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Classificação e distribuição dos elementos nos oceanos Vanessa Hatje [email protected] Oceanografia Química II 2008.1

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Page 1: Classificação e distribuição dos elementos nos oceanos Vanessa Hatje vhatje@ufba.br Oceanografia Química II 2008.1

Classificação e distribuição dos elementos nos oceanos

Vanessa Hatje

[email protected]

Oceanografia Química II2008.1

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Perguntas para este semestre:

• O controla a abundância dos elementos nos oceanos?

• O que controla as variações espaco-temporais?

Elementos controlados por processos biológicos

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Composição Química dos Oceanos

Terras raras1nmol/L<1ppb

600 mol/L56% íons maiores

Sarmiento e Gruber, 2006

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O que controla a composição dos oceanos?

• Hipóteses:– Hipótese da acumulação– Hipótese do controle cinético– Hipótese do equilíbrio

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Hipótese da acumulação

A concentração média dos elementos nos oceanos é o resultado do acumulo de material transportado pelos

rios desde que os oceanos foram formados.

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Hipótese da acumulação

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Este acumulo pode explicar as concentrações observadas nos oceanos?

dMAoc = dVocCoc = aporte – remoção

dt dt

• M = número de moles

• Voc (volume médio do oceano(m3))

• Coc (conc. média do elemento A no oceano (mmol/m3))

• Vrio = m3/ano

VocdCoc = VrioCrio

dt

Coc(t)-Coc(t=0) = VrioCrio . Δt Voc

Coc(t) = VrioCrio . Δt

Voc

Δt = τa Tempo de acumulação

(1)

(2)

(3)

(4)

VrioCrio

τ(tau)

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Se a hipótese de acumulação está correta:

- tempo de acumulação (τa) reflete a idade do oceano

- igual para todos os elementos

τa= Voc . Coc = 1.29x1018m3* . Coc

Vrio. Crio 3.7x1013m3/ano* Crio

τa= 34,500 anos. Coc

Crio

*médias atuais

(5)

(6)

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Idade dos oceanos = 3,8 bilhões Sarmiento e Gruber, 2006

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Hipótese da acumulação1) τa << 3,8 bilhões de anos2) Até 8 ordens de magnitude de diferença entre o τa

dos diferentes elementos3) Será que os aportes fluviais eram menores no

passado?

Muito improvável que esta hipótese esteja correta!

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Hipótese do controle cinéticoA concentração média dos elementos nos oceanos resulta do balanço entre as fontes externas e a taxa de remoção

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Hipótese do controle cinéticoVoc . dCoc = Vrio . Crio – R (remoção)

dt

Visto que a idade dos oceanos é muito maior que o τa, pode-se assumir a

condição de “steady-state”, ou seja dCoc /dt =0

OCEANO

Vrio . Crio

R

Sedimento

Modelo tipo caixa

(7)

Neste caso:

R = Vrio . Crio

Condição de equilíbrio!Mas qual o mecanismo de remoção????

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Assume-se a relação linear entre R e Coc:• R = Voc . k . Coc

Substituindo (8) em (7) e dividindo por Voc:

k = taxa constante de remoção (anos)

Como o R está relacionado com Coc???

(8)

dCoc = Vrio . Crio – k. Coc

dt Voc

(9)

(10)

Em “steady state”...

Coc = Vrio . Crio . 1

Voc k

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Concentração “steady state” é atingida com um determinado tempo de resposta (τr)

τr = 1 k• Respostas a perturbações do steady state:

– Elementos com k grande (reativos): resposta rápida

– Elementos com k pequeno (pouco reativos): baixa resposta

Tempo de resposta τr, matematicamente, = tempo de acumulação τa

(11)

k = taxa constante de remoção (anos)

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Agora nos temos o modelo do que controla as concentrações no oceano assumindo a condição steady-state (10)

• Tendo Voc e a taxa de remoção (k) constante:

Relação linear entre a concentração e aporte do rio– Ex: dobro o aporte = dobro a concentração

• Aporte fluvial constante:

Relação inversa de dependência com a taxa de remoção

- a diminuição pela metade de k = dobro da concentração

Coc = Vrio . Crio . 1

Voc k(12)

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Não se esqueça:• Apenas válido para remoções de primeira ordem

– Remoção diretamente proporcional a concentração• Remoção é controlada por CINÉTICA

• Na realidade os processos de remoção são mais complexos.....envolvem processos geológicos, físicos, químicos e biológicos

Mecanismos de remoção e as taxas são os controladores da concentração dos elementos

Isso explica a grande variabilidade na concentração dos elementos:- aporte fluvial e, principalmente, taxas de remoção

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Hipótese do equilíbrio termodinâmico

• Equilíbrio termodinâmico entre fases minerais e a água do mar......levando a concentrações constantes

• Coc = Cequilíbrio

– Água sub-saturada em minerais encontrados nos sedimentos de fundo

– Fases minerais não existem ou estão em baixas concentrações para explicar as remoções

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• Importante:

– Remoção: altamente complexo • Químicos, físicos, biológicos e geológicos

– Mecanismos e taxas de remoção

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Distribuição dos elementos químicos nos oceanos

Na, Cl, Br, S: grande maioria dos elementos dissolvidosmaior tempo de residênciatempo residência > tempo de mistura dos oceanos

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Co

Pb

Muitos processos afetam a distribuição dos elementos químicos:- biológicos, adsorção/desorção, deposição atmosférica, etc..

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Classificação: perfil vertical

Conservativos Tipo nutriente Tipo removíveis

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• Essa classificação também está relacionada ao tempo de residência:

– Elementos conservativos Tr > 100,000

– Elementos reciclados (tipo nutriente) Tr =1,000-100,000

– Elementos “removíveis” ou “scavenged” Tr < 1,000 anos

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Elementos conservativos

- perfis verticais uniformes- pouca interação com o ciclo do material particulado- baixa reatividade- maioria dos elementos maiores- evaporação e chuva

Características de cada tipo de elemento.....

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• Remoção na superfície e enriquecimento com a profundidade

• Fortemente envolvidos em processos biológicos:ciclo do MP e MO

Elementos tipo nutriente

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Elementos “Scavenged”• Rapidamente removidos da água por adsorção • Perfil dominado pela fonte (atmosfera, rio (Mn 2+ ))

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Classificação dos elementos

Broecher e Peng (1982): impacto dos processos biológicos – Biolimitantes (N como nitrato; P com fosfato)– Biointermediários (C, Ba)– Não limitantes (íons maiores)

Massa total de 35.1589 g/kg

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O que causa os gradientes nos perfis verticais dos diferentes elementos?

Porque alguns elementos são afetados e outros não?

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Perfis tipo nutrientes

CO2 dissolvido e nutrientes

CO2 dissolvido e nutrientes

Matéria orgânica e oxigênio

Matéria orgânica e oxigêniofitoplancton

Bactéria +

zooplancton

Superfície100m

0m

TR

AN

SP

OR

TE TR

AN

SP

OR

TE

Deposiçã

o

Termoclina e água de fundo

Como explicar este perfil?

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Fotossíntese: estequiometria constante!

106 CO2 + 16 HNO3 +H3PO4 + 78H2O C106H175O42N16P + 150 O2

Anderson, 1995

Razão de RedfieldC:N:P:O2 = 106:16:1-150

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Variações espaciais: Modelo de duas camadas(two-box model)

• Oceano em duas camadas: superfície e fundo

- não considera aporte fluvial e atm(grandes escalas temporais)

- camadas bem misturadas

Fluxo líquido superfície para o fundo:ν . (Cs - Cd) mol/s (13)

ν = taxa de troca de volume (m3/s) = fluxo de matéria orgânicaCs e Cd = conc. superfície e fundo (mol/m3)

ν = nu = phi

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Balanço do fósforo: camada do fundo

Onde:

[PO43-] = concentração de fosfato dissolvido

ν = taxa de troca de volume (m3/s)

P (mol/s) = fluxo total de P orgânico que é convertido a inorgânico no fundo

Nos sabemos: [PO43-]d = 2.1 mmol/m3 ; [PO4

3-]s = 0E quanto ao valor de ν?

Vd . d [PO43-]d = ν .([PO4

3-]s - [PO43-]d) + P

dt

P = ν .([PO43-]d - [PO4

3-]s)

(13)

(14)Solução “steady-state”:

=phi

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• Vamos utilizar a equação da conservação para um outro elemento: C

C= ν .([DIC]d - [DIC]s)

Nos não temos o fluxo total do Corg (C)!!!!Mas sabendo a razão estequiométrica (C:P)P = 106/C

Mas isso não nos da o valor de ν !Qual é a saída então?

Para determinar o fluxo de matéria orgânica teremos que usar um traçador de circulação dos oceanos para estimar as trocas de volume (ν)

(15)

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Taxa de troca usando 14C , ν = 1,2 x 1015 m3/ano,

Assim.....

= 1,2 x 1015 m3/ano . (2,1 – 0) mmol/ m3

= 2,5 x 1012 mol/ano

P = ν .([PO43-]d - [PO4

3-]s)

Usando a razão molar (C /P = 106) e a massa de 12g/mol: podemos calcular a taxa de exportação de

Corg = 3,2 Pg C/ano (1Pg = 1015g)

Modelo de 2 caixas é muito simples.....modelos mais sofisticados nos fornecem resultados 3x superior

(16)

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Modelo de 2 caixas funciona para O2?

• Fotossíntese• Remineralização

Razão estequiométrica O2 =-150 . P

O2 (M)

0 50 100 150 200 250 300

DE

PT

H

(m)

0

1000

2000

3000

4000

5000

NorthPacific

NorthAtlantic

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Vd . d [O2]d = ν .([O2]s - [O2]d) – 150. P

dt

Equação do oxigênio para o modelo de duas caixas

Se assumirmos o steady-state e usarmos o P (16) definido anteriormente:

0 = [O2]s – [O2]d – 150. ([PO43-]d - [PO4

3-]s)

(17)

Note que a taxa de troca de volume é cancelada. Assim....

[O2]d = [234 – 150. (2,1-0)] mmol/m3 = -81mmol/m3

O que significa essa concentração negativa?????O que fizemos de errado?

(18)

(19)

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Origem dos erros:1)Não foi considerado onde a água de fundo é formada

• Águas de superfície de altas latitude– Baixas temperaturas

• Maior solubilidade do O2 maiores concentrações

• Se usarmos o valor de O2 nas águas de fundo (316 mmol/m3) a estimativa para a ser 1mmol/m3

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• Águas de superfície de altas latitudes– Nesta região a retirada de P não é eficiente e as concentrações

são em torno de 1,3mmol/m3.

2)Assumiu-se concentrações de P na superfície são zero

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Modelo de 3 caixas (three-box model)

Alta lat Baixa latCh CL

Cd

fundo

fh L

T

Alta conc. nutrientes Baixa conc. nutrientes

Água de fundoAntartida

Água de fundoAtlântico Norte

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Como resolver isso....

• Fluxos de MO para h e L para a água de fundo usando o balanço de P

• Razão O2/P na fotossíntese

[O2]d = [O2]h – 150. ([PO43-]d - [PO4

3-]h) = [316 – 150. (2,1 –1,3)] = 196mmol/m3

O resultado está muito mais de acordo a realidade de 162mmol/m3

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Porque esta diferença?• Razão estequiométrica da MO

– Superfície: 150 O2 consumido: 1P inorg. liberado

– Fundo: 170

....o que muda a previsão para 180 mmol/m3

• Modelos simplificados:• O2 no fundo: varia 0-316 mmol/m3

• Fosfato na sup.em altas lat.: 0,24-2,1mmol/m3

• Insights variação no tempo geológico

Sarmiento & Gruber, 2007

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Referências

• Sarmiento e Gruber (2006) Ocean Biogeochemical Dynamics

• Millero (2002) Chemical Oceanography

A lista completa das referencias se encontra no planejamento das aulas entregue no primeiro dia.