clioterapia e termoterapia

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES UNIDADE ACADÊMICA DE ENFERMAGEM DISCIPLINA: SEMIOLOGIA E SEMIOTÉCNICA EM ENFERMAGEM II DOCENTE: KENNIA SIBELY MARQUES DE ABRANTES ANDERSON BEZERRA DOS SANTOS CRIOTERAPIA E TERMOTERAPIA

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Enfermagem

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Page 1: Clioterapia e Termoterapia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES

UNIDADE ACADÊMICA DE ENFERMAGEM

DISCIPLINA: SEMIOLOGIA E SEMIOTÉCNICA EM ENFERMAGEM II

DOCENTE: KENNIA SIBELY MARQUES DE ABRANTES

ANDERSON BEZERRA DOS SANTOS

CRIOTERAPIA E TERMOTERAPIA

CAJAZEIRAS-PB2015

Page 2: Clioterapia e Termoterapia

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ANDERSON BEZERRA DOS SANTOS

CRIOTERAPIA E TERMOTERAPIA

Trabalho apresentado a Universidade Federal de Campina Grande, com o objetivo de obtenção de nota na disciplina de Semiologia e Semiotécnica em Enfermagem II, ministrada pelas orientadoras Kênnia Abrantes e Arieli Rodrigues N. Videres.

CAJAZEIRAS-PB2015

Page 3: Clioterapia e Termoterapia

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................5

2 CRIOTERAPIA.................................................................................................................6

2.1 CONCEITOS..............................................................................................................6

2.2 EFEITOS FISIOLÓGICOS DA CRIOTERAPIA...................................................6

2.2.1 Efeitos Circulatórios...........................................................................................7

2.2.2 Efeitos Metabólicos.............................................................................................7

2.2.3 Efeitos na Dor.....................................................................................................8

2.2.4 Efeitos inflamatórios...........................................................................................8

2.2.5 Efeitos musculares..............................................................................................8

2.2.6 Efeitos nos Nervos Periféricos............................................................................8

2.3. INDICAÇÃO...................................................................................................................9

2.4 MÉTODOS DE TRATAMENTO...................................................................................9

2.4.1 Bolsas frias de gel de sílica ou ativadas quimicamente...........................................9

2.4.2 Compressa Fria ou Panqueca Fria.........................................................................10

2.4.3 Massagens com gelo.................................................................................................10

2.4.4 Banhos de imersão...................................................................................................11

2.4.5 Pacotes de gelo.........................................................................................................11

2.4.6 Gelo, Compressão e Elevação (Polar Care e Cryo Cuff)......................................12

2.4.7 Sprays de Vapor Frio..............................................................................................12

2.5 PRECAUÇÕES..............................................................................................................13

2.6 CONTRAINDICAÇÕES...............................................................................................14

3 TERMOTERAPIA (HIPERTERMOTERAPIA)..........................................................15

3.1 CONCEITO..............................................................................................................15

3.2 EFEITOS FISIOLÓGICOS....................................................................................15

3.3 INDICAÇÃO............................................................................................................16

3.4 CONTRAINDICAÇÃO...........................................................................................16

3.5. MÉTODOS DE TRATAMENTO................................................................................17

3.5.1 Forno de Bier...........................................................................................................17

3.5.2 Banho de Parafina...................................................................................................18

3.5.3 Bolsas de termogel e de água quente......................................................................19

3.5.4 Compressa quente...................................................................................................19

5.3.5 Lâmpadas de infravermelho...................................................................................20

3.5.6 Ondas Curtas...........................................................................................................20

3.5.7 Microondas..............................................................................................................21

Page 4: Clioterapia e Termoterapia

4

3.6 PRECAUÇÕES........................................................................................................21

4 CUIDADOS DE ENFERMAGEM..................................................................................22

5 CONCLUSÃO..................................................................................................................23

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................24

Page 5: Clioterapia e Termoterapia

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1 INTRODUÇÃO

Tanto a terapia pelo frio, quanto a terapia pelo calor, são as mais antigas

terapêuticas em que são usados agentes físicos. Tanto o calor, quanto o frio são

importantes agentes na reabilitação de diferentes patologias. O uso do frio como recurso

terapêutico é denominado crioterapia. O uso do calor terapêutico é denominado

termoterapia e pode ser aplicado de maneira superficial ou profunda.

Page 6: Clioterapia e Termoterapia

6

2 CRIOTERAPIA

A crioterapia é um grupo de procedimentos e técnicas que visam a redução da

temperatura corpórea de forma geral ou localizada, consequentemente rebaixando a

temperatura tecidual.

2.1 CONCEITOS

A crioterapia pode ser definida como a terapia pelo frio ou terapia fria. A

crioterapia abrange uma grande quantidade de técnicas específicas que utilizam o frio

nas formas líquida, sólida e gasosa com o objetivo terapêutico de retirar calor do corpo

ou de partes especificas. E essa retirada de calor, induz os tecidos a um estudo de

hipotermia, que favorecer a redução da taxa metabólica local.

Esse termo abrange um grande número de técnicas especificas, mas literalmente

significa “terapia pelo frio”. Qualquer tipo de aplicações que utilizem o frio com

finalidade terapêutica, é definida como crioterapia. Aplicação de bolças de gelo,

criocinética, crioestiramento, banhos em agua fria, massagem com gelo, cirurgia com

gelo, conhecidas como criocirurgias, todos são procedimentos que se encaixam nesse

termo da crioterapia.

2.2 EFEITOS FISIOLÓGICOS DA CRIOTERAPIA

Os efeitos fisiológicos da crioterapia vão desde efeitos locais como sistêmicos.

Nos locais ocorrem a vasoconstricção e consequentemente diminuição da circulação

local, diminuição do metabolismo celular por conta da diminuição de oxigênio, redução

da produção de resíduos celulares, diminuição da inflamação, consequentemente da dor

e dos espasmos musculares (KNIGH, 2000 e STARKEY, 2001). E nos efeitos

sistêmicos incluem uma vasoconstricção geral em resposta ao resfriamento do

hipotálamo posterior, redução da frequência respiratória e cardíaca, tremores e aumento

dos tônus musculares (STARKEY, 2001).

Page 7: Clioterapia e Termoterapia

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Muitos são os efeitos fisiológico, mas visto que muitos desses efeitos ocasionam

outros, cito aqui os principais deles:

Circulatórios;

Efeitos no processo inflamatório;

Efeitos metabólicos;

Efeitos na dor;

Efeitos musculares;

Efeitos nos nervos periféricos.

2.2.1 Efeitos Circulatórios

A crioterapia induz espasmos vasculares, diminuem o calibre das arteríolas e

aumentam a adesividade das células endoteliais, diminuindo assim o fluxo sanguíneo

adjacente e a permeabilidade vascular que fazem parte dos efeitos essenciais para

instalação do processo inflamatório. A mudança da temperatura dos tecidos causa

diminuição do metabolismo, das ações químicas das células e consequentemente da

quantidade de oxigênio e denutrientes. O decréscimo do fluxo através da lesão dos

vasos limita o edema; há menor liberação de histamina e interrupção no processo de

evolução da rotura do capilar, o que normalmente ocorreria após a lesão. Há também

uma melhor drenagem linfática devida menor pressão no líquido extravascular.

2.2.2 Efeitos Metabólicos

A redução do metabolismo é o principal efeito fisiológico da crioterapia. Essa

redução metabólica dos tecidos envolvidos, proporcionam que os mesmos sobrevivam

com uma quantidade menor de O².

Quando a aplicação da clioterapia é realizado nas primeiras 48h de uma lesão, o

índice metabólico diminui, levando a uma diminuição da lesão hipoxica secundaria. A

concentração de CO² também sofre alterações, o que diminui sua concentração, levando

a um aumento do tônus vascular e consequentemente a uma vasoconstricção.

Page 8: Clioterapia e Termoterapia

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2.2.3 Efeitos na Dor

A crioterapia aumenta a duração do potencial de ação dos nervos sensoriais, e

aumenta o período refratário, acarretando uma diminuição na quantidade de fibras que

irão despolarizar no mesmo período de tempo. Acaba por diminui a frequência de

transmissão do impulso e consequentemente a diminuição da sensibilidade dolorosa. A

aplicação do gelo faz com que aumente o limiar de excitação das células nervosas em

função do tempo de aplicação, quanto maior o tempo, menor a transmissão dos

impulsos relacionados à temperatura o que pode gerar analgesia ou diminuição da dor.

2.2.4 Efeitos inflamatórios

A crioterapia reduz o processo inflamatório agudo principalmente noo

traumatismo agudo, sendo que sua aplicação sobre a área lesada tem ação anti-

inflamatória, por diminuir o metabolismo e se opor a vasodilatação inflamatória.

2.2.5 Efeitos musculares

No sistema muscular a crioterapia é usada principalmente nas patologias

neurológicas e nas lesões esportivas. A crioterapia causa uma diminuição da ação

muscular e um relaxamento dos mesmos, o que facilita uma diminuição da

espasticidade. A crioterapia de curta duração, pode ser usada para um melhor

desempenho do musculo durante um programa de terapia, aumentando seu desempenho

inicial.

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2.2.6 Efeitos nos Nervos Periféricos

O frio altera a velocidade da condução e a atividade sináptica dos nervos

periféricos. Com a temperatura diminuída, diminui também a velocidade motora

condutiva e sensorial, ocorrendo até mesmo uma falha dos nervos na condução dos

impulsos.

2.3. INDICAÇÃO

Espasmos musculares;

Diminuição do metabolismo celular;

Queimaduras leves;

Lesões ortopédicas;

Dores musculares;

Inflamação dos músculos e articulações;

Controle de hemorragias;

Tratamento de verrugas do HPV.

2.4 MÉTODOS DE TRATAMENTO

Existem diversas modalidades terapêuticas da crioterapia, como: bolsas frias de

gel de sílica ou ativadas quimicamente; pacotes com gelo; banho de imersão; massagem

com gelo; Polar Care Cooler; Cryo Cuff e sprays frios. A aplicação e a escolha do

método vão depender da área lesionada e da parte do corpo a ser resfriada.

2.4.1 Bolsas frias de gel de sílica ou ativadas quimicamente

A bolsa fria é uma das técnicas mais usadas, até mesmo pelo baixo preço ou por

serem facilmente feitas. Os comerciais são geralmente de gel de sílica e são de diversas

formas e tamanhos, o que facilita a adaptação em diferentes áreas. Devem ser

armazenadas em unidades especiais de refrigeração, ou até mesmo em freezer

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doméstico, em uma temperatura em torno de -5°C, e em torno de 2 horas antes do uso.

A aplicação deve ser feita com o uso de uma toalha úmida entre a bolsa e a pele.

Algumas bolsas frias são ativadas quimicamente ao serem colocadas em atrito

com uma superfície dura. São bolsas que são bastante utilizadas em procedimentos de

primeiros socorros e são descartáveis. Se houver um extravasamento do conteúdo da

bolsa sobre a pele, o mesmo pode causar queimaduras na pele, pois a reação química da

bolsa ocorre em um PH alcalino.

2.4.2 Compressa Fria ou Panqueca Fria

A panqueca fria é utilizada geralmente nos domicílios. Sua preparação é feita

mergulhando uma toalha dentro da agua fria, e dentro da toalha é adicionado gelo

moído, onde posteriormente sera dobrada em forma de panqueca. Já na compressa fria,

a toalha e mergulhada dentro da agua fria, e a mesma é dobrada em forma de

compressa. São indicadas nos casos onde necessitamos de um resfriamento superficial.

A panqueca fria é mais eficaz que a compressa, e mesmo assim seu efeito

terapêutico para reduzir a temperatura do tecido é limitado, visto que é eficiente em um

prazo de apenas 5min, após esse tempo a temperatura se eleva e o mesma perde seu

efeito terapêutico.

2.4.3 Massagens com gelo

É um método bastante conhecido e utilizado, porem seus efeitos fisiológicos

ainda não foram discutidos e interpretados para que a mesma possa ser indicada.

Geralmente é feita sobre uma área pequena, sobre um musculo, um tendão ou sobre

pontos gatilhos. São técnicas simples, e até mesmo podem ser aplicadas no domicilio.

Nesse método a agua é congelada em compôs de papel para facilitar o manuseio

do gelo pelo profissional, ou até mesmo pode ser inserido um palito no copo, o que

daria um formato de picolé, o que daria um manuseio mais eficaz.

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O gelo é aplicado sobre a pele em movimentos circulatórios ou no sentido de

“vai-e-vem”. Durante a massagem o paciente sentirá algumas sensações distintas,

incluindo frio intenso, queimadura, dor e então a analgesia. A queimadura e a dor

devem passar rapidamente, dentro de 1 a 2 min. Esse período de dor e queimação pode

ser prolongado se a área coberta for muito grande ou de houver uma resposta

hipersensitiva iminente.

A aplicação é fásica, a área especifica massageada fica em contato com o gelo, e

o tecido logo é exposto a temperatura ambiente, o que torna o resfriamento mais lento.

A ação da massagem com gelo estimula os receptores mecânicos quando executada por

movimentos lentos e breves e facilita a inibição neural, quando executada por

movimentos lentos e prolongados.

Uma outra técnica de massagem é a de Rood, que é realizada através de

movimentos de varredura rápidos e diretamente sobre os músculos, o que melhora a

contração muscular.

2.4.4 Banhos de imersão

Nessa técnica utilizamos agua misturada com gelo, onde cobrimos algum

seguimento corporal. O tempo da aplicação varia de acordo com a temperatura que

queremos atingir no local tratado, e nela a temperatura cai bem mais rápida.

Pra realização do procedimento, é necessário um recipiente com tamanho

proporcional ao tamanho da área tratada, onde iremos dosar o gelo em relação a água e

a temperatura que queremos alcançar. A perda da temperatura ocorre à medida que o

gelo derrete, e para que essa temperatura seja mantida, devemos repor o gelo

constantemente e monitorarmos a temperatura com ajuda de um termômetro. E a

película da agua que circunda a região tratada deve ser aquecida após os 5min. Iniciais

da imersão. Até por questões de higiene, essa agua também deve ser trocada a cada

imersão.

2.4.5 Pacotes de gelo

Page 12: Clioterapia e Termoterapia

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É uma das técnicas mais utilizadas, porem existe uma certa dificuldade para a

modelagem em articulações e extremidades. Para facilitar nessa modelagem, o gelo é

moído ou triturado, e colocado em um saco sem o ar. Após fechado o pacote é fixado no

local da aplicação com ajuda de ataduras de crepe ou com um peso para estabilizar o

pacote. A temperatura deve ser mantida de 1°C a 3°C aproximadamente.

2.4.6 Gelo, Compressão e Elevação (Polar Care e Cryo Cuff)

Nos esportes essa técnica é universalmente usada, além de ser a única técnica

que teve sua eficácia comprovada no tratamento de pós-operatório em artroplastia total

de joelho. Além dos efeitos da crioterapia, temos os efeitos da compressão e elevação.

A compressão atua aumentando a pressão externa da musculatura, dado que a

pressão externa está no denominador da formula da pressão de filtração capilar, essa

técnica ajuda no controle da formação do edema e, também ajuda a reduzir o inchaço ao

promover a reabsorção do fluido.

Já a elevação é benéfica durante os cuidados imediatos, pois diminui a pressão

hidrostática capilar, o que faz baixar a pressão de filtração capilar. Embora a elevação

também diminua a pressão hidrostática tecidual, seu valor normal é muito menor do que

da pressão hidrostática capilar, de tal modo que a variação absoluta na pressão

hidrostática tecidual devida a elevação será negligenciável.

Existe dois tipos de aparelho que fazem essas ações de crioterapia, elevação e

compressão; um deles é o Polar Care e o outro é o Cryo Cuff.

2.4.7 Sprays de Vapor Frio

Existem dois tipos de spray que são historicamente usados, os de Flori-Metano

que são os não inflamáveis e não tóxicos, e o Etil-Clorido que é um vapor refrigerante

de aplicação tópica, que é ajuda a controlar a dor associada a condutas cirúrgicas

menores, como as de lacerações de furúnculos ou drenos de pequenos abcessos.

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O etil-Clorido é inflamável e não deve ser usado na presença de chamas em

aberto, ou até mesmo na presença de equipamentos elétricos de cauterização. Quando

usado para congelamento dos tecidos, as regiões adjacentes devem ser protegidas com

aplicação de petrolato.

O processo de descongelamento costuma ser doloroso, e o congelamento pode

reduzir a resistência local da infecção, e predispor a uma cicatrização mais demorada.

2.5 PRECAUÇÕES

A crioterapia também é um procedimento que exige cuidados, antes qualquer

aplicação devemos avaliar todos os aspectos desse cliente, pois uma aplicação de forma

incorreta ou em situações incorretas, podem causar um efeito totalmente contrário ao

esperado.

Em pacientes hipertensos por exemplo, a aplicação da terapia deve ser feita de

maneira cautelosa, visto que o frio aumenta a pressão sistólica e diastólica transitória. A

pressão deve ser aferida antes e depois da aplicação, e em caso de aumento da pressão o

mesmo deve ser suspenso.

Em pacientes com hipersensibilidade ao frio, circulação defeituosa e doenças

termo regulatórias, a crioterapia deve ser feita de forma cautelosa. Se após essas

considerações a crioterapia for o tratamento escolhido desses pacientes, monitoramentos

próximos da resposta e ajuste apropriado aos parâmetros de tratamento são necessários.

Diminuindo a duração e ajustando a intensidade da aplicação, dar pra produzir os efeitos

desejados sem provocar reações adversas.

A cicatrização também pode ser dificultada por baixas temperaturas, e até que

seja demonstrado o contrário devemos evitar aplicações de frio diretamente sobre uma

ferida durante as 2 ou 3 semanas iniciais de cicatrização.

Por uma ou duas horas depois da crioterapia, os pacientes devem evitar

“estresse” que possa, potencialmente voltar a machucar ou agravar as patologias para os

quais eles foram tratados. A analgesia produzida pela crioterapia pode esconder dor

induzida por exercícios, assim dando aos pacientes uma falsa segurança.

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Diminuir a temperatura das articulações pode aumentar a necrose. Assim,

diminuindo o tempo de reação e a velocidade da mobilidade. Esse fato combinado com

a analgesia, pré-dispõe o paciente a novas lesões.

Quando considerando a crioterapia, o enfermeiro ou outros profissionais

capacitados, devem estar familiarizados com o estado clinico do paciente, bem como é

importante a realização do teste de hipersensibilidade antes de iniciar o tratamento. Se a

hipersensibilidade ocorrer, o enfermeiro deve fazer as devidas anotações e suspender a

crioterapia.

2.6 CONTRAINDICAÇÕES

Existem algumas patologias, ou até mesmo casos clínicos onde a crioterapia não

pode ser aplicada, porem em todos os casos deve ser feita uma avaliação antes de inicia

a terapia. Entre elas temos:

Hipersensibilidade ao frio;

Diabetes com envolvimento vascular;

Ferimentos abertos;

Doença vascular periférica;

Massagem com gelo em cima do seio carotídeo;

Pacientes idosos com pele frágil;

Crianças ou outros indivíduos com dificuldade de compreensão;

Aplicação em áreas anestesiadas.

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3 TERMOTERAPIA (HIPERTERMOTERAPIA)

É uma modalidade terapêutica, onde são utilizados agentes térmicos com

objetivos terapêuticos de prevenção e cura, pela diminuição ou aumento da temperatura

tecidual.

3.1 CONCEITO

Sua classificação é feita quanto a profundidade atingida (Superficial ou

profunda), quanto pela sua forma de transmissão (Condução, convecção ou conversão).

Na condução o calor é transmitido através do contato direto entre os dois corpos, como

por exemplo, a pele e a compressa quente. Na convecção, essa transferência ocorre

através de um intermediário, como o ar ou a agua. Já na conversão, ocorre uma

transformação de um tipo de energia em outra, um exemplo é a radiação. No

aquecimento profundo, a transferência do calor é realizada por conversão, apesar da

regulação ser complicada, ja aquecimento superficial tem o acesso mais fácil, é mais

seguro e tem um custo menor que o profundo.

3.2 EFEITOS FISIOLÓGICOS

Nas reações fisiológicas dos tecidos o aumento da temperatura é influenciado

por diversos fatores. Porém, para se alcançar um efeito terapêutico, a elevação da

temperatura dos tecidos tem que estar dentro de uma pequena faixa de temperatura,

entre 40 e 45,5°C. Abaixo disso os efeitos são reduzidos; acima disso podem causar

lesões. Entre os efeitos fisiológicos da termoterapia, temos:

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Vasodilatação capilar e arteriolar, com o aumento do fluxo

sanguíneo;

Aumento do metabolismo celular;

Aumento da atividade enzimática, aumentando a extensibilidade

do tecido fibroso;

Aumento da velocidade de filtração e difusão através das

membranas biológicas;

Aumento do limiar de percepção das aderências sensitivas e

modulação da condução no nervo periférico, levando à analgesia e ao

relaxamento muscular;

Bloqueio medular, com priorização da via rápida e libertação de

endorfinas por ativação do sistema descendente, levando à analgesia.

Diminuição da sensibilidade do fuso neuromuscular ao

estiramento, com efeito mio-relaxante.

3.3 INDICAÇÃO

As principais indicações são:

Área edemaciada;

Analgesia;

Inflamações;

Ferida infectada;

Artrite;

Doença degenerativa da articulação;

Tensão muscular;

Dor na coluna;

Cólica menstrual;

Trabalho de parto;

Aumento do fluxo sanguíneo local;

Vasodilatação local;

Reparo dos tecidos;

Melhora do retorno venoso e linfático;

Favorecimento da imunidade.

Page 17: Clioterapia e Termoterapia

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3.4 CONTRAINDICAÇÃO

Dentre as principais contraindicações da termoterapia temos:

Feridas cirúrgicas;

Presença ou suspeita de hemorragias;

Lesões abertas, como as úlceras de pressão;

Luxações;

Presença de fenômenos tromboembólicos;

Pacientes hemofílicos e;

Pacientes com fragilidade capilar.

3.5. MÉTODOS DE TRATAMENTO

Assim como na crioterapia, a termoterapia é realizada através de diferentes

mecanismos, o que vai determinar o tipo que será utilizado, é a sua finalidade, bem

como o local de aplicação e os fatores físicos do paciente. Dentre os principais métodos

temos:

3.5.1 Forno de Bier

É uma cabine em forma de túnel, com seu tamanho variado. Ele proporciona

calor a todo seguimento corporal, onde circula um ar de 60°C a 80°C. O aparelho é

revestido por uma folha de metal, tendo a face interna revestida por amianto,

protegendo a pele do paciente do contato com a superfície aquecida. Sua temperatura é

regulada através da chama da lamparina.

Geralmente é utilizado em casos de artrite, tendinite, fobrose pos-imobilização,

mialgia, entorse, espasmos musculares entre outros. E não deve ser utilizado em áreas

com alterações de sensibilidade térmicas, presença de traumas inflamatórios agudos,

febre, áreas hemorrágicas, doenças dermatológicas, enxerto de pele recentes, entre

outros.

A utilização do Forno de Bier deve ser sempre com a região a tratar desnuda,

entretanto quando o Forno não dispuser de controle eletrônico de temperatura

Page 18: Clioterapia e Termoterapia

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(termostato) ou parte do corpo do paciente ficarem próximas às placas de ardósia,

aconselha-se a envolver a região tratada com uma toalha.

O profissional de enfermagem, bem como qualquer profissional que venha a

utilizar essa modalidade, deve ter alguns cuidados, como; verificar a sensibilidade

térmica do cliente, retirar os objetos metálicos da área a ser tratada, verificar a pele

antes e depois da aplicação; adequar a temperatura e o tempo de aplicação; alertar sobre

o risco de queimadura e eletrocussão. E em pacientes com alteração de sensibilidade

térmica, traumas e quadros inflamatórios agudos, febre, áreas desvitalizadas e

isquêmicas, o forno de bier não deve ser utilizado.

3.5.2 Banho de Parafina

O banho de parafina é uma forma de transferência de calor superficial, onde a

parafina é derretida e misturada com óleo mineral a uma temperatura de mais ou menos

52°C. O equipamento utilizado para o banho de parafina é um tanque de aço inoxidável,

cheio de agua, que poder ser aquecida através de um resistor de níquel-cádmio. Dentro

do tanque contendo agua, vai conter uma outra caixa metálica de dimensões menores

contendo parafina, que será derretida pelo aquecimento da agua presente no tanque.

É fundamental que seja feita a assepsia da parte a ser tratada, evitando assim

uma possível contaminação, bem como é aconselhável que o paciente lave muito bem a

região com agua e sabão. O tanque de parafina também dever ser mantido fechado

quando não estiver sendo utilizado, afim de evitar a deposição de microrganismos. A

parafina também deve ser limpa com frequência, e a mesmo nunca deve ser reposta sem

que antes seja feita um processo de limpeza.

O processo de aplicação é feito por diversas formas, a depender da finalidade,

bem como do estado do paciente. São elas:

Imersão contínua: Coloca-se a área a ser tratada diretamente na

cuba de parafina. Este método é pouco utilizado, pois o segmento permanece na

parafina durante 30 minutos. É pouco tolerado pela maioria dos pacientes, pois a

temperatura está em torno de 51°C – 52°C.

Imersão repetida: Coloca-se o segmento a ser tratado na cuba de

parafina, se for a mão preferencialmente com os dedos estendidos e abduzidos e

Page 19: Clioterapia e Termoterapia

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logo em seguida retire-o e aguarde de 3 a 5 segundos repetindo o processo

durante 5 a 7 vezes até formar uma “luva de parafina”. Esta técnica é a mais

utilizada. O tratamento dura 30 minutos.

Pincelamento: Com a ajuda de um pincel, formar uma camada

espessa de parafina na área a ser tratada. Depois cobrir com um plástico e

colocar uma toalha felpuda afim de manter a temperatura. Esta técnica também

está caindo em desuso e o tratamento dura 30 minutos. Esta técnica é a menos

utilizada.

Enfaixamento: Passar a parafina com o auxílio de um pincel na

área a ser tratada. Enfaixar uma vez a região com atadura; colocar outra camada

de parafina por cima da atadura e enfaixar novamente, realizando o processo

sucessivamente por 7 a 8 vezes/faixas. O paciente permanece com a faixa

durante 25 a 30 minutos.

O enfermeiro também deve ter alguns cuidados antes da aplicação da parafina, o

mesmo deve examinar a área a ser tratada antes e depois da utilização do banho de

parafina, limpar a área antes e depois do banho de parafina, sempre testar a

sensibilidade térmica do paciente antes do banho, avisar ao paciente sobre o desconforto

do calor no início do tratamento, manter o segmento imóvel para que não haja

rachaduras e a consequente perda de calor e, evitar que o paciente encoste na cuba

metálica. E em alguns casos a o banho não deve ser utilizado, como em áreas com

alteração de sensibilidade, traumas e quadros inflamatórios agudo, febre, áeas

desvitalizadas e isquêmicas, áreas hemorrágicas, lesões de pele, feridas ou cortes,

doenças dermatológicas e enxertos de pele recente

3.5.3 Bolsas de termogel e de água quente

São bolsas industriais de termogel que é composta por uma substancia que é

capaz de absorver a energia calórica, e de mantê-la por certo tempo. Já a bolsa de agua

quente é um artefato feito de borracha resistente, onde a agua quente é introduzida

através de um bocal em uma de suas extremidades.

Page 20: Clioterapia e Termoterapia

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Em pessoas sensíveis a temperatura o ideal é colocar uma toalha úmida entre a

pele e a bolsa. E antes de ser colocada no cliente devemos nos atentar a tampa da bolsa,

a fim de evitar o extravasamento da agua quente, e consequentemente queimaduras.

3.5.4 Compressa quente

Também utilizada no aquecimento superficial, a compressa quente é feita através

de uma toalha felpuda de tamanho médio, e agua quente em torno de 45°C. O local da

aplicação deve estar desnudo, evitando assim barreiras que atrapalhem o contato da

compressa com o local da aplicação.

A toalha deve ser mergulhada na agua 2 a 3 vezes, dando leves torcidas para

retirar o excesso de agua, e logo em seguida deve ser colocada no local da aplicação,

onde permanecera de 20 a 25 minutos. E visto que a compressa tende a esfriar por conta

do contato com o meio, a mesma deve ser trocada a cada 5 minutos, afim de manter a

temperatura local até o final do tratamento.

5.3.5 Lâmpadas de infravermelho

Utilizada para aquecimento profundo, a lâmpada de infravermelho tem grade uso

na termoterapia, uma vez que produz radiação quando em contato com a pele, no qual é

capitado pelos receptores nervosos do corpo. Provoca variações químicas no

metabolismo celular, e desencadeia alterações fisiológicas que resultam na melhoria ou

até na cura de diversas patologias clinicas como edema, dor e lesão de músculos, nervo

e articulação, etc. É indicado para o alivio da dor, redução do espasmo muscular,

promoção da flexibilidade dos tecidos, aumento da vascularização da pele, ente outros.

Na realização da terapêutica o paciente deve ser colocado em uma posição

confortável com apoio, de um modo que o cliente fique parado durante o tratamento. É

importante que seja testado a sensibilidade térmica e deixar a região exposta. Durante a

aplicação o paciente deve dizer a quantidade e a área onde ele sente o calor, alternando

a posição da lâmpada. Após atingi a temperatura desejada o cliente permanece em torno

de 15 minutos.

Page 21: Clioterapia e Termoterapia

21

3.5.6 Ondas Curtas

Também é um equipamento utilizado para enviar energia para os tecidos

profundos. É feito através de ondas eletromagnéticas não ionizantes de alta frequência

com pequenos comprimentos.

É indicado para os casos de braquialgia, artrose e artrite crônica, ciatalgia,

fibrose, lombalgia, espasmos Pará vertebrais e dorsalgia. E não deve ser usado em

pacientes em uso de marca passos, metal nos tecidos ou fixadores externos, tumores

malignos, tuberculose ativa, áreas hemorrágicas e gestantes.

3.5.7 Microondas

Nessa modalidade que também é de aplicação profunda, com uma corrente de

alta frequência, com comprimentos de ondas eletromagnéticas de 12,25cm, e que

também tem finalidade terapêutica.

É indicado nos casos de, artrite, artrose, tendinite, lombalgia, espasmo muscular,

bursite, contusão, entre outros. E a mesma não deve ser usada em, pessoas em uso de

marca passos, metal nos tecidos, tumores malignos, tuberculose ativa, tuberculose

venosa recentes, trombose e áreas hemorrágicas.

3.6 PRECAUÇÕES

A aplicação de calor local requer uma vigilância estreita do paciente, já que

podemos provocar lesões tissulares se a temperatura ou o tempo de exposição

ultrapassarem o adequado para cada situação, principalmente em relação ao tempo,

visto que o excesso de calor pode gerar danos irreversíveis;

Em alguns casos lubrificar bem a pele;

Avaliar a área a ser tratada antes e depois de cada procedimento;

Não expor demasiadamente o local;

Observar vermelhidão, formação de bolhas;

Quando usar materiais elétricos, avaliar o estado com a finalidade

de evitar possíveis acidentes;

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Sempre testar a sensibilidade térmica do paciente, evitando assim

expor o paciente a situações de risco.

4 CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Tanto na aplicação da termoterapia, quanto na de crioterapia, é importante que o

enfermeiro avalie bem o paciente antes da escolha do procedimento, bem como deve

estar atento a alguns fatores que influenciam na aplicação do mesmo, entre alguns

fatores destaco:

Condições físicas do paciente para possíveis intolerâncias;

A área a ser tratada;

Sensibilidade térmica do paciente;

As indicações e contraindicações da terapia;

A resposta aos estímulos;

O nível de consciência do paciente;

O material que será usado.

E além de conhecer tais fatores, ele também deve ter conhecimentos a respeito

tanto da terapêutica quanto seus efeitos, dentre esses conhecimentos, é importante que o

enfermeiro:

Conheça as respostas normais do corpo, as variações locais de

temperatura;

Avalie a integridade do corpo do paciente;

Determine a capacidade do paciente em sentir as variações

térmicas;

E principalmente saber realizar de forma correta o procedimento.

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E o enfermeiro deve:

Tranquilizar ao paciente e informar-lhe com respeito o motivo da

aplicação.

Preparar o material necessário, segundo indicação.

Procurar a solução mais cômoda para o paciente.

Suspender a aplicação quando se atinja o objetivo adequado ou se

houver alguma alteração.

5 CONCLUSÃO

Os conhecimentos adquiridos no estudo da crioterapia e termoterapia, bem como

os cuidados na aplicação de ambos, é de extrema importância na formação de

profissionais de enfermagem, visto que muitas vezes são os enfermeiros que tomam

frente a esses procedimentos. Então é de extrema importância que o enfermeiro

apresente domínio das funções e técnicas corretas de cada procedimento. A crioterapia e

termoterapia, atuam basicamente em sentidos opostos, a crioterapia por exemplo

funciona como vasoconstrictor, enquanto a termoterapia atua como vasodilatador, logo

é importante atentar-se as particularidades de cada caso escolhendo assim a terapêutica

correta. E é importante ressaltar que tanto a terapia com frio, quanto a com calor,

apresentam resultados satisfatórios na saúde do homem, o que torna os cuidados

elementos indispensáveis para um bom tratamento. 

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Branco PS. Temas de Reabilitação: Agentes Físicos. Disponível em: http://repositorio.chlc.minsaude.pt/bitstream/10400.17/768/1/Temas%20Reabilita%C3%A7%C3%A3o_Agentes%20Fisicos_Vol%20I.pdf. Acesso as 15h13min do dia 24 de janeiro de 2015.

Sá V.W. Fisioterapia Geral. Disponível em: http://ucbweb2.castelobranco.br/webcaf/arquivos/12851/4899/apostila_fisioterapia_geral.pdf. Acesso as 19h30min do dia 24 de janeiro de 2015.

Procedimentos Básicos de Enfermagem. Disponível em: http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Procedimentos-B%C3%A1sicos-De-Enfermagem/39927694.html. Acesso as 19h35min do dia 24 de Janeiro de 2015.

Felice T.D, Santana L.R. Recursos Fisioterapêuticos (Crioterapia e Termoterapia) na espasticidade: revisão de literatura. Disponível em: http://revistaneurociencias.com.br/edicoes/2009/RN%202009%201/227%20.pdf. Acesso as 04h04min do dia 30 de janeiro de 2015.

Potter, Patricia Ann. Fundamentos de Enfermagem/Patricia A. Potter Griffin Perry; [Tradução de Maria Inês Corrêia Nascimento...et al.]-Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.