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1 CÂMARA DOS DEPUTADOS CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO A influência das redes sociais no processo legislativo na Câmara dos Deputados Cristiano Ferri Soares de Faria Carlos Batista Francisco de Assis Brandão Daniel Shim Esashika Mariana Brandt Max Stábile Brasília-DF 2012

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Page 1: CÂMARA DOS DEPUTADOS CENTRO DE FORMAÇÃO, … · 1.2 Linha de Pesquisa: Política Institucional do Poder Legislativo 1.3 Equipe de pesquisa: Coordenador : Cristiano Ferri Soares

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

CENTRO DE FORMAÇÃO, TREINAMENTO E APERFEIÇOAMENTO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO

A influência das redes sociais no processo legislat ivo na Câmara dos Deputados

Cristiano Ferri Soares de Faria

Carlos Batista

Francisco de Assis Brandão

Daniel Shim Esashika

Mariana Brandt

Max Stábile

Brasília-DF 2012

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Sumário

1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO ....................................................................3 2. APRESENTAÇÃO ..........................................................................................4 3. PROBLEMA DE PESQUISA ...........................................................................5 4. OBJETIVOS ....................................................................................................7 5. JUSTIFICATIVAS ...........................................................................................7 6. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS.....................................................................11 7. METODOLOGIA ...........................................................................................16 8. PLANO DE TRABALHO................................................................................17 9. BIBLIOGRAFIA BÁSICA ..............................................................................18

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RESUMO: O Projeto tem como objetivo identificar, mapear e analisar as redes sociais que interagem com os parlamentares e órgãos legislativos da Câmara dos Deputados. Tais redes sociais, no contexto deste projeto, abrangem os diversos grupos de interesse e cidadãos que se relacionam formal e informalmente com parlamentares e servidores dessa Casa legislativa. Nesta pesquisa, pretende-se, inicialmente, definir metodologia básica para a identificação e mapeamento dessas redes e testá-la em estudos de casos em pelo menos duas comissões. Além disso, busca-se conhecer e analisar o perfil e a forma de atuação de participantes online e offline de discussões sobre temas legislativos de forma comparativa. 1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO 1.1 Título : A influência das redes sociais no processo legislativo na Câmara dos Deputados 1.2 Linha de Pesquisa: Política Institucional do Poder Legislativo 1.3 Equipe de pesquisa: Coordenador : Cristiano Ferri Soares de Faria E-mail: [email protected] Instituição/Local de trabalho: Ponto: 5324 Endereço do trabalho: Ramal: 6-6005 Celular: 81228205 Endereço residencial: SQN 316 bloco A, apt. 504, Asa Norte-DF Telefone residencial: 35478205 Link para acesso ao lattes: http://lattes.cnpq.br/4510598808001355

Pesquisador: Carlos Marcos Batista E-mail: [email protected] Instituição: Universidade de Brasília – UnB Posição: Professor Titular – matricula: 991171 Local de trabalho: Instituto de Ciência Política – IPOL Endereço do trabalho: Campus Darcy Ribeiro – Prédio IPOL/IREL Telefone: 3107 3600 – 3107 2210 Celular: 8258 3121 Endereço residencial: SQN 206, bloco K, apt. 506. Brasília - DF Telefone residencial: 33402113 Link para acesso ao lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=B475372 Pesquisador: Francisco de Assis Fernandes Brandão Junior E-mail: [email protected] Instituição/Local de trabalho: Câmara dos Deputados/Presidência

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Ponto: 6879 Endereço do trabalho: Palácio do Congresso, Edifício Principal, piso superior, ala E, sala 5 Ramal: 5-8037 Celular: 9154-5336 Endereço residencial: SQSW 101, Bloco H, ap. 609 Telefone residencial: 3222-7986 Link para acesso ao lattes: http://lattes.cnpq.br/9403525530814720 Pesquisador: Daniel Shim de Sousa Esashika E-mail: [email protected] Instituição/Local de trabalho: Departamento de Comissões Ponto: 7394 Endereço do trabalho: Ramal: 6-6003 Celular: 8125-6905 Endereço residencial: SQN 404 bloco M, apt. 307, Asa Norte-DF Telefone residencial: 3967-3406 Link para acesso ao lattes: http://lattes.cnpq.br/4501737718377163 Pesquisador: Max Stabile E-mail: [email protected] Instituição/Local de trabalho: Instituto FSB Pesquisa Ponto: 3323-1072 Endereço do trabalho: Celular: 8416 7562 Endereço residencial: SHIN CA 10 LOTES 1 a 4, Bloco E Apto 312 Lago Norte - Brasília Link para acesso ao lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4246267T3 Pesquisador: Mariana Baptista Brandt E-mail: [email protected] Instituição/Local de trabalho: Câmara dos Deputados Ponto: 7012 Endereço do trabalho: Palácio do Congresso Nacional - Praça dos Três Poderes - Brasília - DF - CEP 70160-900 Ramal: 6-6007 Celular: 9964-4334 Endereço residencial: SCES Trecho 04 Lake View Resort ap. 112 Telefone residencial: 9964-4334 Link para acesso ao lattes: http://lattes.cnpq.br/3761037263199030

1.4 Período de Execução: 15/03/2012 a 15/03/2015 (02 anos) 1.5 Instituição do Proponente: Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento da Câmara dos Deputados (Cefor-CD)

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2. APRESENTAÇÃO

Note-se que, enquanto a internet fez surgir novas formas de participação

política, ainda não há consenso sobre como as novas TICs vão remodelar a

política. Para alguns, a participação política on-line é praticamente a replicação

eletrônica de formas tradicionais de participação política.

Certos críticos chegaram a cunhar o termo slacktivism (ativismo

preguiçoso) para descrever a ilusão de ter impacto político por apenas aderir a

um grupo no Facebook. Para outros, a internet tem impacto mais profundo. Ela

reconfigura e globaliza as arenas políticas, permite interação horizontal entre

os cidadãos, especialmente por meio das redes sociais, e introduz novas

formas genuínas de ação política, como o hackativismo.

Dentro deste quadro, deve-se questionar se a participação política on-

line traz novas categorias de cidadãos para o processo político e contribui para

o alargamento da esfera pública. Esta pesquisa visa contribuir para a

elucidação desta problemática, especificamente no que tange ao processo

legislativo no âmbito da Câmara dos Deputados brasileira.

3. PROBLEMA DE PESQUISA

O funcionamento do lobby no Congresso Nacional é pouco conhecido

com detalhes pelo universo acadêmico. Existem centenas de entidades

representativas da iniciativa privada, de instituições públicas e da sociedade

civil que interagem com parlamentares e comissões legislativas com objetivos

de viabilizarem seus interesses.

Uma nova dinâmica de interação com o parlamento tem surgido, com o

desenvolvimento das TICs a partir da década de 90, a exemplo da

comunicação por meio de redes sociais na internet. Assim, novos atores

sociais e econômicos passam a discutir assuntos de políticas públicas na

internet, por meio das redes sociais ou ainda em instrumentos institucionais,

tais como portais de consultas públicas e veículos de comunicação.

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Esses movimentos sociais passaram a influenciar a tomada de decisão

no Congresso Nacional, de acordo ou em contraposição a ações das entidades

que tradicionalmente atuam no parlamento. Poucas pesquisas têm atacado a

falta de informações sobre a forma de funcionamento do lobby - o convencional

ou o digital - no trabalho dos parlamentares e das comissões temáticas da

Câmara dos Deputados, ainda mais se levando em conta a relação entre essas

duas dinâmicas e seu impacto na tomada de decisão legislativa.

Assim, de maneira mais objetiva, segue-se conjunto de perguntas que

forma a base desta pesquisa:

a) Quais são os grupos de interesse que atuam nas comissões da Câmara

segundo os princípios do lobby tradicional? E quais são aqueles grupos

de interesse e movimentos sociais que atuam segundo os princípios do

lobby on-line? Quais as diferenças e similaridades entre tais atores e

grupos?

b) Em que medida ações de mobilização e discussão na internet

corroboram ou concorrem com ações do lobby tradicional?

c) Quem são os mais e menos influentes grupos de interesse e atores

sociais nas decisões tomadas nas comissões?

d) Qual é impacto no processo legislativo de grupos de interesse que

atuam de acordo com as formas de lobby convencionais em

comparação com aqueles que utilizam as redes sociais virtuais?

e) Quais recursos e habilidades são mobilizados pela participação política

on-line e como esses fatores se diferenciam da participação política off-

line? As variáveis que influenciam a participação on-line são as mesmas

que determinam a participação off-line?

f) Quais foram as adaptações do funcionamento interno da Câmara dos

Deputados em relação à participação da sociedade no processo

legislativo pela internet?

Em suma, pretende-se investigar nesta pesquisa qual o grau de impacto

que formas de interação social com atores políticos e órgãos legislativos da

Câmara dos Deputados, que utilizam redes sociais virtuais e instrumentos

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institucionais de interação podem exercer nos seus trabalhos em contraposição

a formas mais convencionais de influência de grupos de interesse nos

trabalhos legislativos, tais como o lobby tradicionalmente realizado no âmbito

dessa casa.

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4. OBJETIVOS

4.1 Objetivos gerais

4.1.1 Identificar, mapear e analisar as redes sociais temáticas (digitais e não

digitais) que interagem com parlamentares e comissões da Câmara dos

Deputados.

4.1.2 Identificar o perfil de participantes dessas redes.

4.1.3 Avaliar o impacto dessas redes no processo legislativo.

4.2 Objetivos específicos

4.2.1 Definir metodologia básica para a identificação e mapeamento de redes

sociais em comissões.

4.2.2 Testar a metodologia em estudos de casos em pelo menos duas

comissões, por meios dos quais se pretende realizar os objetivos gerais acima

enumerados.

4.2.3 A criação de um portal eletrônico que facilite a visualização e a

disseminação dos resultados, assim como contribuir para a continuação desta

pesquisa.

5. JUSTIFICATIVAS

As críticas ao sistema representativo parlamentar têm aumentado nos

últimos anos, simultaneamente à ampliação da difusão geográfica das

democracias parlamentares por um número cada vez maior de países e

regiões do planeta. Com efeito, pesquisas de opinião e estudos mostram haver

profunda desconfiança em instituições públicas, especialmente em parlamentos

(HIBBING e THEISS-MORSE, 1995, 2001), ainda mais tendo em vista a veloz

transformação social em andamento no mundo, com demandas legislativas

cada vez mais complexas e o surgimento de uma ampla massa de "cidadãos

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críticos" (NORRIS, 2007) cada vez mais exigentes no tocante à eficiência e ao

cumprimento, pelas instituições parlamentares, de suas funções manifestas1.

Nesse contexto, uma série de fenômenos políticos observados nas

democracias mais institucionalizadas, especialmente a partir da década de

1990, tem atestado a existência não de uma "consolidação tranquila" das

poliarquias, mas o surgimento de tensões inerentes ao funcionamento dos

sistemas representativos modernos tais como o aumento de insatisfação

popular com o processo eleitoral (DIONNE, 1991; CRAIG, 1993; TOLCHIN,

1999; WOOD, 2004) e a profunda desconfiança em instituições

governamentais (NYE et al. , 1997; HETHERINGTON, 1998), com destaque

inclusive para o Congresso Nacional norte-americano (HIBBING e THEISS-

MORSE, 1995, 2001).

Diversos autores têm observado que estas percepções tem se

desdobrado intermitentemente em comportamentos efetivos, observados

mesmo em poliarquias mais institucionalizadas e estáveis, tais como o baixo

comparecimento em pleitos eleitorais (TEIXEIRA, 1992; NORRIS, 2011), a

erosão do “capital social” (PUTNAM, 2000) e o declínio do apoio a partidos

políticos enquanto canais institucionalizados de expressão de interesses

(ALDRICH, 1995; DALTON, 2001, 2012). Muitas são, portanto, as variantes de

críticas diretas ao modelo liberal de democracia, embora com nuances entre si,

mas que compõem estridente e crescente fluxo da teoria política

contemporânea (ARTERTON, 1987; COHEN e ARATO, 1992; GALBRAITH,

1992; GIDDENS, 1994; MIGUEL, 2003; COLEMAN e BLUMLER, 2009 dentre

outros).

Simultaneamente a tais fenômenos, observamos nos últimos anos um

inegável e abrupto desenvolvimento tecnológico na área de telecomunicação e

informação principalmente, o que tem permitido à sociedade vivenciar novas

formas de sociabilidade e de construção de identidade, que colocam em

cheque os padrões de organização social anteriormente estratificados em

1 Em seu artigo seminal sugerindo uma estrutura de análise para o exame dos impactos da internet nos

trabalhos parlamentares, Cristina Leston-Bandeira enumera as seguintes funções desempenhadas pelos

órgãos parlamentares e que podem ser potencializadas por intermédio do uso das tecnologias digitais:

mediação e resolução de conflitos, educação, legislação, legitimação, representação e fiscalização do

Executivo (LESTON-BANDEIRAb, 2007: 662). Para uma tentativa de aplicação desse modelo teórico na

análise dos principais parlamentos europeus, cf. o artigo da mesma autora (LESTON-BANDEIRA, 2009).

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hierarquias mais rígidas e em formatos unidirecionais de comunicação

burocrática, gerando formatos menos hierarquizados e mais abertos de

organização do poder social (CASTELLS, 2010).

No âmbito propriamente político, diversos autores, em estudos pioneiros

realizados no início deste século, já consideravam que o número ilimitado de

informações disponíveis via internet teria o potencial de permitir ao público

maior conhecimento das políticas públicas e maior capacidade de articulação

social, com a utilização de e-mail, bate-papos virtuais (chats) e discussões on-

line, dentre outros recursos, permitindo a formação de um "sistema político

virtual" com novas janelas de oportunidade para a atuação e participação

política de setores da sociedade civil (NORRIS, 2000, 2001).

A internet permitiria inclusive a formação de redes em torno de temas ou

problemas públicos que interligam a esfera local, regional, nacional e

transnacional. Norris realça ainda a capacidade de aproximação do cidadão

com seus representantes, apesar dos obstáculos postos aos países nos quais

o "digital divide" fosse um problema socioeconômico significativo, excluindo

parcelas importantes da população ao acesso aos recursos cognitivos,

psíquicos e materiais necessários ao pleno exercício da cidadania digital .

Ao mesmo tempo em que a internet permitiria maior transparência da

ação pública, também teria o potencial de instrumentalizar a criação, ou

aperfeiçoamento, das práticas participativas, inclusive nas instituições

parlamentares mais tradicionais. Consultas públicas on-line sobre anteprojetos

de lei, orçamento participativo digital e enquetes eletrônicas são exemplos

comuns hoje em portais de democracia digital.

Assim, a instrumentalização concedida pelas tecnologias de informação

e comunicação, as novas TICs2, tendo a internet como sua principal

2 Denominam-se Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) as tecnologias e métodos para comunicar surgidas no contexto da Revolução Informacional, Revolução Telemática ou Terceira Revolução Industrial, desenvolvidas gradativamente desde a segunda metade da década de 1970 e, principalmente, nos anos 1990. A imensa maioria delas se caracteriza por agilizar, horizontalizar e tornar menos palpável fisicamente manipulável) o conteúdo da comunicação, por meio da digitalização e da comunicação em redes (mediada ou não por computadores) para a captação, transmissão e distribuição das informações (texto, imagem, vídeo e som). Considerase que o advento destas novas tecnologias (e a forma como foram utilizadas por governos, empresas, indivíduos e setores sociais) possibilitou o surgimento da “sociedade da informação”. Alguns estudiosos já falam em sociedade do conhecimento para destacar o valor do capital humano na sociedade estruturada em redes telemáticas. São

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ferramenta, e o relativo sucesso de algumas experiências participativas não

digitais, têm suscitado as seguintes questões entre interessados no estudo

sobre democracia representativa: é possível imaginar parlamentos

participativos, ou seja, que disponibilizem instrumentos de participação social

no processo legislativo? Qual seria o impacto dessa participação no sistema

representativo?

Há certo consenso entre os observadores de que a busca pelo

aprofundamento da democracia tem como aspectos fundamentais o aumento

da transparência das ações governamentais, assim como a partilha de espaços

consultivos e deliberativos entre a sociedade e as diferentes instituições do

sistema político. Nesse sentido, apesar dos obstáculos decorrentes do “digital

divide” (NORRIS, 2001), o uso de novas tecnologias de informação e

comunicação (NTICs) vem se ampliando também nos países de

democratização mais recente, aumentando as expectativas quanto à

possibilidade de um aumento da qualidade de seus sistemas políticos também

por intermédio do emprego da tecnologias digitais.

Experiências em diferentes países demonstram que formas ampliadas

de participação política vêm se desenvolvendo através do uso das NTICs,

promovendo novas possibilidades de interação entre o sistema político e a

sociedade civil (CHADWICK & HOWARD, 2008;. COLEMAN & KAPOSI, 2009).

Esses espaços de interação através das novas tecnologias permitem uma

diminuição das assimetrias informacionais entre sistema político e sociedade,

enriquecendo o repertório de informações dos atores estatais a respeito dos

interesses e das demandas dos cidadãos, contribuindo assim para o

aprimoramento das práticas deliberativas e dos processos decisórios.

Nesse contexto, vários autores têm chamado a atenção para o papel

desempenhado pelos websites dos órgãos legislativos para promover uma

maior institucionalização democrática (naqueles países onde os processos de

consideradas NTICs, entre outras: a) os computadores pessoais (PCs, personal computers), b) a telefonia móvel (telemóveis ou telefones celulares), c) a TV por assinatura (a cabo e parabólica), d) o correio eletrônico (e-mail), e) a internet, f) as tecnologias digitais de captação e tratamento de imagens e sons, e g) as tecnologias de acesso remoto (sem fio ou wireless). Fonte: Wikipédia, com modificações. Disponível no endereço eletrônico http://pt. wikipedia. org/wiki/Novas_tecnologias_de_informa%C3%A7%C3%A3o_e_comunica%C3%A7%C3%A3o. Último acesso em 4/4/2011.

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democratização ocorreram mais recentemente) e na construção de uma

democracia representativa mais participativa e que forneça um leque maior de

oportunidades de deliberação aos cidadãos naqueles países onde os sistemas

políticos democráticos estão mais consolidados (LESTON-BANDEIRA &

WARD, 2008).

Assim, testemunhamos atualmente várias tentativas de aplicação das

novas tecnologias digitais nos processos políticos, as quais têm exercido

considerável impacto nas democracias parlamentares realmente existentes,

dando origem a uma série de estudos que, com diversos graus de ambição e

abrangência, tem buscado apreender os impactos das novas tecnologias e da

Internet sobre as instituições representativas3.

Tentativas recentes de balanço das investigações realizadas nesse

campo têm apontado a necessidade de estudos comparativos mais

abrangentes sobre a matéria e, especificamente, investigações que busquem

articular as perspectivas analíticas dos cientistas políticos e dos próprios

gestores das casas legislativas, a fim produzir uma apreensão mais realista dos

efetivos impactos das novas tecnologias na dinâmica interna das casas

legislativas e de seu processo decisório, considerado como um processo

abrangente no qual interagem tanto atores internos à atividade parlamentar

como da sociedade civil (SUURLA et. al. 2002; DAÍ & NORTON, 2007;

LESTON-BANDEIRA & WARD, 2008).

6. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS:

O potencial da Internet para o aumento da participação política foi

debatido intensamente ao longo das últimas décadas (BARBER, 1997;

3 Entre os trabalhos que contem recomendações ou que analisam boas práticas relacionadas ao uso da Internet por parlamentos nacionais, destacamos, além das edições dos manuais para parlamentos publicados pela União Interparlamentar (IPU, 2000 e 2009), os trabalhos pioneiros de Coleman et al (1999), Norris (2000, 2001), bem como as análises subsequentes de Suurla et. al. (2002), Kingham (2003), Mendel (2004), Beetham (2006), Trechsel et. al. (2003), Lusoli, Ward, Gibson (2003), Cardoso et al (2003), Ferber et al (2003, 2005), Frick (2005), Ward & Lusoli (2005), Setala & Grolund (2006), López et al (2007), o número especial do The Journal of Legislative Studies que contém diversos estudos sobre os impactos da Internet nas democracias parlamentares europeias (DAÍ & NORTON, eds. 2007) e os recentes surveys publicados pelas Nações Unidas e IPU (UNITED NATIONS, 2008; IPU, 2010). Para o caso do parlamento brasileiro, cf. os trabalhos de Braga (2007, 2009), Marques (2008), Perna & Braga (2010, 2012) e Faria (2010, 2012).

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BROWNING, 1996; VAN DE DONK et al., 1995). Mas as especulações sobre o

potencial democrático das novas tecnologias de informação e comunicação

começaram bem antes (ARTERTON, 1987; BARBER, 1988; DUTTON, 1992;

DUTTON & GUTHRIE, 1991; ETZIONI et al, 1975; HOLLANDER, 1985;

LAUDON, 1977; MCLEAN, 1989, STERLING, 1986).

Surpreendentemente, os teóricos de democracia não costumam

interpretar a evolução política em termos informacionais. Um dos poucos a

tratar explicitamente da questão é Dahl, que reconhece as instituições políticas

modernas como resultado de problemas na distribuição da informação

relacionada a demandas por políticas públicas. Em Democracy and its Critics,

Dahl (1989) entende que a dinâmica central do Estado moderno é o exercício e

desenvolvimento do poder associado à assimetria na distribuição das

informações, e a organização do poder democrático em resposta às demandas

do público e das elites por políticas públicas é regulada pela necessidade de

informação. Neste caso, o Estado é mais do que um distribuidor de serviços e

valores, mas também é responsável por reunir e administrar as informações

políticas associadas a políticas públicas.

Em uma das principais referências teóricas sobre as consequências das

TICs na democracia, Bimber (2003) observa que, desde o século 19, novas

tecnologias produziram quatro revoluções na informação, que introduziram

importantes mudanças estruturais na política. Sua análise mostra que as novas

mídias vão contribuir para uma nova organização política, com mudanças

fundamentais na estrutura dos interesses políticos. Nessa nova organização, a

ação coletiva não requer necessariamente muitos recursos financeiros ou

equipe por parte dos organizadores. As fronteiras organizacionais são

permeáveis e não muito definidas, com a associação informal valorizada ou até

mesmo substituindo a filiação formal. A ação é muito mais voltada para causas

do que para os interesses dos afiliados.

Outros autores notam que os cidadãos demandam maneiras mais

flexíveis e complexas de expressar sua diversidade de visões políticas e não

vêem mais os partidos políticos tradicionais como o único meio capaz de

acomodar sua diversidade ideológica (NORRIS, 1999). Apesar do argumento

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de que os partidos são elitistas não ser novo (MICHELS, 1915), alguns acusam

o aumento das tendências oligárquicas na nova era de comunicação política

(DAVIS, 2003; HALLIN, 2000; HEFFERNAN & STANYER, 1998).

Com efeito, diversos autores ao longo dos últimos anos elaboraram

trabalhos examinando os impactos das novas tecnologias sobre os processos

de representação política no sentido estrito do termo, ou seja, nas relações que

se estabelecem entre o cidadão digitalmente incluído e aqueles segmentos das

elites dirigentes por eles eleitos e que exercem mandatos em órgãos

parlamentares (COLEMAN & SPILLER, 2003; ZITTEL, 2003; NORTON, 2007;

LILLEKER & JACKSON, 2009, 2011), além dos já citados anteriormente).

Como afirma Stephen Coleman ao efetuar um balanço das principais

questões teóricas postas pelos estudos realizados sobre a temática, são três

os principais problemas colocados pelos estudos sobre os impactos da internet

nos processos de representação política: a) a questão do uso que os

representantes podem fazer das novas tecnologias digitais para criar novos

canais de interação com sua constituency; b) os impactos do uso de tais

recursos tecnológicos nos representados, ou seja, na forma como estes

canalizam suas demandas e interesses; c) os "efeitos sistêmicos" provocados

pelas novas mídias nos processos de representação política no sentido amplo

do termo, i. e. , que se refiram às funções desempenhadas pelo legislativo e

pelas elites parlamentares no sistema político mais amplo (COLEMAN &

SPILLER, 2003; LESTON-BANDEIRA, 2007a).

A partir da sistematização dos resultados de pesquisas realizadas sobre

o tema, Coleman detecta diversas mudanças sistêmicas que estão ocorrendo

nos processos de representação política em decorrência dos impactos das

mídias digitais, dentre elas o surgimento de uma modalidade mais direta de

representação baseada nos seguintes fenômenos, associados por sua vez à

difusão das tecnologias digitais nas sociedades contemporâneas: (i) a

intensificação do fenômeno das "campanhas permanentes", com uma relação

mais contínua e regular entre representantes e representados, possibilitada

pela diminuição das barreiras aos fluxos de informação; (ii) o crescimento de

formas inovadoras de consulta e participação política digital dos eleitores nos

mandatos dos representantes, a partir do estabelecimento de uma

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"accountability de duas vias"; (iii) uma tendência a uma maior

desterritorialização da representação política, na medida em que a emergência

de uma sociedade em rede transcende as fronteiras postas por uma

representação política meramente geográfica e/ou nacional, ampliando o

campo de alcance da mensagem do representante através de suas plataformas

virtuais; (iv) a abertura de canais mais participativos nos órgãos parlamentares,

que tendem a intensificar e fortalecer os vínculos de representatividade destes

órgãos com os cidadãos, tornando possível a "reconecção" paulatina e

incremental do parlamento com a opinião pública, especialmente aqueles

segmentos representativos de setores mais organizados da sociedade civil e

com maiores recursos cognitivos e motivacionais para o adequado manuseio

das tecnologias digitais e a organização de novas formas de ação coletiva a

partir delas (COLEMAN & SPILLER, 2003; LUSOLI, WARD & GIBSON, 2005).

Nesse contexto, uma idéia cada vez mais difundida entre os analistas

dos impactos das novas tecnologias digitais no processo parlamentar é a de

que tais tecnologias permitem o desenvolvimento de práticas de democracia

participativa e deliberativa como instituto complementar à democracia

representativa.

Em oposição à ideia de substituição do sistema de representação

parlamentar por formas de participação mais direta da população nos

processos decisórios do Estado, presentes numa primeira fase de estudos

sobre internet e política, tem se difundido crescentemente, entre os estudos

mais recentes, a perspectiva que considera haver uma compatibilidade ou um

relação de complementaridade (embora não imune a tensões) entre

representação e participação políticas, sendo esta fator de fortalecimento da

primeira (FISHKIN E LUSKIN, 2005; FUNG, 2006, 2007; SANTOS &

POGREBINSCH, 2009; SMITH, 2009; COLEMAN e BLUMLER, 2009).

Mesmo analistas do sistema político brasileiro, via de regra bastante

críticos em relação ao desempenho do nosso parlamento e de seu papel no

sistema político global, vem enfatizando esta ideia, que não chega a ser

propriamente uma novidade no contexto dos debates contemporâneos sobre a

temática mais geral das relações entre E-parlamento, participação e criação de

espaços de deliberação:

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“(. . . ) a participação social não deve ser compreendida como o oposto da representação política – ou seja, que não há antagonismo entre participação e representação – e, especificamente, que representação não implica em não participação e vice-versa, isto é, que participação não implica em não representação. Práticas participativas e deliberativas como as conferências nacionais reproduzem internamente uma lógica representativa semelhante àquela adotada no Poder Legislativo, porém seu diferencial reside a) menos no aspecto da suposta ausência de mediação eleitoral e partidária entre as preferências dos cidadãos e a ação dos representantes, e b) mais na qualidade das deliberações produzidas, na especialização dos temas debatidos e na possibilidade de alteração das preferências dos cidadãos ao longo do processo, na medida em que se encontram expostos a informações produzidas por setores da sociedade civil diretamente envolvidos com o tema objeto da prática participativa em questão, no caso as conferências nacionais. ” (SANTOS & POGREBINSCH, 2010, p. 59)

Assim, menos do que uma "crise geral da representação" no

sentido rigoroso do termo, estaríamos sim vivenciando metamoforses em

direção a formatos mais participativos e interativos de representação política,

propiciados pelo surgimento e difusão cada vez mais intensa das tecnologias

digitais e seu uso pelas instituições parlamentares, pelas próprias elites

políticas e pelos cidadãos em pleitos eleitorais, bem como durante o exercício

do mandato parlamentar e nas várias fases do processo de governo e de

formulação das políticas públicas (CASTELLS, 2010).

Destacados estudiosos, entusiastas do desenvolvimento de parlamentos

mais permeáveis à sociedade, Stephen Coleman e Jay Blumler (2009, p. 38)

pensam num sistema democrático parlamentar com múltiplas possibilidades

participativas: “Uma democracia mais deliberativa buscaria conectar enorme

quantidade de projetos de participação e consulta pública, assim como

conversações públicas informais e fragmentadas, com o dia a dia do trabalho

de elaboração de políticas públicas e tomada de decisão”.

Teóricos da democracia participativa alegam que as limitações de

comunicação da mídia tradicional dificultam o exercício da liberdade de

expressão em relação às decisões tomadas no âmbito do Estado. Dessa

forma, a melhoria no sistema de comunicação geral, fomentada pelo

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surgimento da internet, por exemplo, teria efeito positivo no aprofundamento e

aumento da qualidade da democracia.

Neste contexto, começaram a surgir a partir da década de 1990 do

século passado, uma série de experiências visando ao estreitamento dos

vínculos entre representantes e representados e aumento da accountability,

assim como de incremento da participação política dos cidadãos durante o

processo decisório parlamentar, além de iniciativas fazendo uso das novas

tecnologias (LESTON-BANDEIRA & WARD, 2008).

Essas experiências são de dois tipos: a) em primeiro lugar, parlamentos

em diversos países do mundo estão tendo a iniciativa de criar canais de

deliberação e de participação social, com vistas a reaproximar o parlamento

das demandas dos cidadãos, ou pelo menos, no sentido de aumentar seu nível

de legitimidade perante a opinião pública; b) em segundo lugar, os próprios

cidadãos criam novas formas de ação coletiva e de canalização de demandas

tendo como importante recurso as tecnologias digitais, e tais ações repercutem

na vida interna do parlamento. O foco deste projeto de pesquisa está em

ambos os tipos.

7. METODOLOGIA 7.1 Universo da pesquisa

O universo desta pesquisa compreende canais institucionais de

participação da Câmara dos Deputados, como o portal e-Democracia e os

instrumentos de interação direta com as comissões, a exemplo de emails e

participações em audiências públicas, entre outros. A segunda vertente da

pesquisa envolve análise de atuação de discussões em blogues e plataformas

de redes sociais, tais como o Facebook e Twitter.

Quanto ao impacto no processo legislativo, procurar-se-á observar os

dados legislativos disponíveis no Sistema de Informação Legislativa (SILEG),

referentes às variáveis-chave que afetam a participação digital no Legislativo,

em diversos níveis – tentativa de influenciar o voto parlamentar, mobilização

em eventos (on-line e off-line), definição de agenda, definição de políticas

públicas.

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7.2 Procedimentos

Para a definição da metodologia, é preciso antes analisar quais variáveis

devem servir de comparação para as práticas de participação digital. Pode a

mesma técnica de estudo off-line ser adotada para participação on-line? Ainda

são válidas as estruturas analíticas e categorias que tradicionalmente são

utilizadas para participação off-line?

A participação política é definida como a ação dirigida explicitamente

para influenciar a distribuição de bens sociais e valores sociais

(ROSENSTONE; HANSEN, 1993). A definição envolve pressões públicas

sobre atores privados ou públicos, com atividades dentro e fora do sistema.

Isoladamente, os indivíduos avaliam o custo e benefício pessoal para

participação e as atrações e obrigações dos recursos pessoais, interesses,

preferências, identificações e crenças.

No entanto, também há motivações sociais, como a identificação dos

aspectos de vida social e política que fazem as pessoas acessíveis aos apelos

dos líderes. Os padrões de participação (quem e quando participa) são

vinculados a escolhas estratégicas de políticos, partidos, grupos e ativistas.

A participação é identificada não apenas por meio do suprimento de

informações políticas, mas também por meio da demanda dos cidadãos. Nesse

sentido, planeja-se realizar sondagens com internautas e entrevistas com

parlamentares, servidores, especialistas e representantes de entidades de

atuação na Câmara dos Deputados.

8. Plano de Trabalho e cronograma de execução 8.1 Plano Coletivo Revisão bibliográfica: Março de 2013 a Julho de 2013

Definição do escopo, variáveis e afinação da metodologia para estudo de casos: Agosto de 2013 a Dezembro de 2013

Coleta de dados: Fevereiro de 2014 a Julho de 2014

Tratamento e análise de dados: Agosto de 2014 a Dezembro de 2014

Apresentação dos resultados: Fevereiro de 2015 a Julho de 2015

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Redação e preparação de livro com os resultados: Agosto de 2015 a dezembro de 2015

Preparação do portal de divulgação da pesquisa: Janeiro a Março de 2016.

9. BIBLIOGRAFIA BÁSICA

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