09 pantanal web-travado

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PANTANAL PAISAGENS, FLORA E FAUNA ELZA GUIMARÃES CÉSAR CLARO TREVELIN PEDRO SARTORI MANOEL (ORG.)

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  • Pantanalpaisagens, flora e faunaElza GuimarEs

    Csar Claro TrEvElin

    PEdro sarTori manoEl

    (orG.)

  • PANTANAL

  • Conselho Editorial Acadmico

    Responsvel pela publicao desta obra

    Prof. Dr. Wilson de Mello Jnior (IB/Botucatu)

    Profa Dra Lgia Souza Lima Silveira da Mota (IB/Botucatu)

    Profa Dra Lcia Regina Machado da Rocha (IB/Botucatu)

    Profa Dra Patrcia Fernanda Felipe Pinheiro (IB/Botucatu)

    Prof. Dr. Carlos Alan Cndido Dias Jnior (IB/Botucatu)

    Sr. Guilherme Augusto Fernandes (IB/Botucatu)

    Sra Maria Luiza Nogueira Rossetto Rodrigues (IB/Botucatu)

  • Elza GuimarEsCsar Claro TrEvElin

    PEdro sarTori manoEl(orG.)

    PANTANALPaisaGEns, Flora E Fauna

  • 2014 Editora UNESPCultura AcadmicaPraa da S, 10801001-900 So Paulo SPTel.: (0xx11) 3242-7171Fax: (0xx11) [email protected]

    CIP Brasil. Catalogao na Publicao

    Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ

    P222

    Pantanal [recurso eletrnico] : paisagens, flora e fauna / organizao Elza Guimares , Csar Claro Trevelin , Pedro Sartori Manoel. 1. ed. So Paulo : Cultura Acadmica, 2014.

    recurso digital

    Formato: ePDFRequisitos do sistema: Adobe Acrobat ReaderModo de acesso: World Wide WebISBN 978-85-7983-540-7 (recurso eletrnico)

    1. Pantanal Mato-grossense (MT-MS). 2. Ecologia. 3. Proteo ambiental. 4. Livros eletrnicos. I. Guimares, Elza. II. Trevelin, Csar Claro. III. Manoel, Pedro Sartori.

    14-14640 CDD: 574.5 CDU: 504.6

    Este livro publicado pelo Programa de Publicaes da Pr-Reitoria de Extenso Universitria da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP)

  • AGRADECIMENTOS

    Pr-reitoria de Extenso universitria (ProEX), que vem apoiando o Projeto Paisagens do Brasil: galeria digital de fotos e vdeos sobre a flora e a fauna do Pantanal (id 12460) desde 2012 com financiamento e bolsas aos mo-nitores.

    biloga Erika ramos ono, pelo auxlio na organizao do livro.ao bilogo Paulo roberto manzani, pela identificao dos quelnios.ao bilogo silvio Csar de almeida, pela identificao dos rpteis e anf-

    bios. biloga vivian Tiemi H. Cypriano, pela contribuio na discusso dos ca-

    ptulos Clima, Geologia e Hidrologia.

  • SUMRIO

    sobre o projeto 9

    1. Pantanal 11

    Geraldo Alves Damasceno JniorMarcello Guimares SimesCsar Claro TrevelinPedro Sartori ManoelElza Guimares

    2. Clima 15

    Antnio Carlos de FreitasCsar Claro TrevelinLuiz Fernando Rolim de AlmeidaPedro Sartori ManoelGeraldo Alves Damasceno JniorElza Guimares

    3. Geologia 21

    Marcello Guimares SimesCsar Claro Trevelin;Pedro Sartori ManoelGeraldo Alves Damasceno JniorElza Guimares

  • 8 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    4. Hidrologia 27

    Csar Claro TrevelinPedro Sartori ManoelGeraldo Alves Damasceno JniorElza Guimares

    5. Fisionomias vegetais 35

    Geraldo Alves Damasceno JniorPedro Sartori ManoelCsar Claro TrevelinElza Guimares

    6. Fauna 47

    Pedro Sartori ManoelCsar Claro TrevelinSilvia Mitiko NishidaIara Roberta de Azevedo Niero

    Glossrio 77

    sobre os autores 81

  • SOBRE O PROJETO

    Pantanal: paisagens, flora e fauna est vinculado ao projeto de extenso uni-versitria intitulado Paisagens do Brasil: galeria digital de fotos e vdeos sobre a flora e fauna do Pantanal (ProEX-id 12460), financiado pela Pr-reitoria de Extenso universitria da universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP), que visa produo e divulgao de material didtico com contedos atualizados para estudantes e professores do ensino bsico (Cincias, Biologia e Geografia).

    Este livro, um importante produto desse projeto de extenso, contm textos e fotos relacionados ao Pantanal, com enfoque em formaes vegetais, fauna e aspectos fsicos caractersticos da regio. as fotos presentes neste livro foram feitas na regio do Passo do lontra, municpio de Corumb (ms).

    Foto: antnio Carlos de Freitas.

  • 1 PANTANAL

    Geraldo Alves Damasceno Jnior1

    Marcello Guimares Simes2

    Csar Claro Trevelin3

    Pedro Sartori Manoel4

    Elza Guimares5

    situado no centro da amrica do sul, o Pantanal constitui uma das maiores extenses de terras alagadas contnuas da Terra, inserido na bacia hidrogrfica do alto Paraguai, que possui aproximadamente 496.000 km2 de extenso. no Brasil, o Pantanal est localizado nos estados do mato Grosso e mato Grosso do sul abrangendo uma rea de cerca de 168.000 km2, sendo o restante de sua rea situada em territrio boliviano e paraguaio (Carvalho, 1986).

    a plancie pantaneira uma imensa rea deprimida, em forma de anfiteatro, ao longo da qual o rio Paraguai flui de norte para sul, coletando as guas dos rios

    1. Bilogo pela universidade Federal de mato Grosso do sul. mestrado e doutorado em Biologia vegetal pela universidade Estadual de Campinas (unicamp). docente do laboratrio de Bot-nica do Centro de Cincias Biolgicas universidade Federal de mato Grosso do sul.

    2. Paleontlogo formado pela universidade de so Paulo (usP). doutorado em Geologia sedi-mentar pela mesma universidade. docente do departamento de zoologia instituto de Bio-cincias unEsP/campus Botucatu.

    3. licenciado em Cincias Biolgicas pelo instituto de Biocincias universidade Estadual Pau-lista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). desenvolve atividades cientficas com fotografia cientfica ambiental e ilustrao cientfica de espcies vegetais no departamento de Botnica, da mesma universidade.

    4. licenciado em Cincias Biolgicas e bacharelando em Cincias Biolgicas pelo departamento de zoologia instituto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu).

    5. Biloga pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Bo-tucatu). mestre em Gentica e melhoramento de Plantas pela universidade de so Paulo (usP). doutora em Cincias Biolgicas (Botnica) pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). docente do departamento de Botnica instituto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu).

  • 12 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    que drenam os planaltos circunvizinhos, alguns com at 700 metros de altitude. assim, o que se denomina Pantanal um conjunto de paisagens distintas, diver-sificadas e complexas, relacionadas principalmente aos rios das sub-bacias hidro-grficas que formam o rio Paraguai. Em realidade, portanto, existem diversos pantanais, relacionados drenagem de cada um desses grandes rios formadores da bacia hidrogrfica do rio Paraguai, como o Pantanal do Jauru-Paraguai, do Cuiab, do itiquira-so loureno, do Taquari, do Paiagus, do negro, do mi-randa-aquidauana e Jacadigo-nabileque.

    Em cada uma dessas sub-bacias ocorrem regimes hdricos distintos, sendo que os tipos de solos, rochas e estruturas geolgicas so diferentes entre si, in-fluenciando na distribuio da fauna e flora (Boggiani & Coimbra, 1996). Em todos os casos, entretanto, o ciclo anual de cheia (inundao) e estiagem constitui o principal processo regulador da dinmica do meio fsico. a inundao ocorre de forma diferenciada, devido posio e declividade do terreno em relao aos canais fluviais e dificuldade de escoamento das guas, fazendo do Pantanal uma imensa rea com regies alagveis e constante movimentao das guas.

    Baa da medalha Passo do lontra (ms)Foto: antnio Carlos de Freitas.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 13

    localizao do Pantanal na amrica do sulFonte: Csar Claro Trevelin.

  • 14 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Referncias bibliogrficas

    BoGGiani, P. P., CoimBra, a. m. a plancie e os pantanais. in: anTas, P. T. z., nasCimEnTo, i. l. s. Tuiui: sob os cus do Pantanal: biologia e conser-vao do tuiui. so Paulo: Empresa das artes, 1996. p.18-23.

    CarvalHo, n. o. Hidrografia da bacia do alto Paraguai. in: i simPsio soBrE rECursos naTurais E soCioEConmiCos do Pan-Tanal. Anais do... Braslia: Embrapa, 1986. p.43-50.

    Galdino, s., rEsEndE, E. K. Previso de cheias e secas da Embrapa auxilia pantaneiros. Embrapa Pantanal (Corumb/MS), n.4, p.1-5,2000. [artigo de di-vulgao na mdia]

    zani, H., assinE, m. l. anlise de superfcies de tendncia com dados srTm: estudo de caso na bacia sedimentar do Pantanal. in: Xiv simPsio Brasi-lEiro dE sEnsoriamEnTo rEmoTo. Anais do... natal: inpe, 2009. p.3.403-10.

  • 2 CLIMA

    Antnio Carlos de Freitas1

    Csar Claro Trevelin2

    Luiz Fernando Rolim de Almeida3

    Pedro Sartori Manoel4

    Geraldo Alves Damasceno Jnior5

    Elza Guimares6

    o Pantanal, a maior plancie de sedimentao do planeta, est localizado entre as latitudes 13 sul e 22 sul, distribudo em territrio brasileiro nos es-tados do mato Grosso (35,36%) e mato Grosso do sul (64,64%), a cerca de 1.500 quilmetros a oeste do oceano atlntico.

    1. Fsico e mestre em Biologia pela universidade do Estado do rio de Janeiro (uerj). doutor em Cincias pela universidade Federal do rio de Janeiro. Professor do departamento de Biofsica e Biometria instituto de Biologia roberto alcntara Gomes uerj.

    2. licenciado em Cincias Biolgicas pelo instituto de Biocincias universidade Estadual Pau-lista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). desenvolve atividades cientficas com fotografia cientfica ambiental e ilustrao cientfica de espcies vegetais no departamento de Botnica da mesma universidade.

    3. Bilogo formado pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP). doutorado em Cincias Biolgicas (Botnica) pela mesma universidade. docente do departa-mento de Botnica instituto de Biocincias unEsP/campus Botucatu.

    4. licenciado em Cincias Biolgicas e bacharelando em Cincias Biolgicas pelo departamento de zoologia instituto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu).

    5. Bilogo pela universidade Federal de mato Grosso do sul. mestrado e doutorado em Biologia vegetal pela universidade Estadual de Campinas (unicamp). docente do laboratrio de Bot-nica do Centro de Cincias Biolgicas universidade Federal de mato Grosso do sul.

    6. Biloga pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Bo-tucatu). mestre em Gentica e melhoramento de Plantas pela universidade de so Paulo (usP). doutora em Cincias Biolgicas (Botnica) pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). docente do departamento de Botnica instituto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu).

  • 16 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    a sua proximidade com a linha do Equador faz com que a regio tenha uma elevada incidncia de radiao solar que, associada topografia da rea, cons-titui-se no principal fator que produz o sistema climtico pantaneiro.

    o clima do Pantanal classificado como tropical mido, com vero chuvoso e inverno seco, o que confere regio uma caracterstica peculiar que pode ser dividida em perodo de cheia, perodo de seca e perodo de vazante. o clima quente e mido no vero, com temperatura mdia de 25C (mnima de 15C e mxima de 34C), e a umidade relativa mdia de 82%.

    no inverno, devido s massas de ar provenientes do Polo sul, entre outras variveis, a temperatura cai drasticamente, podendo chegar a menos de 10C entre os meses de abril e setembro. Entretanto, a umidade do ar permanece alta devido evapotranspirao decorrente da evaporao da gua do solo e da trans-pirao das plantas.

    assim como a vegetao influencia o clima da regio, o regime de chuvas e os perodos secos que ocorrem na plancie pantaneira tambm so decisivos para o sucesso da maioria das espcies vegetais. as plantas do Pantanal so capazes de exibir ajustes fisiolgicos em funo da disponibilidade hdrica e de suportar condies climticas muito diversas. assim, as espcies conseguem manter-se distribudas pelos diferentes pontos da plancie exibindo caractersticas prprias que so fundamentais para o equilbrio do ecossistema.

    aspecto da vegetao durante a poca de cheiaFoto: Geraldo alves damasceno Jnior.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 17

    Massas de ar

    na regio central do Brasil, os meses de maio e junho so marcados por cu limpo. isso ocorre devido a um sistema atmosfrico de circulao fechado conhe-cido como Clula de Hadley, que resultante do transporte de calor da zona equatorial para a zona tropical em torno da latitude 30 e est vinculado ao mo-vimento de rotao do planeta.

    nos meses de novembro e dezembro, observa-se a mxima nebulosidade, proveniente da amaznia central e ocidental. a massa equatorial continental responsvel pelo transporte do ar quente do Equador para a regio mato-gros-sense, que, ao passar pela Floresta amaznica, umidificado. a massa polar atlntica, a massa de ar que mais penetra no territrio brasileiro, transporta ar frio e mido e avana pelo pas, dividida em trs ramos separados pela topografia do territrio. o ramo oeste avana pelas reas mais baixas atravs de um corredor cercado por reas de maiores altitudes, a cordilheira dos andes a oeste e serras brasileiras a leste, atingindo o Pantanal e chegando ao sul da amaznia. Esse deslocamento da massa de ar, no inverno, produz o frio e, nas outras estaes, parcialmente responsvel pelas chuvas.

    Foto: Csar Claro Trevelin.

    Chuvas

    uma das caractersticas climticas mais marcantes do Pantanal, a sazona-lidade da pluviosidade, se deve ao fato de as chuvas no serem distribudas ao longo do ano, e sim concentradas em perodos definidos. no vero, o volume de chuvas muito maior do que no inverno, caracterizando o vero como uma es-tao chuvosa, conhecida tambm como perodo das cheias. nessa poca, a plu-viosidade de aproximadamente 300 mm/ms; j no inverno, a estao seca, a pluviosidade gira em torno de 100 mm/ms.

  • 18 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    no entanto, a distribuio dessas chuvas no uniforme ao longo do terri-trio pantaneiro, sendo a regio norte a que apresenta as estaes seca e chuvosa mais bem definidas. Essa caracterstica est diretamente relacionada ao relevo: quanto maior a altitude, maior a pluviosidade. Em reas baixas e planas, a plu-viosidade segue o padro de manchas de distribuio aleatria, o que indica que a origem das chuvas pode ser a conveco, por aquecimento basal da coluna de ar. Tais observaes podem ser explicadas atravs da comparao com estudos hidrolgicos realizados no alto Paraguai, que evidenciaram que os perodos de alta precipitao aconteciam nas horas do dia com correntes de ar ascendentes (unesco, 1973).

    Foto: Csar Claro Trevelin.

    Foto: Csar Claro Trevelin.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 19

    no Pantanal, o total de evaporao anual atinge de 1.300 a 1.400 mm, mas j foram observados anos em que esse valor chegou a 1.650 mm. Esses valores in-dicam que se trata de uma regio mida. o teor de umidade do ar se mantm acima de 76% durante os meses de dezembro a junho e no costuma ficar abaixo de 62% nos demais meses. os menores teores so encontrados no final do in-verno (agosto) e incio da primavera (setembro-outubro). outro dado impor-tante que a umidade do ar no diminui a ponto de acompanhar a diminuio das chuvas. isso indica que as reas inundadas contribuem, por evaporao, para a manuteno das altas porcentagens de umidade do ar, evidenciando a impor-tante relao do sistema climtico com o ciclo hidrolgico (Tarifa, 1986).

    Referncias bibliogrficas

    TariFa, J. r. o sistema climtico do Pantanal: da compreenso do sistema defi-nio de prioridades de pesquisa climatolgica. in: i simPsio soBrE rE-Cursos naTurais E soCioEConmiCos do PanTanal. Anais do... Braslia: Embrapa, 1986. p.9-28.

    unEsCo. Hydrological studies of the upper Paraguay river Basin (Pantanal) 1966-1972. Technical report (Paris, Frana), 1973.

  • 3 GEOLOGIA

    Marcello Guimares Simes1

    Csar Claro Trevelin2

    Pedro Sartori Manoel3

    Geraldo Alves Damasceno Jnior4

    Elza Guimares5

    a grande bacia de sedimentao do Pantanal estende-se por 250 quilme-tros, na direo leste-oeste e 450 quilmetros na norte-sul, com forma de um anfiteatro voltado para oeste.

    do ponto de vista geolgico, o Pantanal uma paisagem relativamente re-cente, cuja histria est relacionada s alteraes paleoclimticas ocorridas no Quaternrio, principalmente no Pleistoceno, e que afetaram profundamente o sistema fluvial.

    1. Paleontlogo formado pela universidade de so Paulo (usP). doutorado em Geologia sedi-mentar pela mesma universidade. docente do departamento de zoologia instituto de Bio-cincias unEsP/campus Botucatu.

    2. licenciado em Cincias Biolgicas pelo instituto de Biocincias universidade Estadual Pau-lista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). desenvolve atividades cientficas com fotografia cientfica ambiental e ilustrao cientfica de espcies vegetais no departamento de Botnica da mesma universidade.

    3. licenciado em Cincias Biolgicas e bacharelando em Cincias Biolgicas pelo departamento de zoologia instituto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu).

    4. Bilogo pela universidade Federal de mato Grosso do sul. mestrado e doutorado em Biologia vegetal pela universidade Estadual de Campinas (unicamp). docente do laboratrio de Bot-nica do Centro de Cincias Biolgicas universidade Federal de mato Grosso do sul.

    5. Biloga pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Bo-tucatu). mestre em Gentica e melhoramento de Plantas pela universidade de so Paulo (usP). doutora em Cincias Biolgicas (Botnica) pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). docente do departamento de Botnica instituto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu).

  • 22 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    sua origem est associada aos processos de movimentao crustal por com-pensao, que conduziram ao abatimento de blocos, com falhamentos e dobra-mentos de reas adjacentes como reflexo do soerguimento da cordilheira dos andes. Trata-se, portanto, de uma bacia sedimentar de origem tectnica, cuja acumulao dos sedimentos controlada por diversos fatores, como os diferentes tipos de rochas das reas fontes no entorno, dos solos, da topografia, do clima, da vegetao e do regime fluvial. nos perodos neogeno e Quaternrio, os pro-cessos erosivos esculpiram o relevo, rebaixando as superfcies ao redor e provo-cando a eroso das encostas e o recuo das escarpas, fornecendo sedimentos para a regio pantaneira (souza & sousa, 2010).

    serra de maracajuFoto: Csar Claro Trevelin.

    no Pantanal, o relevo apresenta baixa declividade, da ordem de 25 cm/km, no sentido leste-oeste, e 2 cm/km, no sentido norte-sul. Essa rea cortada por grande quantidade de rios, todos pertencentes bacia hidrogrfica do rio Para-guai, os quais nascem nos planaltos ao redor (planalto da Bodoquena, maracaju--Campo Grande, Taquari-itiquira, urucum-amolar), delimitando a rea da bacia de sedimentao. Esses planaltos constituem vrios sistemas de elevaes, como chapadas, serras e macios.

    Em determinadas reas, ocorrem, isolados na plancie, morros testemunhos formados por rochas de natureza distinta que respondem diferentemente aos processos de intemperismos. a serra de maracaju (arenito) e o morro do azeite (calcrio) so exemplos dessas estruturas elevadas. assim, algumas rochas so mais solveis ou friveis do que outras, constituindo a rea fonte de sedimentos para o Pantanal. Em alguns casos, a pilha sedimentar pode alcanar at 500 me-tros de espessura (Godoi Filho, 1986).

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 23

    morro do azeiteFoto: Csar Claro Trevelin.

    serra de maracajuFoto: Csar Claro Trevelin.

    a bacia de sedimentao altamente dinmica e constituda por trs sis-temas deposicionais principais: a) megaleques aluviais; b) rios de canal mean-drante; e c) rios de canal anastomosado.

    os megaleques aluviais so, por definio, sistemas fluviais distributrios, concntricos, da ordem de centenas de quilmetros quadrados e geometria lo-bada. Esses compem o principal sistema de sedimentao do Pantanal em rea e volume de sedimentos depositados, sendo representado, de norte para sul, pelos megaleques dos rios Paraguai, Cuiab, so loureno, Taquari, aqui-dauana e nabileque. J os rios com canais meandrantes, ou seja, altamente

  • 24 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    sinuosos, incluem o rio Piquiri e o rio Paraguai, em sua poro mais ao norte. Por sua vez, o sistema anastomosado formado por rios com mltiplos canais e ilhas barreiras, englobando os rios negro e miranda.

    morro do azeiteFoto: Csar Claro Trevelin.

    os diferentes sistemas de sedimentao possuem reas fontes distintas, po-dendo depositar partculas de origem siliciclstica (derivada de rochas pr-exis-tentes) e calcria (derivada da dissoluo e precipitao do carbonato de clcio). Essas partculas so acumuladas nas reas de topografia mais baixa do Pantanal, as quais esto sujeitas ao ciclo de inundaes peridicas. assim, os solos das reas alagadas do Pantanal so enriquecidos periodicamente pelas guas das cheias, que trazem argila e matria orgnica proveniente da decomposio dos detritos acumulados nas camadas mais superficiais.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 25

    serra do amolarFoto: Geraldo alves damasceno Jnior.

    Referncias bibliogrficas

    Brasil, a. E., alvarEnGa, s. m. relevo. in: Fundao insTiTuTo BrasilEiro dE GEoGraFia E EsTaTsTiCa. Geografia do Brasil: regio Centro oeste. rio de Janeiro: iBGE, diretoria de Geocincias, 1989. p.53-69.

    Godoi FilHo, J. d. aspectos geolgicos do pantanal mato-grossense e sua rea de influncia. in: i simPsio soBrE rECursos naTurais E so-CioEConmiCos do PanTanal. Anais do... Braslia: Embrapa, 1986. p.63-76.

    KuErTEn, s., assinE, m. l. o rio Paraguai no megaleque do nabileque, su-doeste do pantanal mato-grossense, ms. Revista Brasileira de Geocincias, n.41, p.655-66, 2011.

    souza, C. a., sousa, J. B. Pantanal mato-grossense: origem, evoluo e as ca-ractersticas atuais. Revista Eletrnica da Associao dos Gegrafos Brasileiros (Seo Trs Lagoas/MS), n.11, ano 7, p.34-54, 2010.

  • 4 HIDROLOGIA

    Csar Claro Trevelin1

    Pedro Sartori Manoel2

    Geraldo Alves Damasceno Jnior3

    Elza Guimares4

    Dinmica das guas

    a dinmica hidrolgica do Pantanal determinada pelas chuvas que ocorrem de outubro a maro. de modo geral, chove mais nas cabeceiras dos rios que drenam para o Pantanal; assim, a cheia anual ocasiona ondas de escoamento que descem pelas sub-regies da plancie pantaneira. o rio Paraguai possui in-meros afluentes, dos quais recebe guas com pouca velocidade e com grande quantidade de sedimentos. Pelo fato de a regio pantaneira ser plana, o escoa-mento da gua lento, o que favorece o transbordamento dos rios.

    1. licenciado em Cincias Biolgicas pelo instituto de Biocincias universidade Estadual Pau-lista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). desenvolve atividades cientficas com fotografia cientfica ambiental e ilustrao cientfica de espcies vegetais no departamento de Botnica da mesma universidade.

    2. licenciado em Cincias Biolgicas e bacharelando em Cincias Biolgicas pelo departamento de zoologia instituto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu).

    3. Bilogo pela universidade Federal de mato Grosso do sul. mestrado e doutorado em Biologia vegetal pela universidade Estadual de Campinas (unicamp). docente do laboratrio de Bot-nica do Centro de Cincias Biolgicas universidade Federal de mato Grosso do sul.

    4. Biloga pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Bo-tucatu). mestre em Gentica e melhoramento de Plantas pela universidade de so Paulo (usP). doutora em Cincias Biolgicas (Botnica) pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). docente do departamento de Botnica instituto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu).

  • 28 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    a drenagem no Pantanal feita por corixos, vazantes e algumas baas (Car-valho, 1986). Corixos so braos intermitentes de rios ou canais com leito defi-nido que drenam guas extravasadas de outros rios, e que podem ficar secos por vrios anos; vazantes so linhas de drenagem de uma rea inundada que escoa para uma rea brejosa,5 baa ou rio; baa uma designao regional para lagoa, que pode ter formato arredondado ou sinuoso quando resultante de um meandro abandonado.

    a infiltrao da gua no solo e a evapotranspirao so fenmenos que tambm desempenham papis importantes na regulao das quantidades de gua no Pantanal.

    rio miranda Passo do lontra (ms)Foto: Csar Claro Trevelin.

    5. Essas reas brejosas so locais largamente cobertos por pequenas lagoas, por velhos meandros abandonados ou por antigos leitos de rios, parcial ou totalmente cobertos por vegetao (abdon, Pott & vila da silva, 1998).

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 29

    Baa da medalha Passo do lontra (ms)Foto: Csar Claro Trevelin.

    CorixoFoto: Csar Claro Trevelin.

  • 30 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Corixo secoFoto: Csar Claro Trevelin.

    CorixoFoto: Pedro sartori manoel.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 31

    Ecossistemas lacustres

    no Pantanal existe uma sub-regio conhecida como nhecolndia que possui um sistema lacustre peculiar. Tal sub-regio tem uma rea de aproximadamente 26.921 km2 repleta de baas e salinas (lagoas alcalinas). no local, as lagoas de gua doce conectam-se periodicamente; j as salinas encontram-se fora do al-cance das cheias e permanecem quase sempre isoladas (abdon, Pott & vila da silva, 1998).

    detalhe de uma salina na sub-regio da nhecolndiaFoto: Csar Claro Trevelin.

    salina na sub-regio da nhecolndiaFoto: antnio Carlos de Freitas.

  • 32 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Penas perdidas pelas aves s margens de uma salinaFoto: Csar Claro Trevelin.

    Regime de inundao

    o regime de inundao pode variar de acordo com a sub-regio considerada. Cada rio drena uma bacia diferente que pode receber volumes de gua distintos ao longo do perodo chuvoso. as cheias do rio miranda, por exemplo, ocorrem logo aps o final do perodo chuvoso; j o rio Paraguai se comporta como uma larga faixa que escoa lentamente as guas rumo ao sul, as quais podem demorar at seis meses para deixar o territrio brasileiro. o rio Paraguai apresenta baixa declividade ao longo do seu curso, que varia de 1,0 a 6,3 cm/km.

    os meses de janeiro, fevereiro e maro so os mais chuvosos na regio norte do Pantanal e essa alta pluviosidade origina as cheias da regio. a regio de Co-rumb s atingida pela onda de enchente de dois a trs meses aps o final do perodo chuvoso, do final de abril a maio. de Corumb para Porto murtinho, a sub-regio mais ao sul do Pantanal, a onda de enchente pode demorar ainda mais dois a trs meses para chegar, ocorrendo de junho a julho, tambm em poca de estiagem (Galdino & resende, 2000).

    durante o perodo das cheias, h um transporte contnuo de sedimentos em suspenso contendo grande quantidade de matria orgnica, contribuindo para

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 33

    aumentar a fertilidade do solo. alm disso, parte desses sedimentos depositada nas margens dos rios, formando diques naturais, e parte se mantm nos leitos, contribuindo para a reduo gradual de sua profundidade. Junto a isso, h um aumento da seo transversal dos rios, ampliando a rea de inundao (Carvalho, 1986).

    regio alagada em Corumb, prxima ao rio ParaguaiFoto: Geraldo alves damasceno Jnior.

    Referncias bibliogrficas

    aBdon, m. m., PoTT, v. J., vila da silva, J. s. avaliao da cobertura por plantas aquticas em lagoas da sub-regio da nhecolndia no Pantanal por meio de dados landsat e spot. Pesquisa Agropecuria Brasileira, n.33, p.1.675-83, 1998.

    CarvalHo, n. o. Hidrografia da bacia do alto Paraguai. in: i simPsio soBrE rECursos naTurais E soCioEConmiCos do Pan-Tanal. Anais do... Braslia: Embrapa, 1986. p.43-50.

    Galdino, s., rEsEndE, E. K. Previso de cheias e secas da Embrapa auxilia pantaneiros. Embrapa Pantanal (Corumb-MS), n.4, p.1-5, 2000. [artigo de divul gao na mdia]

  • 34 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    GoHain, K., ParKasH, B. morphology of the Kosi megafan. in: raCHoCKi, a. H., CHurCH, m. (org.). Alluvial fans: a field approach. cap.3. Chichester: Wiley, 1990. p.151-78.

    lima, i. B. T., rEsEndE, E. K., ComasTri FilHo, J. a. o ciclo das guas no Pantanal e a cheia de 2011. Embrapa Pantanal (Corumb-MS), n.144, 2011. [artigo de divulgao na mdia]. disponvel em . acesso em fev. 2013.

    souza, C. a., sousa, J. B. Pantanal mato-grossense: origem, evoluo e as ca-ractersticas atuais. Revista Eletrnica da Associao dos Gegrafos Brasileiros (Seo Trs Lagoas/MS), n.11, ano 7, p.34-54, 2010.

  • 5 FISIONOMIAS VEGETAIS

    Geraldo Alves Damasceno Jnior1

    Pedro Sartori Manoel2

    Csar Claro Trevelin3

    Elza Guimares4

    o Pantanal uma regio de convergncia de vrios domnios morfoclim-ticos, sendo considerado, assim, um verdadeiro mosaico natural. ao longo de sua extenso, possvel observar um conjunto de fitofisionomias extremamente variado, com caractersticas regionais peculiares.

    a vegetao presente em cada sub-regio um reflexo das caractersticas locais, sendo diversos fatores (regime de inundao, caractersticas do solo, con-figurao do terreno e temperatura) determinantes para a ocupao da vegetao. assim, o estudo das formaes vegetais de extrema importncia para a caracte-rizao do Pantanal.

    na plancie pantaneira so estimadas cerca de 2 mil espcies de angios-permas, das quais 240 so leguminosas e 212 gramneas. dessas 2 mil espcies, 200 so exticas e mais da metade so herbceas terrestres (Pott, 2003).

    1. Bilogo pela universidade Federal de mato Grosso do sul. mestrado e doutorado em Biologia vegetal pela universidade Estadual de Campinas (unicamp). docente do laboratrio de Bot-nica do Centro de Cincias Biolgicas universidade Federal de mato Grosso do sul.

    2. licenciado em Cincias Biolgicas e bacharelando em Cincias Biolgicas pelo departamento de zoologia instituto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu).

    3. licenciado em Cincias Biolgicas pelo instituto de Biocincias universidade Estadual Pau-lista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). desenvolve atividades cientficas com fotografia cientfica ambiental e ilustrao cientfica de espcies vegetais no departamento de Botnica da mesma universidade.

    4. Biloga pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Bo-tucatu). mestre em Gentica e melhoramento de Plantas pela universidade de so Paulo (usP). doutora em Cincias Biolgicas (Botnica) pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). docente do departamento de Botnica instituto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu).

  • 36 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    o endemismo raro na regio por se tratar de uma plancie relativamente nova. alm disso, outro fato que contribui para o baixo endemismo a ausncia de barreiras geogrficas, que favorecem o processo de especiao, entre a plancie e os domnios em seu entorno (Cerrado, amaznico, atlntico) e regio do Chaco.

    Piva (Handroanthus heptaphyllus)Foto: antnio Carlos de Freitas.

    uma das principais caractersticas da vegetao que recobre a plancie pan-taneira a sua heterogeneidade espacial, sendo possvel identificar diversas fi-sionomias, como campos inundveis, brejos, campo seco, floresta estacional semidecdua, mata ripcola, cerrado, cerrado, entre outros. Essa heterogenei-dade existe principalmente devido s microvariaes no relevo, que determinam o tempo de inundao a que cada unidade da paisagem submetida, e tambm s diferenas na textura e fertilidade dos solos. dentre as espcies da flora do Pan-tanal, 50% so de ampla distribuio, 30% de cerrado e 20% de outras origens. o predomnio das espcies de cerrado pode ser explicado pela presena do rio Ta-quari, afluente do rio Paraguai, que percorre cerca de 40% da extenso da pla-ncie pantaneira aps drenar uma regio de sedimentos arenosos com vegetao predominante de cerrado.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 37

    Flor de pequi (Caryocar brasiliense), espcie tpica do cerradoFoto: antnio Carlos de Freitas.

    os campos inundveis so grandes reas que durante a estao chuvosa ficam submersas e durante a estao seca se mostram como reas campestres, apresentando uma vegetao rasteira composta principalmente por gramneas. Geralmente esses campos esto localizados em lugares mais baixos e mais su-jeitos a inundao do que aqueles onde est a vegetao florestal.

    aspecto de uma paisagem na sub-regio da nhecolndia, mostrando trs fisionomias em microaltitudes diferentes. ao fundo a vegetao arbrea em altitude mais elevada, es-querda uma formao de caronal em altitude intermediria e direita um campo inun-dvel em posio topogrfica mais baixaFoto: Pedro sartori manoel.

  • 38 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    outro tipo de formao caracterizado pela influncia do regime de cheias so os capes, verdadeiras ilhas de vegetao arbustivo-arbrea, que sobressaem na paisagem. a fisionomia desses capes pode variar de acordo com a regio e tipo de solo, dentre outros fatores.

    ainda no h informaes definitivas quanto a origem dos capes, que pode diferir entre as sub-regies. alguns pesquisadores acreditam que se originaram a partir de processos de eroso diferencial que levaram ao surgimento de reas mais altas do que o seu entorno; outros consideram que o surgimento foi devido a murundus que ali se estabeleceram e contriburam para o acmulo de material, levando ao soerguimento da rea. H ainda uma terceira hiptese, a da origem antrpica, segundo a qual ndios, que durante a poca de cheias procuravam se abrigar em reas elevadas naturais do terreno, construam aterros com auxlio de conchas de moluscos e outros materiais contribuindo assim para a elevao da rea.

    independentemente de sua origem, os capes so de extrema importncia para a fauna local, pois, quando h aumento do nvel da gua, os animais os uti-lizam como refgio.

    na sub-regio do mi-randa-abobral, delimitando exter namente os capes, exis-te uma zona conhecida como cinturo de acuris (Attalea phalerata). os acuris so co-nhecidos por produzirem fru-tos dos quais as araras-azuis (Anodorhynchus hyacinthinus) se alimentam.

    Figueira mata-pau (Ficus sp) envolvendo acuri (Attalea pha-lerata)Foto: antnio Carlos de Freitas.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 39

    viso externa de um capoFoto: Pedro sartori manoel.

    viso interna de um capo cinturo de acuris (Attalea phalerata)Foto: Pedro sartori manoel.

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    viso interna de um capoFoto: antnio Carlos de Freitas.

    no Pantanal existem formaes locais que so caracterizadas por uma es-pcie dominante, que geralmente d o nome regional formao. alguns exem-plos so:

    Canjiqueiral: formao homognea esparsa de reas arenosas, com predomnio de canjiqueira (Byrsonima cydoniifolia).

    Carandazal: formao homognea densa com dominncia da palmeira carand (Copernicia alba).

    Paratudal: formao savnica alagvel com estrato arbreo composto quase que exclusivamente pelo paratudo, um tipo de ip-amarelo (Tabebuia aurea), que recebe esse nome pela eficincia no tratamento de vrias doenas.

    Pirizal/Caetezal: reas de alto grau de inundao com dominncia das espcies herbceas pirizeiro (Cyperus giganteus) e caet (Thalia geniculata).

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 41

    Carandazal, formao monodominante da palmeira carand (Copernicia alba)Foto: Csar Claro Trevelin.

    Essas espcies possuem adaptaes que possibilitam seu desenvolvimento em reas desfavorveis ao crescimento de outras, sendo o regime de cheias o principal fator limitante.

    Paratudo (Tabebuia aurea)Foto: antnio Carlos de Freitas.

    Carand (Copernicia alba)Foto: Csar Claro Trevelin.

  • 42 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    as formaes monodominantes so compostas por espcies que geralmente suportam nveis de inundao maiores que as espcies das reas florestais adja-centes.

    dentre essas formaes, o paratudal tem grande destaque. a florao do pa-ratudo (Tabebuia aurea) deslumbrante e forma uma bela paisagem durante os meses de agosto-setembro.

    Boa parte dos paratudos se estabelecem sobre montes de terra chamados de murundus, cuja origem ainda est sob investigao. Existe a hiptese de que o surgimento desses montes de terra ocorreu devido a eroses diferenciais que re-baixaram o terreno de forma desigual fazendo com que esses montes se sobres-sassem. outra hiptese a de que esses grandes montes de terra so cupinzeiros desativados que se mantiveram no local ao passar dos anos.

    independentemente de sua origem, os murundus podem servir de substrato para o desenvolvimento dos paratudos, que podem ser beneficiados durante o perodo da cheia por estarem em um local mais elevado.

    marca dgua, cerca de um metro de altura, proveniente da poca das cheias no caule do paratudo (Tabebuia aurea)Foto: Pedro sartori manoel.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 43

    Paratudal, formao monodominante de paratudo (Tabebuia aurea)Foto: Pedro sartori manoel.

    murundu, monte de terra onde o paratudo (Tabebuia aurea) est fixadoFoto: Pedro sartori manoel.

  • 44 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    alm das tpicas formaes vegetais terrcolas, encontramos no Pantanal grande riqueza de macrfitas aquticas. algumas espcies flutuantes da famlia Pontederiaceae formam agrupamentos densos s margens dos rios e baas. Partes desses agrupamentos podem se destacar e seguir flutuando pelo curso dgua por diversos quilmetros. Eles recebem o nome de camalotes e eventualmente al-guns animais podem utiliz-los aproveitando o deslocamento para se alimentar, como garas que durante o fenmeno da decoada utilizam os camalotes como base para avistamento dos peixes.

    macrfita aqutica florida (Eicchornia azurea)Foto: Elza Guimares.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 45

    Gara-branca-grande (Ardea alba) sobre um camaloteFoto: Geraldo alves damasceno Jnior.

    Referncias bibliogrficas

    adamoli, J. o Pantanal e suas relaes fitogeogrficas com os cerrados. dis-cusso sobre o conceito de Complexo do Pantanal. in: XXXii ConGrEsso naCional dE BoTniCa. Anais do... Teresina: sociedade Botnica do Brasil, 1981. p.109-19.

    damasCEno Jnior, G. a. et al. structure, distribution of species and inun-dation in a riparian forest of rio Paraguai, Pantanal, Brazil. Flora, 200(2), p.119-35, 2005.

    _____ et al. aspectos florsticos e fitofisionmicos dos capes do Pantanal do abo-bral. in: ii simPsio soBrE rECursos naTurais E soCioECo-nmiCos do PanTanal manEJo E ConsErvao. Anais do... Corumb: CPaP Embrapa & uFms, 1999. p.203-14.

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  • 46 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    PoTT, a. diversidade de vegetao do Pantanal. in: liv ConGrEsso na-Cional dE BoTniCa. Desafios da botnica no novo milnio: inventrio, sistematizao e conservao da diversidade vegetal. Belm: sociedade Botnica do Brasil, 2003. p.157-9.

    _____, PoTT, v. J. Flora do Pantanal: listagem atual de fanergamas. in: ii sim-Psio soBrE rECursos naTurais E soCioEConmiCos do PanTanal manEJo E ConsErvao. Anais do... Corumb: CPaP Embrapa & uFms, 1999. p.297-325.

    valEnTE, E. Origem dos murundus: uma questo em aberto. 2009. disponvel em . acesso em 3/10/2012.

  • 6 FAUNA

    Pedro Sartori Manoel1

    Csar Claro Trevelin2

    Silvia Mitiko Nishida3

    Iara Roberta de Azevedo Niero4

    o Pantanal considerado um mosaico de paisagens naturais, tendo caracte-rsticas de diversos domnios morfoclimticos que o circundam, como o Cerrado, amaznico, atlntico e da regio do Chaco. Por apresentar grande variao de habitats e devido grande produtividade caracterstica de plancies inundveis, o Pantanal apresenta uma extraordinria concentrao e abundncia de animais.

    na fauna pantaneira, os endemismos so praticamente ausentes, provavel-mente por se tratar de uma plancie relativamente nova, pois durante o Pleisto-ceno, h cerca de dois milhes de anos, a regio era um grande deserto. alm disso, outro fator que contribui para o baixo endemismo a ausncia de barreiras geogrficas entre a plancie e os domnios em seu entorno (alho & sabino, 2011), o que no favorece o processo de especiao.

    1. licenciado em Cincias Biolgicas e bacharelando em Cincias Biolgicas pelo departamento de zoologia instituto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu).

    2. licenciado em Cincias Biolgicas pelo instituto de Biocincias universidade Estadual Pau-lista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). desenvolve atividades cientficas com fotografia cientfica ambiental e ilustrao cientfica de espcies vegetais no departamento de Botnica da mesma universidade.

    3. Bacharel em Cincias Biolgicas modalidade mdica pela Faculdade de medicina de ribeiro Preto universidade de so Paulo (usP). mestre e doutora em Fisiologia na mesma insti-tuio. docente no departamento de Fisiologia instituto de Biocincias universidade Es-tadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu).

    4. Biloga pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Bo-tucatu). aluna de Ps-Graduao em Ecologia pela universidade Estadual de Campinas (uni-camp).

  • 48 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Gara-moura (Ardea cocoi)Foto: Pedro sartori manoel.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 49

    Aves

    no Pantanal, foram catalogadas cerca de 460 espcies de aves (Tubelis & Tomas, 2003), tornando-o a rea mida mais rica em aves no mundo. desse total, 117 esto includas em pelo menos uma das listas estaduais, nacionais ou internacionais de espcies ameaadas de extino (Tomas, souza & Tubelis, 2004). dentre essas espcies, a arara-azul grande (Anodorhynchus hyacinthinus) a mais conhecida.

    algumas aves so muito comuns, como os tuiuis (Jabiru mycteria), ave sm-bolo do Pantanal, carcars (Caracara plancus), que devido a seu hbito alimentar generalista so facilmente observados em reas abertas, clareiras ou sobrevoando matas fechadas, e cardeais (Paroaria coronata), que no Brasil ocorrem somente no Pantanal e no rio Grande do sul (antas, 2009).

    alm da sua riqueza intrnseca, o Pantanal encontra-se na rota migratria de vrias espcies de aves. Cerca de 190 espcies (nunes & Tomas, 2008) chegam regio provenientes de outras regies do continente, principalmente do sul da amrica do sul, do Hemisfrio norte e da Floresta atlntica, atradas pela grande diversidade de habitat, que propicia alimento e refgio.

    arara-azul grande (Anodorhynchus hyacinthinus)Foto: antnio Carlos de Freitas.

  • 50 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Carcar (Caracara plancus)Foto: Pedro sartori manoel.

    Cardeal (Paroaria coronata)Foto: antnio Carlos de Freitas.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 51

    Caturrita (Myiopsitta monachus)Foto: antnio Carlos de Freitas.

  • 52 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Curicaca (Theristicus caudatus) Foto: Pedro sartori manoel.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 53

    Joo-pinto (Icterus croconotus)Foto: antnio Carlos de Freitas.

  • 54 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Gavio-belo (Busarellus nigricollis)Foto: antnio Carlos de Freitas.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 55

    Gavio-carij (Rupornis magnirostris)Foto: antnio Carlos de Freitas.

    a observao do comportamento de aves que frequentam os corpos dgua revela diferentes tticas de captura dos peixes represados. o tuiui (Jabiru myc-teria) caminha mergulhando repetidas vezes o bico semiaberto em direo ao fundo e, ao encontrar o alimento, abocanha-o rapidamente, saindo da gua para comer. outras aves, como a gara-grande-branca (Ardea alba) e a gara-moura (Ardea cocoi), ficam em p paradas, completamente imveis, aguardando o mo-mento exato para capturar o peixe.

  • 56 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Tuiui (Jabiru mycteria)Foto: antnio Carlos de Freitas.

    Mamferos

    no Pantanal so encontradas as mais variadas espcies de mamferos, desde pequenos roedores at a anta (Tapirus terrestris), o maior mamfero da amrica do sul, nico animal nativo dispersor de grandes sementes como o acuri (Attalea phalerata).

    ocorrem cerca de 120 espcies, dentre elas h vrias que esto ameaadas de extino e que no Pantanal so vistas com certa facilidade e abundncia, como o tamandu-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), que se alimenta de formigas e cupins, atuando como controlador biolgico destes invertebrados; a ariranha (Pteronura brasiliensis), o maior musteldeo conhecido; a ona-pintada (Panthera onca), o maior felino das amricas e o lobo guar (Chrysocyon brachyurus).

    outros mamferos caractersticos do Pantanal so o veado-campeiro (Ozoto-ceros bezoarticus), facilmente avistado em reas abertas; o veado-mateiro (Mazama americana), que ao contrrio do campeiro habita reas florestadas; o cervo-do--pantanal (Blastocerus dichotomus), o maior cervdeo da amrica do sul; a capi-vara (Hydrochaeris hydrochaeris), o maior roedor do mundo; o cachorro-do-mato

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 57

    (Cerdocyon thous), que possui dieta onvora, se alimentando desde frutos a pe-quenos invertebrados, aves e mamferos, e o queixada (Tayassu pecari), que pode se agrupar em at 200 indivduos, atacando em conjunto quando se sentem ameaados, at mesmo onas-pintadas.

    a grande abundncia de mamferos pode ser atribuda a grande quantidade de recursos vegetais disponveis nas imensas extenses de pastagens naturais, que sustentam uma grande abundncia de herbvoros, e esses, por sua vez, sus-tentam a abundncia de carnvoros.

    Famlia de veados-campeiros (Ozotoceros bezoarticus)Foto: Csar Claro Trevelin.

  • 58 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus)Foto: antnio Carlos de Freitas.

    ariranha (Pteronura brasiliensis)Foto: antnio Carlos de Freitas.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 59

    ona-pintada (Panthera onca)Foto: Geraldo alves damasceno Jnior.

    Bugio (Alouatta caraya)Foto: Elza Guimares.

  • 60 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    veado-mateiro (Mazama americana)Foto: Elza Guimares.

    Tamandu-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)Foto: antnio Carlos de Freitas.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 61

    Capivara (Hydrochaeris hydrochaeris)Foto: Pedro sartori manoel.

    Filhotes de cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) se alimentandoFoto: Pedro sartori manoel.

  • 62 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Queixadas (Tayassu pecari)Foto: iara roberta de azevedo niero.

    Rpteis

    so encontradas cerca de 170 espcies de rpteis no Pantanal; dentre essas h 30 espcies de serpentes, tendo destaque a famosa sucuri-amarela (Eunectes notaeus).

    as serpentes so muito perseguidas por humanos devido aos acidentes que podem causar, mas no Pantanal a grande maioria delas no peonhenta. ser-pentes so muito importantes ecologicamente, atuando como predadoras de di-versos animais, podendo participar do controle biolgico de roedores, por exemplo (marques et al., 2005).

    uma grande variedade de lagartos encontrada tambm, incluindo espcies de pequeno porte como o lagarto-do-ip (Tropidurus guarani), at espcies com cerca de um metro de comprimento, caso da iguana (Iguana iguana).

    o jacar-do-pantanal (Caiman yacare) a espcie de rptil que predomina nos rios, podendo chegar at 3 metros de comprimento. durante o perodo da seca, devido s altas temperaturas, ao risco de dessecao e principalmente falta

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 63

    de alimento, jacars podem estivar. Trata-se de um perodo de dormncia em que muitos indivduos entram, ocorrendo uma diminuio na taxa metablica, bem como na atividade e na temperatura corprea. assim, nesse perodo pos-svel encontrar alguns jacars enterrados em estado de torpor e outros se deslo-cando a locais mais favorveis, como baas permanentes.

    Jabutis e cgados tambm ocorrem no Pantanal. o cgado-do-pantanal (Acanthochelys macrocephala) mais facilmente avistado prximo a corpos dgua, ao contrrio do jabuti-tinga (Chelonoides denticulata) que pode ser en-contrado em reas no alagadas.

    Jacars-do-pantanal (Caiman yacare)Foto: Pedro sartori manoel.

  • 64 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    lagarto-do-ip (Tropidurus guarani)Foto: Pedro sartori manoel.

    sucuri-amarela (Eunectes notaeus) infestada de carrapatosFoto: Pedro sartori manoel.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 65

    Cgado-do-pantanal (Acanthochelys macrocephala)Foto: iara roberta de azevedo niero.

    Jabuti-tinga (Chelonoides denticulata)Foto: iara roberta de azevedo niero.

  • 66 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    iguana (Iguana iguana)Foto: silvia mitiko nishida.

    Tei (Salvator merianae)Foto: antnio Carlos de Freitas.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 67

    Anfbios

    Comparado a outros ecossistemas brasileiros, os pantaneiros apresentam uma baixa riqueza de anfbios, entretanto, essa baixa riqueza compensada pela grande abundncia. so cerca de 40 espcies, das quais aproximadamente me-tade vive em rvores, como a perereca-de-bananeira (Hypsiboas raniceps) e al-gumas vivem prximas a rios, como o sapo cururu (Rhinella schneideri). durante a noite, uma grande sinfonia ouvida nos corpos dgua pantaneiros devido s vocalizaes desses anfbios.

    assim como os jacars, muitos anuros estivam no perodo de seca, com a di-ferena que produzem um muco espesso sobre a pele que evita a dessecao quando enterrados.

    Existem dois padres reprodutivos bsicos em anuros. um prolongado, que pode durar mais de 3 meses, o qual ocorre principalmente durante o perodo mido, e outro explosivo, em que as espcies se reproduzem em poucos dias e cuja ocorrncia restrita ao incio das chuvas, logo aps um longo perodo de seca, quando as espcies saem da estivao e direcionam-se aos corpos dgua para se reproduzirem (uetanbaro et al., 2008).

    Perereca-do-cerrado (Trachycephalus typhonius)Foto: Pedro sartori manoel.

  • 68 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Perereca-de-bananeira (Hypsiboas raniceps)Foto: Csar Claro Trevelin.

    sapo-cururu (Rhinella schneideri)Foto: Pedro sartori manoel.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 69

    Perereca-do-brejo (Dendropsophus nanus)Foto: Pedro sartori manoel.

    r-do-chaco (Leptodactylus chaquensis)Foto: antnio Carlos de Freitas.

  • 70 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Peixes

    Pela profuso de corpos dgua e por existir o regime de cheias, os peixes so outro grupo que merece um grande destaque dentro da fauna pantaneira. so cerca de 260 espcies de peixes viventes no Pantanal e at 400 espcies vivendo nas regies prximas. Esses peixes tm as mais variadas formas, podendo medir de alguns milmetros de comprimento e pesar poucos gramas, at dois metros e pesar 180 quilos, caso do ja (Zungaro jahu).

    a pesca a principal atividade socioeconmica dos moradores da regio, ha-vendo o aproveitamento da grande abundncia de peixes para fins comerciais e tursticos. alguns dos principais peixes encontrados so o pintado (Pseudopla-tystoma corruscans), pacu (Piaractus mesopotamicus), piranha (Serrasalmus spilo-pleura), dourado (Salminus maxillosus) e piraputanga (Brycon hilarii).

    Piraputangas (Brycon hilarii)Foto: iara roberta de azevedo niero.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 71

    um conhecido fenmeno que ocorre durante as cheias e que afeta direta-mente a comunidade de peixes pantaneiros a decoada. Esse fenmeno carac-terizado pelo aumento do nvel dos corpos dgua e submerso da vegetao prxima, o que gera um aumento na quantidade de matria orgnica presente no corpo dgua e consequentemente uma maior ao de microrganismos aerbicos, cuja alta taxa de respirao faz com que os nveis de oxignio diludos na gua diminuam drasticamente, ocasionando a morte ou enfraquecimento de vrios peixes. Com a escassez de oxignio na gua, alguns peixes vo superfcie a fim de melhorar a eficincia na tomada de oxignio, o que os deixa vulnerveis pre-dao pelas aves piscvoras.

    nos meses de outubro a maio ocorre a piracema, momento em que os peixes se reproduzem e realizam a desova, sendo de extrema importncia para que a ictiofauna se perpetue. nesse perodo, a pesca no Pantanal proibida.

    Conservao da fauna

    devido a sua importncia, do ponto de vista de biodiversidade, o Pantanal necessita urgentemente de polticas de preservao que garantam a sobrevi-vncia e reproduo de seus animais. Prticas como a caa e a pesca predatria, e o trfico de animais silvestres, tm causado grande impacto sobre a fauna, colo-cando vrias espcies na lista de ameaadas de extino, como o caso da arara--azul e da ariranha.

    Com a expanso e a retrao natural dos corpos dgua, muitos animais fazem migraes sazonais necessitando cruzar rodovias, o que pode resultar em atropelamentos. Em 2010, cerca de 8 mil animais silvestres foram atropelados nas rodovias que passam pela plancie pantaneira, dos quais alguns mamferos como o tamandu-bandeira, a capivara e os tatus foram as principais vtimas.

    algumas medidas de preservao j foram tomadas, como a proibio da pesca durante a piracema (meses de outubro a maio), a proibio da caa desde a dcada de 1960 e punies mais severas para o trfico de animais.

    mesmo assim, isso s um comeo. Para que a fauna pantaneira continue exuberante, so necessrias vrias mudanas legislativas e executivas para com-bater as prticas ilegais, a fim de que haja uma efetiva preservao de seus animais.

  • 72 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) atropelada na rodovia Br 262Foto: Csar Claro Trevelin.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 73

    Tatu (Dasypus novemcinctus) atropelado na rodovia Br 262Foto: Csar Claro Trevelin.

    Tamandu-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) atropelado na rodovia Br 262Foto: Csar Claro Trevelin.

  • 74 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Referncias bibliogrficas

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  • GLOSSRIO

    Abatimento de blocos: movimentao vertical dos blocos de rochas da litosfera, em geral, devido ao alvio de tenses, gerando falhas.

    Aerbio: organismo que necessita de oxignio.Afluente (ou tributrio): curso dgua que desemboca em outro curso dgua con-

    siderado principal.Aluvial: depsitos de areia, argila e cascalho formados s margens dos rios ou em

    sua foz, decorrentes de processo erosivos.Antrpico: relativo s relaes do ser humano com a natureza.Anuros: grupo de anfbios sem cauda, ao qual pertencem os sapos, rs e pere-

    recas.Bacia hidrogrfica: poro de terra drenada por um rio e seus afluentes.Cabeceira (ou nascente): local em que nasce um rio.Clulas de Hadley: circulao atmosfrica vertical e latitudinal formada por dois

    cintures de ar que se movimentam um em direo ao norte e outro em di-reo ao sul.

    Chaco: regio central da amrica do sul, formada por extensa plancie localizada entre o Planalto Central brasileiro e as montanhas da pr-cordilheira an-dina em que podemos observar formaes savnicas, extensas pradarias e pntanos.

    Chapadas: denominao empregada no Brasil para planaltos com mais de 600 metros de altitude, cujo topo relativamente plano, por centenas de qui-lmetros. uma sucesso de chapadas denominada chapado.

    Clareiras: local sem rvores em uma mata.Dieta onvora: dieta baseada em alimentos de origem animal e vegetal.

  • 78 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    Dobras: relativo aos dobramentos; curvatura ou flexo produzida nas rochas por causas de natureza variada, mas principalmente tectnica.

    Domnio: uma rea caracterizada pela presena de espcies endmicas.Endemismo: ocorrncia de um txon em uma determinada rea geogrfica.Eroso: destruio das salincias ou reentrncias do relevo por processos atmos-

    fricos, associados ao das guas superficiais (= pluviais ou fluviais), ao gelo e ao vento. a eroso antrpica aquela decorrente de uma atividade humana (exemplo: agricultura), transformando a paisagem natural.

    Escarpa: rampa ou aclive de terrenos que aparecem nas bordas dos planaltos e serras. de modo genrico so reconhecidas escarpas tectnicas e escarpas de eroso.

    Estiagem: perodo seco aps um perodo chuvoso; falta de chuva.Evapotranspirao: perda de gua por evaporao do solo e por transpirao das

    plantas.Falhamento: relativo s falhas geolgicas; superfcie marcada por uma desconti-

    nuidade gerada pelo movimento relativo entre blocos de rochas, a qual paralela a um plano de fratura. Podem ser geradas, por foras compressivas (= falhas inversas), distensivas (= falha normal) ou tangenciais (= falha em desligamento).

    Fitofisionomia: aspecto da vegetao de um dado local.Fluvial: relativo a rio.Frivel: relativo s rochas; frgil ou quebradio, em geral, as rochas friveis so

    aquelas que foram submetidas a intenso processo de intemperismo.Herbcea: planta geralmente pequena, com caule flexvel devido ausncia de

    crescimento secundrio, quase sempre verde.Intemperismo: conjunto de processos fsicos (mecnicos), qumicos ou biolgicos

    que ocasionam desintegrao (quebra) e decomposio das rochas. alguns autores utilizam tambm os termos meteorizao ou eroso elementar em substituio ao intemperismo.

    Lacustre: relativo a lago.Macios: termo descritivo, empregado para reas montanhosas que j foram par-

    cialmente erodidas. Em geral, so compostos por rochas mais resistentes eroso.

    Massa de ar equatorial continental: massa de ar quente e mida originada na poro centro-ocidental da plancie amaznia.

    Massa polar atlntica: massa fria e mida formada no extremo sul da amrica do sul.

    Meandro: sinuosidade; alas formadas por um curso dgua, normalmente pre-sentes em reas de baixa declividade.

  • PANTANAL: PAISAGENS, FLoRA E FAUNA 79

    Movimento crustal: relativo ao movimento da crosta terrestre, em decorrncia de esforos gerados por processos tectnicos onde pode haver o soerguimento ou abatimento de blocos de rochas ou ainda a compresso (= fora com-pressiva) ou estiramento (= fora distensiva) dos mesmos.

    Murundu: monte de terra.Musteldeo: mamfero da famlia mustelidae, a qual engloba diversos animais

    como lontras e fures.Neogeno: na escala de tempo geolgico, o neogeno o perodo intermedirio da

    Era Cenozoica, do on Fanerozoico. a Era Cenozoica constituda por trs perodos geolgicos, a saber: Paleogeno (o mais antigo), neogeno (o intermedirio) e Quaternrio (o mais novo). Compreende o intervalo de tempo que vai de 23,03 0,05 milhes de anos atrs at 2,588 milhes de anos atrs.

    Paleoclima: clima da Terra em eras passadas, o qual pode ser muito distinto do atual.

    Peonhento: animal que produz e capaz de inocular veneno.Piscvoro: que se alimenta de peixes.Planalto: termo descritivo para designar a superfcie elevada do relevo, em con-

    traposio plancie (= superfcie rebaixada). Constituem plats relativa-mente planos. o termo no d ideia da origem da elevao, se por processos tectnicos ou erosivos.

    Plancie de sedimentao: forma de relevo, geralmente extensa, com superfcie plana ou ligeiramente ondulada, onde h a acumulao de sedimentos de-positados em condies costeiras ou continentais (lacustres, aluviais ou fluviais). Especificamente no caso do Pantanal refere-se plancie de inun-dao fluvial, ou seja, a rea de inundada durante as cheias, s margens dos canais fluviais. recebe tambm a designao de terrao, vrzea ou leito maior.

    Pleistoceno: na escala de tempo geolgico, o Pleistoceno a poca do perodo Quaternrio, da Era Cenozoica, do on Fanerozoico. antecedido pelo Plioceno e sucedido pelo Holoceno. Est compreendida entre 2,588 mi-lhes e 11.700 anos atrs.

    Pluviosidade: quantidade de chuva, normalmente expressa em milmetros, que caiu em um determinado local durante certo perodo.

    Quaternrio: na escala de tempo geolgico, o Quaternrio o mais novo perodo da Era Cenozoica, do on Fanerozoico. a Era Cenozoica constituda por trs perodos geolgicos, a saber: Paleogeno (o mais antigo), neogeno (o intermedirio) e Quaternrio (o mais novo). o Quaternrio sucede, por-

  • 80 ELzA GUIMARES CSAR CLARo TREvELIN PEDRo SARToRI MANoEL

    tanto, o Perodo neogeno, compreendendo um intervalo de tempo que vai de 2,588 milhes de anos atrs at os dias atuais.

    Riqueza: contagem do nmero de espcies de uma rea.Savana: conjunto de tipos vegetacionais que possuem estrato herbceo contnuo

    com arbustos e rvores presentes em densidades variveis.Serra: termo descritivo empregado para caracterizar reas da superfcie terrestre

    com fortes desnveis topogrficos (= terreno acidentado).Sistemas deposicionais: termo complexo, empregado na Geologia, em Estratigrafia

    e sedimentologia. os sistemas deposicionais correspondem a divises das sucesses estratificadas, em funo de suas caractersticas sedimentares. os sistemas deposicionais contm diversos elementos e subdivises, in-cluindo: a) elementos deposicionais; b) associaes de fcies; e c) fcies sedimentares (senso estreito). Em todos os casos, trata-se de volumes de materiais depositados sob condies sedimentares bem definidas e geneti-camente relacionadas. Por exemplo, um sistema deposicional fluvial, como no caso do Pantanal, contm diversos elementos deposicionais, tais como a rea fonte, os canais fluviais tributrios, o canal fluvial principal, as plan-cies de inundao e foz do rio. os depsitos de canal fluvial equivalem associao de fcies, onde so verificados os depsitos de canal, barras are-nosas, dique marginal e rompimento de dique marginal, cada um deles equivalendo a uma fcies sedimentar senso estreito (exemplo: fcies de barra arenosa).

    Soerguimento: relativo ao movimento vertical dos blocos de rochas que causa ele-vao da superfcie terrestre.

    Tectnica: relativo s foras associadas dinmica interna do planeta que causam a movimentao horizontal e vertical da litosfera, causando falhamentos e dobramentos, dentre outros fenmenos geolgicos. Compreende ainda um ramo da Geologia que estuda a movimentao da litosfera.

    Topografia: descrio minuciosa da superfcie de uma poro de terreno.Torpor: condio voluntria e reversvel de baixa temperatura corporal e ativi-

    dade fisiolgica.Vazante: escoamento, movimento de descida das guas; perodo em que um rio

    apresenta o menor volume de gua.

  • SOBRE OS AUTORES

    Elza GuimarEs biloga pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu), mestre em Gentica e melhora-mento de Plantas pela universidade de so Paulo (usP) e doutora em Cincias Biolgicas (Botnica) pela universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). atualmente, docente do departamento de Botnica instituto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). desenvolve suas atividades cientficas e acadmicas nas reas de Botnica, Gentica e Ecologia com nfase em Biologia reprodu seu tiva e interaes, atuando nos seguintes temas: Estru-turas secretoras florais e papel nas interaes e reproduo em plantas de cer-rado. coordenadora do Projeto de Extenso universitria Paisagens do Brasil: galeria digital de fotos e vdeos sobre a flora e fauna do Pantanal.

    Csar Claro TrEvElin licenciado em Cincias Biolgicas pelo insti-tuto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). desenvolve atividades cientficas com Fotografia Cientfica ambiental e ilustrao Cientfica de espcies vegetais no departa-mento de Botnica, da mesma universidade, alm de participar efetivamente do Projeto de Extenso universitria Paisagens do Brasil: galeria digital de fotos e vdeos sobre a flora e fauna do Pantanal.

    PEdro sarTori manoEl licenciado em Cincias Biolgicas e bacha-relando em Cincias Biolgicas pelo departamento de zoologia instituto de Biocincias universidade Estadual Paulista Jlio de mesquita Filho (unEsP/campus Botucatu). desenvolve atividades cientficas com estudo de peixes de gua doce. Possui experincia em zoologia e Fotografia Cientfica ambiental. Participa efetivamente do Projeto de Extenso universitria Paisa-gens do Brasil: galeria digital de fotos e vdeos sobre a flora e fauna do Pantanal.

  • SOBRE O LIVRO

    Formato: 16 x 23 cmMancha: 28,3 x 47,9 paicas

    Tipologia: Horley Old Style 10,5/142014

    EQUIPE DE REALIZAO

    Coordenao Geral

    Tulio Kawata

  • Bookmark 1_GoBack_GoBackAGRADECIMENTOSSOBRE O PROJETO1PANTANALGeraldo Alves Damasceno JniorMarcello Guimares SimesCsar Claro TrevelinPedro Sartori ManoelElza Guimares

    2CLIMAAntnio Carlos de FreitasCsar Claro TrevelinLuiz Fernando Rolim de AlmeidaPedro Sartori ManoelGeraldo Alves Damasceno JniorElza Guimares

    3GEOLOGIAMarcello Guimares SimesCsar Claro TrevelinPedro Sartori ManoelGeraldo Alves Damasceno JniorElza Guimares

    4HIDROLOGIACsar Claro TrevelinPedro Sartori ManoelGeraldo Alves Damasceno JniorElza Guimares

    5FISIONOMIAS VEGETAISGeraldo Alves Damasceno JniorPedro Sartori ManoelCsar Claro TrevelinElza Guimares

    6FAUNAPedro Sartori ManoelCsar Claro TrevelinSilvia Mitiko NishidaIara Roberta de Azevedo Niero

    GLOSSRIOSOBRE OS AUTORESSOBRE O PROJETO1PANTANALGeraldo Alves Damasceno JniorMarcello Guimares SimesCsar Claro TrevelinPedro Sartori ManoelElza Guimares

    2CLIMAAntnio Carlos de FreitasCsar Claro TrevelinLuiz Fernando Rolim de AlmeidaPedro Sartori ManoelGeraldo Alves Damasceno JniorElza Guimares

    3GEOLOGIAMarcello Guimares SimesCsar Claro TrevelinPedro Sartori ManoelGeraldo Alves Damasceno JniorElza Guimares

    4HIDROLOGIACsar Claro TrevelinPedro Sartori ManoelGeraldo Alves Damasceno JniorElza Guimares

    5FISIONOMIAS VEGETAISGeraldo Alves Damasceno JniorPedro Sartori ManoelCsar Claro TrevelinElza Guimares

    6FAUNAPedro Sartori ManoelCsar Claro TrevelinSilvia Mitiko NishidaIara Roberta de Azevedo Niero

    GLOSSRIOSOBRE OS AUTORES