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CLADHE II/AMHE IV Cidade do México, 3 a 5 de Fevereiro de 2010 Guerra y fiscalidad en la América colonial (siglos XVI-XIX) Guerra e ouro brasileiro (1720-1807) (Versão provisória. Por favor não citar) Rita Martins de Sousa Gabinete de História Económica e Social – Instituto Superior de Economia e Gestão – Universidade Técnica de Lisboa (GHES /ISEG /UTL) martins@iseg.utl.pt

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CLADHE II/AMHE IV

Cidade do México, 3 a 5 de Fevereiro de 2010 Guerra y fiscalidad en la América colonial (siglos XVI-XIX)

Guerra e ouro brasileiro (1720-1807)

(Versão provisória. Por favor não citar) Rita Martins de Sousa Gabinete de História Económica e Social – Instituto Superior de Economia e Gestão – Universidade Técnica de Lisboa (GHES /ISEG /UTL) [email protected]

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Guerra e ouro brasileiro (1720-1807) Rita Martins de Sousa

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Guerra e ouro brasileiro (1720-1807) “(...) quem tem conquistas, donde conta o ouro aos quintais, e às arrobas, não deve fazer cazo de huns poucos de couros, que he o produto daquella colónia” Parecer do Duque de Cadaval in Virgínia Rau, Os Manuscritos da Casa de Cadaval Respeitantes ao Brasil, vol2:120. O século XVIII foi marcado por conflitos no Atlântico Sul entre as duas potências

ibéricas. A luta pelo domínio de espaços geo-estratégicos na descoberta e rota de

produtos justifica que guerras e tratados assinalem a história diplomática peninsular.

Desde finais de seiscentos esta luta tem um nome - Colónia do Sacramento, pois

contrariamente ao parecer do Duque de Cadaval, emitido em 30 de Julho de 1713, o

significado económico desta colónia não se confinava a “huns poucos de couros”, esta

representava o acesso à prata e a possibilidade de se definir até essa região a fronteira sul

do Brasil.

Uma história de avanços e recuos entre as duas potências foi desenhada entre

1715, data do Tratado de Utreque, e 1777, data do Tratado de Santo Ildefonso, em que

finalmente o acordo se estabelece e Portugal entrega a Colónia do Sacramento em troca

da devolução da ilha de Santa Catarina e da (re)delimitação dos limites meridionais do

território brasileiro1. Entre estas duas datas a história política recorda-nos a guerra de

1735-1737, a guerra Guaranítica de 1753-1756 decorrente do Tratado de Madrid, a guerra

de 1761-1763, assim como a de 1774-1777. Fonte de rendimento, mas também de

despesa apenas uma fiscalidade sustentada terá possibilitado a manutenção de uma

política que impôs gastos correntes e extraordinários.

Não se podendo reduzir este conflito luso-espanhol travado em terras ameríndias

às compensações económicas positivas em sentido estrito, pergunta-se no entanto, se as

receitas líquidas recebidas pelo Estado no reino detectam flutuações justificadas pelas

1 Esta linha de fronteira aproximava-se da estabelecida no Tratado de Madrid, apesar de se ter deslocado para norte e, nesse sentido, ter sido mais favorável a Espanha na região sul do Brasil.

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Guerra e ouro brasileiro (1720-1807) Rita Martins de Sousa

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conjunturas de maior esforço financeiro na região do Atlântico Sul. Atendendo às

dificuldades em obter valores que permitam aferir as verdadeiras despesas do Estado

português na região do rio da Prata2, trata-se de pela via das receitas líquidas

recepcionadas em Lisboa contribuir para esta aferição, sendo que os valores agora

apresentados resultam de uma recente investigação3.

Nesta comunicação, a focagem não será no que a Colónia do Sacramento

representou para as potências ibéricas em termos da sua inserção nos circuitos de

produtos, designadamente de metais preciosos. Partimos da asserção desta relevância, o

que se procura é pesar a influência que a aposta na manutenção do Sacramento teve nas

receitas líquidas chegadas ao reino.

Dividimos esta comunicação em duas partes. Numa primeira observam-se os

fluxos de remessas chegados a Lisboa nas suas diversas vertentes, designadamente,

montantes e composição. Numa segunda parte esboça-se uma análise perscrutando se as

conjunturas de conflito influenciaram as remessas recepcionadas pela Fazenda Pública.

1. Os fluxos de ouro para o Estado

A primeira questão a responder prende-se com as quantidades recepcionadas no

reino e de entre estas qual a parte que coube ao Estado.

A resposta a esta questão foi obtida num projecto desenvolvido nos últimos anos4

a partir dos Livros de Manifestos de registo de 1% sobre o ouro recepcionado na Casa da

Moeda de Lisboa, local onde o ouro era distribuído quer aos agentes económicos quer ao

Erário público. A existência destes Manifestos que registam a cobrança do imposto ad

valorem sobre o ouro permitiu o cálculo das chegadas de metal ao reino entre 1720, data

da instituição do tributo e 1807, ano em que aqueles Livros terminam. Entre estas duas

2 Alden, 1968. 3 A série das receitas líquidas anuais recepcionadas pelo Estado em Lisboa é um dos resultados do projecto desenvolvido por investigadores do Gabinete de História Económica e Social do Instituto Superior de Economia e Gestão (GHES/ISEG) da Universidade Técnica de Lisboa. Este projecto foi financiado pela Fundação de Ciência e Tecnologia de Portugal ao abrigo do Programa de financiamento plurianual POCTI/ 2008. 4Os resultados parciais deste projecto têm vindo a ser divulgados em diversos artigos, designadamente, Costa, Rocha, Sousa (2002 e 2005), Costa, Rocha (2007), Sousa (2008).

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datas extremas alterou-se o regime de navegação, pois se entre 1720 e 1765 o ouro era

transportado em frotas comboiadas, após 1765 um decreto pombalino5 pôs fim a este

regime. No entanto, os Livros de Manifestos persistem, continuidade que se justifica não

só pela obrigatoriedade de registo e manutenção da fiscalidade sobre o ouro

recepcionado, como também pela instauração de um sistema de fragatas em que as naus

de guerra continuaram a transportar o metal para o Estado e os particulares a servirem-se

do sistema que lhes oferecia menor risco6. Contrariamente ao verificado em Espanha

onde a Casa de la Contratación perdeu o controlo dos fluxos de prata chegados a Sevilha

depois de 1668, em Portugal a Casa da Moeda de Lisboa foi ao longo do século o centro

onde a administração régia mantinha um sistema de cobrança do metal. O Estado nunca

abdicou desta supervisão, dimensão patente na justificação das diversas receitas

arrecadadas e registadas nos Manifestos, assim como nos mapas avulsos ainda existentes

na Casa da Moeda de Lisboa onde se encontram informações detalhadas sobre a origem e

os montantes provenientes dos quintos. A partir da década de 1750, e contrariamente ao

que ocorreu na primeira metade do século, o Manifesto correspondente ao Livro do Rei7

passou a indicar a origem de todos os rendimentos recebidos – Dízima de Alfândega,

Casa de Fundição, Quinto, entre outros, na linha de orientação da centralização ordenada

no magistério pombalino. Este controlo possibilitou que, mesmo depois do fim do regime

de navegação por frotas o Estado mantivesse e até aumentasse a fiscalização sobre os

seus rendimentos8.

A fonte oficial e fiscal, os Livros de Manifestos, permitiram então, calcular os

montantes recepcionados pelo Estado português no reino e provenientes de território

brasileiro. Pelo apuramento realizado concluiu-se que entre 1720 e 1807 chegaram ao

reino cerca de 556 toneladas de ouro, equivalentes a cerca de 271 000 contos e deste total

cerca de 61 000 contos, ou seja, 22,5% tiveram por destino a Fazenda Pública. O Estado

terá assim arrecadado como receita líquida o equivalente ao quinto, aproximadamente,

pelo que as despesas no Império terão sido asseguradas por todo o outro conjunto de 5 Decreto de 10 de Setembro de 1765. 6 Sobre as alterações de regime de navegação e as opções dos particulares, ver Sousa (2008). 7 A frota do Rio de Janeiro tinha Livros de Manifestos exclusivos para o Rei, o mesmo não ocorrendo nas frotas da Baía e Pernambuco em que as remessas para o Estado se encontravam entre os diversos registos do ouro enviado para os particulares. 8 A partir de 1761 a criação do Erário Régio, em substituição da Casa dos Contos, alterou não só o tipo de registo contabilístico como obrigou a uma maior periodicidade e discriminação na apresentação das contas.

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impostos que recaíam sobre a economia – impostos sobre o comércio interno e externo,

impostos sobre a produção local ou importada classificada como luxuosa, mais impostos

diversos9.

A distribuição das remessas por decénios (Quadro 1) permite concluir terem sido

as décadas de 1730 e 1760 as de maior receitas líquidas para o Estado, ultrapassando

estas os 1 000 contos de média anual. A partir da década de 1780 o Estado viu as suas

receitas diminuírem definitivamente.

Quadro 1 – Remessas líquidas (média anual em contos)

Período Média anual

1720-1729 852

1730-1739 1014

1740-1749 823

1750-1759 984

1760-1769 1189

1770-1779 430

1780-1789 482

1790-1799 184

1800-1807 137

Fontes: Lopes (2001), Livros de Manifestos, Manifestos Avulsos, ACML e Livros das Frotas do

Grão Pará, AHU.

Se considerarmos, seguidamente, os intervalos temporais de maiores chegadas e

os observarmos pelos períodos de fiscalidade sobre o ouro, quinto e capitação, e através

de uma análise comparativa com os valores obtidos para os agentes económicos

9 Esta arrumação segue a adoptada por Alden, 1968: 301-307.

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privados10 (Quadro 2), podemos concluir que as flutuações conjunturais Estado / privados

não se mostram coincidentes. O período de maiores remessas para os particulares ocorre

entre 1736 e 1750, período de menor arrecadação régia e por sua vez coincidente com o

regime fiscal da capitação sobre o ouro. Justamente a relação entre as remessas médias

dos dois destinatários ultrapassa os 30% para o Estado excepto nas décadas de 1730 e

1740 onde essa percentagem fica ligeiramente aquém dos 20%.

Quadro 2 – Remessas totais por destinatários (em contos)

Período

Estado (média anual)

Privados (média anual)

Total (média anual)

Remessa média Estado /

particulares 1720-1735 1000 3161 4161 0,32 1736-1750 780 4167 4947 0,19 1751-1780 915 2729 3644 0,34

Estas conclusões não podem conduzir-nos a uma relação imediata entre

fiscalidade aurífera e eficácia de arrecadação fiscal, uma vez que ao reino chegam

receitas líquidas. Para além disso, antes de 1750 nem sempre se explicita a origem dessas

receitas e para os anos em que se encontra essa explicitação a rubrica dominante e

aglutinadora é o Conselho Ultramarino. Todavia, a investigação desenvolvida por Ângelo

Carrara permite avançar nas conclusões. Trata-se da diminuição dos montantes remetidos

para Lisboa pela Fazenda Pública de Minas Gerais, desde 1741. Isto deve-se não há

diminuição do excedente arrecadado, mas às novas responsabilidades assumidas pela

Provedoria de Minas Gerais, designadamente “o custeio do destacamento do Serro (nunca

inferior a 18:000$000), e a assistência aos contratadores aos contratadores da Extração

Diamantina” (Carrara, 2009: 46). Uma vez que esta Provedoria seria responsável por

70% do total chegado ao reino (Carrara, 2009: 61), tudo conflui na explicação que a

diminuição das receitas líquidas não se justifica por questões de eficácia fiscal na

10 Vide Sousa (2008).

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arrecadação do imposto sobre o ouro, mas sim porque as receitas chegadas também foram

função das mudanças de cabimentação ordenadas pela Fazenda Pública central11.

Considerando os dados publicados sobre as receitas pombalinas para o período

entre 1762 e 1776 (Tomaz, 1988) podemos avaliar da relevância das receitas líquidas

brasileiras recepcionadas no total da arrecadação fiscal:

Quadro 3 – Remessas e receitas fiscais (1762-1776)

Receita fiscal Valor (contos) Média Anual (contos)

Alfândegas e consulados 18 919 1 261

Tabaco 13 310 887

Décima 8 725 582

Sisas 4 904 327

Remessas de ouro para o

Estado

12 658 844

Fontes: Tomaz, 1988: 376-377; Livros de Manifestos, ACML.

Examinando apenas as principais receitas do Estado português em termos

relativos, as remessas brasileiras situaram-se entre as mais elevadas (Quadro 3). A

fiscalidade interna representada pela Décima e pelas Sisas propiciava uma receita muito

inferior justificada, sobretudo, pela dificuldade de territorialização do Estado. Esta

dificuldade traduziu-se em formas fiscais de contratação ou de encabeçamento que

colocavam a Fazenda Real mais dependente de receitas alfandegárias e patrimoniais

(Macedo, Silva, Sousa, 2001; Silva, 2005). Neste universo fiscal das receitas patrimoniais

encontra-se o rendimento gerado pelo quinto do ouro o que justifica a proibição destas

11 Estas conclusões são possíveis pela confluência das duas investigações recentemente realizadas dos dois lados do Atlântico, dimensão que muito apraz à autora desta comunicação.

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receitas serem canalizadas para despesas Além-Atlântico, mesmo quando circunstâncias

excepcionais como as ocorridas em 1774 o poderiam exigir12.

Este ouro que atravessou o Atlântico e cujos destinatários tanto podiam ser os

particulares como o Estado, assumiu diversas formas. Ouro em pó, em barra, lavrado e

em moeda preencheram os cofres transportados nas naus de guerra e também nos navios

mercantes. Apesar de o ouro da Fazenda Pública ser carregado apenas nas naus de guerra,

as remessas recebidas também assumiram ou a forma bruta ou a já amoedada.

No cômputo geral do período as remessas em pó foram superiores, seguindo-se as

remessas em moeda e em último lugar o ouro em barra (Gráfico 1). Note-se, no entanto,

que a percentagem de 30% do ouro em moeda se encontra sobreavaliada, uma vez que

nas décadas de 1720 e 1730 algum do ouro contabilizado como moeda era ouro em pó13.

Assim, o ouro enviado em borrachas foi mais expressivo.

Gráfico 1 – Composição das chegadas para o Estado (em %)

1720-1807

30%

18%

52%

MOEDA BARRA PÓ

12 Como refere Dauril Alden, em 1774 Pombal avisou o Marquês de Lavradio que em nenhumas circunstâncias o quinto devia ser desviado para pagar despesas extraordinárias, uma vez que tinha aplicações indispensáveis para a Coroa (Alden, 1968: 333). 13 Para estas décadas fizemos os cálculos a partir dos dados de Vitorino Magalhães Godinho publicados em Lopes (2001) e essa limitação é indicada.

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Decompondo os períodos de acordo com os regimes de fiscalidade (Gráficos 2 e

3), na época da capitação 57% das receitas régias vieram sob a forma de ouro em pó,

enquanto no período do quinto aquela percentagem atingiu os 62%. Quanto às receitas

cobradas em barra e em moeda a tendência foi para percentagens que rondaram os 20%,

ligeiramente acima desta percentagem para a moeda e abaixo deste limite para a barra.

Conclui-se então, que as remessas de ouro para o Estado assumiram

predominantemente a forma de ouro em pó, sendo que os regimes de fiscalidade não

alteraram significativamente este padrão.

Gráfico 2 – Composição das chegadas para o Estado no período da capitação

(em %)

1735-1750

24%

19%

57%

MOEDA BARRA PÓ

A superioridade do ouro em pó na composição das remessas fiscais explica-se

pela importância do quinto nas receitas do Estado chegadas ao reino. Deste modo o

imposto sobre o ouro, qualquer que fosse o regime fiscal, foi cobrado predominantemente

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em pó. Este ouro era transformado em moeda na oficina monetária de Lisboa gerando

uma divisão entre os utilizadores das diversas casas da moeda existentes no Império. No

Rio de Janeiro e na Baía amoedava-se, sobretudo, ouro dos particulares, enquanto em

Lisboa cunhava-se o ouro remetido para o Estado. Aliás, a partir de 1726 esta divisão de

destinatários das emissões revela-se nítida, conforme já demonstrado em estudo anterior

(Sousa, 2006: 95-109). Quanto à moeda remetida para a Fazenda Pública será justificada,

sobretudo, pela cobrança de outro tipo de impostos que não o incidente sobre o ouro,

sendo que esta moeda era remetida predominantemente nas frotas da Baía.

Gráfico 3 – Composição das chegadas para o Estado (em %)

1751-1807

21%

17%

62%

MOEDA BARRA PÓ

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Nos cálculos realizados, a categoria geral ‘Estado’ englobou as remessas cujos

origens foram: Quintos, Casas de Fundição, Casas da Moeda, Dízima da Alfândega,

Contratos, Donativos, Subsídio Voluntário, Subsídio Literário, Bens Confiscados,

Defuntos e Ausentes. No entanto, nas remessas enviadas estas origens nem sempre eram

explicitadas e misturavam-se com rubricas mais gerais, tais como: Fazenda Real / Real

Erário, Real Fazenda da Rainha, Conselho Ultramarino, Casa da Índia, Junta do Depósito

Público, Mesa da Consciência e Ordens. Foi, sobretudo, a partir da década de 1750 que

esta arrumação mais sistemática se tornou possível, mesmo que se tenha mantido nessa

identificação uma mistura entre a origem da receita e os seus destinatários. Este

reconhecimento possibilitou determinar quais as principais origens/destinos de 50% das

receitas recepcionadas pelo Estado (Quadro 4). Constate-se que três rubricas ‘Quintos’,

‘Conselho Ultramarino’ e ‘Fazenda Real’ canalizaram 83% das receitas identificadas.

Sublinhe-se também a importância relativa no cômputo geral da ‘Casa da Moeda de

Lisboa’ o que se justifica pela colaboração prestada por esta oficina monetária às Casas

da Moeda localizadas em território brasileiro, designadamente no Rio de Janeiro e na

Baía14. Por último destaque-se que o item ‘Defuntos e Ausentes’ canalizou uma

percentagem de cerca de 4% dos valores recepcionados pelo Estado.

14 Esta colaboração sustentou-se no envio quer de oficiais que levavam os seus conhecimentos quer de diversos materiais necessários ao funcionamento das oficinas monetárias brasileiras.

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Quadro 4 – Identificação das receitas enviadas

A existência de um Livro de Manifestos exclusivamente para o Rei na frota do

Rio denunciava já as expectativas quanto aos montantes recebidos desta região do Brasil,

pois para as frotas da Baía e Pernambuco os envios régios misturavam-se com as

remessas realizadas para os particulares.

O significado do Rio de Janeiro como centro de recolha das receitas das

Capitanias de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, é manifesta na importância que a frota

do Rio de Janeiro apresenta para a Fazenda Pública. Entre 1737 e 1807 quase 90% das

remessas para o Estado foram transportadas naquela frota (Quadro 5).

RUBRICAS Valor

(contos) Valor (%)

QUINTOS 4628,9 15,12 CASAS DE FUNDIÇÃO 33,6 0,11 CASAS DA MOEDA 43,4 0,14 ALFÂNDEGA DO TABACO 14,15 0,05 RENDIMENTO DA DÍZIMA DA ALFÂNDEGA 1 0,00 CONSELHO ULTRAMARINO 10210,73 33,36 FAZENDA REAL / REAL ERÁRIO 10546,1 34,46 REAL FAZENDA DA RAINHA 6,7 0,02 CASA DA MOEDA DE LISBOA 2181 7,13 DEFUNTOS E AUSENTES 1291 4,22 MESA DA CONSCIÊNCIA E ORDENS 228,3 0,75 CASA DA ÍNDIA 6,87 0,02 JUNTA DO DEPÓSITO PÚBLICO 451,15 1,47 BENS CONFISCADOS 301,9 0,99 DONATIVOS 427,4 1,40 DIREITOS REAIS DO REINO DE ANGOLA 191,1 0,62 JUNTA DO COMÉRCIO 44,5 0,15 TOTAL 30607,8 100,00

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Quadro 5 – Remessas por frota

FROTA Valor (contos) Valor (%)

Rio de Janeiro 39 160 87

Baía 3 395 8

Pernambuco 75,2 0

Grão Pará e Maranhão 29,5 0

Não identificada / Brasil (1) 2 225 5

TOTAL 44 885 100

Nota: (1) A designação Brasil corresponde à opção adoptada nalguns livros. Esta escolha aparece pela primeira vez em 1767 já após o fim do regime de navegação por frotas, uma vez que até 1765 as três frotas eram Rio de Janeiro, Baía e Pernambuco. O ouro transportado na frota proveniente do Maranhão não pagava o imposto de 1% pelo que não era obrigatória a sua passagem por Lisboa.

A análise dos envios anuais demonstra que o peso de 8% da Baía foi conseguido

nas décadas de 1730 e 1740. A partir daí, a Baía perdeu significado, sendo que depois de

1765, data do fim do regime de navegação por frotas os envios desta região deixaram

praticamente de existir e tornaram-se nulos desde 1784. Apenas nalguns anos isolados,

designadamente, 1752, 1762, 1774, 1783, ou seja na cadência de um ano por década, as

receitas régias foram relevantes. Conclui-se então, e como seria expectável, que o Rio de

Janeiro foi o centro expedidor das principais receitas que alimentaram as finanças do

Estado no reino.

2. Receitas líquidas e conflitos no Atlântico Sul

Numa decomposição dos valores, cruzemos as remessas anuais com os períodos

de conflito comummente assinalados: 1735-1737; 1753-1756; 1761-1763 e 1774-1777.

No seu conjunto, as receitas líquidas recebidas em Lisboa naqueles anos não são

inferiores à média da década no entanto, as entradas pautam-se por alguma

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Guerra e ouro brasileiro (1720-1807) Rita Martins de Sousa

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irregularidade. A excepção é o quadriénio 1753-1756 em que as receitas líquidas entradas

apresentaram menores flutuações (Gráficos 3 a 6).

Gráfico 3 – Receitas liquidas para o Estado (1730-1739)

Gráfico 4 – Receitas liquidas para o Estado (1750-1759)

0

500

1000

1500

2000

2500

1730 1731 1732 1733 1734 1735 1736 1737 1738 1739

Remessas (contos) Média

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1750 1751 1752 1753 1754 1755 1756 1757 1758 1759

Remessas (contos) Média

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Guerra e ouro brasileiro (1720-1807) Rita Martins de Sousa

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Gráfico 5 – Receitas liquidas para o Estado (1760-1769)

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

1760 1761 1762 1763 1764 1765 1766 1767 1768 1769

Remessas (contos) Média

Gráfico 6 – Receitas liquidas para o Estado (1770-1779)

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

1770 1771 1772 1773 1774 1775 1776 1777 1778 1779

Remessas (contos) Média

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Guerra e ouro brasileiro (1720-1807) Rita Martins de Sousa

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Pela observação dos gráficos a irregularidade afigura-se ser uma característica das

remessas enviadas. Nesse sentido pergunta-se se esta irregularidade foi maior nos

períodos de conflito. O cálculo de algumas medidas estatísticas pode ser analisada no

Quadro 6. Os períodos integrados nas décadas de 1730 e de 1760 são os que denotam

maior desvio padrão em relação aos valores das respectivas décadas, sendo interessante

notar que em termos de média e mediana os períodos de conflito não se afastam dos

valores encontrados para a década, chegando mesmo receitas líquidas superiores à média.

Será então de concluir que, mais do que uma alteração nos rendimentos recebidos, estes

períodos originaram flutuações nas chegadas. Na década de 1760 esta irregularidade

traduziu-se no pedido de um empréstimo a Inglaterra dando como garantia a futura

chegada da frota do Rio de Janeiro15. Nesse ano as remessas recebidas ficaram-se por 89

contos, enquanto em 1763 a Fazenda Pública arrecadou do império cerca de 3 000 contos.

Quadro 6 – Os períodos de conflito (medidas estatísticas)

Média Mediana Desvio padrão

Década de 1730 1014 993

857,97

1735-1737 1067

798

1126,41

Década de 1750 984

1051

361,37

1753-1756 1117

1198

303,11

Década de 1760 1189

1016

1097,63

1761-1763 1478

1245

1518,43

Década de 1770 430

439

344,51

1774-1777 450

515

369,29

15 Em Setembro de 1762 foi pedido um empréstimo a Londres no valor de 200 000 libras (720 contos), empréstimo que foi recusado (IAN/TT, Ministério do Reino, Negócios Militares, Maço 616, Caixa 718).

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Nos períodos de conflito a utilização de outros impostos que não os do quinto do

ouro continuará a tentar ser demonstrada no entanto, e apesar de nos Livros de Manifestos

as rubricas serem muito agregadas, poderá ser realizado o exercício a partir do

cruzamento de alguns dados. Considerando apenas a rubrica Subsídio Voluntário,

imposto lançado depois do terramoto de 1755 sobre as populações da colónia para

auxiliar a reconstrução de Lisboa, terão chegado à capital do reino cerca de 427 contos

entre 1755 e 1802. Segundo dados de Dauril Alden arrecadou-se no Rio de Janeiro o

montante de 318 contos, apenas entre 1774 e 1777 (Alden, 1968: 339), pelo que se

poderá concluir sobre a pequena percentagem que deste tipo de impostos atravessavam o

Atlântico.

Conclusão

A recente história fiscal tem concluído que as receitas recebidas pelo Estado no

reino foram função não só da produção, como também das despesas nas colónias,

alterando-se assim uma visão historiográfica muito veiculada até aos anos 70 do século

XX em que as receitas eram analisadas em função apenas do quadro produtivo mineiro.

Nesta comunicação demonstrou-se que das receitas chegadas ao reino durante o

século XVIII, a região de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso terá sido responsável por

cerca de 90% dessas remessas. A percentagem total arrecadada pela Fazenda Pública,

cerca de 22,5% do total das chegadas, traduz a preocupação do Estado em garantir um

montante correspondente ao imposto sobre o ouro, pelo que tudo aponta para que a

restante colecta de impostos tenha coberto as despesas correntes e extraordinárias da

colónia. A observação mais apurada das receitas recepcionadas nos períodos

identificados de conflito na região do Atlântico Sul não revela alterações significativas

nos montantes, mas sim irregularidade nos mesmos, o que implicou uma certa pressão no

reino que contava com o imposto sobre o ouro para algumas das despesas. A estrutura das

receitas do Estado no século XVIII revela as razões da tensão que se gerava quando a

frota do Rio de Janeiro não aportava a Lisboa.

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O desafio colocado no início desta comunicação não encontrou ainda, certamente,

uma resposta final, no entanto, a partir dos novos dados produzidos pela investigação

pode-se afirmar que os conflitos mantidos na região do Rio da Prata não se terão

repercutido de forma nítida nas receitas líquidas recebidas pelo Estado no reino. Ao

contrafactual, poderia o Estado ter recebido mais se não tivesse mantido tais conflitos, só

se pode responder que aquele não abdicou da sua determinação ao longo do século e

conseguiu assegurar uma receita permanente.

Abreviaturas utilizadas:

IAN/TT – Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo

ACML – Arquivo da Casa da Moeda de Lisboa

BNP – Biblioteca Nacional de Portugal

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