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1 INTER-RELAÇÕES ENTRE TRABALHO, EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E DESENVOLVIMENTO. SILVA, Cleverson Ramom Carvalho 1 Resumo O presente artigo busca tratar de algumas das inter-relações entre trabalho, educação profissional e desenvolvimento econômico. Busca-se identificar as principais correntes de pensamento e autores que defendem uma relação direta e quase automática dos elementos apresentados, bem como aqueles que argumentam contrariamente. Para tal fim, investiga-se as transformações ocorridas no mundo do trabalho, algumas das inter-relações entre trabalho e educação e entre desenvolvimento e educação, de forma a ressaltar aspectos relevantes que delimitem qual o papel ou a função da educação profissional nos processos de trabalho e consequentemente no desenvolvimento econômico. Nas considerações finais, verifica- se quais as limitações contidas em argumentos que atribuem um protagonismo a instituição escolar como promotora e responsável pelo crescimento econômico. Palavras – Chave: Educação Profissional, Trabalho, Desenvolvimento Econômico. 1 – Introdução 1 Graduado em Ciências Econômicas– UNIMONTES, e-mail: [email protected]. Trabalho desenvolvido como avaliação da disciplina isolada: Trabalho e Formação Profissional cursada no Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Social – PPGDS/UNIMONTES.

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INTER-RELAES ENTRE TRABALHO, EDUCAO PROFISSIONAL E DESENVOLVIMENTO

1

INTER-RELAES ENTRE TRABALHO, EDUCAO PROFISSIONAL E DESENVOLVIMENTO.SILVA, Cleverson Ramom Carvalho

ResumoO presente artigo busca tratar de algumas das inter-relaes entre trabalho, educao profissional e desenvolvimento econmico. Busca-se identificar as principais correntes de pensamento e autores que defendem uma relao direta e quase automtica dos elementos apresentados, bem como aqueles que argumentam contrariamente. Para tal fim, investiga-se as transformaes ocorridas no mundo do trabalho, algumas das inter-relaes entre trabalho e educao e entre desenvolvimento e educao, de forma a ressaltar aspectos relevantes que delimitem qual o papel ou a funo da educao profissional nos processos de trabalho e consequentemente no desenvolvimento econmico. Nas consideraes finais, verifica-se quais as limitaes contidas em argumentos que atribuem um protagonismo a instituio escolar como promotora e responsvel pelo crescimento econmico. Palavras Chave: Educao Profissional, Trabalho, Desenvolvimento Econmico.

1 Introduo

Quando se fala em educao profissional, trabalho e desenvolvimento econmico, rapidamente surgem argumentos que ressaltam uma cadeia causalidades que, independente do vis terico, demonstram que tais elementos apresentam um alto grau de correlao. Para alguns grupos, tais aspectos apresentam uma relao direta e quase automtica, entretanto, para outras linhas de pensamento o resultado consiste em uma relao contraditria, o que demanda uma anlise mais detalhada dos argumentos, modelos e hipteses. Ademais, considerando que a qualificao da fora de trabalho condio necessria reproduo das foras produtivas, torna-se necessrio questionar a atuao das instituies de ensino como promotoras do desenvolvimento econmico. Para compreender a dimenso das relaes que o artigo se props, preciso primeiramente entender as transformaes ocorridas no mundo do trabalho e como que tais transformaes refletiram e ainda refletem na hierarquizao de saberes e conhecimentos. Posteriormente, investiga-se o papel da escola e se a mesma caracteriza-se como um aparelho ideolgico, por meio da investigao de algumas das relaes entre trabalho e educao e entre educao e desenvolvimento. Mais adiante, a hiptese de uma possvel linearidade entre educao profissional, trabalho e desenvolvimento econmico, verificada por meio da anlise das transformaes ocorridas no mundo do trabalho, do papel da escola dentro desse contexto e das ponderaes que algumas teorias desconsideram ao tratar de tais aspectos.

2 Transformaes no mundo do trabalho.

A categoria trabalho foi e ainda amplamente discutida dentro das cincias econmicas e sociais, dando a origem s obras clssicas de grandes pensadores como Adam Smith, Karl Marx e Durkheim. Tais autores interpretavam as transformaes ocorridas no mundo capitalista e como que essas mudanas influenciavam nas questes que envolvem os processos de produo e as relaes de trabalho.No momento em que as sociedades migram de uma produo de subsistncia para uma de troca, e o trabalho deixa de ser autnomo e independente e passa a ser assalariado, dependente e sob o controle do capital; as questes que envolvem a categoria trabalho passam a ter um poder explicativo significativo no que se refere organizao da sociedade.Em sua clebre obra, Adam Smith (1996, p.65) busca compreender qual a origem da riqueza das naes, atribuindo diviso do trabalho a fora propulsora do crescimento econmico. Nos captulos que compem a obra, o autor investiga os problemas relacionados s trocas, acumulao de capital, desenvolvimento econmico, o papel do estado e distribuio de renda. No que se refere diviso do trabalho, Smith (2003, p.65) observa as mudanas ocorridas no mundo do trabalho e exemplifica a importncia da diviso de tarefas e funes para a economia, por meio da aluso a uma fbrica de alfinetes.Tomemos, pois, um exemplo, tirado de uma manufatura muito pequena, mas na qual a diviso do trabalho muitas vezes tem sido notada: a fabricao de alfinetes. Um operrio no treinado para essa atividade (que a diviso do trabalho transformou em uma indstria especfica) nem familiarizado com a utilizao das mquinas ali empregadas (cuja inveno provavelmente tambm se deveu mesma diviso do trabalho), dificilmente poderia talvez fabricar um nico alfinete em um dia, empenhando o mximo de trabalho; de qualquer forma, certamente no conseguir fabricar vinte. (SMITH, 2003, p.65)Aps descrever os ganhos de produo obtidos pela manufatura em questo, e depois de observar qual a natureza da separao de tarefas, o autor conclui que a diviso do trabalho, na medida em que pode ser introduzida, gera, em cada ofcio, um aumento proporcional das foras produtivas do trabalho (SMITH, 2003, p. 67). Ao investigar a questo da diviso do trabalho social, Durkheim (1999, p.40) destaca o processo de especializao/complexificao que ocorre no mundo do trabalho e da indstria, de forma que a sociedade foi se dividindo em funes resultantes de uma lgica social dominada pela razo e pela cincia. As funes, definidas socialmente e a priori, so compreendidas por Durkheim (1999, p.40) como uma diviso de tarefas entre grupos que apresentam diferenas e semelhanas entre si, unindo assim seres mpares e pares em torno de uma solidariedade mtua, seja ela orgnica (unidos pela diferena) ou mecnica (unidos pela semelhana). Partindo do princpio de que a sociedade um organismo social no qual cada parte tem uma funo definida, Durkheim (1999, p.58) ressalta que o conjunto para funcionar deve ser harmnico, evitando assim qualquer anomia que rompa o carter moral que une o grupo. Dessa forma, o conflito coibido em funo de uma solidariedade que mantm o corpo social unido e consequentemente a coeso social. A partir desse diagnstico, percebe-se que nas sociedades contemporneas a diviso do trabalho tem uma funo que vai alm de aspectos puramente econmicos, seu papel social se manifesta na capacidade de integrar o corpo social, assegurando sua unidade. Frederick Winslow Taylor, em sua obra: Princpios da Administrao Cientfica, influenciou e ainda influencia a lgica que permeia as ideias sobre trabalho, produo e riqueza. A partir da publicao do referido livro, em 1911, o autor introduz critrios cientficos no mundo da fbrica, dando nfase racionalidade no processo de trabalho. Partindo de observaes do seu cotidiano, Taylor formulou teorias que buscavam harmonizar interesses antagnicos da chefia e dos empregados, fazendo com que a cooperao entre o empregado (que almeja altos salrios) e o patro (que deseja baixo custo de produo) alcanasse objetivos comuns.

A inovao do seu pensamento estava em introduzir a racionalidade cientfica no processo de produo e nas relaes de trabalho, esse pensamento se traduz na proposio de estudar a tcnica mais conveniente para cada tipo de processo industrial ou transmitir constantemente instrues tcnicas aos operrios, de forma a especializar os agentes em funes que apresentam um alto desempenho. Taylor (1980, p. 87) prope medidas que em sua essncia transmitem a necessidade de se aplicar a racionalizao aos mtodos de produo, admisso de trabalhadores, alocao de recursos, entre outros. Dos elementos que influenciam no nvel de produtividade, Taylor (1980, p. 81) enfatiza a mo de obra na determinao do produto, consequentemente, ao descrever os princpios de racionalidade cientfica o autor enfoca os dispositivos que permitem a intensificao do trabalho dos operrios. Para tal fim, o trabalho definido de forma cientfica anterior admisso. Surge a acepo de um trabalhador ideal, um operrio padro, qualificado para uma atividade especfica e de acordo com os atributos buscados pela empresa contratante. Ao inserir a racionalidade cientfica nos processos produtivos, Taylor (1980, p. 93) define princpios que qualificam/desqualificam o trabalhador para uma determinada atividade dentro da fbrica, tais qualidades so, para Taylor, privilegiadas em funo de uma prosperidade objetivada em benefcio dos patres e empregados. Esse processo advm de uma lgica resultante de parmetros, contextos e valores que prescrevem o trabalho para uma determinada funo. Dessa maneira, em cada etapa do desenvolvimento tecnolgico e dependendo da forma de organizao do trabalho, novos atributos so adicionados qualificao e novas hierarquizaes so institudas entre eles. Segundo Bruno (1994, p.92) a qualificao se refere

[] capacidade de realizao das tarefas requeridas pela tecnologia capitalista. () Neste sentido qualificada aquela fora de trabalho capaz de realizar tarefas decorrentes de determinado patamar tecnolgico e de uma forma de organizao do processo de trabalho.

Com relao aos operrios, suas observaes baseavam-se em conferir a cada trabalhador a ocupao mais compatvel com suas habilidades, exigindo assim o mximo de sua capacidade de trabalho, ponderando suas limitaes e potencialidades. Alm disso, as ideias de Taylor (1980, p. 101) consideravam que os trabalhadores mais produtivos deveriam receber uma remunerao superior aos demais operrios de sua categoria, para o autor esse mecanismo garante que as vantagens do aumento da produo sejam distribudas de forma equitativa. Nesse aspecto, a prosperidade era o bem maior a ser alcanado, tanto pelo patro quando pelo empregado. Deve-se acrescentar que o mecanismo de reconhecimento dos empregados por habilidades, resultou na separao por setores distintos dentro da fbrica, de forma que alguns operrios se ocupavam com trabalhos manuais, enquanto outros se dedicavam ao trabalho intelectual, ou seja, a capacidade para se realizar determinadas tarefas pressupe a existncia de dois componentes bsicos: um muscular e outro intelectual, que tem sido combinados de diferentes formas nas sucessivas fases do capitalismo e nos diversos tipos de processo de trabalho. (BRUNO, 1992, p.92). Para Taylor, o alcance de maiores rendimentos est intimamente ligado ao grau de eficincia, este por sua vez obtido graas ao bom aproveitamento dos insumos e recursos disponveis como mo de obra, tecnologia e matrias-primas, ou seja, A maior prosperidade decorre da maior produo possvel dos homens e mquinas do estabelecimento [] o mximo de prosperidade somente pode existir como resultado do mximo de produo (TAYLOR, 1980, p. 9). Taylor (1980, p. 58) aponta quatro princpios basais de administrao cientfica, quais so: princpio do planejamento, do preparo dos trabalhadores, do controle e da execuo. O princpio do planejamento diz que necessrio promover a substituio de mtodos empricos por processos pautados pela cincia, de forma que as atividades laborativas so pensadas, planejadas e testadas; distanciadas assim de improvisos mal sucedidos e ineficientes. O princpio de preparo dos trabalhadores visa escolher os operrios conforme suas competncias e ento capacit-lo para que produza mais e com qualidade. O princpio do controle diz que necessrio um constante processo de controle do trabalho executado para se assegurar que est sendo feito dentro das normas e metodologias estabelecidas anteriormente. O princpio da execuo alega que preciso distribuir racionalmente os encargos para que o trabalho ocorra de forma satisfatria e eficiente.

Em suma, a administrao cientfica fruto de uma combinao de elementos que prega aos sistemas produtivos a cincia nos mtodos de produo, a harmonia no lugar da desavena, cooperao em vez de individualismo, rendimento elevado ao invs de produo vagarosa e desenvolvimento das capacidades dos operrios, visando mxima eficincia e prosperidade.O principal aspecto abordado pelo pensamento de Taylor o controle, traduzido em uma observncia constante e metdica dos processos de produo, visando maximizao da produo a um custo mnimo. O controle est presente em todo o processo produtivo Taylorista, a manifestao maior da aplicao de pressupsotos cientficos dentro da fbrica, influenciando o trabalho dos operrios, dos supervisores, gestores e demais funcionrios. O surgimento dos Centros de Controle de Qualidade a expresso dessa lgica racional/cientfica dos meios de produo, visto que o setor responsvel por tarefas como indicar melhorias tcnicas ou verificar se o produto corresponde aos padres estabelecidos pela empresa. Alm disso, Taylor (1980, p. 80) estabelece mecanismos que combatem o que o autor designa como fazer cera, trabalho vagaroso ou postergao do trabalho. Para Taylor, este um mal que atinge diretamente o nvel de produtividade e eficincia e por isso deve ser impedido via controle da gerncia e dos supervisores. Entretanto, para Marx (1989, p.36) essa reao nada mais do que uma resistncia resultante da conscincia do trabalhador de sua condio de explorado, visto que o pensamento e ao um processo constante nessa concepo. O processo de globalizao alterou substancialmente o modo de produo e conseqentemente as formas e significados do trabalho. A globalizao no se resume a integrao dos mercados, transportes, meios de comunicao, ideias ou informaes, mas se caracteriza por um fenmeno mais amplo, que atinge todas as extenses da condio humana: o crescimento ou diminuio das populaes, a distribuio da riqueza, o desemprego, as enfermidades globais, a comercializao de entorpecentes, entre muitas outras que fogem a delimitao. Com o advento da nova diviso internacional do trabalho, da dinamizao do mercado mundial e da transio do fordismo para o taylorismo, o mundo do trabalho tambm se torna global, o que traz conseqncias para a questo social e para o movimento operrio. Com a revoluo tecnolgica que caracterizou o perodo, as novas formas de trabalho demandam trabalhadores que devem exercer funes mais abstratas e muito mais intelectuais. Lojkine (1990, p.18 apud Ianni, 1994, p. 4) relata que ao trabalhador No lhe compete, como anteriormente, alimentar a mquina, vigi-la passivamente: compete-lhe control-la, prevenir defeitos e, sobretudo, otimizar seu funcionamento . A hierarquia dentro da fbrica se transforma em adeso a uma lgica, o que altera as relaes entre patro e empregado, nas quais a separao entre o engenheiro e o operrio diminui ou tende a desaparecer.

O modelo vigente flexibiliza no apenas os processos de produo, mas atinge o mercado de trabalho, os produtos e os padres de consumo. As conseqncias da acumulao flexvel so [...] nveis relativamente altos de desemprego estrutural (em oposio ao ficcional), rpida destruio e reconstruo de habilidades, ganhos modestos (quando h) de salrios reais e o retrocesso do poder sindical (HARVEY, 1992, p.140-143, apud IANNI, 1994, p. 4). O desemprego estrutural nos pases subdesenvolvidos pode ser explicado, em partes, pela perda de autonomia desses pases que ao adotar polticas transnacionais descontextualizadas da sua realidade, incorrem em desajustes estruturais. No que se refere aos novas estratgias de racionalizao do capital, o mercado de trabalho, marcado pelo desemprego, se reestrutura via flexibilizao da jornada de trabalho, subcontrataes e movimentos de terceirizao. Ianni (1994, p.5) refora que O padro flexvel de organizao da produo modifica as condies sociais e as tcnicas de organizao do trabalho, torna o trabalhador polivalente, abre perspectivas de mobilidade social vertical e horizontal, acima e abaixo, mas tambm intensifica a tecnificao da fora de trabalho produtiva do trabalho, potenciando-a. O trabalhador levado a ajustar-se s novas exigncias da produo de mercadoria e excedente, lucro ou mais-valia. Em ltima instncia, o que comanda a flexibilizao do trabalho e do trabalhador um novo padro de racionalidade do processo e reproduo ampliada do capital, lanado em escala global.Dentro desse contexto o trabalho se organiza por meio de estratgias de flexibilizao, nas quais a empresa divide seus trabalhadores em grupos distintos, uma parte deles so estveis e apresentam um amplo leque de qualificaes, enquanto o restante se caracteriza por qualificaes menores e perifricas, que se submetem aos desarranjos conjunturais que podem mant-los ou exclu-los do mercado de trabalho. O mundo do trabalho que se constri no contexto de globalizao se caracteriza pelo carter global. Guardada suas devidas propores, os modos de vida e as condies de trabalho da classe trabalhadora passam a ser motivadas por relaes, processos e estruturas de ordem econmica e poltica que no so concebidas em mbito local ou regional e sim em escala global. Dentro desse novo contexto caracterizado pela transio do fordismo ao toyotismo e da economia nacional global, a classe operria se torna [...] componente do operrio coletivo, do operrio em geral, desterritorializado, constituindo o trabalho social, abstrato e geral que fundamenta a reproduo ampliada do capital em escala global (IANNI, 1994, p.11)

2 Trabalho e educao.

Ao analisar as mudanas ocorridas no mundo do trabalho, denota-se que as relaes de produo possuem grande influncia na determinao dos princpios que qualificam e desqualificam o trabalhador para desempenhar determinada funo. As transformaes no processo de produo, principalmente no que se refere mo de obra, culminam na concepo de um trabalhador ideal, um funcionrio padro com requisitos prescritos. nesse contexto que as instituies de ensino se inter-relacionam com o mundo do trabalho, respondendo a uma demanda que no surge dentro da sala de aula, mas que est na fbrica, inserida no processo produtivo. a partir do pressuposto de que a escola reproduz as estruturas econmicas, culturais e sociais que o presente artigo busca entender as relaes entre trabalho, educao profissional e desenvolvimento econmico. Nesse sentido, a educao profissional definida por processos educativos que permitam ao indivduo adquirir, e desenvolver, conhecimentos tericos e prticos que se relacionam com a produo de bens e servios.Considerando que a existncia dos meios de produo implica em uma constante renovao das condies de produo, investiga-se adiante como a questo da formao profissional se manifesta como um elemento essencial reproduo da fora de trabalho, destacando o papel da escola como um aparelho ideolgico do Estado que possui um papel importante nesse processo. A partir da dcada de 1970, a relao da escola com a sociedade capitalista analisada por autores como Althusser, Bourdieu, Passeron, Bowles e Gintis. Nesse contexto, duas grandes correntes ganham fora, a Teoria do Consenso que tem como foco a investigao social, buscando um equilbrio de interesses que aceita e reproduz uma dada realidade, e a Teoria do Conflito que busca explicar e entender a realidade social, enfocando a conflito de classes como motor da sociedade. Dentro da Teoria do Conflito trs tpicos so elementares: i) A reproduo social: a escola possui um papel que promove a mudana ao mesmo tempo em reproduz valores, ou seja, ela atua tanto para mudar quanto para permanecer o que est estabelecido ii) A teoria da correspondncia: o papel da educao no sistema capitalista nada mais que uma estratgia de reproduo do sistema, no qual o poder est nas foras de mercado iii) A reproduo cultural demonstra que o sistema educacional ao transmitir certos valores vigentes em uma sociedade acaba por impor uma cultura que nega qualquer outra concepo.

Enquanto a reproduo de insumos necessrios linha de produo (matria-prima, energia eltrica, entre outros) se d no mbito da empresa, a reproduo da mo de obra se d, em geral, fora da fbrica. A relao entre empregado e empregador, assegurada pelo salrio, ao mesmo tempo em que propicia condies de existncia do trabalhador (vestimenta, alimentao, moradia, entre outros) ela tambm colabora para permanncia do trabalhador na fbrica e ainda contribui para criao e educao de uma nova fora de trabalho. Todavia, a relao descrita anteriormente para existir e se reproduzir ainda depende de um contingente qualificado para ocupar cargos e empregos, nas palavras de Althusser (1918, p.57) Dissemos que a fora de trabalho disponvel deve ser competente, isto , apta a ser utilizada no sistema complexo do processo de produo. Neste contexto, questiona-se: como que se d a reproduo da qualificao da fora de trabalho no sistema capitalista? Althusser (1918, p.57) ressalta que:Ao contrrio do que ocorria nas formaes sociais escravistas e servis, esta reproduo da qualificao da fora de trabalho tende (trata-se de uma lei tendencial) a dar-se no mais no local de trabalho (a aprendizagem na prpria produo) porm, cada vez mais, fora da produo, atravs do sistema escolar capitalista e de outras instncias e instituies. A partir do exposto anteriormente percebe-se que, embora a escola faa parte de diferentes civilizaes, com o desenvolvimento do industrialismo que os sistemas de ensino se tornam obrigatrios, integrando a sociedade e dialogando com o modo de produo. Segundo Manfredi (2002, p.54) A expanso do capitalismo industrial, durante os ltimos sculos, criou a necessidade da universalizao da escola como agncia social de preparao para a insero no mundo do trabalho. Dessa necessidade surge o princpio de Ensinar Tudo a Todos, dando origem a uma constante tendncia de homogeneizao dos contedos curriculares em busca de qualificaes genricas e padronizaes de conhecimentos que antes pertenciam aos arteses ou as casas de ofcio.

Ao instituir um sistema de ensino como obrigatrio e universal, aprende-se na escola ferramentas bsicas ou fundamentais ao mundo do trabalho, como ler, escrever, contar, se comunicar, entre outras tcnicas e conhecimentos. Entretanto, os ensinamentos vo alm disso, fazendo com que o aluno se habitue a regras de bom comportamento necessrias, futuramente, a um posto de trabalho que ir ocupar. Nas palavras de Althusser (1918, p. 58) a reproduo da fora de trabalho no exige somente uma reproduo da sua qualificao, mas ao mesmo tempo uma reproduo da sua submisso s normas de ordem vigente.

Althusser (1918, p. 77) destaca o papel das escolas como reprodutoras das condies de dominao, e vai alm, afirma ainda que ela o aparelho ideolgico de Estado que assumiu a posio dominante nas formaes capitalistas maduras. Segundo Althusser (1918, p. 79) a escola se encarrega de repassar os saberes contidos na ideologia dominante em estado puro (moral, educao cvica, filosofia). Bruno (1994, p.95) ainda ressalta que a produo e reproduo do sistema capitalista, por instituies especializadas e pautadas pelas normas de produtividade e eficincia, um dos aspectos mais evidentes do totalitarismo do sistema capitalista. Diante disso, pode-se concluir que os princpios e diretrizes do sistema de ensino no se desvinculam de um mundo globalizado e em constante mudana, consequentemente, faz-se necessrio compreender o papel da escola como intimamente relacionada com as propostas polticas pedaggicas de um dado momento histrico, social, cultural e principalmente econmico de um pas.Com advento da globalizao e da reestruturao produtiva a partir da dcada de 1990, ganha fora a ideia de que a educao profissional uma ferramenta estratgica para a promoo e manuteno do desenvolvimento socioeconmico de um pas, diante da sua conexo com o mundo do trabalho. O contexto internacional caracteriza-se pela desregulamentao/liberalizao das economias, aumento da vulnerabilidade externa, financeirizao da riqueza em detrimento dos produtos e maior ocorrncia de crises sistmicas. O que se configura um processo de flexibilizao no setor produtivo e nas relaes de trabalho, o que acarreta na demanda por uma mo de obra mais flexvel e capacitada, com maior acmulo de habilidades que no so apenas tcnicas, mas tambm sociais. Diferentemente das primeiras organizaes do trabalho, nas quais exigiam dos trabalhadores habilidades manuais caracterizadas pela predominncia do esforo fsico; atualmente, os elementos intelectuais da fora de trabalho so, em sua grande maioria, demandados pelo mercado de trabalho, principalmente nos setores mais dinmicos. Para Bruno (1992, p.92)Este deslocamento do foco da explorao, do componente muscular para o componente intelectual do trabalho, constitui o elemento fundamental do processo de reestruturao do trabalho, encontrado viabilidade tcnico-operacional na chamada Tecnologia da informao [] que pressupem competncias antes desprezadas, como facilidade de comunicao, de compreenso de textos, de raciocnio abstrato, enfim de competncias sociais como as denominam os alemes. Com a predominncia da explorao do componente intelectual, os antigos meios de controle so progressivamente substitudos por canais formais de apropriao da capacidade de raciocnio dos trabalhadores. O atual sistema de explorao da classe trabalhadora se caracteriza pela impessoalidade e pela adeso a uma lgica, no mais pela hierarquizao evidente, rigidez e autoridade. Nas palavras de Bruno (1994, p.97):

As exigncias quanto qualificao das novas geraes em processo de formao visam sobretudo a trs tipos de competncias: competncias de educabilidade, isto , aprender a aprender, competncias relacionais; competncias tcnicas bsicas relacionadas com os diferentes campos do conhecimento, So estas competncias genricas adquiridas durante o perodo de formao que iro sustentar a aquisio de habilidades e capacidades especficas a serem desenvolvidas a partir do ingresso desses jovens no mercado de trabalho, atravs de cursos e treinamentos fornecidos pelas empresas. Aps compreender um pouco das mudanas ocorridas no mundo do trabalho e como que tais mudanas influenciaram e ainda influenciam na formulao e reformulao dos sistemas de ensino, destacam-se adiante algumas das inter-relaes entre educao e desenvolvimento, questionando o papel/funo das instituies de ensino como promotoras do crescimento econmico.

3 Educao e desenvolvimento.Na Cincia Econmica predominante mxima de que h um automatismo entre educao, trabalho e desenvolvimento econmico. Esse automatismo se deve as inter-relaes entre nvel salarial, inovao e o grau de instruo da fora de trabalho. Alguns economistas defendem a relao direta entre as variveis citadas, tais como Schultz (1973), Schumpeter (1992) e Romer (1986). Argumentam que quanto maior o nvel de escolaridade de uma nao, ou como outros chamam de Estoque de ideias ou grau de inovao maiores so os nveis salariais, e quanto mais qualificada a mo de obra disponvel, mais a populao capaz de gerar inovao e novas ideias. Entretanto, essa relao direta no est presente apenas na cincia econmica, segundo Manfredi (2002, p.31)

No imaginrio popular, acredita-se que os mais altos nveis de escolaridades esto sempre associados a melhores empregos e profisses mais requisitadas. As relaes entre trabalho, emprego, escola e profisso so muito mais complexas do que se possa imaginar, por isso requerem um esforo de reflexo mais aprofundada.Os argumentos se baseiam em modelos, frmulas e anlises empricas de economias que apresentaram e ainda apresentam grande crescimento econmico, como o caso da China. Segundo Jones (2000, p.44) notvel a presena de grandes investimentos em educao no referido pas, se destacando como um dos principais fatores que explicam seu crescimento gigantesco, aliado abertura econmica e uma indstria forte voltada para o mercado. O caso do Japo semelhante ao do China, a populao chinesa era em grande parte alfabetizada antes de experimentar a acelerao econmica, ou seja, havia um preparo social quando em 1972 voltou-se para o mercado. O mesmo se percebeu em pases como Coria do Sul e Taiwan. O que se pode denotar que o investimento em educao um trao marcante das naes desenvolvidas, visto que oportunidades sociais so elementares para o desenvolvimento. Outra teoria que remete a relao entre educao e trabalho a teoria do capital humano que relaciona qualidades individuais como determinantes de melhores cargos e acrscimos de renda, tal teoria foi formalizada pelo economista Theodore W. Schultz, professor e pesquisador da Universidade de Chicago. Schultz (1973, p.30) relaciona ganhos de produtividade com investimentos em capital humano, de forma que os rendimentos pessoais crescem medida que aumenta o grau de instruo de determinado indivduo. Sua pesquisa demonstra como que pases destrudos pela Segunda Guerra Mundial, como o Japo, conseguiram se reerguer e experimentar um rpido crescimento econmico investindo em capital humano, dentre outros fatores. O autor compreende que educar significa preparar e disciplinar o indivduo para uma profisso, atravs da instruo sistemtica de conhecimentos e habilidades necessrias ao mundo do trabalho. As concluses refletem o papel da instituio educacional como empresas especializadas em produzir instruo, tendo sua importncia atrelada a questo da qualificao como um fator essencial ao crescimento econmico de um pas. J para Manfredi (2002, p.59) a escola tende a ser considerada como um espao de insero poltico-social e cultural, extrapolando a funo () de ser um dos principais instrumentos de certificao e credenciamento para o ingresso e manuteno no mercado de trabalho..

Outros economistas como Gregory Mankiw, David Romer e David Weil desenvolveram modelos que contemplavam a varivel capital humano na compreenso dos diferenciais de crescimento econmico de diversos pases isto reconhecer que mo de obra de diferentes economias tem diferentes nveis de instruo e qualificao. (JONES 2000, p. 44). As contribuies dos modelos mostram que muitos pases so ricos porque grande parte da populao despende um tempo maior acumulando habilidades.

O modelo neoclssico de desenvolvimento atribui um papel central qualificao, suas hipteses consideram que o crescimento se d pelo aprendizado e pela utilizao eficaz de tecnologias existentes. O modelo procura explicar por que alguns pases adotam padres tecnolgicos mais avanados que outros, e como ocorre essa difuso. O modelo parte do princpio que um trabalhador com mais qualificao tem mais habilidades e pode utilizar mais bens de capital que aquele pouco qualificado, considerando essa diferenciao na funo de produo (Y), a qualificao de um indivduo (h) est presente como um potencializador da mo de obra (L) e conseqentemente do capital (K):Y = K (hL)- Para os neoclssicos a qualificao se define como o conjunto de bens intermedirios que uma pessoa aprendeu a utilizar (JONES, 2000, p. 107). Outras variveis presentes no modelo referem-se ao tempo que a pessoa destina acumulao de qualificaes para se aproximar cada vez mais da fronteira tecnolgica mundial, que o mesmo que bens de capitais inventados at o presente momento.

Diante de algumas manipulaes matemticas, hipteses e consideraes o modelo chega a importantes concluses ao relacionar as variveis apresentadas:

i) Demonstra que quanto mais tempo as pessoas se dedicam a qualificao, mais se aproximam da fronteira tecnolgica, o que significa dizer que sero mais ricas e desenvolvidas.ii) O produto por trabalhador cresce medida que aumenta seu nvel de qualificao, essa concluso ajuda a explicar por que a agricultura do EUA mais desenvolvida que da frica subsaariana, onde prevalecem a mtodos intensivos de mo de obra. Essa diferenciao tem relao com a qualificao da mo de obra e assimilao de novos processos, a mo de obra estadunidense muito mais qualificada, o que permite utilizar forma mais eficiente novas mquinas ou fertilizantes. A situao consequncia do tempo que a pessoa destina a acumulao de qualificaes (h), pases em desenvolvimento apresentam menos tempo no aprendizado de novas tecnologias e consequente atraso ou afastamento da fronteira tecnolgica.No que se refere teoria do capital humano h problemas de avaliao da educao como propulsor do desenvolvimento, visto que a educao de um indivduo formada por demais elementos sociais e culturais, como capacidades inatas, estrutura familiar, etnia, entre outros elementos. A teoria do capital humano contempla apenas aspectos econmicos em sua abordagem, concebendo a Escola como uma empresa que produz capacitao profissional. Outro aspecto no abordado pela teoria que dificilmente a instituio escolar capaz de responder de forma eficiente s mudanas e demandas das Organizaes empresariais, visto que, com a preponderncia do componente intelectual do trabalho, ensinamentos tcnicos so necessrios, porm insuficientes. O saber fazer se refere s habilidades motorase aosconhecimentosdos mtodos e das tcnicas detrabalho (GONDIM, 2003, p.122), este por sua vez se complementa com outros atributos como a capacidade de tomar decises, responsabilidade no cumprimento de tarefas, aprender a aprender, convivncia em equipe, envolvimento e habilidade de inovar. Tais qualidades so importantes fatores de produo que se configuram e se articulam no espao da fbrica, de forma que a Escola encontra limitaes para estimular ou transmitir ao futuro trabalhador competncias que dificilmente sero desenvolvidas no mbito educacional, o que mais uma vez descontri sua dimenso redentora. Ou seja, ao mesmo tempo em que o mercado de trabalho exige uma escolaridade crescente, ele tambm procura um profissional que desenvolva os chamados conhecimentos tcitos relacionados subjetividade do trabalhador, como a capacidade de comunicao e assimilao de novos conhecimentos.

4 Consideraes finaisO que se buscou no presente trabalho foi compreender as relaes entre educao, trabalho e desenvolvimento, a partir da anlise de processos histricos e sociais que se distanciam de vises estereotipadas e reducionistas. Buscou-se compreender assim as limitaes do senso comum e do discurso poltico, que apregoam um automatismo quase que mecnico entre tais variveis. Segundo Manfredi (2002, p.31) as relaes entre trabalho e escola expressam vises idealizadas que superestimam a importncia da escola como veculo de formao profissional e de ingresso no mercado, ainda que exista um divrcio entre o que ensinado na instituio escolar e os desafios a serem enfrentados no mundo do trabalho. Alm disso, algumas teorias citadas anteriormente foram concebidas por autores estrangeiros, a partir de experincias e observaes de outras Economias, ou seja, de outros sistemas de ensino.

No objetivando aqui descartar a importncia do investimento na qualificao profissional, faz-se necessrio observar os demais fatores que conjuntamente influenciam no nvel de emprego e de crescimento econmico, o papel das outras instituies dentro da sociedade que no somente a Escola e a relao de dominao das relaes de produo, antes de atribuir um papel central instituio escolar como promotora do desenvolvimento. Como bem exps Oliveira (2003, p.22), ao considerar o investimento em qualificao profissional como insumo capaz de alavancar o desenvolvimento do pas, a educao profissional assume uma dimenso redentora, capaz de conduzir o pas modernidade, competitividade, ao ranking mundial, sem levar em conta a realidade do pas, sem considerar as dificuldades dos trabalhadores.

possvel perceber que dentro da teoria econmica a qualificao profissional ganha notoriedade como varivel explicativa de modelos que buscam explicar os diferenciais de renda dos pases desenvolvidos e subdesenvolvidos. Vrios outros fatores nos ajudam a entender a dinmica do crescimento das naes, tais como reformas polticas e econmicas, entretanto, a questo da qualificao ganha um papel de destaque quando a questo envolve os fatores que determinam o desenvolvimento das naes, dos quais podemos destacar os nveis de emprego, inovao e salrios. Se a qualificao possui tal centralidade, logo as instituies de ensino, que se encarregam de certificar tais qualificaes, recebem uma responsabilidade e protagonismo que deve ser analisado e ponderado. Ao analisar as transformaes ocorridas no mundo do trabalho, por meio de autores como Durkheim, Taylor e Marx, foi possvel denotar que tais transformaes acabaram determinando os processos educativos e no o inverso, ou seja, A natureza, os tipos de trabalho e as condies de emprego dependem muito mais de mecanismos estruturais que de processos educativos, sejam eles intencionais ou no, escolarizados ou no (MANFREDI, 2002, p.31). Alm disso, novos postos de trabalho ou elevao da oferta de emprego so determinados por processos produtivos, pelo mercado de trabalho e por mecanismos de crescimento econmico, tais como polticas de distribuio de renda, desonerao da folha de pagamento ou diminuio da taxa de juros. Sendo assim, por mais a educao atue na qualificao de trabalhadores, esta no gera trabalho nem emprego, de forma que, como exposto anteriormente, a infraestrutura econmica em muito determina o papel das instituies educacionais, principalmente no que se refere oferta de Educao Profissional.

A hiptese inicial de que no h um automatismo entre educao profissional, trabalho e desenvolvimento econmico foi validada por meio da anlise das transformaes ocorridas no mundo do trabalho, do papel da escola dentro desse contexto e das ponderaes que algumas teorias desconsideram ao relacionar tais variveis. Dessa forma, possvel conceber a educao como uma realidade condicionada e determinada do que condicionante e determinante. Neste contexto, um grande desafio para a instituio escolar estabelecer um contedo tendencial da qualificao que responda de forma precisa s exigncias do capitalismo contemporneo, visto que as hierarquizaes de saberes que predominam a lgica de produo se reconstituem constantemente dentro de cada processo de trabalho, alm do mais, os capitalistas e trabalhadores no se configuram como uma classe homognea e rgida. Neste sentido, a qualificao se caracteriza por um processo dinmico que se depara com situaes que exigem do trabalhador solues que apresentem custos mnimos no menor tempo possvel.

Diante do exposto, podemos concluir que os aspectos que envolvem trabalho, educao profissional e desenvolvimento econmico, apresentam uma complexidade que deve ser considerada na formulao de modelos de crescimento econmico. Apesar de se tratar de um breve resumo, foi possvel verificar que a afirmativa de que o investimento em educao suficiente para promover a mudana necessria para que o Pas cresa e se desenvolva socialmente e economicamente, no mnimo questionvel. Referncias

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Graduado em Cincias Econmicas UNIMONTES, e-mail: [email protected]. Trabalho desenvolvido como avaliao da disciplina isolada: Trabalho e Formao Profissional cursada no Programa de Ps-graduao em Desenvolvimento Social PPGDS/UNIMONTES.

SMITH, Adam. A Riqueza das Naes: Investigao sobre sua natureza e suas causas. So Paulo: Nova Cultural, 1996.

A solidariedade orgnica encontrada em sociedades complexas, nas quais h uma maior diferenciao com relao s crenas e interesses individuais. Caracteriza-se pelo predomnio da diviso do trabalho social e pela manuteno da coeso social via direitos e deveres expressos em normas jurdicas.

A solidariedade mecnica formada por indivduos que apresentam similaridades quanto aos valores sociais, crenas religiosas e interesses elementares a existncia do grupo. Esse tipo de coeso social encontrada principalmente em sociedades primitivas.

Durkheim emprega o termo a fim de designar eventos que comprometem a harmonia social. O autor faz aluso sociedade como um organismo, no qual a anomia se manifesta como uma patologia que compromete o funcionamento do corpo. A explicao se d pelo avano das sociedades que, ao se especializarem em suas funes, perdiam a noo do conjunto e da solidariedade to necessria a coeso social.

Deve-se ressaltar que o termo qualidade um conceito subjetivo, socialmente construdo e mutvel.

Aparelho Ideolgico do Estado AIE, um termo utilizado por Althusser (1985, p.43) para designar um certo nmero de realidades que se apresentam ao observador imediato sob a forma de instituies distintas e especializadas

O princpio da escola de massa est intimamente relacionado histria e ascenso do sistema capitalista. Segundo Enguita (1989, p.129), inicialmente os sistemas escolares ocidentais surgiram por motivaes polticas, religiosas ou militares, e s posteriormente que a questo econmica deu forma escolarizao. O autor esclarece que vrios fatores contriburam para expanso dos sistemas escolares como a formao dos estados nacionais, lutas religiosas e principalmente [...] a necessidade de dominar urna certa quantidade de conhecimentos e destrezas para desenvolver-se em qualquer trabalho ou fora dele em uma sociedade industrializada e urbanizada (ENGUITA, 1989, p.130).

A globalizao um termo amplo que engloba aspectos econmicos, sociais, culturais e polticos; a principal caracterstica a integrao dos mercados, transportes, meios de comunicao, ideias, informaes, entre outros. Apesar da similaridade, o processo de reestruturao produtiva caracteriza-se pela desregulamentao e flexibilizao do trabalho, fruto da acumulao flexvel e do surgimento de novas tecnologias. Com o advento de tais fenmenos, as estratgias de desenvolvimento dos pases desenvolvidos e em vias de desenvolvimento se caracterizam por mudanas nos sistemas de ensino, a fim de se adequarem a nova realidade do sistema produtivo.

Neste contexto o termo flexibilizao se caracteriza por movimentos de terceirizao ou sub-contratao de mo de obra, rotinas de trabalho maleveis, aumento no fluxo de demisses e admisses, entre outros.

Para Schultz (1973, p.16) a aplicao de recursos na educao tem as mesmas caractersticas do investimento que eleva a produtividade e os lucros das empresas, ou seja, para o autor era possvel atribuir uma taxa de retorno do investimento em educao assim como observados nos demais fatores como mquinas, implementos ou matria-prima por exemplo. Nesse contexto As escolas podem ser consideradas empresas especializadas em produzir instruo. A instituio educacional, que congrega todas as escolas, pode ser encarada como uma indstria. (SCHULTZ, 1973, p.19).

Os modelos neoc1ssicos de desenvolvimento econmico surgem nas dcadas de 1950 e 1960 como resposta ao primeiro modelo keynesiano de Roy Harrod (1939) e Evsey Domar (1946), mais popularmente conhecido como Harrod-Domar. O modelo neoclssico questionava a eficincia do Estado, defendendo uma ideologia capitalista que se apoiava nos velhos princpios do liberalismo econmico, fundamentado-se nas foras de mercado.

Sberes tcitos so aqueles que o sujeito adquiriu ao longo da vida, pela experincia. No sistematizado, e costuma se manifestar como algo espontneo ou intuitivo.