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C LASSIFICAÇÃO E C ARACTERÍSTICAS DAS LÍNGUAS R OMÂNICAS PROFA. DRA. LILIANE BARREIROS (PPGEL-MEL/UEFS)

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CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

DAS LÍNGUAS ROMÂNICASP R O F A . D R A . L IL IA NE B A R R E IR O S

(P P G E L - M E L / U E F S )

Textos:ELIA, Silvio. As Línguas Românicas. In: ______. Preparação à lingüísticaromânica. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1979, p. 121-137.

ILARI, Rodolfo. A constituição das línguas nacionais. In: ______. LingüísticaRomânica. 3. ed. São Paulo: Ática, 2001, p. 213-234.

VIDOS, Benedek Elemér. Considerações sobre a Origem das LínguasRomânicas. In: ______. Manual de lingüística românica. Tradução de JoséPereira da Silva. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1996, p. 206-208.

VIDOS, Benedek Elemér. Dialetos e línguas românicas. In: ______. Manual delingüística românica. Tradução de José Pereira da Silva. Rio de Janeiro:EDUERJ, 1996, p. 235-248.

Considerações sobre a Origem das Línguas RomânicasLatim Vulgar (diferenciação)

Ve

rtic

al –

Cla

sse

s S

oci

al

Horizontal –

Diferenças Geográficas

A partir do séc. III d.C. Roma deixa de ser uma grande potência

Enfraquece o prestígio da língua literária

Diminui a separação entre o latim clássico e o vulgar

Aumenta os vulgarismos (romanismos)

Séc. V d.C. Queda do Império Romano

A separação entre unidade e diversidade foi eliminada (cultoversus popular)

“... a evolução natural das coisas traz consigo o rompimento daunidade do latim, favorecendo a sua diversificação” (VIDOS, 1996, p. 207).

Resumindo...A história das línguas românicas é constituída por dois momentosfundamentais:

Unificação X Fragmentação

= predomínio da diversificação sobre a concentração

Resumindo...Esses dois momentos representam forças distintas que atuam no

processo de variação e mudança linguística:

força centrípeta (de fora para o centro) – da conservação, da

unificação (normalmente exercida pelas instituições e mecanismos sociais

de poder); e

força centrífuga (do centro para fora) – de inovação, de

diversificação (impulsionada pelas mudanças culturais, pelo uso cotidiano

e pela interação com outras culturas).

Séc. V a XII d.C.Intenso processo de desenvolvimento das variedades do românico

Dissolução da tradição linguística do latim

Dialetos românicoscentrífugo

Línguas românicas

Início de uma nova tradição

Séc. XV d.C.Formam-se as línguas românicas nacionais, porém odesenvolvimento dialetal continua até hoje.

Qual a diferença entre dialeto e língua?

DialetoSão falares regionais que apresentam entre si coincidência detraços linguísticos fundamentais;

Não oferece unidade absoluta em todo o território (CÂMARA JR., 1956).

Ex.: Brasil – divisão dialetal entre o Norte e o Sul)

NORTE – Subdialetos (amazônico; nordestino)

SUL – Subdialetos (baiano; fluminense; mineiro; sulista)

LínguaA língua nacional ou língua comum (a toda uma nação)

compreende a língua escrita que serve para as relações escritasentre os membros de uma comunidade linguística (forma maiselevada – língua literária) e a língua de uso , isto é, a variedadefalada da língua escrita (VIDOS, 1996).

Uma língua nacional é um idioma que responde a todas asnecessidades de uma sociedade (ILARI, 2001, p. 215).

Falares

Dialetos

Língua

Dialeto românico versus Língua românica

A essência de uma língua se determina não só pelo critério

linguístico , mas ainda por fatores históricos, políticos, culturais

e literários (VIDOS, 1996).

A linguística moderna reconhece que o status de língua e dialetonão é somente determinado por critérios linguísticos, mas étambém o resultado de um desenvolvimento histórico, geográficoe sócio-político.

Fronteiras dialetais versus Fronteiras de línguas

A diferença é quantitativa;

Fronteiras dialetais são determinadas por fatores históricos eculturais;

Fronteiras de línguas o laço causal histórico e os laços espirituaise culturais são mais fortes (VIDOS, 1996).

Classificação das Línguas Românicas

“A classificação das línguas românicas não pode ser umaclassificação abstrata, lógico-matemática, mas apenas umaclassificação histórica, traçada segundo as ciências do espírito.[...] ela pode ser feita “não sobre uma base exclusivamentelinguística, mas ainda e ao mesmo tempo histórica, política ecultural” (VIDOS, 1996, p. 242-243).

Classificação das Línguas Românicas1836

1ª classificação - Frederich Diez

Baseou-se no critério linguístico, na independência política dospovos românicos, no critério literário e no geográfico.

Diez começou estudando obras castelhanas antigas, depois passoupara o provençal, em seguida, outras línguas românicas e, entre 1836e 1843, publicou sua Gramática das Línguas Românicas, em trêsvolumes; e em 1854, o Dicionário Etimológico das Línguas Românicas.Logo na primeira página de sua gramática, Diez faz derivar

diretamente do latim vulgar as seis línguas românicas, que ele haviaconsiderado como tais entre todas as variedades estudadas. O ponto

de partida das línguas românicas é a língua falada pelos romanos ,não a forma escrita, literária, diferentemente do que pensaram DanteAlighieri e Raynouard. Por isso, Diez é considerado o pai da filologiaromânica. (BASSETTO, 2001, p. 32).

Classificação de Diez

Romeno

Norte

Sul

Italiano

Provençal (dialeto catalão)

Português

Espanhol

GRUPO ORIENTAL

GRUPO OCIDENTAL

Francês

Classificação de Diez: o que faltou?Catalão (não era falado em território politicamente independente)

Reto-românico (não era falado em território politicamenteindependente)

Sardo (não era falado em território politicamente e literariamenteindependente)

Dalmático (não era conhecido, foi extinto posteriormente)

Classificação de Diez1856 – 2ª edição

Frederich Diez considera o Catalão como língua e independente.

Método histórico-comparativoÉ a fusão do método histórico (Grimm) com o comparativo(Bopp) no início do século XIX.

O método histórico procura explicar as causas e/ouconsequências dos fatos linguísticos através da observação dedois ou mais estágios cronológicos de uma língua comprovadosem alguma forma de documento (normalmente um texto escrito).

Método histórico-comparativoO método comparativo é utilizado também para cotejar estágiosde evolução de diversas línguas ou dialetos nas diferentesregiões em que são faladas ou documentadas.

Utiliza-se um número exaustivo de casos semelhantes ,estabelecem-se normas, regras ou “leis” que possibilitam areconstituição de formas linguísticas não documentadaspara explicar a etimologia de muitas palavras .

Método histórico-comparativoTrata-se, portanto, do método básico da linguística românica, apartir do qual todo o seu progresso se deu, pois os outrosmétodos e movimentos subsequentes surgiram para corrigiralgum aspecto do método histórico-comparativo.

É o mais importante método aplicável aos estudos diacrônicos dalinguística românica.

AplicaçãoLATIM ITALIANO ESPANHOL FRANCÊS PORTUGUÊS

amicum/amicus amico amigo ami ?librum / liber libro libro livre ?tempus tempo tiempo temps ?manum/manus mano mano main ?bucca bocca boca bouche ?caballum/caballus cavallo caballo cheval ?filium/filius figlio hijo fils ?quattuor quattro cuatro quatre ?facere fare hacer faire ?dicere dire decir dire ?

... em portuguêsLATIM ITALIANO ESPANHOL FRANCÊS PORTUGUÊS

amicum/amicus amico amigo ami amigo

librum / liber libro libro livre livro

tempus tempo tiempo temps tempo

manum/manus mano mano main mão

bucca bocca boca bouche boca

caballum/caballus cavallo caballo cheval cavalo

filium/filius figlio hijo fils filho

quattuor quattro cuatro quatre quatro

facere fare hacer faire fazer

dicere dire decir dire dizer

Outras classificações...

WILHELM MEYER-LUBK (1920)Renovou a tese de Diez e estudou 9 línguas (do leste para o oeste):

Romeno,

Dalmático (falado ao longo da costa da Dalmácia) – carac. italiano,

Rético (relativo à antiga Récia - Suíça oriental),

Italiano,

Sardo (se desenvolveu de uma forma peculiar, em uma ilha isolada do continente: a Sardenha, na Itália),

Provençal,

Francês (Francês do Norte e Francês do Sudeste),

Espanhol e

Português.

WILHELM MEYER-LUBK

Foi, no dizer Tagliavini, o maior teórico da linguística românica,após Diez. Explicou os fenômenos a partir das leis fonéticas.

Também publicou um Dicionário Etimológico das LínguasRomânicas e uma Gramática das Línguas Românicas.

1925 – Reconhece a independência do catalão e a relação com oespanhol.

Não considera a totalidade dos idiomas falados na PenínsulaIbérica.

WALTER VON WATEMBURG

Retoma a distinção de Diez no que tange ao agrupamento* daslínguas românicas em duas grandes divisões:

*por semelhanças de aspectos internos e externos

1) România Ocidental: Portugal, Espanha, França e Norte daItália;

2) România Oriental: Itália Peninsular, Romênia e antigoDalmático, sendo que o Sardo ocupa uma posiçãointermediária.

ÂNGELO MONTEVERDI e CARLO TAGLIAVINIReuniram as línguas românicas em alguns grupos, segundo asregiões:

a) Balcano-românico: romeno;

b) Italo-românico: dalmático, italiano, sardo e reto-romano;

c)Galo-românico: francês, franco-provençal e provençal(gascão);

d) Ibero-românico: catalão, espanhol e português.

Defende a individualidade do catalão .

Fez uma reconstrução da situação linguística na PenínsulaIbérica, demonstrando com evidência a continuidade linguísticadesde a Catalunha e Aragão até Leão, Galiza e Portugal (VIDOS,1996, p. 247).

RAMÓN MENENDÉZ PIDAL

As Línguas Românicas

CLASSIFICAÇÃO DAS LÍNGUAS ROMÂNICAS

SALLES, Ricardo C. O Legado de Babel: as línguas e seus falantes. Dicionário descritivo das línguas indo-européias.Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1993. p. 277-310.

Catalão, Dalmático,Espanhol,Francês,Franco-provençal,Galego,Italiano, Ladino ou reto-romano, Occitano ou provençal, Português, Romeno, Sardo.

Classificação das Línguas Românicas

Espanhol

Português

Francês

Italiano

Romeno Principais Línguas Românicas hoje