civilização grega

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Civilizao Grega Introduo A Grcia antiga desempenhou um papel muito importante na Antigidade, constituindo uma civilizao cuja influncia foi profunda na formao da cultura ocidental. A Grcia antiga abrangia o sul da pennsula Balcnica (Grcia europeia ou continental), as ilhas do mar Egeu (Grcia insular) e o litoral da sia menor (Grcia asitica). Na Grcia continental, o solo rido e pedregoso, o que tornava difcil a prtica da agricultura. O relevo, muito acidentado, dificultava a comunicao entre vrios pontos do interior dessa regio. No litoral, havia facilidade de comunicao pelo mar. Sendo extremamente recortada, a costa grega apresentava uma srie de portos naturais. Vida econmica A economia grega teve, no seu incio, um carter nitidamente agrcola e familiar. Cada agregado familiar bastava-se a si mesmo. Enquanto o homem construa a casa, cultivava a terra, fabricava as armas, a mulher tratava da vida interior do lar, cozinhando, lavando, confeccionando as roupas. O sistema de trocas, forma primitiva da vida econmica, comea, contudo, j a esboar-se, do que nos do conta os poemas homricos em que vemos os pastores trocarem a l e o leite de seus gados por utenslios e produtos que vo buscar nas povoaes vizinhas. ainda um sistema rudimentar, mas que j anuncia uma mais vasta transformao. Os grandes domnios desaparecem, ou ficam limitados a um pequeno nmero, e a terra, at a abandonada ou coberta de florestas, comea a ser racionalmente aproveitada. Em breve o sistema de trocas aperfeioa-se, por mostrar-se insuficiente. Moeda Com o passar do tempo, os povos evoluram, e aparece a necessidade de criar um sistema mais aperfeioado de troca. Foi o incio da criao da moeda. Nos sculos VII e VIII, o ouro, o cobre e o ferro fazem a sua apario, como matria prima utilizve cunhada, isto , aquela em que o fabricante garante, pela sua marca e sua efgie, o peso e a qualidade, s posteriormente comea a ser difundida. A moeda aligeira-se e passa a ser fabricada apenas em ouro e prata, acabando finalmente por se tornar monoplio do estado. Com a difuso do uso da moeda, criam-se diferentes sistemas monetrios, e como conseqncia disso, as minas de ouro e prata da Grcia, so rapidamente esgotadas. S Esparta conserva a sua pesada e imprpria moeda de ferro, que se mantm em uso at o comeo do sculo III. A Escravatura O escravo grego, adquirido por compra aos povos orientais ou prisioneiro de guerra, embora sendo tratado com humanidade e podendo adquirir um pequeno peclio, no possua teoricamente nenhum direito, no podendo pelo menos de incio, libertar-se. A Religio Grega A religio grega, cujas origens so mltiplas como as de todas as religies, apresenta, de incio, um carter acentuadamente totmico, que se reflete no culto pelas divindade animais. Vestgios do primitivo totem aparecem ainda nos tempos histricos com os deuses de cauda de serpente com os animais que acompanham as divindades antropomrficas, como a coruja de Atenia e a guia de Zeus. Em Delfos, que tanta influncia iria ter, no sobre a vida religiosa, mas sobre a vida poltica dos gregos, o antigo deus era representado por uma serpente e s mais tarde assumiria a forma de Apolo. A divinizao das foras da natureza, que encontram-se em todas as religies primitivas misturadas com prtica de magia de carter imitativo, tambm uma das caractersticas da antiga religio grega, e traduz-se no culto da deusa-me, prprio de muitos outros povos, em que a terra primitivamente virgem se torna fecunda pela ao das chuvas.

Os gigantes e os tits antepassados dos homem que nascem desse conbio mais tarde sero escorraados por Zeus, deus de origem indo-ariana o que nos faz supor que essas formas primitivas do culto correspondem populao autctone, mais tarde vencida e dominada pelas tribos helnicas. Os gregos adoravam vrios deuses, e os representavam sob a forma humana. Portanto, sua religio era politesta e antropomrfica. Os deuses habitavam o monte Olimpo. No monte Olimpo habitavam 15 deuses, so eles: Zeus - Deus do cu e Senhor do Olimpo; Hstia - Deusa do lar; Hades - Deus do mundo subterrneo (inferno); Demter - Deusa da agricultura; Hera - Deusa do casamento; Posidon - Deus dos mares Ares - Deus da guerra; Atena - Deusa da inteligncia e da sabedoria; Afrodite - Deusa do amor e da beleza; Dionsio - Deus do vinho, do prazer e da aventura; Apolo - Deus do Sol, das artes e da razo; Artemis - Deusa da Lua, da caa e da fecundidade animal; Hefestos - Deus do fogo; Hermes - Deus do comrcio e das comunicaes. Asclpio - Deus da medicina. As trs Graas; As noves Musas; Eros; As Horas; As Morais. O culto aos deuses era to desenvolvido entre os gregos, que chegaram a erigir soberbos templos as suas divindades, nos quais realizavam suas oraes. Consideravam que os orculos eram meios utilizados pelos deuses para se comunicarem com eles. Literatura Pelo que diz respeito a literatura grega, h a considerar, uma grande obra: os poemas homricos. De fato, eles so a obra comum de um povo cuja unidade espiritual, se comea a formar, e ser a mais forte, atravs da histria, de todos os povos conhecidos.

E o seu valor no especificamente literrio. Contribuindo para a formao de uma tradio mtica e de uma religio comuns, eles estabeleceram definitivamente a base histrica dessa unidade. Mas logo a seguir, a literatura comeou a individualizar-se e, no sculo VI, as manifestaes literrias de carter pessoal j se multiplicavam por todo o mundo grego. Esse fenmeno particularmente evidente na poesia, que ensaia, com felicidade, os seus primeiros vos lricos e dramticos. A arquitetura e a escultura A arquitetura e a escultura vo se desenvolvendo a par, seja no progresso material, que se traduz pelo enriquecimento das cidades e das populaes, seja no progresso espiritual , que se revela nas instituies morais e polticas, na literatura e na filosofia. certo que as cidades gregas s viro atingir o seu mximo esplendor material na poca helenstica e conservaro sempre, no seu conjunto, um aspecto modesto, em nada comparvel com a grandiosidade suntuosa das cidades dos antigos imprios. A partir do sculo VI comeam a notar-se grandes progressos, que se evidenciam no s no tamanho das construes como no aperfeioamento e multiplicidade das formas arquiteturais. O aperfeioamento da aparelhagem das paredes, a utilizao da falsa-esquadria, que permite a adaptao de pedras poligonais, e o uso, em larga escala, de colunas caneladas e mais altas, coroadas por fustes soerguidos de formas mais delicadas e imaginosas, vem a par com o emprego do mrmore nas construes, que, a partir do sculo VI, se generaliza. O estilo drico mais simples, mas mais grandioso, combina-se com o jnico, impregnado de influncias orientais, com os seus graciosos capitis cercados por frisos esculpidos, caritides ou motivos ornamentais como cenas descritivas, ou em que a flor de loto predomina. A arquitetura grega teve como mrito essencial o ter justificado e encorajado a escultura, dado que o escultor tinha como principal funo ornamentar as grandes obras arquiteturais. Estas, mesmo no sculo V, confinavam-se aos edifcios pblicos, especialmente aos templos, vistos que as residncias particulares conservam at a poca helenstica a mesma configurao sbria e modesta. Mas at nos templos as inovaes no abundam. Os arquitetos gregos, mesmo os maiores, que dirigiram a construo do Partenon, dos Propileus e do Erecteion, e cujos nomes como o de Calcrates, Flocles, Menesicles e Ictino passaram a posteridade, no conseguiram resolver os problemas tcnicos a que os obscuros arquitetos medievais, iriam, entre o sculo X e o XIV, dar uma to simples e harmoniosa soluo. A Pintura e a Cermica Da pintura grega, se certo que chegaram at nos os nomes de Micon, Polignoto e Pananos, apenas se sabe, diretamente, que servia como decorao interior dos templos, visto que desapareceram todas as suas composies. Pelo desenho dos vasos pode-se afirmar que ele revela um progresso ntido sobre a pintura dos imprios antigos, embora esse progresso se refira exclusivamente ao desenho e no cor, que continua a ser basta e empastada. Da cermica conservaram-se magnficos exemplares, alguns assinados por Eufrnio, o mestre ceramista mais notvel da antigidade grega. A Cincia e a Filosofia Cincia e filosofia so, de comeo, na Grcia, inseparveis, e a sua ciso s se vir a fazer e dentro de certa medida na poca helenstica, para se efetivar nos tempos modernos, sem que, as ligaes entre as duas se rompam inteiramente. Cincia, no seu sentido mais vasto, significa conhecimento, e assim parece envolver a prpria filosofia, que no mais que uma tentativa permanente desiludida, mais teimosamente persistente, de conhecimento total.

Esparta Esparta , ou Lacedemnia, localizava-se na pennsula do Peloponeso, na plancie da Lacnia. Foi fundada no sculo IX a.C., as margens do rio Eurotas, aps a unio de trs tribos dricas. Esparta tem sido considerada muito justamente o prottipo da cidade aristocrtica. Politicamente, Esparta organizava-se sob uma diarquia, ou seja, uma monarquia composta por dois reis, que tinham funes religiosas e guerreiras. As funes executivas eram exercidas pelo Elforato, composto por cinco membros eleitos anualmente. Havia tambm a Gersia, composta por 28 membros da aristocracia, com a idade superior a 60 anos, que tinham funes legislativas e controlavam as atividades dos diarcas. Na base das estruturas polticas, encontravam-se a pela ou assemblia popular, formada por todos os cidados maiores de 30 anos, que tinham a funo de votar leis e escolher os gerontes. O modo de vida espartano, rigidamente regulamentado, visava perpetuar de todas as formas, a estrutura social existente. A educao do cidado espartano era dirigida intensamente para a obedincia autoridade e para a aptido fsica, fundamentais um estado militarizado. Todas as crianas que possussem debilidade fsica, algum indcio de doena ou fraqueza, eram sacrificadas ao nascer. As demais ficavam com suas famlias at os sete anos de idade, e depois os meninos eram entregues ao estado. At os 18 anos aprendiam a viver em duras condies, recebiam uma rgida disciplina, depois entravam para o exrcito, tornando-se hoplitas. Aos 30 anos tornavam-se cidados, podendo casar e ter participao poltica. Somente aos 60 anos eram desmobilizados do exrcito podendo fazer parte da Gerssia. Atenas Atenas situava-se na tica, apresenta uma paisagem movimentada, onde colinas e montanhas parcelam pequenas plancies. A ocupao inicial da tica se fez com os arqueus, seguidos posteriormente por jnios e elios. Atenas conservou a monarquia por muito tempo, at que foi substituda pelo arcontado. O arcontado era composto por nove arcontes cujos mandados eram anuais. Foi criado tambm um conselho o aerpago composto por euptridas, com a funo de regular a ao dos arcontes. Estabeleceu-se assim o pleno domnio oligrquico. No sculo V, perodo de seu maior desenvolvimento, essa admirvel democracia ateniense representou a maior realizao poltica da Antigidade. O regime poltico de Atenas, pela primeira vez, o conceito puro de democracia se estabelece, assenta sobre a igualdade dos cidados em face da lei. Aos poucos, os ltimos vestgios de privilgio vo desaparecendo, e ficam de fora as mulheres, os estrangeiros e os escravos. Alm de se encarnar nos usos e costumes que o exerccio das liberdades e o sentimento de igualdade torna mais compassivos e humanos, ela se encontra garantida na lei que lhe probe que lhes seja dada a morte pelo seu senhor, punindo, severamente, as sevcias e os maus tratos. Sem ser perfeito, o funcionamento da democracia em Atenas est assegurado pela adequada formao dos seus rgos polticos. De fato, tanto quanto possvel, a vontade popular, isto , a soberania do povo, encontrou nas instituies democrticas de Atenas a forma se exprimir e exercer.

Civilizao Grega - Histria da CivilizaoPerodos de Formao da Civilizao

3000 -1100 a.e.c

A Grcia em seus Primrdios Os gregos fazem parte de um vasto conjunto de povos designados com o nome convencional de Indo-Europeus. Estes, ao que parece, se localizavam, desde o quarto milnio, ao norte do Mar Negro, entre os Crpatos e o Cucaso, sem jamais, todavia, terem formado uma unidade slida, urna raca, urn imprio organizado e nem mesmo uma civilizaco material comum. Talvez tenha existido, isto sim, uma certa unidade linguistica e uma unidade religiosa. Pois bern, essa frgil unidade, mal alicercada num aglomerado de povos, rompeuse, l pelo terceiro milnio, iniciando-se, ento, uma srie de migraces, que fragmentou os Indo-Europeus em vrios grupos lingusticos, tomando uns a direo da Asia (armnio, indoiraniano, tocariano, hitita), permanecendo os demais na Europa (balto, eslavo, albans, celta, itlico, grego, germanico). A partir dessa disperso, cada grupo evoluiu independentemente e, como se tratava de povos nmades, os movimentos migratrios se fizeram no tempo e no espaco, durante sculos e ate milnios, no so em relao aos diversos grupos entre si, mas tambm dentro de um mesmo grupo. Assim, se as primeiras migraes indo-europias (indo-iranianos, hititas, itlicos, gregos) esto sculos distantes das 1timas (baltos, eslavos, germnicos...), dentro de um mesmo grupo as migraes se fizeram por etapas. Desse modo, o grupo itlico, quando atingiu a Itlia, j estava fragmentado, dialetado, em latinos, oscos e umbros, distantes sculos uns dos outros, em relao chegada a seu habitat comum. Entre os helenos o fato ainda mais flagrante, pois, como se ha de ver, os gregos chegaram a Hlade em pelo menos quatro levas: jnios, aqueus, elios e drios e, exatamente como aconteceu com o itlico, com sculos de diferena entre um grupo e outro. Para se ter urna idia, entre os jnios e os drios medeia uma distancia de cerca de oitocentos anos! Se no possvel reconstruir, mesmo hipoteticamente, o imprio indo-europeu e tampouco a lngua primitiva indo-europia, pode-se, contudo, estabelecer um sistema de correspondncias entre as denominadas lnguas indo-europias, mormente, e o que importa no momento, no que se refere ao vocabulrio comum e, partindo deste, chegar a certas estruturas religiosas dessa civilizao.

O vocabulrio comum mostra a estrutura patrilinear da familia, o nomadismo, urna forte organizao militar, sempre pronta para as conquistas e os saques. Igualmente se torna claro que os indo-europeus conheciam hem e praticavam a agricultura; criavam rebanhos e conheciam o cavalo.

1100 800 a.e.c

Introduo A Era negra ou Idade das Trevas na Grcia (1100 - 800 a.e.c.) cujo incio tem lugar a partir da invaso drica e do final da civilizao micnica no sculo XI a.C. e cujo fim marcado pela ascenso das primeiras cidades-estados gregas no sculo IX a.e.c., pela literatura pica de Homero e pelos primeiros registros escritos a utilizarem o alfabeto grego, no sculo VIII a.e.c..

A arqueologia mostra que houve uma colapso da civilizao que habitava o mundo Mediterrneo ocidental durante esse perodo. Os grandes palcios e cidades dos micnicos foram destrudos ou abandonados. A civilizao hitita entrou em colapso. Cidades inteiras foram destrudas, desde Tria at Gaza. A lngua grega deixou de ser escrita. A arte cermica da idade das trevas grega consistia em desenhos geomtricos simplistas, a decorao figurativa da produo micnica anterior sendo inexistente. Os gregos do perodo da idade das trevas viviam em habitaes menores e mais esparsas, o que sugere a fome, escassez de alimentos e uma queda populacional. No foram encontrados em stios arqueolgicos nenhum artigo importado, mostrando que o comrcio internacional era mnimo. O contato entre poderes do mundo exterior tambm foi perdido durante essa poca, resultando num progresso cultural vagaroso, bem como uma atrofia em qualquer tipo de crescimento. Os reis desse perodo mantiveram sua forma de governo at que foram substitudos por uma aristocracia. Mais tarde, algumas reas, dessa aristocracia foi substituda por um setor aristocrtico dentro de si prprio - a elite da elite. As tcnicas militares de guerra tiveram seu foco mudado da cavalaria para a infantaria, e devido ao barato custo de produo e de sua disponibilizao local, o ferro substituu o bronze como metal, sendo usado na manufatura de ferramentas e armas. Lentamente a igualidade cresceu entre os diferentes estratos sociais, resultando na usurpao de vrios reis e na ascenso da famlia (, genos). As famlias (, gnoi) comearam a recontruir seu passado, na tentativa de traar suas linhagens a heris da Guerra de Tria, e ainda mais alm principalmente a Heracles. Enquanto a maior parte daquelas histrias eram apenas lendas, algumas foram separadas por poetas da escola de Hesodo. Alguns desses "contadores de histrias", como eram chamados, incluam Hecateu de Mileto e Acusilau de Argos, mas a maioria desses poemas foram perdidos. Acredita-se que os poemas picos de Homero contm um certo montante de tradio preservada oralmente durante o perodo da Idade das Trevas. A validade histrica dos escritos de Homero tm sido disputada vigorosamente a "questo homrica"). Ao fim desse perodo de estagnao (uma das principais caractersticas da Idade das Trevas) a civilizao grega foi engolida por um renascena que espalhou-se pelo mundo grego chegando at ao Mar Negro e Espanha. Nova Forma de Escrita O uso do sistema silbico dos minicos, as to chamadas escritas lineares, caram em ntido desuso uma vez que o novo sistema alfabtico de escrita semtico, criado pelos fencios mas tomado - e, depois, modificado - pelos gregos comeou a ser empregado - para grafar no s a lngua grega, mas tambm outras lnguas no mediterrneo ocidental da poca. Antes desse turbulento perodo, os micnicos escreviam sua lngua utilizando o Linear B, mas aps a idade das trevas, quando a histria comeava novamente a ser registrada, encontramos este novo alfabeto, o habitual alfa-beta-gama. Tambm os etruscos mais antigos provavelmente se beneficiaram com a nova forma de escrita. Uma vez que esse povo alcanou a Itlia ocidental nos sculos posteriores a 1.200 a.e,c., esse mesmo sistema de escrita espalhou-se

rapidamente pela Itlia - servindo de grande valia ao latim - e chegando a ser adotado pelas tribos germnicas nortistas na forma de runas. Os lmnios, de posse dum idioma falado na ilha egia de Lemnos, similar lngua etrusca, usavam um alfabeto idntico aos dos etruscos numa inscrio chamada Estela de Lemnos. As escritas lineares anteriores, contudo, no foram abandonadas inteiramente, uma vez que algumas inscries pertencentes a sculos posteriores foram encontradas mostrando tais sistemas de escrita, como as inscries de eteocipriotas. Os Povos do Mar por volta dessa poca que revoltas em larga escala tomaram lugar, alm de tentativas de usurpao dos reinos existentes por parte de povos vizinhos vtimas da praga, inanio e penria. O reino hitita tombou devido invaso dos chamados "povos do mar", um conjunto de populaes originrias das reas circumvizinhas em volta do Mediterrneo. Um outro conjunto de povos tentou tomar o Egito duas vezes: uma durante o reino de Merneptah, e novamente durante o reino de Ramss III. As defesas egpcias, contudo, ao contrrio das hititas, tiveram sucesso em ambas as vezes.

800 500 a.e.c

Introduo No h uma datao fixa ou universalmente aceita para o incio ou fim do perodo arcaico grego. Geralmente chama-se "Grcia Antiga" a todo o perodo da histria grega anterior ao Imprio Romano, enquanto "Grcia Arcaica", termo usado pelos historiadores, refere-se especificamente a um dos perodos da antigidade grega.

A Grcia arcaica considerada pela maioria dos historiadores como uma cultura que representou o fundamento da civilizao ocidental. A cultura grega

foi uma influncia poderosa no Imprio Romano, que levou a muitas partes da Europa uma verso dessa cultura. A civilizao da Grcia arcaica foi de influncia pujante no mundo moderno, em diversos aspectos culturais, como lngua, poltica, educao e escolaridade, filosofia, arte e arquitetura, principalmente durante a Renascena na Europa Ocidental, e, novamente, durante vrios revivals no-Clssicos no sculos XVIII e XIX d.e.c. tanto na Europa como nas Amricas. A unidade poltica bsica na Grcia arcaica era a plis (), geralmente traduzida como cidade-estado. A prpria palavra "poltica" (em grego, , assuntos pblicos ou assuntos do Estado) significa "assuntos da plis". Cada cidade era independente, ao menos em teoria. Algumas cidades poderiam ser subordinadas a outras (como uma colnia tradicionalmente acedendo sua cidade-me), outras poderiam adotar formas de governo inteiramente dependentes de outras cidades (os Trinta Tiranos de Atenas foram impostos por Esparta ao fim da Guerra do Peloponeso), mas o ttulo de poder supremo de cada cidade encontrava-se nelas prprias. Isso significa que quando a Grcia entrava em guerra (p.ex., contra o Imprio Persa), era como se uma aliana entrasse em guerra. Tal caracterstica, por outro lado, tambm deu ampla oportunidade para guerras dentro da prpria Grcia, entre cidades diferentes.

500 400 a.e.c

Introduo

Os Perodos que datam a histria da Civilizao grega variam de autor pra autor, seguindo nosso modelo o Perodo Clssico estende-se de 500 e 400 a.e.c., seguido pelo Perodo ps-classico que vai de 400 a 330 a.e.c. O Perodo

Clssico marcado pela guerra contra os persas e a hegemonia e declnio de Atenas e inicio do domino Espartano em 404 a.e.c. Cada um destas plis desenvolveu o seu modelo poltico (a oligarquia militarista em Esparta e a democracia aristocrata em Atenas).

Ao nvel externo verifica-se a ascenso do Imprio Persa Aquemnida quando Ciro II conquista o reino dos Medos. O Imprio Aquemnida prossegue uma poltica expansionista e conquista as cidades gregas da costa da sia Menor. Atenas e Ertria apoiam a revolta das cidades gregas contra o domnio persa, mas este apoio revela-se insuficiente j que os Jnios so derrotados: Mileto tomada e arrasada e muitos Jnios decidem fugir para as colnias do Ocidente. O comportamento de Atenas iria gerar uma reao persa e esteve na origem das Guerras Mdicas (490-479 a.e.c.). Em 490 a.e.c. a tica invadida pelas foras persas de Dario I, que j tinham passado por Ertria, destruindo esta cidade. O encontro entre Atenienses e Persas ocorre em Maratona, saldando-se na vitria dos Atenienses, apesar de estarem em desvantagem numrica. Dario prepara a desforra, mas falece em 485 a.e.c., deixando a tarefa ao seu filho Xerxes I que invadiu a Grcia em 480 a.e.c.. Perante a invaso, os Gregos decidem esquecer as diferenas entre si e estabelecem uma aliana composta por 31 cidades, entre as quais Atenas e Esparta, tendo sido atribuda a esta ltima o comando das operaes militares por terra e pelo mar. As foras espartanas lideradas pelo rei Lenidas I conseguem temporariamente bloquear os Persas na Batalha das Termpilas, mas tal no impede a invaso da tica. O general Temstocles tinha optado por evacuar a populao da tica para Salamina e sob a direo desta figura Atenas consegue uma vitria sobre os Persas em Salamina. Em 479 a.e.c. os gregos confirmam a sua vitria desta feita na Batalha de Platias. A frota persa foge para o Mar Egeu, onde em 478 a.e.c. vencida em Mcale. Com o fim das Guerras Mdicas, e em resultado da sua participao decisiva no conflito, Atenas sob a liderana do lendrio Pricles, torna-se uma cidade poderosa que passa a intervir nos assuntos do mundo grego. Esparta e Atenas distanciam-se e entram em rivalidade, encabeando cada um delas uma aliana poltica e militar: no caso de Esparta era a Liga do Peloponeso e no caso de Atenas a Liga de Delos. Esta ltima foi fundada em 477 a.e.c. e era composta essencialmente por estados martimos que encontravam-se prximos do Mar Egeu, que temiam uma nova investida persa. O centro administrativo da liga era a ilha de Delos. Para poder atingir o seus objetivos a Liga precisava possuir uma frota. Os seus membros poderiam contribuir para a formao desta com navios ou dinheiro, tendo muitos estados optado pela ltima opo. Com o tempo Atenas afirma-se como o estado mais forte da Liga, fato simbolizado com a transferncia do tesouro de Delos para Atenas em 454 a.e.c.. Os Atenienses passam a considerar qualquer secesso da Liga como um ato de traio e punem os

estados que tentam faz-lo. Esparta aproveita este clima para realizar a sua propaganda. As relaes entre as duas pleis atingem o grau de saturao em 431 a.e.c., ano em que se inicia a guerra. As causas para esta guerra, cuja principal fonte para o seu conhecimento o historiador Tucdides, so essencialmente trs. Antes do conflito Atenas prestara ajuda a Crcira, ilha do Mar Jnio fundada por Corinto (aliada de Esparta), mas que era completamente independente. Atenas tambm decretara sanes econmicas contra Mgara, justificadas com base em uma alegada transgresso de solo sagrado entre Mgara e Atenas. Para alm disso, Atenas realiza um bloqueio naval cidade de Potideia, no norte da Grcia, sua antiga aliada que se revoltara e pedira ajuda a Corinto. Esparta lana um ultimato a Atenas: deve levantar as sanes a Mgara e suspender o bloqueio a Potideia. Pricles consegue convencer a Assembleia a rejeitar o ultimato e a guerra comea. Os Atenienses adotam a estratgia proposta por Pricles, que advogava que a populao dos campos se concentrasse no interior das muralhas de Atenas; os alimentos e os recursos chegariam atravs do porto do Pireu. Contudo, a estratgia teve um resultado imprevisvel: a concentrao da populao, aliada a condies de baixa higiene provocou a peste que atingiu ricos e pobres e o prprio Pricles. A guerra continuou at 422 a.e.c. ano em que Atenas derrotada em Anfpolis. Na batalha morrem o general espartano Brsidas e o ateniense Clon, ficando o ateniense Ncias em condies de estabelecer a paz (Paz de Ncias, 421 a.e.c.). Apesar do suposto cessar das hostilidades, entre 421 e 414 as duas pleis continuam a combater, no diretamente entre si, mas atravs do seus aliados, como demonstra a ajuda secreta dada a Argos por Atenas. Em 415 a.e.c. Alcibades convenceu a Assembleia de Atenas a lanar um ataque contra Siracusa, uma aliada de Esparta, em expedio que se revelou um fracasso. Com a ajuda monetria dos Persas, Esparta construiu uma frota, que foi decisiva para vencer a guerra. Na Primavera de 404 a.e.c. Atenas rende-se.

400 330 a.e.c

Introduo O Perodo conhecido como Ps-Clssico, marca a vitria de Tebas contra Esparta e consequentemente seu perodo de Hegemonia sobre a Hlade. Com o Enfraquecimento das cidades-estado gregas devido ao longo de perodo de guerras desde a invaso dos persas at a derrota final de Esparta contra Tebas, abriu caminho para que os macednicos sob o comando de Phillip invadissem e adquirissem direitos polticos sobre todos os helenos, enfim, a hlade estava unida sob uma bandeira, um s estado, o Imprio Macednico.

Vrias alianas e acordos foram fechedos entre os helenos, tendo principalmente a bandeira ateniense frente a fim de repelir mais um ataque brbaro terra sagrada de Zeus, mas desta vez sem sucesso, culminando em 338 a.e.c. a derrota final dos helenos sob as poderosas falanges macednicas. O reino da Macednia, situado a norte da Grcia, emerge em meados do sculo IV a.e.c. como nova potncia. Os macednios que no falavam o grego e no adoptaram o modelo poltico dos gregos, eram vistos por estes como brbaros. Apesar disso, muitos nobres macednios aderiram cultura grega, tendo a Macednia sido responsvel pela difuso da cultura grega em novos territrios. Durante o reinado de Filipe II da Macednia o exrcito macednio adota tcnicas militares superiores, que aliadas diplomacia e corrupo, vo permitir-lhe a dominar as cidades da Grcia. Nestas formam-se partidos favorveis a Filipe, mas igualmente partidos que se opem aos Macednios. Em 338 a.e.c. Filipe e o seu filho, Alexandre, o Grande, derrotam uma coligao grega em Queroneia, desta forma colocando a Grcia continental sob domnio macednio. Filipe organiza ento a Grcia em uma confederao, a Assembleia de Corinto, procurando unir os gregos com um objetivo comum: conquistar o Imprio Persa como forma de vingar pela invaso de 480 a.e.c. Contudo, Filipe viria a ser assassinado por um nobre macednio em Julho de 336 a.e.c., tendo sido sucedido pelo seu filho Alexandre.

330 30 a.e.c

Introduo Da expresso "Helenistas", usada nos Atos dos Apstolos (VI, 1) para indicar os cristos da diaspora que falavam a Coin e liam a Bblia na traduo dos Setenta, O historiador J. G. Droysen (1808-1884 d.e.c) derivou a palavra helenismo. "Foi Droysen que descobriu na sua biografia de Alexandre Magno (1836) o verdadeiro significado das conquistas macednicas: deram elas inicio a uma nova poca histrica em que a cultura grega se ia misturando corn muitos elementos orientais.

Convencionou-se, assim, chamar Helenismo o periodo da Histria que se inicia com a morte de Alexandre Magno (323) e se estende, segundo uns, ate o ano de 146 a.e.c.. (data em que a Grcia passou sob o controle do proconsul da provncia da Macednia) ou, segundo ontros, ate o ano de 31 a.e.c. (data da batalha de Actium). Observe-se desde logo que no pacIfica a definio de helenismo, o termo cmodo mas discutvel designar em seu conjunto a civilizao de trs sculos durante os quais a cultura grega irradiou-se bastante longe, alm de seu centro original. Eis algumas definies de Helenismo: 1. Civilizao surgida como produto da fuso de lementos culturais gregos e orientais nas regies conquistadas por Alexandre Magno; 2. Simples extenso da civilizao grega aos orientais; 3. Simples continuao da antiga civilizao Grega; 4. A mesma civilizao grega modificada por novas circunstncias;

Preferimos a primeira definio. Devemos contudo notar: 1. Muitos aspectos do helenismo j aparecem, pelo menos em germe, antes das conquistas de Alexandre; 2. A primeira grande caracterstica da nova poca histrica que assinala um rompimento com o passado so as grandes reviravotlas polticas subsequentes a morte de Alexandre; 3. O mundo helenstico revela-se um mundo de horizontes ampliados. O particularismo das cidades gregas acabou substituido por uma concepo universalista: a ecmene, o mundo habitado pelos homens civilizados que usam, como veculo de expresso, a lngua comum, a coin "o grego pode ser utilizado de Marselha at ao Indo, do Cspio as Cataratas. A nacionalidade passa para segundo plano; uma linguagem e uma educao comuns suscitam uma mesma cultura em todas as cidades do "mundo habitado"; a literatura, a cincia e sobretudo a filosofia, se propagam, ate um certo ponto, alm da Grcia; as classes superiores em Roma e em alguns lugares da Asia tem o sentimento de que a cultura grega necessria a todo o homem culto, ao menos superficialmente. O comrcio internacionalizado. Uma grande parte de barreiras caem; a liberdade de pensamento atinge urn grau que no mais se vera antes dos tempos modernos; o dio racial, salvo, talvez, entre os egpcios indgenas e alguns judeus, desaparece; a perseguico religiosa por motivos religiosos desconhecida (pois a ao de Augusto contra os judeus era uma medida poltica); a moral uma questo que interessa a cincia e no a autoridade. A personaildade do indivduo pode ter livre curso. uma poca de especialistas, quer para o trabaihador cientIfico ou para o carpinteiro que fabrica uma porta, mas incapaz de coloc-la.

Presentes em todas as culturas, os Mitos situam-se entre a Razo e a F, mas so considerados sagrados. Os principais tipos de mito referem-se origem dos deuses, do mundo e ao fim das coisas. Distinguem-se mitos que contam o nascimento dos deuses (Teogonia), mitos que contam a criao do mundo (Cosmogonia), mitos que explicam o destino do homem aps a morte (Escatologia) e outros. Segundo alguns especialistas, os mitos encarnam fenmenos fundamentais da vida: o Amor, a Morte, o Tempo, etc., e certos fenmenos, como as Florestas, as Tempestades, tm sempre um mesmo valor simblico, seja qual for a civilizao considerada. Em muitas mitologias, delineiam-se hierarquias de deuses, cada uma com um ou mais deuses supremos. A supremacia pode ser partilhada pelos membros de um casal, ou ser atribuda simultaneamente a dois ou trs deuses distintos. A Mitologia Helnica uma das mais geniais concepes que a humanidade produziu. Os gregos, com sua fantasia, povoaram o cu e a terra, os mares e o mundo subterrneo de Divindades Principais e Secundrias. Amantes da ordem, instauraram uma precisa categoria intermediria para os Semideuses e Heris. A mitologia grega apresenta-se como uma transposio da vida em zonas ideais. Superando o tempo, ela ainda se conserva com toda a sua serenidade, equilbrio e alegria. A religio grega teve uma influncia to duradoura, ampla e incisiva, que vigorou da pr-histria ao sculo IV e muitos dos seus elementos sobreviveram nos Cultos Cristos e nas tradies locais. Complexo de crenas e prticas que constituram as relaes dos gregos antigos com seus deuses, a religio grega influenciou todo o Mediterrneo e reas adjacentes durante mais de um milnio. Os gregos antigos adotavam o Politesmo Antropomrfico, ou seja, vrios deuses, todos com formas e atributos humanos. Religio muito diversificada, acolhia entre seus fiis desde os que alimentavam poucas esperanas em uma vida paradisaca alm tmulo, como os heris de Homero, at os que, como Plato, acreditavam no julgamento aps a morte, quando os justos seriam separados dos mpios. Abarcava assim entre seus fiis desde a ingnua piedade dos camponeses at as requintadas especulaes dos Filsofos, e tanto comportava os excessos orgisticos do culto de Dioniso como a rigorosa ascese dos que buscavam a purificao.

No perodo compreendido entre as primeiras incurses dos povos helnicos de origem Indo-europia na Grcia, no incio do segundo milnio a.e.c, at o fechamento das escolas pags pelo imperador bizantino Justinianus, no ano 529 da era crist, transcorreram cerca de 25 sculos de influncias e transformaes. Os primeiros dados existentes sobre a religio grega so as Lendas Homricas, do sculo VIII a.e.c, mas possvel rastrear a evoluo de crenas antecedentes. Quando os indo-europeus chegaram Grcia, j traziam suas prprias crenas e deuses, entre eles Zeus, protetor dos cls guerreiros e senhor dos estados atmosfricos. Tambm assimilaram cultos dos habitantes originais da pennsula, os Pelasgos, como o orculo de Dodona, os deuses dos rios e dos ventos e Demter, a deusa de cabea de cavalo que encarnava o ciclo da vegetao. Depois de se fixarem em Micenas, os gregos entraram em contato com a civilizao cretense e com outras civilizaes mediterrneas, das quais herdaram principalmente as divindades femininas como Hera, que passou a ser a esposa de Zeus; Atena, sua filha; e rtemis, irm gmea de Apolo. O incio da filosofia grega, no sculo VI a.e.c., trouxe uma reflexo sobre as crenas e mitos do povo grego. Alguns pensadores, como Herclito, os Sofistas e Aristfanes, encontraram na mitologia motivo de ironia e zombaria. Outros, como Plato e Aristteles, prescindiram dos deuses do Olimpo para desenvolver uma idia filosoficamente depurada sobre a divindade. Enquanto isso, o culto pblico, a religio oficial, alcanava seu momento mais glorioso, em que teve como smbolo o Partenon ateniense, construdo por Pricles. A religiosidade popular evidenciava-se nos festejos tradicionais, em geral de origem camponesa, ainda que remoada com novos nomes. Os camponeses cultuavam P, deus dos rebanhos, cuja flauta mgica os pastores tentavam imitar; as ninfas, que protegiam suas casas; e as nereidas, divindades marinhas. As conquistas de Alexandre o Grande facilitaram o intercmbio entre as respectivas mitologias, de vencedores e vencidos, ainda que fossem influncias de carter mais cultural que autenticamente religioso. Assim que foram incorporadas religio helnica a deusa frgia Cibele e os deuses egpcios sis e Serpis. Pode-se dizer que o sincretismo, ou fuso pacfica das diversas religies, foi a caracterstica dominante do perodo Helentico.

Antes dos deuses, o espao apresentava apenas uma confusa massa, em que se confundiam os princpios de todos os seres. "O sol, diz Ovdio, ainda no esparzia a sua luz pelo universo; a lua no estava sujeita s vicissitudes; a terra no se achava suspensa no meio do ar, em que se sustenta pelo seu prprio peso; o mar no tinha margens; a gua e o ar mesclavam-se terra

que no tinha solidez; a gua no era fluida, o ar no tinha luz, tudo era confuso. Nenhum corpo tinha a forma que devia ter e todos juntos se obstaculavam uns aos outros... Deus colocou cada corpo no lugar que devia ocupar, e estabeleceu as leis que formariam a unio deles. O fogo, que o mais leve dos elementos, ocupou a regio mais elevada, o ar tomou, sob o fogo, o lugar que lhe convinha; a terra, apesar do peso, encontrou o seu equilbrio e a gua que a circunda viu-se posta no lugar mais baixo." (Ovdio). Cu (Urano) tornou-se esposo da terra e da unio de ambos nasceram os Tits, dentre os quais sobressaem o Tempo (Cronos, mais tarde confundido com Saturno), Oceano, pai dos rios, Atlas, personificao das montanhas, Japeto, antepassado do gnero humano. Os Relmpagos (Ciclopes) e as Tempestades (Hecatonquiros), igualmente nascidos do Cu, surgem um instante, depois desaparecem, sem que se saiba para onde vo. que o Cu, quando lhe nascem filhos de tal espcie, os mergulha de novo no seio da Terra, me deles. Esta, no entanto, irritada com tal procedimento, instigou os Tits a rebelar-se contra o pai: o Tempo (Cronos) chefiou-os, e, armado de uma espcie de foice chamada harpe, que sua me lhe entregara, feriu gravemente o pai, reduzindo-o impotncia. O sangue que da chaga celeste tombou sobre a terra fez com que desta sassem as Frias; o que tombou sobre o mar deu nascimento a Afrodite (ou Vnus) personificao da Atrao. Essas velhas lendas, to esquecidas na grande poca helnica, acham-se assaz vagamente indicadas nos poetas e nunca aparecem na arte, sob a sua forma primitiva e arcaica. O atlas de Guigniaut, que serve de comentrio grande obra de Creuzer, d como representao de Urano uma figura de velho envolta em ampla manta e colocada no firmamento entre o sol e a lua.

CaosExistia antes da criao e coexiste com o mundo formal, envolvendo-o como uma imensa e inexaurvel reserva de energias, Caos em grego (Khos), do verbo (khaein), abrir-se, entreabrir-se, significa abismo insodvel.

reborebo era uma espcie de purgatrio grego Em grego (rebos), designa as trevas infernais. Trata-se de uma concepo indoeuropia, cuja raiz regwos, que aparece em snscrito como rjas, espao obscuro, no gtico riqiz, obscuridade, e no armnio erek, crepsculo.

ErosDeus do amor, do desejo e seduo Em grego (ros), significa desejo incoercvel dos sentidos.

EterCamada superior do cosmo Em grego (Aithr), do verbo (athein), brilhar iluminar, onde "o brilhante".

Geia ou GaiaGeia ou Gaia a Terra, a me de todos os Deuses e seres divinos Em grego (Gaa), etimologia ainda se desconhece.

HemeraPersonificao do Dia Em grego (Hemra), cuja base o indo-europeu mr, "claridade".

MontesSimboliza as montanhas Em grego (rea), do verbo (resthai), "elevar-se", personificados como filhos de Gia, so em Hesodo a "agradvel habitao das Nifas".

NixPersonificao da Noite Em grego (Nks), a personificao e a deusa da noite cuja rais o Indo-europeu nokwt "escurido.

PontosPersonificao do Mar Em grego (Pntos), talvez da raiz pent, ao de caminhar, o snscrito tem pntbh, caminho, e o latim pons, ponte, passarela. Pontos , pois, a marcha, o caminho,

TrtaroLugar no Hades reservado punio eterna das almas condenadas Em grego (Trtaros), etimologia ainda se desconhece.

UranoO Cu, primeiro rei dos deuses e pai dos demais seres primordiais Em grego (Urans). No mais se aceitando a aproximao com Varuna, talvez se pudesse cotejar o vocbulo grego com F (worsans), snscrito varsa-, "chuva", onde Urano seria "o que chove", fecundando Geia.

AfroditeDeusa do amor e da fertilidade Em grego (Aphodte), de etimologia desconhecida. O grego (aphrs), "espuma", teve evidentemente influncia na criao do mito da deusa nascida das "espumas" do mar. Do ponto de vista etimolgico, no entanto, Afrodite nenhuma relao possui

AlfeuDeus Rio Em grego (Alpheis), Que provm de alphs, "branco, alvo, claro", em latim albus, com o mesmo significado, o deus do rio homnimo, que corre no Peloponeso, entre a lida e a Arcdia.

AquelooDeus-rio considerado o mais velho dos "trs mil" filhos de Oceano e Ttis Em grego (Akhelos), cuja fonte etimolgica, o que pouco provvel, seria o radical *qw, "gua".

AsteriaFugindo de Zeus, tranformou-se em Ilha Em grego (Astera), que se prende etimologicamente a (ster), "estrela, estrela, estrela cadente meteoro" em latim Stella, com igual sentido.

BoreasDeus Vento Em grego (Boras). possvel que Boreas signifique "vento da montanha", em indo-europeu * Gworeis, Snscrito giri, "montanha", j que o mesmo sopra dos montes da Tesslia e dos Balcs.

EosPuxa seu carro prpuro frente do carro solar anunciando o inicio de um novo dia

personificada, adorada por todos os povos indo-europeus. Etimologicamente se prende raiz *awes, "brilhar", snscrito usas, "aurora", drico aos, latim aur-ora, alemo Ost, "leste", onde nasce a luz.

ErisPersonificao da Discria, ris mais comumente, aps o poeta de Ascra, considerada como irm e companheira de Ares. Em grego (ris). Para alguns, ris, a "discrdia", se relacionaria com o indoeuropeu *erei, "perseguir, acossar" e, neste caso, seria da mesma famlia etimolgica que Erinia. Com efeito, ris na literatura significa "luta, contestao, rivalidade".

EscamandroDeus Rio Em grego (Skmandros), talvez se relacione com o indo-europeu (*s)qamb, "ondular, curvar-se" e, nesse caso, seria "sinnimo etimolgico" do tambm deus-rio e seu aliado, Smois, em grego simeis, da raiz indo-europia *suimo - "sinuoso".

EstigeRio infernal que cruza o Hades Em grego (Stks), relacionado com o verbo styguein,odiar, ter horror, detestar. Na Teogonia, Estige a mais velha das filhas de Oceano e Ttis, uma Ocenida, por conseguinte.

HcateDeusa benfica, que derrama sobre os homens os seus favores, concedendo-lhes a prosperidade material, o dom da eloquncia nas assemblias, a vitria nas batalhas e nos jogos, a abundncia de peixes aos pescadores. Em grego (Hekte), que o feminino de hkatos, isto , que "fere distncia", que "age como lhe apraz", qualidade especfica da grande deusa, sobre que se apai especialmente Hesodo na Teogonia.

HipnoO sono, ser alado, percorre rapidamente o mundo e adormece todos os seres. Em grego (Hpnos), da raiz indoeuropeia *swep "aquietar-se, dormir", de onde o latim somnus.

risMensageira dos deuses, especialmente de Hera Em grego (ris). Personificao do arcoris. Possvelmente a rais de Iris o indoeuropeu *wi, "dobrar", onde o latim uiriae, "bracelete". ris a ponte, o trao-de-unio entre o Cu e a Terra, entre os deuses e os homens.

Demeter

Deusa da vegetao e agricultura

Metis Em grego (Demter), cuja etimologia muitoe da sabedoria Deusa da Prudncia discutida. Deusa e me da terra cultivada foi compreendida pelos Em grego (Mtis), palavra que da antigos como um equivalente de (gu mesma famlia que mtron, Mtis a mter), "me-terra", em queSnscrito tem "sabedoria, a prudncia". O (gu), terra, seria correspondente do drio d>de,onde mtih, e o latim metiri, "medir", no sentido (Damter)>(Demter) fsico e moral.

Hades Nemesis

Rei do Hades "lugar" o mundo dos mortos: "cu A funo essencial desta divindade , pois, [campos elisios]"; "rebo quando a justia deixa de restabelecer o equilbrio, [purgatrio]" e "Trtaro [inferno]". ser equnime, em consequencia da hbris, de um Em grego de uma (Hdes) os praticada. "excesso", "insolncia" antigos interpretavam este(Nmesis),com base na Em grego vocbulo "Distribuir", etimologia popular, e Hades erradamente era onde Nmesis a "justia distributiva", da a traduzido por "indignao pela injustia praticada, a

Hera

punio divina".

Hera , antes de tudo, a deusa tutelar do Nilo casamento, a protetora das unies castas, o lao Na tradio helnica, Nilo o deus do Nl, o grande da famlia, assim como Zeus o lao da cidade rio egpcio Em grego (Hra), nome de etimologia Em grego (Nelos), d-lhe como controvertida. Talvez seja da mesma famlia etimologia o egpcio Nll, (rio) azul; remete ao etimolgica que (Hros), heri como snscrito nila, "azul", e chama a ateno designativo dos mortos divinizados e para o portugues anil, do rabe anl, com o protetores e, nesse caso, Hera significaria a mesmo sentido. protetora, a guardi.

Tanatos Hestia aspecto perecvel e destruidor da vida. Tnatos o

Deusa do lar e da lareira, protetora absoluta da Como famlia ndice do que desaparece na evoluo fatal das coisas prende-se simblica da Terra. Em grego a Morte(Hesta), deusa da lareira. Divindade que introduz as almas nos mundos Da mesma famlia etimolgica que o latim desconhecidos das trevas dos Infernos ou nas Vesta, cuja fonte o indo-europeu *wes, luzes do Paraso "queimar", em grego (heein), "passar pelo Em grego (Thnatos), tem como fogo, consumir". raiz o indo-europeu *dwen, "dissipar-se, extinguir-se". O sentido de "morrer", ao que parece, uma inovao do grego. O morrer no dos mares e oceanos Rei caso, significa ocultar-se, ser como sombra Em grego (Poseidn), Partindo-se da variante grfica (Poteidon), possvel, segundo Kretschmer, analisar o tenimo como justaposio do vocativo (*Ptei), v. (Psis), "senhor, esposo" e de (Das), nome

Posdon

ZeusPai dos deuses e dos homens, senhor do olimpo e rei de todas as divindades. Deus do trovao. Em grego (Zes), divindade suprema da maioria dos povos indo-europeus. Seu nome significa o que ele sempre foi antes de tudo:

Apolo Deus do conhecimento, da musica e das artes. Em grego (Apllon), Muitas tem sido as tentativas de explicar seu nome, mas at o momento, nada se pode afirmar com certeza. H os que procuram aproxim-lo do drico (pella) ou mais precisamente de (apllai), Ares Deus da Guerra Em grego (res), certamente est relacionado com (ar), "desgraa, violncia, destruio". Veja-se i snscrito irasyati, "ele entra em furor". Artemis Deusa da caa e dos campos Em grego (rtemis), de etimologia muito controvertida. Uns viram-na como uma "deusa-ursa" e, nesse caso, seu nome proviria do ilrio artos, urso, em grego (rktos). Outros consideram-na como procedentet do grego (rtamos), "a sanguinria". Atena Deusa do Conhecimento Em grego (Athen), cuja etimologia ainda desconhecida, sobretudo por tratarse de uma divindade "importada" do mundo mediterrneo ou, mais precisamente, da civilizao minica. Dioniso Deus da alegria, do vinho e da vegeteo Em grego (Dinysos), palavra ainda sem etimologia definida. Talvez o tenimo seja um composto do genitivo (Dio's') - nome do cu em trcio e de (Nysa), filho, onde Dionisio seria "filho do cu". Hebe Deusa da Juventude, servial dos deuses no Olimpo

juventude.

Hefesto Deus das forjas, artifice dos deuses, engenheiro divino Em grego (Hphaistos), cuja etimologia muito discutida. Talvez se pudesse, partindo da forma elia (phaistos), decompor-lhe o nome em *ap > *aph, "gua" e *aidh> *aistos, "acender, pr fogo em". Hermes Deus mensageiro, patrono dos alquimistas, deus dos ladres e dos viajantes. Em grego (Herms) e tembm

AquilesNa mitologia grega, Aquiles (em grego antigo: ; transl. Akhilleus) foi um heri da Grcia, um dos participantes da Guerra de Tria e o personagem principal e maior guerreiro da Ilada, de Homero. Aquiles tem ainda a caracterstica de ser o mais belo dos heris reunidos contra Tria, assim como o melhor entre eles. Lendas posteriores (que se iniciaram com um poema de Estcio, no sculo I d.C.) afirmavam que Aquiles era invulnervel em todo o seu corpo, exceto em seu calcanhar; ainda segundo estas verses de seu mito, sua morte teria sido causada por uma flecha envenenada que o teria atingido exatamente nesta parte de seu corpo. A expresso "calcanhar de Aquiles", que indica a principal fraqueza de algum, teria a a sua origem.

BelerofonteEm grego (Bellerophnts), significa, etimologicamente, segundo Albert Carnoy, "aquele que cheio de fora".

HeitorHeitor (em grego: , transl. Hektr) era, na mitologia grega, um prncipe de Tria e um dos maiores guerreiros na Guerra de Tria, suplantado apenas por Aquiles. Era filho de Pramo e de Hcuba. Com sua esposa, Andrmaca, foi pai de Astanax. Como o seu pai foi incapaz de combater, durante o cerco de Tria feito pelos Aqueus, devido sua avanada idade, Heitor foi nomeado general das tropas troianas. A sua fora, coragem e eficincia na guerra foram enormes: nos poemas picos de Homero, Heitor responsvel pela morte de 28 heris gregos; nem Aquiles obtm um nmero to grande (22 heris Troianos cados a seus ps). Pela voz do Destino, os Troianos estavam informados que as muralhas de Tria nunca cairiam enquanto Heitor se mantivesse vivo. Na Ilada, Homero chama-o de "domador de cavalos", devido a preocupaes de mtrica e porque, de modo geral, Tria era conhecida por ser criadora de cavalos. Na narrativa da Ilada, no entanto, Heitor nunca visto com cavalos. Outro epteto que lhe caracterstico "o do elmo flamejante". Heitor contrasta fortemente com Aquiles. Se por um lado Aquiles foi essencialmente um homem de guerra, Heitor lutava por Tria e por aquilo que esta representava. Alguns estudiosos tm vindo a sugerir que Heitor, e no Aquiles, o verdadeiro heri da Ilada. A sua repreenso a Polidamante, dizendo-lhe que lutar pela ptria era o primeiro e nico pressgio, tornou-se provrbica para os patriotas gregos. por ele que podemos ver pormenores sobre como seria a vida em Tria, em tempo de paz, e noutros stios de civilizao mediterrnica da Idade do Bronze descrita por Homero. Na Ilada, a cena em que Heitor se despede da sua esposa Andrmaca e do seu filho particularmente comovente. Durante a Guerra de Tria, Heitor matou Protesilau e foi ferido por jax. Nos quadros de guerra descritos na Ilada, ele luta com muitos dos guerreiros Gregos e normalmente (mas nem sempre) consegue mat-los ou feri-los. Quando, sob a assistncia de Apolo, ele mata Ptroclo por engano, acreditando ser Aquiles, desbarata todo o exrcito grego. a que se chega a um ponto de viragem no decorrer da

guerra... No entanto, o destino pessoal de Heitor, decretado por Zeus no incio da histria, nunca est em dvida. Aquiles, irado pela morte do seu amante Ptroclo, desafia Heitor para um combate que aceito de imediato pelo mesmo, matando-o no combate somente aps uma violenta topada numa pedra que desorienta os sentidos de Heitor. Dessa forma, Aquiles arrasta seu cadver em volta das muralhas de Tria. Finalmente, por interveno de Hermes, Pramo convence Aquiles a permitir que o seu corpo seja recuperado de modo a prestarem-lhe cerimnias fnebres. O ltimo episdio da Ilada o funeral de Heitor, depois do qual a perdio de Tria uma questo de tempo. No saque final Tria, como descrito no Canto II da Eneida, o seu pai e muitos dos seus irmos so mortos, o seu filho atirado do cimo das muralhas, por medo que este vingue a morte do seu pai, e a sua esposa transportada por Neoptlemo para viver como escrava.

HeraclesMais famoso e mais importante heroi da mitologia grega, fonte de insipiracao para os mais diversos contos, incluindo Jesus Cristo Em grego (Herakls), interpregado em etimologia popular como palavra composta de ' (Hra),

JasoEm grego , provm etimologicamente, consoante Carnoy, da raiz indo-europia eis-, is-, que expressa a idia de curar: com efeito, (asis) cura.

PerseuEm grego (Perses), a respeito de cuja etimologia ainda no se chegou a um acordo. Admitindo-se, conforme ensina Carnoy, que a base do nome do heri seja a raiz bherk, "brilhar" com a necessria dissimilao k>s, como em perister (pomba).

TeseuEm grego (Theses), talvez provenha d eum elemento indo-europeu teu "ser forte" > teues, "fora" > te(u)s-o > teso > Theso, isto , "o homem forte por execelncia", que libertou a Grcia de tantos monstros.

UlissesEm grego (Odysses) , no poderia ser a fonte primeira de nosso Ulisses. que, apar de Odysses, existe em grego a forma dialetal (Ulkses), que atravs do latim Ulixes, nos deu Ulisses.

OUTROS SERES

CrberoCo guardio dos portes do Hades, responsvel em garantir que nenhuma alma fuja do mundo dos mortos. Em grego (Krberos). A identidade com o snscrito karbar-, sarvar- "pintado" , horiernamente, duvidosa.

EquidnaEquidna de alma violenta, diz Hesodo. Seu corpo metade de jovem mulher, de lindas faces e olhos cintilantes, metade, uma enorme serpente malhada, cruel. Em grego (khidna). do mesmo grupo etimolgico que (khis), "Vbora", Monstro com um corpo de mulher e cauda de serpente, que lhe substitua as pernas.

Fix ou EsfingeEste monstro fora enviado por Hera, a protetora dos amores legtimos, contra Tebas, para punir a cidade do crime de Laio, que raptara Crisipo, filho de Plops, introduzindo na Hlade a pederastia. Em grego (Sphinks). que provm, por etimologia popular, do verbo (sphnguein), "envolver, apertar, comprimir, sufocar".

GerioGerio era um monstro de trs cabeas e de torso trplice. Habitava a ilha de Ercia, "a vermelha", situada nas brumas do Ocidente, alm do imenso Oceano Em grego (Gueryn). Cuja fonte o verbo (guerein) "fazer ressoar, gritar", ou por ter sido Gerio um pastor ou porque o nome designava primitivamente o co que lhe guardava os rebanhos. Talvez se trate de etimologia popular.

GigantesOs Gigantes foram gerados por Geia para vingar os Tits, que Zeus havia lanado no Trtaro. Em grego (Gugas), de etimologia desconhecida.

Gorgonas

Em grego (Gorgna). acusativo de (Gorgn), cuja forma mais antiga (Gorg). De qualquer modo, a fonte o adjetivo (gorgs), que significa "impetuoso, terrvel, apavorante".

GreiasAs Grias so, por conseguinte, as Velhas, por excelncia, porque, na realidade, j nasceram Velhas. Em grego (Graa). Trata-se de um adjetivo substantivado, provindo de (Graus), a "mulher velha". Mae de Apolo e Artemis

Leto

Em grego (Let), no possui ainda etimologia segura. tem-se aventatdo a hiptese de que a forma drica (Lat) seria um Harpias desdobramento de (Leda), personificando com a Eram monstros horrveis; tinham o rosto de mulher noite, corpoteria dado garras aduncas, dois deuses velha, que de abutre, nascimento a seios associadosPousavam nas iguarias dos banquetes e pendentes. com a Lua (Artemis). espalhavam um cheiro to infecto, que ningum mais podia comer. Em grego (Hrpia). O "parentesco" com o verbo (harpdzein), "arrebatar" parece bem possvle, bem como o latim rapere, "arrebatar", tomar fora".

Hecatonquiros

Anfitrite Lanados no Trtaro por Crono, foram, por fora de um Anfitrite Urano e e a personificao Zeus, de quem orculo de a RainhaGia, libertados porfeminina do Mar esposa de aliados se tornaramPosdon na luta contra os Tits Em grego (Amphitrte). Consoante Em grego (Hekatnkheiros), "de Hesquio, o que braos". Os Hecatonquiros cem mos, de cemum arranjo popular, a palavra formada de fortssimos e mosntruosos, em eram gigantes (Amph) "em torno de, com volta de" e e cinquenta cabeas. cem braos um elemento (trit), "corrente", de onde Anfitrite significaria a que circula a Terra.

Hidra de LernaA Hidra de Lerna um monstro horripilante, gerado pela Calipso deusa Hera, para "provar" o grande Hracles Ninfa Em grego (Hdra). um derivado de (hdor), gua. O Snscrito tem udr-, "animal Em grego (Kalyps), do verbo Kalptein aqutico", o alemoonde "a que esconde". latim "cobrir, esconder", Otter,"vibora, lontra", H lutra ou lytra, lontra. duas personagens mticas com este nome: a Ocenida Calipso, de que fala Hesodo, "a que desperta o desejo" e a Ninfa calipso, "a que Queres esconde". Verdadeiros monstros, so representadas com Gnios alados, vestidas de preto, com longas unhas aduncas. Em grego (Kres, com e aberto ), aproximado por alguns da raiz, *ker, que significa genricamente "devastar". Os verbos keranein e keraidzein "destruir, arruinar", talvez no sejam estranhos mesma famlia etimolgica.

TifoTifo era um meio-termo entre um ser humano e uma fera terrvel e medonha. Em altura e fora excedia a todos os outros filhos e descendents de Geia. Era mais

Em grego (Typhn), cuja raiz, em etimologia popular, seria o indo-europeu

Crites Crites so divindades da beleza, da alegria de viver e bem possvel que, originariamente, tenham sido deusas da vegetao. Em grego (Khrites), cujo singular khris, e o entido Caronte Barqueiro infernal encarregado de atravessar as almas recm chegadas ao Hades

Ciclopes Os ciclopes tinham um s olho no meio da fronte. Eram senhores do relmpago, do raio e do trovo, semelhantes por sua violncia sbita s erupes vulcncias, smbolos da fora brutal a servio de Zeus. Em grego (Kklops) "Olho redondo", pois os ciclopes eram concebidos como seres monstruosos com um olho s no meio da fronte. Demnios das tempestades, os trs mais antigos so chamados, Brontes, o trovo, Estropes, o relmpago, e Arges, o raio. Erinas Eram as guardis das leis da natureza e da ordem das coisas, no sentido fsico e moral, o que as levava a punir todos os que ultrapassavam seus direitos em prejuzo dos outros. Em grego (Erins), j se tentou aproximar Ernia do verbo (ornein), "perseguir com furor", arcdico (erinein), "estar furioso", mas tal etimologia fantasiosa. Eurnome Rainha dos Titans Em grego (Eurynme), de eurs, largo, amplo, como o verbo eurnein, ampliar, dilatar e nmos, dei direito, onde Eurnome significa 'a que tem ou gere amplos direitos

Hesprides Sua funo precpua era vigiar, com auxlio de um drago, filho de Frcis e Ceto ou de Tifo e quidna, as mas de ouro, presente de npcias, que Geia deu a Hera por ocasio de seu casamento com Zeus. Em grego (Hesperdes), "tarde, Ocidente"; da mesma famlia o latim uesper, com o mesmo sentido. Em portugus temos Vsper, a estrela da tarde, vesperal, vespertino. Horas Foi por um abuso de traduo do latim Horae que as estaes se tornaram horas. S muito tardiamente que as Horas passaram a personificar as horas do dia. Em grego (Hrai), plural de (hra), "diviso do tempo", perodo de tempo, estao. Hra em grego est por *y-r, variante do indo-europeu *ier, alemo jahr, "ano". Iltia Divindade dos Partos e das gestantes Em grego (Eilethyia), "que corre em socorro das parturientes". a forma dissimilada de (Elethyia), "a que acode, a que intervm". Mlias Ninfas dos freixos. Em memria de seu nascimento sangrento, o cabo das lanas era confeccionado de freixo, "que se levanta para o cu como lanas". Hesodo chama-as de (Melai). Em grego (Melades) de (mela), freixo. Moiras As Moras so a personificao do destino individual, da "parcela" que toca a cada um neste mundo. Em grego (Mora), a palavra grema Mora povm do verbo meresthai, obter ou ter em partilha, obter por sorte, repartir, onde Mora parte, lote, quinho,aquilo que a cada um coube por sorte, o destino.

Momo Personificao do Sarcasmo Em grego (Mmos), de etimologia ainda no bem definida: talvez se relacione com o verbo mokn, mok-sthai, ridicularizar, chasquear, zombar. Momo a personificao do Sarcasmo, sob forma feminina. Musas As musas so as contoras divinas, cujos coros e hinos alegram o corao de Zeus e de todos os Imortais Em grego (Msa) talvez se relacione com * men,

Nereu Antiga divindade do mar Em grego (Neres). etimologicamente talvez signifique "o que vive nas guas do mar", desde que se admita uma aproximao com o lituano nrti, "mergulhar". Ninfas Em grego (Nmphe), Como o Nome genrico de Ninfas so chamdas as divindades (j que so cultuadas) femininas secundrias da mitologia, ou seja, divindades prpria fora que no habitavam daquela. o olimpo. em Essencialmente ligadas terra e agua. Simbolizam a geradora Levando-se considerao a teoria de Bachofen, as Ninfas seriam Me e a mulher a figura religiosa central. Nesse caso, essas divindades secundrias poderiam ser consideradas menores que representam Geia, a grande Terra-Me em sua unio com a gua, elemento mido e fecundante. Tudo leva a crer que sim, pois, da unio desses dois elementos, Terra e gua, surge a fora geradora que preside reproduo e fecundidade da

natureza tanto animal quanto vegetal.

Psmate Nereida unida a aco, foi me de Foco Em grego (Psamthe), etimologicamente a "arenosa", j que o nome desta Nereida formado do substantivo Psmmos, areia. Neste caso, a filha de Nereu teria sido inicialmente o epnimo de uma fonte defundo arenoso na Becia. Ttis A mais bela das nereidas, filha do Velho do Mar, Nereu, e de Dris Em grego (Thtis), Talvez do indo-europeu *teti,

LendasNascimento de Atena

- Zeus, preciso muito lhe falar disse um dia Geia, sua av. A velha deusa, que engendrara Crono, o pai devorador de filhos, tivera um sonho proftico no qual a antiga e violenta maldio familiar de filhos destronarem os pais ameaava recomear. Agora ser com voc, Zeus, que a histria vai se repetir! disse Geia, perfurando as nuvens com sua bengala de pedra. Na mente da deusa passou, como num relmpago, todo o seu tormento do passado com o brutal Urano, que a obrigara a esconder em seu ventre todos os filhos gerados por ele. Depois enxergou seu filho Crono chegando em casa com a foice

ensangentada e o ar aliviado do jovem que triunfa, afinal, sobre a tirania decrpita dos pais. Seu odioso marido est mutilado e o poder agora todo meu !, dissera o jovem deus, ao destronar o prprio pai. No diga tolices, minha av! bradou o pai dos deuses, despertando Geia de seu devaneio. Quem se atrever a levantar mo mpia contra o soberano do mundo?A velha deusa sorriu. Fora esta mesma frase que Crono envelhecido repetira, um pouco antes de seu prprio filho Zeus expuls-lo do trono, tornando-se o novo e supremo mandatrio do Universo. Zeus, entretanto, era muito jovem e estava mais preocupado em conquistar o corao da sua amada Mtis, a deusa da Prudncia. No se case com ela advertiu Geia, com severidade , pois de seu ventre sair aquele que trar a sua runa. A deusa meiga e de olhos mansos como a cora ser capaz, ento, de gerar um tal monstro? disse Zeus, alisando sua negra e ainda curta barba. Sim, seu tonto, a meiga e de olhos mansos como a cora! bradou Geia, cujas palavras, com a idade, iam perdendo o mel da pacincia. Na verdade sero dois filhos; o primeiro ser uma mulher, a mais justa e sensata das deusas, que s lhe trar alegria e motivo de orgulho... Zeus sentiu um alivio percorrer suas divinas entranhas. .. Mas cuidado com o segundo! prosseguiu a deusa. Ele ser o flagelo de sua existncia. Muito mais insubmisso do que seu pai ou voc prprio, ele o destronara sangrentamente, tomando o seu lugar para todo o sempre. E com o filho dele acontecer o mesmo, e assim por diante, ate que algum decida pr um fim a esta orgia de parricdios. Durante um longo tempo os dois estiveram em silncio. De vez em quando Zeus erguia os olhos para a av, que permanecia parada a sua frente, apoiada ao seu cajado; em seus olhos inflamados pela profecia brilhava ainda, com a mesma intensidade, a luz ofuscante da determinao. Est bem, vov disse, afinal, o pai dos olmpicos , voc venceu. Vou falar com a adorvel Mtis. No mesmo dia Zeus dirigiu-se a morada da deusa, que ficava no fundo do oceano. Adorvel Mtis, meiga e de olhos mansos... disse Zeus interrompendo-se. Oh, voc, meu querido Zeus ! exclamou a deusa, caindo em seus braos. Estava morta de saudades... To meiga e to feminil ao mesmo tempo!, pensava, enquanto deslizava os dedos pelas curvas simetricamente perfeitas das costas da encantadora Mtis.Num instante estavam ambos sobre o leito. Zeus, esquecido das advertncias de sua av, passou o resto do dia nos braos da divina amada, descobrindo a cada instante, em seu corpo, novos e insuspeitados mistrios. Ao final do dia, entretanto, ela voltou-se para ele e disse: Zeus, regozije-se: estou grvida!

Grvida?! exclamou o deus olmpico. Sim, seremos ambos pais de uma bela menina! Zeus ficou paralisado por alguns instantes. De repente, porm, como quem toma uma sbita deciso, tomou-a nos braos e disse, num tom enigmtico: Est enganada: ambos seremos mes. Nem bem dissera isto, Zeus abriu desmesuradamente a boca onde ele vira isto antes? e engoliu a pobre Mtis! Pronto, minha amada exclamou ele. Agora estamos unidos para sempre.Imediatamente o deus retornou para junto da av, como obediente neto que era, e lhe comunicou, cheio de orgulho: Minha av, acabei de comer a formosa Mtis! Menino sujo! gritou a velha, dando uma bastonada em sua cabea. Custou um pouco, mas afinal Zeus conseguiu fazer a velha entender o que quisera dizer e acabou mesmo elogiado por ela. Os dias passaram e as apreenses foram se desvanecendo, ate que, certa manh, Zeus acordou com uma terrvel dor de cabea. Cus, o que isto em minha cabea? gritava. Todos os deuses acorreram para ver que gritos eram aqueles.o deus dos deuses gemia, enquanto os demais se agitavam em torno. Sua cabea cresceu assustadoramente! disse Hermes, espantado. E da ambrosia... Eu disse pra no abusar! gritava, aflita, a sua me, Ria. Calem a boca, todos, e chamem Hefesto gritou Zeus , com as duas mos postas na cabea. Dali a instantes surgiu o deus das forjas, coberto de fuligem. O que houve, meu divino pai?~ Tenho algo dentro da cabea! Descubra o que exclamou Zeus. Sim, de fato, parece haver algo muito grande dentro dela... respondeu Hefesto, espantado com o gigantesco tamanho da cabea de seu genitor. O que ser? Mas foi o que lhe perguntei! respondeu Zeus , colrico. Vamos, pegue suas ferramentas, abra minha cabea e retire logo dai de dentro seja l o que for que esteja me atormentando! Hefesto abriu seu maravilhoso estojo. Dentro dele, em pequenos compartimentos, estavam dispostas em perfeita simetria as suas extraordinrias e eficientes ferramentas. Hmm... Martelo, broca, chave, p-de-cabra... Calma, meu pai, que a coisa j vai! O deus dos artfices encontrou, afinal, o seu melhor martelo e avanou destemidamente para o pai. Um calafrio de horror percorreu os nervos e tendes de Zeus. E se a velha Geia estiver certa, e for ele, afinal, o filho que me tirar o cetro:", pensou Zeus de olhos arregalados ao ver avanar o filho imundo, com aspecto de demnio, balanando o martelo gigantesco, como para lhe tomar o peso. Este no falha, meu divino pai! disse Hefesto, arreganhando seus quatro negros dentes, e vibrou o martelo ao primeiro golpe.o pobre Zeus sentiu o mundo rodar. Vibrou o martelo ao segundo golpe.Uma rachadura surgiu de alto a baixo em sua cabea. S mais uma, pai! disse Hefesto, respirando fundo e

erguendo o martelo o mais alto que pode. Vibrou o martelo ao terceiro golpe. Um jato de luz ofuscante escapou pela rachadura, fazendo com que os deuses corressem para todos os lados. De dentro da cabea de Zeus surgiu, ento, uma outra cabea, revestida com um magnfico capacete dourado. Um grito de espanto varreu o Olmpio inteiro. Logo em seguida surgiu o resto do corpo da criatura uma mulher, vestida inteira, dos ps a cabea, com uma reluzente armadura. Todos os deuses estavam boquiabertos, e ate Apolo, que conduzia no alto o seu flamejante carro do sol, parou por um instante para observar aquele fantstico prodgio. A mulher saltou para o cho e deu um grito de guerra, o mais alto que o Olmpio j havia escutado. Honra e Paz para voc, divino pai e senhor absoluto do Universo! disse a criatura, aps encerrar a sua magnfica dana marcial. Sou Atena, sua filha, gerada de seu smen para cumprir as suas ordens. Zeus ficou encantado com a nova deusa que surgia parida por ele prprio! e com suas filiais e piedosas palavras. Assim veio ao mundo a mais benemrita das divindades: Atena, deusa da sabedoria, do trabalho e das artes. E quanto as negras previses da velha Terra, que ameaavam Zeus com a chegada de um segundo e destruidor filho, deram, felizmente, em nada. Zeus ousou ento debochar da anci: Minha av, suas profecias so furadas! Imbecil, furada e sua cabea-de-vento! disse a velhinha, que nada tinha de caduca. Bem se v que fugiu o resto de sabedoria que havia na cachola. E depois de assestar uma bela pancada na cabea do neto, completou: Pois honre a mim, ento, que sou a nica divindade competente o bastante para fazer reverter uma funesta profecia. A tragdia de Edipo

Laio, rei de Tebas, tinha o ar preocupado quando se apresentou no templo de Apolo. Apesar de ter sido coroado h tempos, ainda no tinha filhos e um rei sem filhos que o sucedam, segundo ele, no tinha valia. Apolo, conceda-me a graa de um filho! pediu Laio. O deus solar, no entanto, deu uma resposta bem diversa da que esperava o rei:

Laio, pense duas vezes antes de desejar este filho, pois ele o levar morte e ser tambm a runa de sua famlia. Quando Laio chegou em casa, porm, sua esposa, Jocasta, o esperava, de braos abertos. Laio querido, teremos, enfim, nosso filho! disse ela, com o rosto radiante. O rei no se mostrou nem um pouco feliz com a notcia. O que foi, no era isto que voc tanto queria? perguntou Jocasta, surpresa. Laio resolveu, ento, revelar rainha a sombria profecia que escutara no templo de Apolo. No podemos ficar com esta criana, Jocasta, ela ser a nossa desgraa! disse ele, aps enfrentar a resistncia inicial da esposa. O rei argumentou com tanta insistncia, mostrando todas as desgraas que poderiam sobrevir ao futuro deles e de seu reino, que Jocasta acabou concordando com a idia de no criar a criana, desde que no matassem o beb. Faremos, ento, o seguinte disse Laio -, entregarei o menino a um casal de pastores para que o criem bem afastado de ns. A rainha, apesar de triste por ter de se separar de seu filho, concordou. Pelo menos ele teria o direito de viver e de ser feliz. Laio, entretanto, havia decidido secretamente dar um fim no seu filho, pois temia que as profecias, de um jeito ou de outro, se concretizassem. No dia do nascimento de seu filho nico e primognito, levou-o, ento, a um pastor, dizendo: Leve-o at um bosque abandonado e o deixe l, ao cuidado das feras. O pastor, contudo, penalizado, preferiu dar uma chance criana, pendurando-a pelos ps no galho de uma rvore; assim, teria ao menos uma oportunidade de que uma alma bondosa a visse e decidisse lev-la consigo.

Um campons chamado Forbas passava por ali, quando foi atrado pelo choro da infeliz criana. Tomando-a em seus braos, levou-a para casa, onde sua mulher o aguardava para a janta. Fiquemos com ela! props a mulher, que no conseguira ter filhos e vira nisto uma bno dos deuses. O casal adotou, ento, o garoto, que passou a se chamar dipo que significa "ps distendidos". O menino cresceu, robusto e saudvel, mas sem saber de sua verdadeira situao de filho adotivo. Um dia, durante uma desavena com um colega, este lhe disse, com a voz carregada de maldade: Cale a boca, seu enjeitado... Pulando ao pescoo do outro, dipo quis saber por que razo ele dizia quilo. O rapaz confessou, ento, que sua me contara-lhe que dipo, na verdade, fora recolhido na floresta e que no era filho natural de Forbas e de sua esposa. dipo, revoltado, largou tudo no mesmo dia e partiu para Delfos: estava decidido a descobrir de quem era filho. Para tanto, decidiu consultar o famoso orculo daquela cidade, a fim de que este lhe revelasse algo sobre o seu obscuro passado. No insista em querer saber mais nada! disse o deus Apolo atravs do orculo. Se voc se aproximar de seus verdadeiros pais, levar a eles somente desgraa. dipo, sem conseguir descobrir mais nada, retomou seu caminho, j conformado com o seu destino. Porm, quando ia em meio estrada, foi quase atropelado por uma carruagem, dentro da qual seguia um homem. Esse homem, que se dirigia ao mesmo templo de onde dipo retornava, era Laio, rei de Tebas e verdadeiro pai do filho adotivo de Forbas. O rei, alertado por alguns sonhos ruins que tivera recentemente, estava indo incgnito at o templo para saber se seu filho estava realmente morto. Saia da frente, idiota! disse, ao ver que o rapaz lhe atrapalhava

o caminho. A rude interpelao levou a uma disputa acirrada. Laio desceu do carro para expulsar o rapaz da estrada. Aps uma violenta discusso, deu uma bofetada na cara do rapaz, que puxou de um punhal e enterrou-o no peito de Laio. Percebendo a gravidade de seu ato, dipo fugiu desesperado e vagou, tentando penitenciar-se. Enquanto isso, um terrvel flagelo instalara-se num dos pontos principais da estrada que conduzia a Tebas. Uma esfinge monstro metade leo e metade mulher ficava espreita de qualquer pessoa que passasse. Assim que o infeliz viajante cruzasse o seu caminho, a cabea do monstro uma cabea de mulher - erguiase sobre as patas e, aps desferir um grande rugido, dizia: Ningum passa sem antes decifrar meu enigma. Todos os que no conseguiam decifrar o enigma eram inapelavelmente mortos e devorados pela sanguinria fera. De tal forma o terror se instalara em Tebas, que j ningum mais ousava cruzar a estrada, no receio de ser morto pelo monstro. A rainha Jocasta, ao ver que no havia meios de expulsar a criatura, decidiu oferecer a prpria mo em casamento quele que derrotasse a esfinge. dipo leu o edital afixado em todas as partes da cidade e decidiu ele mesmo enfrentar a fera. "No tenho nada a perder, mesmo", pensou, movido mais pelo desespero do que pela coragem: j havia matado um homem e este seria. quem sabe, um meio de expiar sua culpa. Apresentou-se, ento, para decifrar o enigma. Diante do imenso corpo leonino da fera estavam espalhados os restos mutilados dos corpos de dezenas de aventureiros que haviam tentando o mesmo que ele. Por um instante dipo vacilou. No estaria cometendo a mesma insensatez que custara a vida de todos aqueles infelizes? A esfinge, percebendo as vacilaes do jovem, esticou os lbios vermelhos, ainda sujos de sangue.

" um belo rosto", pensou dipo. "Talvez o verdadeiro mistrio esteja em se decifrar o sentido deste sorriso enigmtico, ao mesmo tempo belo e apavorante." Nem bem dipo conclura suas cogitaes, quando a cabea feminina olhou-o nos olhos e disse: Qual o animal que pela manh anda com quatro ps, tarde com dois e noite com trs? dipo, aps pensar um pouco, respondeu: o homem; na infncia engatinha, na idade adulta anda ereto e na velhice apia-se a um basto. O semblante da fera ensombreceu-se de tal maneira que dipo julgou ter errado a resposta. Entretanto, a esfinge, com um grande grito de vergonha, lanou-se do alto do rochedo ao abismo, morrendo com o impacto da queda. Tebas estava finalmente livre do monstro temvel; a notcia correu por todo o reino, e dipo foi levado em triunfo at o palcio onde morava a viva de Laio. Muito bem, meu rapaz disse Jocasta, ao receber o vencedor. Voc cumpriu a sua parte, livrando o pas desse flagelo. Agora a minha vez de cumprir a minha completou, estendendo sua mo para o rapaz. dipo ainda no podia acreditar no que estava acontecendo. Ele era agora o novo rei de Tebas. Estou muito orgulhosa de ter ao lado um rei to jovem e belo quanto voc! disse Jocasta, agradavelmente surpresa. No mesmo dia casaram-se.

Mas com a ascenso de dipo ao trono, comeou para o reino uma poca de terrveis desgraas. Calamidades de toda espcie alternavam-se: pestes, secas, inundaes, fome, tudo juntava-se num torvelinho trgico, de tal forma que dipo se viu obrigado a tomar srias providncias. Aps receber uma delegao do povo, o jovem rei decidiu enviar um emissrio a Delfos para saber do deus Apolo por que Tebas era vtima de tantas desgraas. "O fim da desgraa s chegar no dia em que o responsvel pela morte de Laio for expulso de Tebas", disse o orculo. dipo imediatamente ordenou a toda a gente que no poupasse esforos para que o culpado fosse punido. Vrios suspeitos foram presos, alguns mortos, mas nem assim as calamidades diminuram. Pessoas continuavam a morrer como moscas pelos campos e at na prpria cidade, levando a confuso e o desespero a todo o reino. dipo querido disse um dia Jocasta a seu esposo , mande trazer at ns o famoso adivinho Tirsias. Ele saber dizer como deveremos fazer para encontrar o assassino de Laio, pondo um fim a esse sofrimento atroz. Emissrios partiram em busca do mago, at que um dia ele surgiu diante de dipo. Somente o senhor poder nos dizer a causa de tantas desgraas disse o rei ao sbio. O mago, no entanto, parecia pouco vontade. Com desculpas e evasivas, procurava por todos os meios esquivar-se a dar a resposta definitiva que tanto dipo quanto Jocasta aguardavam ansiosamente. Desconfiado de que essa revelao pudesse ter algo a ver consigo prprio, dipo instou com maior vigor ao adivinho:

Vamos, fale de uma vez, seja o que for. Tirsias, vendo que no havia mais meios de fugir verdade, ergueu ento os olhos constrangidos e disse, lanando toda a verdade ao rosto do rei e da rainha: Voc, rei dipo, o assassino de Laio, seu prprio pai... dipo e Jocasta, marido e mulher, me e filho, entreolharam-se, incrdulos. No pode ser, no verdade! exclamou Jocasta, recuando com um grito de horror. Imediatamente dipo mandou chamar sua presena Forbas, o pastor que o criara como filho. Este, de cabea baixa, concordou, confirmando todas as palavras do adivinho. Voc, o meu filho, o meu filho! repetia Jocasta, como para entender o sentido dessas terrveis palavras. E ento, sem atinar com o que fazia, correu at o seu quarto, onde se trancou, totalmente surda s splicas de dipo: Jocasta, ns no tivemos culpa alguma, foi uma fatalidade do destino! -E repetia, transtornado: Uma fatalidade do destino, ns no tivemos culpa alguma. Mas dipo, parricida e incestuoso, no acreditava no que dizia. Vendo que ela no respondia, ele arrombou a slida porta com o auxlio dos serviais do palcio. Ao entrar no quarto, dipo foi o primeiro a ver o corpo ia me a balanar-se, preso numa viga do teto. Num ato instintivo, pegou um dos colchetes de ouro que prendiam as vestes de Jocasta e furou ambos os olhos. Assim como no tive olhos para ver os crimes abominveis que cometi, tambm no os terei para ver mais nada neste mundo! disse o rei, de cujas rbitas dilaceradas escorriam listras vermelhas

de sangue. Os filhos homens de dipo, Etocles e Polinice, ao saberem da terrvel revelao, decidiram dar cumprimento ao orculo de Apolo, que dizia que as calamidades somente cessariam no dia em que o culpado pela morte de Laio fosse expulso do reino. Jogando um manto sobre os ombros do pai cego, levaram o ex-rei at os limites da cidade e ali o abandonaram prpria sorte. Entretanto, Antgona, uma das filhas de dipo, foi atrs do pai, tentando demover seus prfidos irmos daquele ato de crueldade filial: Vocs no podem fazer isto com o nosso pai! disse Antgona. Isto seria repetir de maneira pior os crimes que ele cometeu, pois ele os cometeu de maneira involuntria. Cale-se! disse um dos irmos de Antgona. O orculo foi bem claro: ou este assassino incestuoso deixa nosso pas ou nosso pas ser arrasado definitivamente ! O outro irmo tambm juntou a sua voz do primeiro, ocultando a sua ganncia por detrs da desculpa do bem comum. Muito bem, ento irei com ele! disse Antgona, enrolando um vu sobre a cabea. E assim seguiram a filha amparando o pai, cego e consumido pelo remorso por incontveis estradas, at que um dia dipo faleceu de desgosto, tendo como nico consolo para sua dor a dedicao de Antgona, que surgira em meio a tantas desgraas como se fosse um presente dos deuses, envergonhados talvez de t-lo perseguido com tanta crueldade desde o seu primeiro dia de vida.

Banco de Imagens

Polux 0002Escultura de Castor e Polux

Polux 0001Castor e Polux raptando as duas belas irmms RUBENS, Pieter Pauwel 1617

Midas 0002Dioniso, Midas e festa dionisiaca

Midas 0001Apolo e a competicao musical - Nicolas-Andre Monsiau 1754-1837

Persefone 0008O Rapto de Persefone - Joseph Heintz 15641609

Persefone 0007Busto de Marmore de Persefone

Persefone 0004Core

Persefone 0002Ceramica grega representando banquete entre Persefone e Hades - 440-430 a.e.c.

Ganimedes 0011Estatua de Ganimedes servindo o nectar divino a aguia de Zeus - Bertel Thorvaldsen 17701844

Ganimedes 0002O Rapto de Ganimedes - Michelangelo Buonarotti 1580

Ganimedes 0009Estatua de Ganimedes servindo o nectar divino - 17701844

Ganimedes 0005Zeus, Ganimedes e Prometeu roubando o fogo dos deuses - Raub des Feuers 1839-1916

Ganimedes 0004Zeus e Ganimedes

Ganimedes 0003O Rapto de Ganimedes - 1677

Faetonte 0002A Queda de Faetonte

Faetonte 0001A queda de Faetonte - Jean Mignon 1535-1555

Atalanta 0009Meleagro atrasando Atalanta tirando macas ouro

Atalanta 0010Escultura de Atalanta - Vilhelm Bissen 18361913

Meleagro 0013Meleagro em seu leito de Morte e atalante do seu lado

Meleagro 0005A Caca do Javali de Calidon

Hermafrodito 0004Salmacis e Hermafrodito

Hermafrodito 0003Salmacis e Hermafrodito

Filemon 0001Filemon e Baucis transformados em arvore

Filemon 0005Zeus, Hermes, Filemon e Baucis

Europa 0001O Rapto de Europa - Jacob Jordan 1593-1678

Europa 0008O rapto de Europa - Antonio Carracci 15831618

Hera 0012Hera e os olhos de Argos

Deucaliao 0004Deucaliao e Pirra - Giovanni Benedetto 16091664

Deucaliao 0002Deucaliao e Pirra jogando os ossos da grande mae para o renascimento da humanidade

Hera 0025Hera e Zeus

Dedado 0003Dedado e Icaro fugindo da ilha de Creta

Dedalo 0002A Queda de Icaro

Admeto 0002Alceste e Admeto

Afrodite 0045O Nascimento de Afrodite

Teseu 0013-Teseu e a luta contra as Amazonas - Adolf von Hildebrand 1847-1921

Teseu 0008Representacao medieval de Teseu e o Minotauro

Teseu 0006Jovem Teseu apanhando suas armas prometidas

Teseu 0005Estatua em Marmore de Teseu - Antonio Canova 1757-1822

Teseu 0004Teseu e o Minotauro - W. Russell Flint 18801969

Teseu 0001Teseu e Ariadne - Sec. XIX

Dedalo 0002Dedalo e Icaro

Dedalo 0001Dedalo e Icaro

Jasao 0024Jasao lutando contra o gigante de bronze

Jasao 0015Jasao derrotando o dragao guardiao do Velocino de Ouro

Jasao 0014Jasao e Medeia - Boris Vallejo

Jasao 0012Jasao e o centauro Quirao - W. Russell Flint, 1880-1969

Jasao 0010Jasao, Fineu e as Harpias - Bernard Picart 1673-1733

Jasao 0005Jasao e os Argonautas - W. Russell Flint 18801969

Jasao 0004Atena supervisando a construcao do navio Argo

Jasao 0003Jasao e o Velocino de Ouro

Jasao 0001Jasao lutando contra os touros - Nicolas-Andrr Monsiau 1754-1837

Argos 0003Hermes utilizando de astucia para adormecer e assassinar Argos, a mando de Zeus

Argos 0002Hera, homenageando Argos colocando seus olhos nas penas de um pavao

Heitor 0014Heitor, Astyanax e Andromaca - C. W. Eckesberg 1783-1853

Heitor 0013Heitor, Andromaca, Astyanax - A morte de Heitor

Heitor 0012Heitor, Andromaca e Astyanax

Heitor 0007A morte de Astyanax

Heitor 0006Heitor, Paris e Helena - Pierre-Claude-Francois 1783-1859

Heitor 0005Aquiles e a morte de Heitor - Peter Paul Rubes 1557-1640

Heitor 0004Heitor e Andromaca - Vien Joseph-Marie

Heitor 0002Heitor partindo para a batalha contra os Aqueus - Albert Maignan 1845-1908

Heitor 0001Heitor e Andromaca - Johann Heinrich Wilhelm Tischbein 1751-1829

Ulisses 0022Ulisses e a feiticeira Circe - Hubert Maurer 1738-1818

Ulisses 0021Aquiles entre Diomedes e Odisseu ou Ulisses Gravura em cidade de Pompeia

Ulisses 0020Ulisses e Nausica - Michele Desubleo 16021676

Ulisses 0019Ulisses acorrentado para resistir ao assedio dos demonios alados

Ulisses 0017Ulisses e seu filho Telemaco - Charles Baude 1892

Ulisses 0015Polifemo arremessando rochas contra a embarcacao de Ulisses

Ulisses 0014Ulisses usando de estratagema para fugir com seus marinheiros de dentro da carverna de Polifemo

Ulisses 0013Ulisses e Penelope - Johann Heinrich Wilhelm 1751-1829

Ulisses 0009Cabeca de Estatua de Ulisses ou Odisseu

Ulisses 0005Ulisses e seus marinheiros metamorfoseados em porcos pela feiticeira Circe

Ulisses 0001Ulisses metamorfoseado reconhecido por seu cco que aguardou seu retorno apos tantos anos

Admeto 0001Alceste preparando-se para morrer no lugar do rei Admento - Friedrich Heinrich Fuger - 17511818

Perseu 0028Perseu e a cabeca de Medusa

Perseu 0029Perseu, Andromeda e Pegaso com a cabeca de Medusa e o escudo de Atena

Perseu 0024Perseu, Medusa e Pegaso

Perseu 0018Perseu resgatando Andromeda

Perseu 0013Perseu e a cabeca de Medusa

Perseu 0012Perseu resgatando Andromeda - Giuseppe Cesari 1568-1640

Perseu 0008Perseu monstrando a ctabeca de Medusa ao Titan Atlas - Jean-Jacques-Francois Le Barbier 1738-1826

Perseu 0007Perseu na corte de Fineu - Nicolas-Andrr Monsian 1754-1837

Perseu 0004Perseu resgatando Andromeda - Pieter Paul Rubens 1577-1640

Perseu 0003Perseu cortando a cabeca de Medusa Laurent Honorr Marqueste 1875-1903

Perseu 0002Perseu, Pegasos e Medusa - Metarmophosis de Ovidio 1677

Perseu 0001Perseu com a cabeca de Medusa, uma das tres Gorgonas

Aquiles 0010Aquiles e Quirao - Pintura de parede romana

Aquiles 0009Aquiles em batalha na guerra de Troia

Aquiles 0008Aquiles e uma amante em acampamento do exercito Aqueu

Aquiles 0007Aquiles lamentando a morte de seu amigo Patroclo - Johann H. W. Tischbein 1751-1829

Aquiles 0006Tetis entrengando armas confeccionadas por Hefesto a Aquiles - B. West 1738-1820

Aquiles 0005Aquiles enfrentando Agamenon - Mosaico de Pompeia

Aquiles 0004Aquiles disfarcardo de Pirra na corte do rei Licomedes - Erasmus Quellinus 1607-1678

Aquiles 0003A morte de Aquiles - Peter Paul Rubens 15771640

Aquiles 0002Aquiles - Johann Heinrich Wilhelm Tischbein 1751-1829

Aquiles 0001Tetis banhando Aquiles no rio Estige - Donato Creti 1671-1749

Belerofonte 0006Belerofonte e Quimera - terracota 450 a.e.c.

Belerofonte 0001Belerofonte matando Quimera - Johan Nepomuk Schaller 1777-1842

Heracles 0039Heracles e Hebe - Jeans Adolph Jerichail 1816-1883

Heracles 0037Heracles e Omphale - Sebastiano Ricci 16591734

ArtigosReligio na Grcia Antiga

Aconcepo popular grega da outra vida, que , a bem verdade, resultante de vastos sincretismos, que se estendem de Homero aos derradeiros neoplatnicos (sc. III d.e.c.), passando luminosamente pela Eneida de Verglio, composta, j se sabe, no sc. I a.e.c. (exceto, em parte, nos Mistrios e no Orculo de Delfos), que a preservasse de erros e transmitisse a doutrina e a crena a seus adeptos, fortalecendo-lhes a f. A ausncia da ema classe sacerdotal h de trazer religio helnica consequencias srias. No havendo quem consagrasse sua vida ao servio dos deuses, de seus templos e de seus bens, os assim chamadados sacerdotes no passavam de cidados comuns, eleitos para a funo por tempo determinado, verdadeiros sacerdotes sem "vocao" e despreparados, as mais das vezes. Eram homens que, junto sua ocupao normal da vida da cidade, tinham a misso temporria de cuidar do culto de um deus e guardar-lhe o templo. Enquanto no Oriente a atividade literria, como bem acentuou Nilsson, a conservao da tradio, a especulao e tudo quanto houvesse de cincia estavam nas mos dos sacerdotes, tudo isto, na Grcia, desde a poca mais antiga, era assunto de leigos, de poetas e de pensadores. Quando se tratava de assuntos mais graves atinentes religio, os mesmos eram resolvidos pela

(ekklesa), solicitando-lhes o consetimento atravs do Orculo de Delfos, se se tratasse sobretudo de modificar cultos antigos ou introduzir outros novos. grande e sria a transcedncia dessa circunstncia, pois constitui nada menos que a base para liberdade de pensamento, bem como para o nascimento da filosofia e da cincia. Pois bem, foi exatamente essa liberdade de pensamento, somada aos vastos sincretismos, que acabou por moldar "uma crena", que fez da religio grega uma colcha de retalhos. verdade que os deuses tinham seus templos, seus nomes, suas mltiplas funes, mas cada um podia interpret-los como bem o desejasse. Assim sendo, no se pode falar de uma escatologia grega, mas houve ha Hlade tantas escatalogias quantas as fases e momentos histrico-scioculturais por que passou a Hlade. Houve tantas escatologias quantas as correntes literrias e filosficas que medraram na ptria de Homero e de Scrates.

Vida aps a morte na Grcia Antiga

O reino ctnio de Pluto chamava-se mais comumente Hades, mas havia outros nomes pelos quais podia ser designado, na Grcia e em Roma, muitas vezes tomando-se a parte pelo todo, como rebo, Trtaro, Orco, Inferno, estes dois ltimos provenientes do latim. Discutida a etimologia de Hades, tentaremos estabelecer as das outras denominaes, quando existirem REBO, do grego (rebos), designa as trevas que cercam o mundo. Trata-se de uma concepo indo-europia * reqwos, "cobrir de trevas", que aparece no snscrito como rjas, "espao escuro", no gtico riqiz, "escurido", e no armnio erek, "tarde". TRTARO, o grego (Trtaros), "abismo subterrneo, local

de suplcios", possivelmente um emprstimo oriental. ORCO o latim Orcus, "morada subterrnea dos mortos, os infernos". A Etimologia do vocbulo desconhecida. A provenincia do indoeuropeu * areq ou areg atualmente considerada como fantasiosa, quando no absurda. INFERNO ou OS INFERNOS palavra latina infernus. Etimologicamente infernus uma forma segunda de inferus "que se encontra embaixo", por oposio a superus, "que se encontra em cima", onde a oposio Di inferi, deuses do Inferno, do Hades, e Di Superi, deuses do Olimpo. Observa-se, ainda, em latim, os comparativos inferior, que est mais embaixo, "inferior", por oposio a superior, que est mais acima, "superior. Substantivado o neutro plural inferna, -orum, significa as habitaes dos deuses de baixo e tambm dos mortos, quer dizer, o Inferno, abstrao feita, em princpio, de local de sofrimento ou de castigo, j que todos na Grcia e em Roma iam para o "Inferno", como parece ter sido no Antigo Testamento, o sentido de Sheol, onde documentado sessenta