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1 CURSO CASTRO ALVES 2013 VIII COLÓQUIO DE LITERATURA BAIANA LIVRO DE RESUMOS

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CURSO CASTRO ALVES 2013

VIII COLÓQUIO DE LITERATURA BAIANA

LIVRO DE RESUMOS

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ACADEMIA DE LETRAS DA BAHIA

PRESIDENTE

ARAMIS RIBEIRO COSTA

Av.Joana Angélica, 198 - Nazaré

Salvador-BA - 40050000

Tel/fax: (71) 3321-4308

http://www.academiadeletrasdabahia.org.br

[email protected]

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

REITOR

JOSÉ CARLOS BARRETO DE SANTANA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA E DIVERSIDADE CULTURAL

COORDENADOR

ADEÍTALO MANOEL PINHO

Prédio de Pós-Graduação em Educação, Letras e Artes

Módulo 2 - UEFS

Av. Transnordestina s/n – Novo Horizonte

44.036-900 - Feira de Santana - Bahia

Tel/Fax: (75) 3224-8287 - Fax

http://www.uefs.br/ppgldc

[email protected]

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LIVRO DE RESUMOS

COMUNICAÇÕES / MESA PRINCIPAL

QUINCAS BERRO D’ÁGUA: JOÃO AUGUSTO E JORGEAMADO NA CENA DO TEXTO Rosa

Borges dos Santos (UFBA)

Propõe-se, ao tomar o texto teatral Quincas Berro d´Água, adaptado de uma novela de Jorge Amado

por João Augusto, produzido no período da ditadura militar na Bahia, reconstruir, em perspectiva

filológica, a história da produção, transmissão e circulação da referida obra. A constituição do dossiê

de Quincas Berro d´Água, uma produção do Teatro Livre da Bahia e de Roberto Santana, põe em

evidência o trabalho de interpretação desenvolvido pelo filólogo, fazendo dialogar diferentes, mas

afins, métodos críticos. Diante da troca de informações de João Augusto com Jorge Amado, e da ação

dos compositores e cantores da música popular brasileira, dos atores, o Quincas se transformou e se

fez resultado de uma produção coletiva, na qual vários agentes (atores sociais) deixaram as marcas de

suas intervenções. Nesta comunicação, dar-se-á conta do histórico dessa produção teatral, fazendo a

análise desse dossiê, considerando a ação dos diversos atores sociais em relação à literatura ali

produzida e sua recepção e o processo de criação de uma obra.

JORGE AMADO E OS CORRESPONDENTES DE GUERRA

Prof. Dr. Benedito José de Araújo Veiga (UEFS)

Jorge Amado, entre outubro de 1942 a dezembro de 1944, assume a coluna Hora da

Guerra, em O Imparcial, de Salvador - Bahia, onde deixa parte do seu papel de jornalista na

Segunda Guerra Mundial. Neste momento do exercício de membro do Partido

Comunista e de cidadão brasileiro, o cronista não esquece a literatura e procura

prestigiar aqueles, em todos os países e tendências, que deixaram de lado,

momentaneamente, a sua profissão de ficcionistas e partiram para os campos de batalha, na

função de informantes privilegiados dos acontecimentos. Diversas crônicas são

reservadas para tratar deste assunto, desde a que elogia o escritor norte-americano

Quentin Reynolds até o soviético Ilya Erenburg. Os correspondentes de guerra são ainda

recordados, tomando como exemplo Michael Gold, judeu comunista, que retrata os

horrores da violência nazifascista. São também considerados: John Steinbeck, Erskine

Cladwell, e outros.

OS MAGROS E A PROSA TELÚRICA DE EUCLIDES NETO

Prof. Dr. Vitor Hugo Fernandes Martins (UNEB)

Um motivema/estilema caríssimo à prosa de ficção de EUCLIDES José Teixeira NETO (1925

– 2000) é, sem dúvida, seu telurismo. Deste modo, nos quatorze livros que o ficcionista,

cronista, memorialista e político “grapiúna” escreveu, o tema recorrente é a terra. Mas, a

nosso ver, aquele em que o elemento telúrico mais se evidencia, e sobretudo mais

esteticamente, é o romance Os Magros, de 1961. Nele, Euclides Neto paga seu tributo ao Neo-

realismo a às influências de seu mestre, Graciliano Ramos. Trata-se de uma narrativa, a um

tempo, crítico-criativa, na qual, por meio do contraponto narrativo, o romancista tematiza e

mimetiza as várias relações entre a terra e os homens que vivem e morrem nela.

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AS FILHAS DE JORGE: REPRESENTAÇÕES FEMININAS NA OBRA AS BAIANAS

Prof. ME Joabson Lima Figueiredo (UNEB)

Este estudo, a partir da leitura do livro As baianas (2012) dos autores Carlos Barbosa, Elieser

Cesar, Gustavo Rios, Lima Trindade, Mayrant Gallo, Tom Correia; busca refletir, de maneira

breve, uma aproximação ficcional da obra em análise com as representações femininas

presentes na obra do escritor Jorge Amado. Através de um estudo comparativo, cotejaremos a

imagem da baiana, uma representação feminina na literatura amadiana e na ficção

contemporânea, em especial na obra supracitada, que mesmo dentro de um projeto que

relaciona-se com o livro de Sérgio Porto - As cariocas (1967), analisamos que o livro dos

autores baianos, ganha um contorno diferenciado por trazer uma representação rica no

imaginário ficcional brasileiro - a baiana , e de tal forma, relacionar para uma possibilidade

de debate e /ou rizoma na ficção contemporânea,em especial, pela crítica social e pelo painel

que representa uma Bahia em transformação e reconfigurações.

OS POETAS BAIANOS E OS CRIMES PASSIONAIS: PAIXÂO E HONRA NA POESIA DOS

JURISTAS SALES BARBOSA E CASTRO ALVES

Profa. Cintia Portugal de Almeida (UEFS)

Este estudo apresenta uma leitura dos poemas Crime Singular, do livro Cavatinas (1885) do

feirense Sales Barbosa (1862-1888) e Anjo, de Castro Alves (1847-1871). Empenhados na

causa abolicionista, eles trazem em seus poemas sociais relatos que se configuram em crimes

de paixão, vingança, honra de escravos, e nos quais desaconselha o código de conduta moral

estabelecido: lavar a honra com sangue. Dialogando com esses poetas do Romantismo,

buscamos analisar o discurso abolicionista e a representação do escravo, presentes na poesia

desses autores baianos. Para tanto, realizamos discussões e reflexões sobre o termo “passional”

e seus múltiplos desdobramentos, analisando as histórias narradas nos textos através dos

seguintes estudos teóricos e críticos: Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre; A paixão e

o crime, Luiza Nagib, A Escravidão, de Joaquim Nabuco;; A criação literária: poesia e prosa,

de Massaud Moisés; Modernidade líquida, de Zigmum Baumam e outros.

A NEGRITUDE EM SOSÍGENES COSTA E CASTRO ALVES

Profa. Mariana Barbosa Batista (UEFS)

Este trabalho abordará o lirismo existente nas composições do poeta Sosígenes Costa

(1901-1968) coadunado com a lírica de Castro Alves (1847-1871), representados pela

figura do negro africano e pelas paisagens que emergem em seus versos. Para tanto,

serão usados como corpus dessa pesquisa, poemas que compõem a Obra poética II

(1978), de Sosígenes Costa, como “A negra mingorra”, “Dudu Calunga” e “Cantiga de

Canavial”, correlacionando-os com poemas que integram a “Cachoeira de Paulo Afonso”,

de Castro Alves. A fim de revelar as nuances entre os poetas baianos: a escravidão

aparece como temática principal, a natureza como forma de apropriação que se condensa

como composição poética, e, a intertextualidade surge como fundamento teórico para a

construção das mesmas. A intertextualidade, portanto, atua como um meio para analisar e

reconhecer o intercâmbio existente entre os autores e suas obras, configurando-as com seus

dialogismos.

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SESSÕES DE COMUNICAÇÕES

SESSÃO 1

Dia 17 de setembro – terça-feira – 14h30

Auditório Magalhães Neto - ALB

Coordenação: Valéria Lessa Mota (UESB)

MEMÓRIA, NARRATIVA E CIDADE EM ÂNGELO SOBRAL DESCE AOS INFERNOS DE RUY

ESPINHEIRA FILHO

Valeria Lessa Mota (UESB)

A poética de Ruy Espinheira Filho tem como um dos eixos centrais a memória, em sua

dimensão recriadora, ou seja, como a manifestação literária da capacidade cognitiva

integradora, retentora e recuperadora de eventos. Nesse sentido, ela é um auxiliar do

imaginário que é atualizado na ficção, assim, integra em processos narrativos ou poéticos

sejam lembranças vividas, sejam fábulas, aqui compreendidas como enredos inventados que

integram elementos biográficos. Em quaisquer desses âmbitos, a memória tem como suporte

um sujeito poético ou narrador que transita entre o aqui e agora da narração ou elaboração

poética para um espaço e um tempo que, embora vividos, são passados. Com o objetivo de

mapear os caminhos desse sujeito narrador no romance Ângelo Sobral desce aos infernos

(1986), segue-se os marcos fornecidos por teorias da narrativa e do sujeito na

contemporaneidade para tecer esta comunicação.

AFRÂNIO PEIXOTO E SUAS ARTICULAÇÕES MIDIÁTICAS NA 1ª METADE DO SÉCULO

XX

Érica Azevedo Santos (UEFS)

Rita de Cássia Ribeiro de Queiroz (UEFS)

O escritor baiano Afrânio Peixoto, nascido a 17 de dezembro de 1876, na cidade de Lençóis,

na Chapada Diamantina - Bahia, foi um dos escritores brasileiros que mais teve obras com

grandes tiragens de edições nas primeiras quatro décadas do século XX. Em 1900 publicou

seu primeiro livro, Rosa mística, drama em cinco atos. Após essa estreia, o escritor só

publicará outro livro, A Esfinge, em 1911, quando se dá o seu ingresso na Academia

Brasileira de Letras. Em sua correspondência ativa, constante nessa instituição, o escritor

revela-se um excelente agente midiático de seu tempo, divulgando suas obras através de um

caráter persuasivo peculiar. Destarte, pretendemos neste trabalho apresentar as articulações

midiáticas de Afrânio Peixoto contidas em algumas cartas que integram o espólio do escritor

localizado na Academia Brasileira de Letras.

ESTUDO DO VOCABULÁRIO REGIONAL EM TIETA DO AGRESTE DE JORGE AMADO

Vanessa Oliveira Silva Gama (UEFS)

Rita de Cássia Ribeiro de Queiroz (UEFS - Orientadora)

Sendo a linguagem produto das interações sociais e dos processos culturais, representa os costumes, os

hábitos, a maneira pela qual uma dada sociedade vê o mundo. Considerando que o vocabulário traduz

os valores de uma comunidade, o estudo de suas lexias desvenda o modo de pensar e agir de um povo

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numa dada época. Nesta perspectiva, objetiva-se com este trabalho apresentar as características

geográficas, econômicas, políticas e sociais da região denominada no romance de Santana do Agreste,

cidade fictícia que representa diversas cidades interioranas do Estado da Bahia, através da análise do

vocabulário empregado por Jorge Amado no romance Tieta do Agreste. Assim como outros escritores

regionalistas, Jorge Amado faz uso de termos e expressões peculiares da linguagem comunidade

retratada na obra. Dando ao texto literário um valor documental, através do qual podemos conhecer as

características históricas e sociais que permeiam aquela sociedade.

TERMOS DO CANDOMBLÉ NA TRADUÇÃO DE TENDA DOS MILAGRES PARA A LÍNGUA

INGLESA

André Luiz Nogueira Batista (UFBA)

Dentre os problemas com os quais teóricos e tradutores frequentemente se deparam está a

tradução de termos relacionados como candomblé. Mantê-los na forma em que se encontram

no texto da língua de partida ou adaptá-los para a língua-alvo, e em que situações optar por

um ou outro caminho são questões que costumam gerar controvérsia. Há, também, os casos

em que se decide pela supressão do termo, visando eliminar eventuais problemas por ele

causados. Esta pesquisa de caráter exploratório objetiva analisar as escolhas da tradutora

Barbara Shelby Merello, com relação à tradução dos itens lexicais ligados ao candomblé

presentes no romance Tenda dos Milagres, de Jorge Amado, publicado em 1969. Baseando-

se nos conceitos de domesticação e estrangeirização, de Lawrence Venuti, este trabalho

analisa a edição de 2003 da tradução de Merello para a língua inglesa, Tent of Miracles,

publicada inicialmente em 1971, pela The University of Wisconsin Press.

A PLURALIDADE DA MEMÓRIA COLETIVA EM VIVA O POVO BRASILEIRO

Thaíse Araújo da Silva (UEFS)

O romance Viva o Povo Brasileiro (1984), de João Ubaldo Ribeiro, apresenta por meio das

lembranças resquícios dos elementos que compõem a memória coletiva dos brasileiros. Nesse

sentido, Dadinha, a escrava anciã responsável pela conservação e transmissão do saber,

divulga em seus discursos a memória cultural como parte da herança preciosa do seu povo.

Desse modo, a personagem é considerada testemunho vivo do saber e da memória da

comunidade na qual está inserida. Cuja intenção é partilhar suas experiências a fim de que

sejam lembradas pelas próximas gerações do seu grupo. Nessa perspectiva, o objetivo deste

trabalho é mostrar como João Ubaldo ficcionaliza a história do Brasil na perspectiva de

deslocamento da construção do ponto de vista de dominância, abrindo espaço para a

representação da pluralidade da memória coletiva. Como base teórica, para o

desenvolvimento do trabalho, recorreu-se aos estudos de: CALDAS (2005), GODET (2009),

HALBWACHS (2006) e LE GOFF (1996).

RELIGIOSIDADE, PODER E IDENTIDADE CULTURAL EM VIVA O POVO BRASILEIRO, DE

JOÃO UBALDO RIBEIRO.

Rosangela Santos Silva (UEFS)

Adeítalo Manoel Pinho (UEFS - Orientador)

O presente trabalho propõe analisar a representação da religiosidade na obra Viva o Povo

Brasileiro (1984) de João Ubaldo Ribeiro destacando a importância que o romance confere a

religiões distintas: o Catolicismo dos brancos, ou seja, da classe detentora de poder versus as

crenças dos negros, do povo, isto é, os explorados. Partindo do pressuposto de que a temática

da religiosidade nessa obra está relacionada com projetos identitários antagônicos objetiva-se

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destacar o confronto entre elite e povo, refletindo sobre as formas de resistência do negro em

manter vivas as bases religiosas de seus antepassados e como o pertencimento a determinada

religião torna-se fator fundamental na construção da identidade cultural.

IRONIA E COMICIDADE: UMA LEITURA DO CONTO “O ESTOURO DA BOIADA”, DE JOÃO

UBALDO RIBEIRO

Telma de Oliveira Santana (UEFS)

Este estudo analisa a ironia e humor no conto O Estouro da Boiada, escrito no livro, Já

Podeis da pátria filho de João Ubaldo Ribeiro (1991), tendo como fio condutor a crítica à

sociedade e questões culturais da nação. A ironia e o humor serão observadas como fenômeno

discursivo e estratégia estruturadora no texto do autor. Além de verificar como se dá, através

desses mecanismos, a construção da identidade cultural e crítica aos comportamentos sociais.

A metodologia de pesquisa fundamenta-se na leitura crítica que envolve a ironia e o humor,

que na sua maioria esta relacionada as questões morais, sociais, econômicas e políticas. O

estudo acontecerá em consonância com propostas teóricas de Duarte (2006), Muecke (1995),

Bergson (2007), Linda Hutcheon (2000) e Mendes ( 2008), Olivieri–Godet (2009) e outros,

pois a literatura é considerada um espaço de ressignificação de valores, com os quais se

relaciona crítica, ironia e até mesmo humor, que resultam novas concepções sobre a realidade.

SESSÃO 2

Dia 17 setembro – terça-feira – 14h30

Auditório Pedro Calmon – ALB

Coordenação: Rosana Ribeiro Patricio (UEFS)

ENCRUZILHADAS NO CORAÇÃO DA CIDADE

Jober Pascoal Souza Brito (UNEB)

Este trabalho busca compreender como as representações do cinema – mais especificamente o

produzido na Bahia – articula diferenciadas expressões, tanto estéticas quanto políticas, a fim

de confeccionar novas imagens acerca do feminino, tradicionalmente diluído como um outro

do discurso hegemônico. Para tanto, tomar-se-á como objeto de análise o curta-metragem No

Coração de Shirley de Edyala Lima Yglesias, cuja narrativa enovela uma rede de tensões

atravessadas por zonas de fronteiras entre os gêneros masculino e feminino, tomando como

referente simbólico o reordenamento urbano da cidade de Salvador, com enfoque na anulação

dos “estranhos”, tomados como rudimentos “invisíveis” que sujam as ruas e avenidas. O

roteiro alude para o encontro de duas personagens que são profissionais da noite, a prostituta

Shirley e a travesti Eva, inscritas em contexto de disputas simbólicas, evocando confissões,

rivalidades e carências, que serão encenadas a partir de um jogo de espelhos, simbolicamente

introduzido no camarim e que serve de metáfora para o jogo estabelecido entre a tela e o

espectador.

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DIÁLOGOS LITERÁRIOS ENTRE MACHADO DE ASSIS E ADONIAS FILHO

Maria Fernanda Arcanjo de Almeida (UEFS)

Machado de Assis e Adonias Filho estão separados na literatura brasileira por um período de

tempo razoável, entretanto, existe entre a obra destes autores alguns diálogos que merecem ser

assinalados. Ambos os escritores foram donos de uma prosa de caráter inovador que provocou

estranhamento ao público. Assim, através de alguns romances, a saber: Memórias Póstumas

de Brás Cubas (1880) e Dom Casmurro (1899), de Machado de Assis e Memórias de Lázaro

(1952) e Os servos da morte (1946), de Adonias Filho busca-se traçar as confluências

literárias, tanto no âmbito formal quanto

no temático, existente entre estes autores que foram, cada um a seu tempo, importantes figuras

da literatura nacional.

FICÇÃO E PARATOPIA EM MEU QUERIDO CANIBAL

Juliana Costa Silveira Vieira (UEFS)

Elvya Shirley Ribeiro Pereira (UEFS - Orientadora)

Este artigo tem por objetivo analisar os espaços vazios na historiografia brasileira sobre as

primeiras décadas do período colonial no romance Meu querido canibal, do escritor baiano

Antônio Torres e como este participa de uma ampla reflexão sobre o percurso histórico da

nação brasileira, observando as relações entre literatura e história através da recriação da vida

do personagem histórico Cunhambebe, diretamente relacionado às questões concernentes aos

conflitos entre o modelo da cultura ocidental e da cultura indígena. O conceito de paratopia

proposto por Dominique Maingueneau será utilizado para analisarmos como a imagem

indígena é ignorada e relegada a um espaço criado pelo autor como estratégia para rediscutir

as fissuras do discurso histórico europeu. No texto de Antonio Torres, a figura do índio ocupa

o centro do processo de releitura da memória historiográfica oficial.

A (DES)CONSTRUÇÃO DA CIDADE EM “SEMANÁRIO”, DE MARIA DA CONCEIÇÃO

PARANHOS

Railma da Silva Anunciação (UEFS)

Charellys Rianne da Silva Souza (UEFS)

Este trabalho procura discutir aspectos e fenômenos recorrentes na cidade, em seu processo de

construção e desconstrução mais nitidamente na modernidade, tendo em vista a condição dos

sujeitos que nela vivem, através do olhar da escritora baiana Maria da Conceição Paranhos, na

obra Semanário (1970). Nesta perspectiva, serão feitos dois pequenos recortes de análise,

dentro da temática da cidade: o primeiro corresponde ao processo de rupturas que a lírica

passou até chegar à sua fragmentação na modernidade, na qual, tanto a lírica como a cidade

são desenvolvidas, ganhando características condizentes com o progresso nas cidades; o outro

corresponde à intertextualidade com a narrativa da criação do mundo, presente na Bíblia,

observada na obra, destacando a cidade como criação humana e analisando, mais nitidamente

seu processo de construção e desconstrução.

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OS ESTUDOS CULTURIAS E MEMÓRIAS EM MYRIAM FRAGA

Verônica Almeida Trindade (UEFS)

Rosana Maria Ribeiro Patrício (UEFS – Orientadora)

Na contemporaneidade, Myriam Fraga (1937), poeta baiana, com diversos livros publicados

no Brasil e também no exterior, versa entre outras temáticas, sobre as questões pluralistas que

abarcam os estudos culturais vigentes através de poemas representativos como Maria Bonita,

inscrito em seu livro Femina (1979), remanejado para Poesia Reunida (2008). A

representação das memórias em sua poética e a enunciação da mulher do cangaço será

repensada através do poema mencionado e da repercussão dessa temática no imaginário social

coletivo do sertanejo. Nessa perspectiva, visa-se discorrer a respeito da importância desses

estudos culturais e como aparecem configurados na lírica fragueana.

A CONFIGURAÇÃO DA CIDADE MARÍTIMA NA LÍRICA DE MYRIAM FRAGA

Andréa Silva Santos (UEFS)

A nossa proposta visa apresentar a obra lírica da poeta baiana Myriam Fraga a partir de um

enfoque que contempla o estudo de poemas que trazem imagens de uma cidade que se inclina

para mar. O estudo vai atentar-se para o processo de configuração da cidade marítima, o que

implica a necessidade de um olhar crítico e atento que compreenda a maneira como alguns

elementos da natureza são (re) significados na construção imagética do cenário urbano e

também a análise concernente a traços da modernidade, como o espaço dessacralizado, o

tempo caótico, o princípio da analogia e a reflexão poética. Assim, adentramos o universo

lírico fraguiano, que requer primeiramente uma leitura atenta e sensível de seus versos,

acompanhando a voz que percorre os meandros da urbe espelhada nas memórias marítimas,

(re) elaborando o espaço citadino, que se sustenta entre mares e rios, anzóis e metais, peixes,

espelhos, navalhas, o atemporal e o efêmero, reverberando uma cidade tecidas pelas paisagens

líquidas.

A CIDADE HUMANIZADA NA POESIA E NA CRÔNICA DE DOIS JOVENS ESCRITORES

FEIRENSES

Davi Santana de Lara (UEFS)

O presente trabalho realiza uma leitura dos livros de estreia de dois jovens escritores

feirenses: O beco de Tatá, de João Daniel G. Oliveira, e Conta corrente, de Ederval

Fernandes, ambos de 2010. Em Conta corrente, vê-se uma lírica de cunho essencialmente

urbano, em que Feira de Santana serve de pano de fundo para as inquietações do eu lírico. Já

em O beco de Tatá, uma intervenção urbanística desencadeia uma crise familiar,

proporcionando uma série de reflexões acerca da relação do homem e o espaço urbano e do

papel da memória no processo de modernização das cidades. Em ambos os livros, Feira de

Santana serve como um palco privilegiado em que o drama humano entra em cena. Os dois

são uma pequena amostra da novíssima literatura feirense, que dificilmente é lida além dos

limites regionais, lacuna esta que a presente comunicação busca amenizar mediante sua

divulgação.

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SESSÃO 3

Dia 17 setembro – terça-feira – 14h30

Sala de Reuniões (Térreo)

Coordenação: Ana Sheila Soares Mascarenhas (UEFS

AS FACETAS DA CRIAÇÃO LITERÁRIA INTIMISTA EM O CASO ALICE, DE SONIA

COUTINHO

Daiane de Araújo França (UEFS)

Este trabalho discute a abordagem ficcional intimista da obra O caso Alice (1991), da autora

baiana Sonia Coutinho, descrevendo os componentes da criação literária que conferem ao

romance seu valor artístico genuíno, ao debater a problemática trajetória feminina por meio de

elementos da trama policial. A discussão teórica é feita com base nas concepções de Fischer

(1983), Eliot (1989), Silverman (2000) e Vargas Llossa (2004). Tal abordagem é encadeada

frente às ações do narrador e dos personagens Alice e Ciro, visto que estes articulam a

narrativa por meio de pistas e hipóteses que possam esclarecer o “caso” do sumiço físico e

simbólico de Alice. Nessa tentativa de elucidação, os narradores envolvem a participação do

leitor por meio de um jogo de possibilidades e ainda pelo aperfeiçoamento da técnica

narrativa da autora, imprimindo o estatuto de arte literária e de originalidade à obra.

O EROTISMO FILTRADO PELAS LENTES DA SEDUÇÃO: UM ESTUDO DO CONTO “O

ENSAIO”, DE ADELICE SOUZA

Poliana Pereira Dantas (UNEB)

O presente estudo a partir da leitura do conto “O Ensaio” da escritora Adelice Souza expõe

como o erotismo se manifesta da primeira a ultima linha, todavia, não pelo contato dos corpos,

mas pelas lentes que percorre todo um labirinto de desejo e sensualidade que é o corpo

feminino. No conto uma mulher é convidada para fazer um ensaio fotográfico nu ela narra

com detalhes como se deu a sondagem do seu corpo pelo fotógrafo durante o ensaio. A forma

como a narrativa prossegue traça um limite exato no texto das expressões eróticas

apresentando uma linguagem envolvente, que desperta desejos e prazeres e explicitando os

atos sexuais, as partes do corpo e o olhar que têm uma importância muito relevante nesse

conto. Para sustentar a análise do texto buscamos autores como Alberoni (1986), Lúcia

Castello Branco (1984) e Georges Bataille (1988) teóricos indispensáveis para o estudo desse

texto.

“TESOURO DE AUSÊNCIAS”: AS MEMÓRIAS DE UM EU LÍRICO E SEUS ANIVERSÁRIOS

Mayara Michele Santos de Novais (UEFS)

O objetivo desse trabalho é analisar alguns poemas de Ruy Espinheira Filho que retratam os

aniversários do eu lírico, momento de reflexão sobre a passagem dos anos e reconhecimento

das perdas obtidas com o tempo. No livro Estação Infinita e outras estações - reunião dos

livros de poesia do autor publicados de 1966 a 2012 -, encontramos comemorações de vários

aniversários do eu lírico espinheriano, e em cada um deles a certeza de que o tempo não para

e as recordações se fazem presente num momento próprio de reflexão, período em que um

ano a mais de vida é ao mesmo tempo um ano a menos. A memória, elemento constitutivo na

lírica de Ruy Espinheira Filho, é o que resta a um eu lírico que com o tempo “ganha perdas”,

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restando apenas “tesouro de ausências”. Cada celebração de aniversário é um resgate do

sujeito poético e suas vivências, suas perdas e ganhos. Poemas em que se percebe ser a

memória seletiva, o tempo impossibilitado de retorno, mas um sujeito que a cada celebração

da passagem de aniversário retorna ao mar da vida “com as mesmas velas do sonho”.

MULHER MULATA: O ESTEREÓTIPO DA BAIANA EM JORGE AMADO

Arlânia Maria Reis de Pinho Menezes (UEFS)

Esse artigo aborda criticamente a presença do estereótipo da mulher mulata na literatura

baiana, bem como novas representações dessa personagem nos escritos de Jorge Amado,

levando em conta que, na modernidade, há uma recorrência dessa temática da representação

da mulher negra e mulata como caminho para se pensar os limites entre os elementos de

nacionalidade em diálogo na literatura brasileira. Amado dedica-se a representação da

baianidade, tendo a figura da mulata como síntese da beleza e cultura nacional, onde essa

figura popular da sensual “mulata” baiana traz consigo uma história marcada por contradições

e ambiguidades. A obra do autor baiano tem grande influência na perpetuação das imagens

sobre essa sensualidade natural e exuberante das mulheres mulatas baianas/brasileiras.

A INCOMPLETUDE DO AMOR: MARIA BONITA ENTRE CORPOS E OBJETOS

Roberto dos Reis Cruz (UEFS)

Benedito Veiga (UEFS - Orientador)

A escritora baiana Myrian Fraga escreveu um poema intitulado “Maria Bonita”, composição

do livro Femina (1979), que traz um sujeito poético que se projeta através do eu lírico que

vive a espera do seu amor Lampião, ambos personagens do imaginário coletivo brasileiro, e

quer se reconfigurar no presente. Assim faremos uma breve análise em vista à conceituação

do amor caracterizado por Eros. Isso significa a tentativa de unir o que está separado, ou seja,

à falta, que há sempre o desejo de retornar à natureza primeira.

IMAGENS DA “CIDADE DA BAHIA” EM QUINCAS BERRO DÁGUA.

Ana Sheila Soares Mascarenhas (UEFS)

Rosana Maria Ribeiro Patricio (UEFS – Orientadora)

O artigo analisa as representações das imagens urbanas, a partir da leitura da obra A Morte e a

Morte de Quincas Berro Dágua (1959), do escritor baiano Jorge Amado. A novela inscreve-se

numa linha ficcional destacando a imagem de Cidade da Bahia e os tipos citadinos que vivem

na região marítima do Mercado Modelo, pelas ruas do Pelourinho, na Feira de Água dos

Meninos. A análise destaca a opção de enfatizar a Bahia física e social, pois as cenas descritas

nas ruas, praças, igrejas, mercados, bares e bordéis preconizam com veemência a relação do

personagem principal Quincas Berro Dágua com os elementos da cidade. Quincas que antes

era Joaquim Soares da Cunha um respeitável e exemplar funcionário público se transformou

depois da aposentadoria num cachaceiro, jogador, debochado. A obra amadiana cria em doze

capítulos um Quincas que expressa à liberdade, bem como o mito de uma cidade viva.

A REPRESENTAÇÃO DA CIDADE EM A MORTE E A MORTE DE QUINCAS BERRO DÁGUA

Elisangela da Silva Santos (UNEB), Monique Freire de Andrade (UNEB)

Josenilda Pereira Araujo (UNEB), Ricardo Nonato (UFPE - Orientador)

Neste trabalho, pretende-se estudar de que forma a cidade de Salvador está representada, na

novela A morte e a morte de Quincas Berro Dágua, de Jorge Amado, discutindo, também,

como se configura cada espaço na obra, aspecto relevante que a torna um de seus personagens,

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pensando-se, ainda, nos contrastes sociais nela existente, o que faz desse espaço um palco de

acontecimentos. A pesquisa bibliográfica para a realização deste estudo utiliza como base os

teóricos como Gomes (2008), Hall (2005), Salah (2000), Raminelli (2011) com a finalidade

de mostrarmos de como o autor utiliza a urbe para criar sua narrativa.

SESSÃO 4

Dia 18 setembro – quarta-feira – 14h30

Auditório Magalhães Neto - ALB

Coordenação: Vitor Hugo Fernandes Martins (UNEB)

O PROCESSO CRIATIVO DE ALEILTON FONSECA EM NHÔ GUIMARÃES: ANÁLISE DAS

ALTERAÇÕES E CONFIGURAÇÃO FINAL DO CAPÍTULO 3 DO ROMANCE

Adna Evangelista Couto dos Santos (UFBA)

Rita de Cássia Ribeiro de Queiroz (UEFS)

Desde as manifestações mais primitivas, que eram chamadas de pictografias ou imagens

simbólicas, até os mais complexos textos na era digital, a produção escrita passa a ser um

referencial de progresso das sociedades, e esta consequentemente, percorreu um longo

caminho de desenvolvimento até os dias atuais. Objetiva-se através desse trabalho fazer uma

leitura genética do processo de criação do escritor baiano Aleilton Fonseca, em Nhô

Guimarães, projetando uma visão mais ampla sobre o perfil do escritor, no que diz respeito à

percepção do labor da escrita e das múltiplas possibilidades de produção que um texto pode

apresentar, analisando especificamente as alterações realizadas no processo de construção do

texto do capítulo três e sua configuração final. Utilizou-se como aporte teórico os

fundamentos da Filologia, que é a ciência dos textos, e da Crítica Genética, que visa

compreender o processo de criação do texto até sua publicação.

O IMAGINÁRIO DA MORTE NOS CONTOS “O SORRISO DA ESTRELA” E “O DESTERRO

DOS MORTOS”, DE ALEILTON FONSECA

Érica de Meira dos Santos (UNEB)

Liz Maria Teles de Sá (UNEB - Orientadora)

Este trabalho tem como objetivo analisar os contos “O sorriso da estrela” e “O desterro dos

mortos”, do autor baiano Aleilton Fonseca, com o propósito de refletir acerca do imaginário

construído em torno da morte. Pretende-se observar as transformações e mudanças sofridas

pelas personagens dos contos e como as mesmas lidam com o sentimento de perda, aludindo a

dois modos distintos de compreender a morte e enfatizando os diferentes rituais fúnebres

presentes em ambos. Os pressupostos teóricos deste trabalho estão ancorados nos estudos e

contribuição de pesquisadores, estudiosos e teóricos como Reis (1991), Montaigne (2010),

Evangelista Neto (Inédito) entre outros.

REFLEXOS DA MODERNIDADE EM MIRANTES, DE ROBERVAL PEREYR

Evanilson Oliveira Barbosa (UEFS)

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O presente artigo busca realizar uma breve análise de alguns poemas presentes em Mirantes,

Livro de Poesia escrito por Roberval Pereyr e lançado em 2012. O foco principal da análise

será a leitura que Pereyr faz da modernidade, suas consequências e o papel do ser humano

nesse mundo multifacetado que é a sociedade moderna. Para a realização da análise foram

utilizadas obras que nos forneceu apoio teórico em duas perspectivas. A da poesia moderna e

a modernidade. Nesse sentido foram utilizados Bosi(1983), Paz(1989), Pereyr(2012) no que

se refere às teorizações sobre a poesia moderna. Utilizamos também Giddens(2003) e

Hall(2006) sobre a modernidade e o sujeito moderno. Da análise dos poemas notamos um eu

lírico que busca a compreensão do mundo a sua volta, que quer entender esse mundo e se

encontrar nele. A dúvida foi uma das maneiras encontradas pelo eu lírico como forma de

manifestar a condição de existência do homem na sociedade moderna. A poesia do autor

baiano dialoga com essa modernidade e reflete sobre ela de um modo bem particular.

MACHOMBONGO: ROMANCE POLÍTICOSSOCIAL

Jorge Luís Barreto Pinto (UNEB)

O romance Machombongo (1986), de Euclides Neto (1925 – 2000), aborda a temática do

coronelismo e, por extensão, a do latifundiário do cacau e suas influências políticas na região

do Médio Rio das Contas, mais especificamente o município de Ipiaú (BA). Como outros

ficcionistas grapiúnas, como Jorge Amado e Adonias Filho, para citarmos apenas dois,

Euclides Neto, por meio do romance políticossocial, denuncia os conflitos, as mazelas, as

injustiças sociais e, especialmente, o mau uso do poder político, um traço marcante da figura

do coronel.

IMAGENS DA CIDADE: A JEQUIÉ DE WALY SALOMÃO

Gilson Souza da Silva (UEFS)

O início século XX foi marcado basicamente pelo pensamento moderno, cujo projeto era

apoiado na filosofia iluminista, fundamentada na concepção de progresso por via do

conhecimento. Para Habermas (1983), a modernidade formulada no século XVIII pelos

filósofos do Iluminismo consistiu em esforços que visavam a desenvolver tanto a ciência

objetiva, a moralidade universal e a lei, quanto à arte autônoma, conforme sua lógica interna.

Neste sentido, o rompimento de padrões preestabelecidos e a observação de novas formas de

conceber o processo de criação literária tem sido alvo de muitos estudos no campo da teoria

da literatura. Por conta disso, Waly Salomão se insere como um daqueles poetas causadores

de inquietações e mutações, de modo a ser um dos expoentes da lírica baiana. Espera-se com

este estudo, refazer a partir de sua memória poética imagens pretéritas e representações

primeiras da sua cidade sol: Jequié.

KATIA BORGES E O CUIDADO DE SI

Camila do Nascimento Carmo (UFRB)

Mônica de Menezes Santos (UFRB - Orientadora)

A nossa tradição estética produziu discursos e mecanismos que fizeram a nossa criação

artística ser pensada como um dom essencialmente masculino, no entanto, o filósofo Gilles

Deleuze questiona esta norma, quando, em seu texto Literatura e a Vida, afirma que

“escrever não é impor uma forma” (1993, p.11-17), mas sim dar a vida possibilidades

distintas daquela vivida, nos permitindo um vir a ser outro ou outra coisa de uma forma que

ocorre a visibilidade do fragmentado e informe, entendendo que escrever é uma questão de

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devir, de um sujeito que se faz e refaz enquanto escreve. Segundo Barthes, a literatura nunca

diz que sabe de alguma coisa, mas sim que sabe algo das coisas de maneira tal que nos

concede a possibilidade de inscrição no mundo. Desse modo, nesta comunicação buscar-se-á

colocar em evidência a literatura de autoria feminina, produzida pela escritora baiana Kátia

Borges, que expõe em seus escritos um eu descentrado e diverso, formado a partir de

indagações que possibilitam a inscrição do individuo no mundo, refletindo para além de si

mesmo. Além disso, buscar-se-á discutir de que maneira tais escritos consistem em narrativas

de si, as quais apontam para exercícios do cuidado de si.

SESSÃO 5

Dia 18 setembro – quarta-feira – 14h30

Auditório Pedro Calmon – ALB

Coordenação: Maria da Conceição Reis Teixeira (UNEB)

FICÇÃO E MEMÓRIA: UMA INCURSÃO ANALÍTICA NA PROSA DE RUY ESPINHEIRA

FILHO EM DE PAIXÕES E DE VAMPIROS; UMA HISTÓRIA DO TEMPO DA ERA

Suziane Gomes dos Santos Gonçalves (UFBA)

Antonia Torreão Herrera (UFBA – Orientadora)

Ficção e memória: uma incursão analítica na prosa de Ruy Espinheira Filho em De paixões e

de vampiros; uma história do tempo da Era, é produto do subprojeto de pesquisa integrado ao

projeto O escritor e seus múltiplos: migrações (ILUFBA).O artigo em questão se propõe

analisar a configuração autoral de um escritor múltiplo que conjuga as atividades de professor,

ensaísta e jornalista, a partir do estudo do romance supracitado. Considerando ser esta uma

narrativa notadamente difundida como inspirada na adolescência do autor, vivida no interior

baiano, fizeram-se incursões teóricas acerca da memória, tomada como recurso discursivo na

tessitura ficcional.

IDENTIDADE E MEMÓRIA DA TERRA NATAL NA POESIA DE NONATO MARQUES

Floriano Esteves da Silva Neto (UEFS)

O presente estudo pretende abordar identidade e memória através da lírica do poeta baiano

Nonato Marques (1910-1986), natural da cidade de Queimadas-BA. Membro fundador dos

poetas da baixinha, sua poesia lança um olhar telúrico sobre sua terra natal, rememorando

lugares e experiências vividas, ressignificando e conservando através do lirismo imagético do

olhar, a história de uma pequena cidade do interior sertanejo. A pequena cidade de Queimadas

foi marcada pela passagem das três últimas expedições a Canudos, visitada e descrita pelo

escritor Euclides da Cunha em Os sertões, imolada pelo bando de Lampião, mas carente de

revigoração memorialística, ora vivenciando uma amnésia coletiva, percebida pela falta de

conservação de suas memórias, que pode determinar problemas de identidade coletiva. Como

suporte teórico utilizaremos os estudos de Adeítalo Pinho (2011) e Jacques Le Goof (2006).

O OLHAR DE EUGENIO GOMES E A LITERATURA

Nair Caroline Santos Ramos (UNEB)

Maria da Conceição Reis Teixeira (UNEB)

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O trabalho de resgate de textos literários e não-literários veiculados em periódicos baianos

tem revelado alguns nomes que produziram prosa ou poesia entre finais do século XIX e

início do século XX. Dentre estes, desatacamos aqui o poeta e crítico literário Eugenio Gomes.

Na presente comunicação, objetivamos apresentar alguns aspectos de sua produção poética

veiculada nos periódicos baianos.

MEDO: UMA FERRAMENTA DE COERÇÃO E IMPOSIÇÃO NO CONTO OS ENFORCADOS,

DE ADONIAS FILHO

Jéssica Freitas Cunha (UNEB)

João Evangelista do Nascimento Neto (UNEB)

Adonias Filho, uma narrativa que faz um recorte histórico da famosa Revolta dos Alfaiates, a

qual não apenas suscita as questões revolucionárias, mas traz, sobretudo, o panorama da

cidade de Salvador, neste período, detalhando o cotidiano do Largo da Palma, a solidão de

seus habitantes, o receio que os rondavam e a sombra da morte. A partir das sensações do

Ceguinho da Palma, protagonista do conto, num jogo sinestésico, os leitores acompanham a

via crucis dos condenados à morte por enforcamento, focalizando o medo, a insegurança e o

acanhamento da população soteropolitana diante da situação e o uso abusivo do poder por

parte de Portugal. Com base em Bauman (2008), Cirlot (1980), Foucault (2006), Hutcheon

(1991) e Montaigne (2010), e a partir do conceito de metaficção historiográfica, o texto do

autor baiano é analisado.

SÍNTESE CULTURAL. A LITERATURA DE MÃOS DADAS

Derneval Andrade Ferreira (UFBA)

O diálogo sempre foi um recurso extremamente utilizado por diversos autores para que

estéticas literárias, mesmo em períodos distintos, possam expressar sentimentos, criar

representações e revelar desejos de épocas marcadas pelo tempo e pela memória cultural.

Partindo desse pressuposto, percebe-se a forte ligação entre a produção literária brasileira,

especialmente a partir do modernismo, com a produção literária africana. Por isso, a proposta

aqui é apresentar alguns laços de reencontro de diversas vozes culturais e históricas entre

África e Brasil no contexto de luta contra o colonialismo, percebendo inclusive que muitos

textos giram em torno dessa temática para fins de desenlaçar outras imagens.

LIRISMO E DESVARIO: DA CIDADE SERTANEJA DE EURICO ALVES A CIDADE GRANDE

DA BAHIA

Josulene da Silva Souza (UEFS)

Neste artigo, pretendemos fazer uma breve discussão sobre o poeta feirense, Eurico Alves,

considerado modernista. Além do mais, abordaremos à relação entre o progresso da cidade de

Salvador e o espaço de tradição, a vila do interior da Bahia, que não foi sufocada pelo avanço

do progresso, permanecendo como lócus ameno, de saudade, de reminiscências. Espaço

ideal para se viver, em oposição à cidade grande, Salvador. Dentre, os vários poemas de

Eurico Alves que lemos, causando-nos um imenso prazer foram selecionamos dois: Manhã

(1935) e Bahia (1930) para focarmos a nossa discussão. Para fundamentar este trabalho,

valeremos dos estudos de FONSECA, Aleiton (2012); ALVES, Ivia (1999); OLIVIERI,

GODET, Rita (1999); DÓREA, Juraci (1999); PEREIRA, Rubens Alves (1999); GULLAR,

Ferreira (1989) dentre outros.

“OS BECOS DO HOMEM”: UMA LEITURA DE POEMAS DE JORGE ARAÚJO

Helitânia dos Santos Pereira (UEFS)

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Com este trabalho, pretende-se fazer uma reflexão acerca da condição do homem no contexto

da metrópole. Para isso, proceder-se-á à leitura e análise de poemas do livro Os Becos do

homem, do poeta baiano Jorge de Souza Araújo, no qual retrata a situação do homem

moderno frente ao cenário movediço da cidade grande e suas agitações. Pretende-se, ainda, no

âmbito das discussões sobre os ecos da cidade na vida do homem, ressaltar o quanto o

conceito de amor, e, assim, as relações humanas, é modificado em função do pensamento

moderno. Para isso, cabe intentar um breve retrospecto de como o amor foi compreendido

através do tempo e/ou das diferentes culturas até chegar às representações contemporâneas.

SESSÃO 6

Dia 18 setembro – quarta-feira – 14h30

Sala de Reuniões (Térreo)

Coordenação: Cleberton Santos (IFBA)

O CASO ALICE – UMA LEITURA ATRAVÉS DO ESPELHO

Ulisses Macêdo Junior (UEFS)

O trabalho aqui proposto traz como objetivo principal a leitura crítica da obra O caso Alice,

de Sônia Coutinho, a partir da ótica de um dos enigmas que regem a narrativa: a

imagem/metáfora do espelho como elemento simbólico que apresenta algumas perspectivas

de compreensão sobre a protagonista homônima. Numa proposição de fortalecimento de tais

nuances, foram postos em destaque elementos da estrutura narrativa que acabam conferindo a

obra um caráter sinuoso e fragmentário, representando similarmente, o intenso fluxo da

contemporaneidade. Como operadores de leitura foram utilizados algumas acepções sobre as

representações do espelho a partir do Dicionário de Símbolos, de Jean Chevalier; a

importância do leitor, com as formulações de Terry Eagleton; e as leituras de Rosana Patrício

sobre a obra de Coutinho.

"EM TEMPO” NO PALCO: UM OLHAR SOBRE A IMPRENSA ALTERNATIVA NA CENA

TEATRAL DURANTE O REGIME MILITAR NA BAHIA

Larissa Caroline Dorea Borges (UFBA)

Rosa Borges (UFBA – Orientadora)

Durante o Regime Militar (1964-1985) houve no Brasil uma forte política de repressão e

censura a diversas áreas, entre as quais, pode-se destacar o teatro e a imprensa. Neste contexto,

pode-se observar o engajamento político-social do teatro baiano e também da imprensa,

principalmente em seu âmbito alternativo, frente à repressão cultural. O texto teatral “Em

tempo” no palco, de Francisco Ribeiro Neto, retrata a ação da censura à imprensa alternativa

da época, aqui representada pelo jornal Em Tempo, demonstrando ainda de que forma o

Estado restringia a sua atuação. Desse modo, a partir do estabelecimento de uma relação

entre o teatro e a imprensa alternativa, produzidos durante a ditadura militar, almeja-se, com

este trabalho, no âmbito dos estudos filológicos, buscar-se-á tecer algumas considerações

acerca da imprensa alternativa como um dos veículos de contestação política e social no

contexto da ditadura militar, a partir do texto teatral selecionado, identificando, nele, os fatos

ocorridos naquele período de repressão.

LITERATURA DE CORDEL E TEATRO: POR UM DIÁLOGO COM A CULTURA POPULAR

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Dâmaris Carneiro dos Santos (UFBA)

Rosa Borges (UFBA – Orientadora)

A literatura de cordel se caracteriza como um gênero literário que reúne poesia, música e

cultura popular. Na década de 1970, essa literatura assumiu, na Bahia, um importante papel,

sendo bastante utilizada no teatro. Neste contexto, destaca-se o dramaturgo João Augusto,

responsável pela produção de textos teatrais que buscavam estabelecer um diálogo entre a

literatura de cordel e o teatro. Desse modo, no âmbito da Filologia Textual, almeja-se, neste

trabalho, discutir sobre a relação deste gênero literário com o teatro baiano, tomando para

estudo o texto teatral Só o amor constrói, produzido durante a década de 1970, por João

Augusto. Em perspectiva filológica, consideramse os folhetos, texto teatral e matérias de

jornal. Acredita-se, assim, ser possível caracterizar a produção teatral baiana em diálogo com

a literatura de cordel, observando a relação destas com a cultura popular da Bahia daquela

época.

DIÁLOGOS ENTRE A CULTURA POPULAR E A CULTURA ERUDITA NO ROMANCE “NHÔ

GUIMARÃES”, DE ALEILTON FONSECA

Elizangela Maria dos Santos (UFBA)

Ao questionar a cultura erudita como sendo a cultura dominante, Jacques Le Goff, no livro

História e Memória (1994), discute acerca do lugar da cultura popular, sempre permeando

aquela de forma desigual, haja vista a concepção iluminista que entende cultura como “o

padrão ou o critério que mede o grau de civilização de uma sociedade” (CHAUÍ, 2007).

Assim, uma vez que a definição de cultura vem sofrendo alterações (BURKE, 1989), e o

conceito elitizado deixou de ser exaltado como única manifestação dos valores e costumes de

uma sociedade, o romance Nhô Guimarães, do escritor baiano Aleilton Fonseca, constitui-se

um aliado para a reflexão de saberes que não provêm de um grupo dominante. Trata-se de

uma narrativa que caracteriza a cultura do sertão, recheada de lições de vida e conhecimentos

sobre homens e coisas enraizados em uma classe não letrada; representa, portanto, o que

Ginzburg discute no prefácio do livro O queijo e os vermes (2006) ao ressaltar a necessidade

de culturas diferentes coexistirem, sem supremacia de nenhuma sobre a outra.

JORGE AMADO E ANTONIO TORRES: CONFLUÊNCIAS

Jaqueline Cardoso da Silveira (UEFS)

Este trabalho propõe um exercício de leitura sobre a trajetória literária do escritor baiano

Antônio Torres, este recebeu desde a infância influência direta do escritor Jorge Amado a

partir das leituras de suas obras realizadas numa cidade do interior baiano, o Junco. Foi no

lançamento de seu romance Um cão uivando para a Lua que Torres veio a conhecer e

aproximar-se do grande mestre Jorge Amado. Nosso foco é analisar o impacto das obras

Amadianas na escrita de Antônio Torres, a dualidade sertão X litoral parece representar bem

as diferenças entre os temas tratados por cada autor, contudo ambos tratam de aspectos como

a paisagem, a identidade sertaneja e a modernização das cidades ao longo do século. Para o

apoio teórico buscamos os críticos como Homi Bhabha (2001), Stuart Hall (1990) e Edward

Said (1992).

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UMA METÁFORA DO ENTRELUGAR

Ana Priscila Mariano (UFBA)

Evelina Hoisel (UFBA - Orientadora)

Empreende-se uma leitura do conto "O oco", de Evando Nascimento (Cantos do mundo:

contos - 2008) como metáfora do entrelugar do discurso latino-americano, conforme definido

por Silviano Santiago (1978). No conto, deparamo-nos com uma grande casa sustentada por

um vão interno inutilizado. Nesse espaço vazio, o caçula da família instala uma poltrona e faz

daquele o seu ambiente de leitura. É no entrelugar que, segundo Santiago, "se realiza o ritual

antropofágico da literatura latino-americana". Propõe-se ainda, a partir do ensaio "Uma leitura

nos trópicos", de Evando Nascimento (2008), um questionamento do conceito de América

Latina, naturalizado como noção territorial devido a aspectos históricos e sociais, e da

metáfora da leitura como deglutição, ambos tendo sido opções terminológicas utilizadas por

Silviano Santiago em seu antológico ensaio.

LITERATURA DRAMÁTICA E INFORMÁTICA: EXPERIÊNCIAS DE EDIÇÃO EM MEIO

ELETRÔNICO NA BAHIA

Fabiana Prudente Correa (UFBA)

Isabela Santos de Almeida (UFBA)

Os textos teatrais censurados durante a ditadura militar, na Bahia, constituem-se como

documentos e testemunhos da história da literatura dramática e das condições de produção,

circulação e recepção destes textos. Ao filólogo cabe ler, interpretar, editar e divulgar esta

produção literária, e para tanto encontra no suporte eletrônico um espaço capaz de mostrar

essas informações de modo mais flexível e eficaz que o suporte papel. Assim, com o objetivo

de refletir acerca da relação informática e edição de textos, duas experiências de edição em

meio eletrônico são apresentadas neste trabalho: a edição interpretativa da obra O auto da

barca do rio das lágrimas de Irati, em linguagem HTML; e a edição sinóptica de Apareceu a

Margarida, que utiliza o software Prezi. Nesse sentido, acredita-se que, ao se apropriar das

diversas linguagens do meio eletrônico, o filólogo será capaz de dar a conhecer a literatura

dramática em diálogo com a história cultural e política, (re)construindo sentidos para sua

circulação e recepção.

SESSÃO 7

Dia 19 setembro – quinta-feira – 14h30

Auditório Magalhães Neto - ALB

Coordenação: Joabson Lima Figueiredo (UNEB)

IDENTIDADE, POESIA E MEMÓRIA EM UM POEMA DE MARIA DA CONCEIÇÃO

PARANHOS

Juliana de Souza Gomes Nogueira (UFBA)

Sandro Santos Ornellas (UFBA - Orientador)

Os textos teatrais censurados durante a ditadura militar, na Bahia, constituem-se como

documentos e testemunhos da história da literatura dramática e das condições de produção,

circulação e recepção destes textos. Ao filólogo cabe ler, interpretar, editar e divulgar esta

produção literária, e para tanto encontra no suporte eletrônico um espaço capaz de mostrar

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essas informações de modo mais flexível e eficaz que o suporte papel. Assim, com o objetivo

de refletir acerca da relação informática e edição de textos, duas experiências de edição em

meio eletrônico são apresentadas neste trabalho: a edição interpretativa da obra O auto da

barca do rio das lágrimas de Irati, em linguagem HTML; e a edição sinóptica de Apareceu a

Margarida, que utiliza o software Prezi. Nesse sentido, acredita-se que, ao se apropriar das

diversas linguagens do meio eletrônico, o filólogo será capaz de dar a conhecer a literatura

dramática em diálogo com a história cultural e política, (re)construindo sentidos para sua

circulação e recepção.

VASCONCELOS MAIA E O EMBATE DAS CLASSES SOCIAIS NO CONTO “É NATAL! É

NATAL!”

Gleica Helena Sampaio Machado (UNEB)

Filismina Fernandes Saraiva (UNEB – Orientadora)

De acordo com Ivia Alves (2006), Vasconcelos Maia dar conta de representar em suas obras o

embate entre duas culturas, pois, ainda que a modernização econômica tenha alcançado seu

auge na Bahia, esta não alcançou todas as camadas sociais. Partindo desse pressuposto o

presente trabalho se propõe a tecer uma análise do conto É Natal! É Natal! de Vasconcelos

Maia, notando assim os aspectos contidos na obra que podem comprovar o choque entre estas

duas culturas abordadas pelo autor, para perceber tais aspectos, se faz necessário considerar

também o personagem principal do conto, como também a divisão social que norteia a ideia

central da obra, de um lado o capitalismo vigente que movimenta o espaço retratado e de

outro, pessoas que vivem à margem da sociedade.

O SERTÃO DE JORGE AMADO

Analúcia Andrade Costa (UEFS)

Seara vermelha (1946) é o romance de Jorge Amado onde o autor insere na narrativa um

outro espaço geográfico: o sertão nordestino. Pretende-se analisar nesse artigo como a

imagem do sertão é constituída no corpus da narrativa. Analisaremos como Jorge Amado

insere nesse espaço o discurso que é propagado sobre o Nordeste que enfatiza a seca, o

messianismo, o cangaço e o coronelismo como representações geográficas, sociais e históricas

da região. Para essa análise pretendemos evidenciar os recursos narrativos, bem como a

apropriação que o autor faz de termos das Ciências Sociais para configurar esse espaço e

redimensioná-lo na criação literária.

O ENCONTRO DAS BAHIAS NO CONTO A DAMA E O ANJO DE VASCONCELOS MAIA

Jerriany Tainá Pereira de Souza (UNEB)

Filismina Fernandes Saraiva (UNEB – Orientadora)

A Bahia é reconhecida internacionalmente por ser rica em aglutinar diferentes, características

culturais. Visto que, esses aspectos são marcadores da multiplicidade de espaços e cenários.

Vasconcelos Maia e sua capacidade de surpreender; apresenta em seu conto, A Dama e o

Anjo, a pluralidade cultural das Bahias, desmistificando a existência de apenas uma tradição,

que segue os modelos de industrialização em massa. Com base nisso, o presente trabalho se

propõe a analisar a representação do universo paralelo existente entre as Bahias, destacando a

simplicidade e riqueza, que ficam ocultas ao olhar literário.

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AS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NO ROMANCE CASCALHO DE HERBERTO SALES

Gabriela Hermes Dourado Neves (UNEB)

Joabson Lima Figueiredo (UNEB - Orientador)

Esta pesquisa busca identificar as representações sociais no romance Cascalho (1944) de

Herberto Sales, seu romance de estreia que, sendo mais duas vezes reformulado adquiriu um

enredo mais maduro dando mérito ao escritor por abordar a realidade dos garimpeiros das

Lavras Diamantinas de Andaraí, fazendo referência à criminalidade, prostituição e diferença

de classes. A partir de fragmentos do livro em questão será analisada a vida dos garimpeiros e

suas perspectivas, levando em conta a região e o momento histórico. Além disso, nosso estudo

dará ênfase à vida do escritor andaraiense que transcreve suas memórias em seu primeiro, já

citado, romance. Isso, tendo como base teórica autores como Cândido (2007), Moisés (2008),

Ângela Vilma (2006), Araújo (2008), Assis Brasil (2002) dentre outros.

UM SONETO PATÉTICO NA ERA DA PÓS-MODERNIDADE

Ana Cristina da Silva Pereira (IFBA)

Essa comunicação parte do pressuposto de que vivemos uma época de crise de paradigmas,

marcado pelo paradoxo entre o consumismo e o isolamento do sujeito. Considera que, ao

tempo em que o desenvolvimento tecnológico e a posse de bens materiais inserem o sujeito

em instâncias que lhe prometem satisfação, acabam por fazê-lo perder suas referências locais,

pessoais e até culturais. O poeta pós-moderno, colocando-se como sujeito inserido no bojo

desse sistema apresenta os efeitos dessa crise paradigmática. Tomando por base o Soneto

Patético, do poeta baiano contemporâneo Luis Antonio Cajazeiras Ramos, essa análise

estabelece relações entre a pós-modernidade, a poesia e as subjetividades que emergem do

processo de globalização em que estamos inseridos. Busca apontar para esse modelo

paradigmático que produz sujeitos ilhados e esmagados por uma abundância de tempo

redundante e inútil, no qual nada de extraordinário acontece.

SESSÃO 8

Dia 19 setembro – quinta-feira – 14h30

Auditório Pedro Calmon – ALB

Coordenação: Antonio Carlos Monteiro Teixeira Sobrinho (UNEB)

A PROPÓSITO DA ALCUNHA DE FREYRIANO – A MESTIÇAGEM NA PRODUÇÃO DE

JORGE AMADO

Antonio Carlos Monteiro Teixeira Sobrinho (UFBA/UNIJORGE)

Carlos Augusto Magalhães (UNEB)

A antropóloga Ilana Seltzer Goldstein, em seu livro O Brasil best seller de Jorge Amado:

literatura e identidade nacional, discute a representação do país alcançada pelo romancista

baiano, comparando-a àquela teorizada por Gilberto Freyre. Neste sentido, apesar de notar

algumas diferenças entre ambos, a pesquisadora opta por colocar Jorge Amado como um

seguidor da concepção do antropólogo pernambucano. Em verdade, tal genealogia é

relativamente comum quando se trata de estudiosos que cotejam Freyre e Amado. Contudo, as

análises dos romances do escritor, seguindo uma linhagem de escritores baianos, e que foram

exploradas na dissertação Um povo negromestiço ou o que há de singular na mestiçagem

Page 21: Clique aqui para baixar o Livro de Resumos do Curso

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amadiana, sob orientação do Prof. Dr. Carlos Augusto Magalhães (PPGEL-UNEB), apontam

para uma leitura divergente dessa relação Amado-Freyre. Neste sentido, este trabalho visa

comunicar os resultados conseguidos através da pesquisa de Mestrado, evidenciando os

pontos de distanciamento da visão de mestiçagem entre Jorge Amado e Gilberto Freyre.

EM VISITA À ESCRITORA: DIÁLOGO EM PROSA E POESIA COM JUDITH GROSSMANN

Fernanda Mota Pereira (UFBA)

O estudo da produção literária de um escritor comumente suscita em seu leitor e/ou

pesquisador o desejo de dialogar com o escritor. Tal desejo, para os estudiosos atentos a

questões contemporâneas acerca da crítica biográfica, justifica-se pela ampliação de

possibilidades de leitura que são engendradas quando se tem acesso a outras nuanças do

material literário e, em seu bojo, biográfico, que são descortinadas por esse tipo de encontro.

Em uma visita a Judith Grossmann, em sua residência no Rio de Janeiro, foi possível

encontrar, na eloquência de suas palavras de escritora, leitora, professora e crítica,

reverberações de anos de pesquisa sobre sua produção e identificar, na tessitura de seu

discurso, os fios que enredam vivências nas quais se enovela a sua arte.

SÍMBOLOS ROMÂNTICOS NATIVOS E TRANSPLANTAÇÂO CULTURAL NA PERSPECTIVA

VISUAL DA TEORIA DOS CONJUNTOS

Antonia Claudia de Andrade Cordeiro (UNEB)

O presente trabalho é resultado de uma prática de sala de aula com a obra O Guarani de José

de Alencar. Aborda a construção da “identidade nacional” a partir das relações entre símbolos

nativos e transplantados na obra O Guarani. Um outro aspecto relevante desse trabalho diz

respeito ao método que foi utilizado para expor esse diálogo aos alunos. Adotou-se uma

grande perspectiva icônica, a partir da teoria matemática dos conjuntos, cujos diagramas

Venn-Euler permitiram uma visualização mais nítida de como ocorreu essa troca simbólica.

Alguns símbolos são mobilizados para o interior dos diagramas, sobretudo o índio e a

natureza, bastante explorados por Alencar. Discutir a construção de uma “identidade nacional”

a partir da obra O Guarani é, sem dúvida, uma oportunidade de trazer à tona muitas reflexões

acerca da nossa cultura e, além disso, utilizar outra linguagem para mediar esse diálogo com

os alunos, saindo do interior de uma análise estritamente literária, pode despertar um novo

olhar para o texto literário.

A LITERATURA DO CACAU: O FRUTO DO FRUTO

Gleide Conceição de Jesus (UEFS)

Este trabalho discutirá a importância da Literatura do Cacau no cenário literário brasileiro,

não só por seus textos ricamente abastados de cultura, mas por sua veia humanística, na qual

versa sobre um povo que, até então, não tinha sua cultura nacionalmente reconhecida.

Oriunda da literatura dos ciclos regionais, a Literatura do Cacau surgiu como veiculo

denunciador da exploração do homem pelo homem. Muitos são os escritores que fizeram e

fazem parte dessa renovação da literatura baiana, dentre eles nos ateremos a Adonias Filho,

autor que além de fazer parte desse - “renovar” contribuiu significantemente para um novo

regionalismo, o qual pulsa veemente dentro da literatura grapiúna.

A REPRESENTAÇÃO FEMININA NA OBRA CAPITÂES DA AREIA

Bárbara Cecília dos Santos Neves (UEFS)

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Buscamos neste trabalho, discorrer sobre as representações femininas apresentadas na

narrativa Capitães da Areia (1937), do escritor baiano Jorge Amado; O tema principal do

romance é a marginalização de crianças e adolescentes que, por diversas razões, se encontram

em situação de rua. Segundo Rosana Ribeiro Patrício: “a obra de Jorge Amado é bastante

marcada pela presença da mulher com personagem principal. Em quase todos os seus

romances, há personagens femininas atuando como destaque no desenvolvimento do enredo”

(1999, p. 9). Em Capitães da Areia (1937) Jorge Amado insere algumas personagens

femininas como: prostitutas, beatas, donas de casa, mãe de santo e uma menina abandonada.

Partindo da observação das imagens de mulher ficcionadas por Amado, pretendemos discorrer

sobre a cultura patriarcal e a luta pela emancipação feminina.

MANOEL DE BARROS E ROBERVAL PEREYR: O POÉTICO PELA VIA DO

ESTRANHAMENTO

José Rosa dos Santos Júnior (UFBA)

Ligia Guimarães Telles (UFBA – Orientadora)

A comunicação que se segue objetiva empreender uma reflexão acerca das obras poéticas do

sul-mato-grossense, Manoel de Barros e do baiano de Antonio Cardoso, Roberval Pereyr.

Ambas as obras parecem refletir acerca da condição do homem e da poesia na

contemporaneidade. Não é por acaso que tais poéticas nos assaltam em primeira e última

instância, pela via da estranheza. A obscuridade, a dissonância e a anormalidade são traços

estilísticos recorrentes à produção poético-intelectual de Manoel de Barros e Roberval Pereyr

por um lado, enquanto manifestação de determinados signos de obsolescência e por outro,

enquanto uma ação desenvolvida com o intuito de afetar um sujeito entre muitos e arrebatar

seu deslumbramento ou seu assombro.

O VISITANTE INVISÍVEL NO CENTRO ANTIGO DA CIDADE DO SALVADOR: A

NOSTALGIA NA OBRA DE CARLOS RIBEIRO

Milena Guimarães Andrade Tanure (UFBA)

O texto analisa a representação literária do espaço urbano na obra do escritor baiano Carlos

Ribeiro. Assim, a partir do conto O Visitante Invisível, e a sua associação com textos

históricos e sociológicos que refletem questões como nostalgia e centralidade, observa-se

como se estabelece a relação entre o narrador-personagem e o antigo espaço central da cidade

do Salvador. Ademais, percebe-se como a ficcionalidade, por meio de um tom nostálgico

característico da narrativa, tenta reconstituir as vivências deixadas

para trás pelas mudanças da vida e os lugares afetivos corroídos pelas transformações da

cidade.

A CIDADE E SUAS REPRESENTAÇÕES NAS ENTRELINHAS POÉTICAS DE

RUY ESPINHEIRA FILHO

Aline Nery dos Santos (UEFS)

Aleilton Fonseca (UEFS – Orientador)

O crescimento tecnológico e industrial fez com que as cidades ganhassem novas formas:

cresceram e se expandiram ganhando proporções extensas. Todo esse progresso aumenta

também os problemas sociais. A correria, o lucro, o aumento do trabalho e a falta de tempo

para o lazer e a diversão vão se relacionar com as mudanças de hábito do homem moderno,

que em meio à multidão e correria da cidade, se vê só e oprimido. A cidade e suas

características tem sido uma vasta fonte de inspiração para vários poetas, assim como outros

escritores. A urbe é vista, também, como espaço de poder, de lutas e de competições, um

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palco repleto de eventos, ao qual não pode escapar das representações literárias para capturar

e registrar esses fenômenos. Mediante ao contexto apresentado, o presente trabalho se propõe

a analisar as imagens urbanas na poesia de Ruy Espinheira Filho destacando a solidão e a

melancolia do poeta em meio à multidão e ao crescimento voraz da cidade. Para as reflexões

teóricas acerca do tema proposto, serão utilizados os teóricos: Aleilton Fonseca, Nicolau

Sevcenko, Ferreira Gullar, Roberval Pereira, Michel de Certeau, Octávio Paz, Marshal

Berman, G.M Hyde, entre outros que abordam em seus conceitos pressupostos da Lírica

Moderna.

ARMADILHAS IDENTITÁRIAS EM UM TÁXI PARA VIENA D’ÁUSTRIA

Leila Silva de Jesus (UNEB)

O texto literário é produtor de sentidos, vivências, diálogos e, portanto, lugar de interação.

Antônio Torres, com sua literatura, expõe angústias e questionamentos do homem que busca

sentir-se pertencente ao mundo. Com um Um táxi para Viena d’Áustria mostra um sujeito

que se desencontra e confuso face às alteridades permeiao entre-lugar. A narrativa se

desenvolve a partir de algumas circunstâncias vivenciadas que desestabiliza o personagem

que não encontra equilíbrio emocional nas memórias da infância e evade da realidade por

meio da imaginação. Neste trabalho, portanto, atentase para o ver a si mesmo e ao Outro na

construção da identidade, frente às demandas que o mundo atual impõe, e tem como base

estudos de Stuart Hall, Zygmunt Bauman, Silviano Santiago, entre outros.

SESSÃO 9

Dia 19 setembro – quinta-feira – 14h30

Sala de Reuniões (Térreo)

Coordenação: Elis Angela Franco Ferreira Santos (UEFS)

DE TERREIROS E QUILOMBO: A AFROBRASILIDADE EM RONDA, DE ORDEP SERRA

Elis Angela Franco Ferreira Santos (UEFS)

Aspectos da cultura afrobrasileira têm sido tematizados por diversos prosadores brasileiros.

No presente trabalho, analisaremos o romance Ronda: oratório malungo (2011), do escritor

Ordep Serra, sob a perspectiva de um texto que destaca as marcas identitárias de um grupo

étnico estabelecido no Recôncavo baiano, e sua luta por legitimação do espaço quilombola,

núcleo importante para o exercício da religiosidade e costumes afrobrasileiros. Desse modo,

buscaremos identificar como o escritor representa tais marcas, e qual a importância de tal

romance para os debates culturais, visto que a conjuntura atual problematiza o apagamento

das culturas oprimidas e propõe a igualdade de direitos e tratamentos que deem conta das

diferentes necessidades de cada grupo.

LUNARIS – O SIMULACRO COMO REFLEXO DO REAL

Luciana Santos de Oliveira (UFBA)

O final do século XIX e todo século XX foram períodos marcados por desconstruções e

emergências teóricas que não apenas modificaram, de uma vez por todas, os fundamentos

epistemológicos que sustentavam o mundo ocidental, como também asseguraram a liquidez e

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o descentramento que caracterizam a nossa contemporaneidade. Alguns dos principais

pensadores que influenciaram nas mudanças do rumo teórico das Ciências Humanas ao

questionarem o conceito tradicional de origem, identidade, realidade e história foram

Friedrich Nietzsche, Michel Foucault e Gilles Deleuze. É seguindo essa perspectiva

desconstrutivista e pensando a linguagem como representação por excelência, que nos

propomos a analisar o romance Lunaris, do escritor baiano Carlos Ribeiro, cuja narrativa

dramatiza em seu espaço ficcional a tentativa de interpretar, discutir e entender o que significa

ser e estar inserido nesse simulacro chamado pós-modernidade.

A REPRESENTAÇÃO DA CIDADE NA OBRA LITERÁRIA: O LARGO HUMANIZADO DE

ADONIAS FILHO

Naiara Chaves de Carvalho (UNEB)

A busca de decifração da cidade implica o mergulho no sentido de suas representações,

articuladas através dos diversos discursos. “Ler e falar a cidade é mergulhar nos universos

polivalentes e ambíguos que a constituem”. De acordo com Rubem Braga, aprender uma

cidade é, na verdade, uma coisa lenta. É preciso, entretanto, saber algumas coisas, e

precisamos andar distraídos, bem distraídos, para reparar nessa alguma coisa. Partindo dessa

ideia, o presente trabalho busca traçar algumas observações a respeito da representação da

cidade nas seis novelas que compõem a obra O largo da palma do jornalista, ensaísta e

romancista baiano Adonias Filho. Serão analisados os discursos que a cidade representada na

obra literária oferece dentro dos conceitos de espaço versus paisagem, cidade real versus

cidade ideal, campo versus cidade, e as máscaras da cidade dentro das imagens urbanas.

AS VOZES DO NARRADOR EM A PROSTITUTA DE HERBERTO SALES

Maria Elaine Gomes dos Santos (UNEB)

O presente trabalho tem por finalidade discutir literatura à luz dos conceitos da

pósmodernidade. A partir da definição de alguns elementos intertextuais, como ironia e

narrativa, dar-se-á ênfase a utilização destas estratégias de escrita no romance A prostituta do

escritor baiano Herberto Sales. Do mesmo objetiva-se desvendar as facetas do narrador nesta

obra, cujo papel engrandece-se no decorrer da trama, pois uma história, aparentemente,

corriqueira, estimula o leitor a dispensar um olhar mais sensível às trajetórias humanas

marcadas, sobretudo àquelas destinadas a padecerem às margens da sociedade. Neste romance,

a voz do narrador desconstrói discursos acerca de uma meretriz, ao passo que apresenta esta

figura como um ser intrigante e de personalidade marcante, conduzindo, porque não

seduzindo, o leitor a uma imersão no universo da ficção baiana contemporânea.

MOLDURAS URBANAS: UM OLHAR POÉTICO NO CONTO “ZÉ PRETO” DE ALEILTON

FONSECA

Erick Naldimar dos Santos (IES)

Este trabalho passeará pelas ruas, sentimentos e pela presença marcante da personagem “Zé

Preto”, que ganha vida a partir da narrativa de Aleilton Fonseca em As marcas da cidade

(2012). As cores da cidade vão obtendo pinceladas fortes a partir do poder que as

transformações sociais exercem sobre o ambiente, a cultura, o indivíduo e a primária natureza.

Neste viés, é necessário possuir a magia das palavras e a sensatez afetiva para desenvolver um

conto que abandona conceitos pré-formulados em detrimento de imagens poéticas

possibilitando a transfiguração do real. É este caminho que trilha “Zé Preto”. Personagem este

que nos faz perceber as manchas históricas de um passado que ainda se faz presente pelas ruas,

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vielas, pontes e marquises. Onde, segundo Fonseca (2001) prolifera o sentimento de lugar nos

recortes semânticos do conto.

O CANTO DA LEMBRANÇA: A MEMÓRIA NAS CANÇÕES DE CAETANO VELOSO

Juan Müller Fernandez (UFBA)

Neste estudo se propõe o estudo da memória nas canções de Caetano Veloso que compõem o

álbum intitulado Domingo (1967). Apesar de os textos do cantor baiano possibilitarem

análises diversas, é inegável que estratégias de autorreferência e de deslocamento temporal

são marcas recorrentes. Assim, desde o primeiro disco, são notáveis a preocupação com o Eu,

com a existência, e o sentimento de melancolia em torno à própria terra natal, traduzido na

vontade de regressar a Santo Amaro do passado. Foram analisadas canções da referida obra

no intuito de se refletir sobre o papel da memória para a criação de estratégias de subjetivação

e introspecção e sobre o eu lírico construído por Caetano Veloso, frequentemente

autocentrado, a investigar o próprio passado e os vestígios do “homenino” de outrora. Para

tanto, buscou-se apoio em bibliografia que trata dos ditames da memória (Bergson, Santo

Agostinho) e dos dilemas da subjetividade (Arfuch, Sarlo, Süssekind).

LITERATURA INFANTOJUVENIL E SUBJETIVIDADE EM JOÃO UBALDO RIBEIRO, O

CRUEL

Enia dos Santos Costa (UCSal)

O presente trabalho faz uma análise do livro infanto-juvenil “Vida e paixão de Pandonar, o

Cruel”, de João Ubaldo Ribeiro, sob o aspecto da subjetividade dos personagens. Este

riquíssimo texto ficcional delineia vários aspectos de personalidade e carater humanos que

vão sendo descortinados nos acontecimentos narrados com um estilo célere e exato. A

literatura infanto-juvenil baiana apresenta-se neste livro como audaciosa para o gênero pela

leveza, riqueza e densidade nos aspectos da linguagem utilizada e psíquicos dos personagens.

O humano é tratado sob vários vieses, realisticamente, apoiado nos aspectos externos e

internos de sua constituição psíquica, desenvolvida nas relações interpessoais. O

comportamento exterior e os conflitos interiores do sujeito são desenhados com perspicácia,

mostrados através dos degraus da psique humana: ego, id e superego. A maturidade da pessoa

e seu desenvolvimento são desvelados.

UM SER DA CIDADE: O MENDIGO NA POESIA DE MAYRANT GALLO

Marcela Soares Rodrigues (UFBA)

Mayrant Gallo metamorfoseia a realidade em palavras. Sua poesia apresenta um eu que se

desloca e observa criticamente o seu entorno, ouvindo os ecos da cidade, vislumbrando os

mínimos elementos cotidianos, o grotesco e o aprazível, tornando-os familiares ou

transformando o habitual em excêntrico. Para tanto, o poeta questiona e reflete sobre a cidade

voraz, que ele precisa transpor e domar em palavras para tentar entender sua condição de

homem contemporâneo. Um dos seres que aparecem com insistência na sua poesia é o

mendigo, ente abjeto que, em seus poemas, é evidenciado através da experiência estética

sobre a vivência sensível desse poeta-crítico que capta o óbvio, tão presente, que os outros

indivíduos deixam escapar.

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