) e da Empresa de Pequeno Porte (EPP). Ou seja, estabelece normas gerais relativas às ME e às EPP no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Ela abrange:

· um regime tributário diferenciado – o Simples Nacional – e

· outros aspectos relativos a licitações públicas, relações de trabalho, estímulo ao crédito, capitalização, inovação e acesso à justiça, entre outros.

A quem compete regulamentar o Simples Nacional?

Compete ao Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN), instituído pela Lei Complementar nº 123, de 2006, e regulamentado pelo Decreto nº 6.038, de 7 de fevereiro de 2007.

O CGSN, vinculado ao Ministério da Fazenda, trata dos aspectos tributários da Lei Complementar nº 123, de 2006, e é composto por representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. A partir de 1º de agosto de 2018, o regulamento geral do Simples Nacional é a Resolução CGSN nº 140, de 2018.

Para o ingresso no Simples Nacional é necessário o cumprimento das seguintes condições:

· enquadrar-se na definição de microempresa ou de empresa de pequeno porte;

· cumprir os requisitos previstos na legislação; e

· formalizar a opção pelo Simples Nacional.

Características principais do Regime do Simples Nacional:

· ser facultativo;

· ser irretratável para todo o ano-calendário;

· abrange os seguintes tributos: IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a Contribuição para a Seguridade Social destinada à Previdência Social a cargo da pessoa jurídica (CPP);

· recolhimento dos tributos abrangidos mediante documento único de arrecadação - DAS;

· disponibilização às ME/EPP de sistema eletrônico para a realização do cálculo do valor mensal devido, geração do DAS e, a partir de janeiro de 2012, para constituição do crédito tributário; (PGDAS – Onde os cálculos são feitos online no site do governo)

· apresentação de declaração única e simplificada de informações socioeconômicas e fiscais;

· prazo para recolhimento do DAS até o dia 20 do mês subsequente àquele em que houver sido auferida a receita bruta;

Leis vigentes para consulta sobre O Simples, lei 123 e lei 155.

AULA 2

MICROEMPRESA

A microempresa será a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário, devidamente registrados nos órgãos competentes, que aufira em cada ano calendário, a receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00.

Empresa de pequeno porte

Se a receita bruta anual for superior a R$ 360.000,00 e igual ou inferior é R$ 4.800.000,00, a sociedade será enquadrada como empresa de pequeno porte. Estes valores referem-se a receitas obtidas no mercado nacional. A empresa de pequeno porte não perderá o seu enquadramento se obter adicionais de receitas de exportação, até o limite de R$ 4.800.000,00. (LC 155/2016)

Mercado interno = 4.800.000,00

Mercado externo = 4.800.000,00

SOMENTE ESSAS DUAS EMPRESAS PODEM OPTAREM PELO SIMPLES.

OBS: Mesmo que as empresas sejam ME e EPP pode ser que elas estejam proibidas de optarem pelo SIMPLES caso suas atividades sejam proibidas.

AULA 3

LIMITES DE RECEITA

Qual o limite de receita bruta para fins de opção pelo Simples Nacional?

A partir de 2018, para fins de opção e permanência no Simples Nacional, poderão ser auferidas em cada ano-calendário receitas no mercado interno até o limite de R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) e, adicionalmente, receitas decorrentes da exportação de mercadorias ou serviços para o exterior, desde que

as receitas de exportação também não excedam R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais).

Ano calendário = Ano anterior

Receita no mercado interno = 4.800.000,00

Receita no mercado externo = 4.800.000,00

Início de atividade = Proporcionalidade

Exemplos:

Sobre receita interna e externa

1. Empresa Gama, aberta em 14/11/2011, deseja optar pelo Simples Nacional a partir de 2018. Auferiu no ano-calendário anterior, 2017, receita bruta no mercado interno de R$ 4.600.000,00, e receita bruta decorrente de exportação de mercadorias e serviços no valor de R$ 4.500.000,00. Como não ultrapassou nenhum dos limites em 2017, poderá optar pelo Simples Nacional em 2018.

2. Empresa Ômega, aberta em 12/05/2017, deseja optar pelo Simples Nacional a partir de janeiro de 2018. Como iniciou suas atividades no ano-calendário imediatamente anterior ao da opção, sujeita-se, para fins de opção, ao limite proporcional de R$ 3.200.000,00 (R$ 400.000,00 × 8 meses). Poderá optar pelo Simples Nacional desde que não tenha ultrapassado o limite proporcional em 2017 (R$ 3.200.000,00 de receita no mercado interno mais R$ 3.200.000,00 com exportação).

A contagem dos meses deve iniciar no mês de abertura

Uma empresa de pequeno porte iniciou suas atividades em agosto de 2018, pode optar pelo Simples nacional?

Depende: Se a receita dela estiver dentro do limite proporcional sim. Vamos ao cálculo. Uma empresa deve ter no máximo 4.800.000,00 de receita no ano anterior para aderir o Simples, se ela começou a atividade em agosto ela teve 5 meses de atividade.

5 meses

4.800.000,00 / 12 = 400.000,00 x 5 = 2.000.000,00

Logo, se o faturamento da empresa no mercado interno e externo foi de no máximo 2 milhões de reais, ela pode sim optar pelo Simples nacional.

Não existe proporção de dias, somente de meses. Se uma empresa começar no dia 30 de novembro, o cálculo deve contar com o mês de novembro.

AULA 4

QUEM PODE E QUEM NÃO PODE ADERIR AO SIMPLES

Quem está impedido de optar pelo Simples Nacional?

A empresa (base legal: art. 3º, II, §§ 2º e 4º, e art. 17 da Lei Complementar nº 123, de 2006):

· Que não tenha natureza jurídica de sociedade empresária, sociedade simples, empresa individual de responsabilidade limitada ou empresário individual.

· Que tenha auferido, no ano-calendário imediatamente anterior ou no ano calendário. em curso, receita bruta no mercado interno superior a R$ 4.800.000,00 ou ao limite adicional de igual valor para exportação de mercadorias e serviços;

· Que tenha auferido, no ano-calendário de início de atividade, receita bruta no mercado interno superior ao limite proporcional de R$ 400.000,00 multiplicados pelo número de meses em funcionamento no período, ou ao limite adicional de igual valor para exportação de mercadorias e serviços;

4.800.000 / 12 = 400.000,00

Novembro = 2 (novembro e dezembro)

400.000,00 * 2 = 800.000,00

· De cujo capital participe outra pessoa jurídica;

· Que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior;

· De cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos da Lei Complementar nº 123, de 2006, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 4.800.000,00.

1 sócio = esse sócio é sócio de outra empresa do simples. Essa outra empresa do simples tem receita bruta. A receita bruta dessa outra empresa juntamente com a receita de sua empresa, ultrapassa 4.800.000,00 no ano = sua empresa está impedida. Ou você muda de sócio, ou sua empresa deverá mudar o regime jurídico = que pode dar prejuízo ou pagar mais tributos.

· Cujo titular ou sócio participe com mais de 10% do capital de outra empresa não beneficiada pela Lei Complementar nº 123, de 2006, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 4.800.000,00.

Você tem uma empresa do simples, resolve participar de outra empresa com mais 10% do capital. Essa (outra) empresa não é do simples; a receita da sua empresa e da outra, ultrapassam 4.800.000,00 = proibido. Sua empresa sairá do simples.

· Cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de R$ 4.800.000,00.

Você é dono de uma empresa, e é chamado para administrar outra empresa, a soma das receitas da sua empresa e da outra, não podem ultrapassar 4.800.000,00.

· Que participe do capital de outra pessoa jurídica;

· Que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de

desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito,

financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de

arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de

previdência complementar;

· Resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de

desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5

anos-calendário anteriores;

· Constituída sob a forma de sociedade por ações;

· Cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade;

· Que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring);

· Que tenha sócio domiciliado no exterior;

· De cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal;

· Que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa.

· Que preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de

passageiros, exceto quando na modalidade fluvial ou quando possuir

características de transporte urbano ou metropolitano ou realizar-se sob

fretamento contínuo em área metropolitana para o transporte de estudantes ou trabalhadores.

As ME e as EPP que exerçam atividades diversificadas, sendo

apenas uma delas vedada e de pouca representatividade no total das receitas, podem optar pelo Simples Nacional?

Não poderão optar pelo Simples Nacional as ME e as EPP que, embora exerçam diversas atividades permitidas, também exerçam pelo menos uma atividade vedada independentemente da relevância da atividade impeditiva e de eventual omissão do contrato social.

A ME ou a EPP inscrita no CNPJ com código CNAE

correspondente a uma atividade econômica secundária vedada pode optar pelo Simples Nacional?

Não.

De que forma será efetuada a opção pelo Simples Nacional?

A opção pelo Simples Nacional dar-se-á somente na internet, por meio do Portal do Simples Nacional (em Simples Serviços > Opção > Solicitação de Opção pelo Simples Nacional), sendo irretratável para todo o ano-calendário. Para saber se é optante, basta acessar o Serviço “Consulta Optantes”, no Portal.

A opção pelo Simples Nacional pode ser efetuada a qualquer tempo?

Não.

A ME ou a EPP que iniciar sua atividade em outro mês que não o

de janeiro poderá optar pelo Simples Nacional?

Após efetuar a inscrição no CNPJ, bem como obter as suas inscrições Estadual eMunicipal, caso exigíveis (ver Pergunta 2.11), a ME ou a EPP terá o prazo de até 30 dias, contado do último deferimento de inscrição (seja a estadual ou a municipal), para efetuar a opção pelo Simples Nacional, desde que não tenham decorridos 180 dias da inscrição no CNPJ. Isso se quiser que a opção produza efeitos retroativos à abertura do CNPJ. Após esse prazo, a opção somente será possível no mês de janeiro do ano calendário seguinte, produzindo efeitos a partir desse mês e não mais desde a abertura do CNPJ.

Sócio de uma ME ou EPP optante pelo Simples Nacional que

venha a ser sócio de outra ME ou EPP, ambas as empresas podem ser optantes pelo Simples Nacional?

Depende da receita bruta global das duas empresas no ano-calendário anterior ou no ano em curso. A pessoa jurídica de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa beneficiada pela Lei Complementar nº 123, de 2006 (optante ou não pelo Simples Nacional), não pode ser optante pelo Simples Nacional se a receita bruta global ultrapassar R$ 4.800.000,00 (novo limite a partir de 1º de janeiro de 2018).