CMES – Cadastro Municipal de Profissionais e Estabe lecimentos de Saúde de São Paulo : Informação em Tempo Real

Victor Kleine Peixoto de Miranda1, Juliano Claudio Zanardo1, Francisco Troccoli2

1Fundação Atech / VIDATIS Sistemas de Informação em Saúde, SP

2 Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo Resumo - O Cadastro Municipal de Profissionais e Estabelecimentos de Saúde (CMES) visa estabelecer a base cadastral de todos os profissionais e as unidades assistenciais de saúde do município de São Paulo, em conformidade com os padrões estabelecidos pelo DATASUS / Ministério da Saúde, permitindo a consulta destas informações em tempo real. Este artigo apresenta o contexto atual dos sistemas vigentes, assim como seus problemas e desafios, e mostra as soluções adotadas no CMES. Palavras-chave: Informática Médica, Sistemas de Informação em Saúde, Cadastro em Saúde Abstract – The Municipal Registry of Professionals and Healthcare Providers (CMES) – establishes a central database of professionals and healthcare providers of São Paulo city, in conformity with the rules specified by DATASUS / Ministry of Health Brazil, allowing for real-time consultation of that information. This paper shows the actual context of the current systems, as well as, their problems and challenges and shows the solutions CMES has implemented. Key-words: Medical Informatics, Information Systems in Healthcare, Healthcare Registry Introdução

O município de São Paulo, por suas características superlativas, é um cenário complexo para diversas áreas da administração pública, especialmente para a saúde. São 31 subprefeituras, que concentram mais de 700 estabelecimentos e 40.000 profissionais de saúde, responsáveis pelo atendimento de aproximadamente 5 milhões de usuários do sistema público.

Um dos principais problemas na gestão municipal da saúde é o controle dos profissionais e dos recursos físicos que o município possui para o atendimento da população. É fundamental dispor de informações centralizadas e atualizadas para uma eficiente alocação e manutenção desses recursos.

Este artigo relaciona os principais desafios do município de São Paulo na gestão dos seus estabelecimentos e profissionais de saúde e, descreve o Cadastro Municipal de Estabelecimentos de Saúde – CMES: sistema concebido para centralizar e disponibilizar a informação dos ativos material e pessoal.

O CMES é um sistema centralizado, acessível a todos os estabelecimentos de saúde e à administração municipal através da internet. Ele reúne o cadastro de todos os estabelecimentos e profissionais de saúde do município, disponibilizando, em tempo real, informação atualizada para os mais diversos processos operacionais e administrativos. Através desse sistema, o município de São Paulo

busca um nível superior na gestão e no serviço de saúde.

Profissionais e Estabelecimentos de Saúde no Município de São Paulo

O município de São Paulo, por sua extensão territorial e população, tem sua administração distribuída em 31 subprefeituras, cada qual com coordenadorias que representam as secretarias municipais.

No caso da saúde, as coordenadorias de saúde das regiões da cidade dividem com a Secretaria Municipal de Saúde a gestão do serviço assistencial. São mais de 700 estabelecimentos de saúde, entre unidades básicas, postos de saúde, clínicas e hospitais, públicos e particulares que atendem o município. Neles, prestam serviço cerca de 40.000 profissionais, além dos funcionários administrativos que servem a Secretaria Municipal de Saúde e as coordenadorias.

Nesse contexto, o cadastro de todos os profissionais e estabelecimentos de saúde torna-se uma atividade complexa, porém fundamental na gestão do serviço. Um cadastro correto e sempre atualizado é fundamental para:

• Garantir conformidade com o Ministério da Saúde e, conseqüentemente, receber os pagamentos pelos procedimentos realizados.

• Controlar e otimizar a alocação dos profissionais nos estabelecimentos e na administração da saúde municipal.

• Controlar as instalações físicas e os equipamentos dos estabelecimentos de saúde.

Atualmente, São Paulo utiliza o sistema

FCES, do Ministério da Saúde, para o cadastro dos profissionais e estabelecimentos de saúde e, em função disso, enfrenta as seguintes limitações:

a. Controle dos cadastros nas subprefeituras e consolidação na Secretaria Municipal de Saúde: trabalho operacional mensal que poderia estar diluído nos próprios Estabelecimentos de Saúde.

b. Um profissional de saúde cadastrado no início do mês só tem "visibilidade municipal" no final do mês, quando os dados são consolidados.

c. O cadastro das instalações físicas, dos serviços e dos equipamentos de um EAS tende ficar obsoleto: os EAS só preenchem a ficha FCES de atualização quando for importante para o faturamento dos procedimentos executados. Exemplo: o número de macas de um EAS não é contabilizado ou atualizado, pois não é requisito para o faturamento de um procedimento.

d. Os dados dos profissionais e EAS atualmente tem foco operacional-financeiro, não de gestão: somente os profissionais operacionais (médicos, enfermeiros, atendentes) são registrados (os profissionais administrativos, da secretaria de saúde e das subprefeituras não são) e somente os equipamentos necessários para o faturamento dos procedimentos são relacionados. Isso não beneficia o uso da informação para a gestão de recursos humanos e aquisição / reposição de equipamentos nos EAS.

O desafio do município de São Paulo, que

inspirou a concepção do CMES – Cadastro Municipal de Profissionais e Estabelecimentos de Saúde, está relacionado a vários aspectos:

a. Possuir um sistema integrado, disponível a todos os EAS, Secretaria de Saúde e subprefeituras simultaneamente, em tempo real.

b. Alcançar um foco operacional, financeiro e gerencial, ou seja, aumentar o nível de informação captado atualmente.

c. Contar com alta disponibilidade e baixo tempo de resposta do sistema. CMES – Cadastro Municipal de Profissionais e Estabelecimentos de Saúde O CMES é um sistema que permite o cadastro unificado de todos os profissionais e estabelecimentos de saúde do município de São Paulo, permitindo além do foco operacional, um foco financeiro e gerencial sobre as informações dos profissionais e estabelecimentos de saúde. Fazem parte do CMES o cadastro de estabelecimentos e o cadastro de profissionais de

saúde, além de seus respectivos vínculos institucionais.

Baseado na arquitetura web e em padrões abertos, o CMES permite unificar, de maneira escalável e extensível, o sistema de cadastro de profissionais e estabelecimentos do município de São Paulo.

O desenvolvimento do CMES permite à prefeitura de São Paulo solucionar os principais problemas decorrentes do sistema de cadastros anterior:

• O cadastro passa agora a ser realizado via Internet nos próprios estabelecimentos, permitindo maior flexibilidade, rapidez e menos possibilidade de erros. Além disto, o cadastro passa agora a ser em tempo real, e não mais como no sistema vigente em que os dados são atualizados apenas no final do mês.

• Maior quantidade de informações, tanto de profissionais quanto de estabelecimentos de saúde, permitindo a utilização destas informações em processos de gestão, e não somente no cadastro. Por se tratar de um sistema único, quaisquer informações que venham tornar-se necessárias com o decorrer do tempo podem ser adicionadas ao sistema, sem que seja necessário atualizar o software em todos os estabelecimentos.

• Potencial utilização para processos administrativos, como Recursos Humanos, Compras e Planejamento, além da eventual possibilidade de integração com sistemas de ERP (Enterprise Resource Planning).

• Capacidade de disponibilizar informações para outros sistemas, tudo isto baseado em padrões abertos como CORBA [1] e Web Services [2], permitindo maior interoperabilidade.

A arquitetura computacional adotada para o CMES baseia-se no padrão J2EE [3], permitindo desta forma um sistema escalável, distribuído, tolerante a falhas e com a vantagem de ser independente de companhias privadas, tanto em relação a hardware quanto a software, como servidores de aplicação e gerenciadores de bancos de dados.

A arquitetura J2EE provê formas automáticas de distribuição e recuperação de falhas de modo transparente, permitindo ao CMES escalonar-se conforme as necessidades de utilização e operar em tempo integral, 24 horas por dia 7 dias por semana.

As camadas que compõem a arquitetura

do CMES são: • Cliente web: geralmente um browser

comum, como o Internet Explorer ou o Netscape. • JSP (Java Server Pages): componentes

J2EE utilizados na camada de apresentação

• Servlets: componentes utilizados para validação dos dados no servidor e controle do fluxo dos casos de uso

• Stateless Session Beans: componentes utilizados para distribuição e controle de transação automáticos.

• Entity Beans CMP (Container Managed Persistence): compoenentes utilizados para persistencia automática dos dados da aplicacao

• DBMS (Database Management System): Sistema que gerencia o banco de dados, como Oracle ou MySQL.

Figura 3 – Arquitetura do CMES

Por ser tratar de um cadastro, o CMES

funciona como base para muitos outros sistemas, desta forma é necessário que ele se integre a diversos sistemas de informação.

De acordo com a demanda do Ministério da Saúde, o CMES se integra de forma transparente com o CNES - Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde [4], de forma a garantir que as inclusões e alterações realizadas no âmbito da SMS-SP (Secretaria Municipal de Saúde) são transmitidas para a base nacional. Esta integração é feita via o sistema FCES (Ficha de Cadastramento de Estabelecimentos de Saúde) que até então era a única opção para alimentar o CNES.

A integração é feita via arquivos no formato DBF (Database File), por requisito do FCES. Estes arquivos são enviados mensalmente à Secretaria Municipal de Saúde e incorporados à base de dados do FCES. O FCES por sua vez, possui mecanismos de sincronização com o CNES, permitindo assim a atualização dos dados.

Figura 4 – Integração CMES - CNES

Além do CNES, o CMES é infra-estrutura básica para os demais módulos do Sistema de Informação da SMS-SP, tais como: o módulo de Registro do Atendimento e o de Regulação.

O módulo de Registro do Atendimento está na linha de frente nos estabelecimentos de saúde, auxiliando os profissionais em suas atividades. O módulo de Regulação por outro lado, abrange os processos que gerenciam alocação de recursos, como equipamentos, consultas e procedimentos médicos.

Por ser altamente consultado por estes módulos, o CMES propicia um cadastro único e integrado, evitando informações redundantes e inconsistências. Resultados

O CMES foi implantado com sucesso em julho de 2004 já integrado com o módulo de autorização de APAC´s.

Figura 5 – Tela de identificação de estabelecimentos do CMES

Servidor J2EE

JSP

Servlets

Stateless Session Beans

Entity Beans CMP

DBMS

Cliente ( Browser )

CNES

FCES

CMES

DBF

Conclusões A adoção do CMES propicia ao município um sistema de informação atual, centralizado e eficiente, de modo que os principais problemas existentes atualmente sejam solucionados com uma tecnologia que permite a evolução do sistema de acordo com as necessidades que venham a surgir. Por se tratar de um cadastro base, o aspecto de integração e interoperabilidade entre sistemas é um fator fundamental na solução do problema a que o CMES se propõe. O CMES tem o papel de uma ferramenta importante na gestão dos estabelecimentos de saúde, permitindo ao Gestor Municipal ter uma visão geral e ao mesmo tempo detalhada sobre a situação dos estabelecimentos no município. Desta forma o CMES vem a estender as funcionalidades do antigo FCES, com um sistema moderno, integrado e mais completo.

Referências [1] CORBA http://www.omg.org [2] WebServices http://java.sun.com/webservices [3] J2EE http://java.sun.com/j2ee 4] CNES http://cnes.datasus.gov.br Contato Victor Kleine P. de Miranda Consultor Vidatis VIDATIS - Sistemas de Informação em Saúde Rua do Rocio, 351 - 5º andar, Cj. 51 Vila Olímpia - São Paulo - SP - 04552-000 Tel.: (11) 3053-3768 Email: victor.miranda@vidatis.com.br