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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI CAROLINA BERTI DISPOSITIVOS DE RETORNO EM RODOVIAS – ESTUDOS DE PAVIMENTAÇÃO SÃO PAULO 2009

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Page 1: Civil 04

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

CAROLINA BERTI

DISPOSITIVOS DE RETORNO EM RODOVIAS – ESTUDOS DE PAVIMENTAÇÃO

SÃO PAULO 2009

Page 2: Civil 04

2

Orientador: Profº Me. Eng. Célio Daroncho

CAROLINA BERTI

DISPOSITIVOS DE RETORNO EM RODOVIAS – ESTUDOS DE PAVIMENTAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi

SÃO PAULO 2009

Page 3: Civil 04

3

Trabalho____________ em: ____

de_______________de 2009.

______________________________________________

Profº Me. Eng. Célio Daroncho

______________________________________________

Profº Drº Antônio Rubens Portugal Mazzilli

CAROLINA BERTI

DISPOSITIVOS DE RETORNO EM RODOVIAS – ESTUDOS DE PAVIMENTAÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi

Comentários:_________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

Page 4: Civil 04

4

Dedico aos meus amados:

mãe, pai, irmão e noivo,

por toda a força e compreensão.

Amo vocês!

Page 5: Civil 04

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado todas as condições para realização de meus

sonhos. Meus agradecimentos também às pessoas que conviveram comigo nesta

etapa e de forma direta ou indireta colaboraram para a elaboração deste Trabalho

de Conclusão de Curso e foram companheiros durante a realização e conclusão da

Graduação em Engenharia Civil.

Page 6: Civil 04

6

RESUMO

Este trabalho apresenta dois estudos de caso referentes a projetos de pavimentação para implantação e readequação de dispositivos de retorno em rodovias. Os estudos de pavimentação englobam levantamento de dados, realização de cálculos e análise dos resultados, isto é, objetivam avaliar os pavimentos existentes, tanto no âmbito funcional quanto estrutural, indicando a necessidade de reforço do pavimento e também a realização de dimensionamentos e verificações mecanísticas de pavimentos propostos. Palavras Chave: RODOVIAS, PAVIMENTAÇÃO, PAVIMENTO FLEXÍVEL, AVALIAÇÃO FUNCIONAL E ESTRUTURAL, DIMENSIONAMENTO DE PAVIMENTOS

Page 7: Civil 04

7

ABSTRACT This paper presents two case studies relating to pavement projects for implementation and adjustment of devices return on highways. Studies of pavement include data collection, calculations and analysis of results, ie, aimed at assessing the existing pavement, both in functionally and structurally, indicating the need to strengthen the pavement and the execution of dimensioning and verification of mechanistic pavements proposed. Key Worlds: HIGHWAYS, PAVING, FLEXIBLE PAVEMENT, FUNCTIONAL AND ESTRUCTURAL EVALUATION, DESIGN OF PAVEMENTS

Page 8: Civil 04

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 5.1 – Seção típica de pavimento flexível ........................................................ 33 

Figura 5.2 – Defeitos em pavimentos flexíveis. ......................................................... 40 

Figura 5.3 – Efeito da carga sobre o pavimento ........................................................ 51 

Figura 5.4 – Gráfico de determinação de espessura do pavimento .......................... 63 

Figura 6.1 – Vista aérea do trecho da Rodovia SP-280 em estudo ........................... 73 

Figura 6.2 – Foto do Acostamento da SP-280 .......................................................... 78 

Figura 6.3 – Gráfico: Raio de curvatura medido no sentido Capital – SP-280 .......... 83 

Figura 6.4 – Gráfico: Raio de curvatura medido no sentido Interior – SP-280 .......... 83 

Figura 6.5 – Representação da aplicação da carga no pavimento em estudo da SP-

280 ..................................................................................................................... 89 

Figura 6.6 – Foto aérea do trecho da Rodovia BR-116 e do Dispositivo de Retorno 91 

Figura 6.7 – Vista Aérea do Dispositivo da Rodovia BR-116 em estudo ................... 96 

Figura 6.8 – Representação da aplicação da carga no pavimento em estudo da BR-

116 ................................................................................................................... 101 

Figura 7.1 – Pavimento Existente (Dispositivo da SP-280) – fresagem e

recapeamento .................................................................................................. 104 

Figura 7.2 – Pavimento Existente do Dispositivo (BR-116) – reforço do pavimento 105 

Figura 7.3 – Pavimento Existente do Dispositivo (BR-116) – reforço do pavimento 105 

Figura 7.4 – Pavimento Novo proposto para Dispositivo (SP-280) ......................... 106 

Figura 7.5 – Pavimento Novo proposto para Dispositivo (BR-116) ......................... 107 

Page 9: Civil 04

9

LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 – Coeficientes estruturais ........................................................................ 62 

Tabela 5.2 – Tipos de solo ........................................................................................ 65 

Tabela 5.3 – Coeficientes estruturais - VE ................................................................. 67 

Tabela 6.1 – Resumo dos resultados de ensaios – SP-280 ...................................... 75 

Tabela 6.2 – Cálculo do IGG – acostamento sentido Capital – SP-280 .................... 79 

Tabela 6.3 – Cálculo do IGG – acostamento sentido Interior – SP-280 .................... 79 

Tabela 6.4 – Resultados obtidos na SP-280 – Sentido Capital ................................. 81 

Tabela 6.5 – Resultados obtidos na SP-280 – Sentido Interior ................................. 82 

Tabela 6.6 – Dimensionamentos preliminares do pavimento novo – SP-280 ........... 87 

Tabela 6.7 – Resumo das propriedades das camadas do pavimento novo – SP-280

........................................................................................................................... 89 

Tabela 6.8 – Deformações admitidas pelos modelos de fadiga – SP-280 ................ 90 

Tabela 6.9 – Deformações atuantes no pavimento novo – SP-280 .......................... 90 

Tabela 6.10 – Resumo dos resultados de ensaios – BR-116 ................................... 93 

Tabela 6.11 – Dimensionamentos preliminares do pavimento: Novo ramo –

Dispositivo BR-116 ............................................................................................. 99 

Tabela 6.12 – Resumo das propriedades das camadas do pavimento: Novo ramo –

Dispositivo da BR-116 ...................................................................................... 101 

Tabela 6.13 – Deformações admitidas pelos modelos de fadiga: Novo Ramo – BR-

116 ................................................................................................................... 102 

Tabela 6.14 – Deformações atuantes na estrutura proposta: Novo Ramo – BR-116

......................................................................................................................... 102 

Page 10: Civil 04

10

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AASHTO American Association of Highways and Transportation Officials

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ALC

ALP

ATC

ATP

Afundamento de Consolidação Local

Afundamento Plástico Local

Afundamento de Consolidação da Trilha

Afundamento Plástico da Trilha

BGS Brita Graduada Simples

CBR California Bearing Ratio

CBUQ Concreto Betuminoso Usinado à Quente

COPPE/UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

D Desgaste

DER/SP Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

ELSYM Elastic Layered System

E

Ex

Escorregamento

Exsudação

FEPAVE Finite Element Analysis of Pavement

FHWA

FI

Federal Highway Administration

Fissuras

FWD Falling Weight Deflectometer

IGG Índice de Gravidade Global

IGI Índice de Gravidade Individual

Page 11: Civil 04

11

IP Instrução de Projeto

IPR/DNER Instituto de Pesquisa Rodoviária

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas

ISC

J

JE

Índice de Suporte Califórnia

Trincas tipo “Jacaré” sem Erosão nas Bordas

Trincas tipo “Jacaré” com Erosão nas Bordas

JULEA Programa Computacional

LD Lado Direito

LE Lado Esquerdo

ME Método de Ensaio

NBR

O

Norma Brasileira

Ondulação

OAE

P

Obra de Arte Especial

Panela

PAVE Programa Computacional

PI Poço de Inspeção

PRO

PSI

RS

RP

Procedimento

Índice de Serventia Atual

Remendo Superficial

Remendo Profundo

TB

TBE

Trincas tipo “Bloco” sem Erosão

Trincas tipo “Bloco” com Erosão

TER Terminologia

TLC Trincas Longitudinais Curtas

Page 12: Civil 04

12

TLL Trincas Longitudinais Longas

TRB Transportation Research Boarding

TRR Trincas de Retração

TTC Trincas Transversais Curtas

TTL Trincas Transversais Longas

USA United States of America

USACE United States Army Corps of Engineers

VDM Volume Diário Médio

VDMc Volume Diário Médio Característico

Vm Volume Médio

Page 13: Civil 04

13

LISTA DE SÍMBOLOS

B Espessura da Base

d Valor de Deflexão

Dadm Valor Admissível

Dc Deflexão Característica

Do Deflexão no Ponto de Aplicação da Carga

Dp Deflexão de Projeto

D1

ε Deflexão na Distância

Módulo de Elasticidade

fa Frequência Absoluta

FC Fator de equivalência de Carga

FE Fator de Eixo

fp Fator de Ponderação

fr Frequência Relativa

FR Fator Climático Regional

Fx

HB

HCB

HCG

he

hef

Hm

Fator de Distribuição por Faixa

Espessura da Camada Betuminosa

Espessura Final da Camada Betuminosa

Espessura da Camada Granular

Espessura da Camada Betuminosa

Espessura Efetiva

Espessura Equivalente do Pavimento

Hn

hn

Espessura Equivalente Sobre o Reforço do Subleito

Espessura do Reforço do Subleito

HR Cálculo da Espessura de Reforço

HSB Espessura da Sub-base

Ht1 Espessura Equivalente

Ht2 Espessura Correspondente

H20 Espessura Equivalente Sobre a Sub-base

I1 e I2 Constantes em Função do Tipo de Solo

K Coeficiente Estrutural

KB Coeficiente Estrutural da Base

Page 14: Civil 04

14

KR Coeficiente Estrutural do Revestimento

Kref Coeficiente Estrutural do Reforço

KS Coeficiente Estrutural da Sub-base

MR Módulo de Resiliência

N Número de Estações Inventariadas

N

n

ν

t0,90

Número de Repetições de Carga Equivalente a um Eixo de

8,2 tf equivalente a 80 kN

Número de amostras ensaiadas

Coeficiente de Poisson

Distribuição t de student

σ

σ Desvio Padrão da Amostra

Tensão

p Carga de Roda

Pt

Q

Perda de Serventia ao Longo do Tempo

Carga

Rc Raio de Curvatura

S Silte na Fração Fina

SN Número Estrutural

VE Coeficiente Estrutural da Camada Betuminosa

Page 15: Civil 04

15

SUMÁRIO p.

1.  INTRODUÇÃO ................................................................................................... 18 

2.  OBJETIVOS ....................................................................................................... 20 

2.1  Objetivo Geral ........................................................................................................... 20 

2.2  Objetivo Específico ................................................................................................. 20 

3.  MÉTODO DE TRABALHO ................................................................................ 21 

4  JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 23 

5  PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA ...................................................................... 24 

5.1  Considerações sobre a Malha Rodoviária ........................................................ 24 

5.1.1  Breve Histórico ....................................................................................................... 24 

5.1.2  Classificação Rodoviária ...................................................................................... 26 

5.1.3  Nomenclatura e Definições do Meio Viário ....................................................... 28 

5.2  Pavimentação – Definição e Tipos de Pavimentos ........................................ 30 

5.2.1  Pavimento Flexível ................................................................................................ 31 

5.2.2  Pavimento Semi-rígido .......................................................................................... 33 

5.2.3  Pavimento Rígido ................................................................................................... 34 

5.2.4  Desempenho de Pavimentos Flexíveis e Rígidos ............................................ 35 

5.3  Patologias em Pavimentos Rodoviários ........................................................... 36 

5.3.1  Fenda ....................................................................................................................... 37 

5.3.2  Afundamento .......................................................................................................... 38 

5.3.3  Ondulação ou Corrugação ................................................................................... 38 

5.3.4  Escorregamento ..................................................................................................... 38 

5.3.5  Exsudação .............................................................................................................. 39 

5.3.6  Desgaste ................................................................................................................. 39 

5.3.7  Panela ou Buraco .................................................................................................. 39 

5.3.8  Remendo ................................................................................................................. 39 

5.3.9  Ilustrações dos Defeitos em Pavimentos ........................................................... 40 

Page 16: Civil 04

16

5.4  Parâmetros de Projetos de Pavimentos ............................................................ 41 

5.4.1  Tráfego .................................................................................................................... 41 

5.4.2  Capacidade de Suporte do Subleito ................................................................... 43 

5.5  Avaliação Funcional e Estrutural de Pavimentos Flexíveis ......................... 44 

5.5.1  Método de Avaliação Funcional .......................................................................... 45 

5.5.2  Método de Avaliação Estrutural ........................................................................... 49 

5.6  Projeto de restauração de Pavimentos Flexíveis ........................................... 54 

5.6.1  Procedimento DNER-PRO 011/1979 ................................................................. 54 

5.6.2  Procedimento DNER-PRO 269/1979 ................................................................. 56 

5.7  Métodos de Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis ............................. 59 

5.7.1  Método do DNER ................................................................................................... 60 

5.7.2  Método do DER ...................................................................................................... 64 

5.7.3  Método da Resiliência ........................................................................................... 64 

5.7.4  Método da AASHTO .............................................................................................. 67 

5.8  Mecânica dos Pavimentos .................................................................................... 70 

6  ESTUDOS DE CASO – PROJETOS DE PAVIMENTAÇÃO ............................. 72 

6.1  Implantação de Dispositivo de Retorno na Rodovia SP-280 ....................... 72 

6.1.1  Características da Rodovia Presidente Castelo Branco – SP-280 ................ 73 

6.1.2  Propriedades Geológico-geotécnicas no trecho em questão ......................... 75 

6.1.3  Tráfego do trecho em estudo ............................................................................... 77 

6.1.4  Avaliação Funcional – Inventário do Pavimento Existente ............................. 78 

6.1.5  Avaliação Estrutural – Condição deflectométrica do pavimento existente ... 80 

6.1.6  Reforço do pavimento existente .......................................................................... 83 

6.1.7  Dimensionamento da Estrutura do Pavimento Novo ....................................... 85 

6.1.8  Verificação e Compatibilização por Critérios Mecanísticos ............................ 87 

6.2  Readequação de Dispositivo de Retorno Existente – BR-116 .................... 90 

6.2.1  Características da Rodovia Presidente Dutra – BR-116 ................................. 92 

6.2.2  Propriedades Geológico-geotécnicas do trecho em questão ......................... 93 

6.2.3  Tráfego do trecho em estudo ............................................................................... 94 

6.2.4  Avaliação Estrutural – Condição deflectométrica do pavimento existente ... 95 

Page 17: Civil 04

17

6.2.5  Reforço do pavimento existente .......................................................................... 96 

6.2.6  Dimensionamento da Estrutura do Pavimento Novo ....................................... 97 

6.2.7  Verificação e Compatibilização por Critérios Mecanísticos ............................ 99 

7  ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................... 103 

8  CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 109 

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 111 

Page 18: Civil 04

18

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas a rede rodoviária sofreu uma enorme evolução, quer ao nível

da sua extensão, quer ao nível do volume de tráfego e das respectivas cargas.

Atualmente, verifica-se um aumento da necessidade de avaliações do pavimento,

seja estruturalmente, seja funcionalmente. Além disso, métodos de

dimensionamentos de pavimentos estão associados a novas tecnologias, estudos e

experimentos.

A avaliação funcional objetiva definir a qualidade do pavimento, de acordo com as

exigências dos usuários das vias, quanto ao conforto e à segurança e, a avaliação

estrutural do pavimento procura definir o estado da estrutura do pavimento quanto à

capacidade de suportar as cargas para qual foi projetado.

Os dimensionamentos de estruturas de pavimentos flexíveis são baseados em

modelos empíricos e mecanísticos, importados e nacionais. Os métodos de

dimensionamentos baseiam-se, geralmente, em parâmetros de volume de tráfego e

carregamento atuantes sobre o pavimento, assim como estudo geotécnico do

material do subleito local e de materiais importados, utilizados na estrutura do

pavimento.

Além disso, os dimensionamentos de pavimentos implicam em definição de

espessuras e escolha de materiais adequados, incluindo também avaliação de

desempenho da estrutura através das características e do comportamento dos

materiais que compõem o pavimento, tais como o módulo resiliente, coeficiente de

Poisson e determinação de deformações, tensões e deslocamentos desenvolvidas

sob as cargas a que está sujeita, tanto na superfície quanto em quaisquer pontos

escolhidos dentro do pavimento.

Complementando, tais comportamentos podem ser verificados através de

levantamento de defeitos do pavimento, avaliação estrutural utilizando métodos

destrutivos ou não-destrutivos, por simulações das condições de campo em

Page 19: Civil 04

19

laboratório e também através de análise mecanística, com a utilização de programas

computacionais.

Através destes levantamentos, procede-se a análise de aproveitamento dos

pavimentos existentes e a necessidade de reparos superficiais ou dimensionamento

de reforço, quando a estrutura não atende às solicitações de tráfego previstas.

Neste trabalho, os estudos de caso apresentados demonstrarão os procedimentos

necessários para a avaliação de um pavimento existente, que será solicitado de uma

forma diferente quando da implantação ou readequação de dispositivo de retorno

nas rodovias, além de dimensionamentos de espessuras de reforços de pavimento e

estruturas de pavimentos novos serem executados para os dispositivos citados.

Finalmente, para a elaboração de projeto de pavimentação, o conhecimento do

local, da classificação da via e de sua geometria, a definição do tipo de pavimento, a

avaliação funcional e estrutural, o estudo de tráfego e análises geotécnicas e a

realização de métodos de dimensionamentos de pavimento incluindo a análise

mecanística, são itens básicos para obtenção de um bom resultado.

Page 20: Civil 04

20

2. OBJETIVOS

Este trabalho tem por objetivo demonstrar através de revisão bibliográfica e estudo

de caso informações na área de pavimentação, apresentando o estudo dos

pavimentos para obras viárias, através de métodos de dimensionamentos e

avaliações das condições superficiais e estruturais do pavimento.

2.1 Objetivo Geral

Apresentar as avaliações funcionais e estruturais pertinentes ao estudo das

condições do pavimento existente e demonstrar os métodos de dimensionamentos

de pavimentos flexíveis disponíveis na bibliografia.

2.2 Objetivo Específico

Um dos objetivos específicos é apresentar os tipos, métodos e cálculos realizados

no dimensionamento de pavimentos flexíveis, inclusive análise mecanística do

pavimento.

Indicar quais são as avaliações necessárias para o estudo das condições do

pavimento existente, tanto no âmbito funcional quanto estrutural, apresentando os

defeitos superficiais e os problemas na estrutura do pavimento, inclusive

reaproveitamento do pavimento existente e possível projeto de reforço, torna-se

também um objetivo específico.

E finalmente realizar, através de estudos de caso, projetos de pavimentação para

implantação de dispositivo de retorno em desnível na Rodovia Presidente Castelo

Branco (SP-280) e readequação de dispositivo de retorno existente em operação na

Rodovia Presidente Dutra (BR-116).

Page 21: Civil 04

21

3. MÉTODO DE TRABALHO

A pesquisa caracteriza-se inicialmente por revisão bibliográfica de itens relacionados

à pavimentação viária rural, apresentando breve história da pavimentação no Brasil,

descrevendo os tipos de pavimentos usualmente construídos, os materiais

constituintes da estrutura do pavimento, a importância dos dados do subleito e do

tráfego local, os principais métodos utilizados em projetos de pavimentação, as

patologias encontradas no sistema viário e as avaliações das condições do

pavimento já executado, avaliando-o durante sua vida útil.

Em seguida, são apresentados estudos de caso utilizando-se de projeto de

pavimentação para implantação e readequação de dispositivo de retorno em

desnível em rodovias, no qual foram necessárias informações obtidas de estudo “in

situ” e laboratoriais e uso da bibliografia literária disponível para análise e cálculos

sobre a melhor providência a ser tomada.

A revisão bibliográfica foi abstraída de livros, normas, artigos científicos, trabalhos

acadêmicos e relatórios técnicos, na qual servirá para apresentar e embasar sobre o

estudo de caso em questão.

Os estudos de caso contemplam dados reais que foram obtidos de estudos de

campo e de laboratório, que juntamente com cálculos e informações técnicas e

acadêmicas permitem a análise necessária ao projeto de pavimentação.

Os primeiros itens do capítulo de revisão bibliográfica englobam as principais

informações referentes à pavimentação rodoviária, dando base ao entendimento do

que tratará o trabalho em questão.

Para completar o embasamento para o fundamento dos estudos de caso, torna-se

necessário o conhecimento dos dados necessários para o projeto de pavimentação

e como estas informações podem ser obtidas ou averiguadas, o que torna

imprescindível a apresentação de normas, métodos de ensaios e conseqüentemente

Page 22: Civil 04

22

métodos de avaliação dos pavimentos existentes e tipos de dimensionamentos para

pavimentos flexíveis; sendo estes itens parte integrantes do corpo do capítulo de

revisão bibliográfica, designada como Pavimentação Rodoviária.

O próximo capítulo, referente aos estudos de caso, trata primeiramente da

implantação do dispositivo de retorno em desnível na Rodovia Presidente Castelo

Branco, e deverá abranger todas as informações sobre o projeto proposto e o

segmento da Rodovia em questão. Posteriormente, no mesmo capítulo, tratará de

readequação do dispositivo de retorno na Rodovia Presidente Dutra, também

abrangerá todas as informações sobre o projeto proposto e o segmento da Rodovia

em questão.

A seguir, ainda no capítulo referente aos estudos de caso, serão apresentados de

forma prática, ou seja, dando ênfase a tabelas e gráficos, as informações

provenientes de estudos experimentais e os cálculos realizados para o projeto de

pavimentação, como avaliação funcional e estrutural, dimensionamentos de reforços

de pavimentos e estruturas de pavimentos novos e análise mecanística.

As soluções são apresentadas ao final do capítulo sobre os estudos de caso, com

proposta de estrutura de pavimento para o dispositivos e indicadores das condições

dos pavimentos existentes nas duas rodovias em questão.

E, finalmente, no capítulo sobre considerações finais, caberá a discursão sobre os

pavimentos propostos nos dispositivos e os aproveitamentos das estruturas

existentes, como faixas integrantes dos dispositivos de retorno.

Page 23: Civil 04

23

4 JUSTIFICATIVA

A construção de uma nova estrutura de pavimento ou reforço de um pavimento

existente depende de estudos na área de pavimentação, sendo que análise do

estado de conservação funcional e estrutural do pavimento existente torna-se muito

importante, assim como cálculos e metodologias de dimensionamentos de

pavimentos novos são fundamentais.

A análise funcional e estrutural de pavimentos em operação serve para dar

embasamento ao estudo de manutenção, reforço do pavimento e aproveitamento ou

não de pistas existentes, como por exemplo, quando da adequação viária e

implantação dispositivos de retorno que gerarão novos fluxos de tráfego.

Este trabalho de pesquisa descreve as principais patologias existentes no pavimento

rodoviário e os mais freqüentes métodos de avaliação das condições de pavimentos

flexíveis, tornando imprescindível o estudo de normas, métodos e cálculos

disponíveis na literatura e que são utilizados na prática de projetos de pavimentação.

Os métodos de dimensionamentos de pavimentos flexíveis são vastos na literatura

técnica e muitos são freqüentemente utilizados por projetistas. Caberá este trabalho

apresentar muitas destas metodologias, principalmente as utilizadas no estudo de

caso.

O pavimento rodoviário deve ser dimensionado tendo em vista os materiais

disponíveis, o tráfego previsto para o período de projeto e as características locais.

Assim sendo, justifica-se conhecer os tipos de dimensionamentos para obter as

melhores soluções técnicas, de tal forma que se proteja o subleito contra a geração

de deformações plásticas excessivas e as camadas asfálticas do processo de fadiga

decorrente do carregamento cíclico do tráfego previsto.

Page 24: Civil 04

24

5 PAVIMENTAÇÃO RODOVIÁRIA

Neste capítulo são apresentados tópicos comumente utilizados na área de pesquisa

em questão, a pavimentação rodoviária. Deste modo, para o melhor entendimento

do texto serão abordados: malha rodoviária, definição de pavimentação e tipos de

pavimentos, patologias em pavimentos rodoviários, avaliação funcional e estrutural

de pavimentos flexíveis e métodos de dimensionamentos de estruturas de

pavimentos flexíveis.

5.1 Considerações sobre a Malha Rodoviária

A rede rodoviária apresenta fatos históricos, classificações e definições que servem

como embasamento para o estudo das diversas áreas de atuação. Entretanto, no

presente trabalho a área de pavimentação será melhor abordada, conforme pode ser

observado nos itens seguintes.

5.1.1 Breve Histórico

As rodovias tiveram sua origem marcada desde a antiguidade, onde caracterizavam-

se por caminhos e trilhas percorridos pelo homem e por animais, com o intuito de

locomoção e deslocamento, unindo povoados e pontos comerciais. Seu

desenvolvimento sempre esteve diretamente ligado à civilização e ao

desenvolvimento sócio-econômico.

Destacam-se nos itens a seguir os principais marcos relacionados às estradas, cujas

datas foram extraídas de Souza (1981), cabendo informar que algumas informações

datam de épocas um pouco diferentes em algumas bibliografias:

• Seis mil Antes de Cristo: primeiros conhecimentos do Egito remontam a

existência de estradas;

• Três mil Antes de Cristo: Extensa rede de estradas nas terras dos Faraós;

• 499 Antes de Cristo: Romanos introduziram a Lei das Doze Tábuas;

Page 25: Civil 04

25

• 312 Antes de Cristo: Construção da Via Ápia, ligando Roma a Cápia;

• 123 Antes de Cristo: O Tribuno Caio Graco calçou as estradas romanas mais

importantes, medindo-as e indicando a cada milha os marcos com pedra;

• Após Queda Império Romano: Existência de mais de 10.000 milhas de ótimas

estradas, que devido a este fato histórico foram abandonadas e deterioradas;

• Ano de 1716: Implantação da Administração das Pontes e Calçadas na França;

• Ano de 1826: Criação de camada de Macadame – processo de brita e material

pulverulento. O nome macadame é em homenagem ao seu criador inglês: Mac

Adam;

• Anos de 1836 e 1880: Leis Francesas para Construção e Conservação das

Estradas;

• Ano de 1908: Primeira grande viagem de automóvel no Brasil, entre Rio de

Janeiro e São Paulo, com 876 horas de duração;

• Ano de 1925: Segunda viagem de automóvel, também entre as duas cidades

citadas acima, porém com duração de 144 horas;

• Ano de 1928: inauguração de Rodovia ligando Rio de Janeiro a São Paulo, no

governo de Washington Luiz. Neste mesmo governo foi iniciado o

desenvolvimento da política Rodoviária no Brasil;

• Ano de 1934: Criação do DER-SP – Departamento de Estradas de Rodagem de

São Paulo, em 02 de julho deste ano. Através de contratos firmados com o IPT –

Instituto de Pesquisas Tecnológicas, também criado nesta época, conseguiu

algumas mudanças fundamentais, mesmo já possuindo grande autonomia

técnica;

• Década de 1940: Criação do Fundo Rodoviário dos Estados e Municípios –

Decreto-Lei 2615/40;

• Ano de 1945: Aplicação Lei Federal 8463/45 – lei Joppert, com intuito de

regularizar e providenciar o financiamento de construções de estradas federais,

estaduais e municipais;

• Década de 1950: Implantação da indústria automobilística no Brasil e início do

processo de construção de rodovias.

Segundo Costa e Figueiredo (2001), o Decreto-Lei de 27 de dezembro de 1.945,

também conhecido como “Lei Joppert”, criou o Fundo Rodoviário Nacional,

Page 26: Civil 04

26

reorganizou o DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem e

possibilitou a criação dos DER’s – Departamentos de Estradas de Rodagem.

Sendo assim, a área rodoviária sempre esteve em constante progresso, marcada

por evoluções sócio-econômicas e nos últimos tempos evoluções principalmente

técnicas, através de desenvolvimento de novas tecnologias referentes ao estudo,

projeto, melhoria e implantação de itens rodoviários.

5.1.2 Classificação Rodoviária

As rodovias podem ser classificadas de acordo com diversos âmbitos:

administrativa, funcional e técnica.

Com relação à jurisdição, as rodovias federais podem ser divididas, conforme

descrito em Terminologias Rodoviárias – Departamento Nacional de Infraestrutura

de Transportes – DNIT (2007), em administração direta (responsabilidade do próprio

DNIT), em rodovia delgada (cuja responsabilidade é do Município, Estado ou Distrito

Federal, porém com delegação do DNIT), em rodovia concedida (trata-se da

transferência da responsabilidade sobre a rodovia do órgão diretamente à empresa

privada – concessionária, por um determinado período) e finalmente em rodovia

delegada ao Município, Estado ou Distrito Federal para concessão (através de

transferência entre estes à iniciativa privada). Além disso, as rodovias classificadas

administrativas utilizam como identificação as siglas alfanuméricas vinculando

localização e entidade responsável.

Ainda conforme DNIT (2007), as rodovias podem ser classificadas em área urbana,

rurais e vicinais. As rodovias em áreas urbanas apresentam trechos dentro do

perímetro urbano. As rodovias rurais contemplam trechos que interligam áreas

urbanas e industriais, pontos de geração e atração de tráfego além de pontos

significativos dos segmentos modais, atravessando área rural. Já as vicinais são

rodovias locais, destinadas principalmente a dar acesso a propriedades lindeiras ou

podem ser caminhos que ligam povoações próximas e pequenas.

Page 27: Civil 04

27

Resumindo, as rodovias podem ser classificadas quanto à jurisdição administrativa

em: Vias Federais, que são rodovias sob administração do Governo Federal e

caracterizam-se pela sua longa extensão; Vias Estaduais, que são rodovias sob

administração do Governo do Estado e caracterizam-se pela média extensão e pela

ligação de cidades de médio porte e do interior à Capital do Estado; e finalmente em

Vias Municipais ou Vicinais, que são rodovias sob administração do Governo

Municipal e caracteriza-se pelo pequeno curso e pela ligação de Distritos e estes a

Sedes de Municípios.

Conforme DNIT (1999), pode-se classificar funcionalmente as rodovias em sistemas

arteriais (principal, primário e secundário), sistema coletor (primário e secundário) e

sistema local.

Com relação à classificação técnica, as rodovias são divididas em classes (0, I, I-A,

I-B, II, III, IV-A e IV-B), correspondendo os menores números a características

técnicas mais exigentes. Os principais critérios para utilizados para tal classificação

são: classificação funcional, volume diário médio de tráfego, nível de serviço, dentre

outros (DNIT, 1999).

A página do DER/SP na internet apresenta a nomenclatura utilizada para a

classificação de rodovias estaduais, como segue:

• Radiais: rodovias que constituem ligação com a Capital do Estado;

• Transversais: rodovias que ligam localidades do Estado, sem passar pela Capital;

• Marginais: vias adjacentes às rodovias e construídas sobre a mesma faixa de

domínio, tendo por objetivo distribuir o tráfego lindeiro;

• Acessos: vias que ligam cidades ou logradouros às rodovias;

• Interligação: trechos que ligam rodovias entre si;

• Dispositivos: complementos rodoviários que permitem a ligação de rodovias.

Page 28: Civil 04

28

5.1.3 Nomenclatura e Definições do Meio Viário

As nomenclaturas normalmente utilizadas em projetos rodoviários necessitam de

padronização e definição com precisão e uniformidade. Sendo assim, são

apresentados neste item os principais componentes do sistema rodoviário e da

seção transversal, tendo por referência as publicações: Manual de Projeto

Geométrico de Rodovias Rurais – DNER (1999), Glossário de Termos Técnicos

Rodoviários – DNER (1997), Manual de Projeto de Interseções – DNIT (2005) e

livros de autoria de Carvalho (1973) e Senço (2008).

• Acesso: via de ligação entre a rodovia e propriedades em suas margens ou

mesmo a outro sistema rodoviário.

• Acostamento: área da plataforma lateral à pista com objetivo de faixa extra de

rolamento para eventuais emergências, estacionamento provisório de veículos e

de contribuição na estrutura do pavimento, contendo as camadas integrantes do

pavimento da pista de rolamento, protegendo-o e evitando os efeitos da erosão.

Os acostamentos devem ter caimento transversal adequando de modo a não

prejudicar a circulação dos veículos e ao mesmo tempo exercer condições

satisfatórias de drenagem;

• Barreira rígida: estrutura de concreto disposta longitudinalmente a pista;

• Bordo ou borda da pista: limites laterais da pista de rolamento;

• Canteiro central: espaço situado entre o bordos de pistas de rolamento com

sentidos opostos;

• Cruzamento em desnível sem ramos: caracterizada por implantação de

passagem superior e inferior em que não há troca de fluxos de tráfego entre as

vias que se interceptam devido ausência de ramos.

• Faixa de aceleração: faixa adicional para aumento de velocidade;

• Faixa de desaceleração: faixa adicional destinada à diminuição de velocidade;

• Faixa de segurança: faixa estreita longitudinal a pista destinada a proporcionar

segurança e reduzir a sensação de confinamento;

• Faixa de tráfego: faixa longitudinal da pista para o deslocamento de uma única

fila de veículos. Consiste em parte da pista que permite a passagem do veículo

com certa folga;

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29

• Fluxo: conjunto de veículos que trafegam no mesmo sentido, podendo ser em

uma ou mais faixas de rolamento;

• Interconexão: interseção com cruzamentos de correntes de tráfego em desnível,

composta de ramos de conexão entre as vias;

• Interseção: área com cruzamento de duas ou mais vias e onde são localizados

todos os dispositivos que permitem os movimentos ordenados dos veículos que

por ela circulam. São classificadas em duas categorias gerais: interseção em

nível e interseção em níveis diferentes, ou seja, em desnível;

• Interseção em nível: caracteriza-se por correntes de tráfego que convergem,

divergem ou cruzam sem o emprego de Obras de Arte Especiais (OAE)

• Interseção em desnível: sistema de interconexão de vias, com cruzamento(s) em

níveis diferentes e auxílio de OAE, possibilitando a interligação de correntes de

tráfego provenientes de duas ou mais vias em desnível, assim como o

movimento de retorno em níveis diferentes;

• Pista de rolamento: parte da via projetada para deslocamento dos veículos,

podendo ser pavimentada, contendo uma ou mais faixas de tráfego;

• Plataforma: parte da seção transversal que compreende a pista, acostamento e

eventualmente passeio e componentes de drenagem, entre os limites dos pés de

corte e cristas de aterro;

• Ramos de interseção: pistas que ligam vias que se interceptam ou as conectam a

outas vias e ramos;

• Retorno: dispositivo de uma rodovia que possibilita veículos de uma certa

corrente de tráfego a transferência para outra corrente de sentido oposto,

podendo ser em nível ou desnível;

• Rotatória: interseções geralmente em nível e adotadas para o fluxo de veículos

quando a entradas e saídas são em número apreciável;

• Seção transversal da via: alinhamento transversal que inclui pista de rolamento,

faixa de segurança, acostamento, passeio, elementos de drenagem e limites da

terraplenagem;

• Seção transversal tipo: seção transversal constante relativa a trechos contínuos

de rodovias ou ramos;

• Taper: Faixa de tráfego com largura variável, implantada para transição do

deslocamento lateral para uma faixa paralela. Seu uso geralmente aplica-se no

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30

final da faixa de aceleração ou no início da faixa de desaceleração e também no

início e no fim das faixas adicionais;

• Via: faixa do terreno destinada ao tráfego de qualquer natureza;

• Volume Diário Médio (VDM): número médio de veículos que trafega uma seção

ou um segmento de uma rodovia, durante certo período de tempo.

5.2 Pavimentação – Definição e Tipos de Pavimentos

Pavimento é definido como superestrutura constituída por um sistema de camadas

de espessuras finitas, construídas sobre a infraestrutura ou terreno de fundação,

considerado um semi-espaço teoricamente infinito no qual é designado de subleito

(DNIT, 2006).

Bernucci et al. (2008) define pavimento como uma estrutura de múltiplas camadas

de espessuras finitas, executada sobre a superfície final de terraplenagem, que tem

como objetivo técnico e econômico resistir os esforços oriundos do tráfego de

veículos e do clima, além propiciar aos usuários melhor condições de rolamento,

proporcionando segurança, com conforto e economia.

De acordo com a norma NBR-7207 (ABNT,1982), o pavimento trata-se de uma

estrutura construída após a terraplenagem e destinada a:

• Resistir e distribuir ao subleito os esforços verticais gerados pelo tráfego atuante;

• Melhorar as condições de rolamento quanto ao conforto e segurança;

• Resistir aos esforços horizontais atuantes sobre o pavimento, aumentando a

durabilidade da superfície de rolamento.

Os pavimentos rodoviários são classificados como flexível, semi-rígido e rígido,

porém recentemente há uma tendência de nomear da seguinte maneira:

pavimentos asfálticos (flexíveis) e pavimentos de concreto de cimento Portland ou

simplesmente concreto-cimento (rígido), indicando o tipo de revestimento do

pavimento (BERNUCCI et al., 2008).

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31

Devido à forma de distribuição das cargas, usualmente nos pavimentos flexíveis e

rígidos, os revestimentos e as bases betuminosas, cimentadas ou granulares, assim

como as camadas inferiores compostas de materiais estabilizados apenas

granulometricamente são dispostos de tal maneira que seus respectivos módulos de

resiliência decrescem com a profundidade, ou seja, são utlizados materiais mais

nobres (de maior rigidez) nas camadas superiores da estrutura.

Porém, no pavimento semi-rígido, a camada de base cimentada apresenta módulo

de resiliência superior ao do valor referente ao revestimento asfáltico; e no

pavimento designado como invertido, no qual, como a própria denominação indica,

caracteriza-se pela inversão das camadas de base e sub-base dentro da estrutura

do pavimento, apresenta estrutura com módulo de resiliência mais baixo entre duas

camadas com módulo de estrutura mais altos.

Devido ao escopo do trabalho abranger a pavimentação rodoviária, serão descritos a

seguir somente os pavimentos usualmente utilizados nas rodovias.

5.2.1 Pavimento Flexível

O termo Pavimento Flexível, segundo a ABNT (1990) apud Rodrigues Filho (2006),

consiste em uma estrutura constituída de camada de rolamento betuminosa e de

base constituída de uma ou mais camadas apoiadas sobre o leito da via, possuindo

como característica o fato da camada de rolamento poder se adaptar às

deformações da base.

Outra definição é dada por Merighi (2004): são aqueles constituídos por camadas

que não trabalham à tração, com exceção ao revestimento que pode ou não

suportar esse tipo de tensão. São compostos normalmente de revestimento

betuminoso delgado sobre camadas puramente granulares. A capacidade de

suporte é função das características de distribuição de cargas por um sistema de

camadas superpostas, onde as de melhor qualidade encontram-se mais próximas da

ação da carga aplicada.

Page 32: Civil 04

32

Yoder (1975) descreve em sua obra o pavimento flexível é aquele que sofre

deformações, até certo limite, sem romper. Seu dimensionamento é comandado pela

capacidade de suporte do subleito e é efetuado levando em consideração os

esforços de compressão e tração na flexão, ocasionada pelo surgimento de bacias

de deformação sob as rodas dos veículos, provocando deformações permanentes e

ruptura por fadiga.

Os pavimentos flexíveis e semi-rígidos (item 5.2.2) são compostos por subleito,

regularização do subleito, reforço do subleito, sub-base, base e revestimento do tipo

betuminoso.

Senço (1997) descreve estas camadas da seguinte maneira:

• Subleito – terreno de fundação do pavimento;

• Regularização – camada com espessura irregular com o intuito de conformar o

subleito tanto transversal como longitudinalmente;

• Reforço do subleito – camada com espessura constante constituída de

material com características superiores ao do subleito, porém inferiores às das

camadas superiores;

• Sub-base – complementa a camada de base, sendo utilizada quando não for

aconselhável o uso de base diretamente sobre o reforço ou a regularização do

subleito;

• Base – trata-se da camada responsável por receber e distribuir os esforços

provenientes do tráfego, construída sob o revestimento;

• Revestimento – camada superficial, também conhecida como capa de

rolamento, designada a receber a ação direta do tráfego. Melhora as

características de rolamento no que se refere ao conforto e a segurança,

resiste bem ao desgaste e é tanto quanto possível impermeável.

A seção-tipo do pavimento flexível, composta pelas principais camadas descritas

anteriormente é apresentada na Figura 5.1.

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33

Figura 5.1 – Seção típica de pavimento flexível

Fonte: MERIGHI (2004).

Vários tipos de revestimento podem ser utilizados nos pavimentos flexíveis

rodoviários: tratamentos superficiais simples, duplo ou triplo, macadame betuminoso,

pré-misturados a frio e a quente, concreto betuminoso usinado a quente, micro

revestimento asfáltico, camada porosa de atrito, stone matrix asphalt, concretos

asfálticos modificados com polímero ou com adição de borracha, dentre outros.

As camadas de base e sub-base podem ser constituídas por um único material ou

mistura destes, como pedra britada, areia, solo, com adição ou não de cimento, cal e

betume.

5.2.2 Pavimento Semi-rígido

São pavimentos constituídos com revestimento em capa asfáltica, porém com base

executada com adição de cimento, o que originam pavimentos mais esbeltos, com

capacidade de suporte e vida útil supostamente superiores em relação aos

construídos com bases puramente granulares, de acordo com Rodrigues Filho

(2006).

Page 34: Civil 04

34

Este tipo de pavimento é definido como sendo aquele em que a base da estrutura é

cimentada. Caracteriza-se por absorver parte dos esforços de tração, devido ao

aumento de rigidez e conseqüentemente valor de módulo de elasticidade (MERIGHI,

2004).

O pavimento semi-rígido caracteriza-se por uma situação intermediária entre os

pavimentos rígidos e flexíveis. É composto em sua estrutura por misturas de solo-

cimento, solo-cal, solo-betume dentre outras, que apresentam razoável resistência à

tração.

Podem apresentar estrutura convencional ou invertida, sendo o primeiro constituído

por base cimentada (alta rigidez) e sub-base granular e o segundo composto pela

base granular e sub-base cimentada (alta rigidez).

Conforme Suzuki e Domingues (20??), ao defenderem o pavimento invertido,

referindo-se a aspectos técnicos e econômicos, explicam que este tipo de estrutura

pode concorrer com outros tipos de estruturas. Além disso, mesmo bem

dimensionado, o pavimento semi-rígido convencional pode apresentar problemas

precocemente de trincamento devido à retração térmica, resultando assim, ao final

de sua vida útil, severa fissuração da base e do revestimento, especialmente no que

se refere à reflexão de trincas para as camadas superiores de reforço. Sendo assim,

estuda-se o pavimento invertido, pois com o uso de camada cimentada sob camada

granular, pode-se minimizar a reflexão de trincas de fadiga e de retração térmica da

camada de maior rigidez para o revestimento.

Contudo, Merighi (2004) afirma que os problemas existentes das estruturas semi-

rígidas e das invertidas são restauração do pavimento e recuperação do

revestimento asfáltico quando atingirem o fim da vida útil.

5.2.3 Pavimento Rígido

O pavimento rígido, segundo a ABNT (1990) apud Rodrigues Filho (2006), trata-se

de estrutura composta de placa de Concreto de Cimento Portland com função tanto

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35

de revestimento e quanto de base, assentada sobre a sub-base ou diretamente

sobre o subleito.

O pavimento rígido pode apresentar as seguintes configurações, tendo em vista a

solução mais adequada para cada situação:

• Concreto Simples;

• Concreto Simples com Barras de Transferência;

• Concreto com Armadura Distribuída Descontínua sem Função Estrutural;

• Concreto com Armadura Contínua sem Função Estrutural;

• Concreto Protendido;

• Whitetopping – revestimento em placa de concreto de cimento Portland

assentada sobre pavimento flexível em revestimento asfáltico;

• Concreto Rolado;

• Concreto Estruturalmente Armado.

O dimensionamento do pavimento de concreto tem como base as propriedades de

resistência das placas de concreto de cimento Portland, que são apoiadas em uma

camada de transição, designada por sub-base. A determinação da espessura é

obtida a partir da resistência à tração do concreto, nas quais são feitas

considerações em relação à fadiga, coeficiente de reação do subleito e cargas

aplicadas (MERIGHI, 2004).

5.2.4 Desempenho de Pavimentos Flexíveis e Rígidos

Com relação ao desempenho do pavimento (Zeminian, 1977 apud Rodrigues Filho,

2006), observa que Pavimentos Flexíveis, para o período de 10 anos, com

possibilidade de intervenções generalizadas nesse período, e Pavimentos Rígidos, a

vida útil de 20 anos, com possibilidade de intervenções localizadas envolvendo

resselagem de juntas, traduzem de forma conservativa o desempenho do pavimento.

Porém, não há como observar o momento exato para se realizar as manutenções

cabíveis para aumentar seu ciclo de vida, tanto em pavimentos flexíveis quanto nos

pavimento rígidos.

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36

O que se sabe é que o momento para as intervenções assim como os desempenhos

de tais pavimentos dependem do dimensionamento, do modelo de fadiga com tal

estimativa para o material betuminoso obtido através de ensaios; de avaliações

funcional e estrutural verificadas pelos defeitos encontrados no pavimento flexível

(irregularidades, trilha de roda, desgastes e trincamentos) e por medidas de

deflexões máximas recuperáveis; da verificação dos elementos causadores da

diminuição de expectativa de vida do pavimento rígido como retrações plásticas e

térmicas na placa; do carreamento de finos sob as placas; do esborcinamento de

juntas nas placas de concreto, do defeito na selagem de juntas, fissuras e quebras e

desnivelamento entre placas; do comportamento em face às tensões e deformações

decorrentes das condições climáticas; do nível de tráfego caracterizado pelo VDM -

Volume Diário Médio; de características geotécnicas e de resiliência dos materiais

empregados no subleito e nas camadas do pavimento; do controle de qualidade; do

processo construtivo; do meio ambiente, dentre outros.

Desta forma, a deterioração dos pavimentos deve ser impedida sempre que possível

ou, ao menos, retardada, através de manutenções preventivas, que devem ser

efetuadas no momento oportuno, para que os investimentos técnico-econômicos

empregados na construção das rodovias não sejam perdidos, o que acarretaria em

acréscimo nos custos de transportes e provavelmente resultaria no valor das

mercadorias transportadas, com repasse para toda a sociedade (CAMPOS, 2004).

5.3 Patologias em Pavimentos Rodoviários

Os defeitos apontados neste item seguem as definições apresentadas no

documento de Terminologia do DNIT (2003) – Defeitos nos pavimentos flexíveis e

semi-rígidos. Sendo assim, são descritos a seguir as denominações e definições dos

defeitos comumente presentes nos pavimentos flexíveis, padronizando e não

deturpando os termos empregados em patologias de pavimentos rodoviários.

Page 37: Civil 04

37

5.3.1 Fenda

Fenda é qualquer descontinuidade na superfície do pavimento, que possa resultar

em aberturas de menor ou maior porte, apresentando-se sob duas formas conforme

itemizadas a seguir:

• Fissura: fenda de largura capilar presente no revestimento, podendo estar

posicionada transversal, longitudinal ou obliquamente ao eixo da via, perceptível

somente a vista desarmada a uma distância máxima de 1,5m.

• Trinca: fenda presente no revestimento, visível a vista desarmada, com abertura

superior à da fissura, podendo apresentar-se sob a forma de trinca isolada ou

trinca interligada.

A trinca isolada transversal caracteriza-se por apresentar direção

predominantemente ortogonal ao eixo da via, sendo denominada como curta quando

apresentar extensão de até 100cm longa quando a extensão for superior a este

valor.

A trinca longitudinal apresenta direção predominantemente paralela ao eixo da via,

apresentando as mesmas denominações com relação a sua extensão, curta ou

longa, quando maior ou menor a 100cm.

A trinca de retração não é atribuída à fadiga e sim a retração térmica do

revestimento (capa) ou do material de base rígida ou semi-rígida executados abaixo

ao revestimento trincado.

A trinca interligada, tipo “Couro de Jacaré” caracteriza-se por conjunto de trincas

interligadas, sem direções preferenciais, por isso a designação de couro de jacaré,

devido a semelhança deste aspecto. Devido a sua configuração, tais trincas podem

apresentar, ou não, erosão acentuada nas bordas.

A trinca interligada tipo “Bloco” é um conjunto de trincas interligadas caracterizadas

pela “formação” de blocos cujos lados são bem definidos, podendo, ou não,

apresentar erosão acentuada nas bordas.

Page 38: Civil 04

38

5.3.2 Afundamento

Afundamento trata-se de deformação permanente na superfície do pavimento,

caracterizada por depressão no revestimento, podendo estar acompanhada, ou não,

de solevamento. Este tipo de defeito pode apresentar-se sob duas maneiras:

afundamento plástico ou afundamento de consolidação.

• Afundamento plástico: deformação causada pela fluência plástica de uma ou

mais camadas da estrutura do pavimento ou mesmo do subleito, acompanhado

de solevamento. Poderá ser denominado como afundamento plástico local

quando apresentar até 6m de extensão, porém, quando a extensão for superior a

este valor e sua localização estiver ao longo da trilha de roda, será denominado

como “Trilha de Roda”.

• Afundamento de consolidação: deformação causada pela consolidação

diferencial de uma ou mais camadas da estrutura do pavimento ou mesmo do

subleito, não acompanhado de solevamento. Poderá ser denominado como

afundamento de consolidação local quando apresentar até 6m de extensão,

porém, quando a extensão for superior a este valor e sua localização estiver ao

longo da trilha de roda, será denominado afundamento de consolidação da trilha

de roda.

5.3.3 Ondulação ou Corrugação Ondulação é uma deformação presente na superfície do pavimento caracterizada

por ondulações ou corrugações transversais.

5.3.4 Escorregamento

Escorregamento trata-se de deslocamento do revestimento em relação à camada

subjacente da estrutura do pavimento, caracterizado pelo aparecimento de fendas

em forma de meia-lua.

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39

5.3.5 Exsudação

Exsudação é causada pela migração do ligante através do revestimento, gerando o

excesso de ligante betuminoso na superfície do pavimento.

5.3.6 Desgaste

Desgaste tem como causa os esforços tangenciais provenientes do tráfego e

trata-se do efeito de arrancamento progressivo do agregado do pavimento,

caracterizando este defeito pela aspereza superficial do revestimento.

5.3.7 Panela ou Buraco

Panela ou Buraco é uma cavidade gerada no revestimento, sendo que em alguns

casos pode se aprofundar e alcançar as camadas inferiores da estrutura do

pavimento, o que acarreta na desagregação das camadas. Este defeito quando

formado no revestimento pode ser causado inclusive por falta de aderência entre

camadas superpostas, o que resulta no desplacamento das camadas.

5.3.8 Remendo

Remendo é o preenchimento da Panela com uma ou mais camadas da estrutura do

pavimento, cuja operação é denominada de “tapa-buraco”. Pode ser executado de

duas formas:

• Remendo profundo: executa-se a substituição do revestimento e, eventualmente,

de uma ou mais camadas inferiores da estrutura do pavimento. Este tipo de

remendo apresenta configuração retangular;

• Remendo superficial: é a correção somente da superfície do revestimento através

de aplicação de camada betuminosa. Este tipo de remendo é realizado em área

localizada.

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40

5.3.9 Ilustrações dos Defeitos em Pavimentos

Para melhor entendimento dos principais defeitos citados no item 3, são apresentas

algumas imagens na Figura 5.2.

Figura 5.2 – Defeitos em pavimentos flexíveis. Fonte: SHRP (1993).

Visualização: esquerda para direita e de cima para baixo. Defeitos: Remendos, Buracos, Corrugações, Trincas: por Fadiga, em Blocos, Longitudinais, de Bordas, de Reflexão e Tranversais, Exsudação, Polimento de Agregados, Desgaste, Afundamento nas Trilhas de Rodas, Degrau entre

Acostamento e Faixa de Rolamento e Bombeamento e Exsudação de Água.

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41

5.4 Parâmetros de Projetos de Pavimentos

Para a realização de dimensionamentos de reforços e/ou estruturas novas de

pavimentos, torna-se necessário o conhecimento de parâmetros, como a obtenção

do tráfego, geralmente obtido pelo processo de contagens em campo,

determinando-se o volume de veículos por dia e também as características do

material do subleito, principalmente a obtenção de dados de capacidade de suporte

e expansão.

5.4.1 Tráfego

Para o estudo de um pavimento é fundamental o conhecimento do tráfego que o

mesmo já foi submetido, o tráfego atual e a estimativa do tráfego futuro.

Com relação ao carregamento, o fator mais importante a ser avaliado em projeto

estrutural de pavimentos de rodovias são os efeitos da tipologia de veículos, volume

de tráfego e o modo de operação dos veículos (YODER e WITCZAK, 1975).

De acordo com Huang (1993) o tráfego é um elemento fundamental de projeto,

devendo ser considerado o volume de tráfego e o carregamento, considerando a

carga por eixos equivalentes, o número de repetições, área de contato dos pneus e

velocidade dos veículos.

Assim, as cargas rodoviárias, entendimento necessário para o projeto de

pavimentos, define-se pelo carregamento transmitido ao pavimento através das

rodas dos pneumáticos de veículos comerciais, caracterizadas pelos tipos de

veículos (classificação da frota), pelo conceito de eixo padrão, pelo tráfego e seu

crescimento e pelo estudo de tráfego através de obtenção do número “N”, que será

explicado a seguir.

No estudo do tráfego rodoviário relacionado ao dimensionamento de pavimento, as

seguintes definições são importantes:

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42

• Volume de tráfego: Número de veículos que passa em um ponto da rodovia, em

determinado intervalo de tempo (hora, dia, mês ou ano);

• Volume médio diário (Vm ou VMD): Número de veículos que circulam em uma

rodovia durante um ano dividido pelo número de dias do ano.

Tais volumes são adquiridos através de pesquisas de tráfego, como as contagens

volumétricas classificatórias.

Os fatores de equivalência de cargas de rodas referem-se à relação entre o dano

causado no pavimento por um determinado eixo selecionado em relação ao dano

causado por um eixo padrão, movendo-se sobre o mesmo pavimento (YODER e

WITCZAK, 1975).

O fator de eixo caracteriza-se pelo número que multiplicado pela quantidade de

veículos dá o número de eixos, ou seja, serve para converter o tráfego misto em um

número equivalente de operações de um eixo padrão (DNIT, 2006).

A projeção do volume de tráfego durante um dado período de tempo, geralmente de

8 a 12 anos, deverá prever os índices de crescimento anual do tráfego no que diz

respeito à movimentação de cargas dos veículos comerciais Este crescimento

correlaciona com outros índices de crescimento sócio-econômicos das regiões

servidas pela via (BALBO, 1997).

Conforme DNIT (2006), o número “N” define-se pelo número de repetições de carga

equivalente a um eixo de 8,2 tf ou 80 kN tomado como padrão, durante o período de

vida útil do projeto, que teria o mesmo efeito que o tráfego previsto sobre a estrutura

do pavimento.

Ainda do Manual do DNIT (2006), na determinação do número “N” são considerados

fatores relacionados à composição do tráfego relativos às categorias dos veículos, a

distribuição de veículos carregados e na projeção do tráfego.

Page 43: Civil 04

43

Resumindo, o número “N” trata-se do produto entre o período de projeto, os dias do

ano em operação, o volume de veículos, fator de eixo e fator de equivalência de

carga.

Os dois modelos para determinação do número “N” mais usados no Brasil são da

AASHTO – American Association of Highways and Transportation Officials e USACE

– United States Army Corps of Engineers. O Manual de Estudos de Tráfego do DNIT

(2006) demonstra o procedimento para a determinação do número “N”.

5.4.2 Capacidade de Suporte do Subleito

A capacidade de suporte de um solo compactado pode ser medida através de

método que fornece o “Índice de Suporte Califórnia – ISC” (California Bearing Ratio –

CBR), idealizado pelo engenheiro O. J. Porter em 1939, no estado da Califórnia,

USA. Trata-se de um método de ensaio empírico, adotado por grande parte de

organismos rodoviários, tanto no Brasil quanto em diversos outros países. Os

objetivos do ensaio é determinar o Índice de Suporte Califórnia (CBR) e a Expansão

do material avaliado.

Esta metodologia consiste na determinação da relação, expressa em porcentagem,

entre a pressão necessária para produzir uma penetração de um pistão num corpo

de prova de material e a pressão necessária para produzir a mesma penetração

numa mistura padronizada de brita estabilizada granulometricamente.

Sendo assim, para a obtenção do valor de CBR de material, torna-se necessária

realizar a metodologia de ensaio conforme normas DNER-ME 049/94 – Solos –

Determinação do Índice de Suporte Califórnia utilizando amostras não trabalhadas.

Entretanto, conforme Berti (2005) existe uma série de ensaios que avaliam a

capacidade de suporte do solo, existindo inclusive correlações entre os parâmetros

de tais ensaios com o conhecido CBR ou ISC. Tais ensaios são: CBR e Mini-CBR,

tanto de laboratório quanto “in situ”, nos quais determinam a rigidez através da

pressão de um pistão numa velocidade de penetração constante sobre o solo. Já os

ensaios que utilizam o penetrômetro baseiam-se na cravação de uma haste no

Page 44: Civil 04

44

interior do solo para fornecerem a sua capacidade de suporte. O ensaio de prova de

carga sobre placa avalia a capacidade do solo de fundação pela aplicação de uma

tensão sobre a placa e a determinação do módulo de reação para uma certa

deformação. O ensaio pressiométrico avalia o comportamento da tensão versus

deformação do pavimento, sendo que seu resultado serve para dimensionamento de

pavimentos flexíveis. E o compactômetro Clegg oferece o valor de impacto, que é

uma indicação da resistência do solo.

5.5 Avaliação Funcional e Estrutural de Pavimentos Flexíveis

O pavimento, ao longo do tempo, vai perdendo sua capacidade de servir ao tráfego

satisfatoriamente devido ao constante aparecimento de defeitos na sua superfície.

Esses defeitos, causados em grande parte pelas solicitações do tráfego e pelos

efeitos climáticos, vão evoluindo a ponto de incapacitar totalmente o pavimento para

cumprir sua função desejada, ou seja, oferecer aos usuários condições confortáveis

e seguras de trafegabilidade sob quaisquer condições climáticas (OLIVEIRA et al.,

20??).

No que se refere à estrutura do pavimento, a camada superior em asfalto destina-se

a resistir de maneira direta às ações do tráfego e transmiti-las às camadas inferiores,

melhorar as condições de rolamento no que se refere ao conforto e segurança e

impermeabilizar o pavimento (BERNUCCI et al., 2008). Assim, as tensões e

deformações aplicadas pelas cargas do tráfego sobre a camada asfáltica estão

associadas ao surgimento de trincas por fadiga desta camada. A capa asfáltica pode

apresentar ainda trincamento por envelhecimento do ligante asfáltico, de ação de

intempéries e outros fatores. Ainda, parte de problemas relacionados à deformação

permanente e outros defeitos (já apresentados anteriormente) podem ser atribuídos

ao revestimento em asfalto, não descartando que nos pavimentos asfálticos, as

camadas granulares inferiores são de grande importância estrutural.

Assim, através da avaliação funcional e estrutural é possível obter informações

decorrentes dos defeitos existentes através de levantamentos visuais e sobre a

capacidade estrutural através de ensaios realizados com equipamentos apropriados.

Apropriados.

Page 45: Civil 04

45

5.5.1 Método de Avaliação Funcional

A performance funcional de um pavimento está relacionada a sua capacidade em

prestar um bom serviço ao usuário no que tange ao conforto e qualidade de

trafegabilidade.

O estado da superfície do pavimento é muito importante, pois os defeitos na

superfície são percebidos pelos usuários da via, uma vez que afetam seu conforto

(BERNUCCI et al., 2008).

Contudo, conforme os mesmos autores, a necessidade de verificar a superfície do

pavimento e como este estado influencia no conforto ao rolamento relaciona-se à

Avaliação Funcional.

Segundo Bernucci et al. (2008), o levantamento dos defeitos de superfície tem por

objetivo avaliar o estado de conservação dos pavimentos flexíveis e embasa o

diagnóstico da situação funcional para subsidiar a definição de uma solução

adequada e quando cabível, indicando alternativas de restauração do pavimento.

Continuando, previamente a adoção de qualquer alternativa de restauração ou

adoção de critérios de reforço, torna-se imprescindível a realização do diagnóstico

da superfície do pavimento, principalmente através de: verificação in situ dos

defeitos superficiais, levantamento de tráfego, estudos geotécnicos e

estabelecimento do cenário global dos defeitos.

Sendo assim, a superfície do pavimento pode apresentar defeitos, como trincas e

deformações que podem ser analisados por vários métodos, sendo classificados,

quantificados visualmente e posteriormente combinados por segmentos e pelo grau

de severidade.

Existem alguns métodos estabelecidos para a Avaliação Funcional, sendo estes

divididos em Avaliação Subjetiva e Avaliação Objetiva, nos quais determinam: Níveis

de Serventia que “quantifica” o conforto dos usuários, Irregularidade Longitudinal,

Identificação dos Defeitos da Superfície e determinação do IGG – Índice de

Page 46: Civil 04

46

Gravidade Global, que é no Brasil, a forma mais utilizada para a Avaliação

Funcional, através da norma DNER-PRO 006/2003 – Avaliação Objetiva de

Pavimentos Flexíveis.

Portanto, a avaliação funcional trata-se da determinação da capacidade do

pavimento em fornecer superfície com conforto em termos de qualidade de

rolamento.

5.5.1.1 Definições

Neste item serão abordadas algumas definições freqüentes e necessárias ao bom

entendimento de uma avaliação funcional de pavimentos rodoviários:

• Levantamento: conjunto de medidas executadas em trechos da rodovia,

correspondente a uma tarefa definida;

• Subtrechos homogêneos: segmentos da rodovia que apresentam características

de tráfego, subleito, estrutura do pavimento, deflexão e condições da superfície

semelhantes;

• Flecha na trilha de roda: medida da deformação permanente no sulco formado

nas trilhas de roda, em milímetros, com o auxílio de uma régua de 1,20m;

• Defeitos no pavimento: são os defeitos apresentados no item 5.3.

5.5.1.2 Avaliação Objetiva da Superfície através do IGG

A Avaliação funcional do pavimento através da obtenção de parâmetros como o IGG

– Índice de Gravidade Global pode ser realizada tomando-se como referência a

norma DNIT 006/2003-PRO, que será simplificadamente apresentada neste item.

A norma DNIT (2003), através de contagem e classificação de ocorrências aparentes

e da medida das deformações permanentes nas trilhas de roda, permite a avaliação

objetiva da superfície do pavimento flexível, conforme procedimento apresentado

neste subitem.

Page 47: Civil 04

47

A aparelhagem e o método de execução constam no procedimento DNIT PRO-006

(2003).

De acordo com o procedimento, a avaliação consiste na observação dos defeitos

existentes e também das flechas nas trilhas de roda em estações de ensaio com

largura igual à seção da faixa e seis metros de extensão. Os defeitos considerados

na avaliação são:

• Trincas Classe 1 (FC-1) – FI, TTC, TTL, TLC, TLL e TRR;

• Trincas Classe 2 (FC-2) – J e TB;

• Trincas Classe 3 (FC-3) – JE e TBE;

• Afundamento (ALP e ALT);

• Ondulação e Panelas (O e P);

• Exsudação (EX);

• Desgaste (D);

• Remendos (R);

• Flechas nas trilhas de roda, utilizando treliça metálica.

As medidas das flechas das deformações permanentes são realizadas com a

utilização de treliça e o inventário de ocorrências é efetuado através de anotação de

qualquer defeito no pavimento em cada área demarcada.

Com os dados levantados, devem ser calculadas as freqüências absolutas e

relativas, conforme Tabela a seguir. A freqüência absoluta refere-se ao número de

vezes em que a ocorrência foi visualizada. A freqüência relativa é obtida pela

equação abaixo:

nfafr 100×= (equação 5.1)

onde:

fr: freqüência relativa;

fa: freqüência absoluta;

n: número de estações inventariadas.

Page 48: Civil 04

48

Obtidos cada valor de freqüências relativas, calcula-se o Índice de Gravidade

Individual, relativo a cada uma das ocorrências inventariadas, através da equação:

fpfrIGI ×= (equação 5.2)

onde:

fr – freqüência relativa;

fp – fator de ponderação (tabelado).

No caso das flechas medidas, deverá ser executado tratamento estatístico com os

valores obtidos, através de cálculo da média e da variância e o fator de ponderação

depende do valor das médias aritméticas.

A determinação do valor IGG – Índice de Gravidade Global, que é o parâmetro

relativo a ocorrências de defeitos, é obtida pela somatória dos IGI’s calculados para

cada segmento homogêneo. Para valores de IGG entre 0 e 40 pode-se definir o

pavimento como ótimo a bom; para IGG entre 40 e 80, conceitua-se o pavimento

como regular e para IGG superior a 80, pode considerar o pavimento como

degradado, conceituando-o como ruim a péssimo.

O inventário do pavimento é baseado em conceitos que retratam o grau de

degradação da superfície, conforme Quadro 5.1 a seguir:

Quadro 5.1 – Conceitos de degradação do pavimento em função do IGG

Conceitos Limites

Ótimo IGG ≤ 20

Bom 20 < IGG ≤ 40

Regular 40 < IGG ≤ 80

Ruim 80 < IGG ≤ 160

Péssimo IGG > 160

Page 49: Civil 04

49

5.5.2 Método de Avaliação Estrutural

A performance estrutural está vinculada à condição física, ou seja, a existência de

deformações permanentes, irregularidades longitudinais, trincamentos ou outro tipo

de condição que possa afetar a capacidade estrutural do pavimento, podendo

requerer sua reabilitação.

A análise estrutural possibilita a estimativa da capacidade de carga de uma estrutura

de pavimento e a sua vida de serviço sob determinadas condições de tráfego. O

principal parâmetro para a avaliação estrutural é a obtenção da deflexão do

pavimento representada pela resposta das camadas estruturais e do subleito

perante aplicação do carregamento. Quando uma carga é aplicada em um ponto da

superfície do pavimento todas as camadas fletem devido às tensões e às

deformações geradas pelo carregamento. Os pavimentos mais sadios

estruturalmente fletem menos do que outros pavimentos mais debilitados. A

diferença na resposta entre os pavimentos sadios e debilitados indica os efeitos no

desempenho estrutural. Assim sendo, pavimentos com deflexões mais baixas

suportam um maior número de solicitações de tráfego (DNER, 1998).

Os defeitos de origem estrutural são relacionados às deformações recuperáveis e a

determinação destas é realizada através de ensaios como: Viga Benkelman, FWD –

Falling Weight Deflectometer, dentre outros, com a obtenção da bacia de deflexão.

A bacia de deflexão demonstra a deformação que o pavimento apresenta através de

um carregamento, ou seja, pela passagem de cargas repetidas sobre a superfície,

causando um deslocamento.

O termo raio de curvatura (Rc) trata-se do raio do círculo que melhor se ajusta ao

arqueamento da bacia de deflexão no seu ponto mais crítico. O valor do raio de

curvatura está relacionado à condição estrutural do pavimento, ou seja, quanto

maior o valor do raio de curvatura, melhor o pavimento quanto à qualidade estrutural.

Através da determinação das deformações elásticas no pavimento é possível

verificar se a função estrutural ainda é adequada (PAIVA e CAUSIM, 2000).

Page 50: Civil 04

50

Usualmente, para a obtenção das bacias de deflexão, as deformações são medidas

através da Viga Benkelman, cuja aferição do equipamento deve basear-se na norma

DNER-PRO 175/1994, procedimento de ensaio na norma DNER-ME 024/1994 e

realização da bacia de deformação de acordo com as recomendações da norma

DNER-ME 061/1994.

Para a avaliação estrutural através da determinação dos valores de deformações

será apresentado o método DNER-PRO 10/1979, por ser freqüentemente utilizado

em projetos na área de pavimentação.

A avaliação estrutural requer, também, o conhecimento das características dos

materiais componentes do pavimento, e pode ser realizada por meio de ensaios

destrutivos e não-destrutivos.

Portanto, a avaliação estrutural trata-se da determinação da capacidade do

pavimento em manter sua integridade estrutural, através de medidas de

deslocamentos verticais recuperáveis da superfície do pavimento quando submetido

a determinadas cargas.

5.5.2.1 Conceitos

Neste item serão abordados alguns conceitos freqüentes e necessários ao bom

entendimento de uma avaliação estrutural de pavimentos rodoviários:

• Fase de consolidação: fase em que o valor de deflexão sofre um decréscimo

desacelerado decorrente da consolidação adicional devido ao tráfego nas

diversas camadas do pavimento;

• Fase elástica: fase posterior a de consolidação, caracterizada pelo valor de

deflexão constante, na qual define a vida útil do pavimento;

• Fase de fadiga: fase que sucede à elástica, caracterizada pelo acréscimo

acelerado dos valores de deflexão. As solicitações das cargas de roda que atuam

em um pavimento, ver figura 5.3, são representadas pela ação de uma carga de

roda, designada como “P”, aplicada sobre a superfície do pavimento,

Page 51: Civil 04

51

acarretando, na face inferior ao revestimento o desenvolvimento de uma tensão

“σt”, responsável pela deformação “εt” e, na superfície do subleito pela pressão

vertical ““σz”. As deformações plásticas são evitadas quando o valor da pressão

vertical atuante “σt” for inferior ao valor da pressão vertical admissível “σadm” pelo

material do subleito, admitindo-se que os materiais integrantes da estrutura do

pavimento atendam a resistência ao cisalhamento.

Figura 5.3 – Efeito da carga sobre o pavimento

Fonte: Procedimento DNER-PRO 10/1979

Sendo assim, para evitar o surgimento de fissuras, trincas e deformações

permanentes sob cargas repetidas no pavimento, é necessário manter o valor de

deflexão “d” abaixo do valor admissível “dadm” e o raio de curvatura “R” acima do

valor mínimo.

5.5.2.2 Avaliação da Estrutura do Pavimento através de Poço de Inspeção

A abertura de poços de inspeção tem por finalidade a verificação da estrutura do

pavimento em campo, através de identificação dos materiais que compõem as

camadas, assim como as espessuras e condições que as mesmas apresentam.

Além disso, a profundidade do poço deve alcançar o subleito, executando-se

ensaios in situ, quando necessário e realizando-se coleta de material para ensaios

geotécnicos laboratoriais.

Page 52: Civil 04

52

Portanto, a execução de poços de inspeção, juntamente com outros métodos de

avaliação, permite melhor avaliação da condição estrutural do pavimento existente.

5.5.2.3 Avaliação dos Deslocamentos Recuperáveis da Superfície do Pavimento

A Avaliação Estrutural do pavimento através da obtenção de deflexões recuperáveis

pode ser realizada tomando-se como referência a norma DNER 010/1979-PRO, que

será simplificadamente apresentada neste item.

A norma DNER (1979), através de medidas dos deslocamentos e cálculo do raio de

curvatura, aponta as causas de deficiências no pavimento e fornece elementos para

eventual realização de reforço ou restauração do pavimento.

A metodologia de tal procedimento baseia-se no levantamento histórico do

pavimento existente, na abertura de poços de sondagens locados nos bordos do

revestimento da pista de rolamento, na demarcação das estações de ensaio, no

inventário do estado da superfície do pavimento avaliado (DNIT 006/2003-PRO), na

determinação das deflexões recuperáveis e na definição dos limites dos segmentos

homogêneos.

A determinação das deflexões é realizada através de ensaio utilizando-se como

instrumento a Viga Benkelman, com obtenção de medidas que possibilitem o cálculo

do raio de curvatura, ou seja, no ponto de aplicação da carga e também à distância

de 0,25 metros em relação ao local de aplicação. Complementarmente, devem ser

efetuadas determinações que possibilitem o delineamento da bacia de deformação,

que se caracteriza pela linha de influência longitudinal inerente à parcela transitória

da deformação ocasionada pela carga de prova aplicada à superfície da estrutura.

A determinação dos deslocamentos recuperáveis também pode ser realizado

através de equipamento dinâmico FWD – Falling Weight Deflectometer, de acordo

com o preconizado no procedimento DNER PRO-273/1996. O procedimento de

ensaio com o FWD permite medidas de deflexões de maneira dinâmica, tanto no

ponto de aplicação quanto em várias distâncias, através de geofones.

Page 53: Civil 04

53

Para o estudo de avaliação estrutural através de levantamento de deslocamentos

recuperáveis e para o projeto de reforço é necessário também o conhecimento do

valor da deflexão característica, obtida através da equação:

σ+= dDc (equação 5.3)

onde:

d – média aritmética da amostra de deflexões;

σ - desvio-padrão da amostra.

Para tanto, conforme DNER-PRO 011/1979, para evitar o surgimento de trincas, é

necessário que a deflexão característica seja inferior a deflexão admissível dada

pela equação apresentada em tal método, correspondente a um pavimento de

revestimento betuminoso e base granular:

Sendo assim, a determinação da deflexão serve para calcular a deflexão

característica (de projeto), calcular a espessura de reforço, quando necessário,

identificar os pontos debilitados e realizar acompanhamento durante a construção.

A espessura de reforço, definida em projetos de restauração, utiliza também dos

métodos DNER-PRO 011/1979 e DNER-PRO 269/1979, para sua obtenção. Tais

metodologias servem para a determinação da necessidade de reforço do pavimento

existente e o cálculo da espessura de reforço, contemplando o último método o

projeto de restauração do pavimento através de reciclagem.

Além disso, conforme descrito na Instrução de Projeto IP-DE-P00/003 (2006) a

avaliação estrutural de pavimentos flexíveis com a utilização da Viga Benkelman

para a obtenção de deflexões tem mostrado que existe correlação entre a magnitude

das deflexões e do raio de curvatura e o aparecimento de defeitos nos pavimentos

flexíveis.

Page 54: Civil 04

54

5.6 Projeto de restauração de Pavimentos Flexíveis O projeto de restauração de rodovias objetiva propiciar, através de medidas,

condições de fluidez do tráfego, segurança e conforto para o usuário e durabilidade

para a própria rodovia.

A recuperação de rodovias na área de pavimentação abrange obras de

recapeamento do pavimento, reparo de defeitos superficiais e profundos e/ou

reconstrução de parte ou toda estrutura do pavimento, aumentando a segurança e

capacidade viária, adequando-a funcionalmente e estruturalmente.

Portanto, para a restauração do pavimento, deve-se analisar os resultados das

avaliações funcionais, estruturais, geotécnicas e de tráfego. Assim, com base em tal

análise, definem-se as soluções de restauração, levando em conta ainda aspectos

construtivos, equipamentos e materiais disponíveis na região.

5.6.1 Procedimento DNER-PRO 011/1979

O projeto de reforço do pavimento pode ser realizado tomando-se como referência a

norma DNER 011/1979-PRO, que será simplificadamente apresentada neste item.

Para pavimentos flexíveis, constituídos de revestimento de concreto asfáltico sobre

base granular, o valor de deflexão máxima admissível (Dadm) em 0,01 mm é obtido

pela seguinte expressão:

NDadm log176,001,3log ×−= (equação 5.4)

onde:

Dadm – Deflexão admissível em 0,01 mm;

N – número de repetições do eixo padrão de 8,2 tf ou 80 kN.

Para pavimentos semi-rígidos, com base de solo cimento ou base de brita tratada

com cimento, que não apresentem fissuração exagerada deve ser adotada como

Page 55: Civil 04

55

deflexão admissível a metade do valor obtido pela expressão, independentemente

do tipo de revestimento.

A deflexão de projeto ou característica (Dp) é determinada para cada segmento

homogêneo através da seguinte expressão:

σ+= dDp (equação 5.5)

onde:

Dp = deflexão característica de projeto em 0,01 mm;

D = média aritmética de deflexões de campo em 0,01 mm;

σ = desvio padrão em 0,01 mm.

Para Cálculo da Espessura de Camada de Reforço (h), o método fornece a

espessura necessária para que o pavimento após o seu reforço, atenda ao número

de solicitações previstas para o período de projeto. A espessura necessária é

calculada através da seguinte expressão:

adm

p

DD

Kh log×= (equação 5.6)

onde

h = espessura de reforço, em cm;

K = fator de redução de deflexão, próprio do material usado no reforço;

Dp = deflexão de projeto ou característica, para o segmento homogêneo em

0,01 mm

Dadm = deflexão admissível, após a execução de reforço do pavimento, em

0,01 mm.

Para calcular a espessura de reforço do pavimento (h), em termos de concreto

betuminoso, deve ser adotado o valor 40 para K.

adm

pref D

Dlogh ×= 40

(equação 5.7)

Page 56: Civil 04

56

A determinação do raio de curvatura (R) da bacia de deflexão contribui para uma

avaliação das condições estruturais do pavimento, sendo que as deflexões medidas

à distâncias superiores a 1 m em relação ao ponto de aplicação da carga servem

para o cálculo do módulo de resiliência e da capacidade de suporte (CBR) do

subleito.

D1)0(26250−

=D

R (equação 5.8)

onde:

R = raio de curvatura, em metros;

D0 = deflexão no ponto de aplicação da carga;

D1 = deflexão na distância de 25 cm do ponto de aplicação da carga.

De posse dos valores de deflexão de projeto (Dp) e do Raio de Curvatura (R) para

cada segmento homogêneo, procede-se a análise dos dados obtidos, levando-se em

consideração as seguintes hipóteses, conforme ilustrado no Quadro 5.2.

Quadro 5.2 – Matriz de decisão do DNER-PRO 011/79:

5.6.2 Procedimento DNER-PRO 269/1979

O projeto de reforço do pavimento pode ser realizado tomando-se como referência a

norma DNER 269/1979-PRO, que será simplificadamente apresentada neste item.

Page 57: Civil 04

57

Para pavimentos flexíveis, constituídos de revestimento de concreto betuminoso

sobre base granular o valor da deflexão admissível (Dadm) em 0,01 mm é obtido

pela seguinte expressão:

NDadm log188,0148,3log ×−= (equação 5.9)

onde:

Dadm – Deflexão admissível em 0,01 mm;

N – número de repetições do eixo padrão de 8,2 tf ou 80 kN.

A deflexão de projeto ou característica (Dp) é determinada para cada segmento

homogêneo através da seguinte expressão:

σ+= dDp (equação 5.10)

onde:

Dp = deflexão de projeto ou característica de projeto, em 0,01 mm;

D = média aritmética de deflexões de campo, em 0,01 mm;

σ = desvio padrão, em 0,01 mm;.

Para o cálculo da espessura de reforço (HR) deve-se seguir as seguintes etapas:

Definir para cada sub-trecho homogêneo uma estrutura de referência constituída por

três camadas, com as respectivas espessuras:

• 1ª camada – betuminosa => He

• 2ª camada – granular => HCG

• 3ª camada – solo => subleito

Posteriormente, classifica-se o solo do subleito (3ª camada) quanto a resiliência, de

acordo com as características abaixo:

• Solo tipo I: solos com alto módulo de resiliência;

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58

• Solo tipo II: solos com módulo de resiliência intermediário;

• Solo tipo III: solos com baixo módulo de resiliência.

Ainda, no que tange às propriedades resilientes do solo do subleito, define-se o

material da 3ª camada empregando-se as constantes apontadas no Quadro 5.3.

Quadro 5.3 – Valores do Módulo de Resiliência (MR) e Constantes de Resiliência

TIPO MÓDULO RESILIÊNCIA (Mr) em (MPa) CONSTANTES

I1 I2

I Mr > 120 0 0

II 53 < Mr ≤ 120 1 0

III Mr ≤ 53 0 1

Assim, com base nos valores calculados, determina-se a Espessura Efetiva (hef)

através do cálculo da equação a seguir:

21 101,4972,0961,807737,5 IID

hp

ef ×+×++−= (equação 5.11)

onde:

hef = espessura efetiva, em cm;

Dp = deflexão de projeto ou característica de projeto, em 0,01 mm;

I1 e I2 = função da espessura da camada granular (HCG), a saber:

• espessuras (HCG) inferiores a 45 cm, as constantes I1 e I2 dependem do tipo de

solo conforme Quadro anterior.

• espessuras (HCG) superiores a 45 cm adotar os valores: I1 = 0 e I2 = 1

A espessura (hef) calculada deve estar compreendida entre os intervalos:

• 0 ≤ hef ≤ he

• se hef < 0, adotar hef = 0

• se hef > he, adotar hef = he

Page 59: Civil 04

59

E finalmente procede-se o cálculo da espessura de reforço (HR). Tal método fornece

a espessura em concreto asfáltico necessária para que o pavimento após o seu

reforço atenda ao número de solicitações previsto em projeto. A espessura

necessária é calculada através da seguinte expressão:

21 893,3016,1357,114,238015,19 IIhefD

HRadm

+×+×−+−= (equação 5.12)

onde:

HR = espessura da camada de concreto asfáltico, em cm;

hef = espessura efetiva, em cm;

I1 e I2 = constantes relacionadas às características resilientes da 3ª camada (solo do

subleito) da estrutura de pavimento analisada;

Dadm = deflexão máxima admissível, em 0,01 mm.

5.7 Métodos de Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis

O dimensionamento de pavimento visa determinar as espessuras das camadas e

escolha dos materiais que as constituem de maneira que tal estrutura (reforço do

subleito, sub-base, base e revestimento) resista aos carregamentos impostos e

transmitam ao subleito as pressões do tráfego, não comprometendo o pavimento à

ruptura ou a deformações e a desgastes excessivos (SUZUKI et.al, 2004).

No que se refere aos métodos de dimensionamento de pavimentos flexíveis, a

maioria aqui no Brasil considera como principais parâmetros de projeto o Índice de

Suporte do subleito (CBR) e o número “N” de repetições de carga do eixo padrão

rodoviário de 80 kN. As espessuras totais das camadas são definidas

deterministicamente, com base em gráficos de dimensionamento, em termos de

materiais granular e, posteriormente convertidas para o material específico de cada

camada através de coeficientes de equivalência estrutural (SUZUKI et.al, 2004).

Sensos assim para o dimensionamento são necessárias informações como

características geotécnicas dos materiais a serem usados na estrutura e a

Page 60: Civil 04

60

determinação das espessuras das camadas depende do valor do CBR e do número

de solicitações de um eixo padrão.

Além disso, de acordo com Suzuki e Domingues (20??), a fadiga e a deformação

são condições fundamentais de dimensionamento, ditadas pela resistência dos

materiais aos principais esforços degradatórios.

Apresentam-se nos itens a seguir, de maneira simplificada os procedimentos de

dimensionamentos estruturais de pavimentos flexíveis a serem analisados.

5.7.1 Método do DNER

O método de dimensionamento de pavimento flexível do DNER elaborado pelo

Engenheiro Murillo Lopes de Souza, em 1966, baseia-se no trabalho “Design of

Flexible Pavements Considering Mixed Loads and Traffic Volume” da autoria de

Tunrbull, Foster e Ahlvin, do Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos,

e nas conclusões obtidas na Pista Experimental da AASHTO, sendo que o principal

objetivo da estrutura dimensionada é a proteção contra a ruptura por tensões de

cisalhamento da camada do subleito. O referido método do DNER é parte integrante

do Manual de Pavimentação do DNER (1996).

Para os materiais integrantes do pavimento, são adotados coeficientes de

equivalência estrutural tomando por base os resultados obtidos na pista

experimental da AASHTO com modificações julgadas oportunas.

A capacidade do suporte do subleito e dos materiais constituintes dos pavimentos é

obtida pelo ensaio de CBR, adotando-se o método preconizado pelo DNER. O

subleito e as diferentes camadas do pavimento devem ser compactados de acordo

com os valores fixados nas Especificações de Serviço de Pavimentação.

Também devem ser garantidas as condições de que sempre haverá drenagem

superficial adequada e que o lençol d’água subterrâneo será rebaixado a, pelo

menos, 1,50 m de profundidade em relação ao greide de terraplenagem acabada.

Page 61: Civil 04

61

A determinação das camadas constituintes do pavimento se faz pelas seguintes

inequações:

R x KR + B x KB ≥ H20 (equação 5.13)

R x KR + B x KB + h20 x KS ≥ Hn (equação 5.14)

R x KR + B x KB + h20 x KS + hn x Kref ≥ Hm (equação 5.15)

onde:

R = Espessura do revestimento;

B = Espessura da base;

H20 = Espessura equivalente sobre a sub-base;

h20 = Espessura da sub-base;

Hn = Espessura equivalente sobre o reforço do subleito;

hn = Espessura do reforço do subleito;

Hm = Espessura equivalente do pavimento;

KR , KB , KS , Kref = Coeficientes de equivalência estrutural do revestimento, base,

sub-base e reforço, respectivamente.

Os coeficientes de equivalência estrutural diferem para cada tipo de material de

pavimento, que, quando multiplicado pela espessura da camada de base de material

granular, fornece a espessura da camada estruturalmente equivalente.

Tais coeficientes das diversas camadas de pavimento, em função dos tipos de cada

uma delas, são vistos na Tabela 5.1:

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62

Tabela 5.1 – Coeficientes estruturais Camada de Pavimento Coeficiente Estrutural (K)

Base ou revestimento de concreto betuminoso 2,00

Base ou revestimento de pré-misturado a quente, de

graduação densa 1,70

Base ou revestimento de pré-misturado a frio, de

graduação densa 1,40

Base ou revestimento betuminoso por penetração 1,20

Base de brita graduada e de macadame

hidráulico 1,10

Bases estabilizadas granulometricamente e bases de solo

arenoso fino 1,00

Sub-bases granulares variável

Reforço do subleito variável

Base de solo-cimento, com resistência a compressão, aos

7 dias, superior a 45 kgf/cm2 1,70

Idem, com resistência a compressão, aos 7 dias, entre 45 e

28 kgf/cm2 1,40

Idem, com resistência a compressão, aos 7 dias, menor

que 28 e maior ou igual a 21 kgf/cm2 1,20

Idem, com resistência a compressão, aos 7 dias, inferior a

21 kgf/cm2 1,00

Ainda, para o valor do coeficiente estrutural “k” do reforço do subleito, adota-se a

equação indicada abaixo:

3subleito CBR3

reforço ×

=CBRKref

(equação 5.16)

A espessura Hm, Hn e H20, são as espessuras necessárias para proteção de

subleito, do reforço do subleito e da sub-base, respectivamente, em termos de

material granular. Estas espessuras são obtidas pelo ábaco apresentado a seguir,

em função do número “N” e respectivamente, do valor de CBR do subleito, do CBR

do reforço do subleito e de CBR igual a 20%.

Page 63: Civil 04

63

Hn

Hm

H20

R R

B

h20

hn

CBR 80 %

10 E+03 10 E+04 10 E+05 10 E+06 10 E+07 10 E+08 10 E+09

0

20

40

60

80

100

120

140

NÚMERO "N" OPERAÇÕES DE EIXO DE 8,2 TONELADAS

ESP

ESSU

RA

H

m

DO

P

AVIM

ENTO

E

M

CEN

TÍM

ETR

OS

Figura 5.4 – Gráfico de determinação de espessura do pavimento

Fonte: Manual de Pavimentação – DNIT (2006)

Os tipos e espessuras mínimas de revestimento betuminoso (R) recomendados são

os seguintes, em função do número equivalente “N” de operações do eixo simples

padrão, calculado para um período de projeto de 10 (dez) anos, conforme

apresentado na Quadro 5.4.

Page 64: Civil 04

64

Quadro 5.4 – Espessuras de revestimento

Parâmetro de Tráfego Tipo de Material e Espessura Mínima

N ≤ 106 Tratamentos superficiais betuminosos duplos e triplos

106 < N ≤ 5 x 106 Concreto betuminoso (5,0 cm)

5 x 106 ≤ N ≤ 107 Concreto betuminoso (7,5 cm)

107 ≤ N ≤ 5 x 107 Concreto betuminoso (10,0 cm)

N > 5 x 107 Concreto betuminoso (12,5 cm)

Concluindo, a espessura mínima a adotar para camadas granulares de base ou sub-

base é de 15 cm e a espessura mínima de revestimento betuminoso é obtida em

função do número “N”.

5.7.2 Método do DER

A metodologia de dimensionamento de pavimento flexível do Departamento de

Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo - DER/SP, elaborado em 1972, é

extraído do Manual Básico de Estradas Vicinais (DER/SP, 1987).

O procedimento é fundamentado na versão de 1966 do método do DNER, diferindo-

se de tal metodologia no que se refere à análise estatística para a determinação do

valor de projeto da capacidade de suporte do subleito.

Assim, como no método do DNER, o procedimento para obtenção da espessura total

do pavimento, expressa em termos de material, pode ser determinada através de

gráfico ou das equações apresentadas a seguir, ambos em função do valor de CBR

e do número “N”.

(equação 5.17)

(equação 5.18)

5.7.3 Método da Resiliência

O método da resiliência é de autoria dos Engenheiros Dr. Ernesto Preussler e

Dr. Salomão Pinto, baseados em pesquisas realizadas no IPR/DNE e na

Page 65: Civil 04

65

COPPE/UFRJ, sendo preconizado pelo DNER (1996) em sua publicação: “Manual

de Pavimentação”.

O procedimento considera não somente o valor do CBR do subleito e das camadas

terrosas e granulares, como também suas propriedades resilientes. Ainda, considera

importantes indicadores para definição de uma estrutura de pavimento, como a

deflexão na superfície, a diferença entre as tensões horizontal de tração e vertical de

compressão na fibra inferior do revestimento e a tensão vertical do subleito,

diferentemente do outro método preconizado pelo DNER, de autoria do Engenheiro

Dr. Murillo Lopes de Souza, que considera apenas a resistência à ruptura plástica do

subleito e conclusões empíricas observadas na pista da AASHTO.

A classificação do solo do subleito quanto à resiliência é função do CBR e da

porcentagem de silte na fração fina (que passa na peneira # 200). Esta classificação

agrupa os solos em três tipos de acordo com o critério mostrado na Tabela 5.2:

Tabela 5.2 – Tipos de solo

CBR % de silte da fração que passa na # 200

≤ 35 35 a 65 > 65

≥ 10 I II III

6 a 9 II II III

2 a 5 III III III

sendo:

• Solo Tipo I: Solos com baixo grau de resiliência – apresentam bom

comportamento como subleito e reforço de subleito, com possibilidade de

utilização em camada de sub-base;

• Solo Tipo II: Solos com grau de resiliência intermediário – apresentam

comportamento regular como subleito;

• Solo Tipo III: Solos com grau de resiliência elevado – não é aconselhável seu

emprego em camadas de pavimentos. Como subleito requerem cuidados e

estudos especiais.

A porcentagem de silte na fração fina (S) é obtida pela seguinte expressão:

Page 66: Civil 04

66

1001002

1 ×−=PP

S (equação 5.19)

sendo:

S = % de silte na fração fina que passa pela peneira nº 200;

P1 = %, em peso, de material que passa pela peneira de 0,05 mm;

P2 = %, em peso, de material que passa pela peneira nº 200 (0,075 mm).

A seguir, descrevem-se as equações utilizadas no dimensionamento das estruturas

de pavimentos.

Para a determinação da espessura total do pavimento em termos de material

granular, em função do parâmetro “N” e da capacidade de suporte do subleito –

CBR, tem-se:

598,00482,067,77 −××= CBRNH t (equação 5.20)

A deflexão de projeto é dada pela expressão:

NDp log188,0148,3log ×−= (equação 5.21)

A espessura mínima da camada betuminosa é fornecida pela expressão:

21 101,4972,0961,807737,5 IID

Hp

CB ×+×++−= (equação 5.22)

onde:

HCB – espessura mínima da camada betuminosa, em cm;

Dp – deflexão admissível de projeto, 0,01 mm;

I1 e I2 – constantes em função do tipo de solo:

Solo Tipo I : I1 = 0 e I2 = 0

Solo Tipo II : I1 = 1 e I2 = 0

Solo Tipo III : I1 = 0 e I2 = 1

Page 67: Civil 04

67

A espessura mínima em termos de camada granular é fornecida pela expressão:

tCGECB HHVH =+× (equação 5.23)

sendo:

HCG ≤ 35 cm;

VE = coeficiente estrutural da camada betuminosa estabelecida conforme a Tabela

5.3 abaixo, em função do número N e do tipo de subleito.

Tabela 5.3 – Coeficientes estruturais - VE Tipo de Subleito

N

104 105 106 107 108

I 4,0 4,0 3,4 2,8 2,8

II 3,0 3,0 3,0 2,8 2,8

III 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0

A espessura da camada de reforço do subleito (HR), deve ser superior ou igual a

30 cm e é fornecida pela expressão:

70,021 tt

RHH

H−

= (equação 5.24)

sendo:

Ht1 – espessura equivalente correspondente ao ISC ou CBR do subleito;

Ht2 – espessura correspondente ao ISC ou CBR da sub-base ou reforço do subleito.

5.7.4 Método da AASHTO

O método da AASHTO de dimensionamento de pavimento, desde a sua publicação

inicial até a última revisão, caracterizava-se inicialmente pelo aspecto puramente

empírico, obtidos a partir de dados experimentais provenientes da Pista

Experimental, até uma abordagem mecanística, através de incorporação de análises

de tensões, deslocamentos e deformações das camadas que constituem o

Page 68: Civil 04

68

pavimento, utilizando-se de módulos resilientes do material do subleito assim como

dos materiais da estrutura do pavimento.

No que diz respeito às diretrizes de projeto ou reabilitação de pavimentos, o guia da

AASHTO (1993) estabelece que os princípios listados a seguir devem ser

considerados:

• Material do subleito;

• Materiais de construção;

• Performance do pavimento;

• Características do tráfego;

• Características ambientais;

• Confiabilidade;

• Custos incorridos durante o ciclo de vida;

• Projetos de acostamentos e drenagem.

Os materiais do subleito são caracterizados pelo módulo de resiliência. Já os

materiais de construção, para fins de cálculo nesta metodologia, devem também ser

caracterizados pelo seu respectivo módulo de resiliência (MR) e adicionalmente pelo

módulo de elasticidade (E).

O desempenho do pavimento pode ser obtido através do Índice de Serventia Atual

(PSI), que pode variar de 0 a 5, sendo o número mais alto representativo de maior

qualidade. Ainda sobre a Metodologia da AASHTO (1993), esta considera que o tráfego, um

dos parâmetros para o cálculo estrutural do pavimento, é proveniente de

informações como tipo de eixos, cargas por eixos e número de aplicações,

resultando em número “N” inferior ao utilizado nos demais métodos apresentados,

conseqüente do valor mais baixo de Fator de Equivalência de Carga. Assim, para

uma mesma contagem volumétrica e classificatória, com os mesmos dados de

pesagem e estimativa de crescimento de tráfego, para um mesmo período de

projeto, pode-se estimar o número “N” da AASHTO como sendo 25% do número “N”

da USACE utilizado nos outros métodos.

Page 69: Civil 04

69

O termo confiabilidade está relacionado à serventia e ao carregamento, sendo

assim, a probabilidade de um risco pode ser admitido pela degradação do pavimento

além do período de vida útil, utilizando-se valores de coeficientes que variam de

acordo com a confiança admitida, ou seja, o coeficiente cresce conforme aumenta a

porcentagem de confiança.

Outros parâmetros determinantes para o dimensionamento são as variações de

temperatura e pluviosidade (aspectos ambientais), a condição de drenagem das

camadas de base e sub-base e a aplicação de estudos no planejamento, economia

de um projeto e construção, no que tange aos custos de ciclo de vida, análise

econômicas, fatores envolvendo custos de construção e operação da via,

investimento inicial e taxa de retorno à sociedade. Portanto, o dimensionamento contempla a utilização dos parâmetros apresentados

acima e também o denominado Número Estrutural (SN), que fornece a relação entre

a necessidade estrutural de um pavimento e o número de repetições de um eixo de

8,2 tf ou 80 kN que um pavimento é capaz de suportar até atingir a serventia terminal

de projeto.

Sendo assim, a equação que traduz o dimensionamento pelo Método da AASHTO

(1993) é a seguinte:

(equação 5.25)

onde:

ESAL – Número de aplicações da carga do eixo padrão simples de 8,2tf no período

de projeto t;

SN – Número estrutural que representa a resistência necessária (relativo a

espessura) da estrutura total do pavimento;

Pt: Perda de serventia ao longo do tempo t;

MR – Módulo de resiliência do subleito.

Page 70: Civil 04

70

5.8 Mecânica dos Pavimentos

O dimensionamento mecanístico é importante para verificar as espessuras

previamente estabelecidas por outros métodos, considerando o tráfego, os materiais

constituintes das camadas no que se refere às propriedades mecânicas e

espessuras e a característica do subleito, através de cálculo de tensões atuantes e

deformações obtidas e sua conseqüente comparação com as condições

previamente estabelecidas.

Segundo Franco (2000) a caracterização das camadas que o compõem, como as

espessuras e os módulos resilientes das diversas camadas, e as características da

carga aplicada, estima-se a resposta do pavimento através do cálculo das tensões e

deformações geradas na estrutura para as condições gerais a que a estrutura está

submetida. A teoria da elasticidade é largamente utilizada como ferramenta para o

cálculo dessas tensões e deformações.

Pesquisadores como Boussinesq (1885) e Burmister (1943) apud Franco (2000),

dentre outros, apresentaram métodos através de equacionamento para cálculo de

tensões e deformações na estrutura do pavimento. Porém, com a criação de

programas computacionais (Elsym – Elastic Layered System, FEPAVE – Finite

Element Analysis of Pavement, PAVE, JULEA, etc), a determinação destes valores

tornou-se mais ágil, sendo possível a alimentação do sistema com vários tipos de

carregamentos e camadas e assim, a obtenção de tais tensões e deformações.

Portanto, vários métodos de cálculo de tensões e deformações em estruturas de

pavimento encontram-se atualmente embutidos em programas de computador e

podem ser facilmente utilizados para o cálculo de tais valores em qualquer ponto do

pavimento, desde que se conheçam as características das camadas que compõem o

pavimento e do carregamento a que está submetido.

Segundo Medina (1997), somente a determinação das camadas quanto às suas

funções específicas e distintas umas das outras se torna incompleto à medida que

se torna necessário analisar o pavimento como um sistema estrutural e a calcular as

tensões e deformações. Para isso, a mecânica dos pavimentos estuda os

Page 71: Civil 04

71

pavimentos como sistemas em camadas e sujeitos a cargas dos veículos,

realizando-se o cálculo de tensões, deformações e deslocamentos, conhecidos os

parâmetros de deformabilidade, geralmente com a utilização de programas de

computação. Com dos dados obtidos, verifica-se o número de aplicações de carga

que leva o revestimento asfáltico ou a camada cimentada à ruptura por fadiga.

No entanto, a análise mecanística é pouco difundida e utilizada pelos órgãos

rodoviários, tendo-se por conseqüência ainda a utilização de módulos de resiliência

padronizados, dispensando a realização de ensaios para a determinação real de tais

valores.

Portanto, o objetivo da mecânica dos pavimentos é limitar as tensões e deformações

na estrutura do pavimento através de combinação de materiais, espessuras das

camadas constituintes do pavimento flexível e suas respectivas características

representadas através de módulos resilientes e coeficientes de Poisson.

Page 72: Civil 04

72

6 ESTUDOS DE CASO – PROJETOS DE PAVIMENTAÇÃO

Neste capítulo são apresentados parâmetros, procedimentos e cálculos referentes à

elaboração de projetos de pavimentação para a implantação de Dispositivo de

Retorno na Rodovia SP-280 e para Adequação Viária no Dispositivo de Retorno

localizado na Rodovia BR-116.

O primeiro Estudo de Caso, item 6.1, apresenta estudos de pavimentação através

de avaliações funcionais e estruturais, e proposta de pavimento novo, conseqüência

de dimensionamentos e análises mecanísticas.

O segundo Estudo de Caso, item 6.2, demonstra estudo de pavimentação para

reforços de pavimentos através de dados oriundos de avaliação estrutural e também

dimensionamentos e análises mecanísticas de pavimento novo.

Nos itens subseqüentes são descritos as metodologias e resultados obtidos, ou seja,

são apresentados os projetos de pavimentação para os dois estudos de caso.

6.1 Implantação de Dispositivo de Retorno na Rodovia SP-280

Este item apresenta projeto de pavimentação para implantação do dispositivo de

retorno na Rodovia Presidente Castelo Branco (SP-280). Serão executados

pavimentos flexíveis novos nos ramos projetados e análise do pavimento flexível

existente nos acostamentos na proximidade dos acessos ao retorno, que servirão de

faixas de aceleração e desaceleração.

A estrutura do pavimento proposto será estudada de forma que empregue materiais

de fácil aquisição, disponibilidade e trabalhabilidade, apresentando características

desejáveis para uso em pavimentação. Além disso, é desejável o emprego de

materiais compatíveis com relação aos encontrados no pavimento existente, no qual

caracteriza-se por ser constituído de revestimento asfáltico sobre materiais

granulares.

Page 73: Civil 04

73

O pavimento rodoviário deve ser dimensionado tendo em vista os materiais

disponíveis, o tráfego previsto para o período de projeto e as características locais

de tal forma que se proteja o subleito contra a geração de deformações plásticas

excessivas, bem como proteger as camadas asfálticas do processo de fadiga

decorrente do carregamento cíclico do tráfego previsto.

O trecho da Rodovia Presidente Castelo Branco (SP-280) em questão assim como o

traçado do dispositivo podem ser visualizados pela foto aérea (Figura 6.1).

Figura 6.1 – Vista aérea do trecho da Rodovia SP-280 em estudo

6.1.1 Características da Rodovia Presidente Castelo Branco – SP-280

Conforme Wikipédia (2009), a Rodovia Presidente Castelo Branco é a principal

ligação entre a Região Metropolitana de São Paulo e o Oeste Paulista, iniciando-se

em São Paulo no acesso às vias marginais Tietê e Pinheiros e com término em

Santa Cruz do Rio Pardo no entroncamento com a SP-225. O nome da rodovia é

uma homenagem ao ex-presidente militar Humberto de Alencar Castelo Branco.

Page 74: Civil 04

74

De acordo com site do DER/SP (2009) trata-se de uma rodovia de grandes

dimensões, definida, na época de seu projeto, como a maior da América Latina. Foi

projetada em 1961, após oito anos de estudos, com o nome de Auto-Estrada do

Oeste, atendendo por esta denominação até 1967 quando, quando passou a

chamar-se Rodovia Presidente Castelo Branco.

Sua construção teve início em 1963 e sua inauguração aconteceu em três etapas,

tendo a primeira ocorrida em 10 de novembro de 1968, durante o governo Roberto

de Abreu Sodré, com o trecho de São Paulo a Torre de Pedra, num total de 171

quilômetros. As inaugurações seguintes aconteceram em 31 de janeiro de 1971, no

trecho Torre de Pedra a Avaré, também no governo Abreu Sodré e em abril de 1992,

durante o governo Paulo Maluf.

Cabe salientar que a Rodovia Presidente Castelo Branco, não sofreu alterações de

traçado após sua construção, sendo que os 302 quilômetros existentes seguem as

especificações do projeto original.

Possui tráfego intenso no trecho entre a divisa de São Paulo com Osasco e Barueri,

sendo a principal ligação viária entre a Capital e a região Oeste da Grande São

Paulo. Neste trecho, o tráfego é aliviado pela existência de pistas marginais. Tráfego

intenso também ocorre entre as Regiões Metropolitanas de São Paulo e Sorocaba.

No restante do trajeto, a rodovia é a principal artéria do Oeste Paulista e serve de

acesso a Rodovia Marechal Rondon, que completa a ligação entre São Paulo e o

Centro-Oeste.

A rodovia foi entregue à exploração privada em 1998, acompanhando as diretrizes

do Programa de Concessões do Governo do Estado, sendo atualmente administrada

pelas concessionárias Viaoeste, Rodovias das Colinas e SPVias.

O Dispositivo projetado neste estudo encontra-se sob administração da

Concessionária de Rodovias do Oeste S/A – VIAOESTE, que administra o trecho

entre o km 13+700 e o km 79+380.

A Rodovia Presidente Castelo Branco é estadual e classificada como radial, tendo

sua origem quilométrica no marco zero (Praça da Sé), em São Paulo. É atribuída por

Page 75: Civil 04

75

número da série par, que corresponde, aproximadamente, ao azimute da linha que

liga o Marco Zero (São Paulo) ao meio da diretriz da rodovia. Sendo assim, sua

codificação é SP-280.

6.1.2 Propriedades Geológico-geotécnicas no trecho em questão

Para o conhecimento dos solos do subleito e do pavimento existente foram

realizadas sondagens a trado e aberturas de poços de inspeção, além de realização

de ensaios laboratoriais com os materiais coletados para a caracterização do

material para fins de dimensionamento da estrutura do pavimento.

Os ensaios laboratoriais realizados forneceram os resultados dos materiais

coletados em 8 (oito) pontos distribuídos ao longo da área a ser pavimentada, a

saber:

• Análise Granulométrica;

• Limite de Plasticidade de Solos;

• Limite de Liquidez de Solos;

• Índice Suporte Califórnia de Solos e Expansão, com corpos de prova moldados

com a energia de compactação Proctor Normal (12 golpes por camada).

Apresentam-se na Tabela 6.1 de resumo dos ensaios realizados os respectivos

resultados de CBR e Expansão.

Tabela 6.1 – Resumo dos resultados de ensaios – SP-280 Furo Expansão (%) CBR (%)

SR-01 0,34 12,5

SR-02 0,75 7,5

SR-04 0,60 10,0

PI-01 0,71 8,5

ST-01 0,71 8,0

ST-02 0,48 9,0

ST-03 0,56 7,0

ST-05 0,70 10,5

Page 76: Civil 04

76

Na consideração do subleito adotou-se um valor mínimo para o Índice de Suporte

California (ISC = CBR). Tal índice foi determinado através da expressão a seguir,

utilizando os valores de CBR obtidos na Energia de Proctor Normal:

(equação 6.1)

onde:

ISCp = índice de suporte ou capacidade de suporte do material;

ISC = índice de suporte médio;

σ = desvio padrão;

t0,90 = t de estudent;

n = amostra do ensaio.

Com isso obteve-se para o subleito Índice de Suporte Califórnia – CBRp = 8%,

compactado na Energia de Proctor Normal.

Os materiais ensaiados foram classificados como A-1b, A-7-6, A-7-5 e A-6

(classificação TRB – Transportation Research Board). Para classificação dos solos

quanto à resiliência considerou-se que se trata de solo tipo II (Solos com grau de

resiliência intermediário – apresentam comportamento regular como subleito); assim,

para estimativa do módulo de resiliência (MR) do mesmo adotou-se a expressão a

seguir:

MR = 100 * CBR (kgf/cm²) => MR = 800 kgf/cm². (equação 6.2)

sendo:

MR = módulo de resiliência do material;

CBR = capacidade de suporte do material.

Page 77: Civil 04

77

6.1.3 Tráfego do trecho em estudo

O tráfego considerado para o dimensionamento foi estabelecido através da

determinação do parâmetro “N” equivalente de operações do eixo simples padrão de

rodas duplas de 80kN para o período de projeto de 10 anos, considerando a

abertura da via a partir de 2009.

Foram coletadas informações sobre o tráfego que possibilitaram a definição do

número “N” de projeto, através da obtenção de Volume Diário Médio (VDM)., cujo

valor é igual a 423.

Assim, o número “N” é obtido pela fórmula bastante conhecida que compõe o

método Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, (SOUZA,1966).

(equação 6.3)

onde:

VDMc = volume diário médio anual de veículos comerciais no período de projeto;

FE = fator de eixo;

FC = fator de equivalência de carga;

Fx = fator de distribuição por faixa;

FR = fator climático regional, igual a 1,0;

P = período de projeto.

No presente estudo, para cálculo do número “N”, foram adotadas as seguintes

hipóteses:

• Distribuição direcional de 50% para o VDM;

• 100% dos veículos comerciais na faixa mais solicitada;

• 70% dos veículos comerciais 1 a 4 e ônibus circulando com a carga máxima

legal e os 30% restantes vazios;

• 80% dos veículos comerciais 5 a 10 circulando com a carga máxima legal e os

20% restantes vazios;

N = 365 . VDMC . P . FE . FC . FR .Fx

Page 78: Civil 04

78

• Fator de Crescimento de 2,5% ao ano; e

• Fator Climático Regional igual a 1,0.

A partir do exposto anteriormente, obteve-se o número “N” de projeto acumulado

durante o período de 10 anos (2009-2019), relativos aos métodos da USACE e da

AASHTO, dados a seguir:

Referentes ao dispositivo

6.1.4 Avaliação Funcional – Inventário do Pavimento Existente

O levantamento do pavimento flexível para avaliação funcional foi realizada nos

acostamentos do trecho em questão, determinando-se a gravidade dos defeitos na

superfície do pavimento em função da ocorrência de seus tipos e das deformações

permanentes observadas nas trilhas de roda. A figura 6.2 ilustra um dos

acostamentos avaliados.

Figura 6.2 – Foto do Acostamento da SP-280

Com base no levantamento dos defeitos verificados em cada estação determinou-se

o Índice de Gravidade Individual (IGI) considerando os fatores de ponderação (fp) e

NUSACE = 3,1 x 106;

NAASHTO = 1,1 x 106.

Page 79: Civil 04

79

de freqüência relativa (fr) dos defeitos encontrados. Após o cálculo do IGI procedeu-

se a determinação do Índice de Gravidade Global (IGG) para cada acostamento

através da somatória dos IGI calculados.

O método utilizado para a determinação do IGG está descrito no procedimento

DNIT 006/2003-PRO. Os resultados do acostamento sentido Capital são

apresentados na tabela 6.2:

Tabela 6.2 – Cálculo do IGG – acostamento sentido Capital – SP-280 Tipo de defeito fa n fr fp IGITrincas Tipo 1 25 19 131,6 0,2 26Trincas Tipo 2 10 19 52,6 0,5 26Trincas Tipo 3 0 19 0,0 0,8 0Afundamentos 0 19 0,0 0,9 0Ondulação e Panelas 1 19 5,3 1,0 5Exsudação 0 19 0,0 0,5 0Desgaste 10 19 52,6 0,3 16Remendo 4 19 21,1 0,6 13Flechas TRI e TER 0 19 0,0 1,3 0Flechas ambas trilhas 0 19 0,0 1,0 0

IGG =  86

Já os resultados do acostamento sentido Interior são apresentados na tabela 6.3:

Tabela 6.3 – Cálculo do IGG – acostamento sentido Interior – SP-280 Tipo de defeito fa n fr fp IGITrincas Tipo 1 5 24 20,8 0,2 4Trincas Tipo 2 0 24 0,0 0,5 0Trincas Tipo 3 0 24 0,0 0,8 0Afundamentos 19 24 79,2 0,9 71Ondulação e Panelas 8 24 33,3 1,0 33Exsudação 0 24 0,0 0,5 0Desgaste 0 24 0,0 0,3 0Remendo 19 24 79,2 0,6 48Flechas TRI e TER 3,9 24 4,3 1,3 6Flechas ambas trilhas 1,1 24 1,2 1,0 1

IGG =  163

Page 80: Civil 04

80

6.1.5 Avaliação Estrutural – Condição deflectométrica do pavimento existente

As condições estruturais foram levantadas através de medidas das deflexões

recuperáveis com a Viga Benkelman em espaçamentos de 40m em 40m, conforme

método DNER-ME 024/94.

São fornecidos para cada local e cada estaca em centésimos de milímetro, a

deflexão D0, deflexão real ou verdadeira, e a D25, deflexão a 25cm do ponto de

prova, as quais são utilizadas no cálculo do raio de curvatura da bacia de

deformação.

Em cada estaca, alternando-se entre o lado direito (LD) e lado esquerdo (LE), foi

realizada a bacia deflectométrica.

A extensão estudada foi dividida em segmentos “Oeste” e “Leste”, considerados

razoavelmente homogêneos, permitindo assim a análise para cada sentido de

tráfego.

Foram fornecidas as medidas de deflexão recuperáveis com a Viga Benkelman, nos

dois sentidos de tráfego, em cada estaca, obtendo inclusive medidas para o cálculo

do raio de curvatura (Rc), conforme tabelas 6.4 e 6.5.

Page 81: Civil 04

81

Tabela 6.4 – Resultados obtidos na SP-280 – Sentido Capital

PISTA FAIXA

E0  0 LD 49 33 21 16 10 0 189,6E1 40 LE 37 25 19 14 8 0 252,8E2  80 LD 35 19 14 10 8 0 189,6E3  120 LE 39 31 27 23 6 0 379,2E4  160 LD 31 21 16 14 10 0 303,4E5  200 LE 33 21 16 12 8 0 252,8E6  240 LD 33 19 16 8 4 0 216,7E7  280 LE 29 21 19 14 12 0 379,2E8  320 LD 27 21 14 12 8 0 505,7E9 360 LE 29 21 19 12 6 0 379,2E10  400 LD 31 21 16 14 10 0 303,4E11 440 LE 25 16 14 10 6 0 379,2E12  480 LD 23 16 10 4 0 0 505,7E13  520 LE 25 16 14 10 8 0 379,2E14  560 LD 23 16 14 10 8 0 505,7E15  600 LE 23 12 12 8 4 0 303,4E16  640 LD 25 16 12 10 6 0 379,2E17  680 LE 29 14 12 10 6 0 216,7E18 720 LD 19 6 4 4 0 0 252,8

3

RODOVIA

SP 280 ‐ trecho em estudo

DATA

2008

REVESTIMENTO

CAUQ

SENTIDOCONDIÇÃO DEFLECTOMÉTRICA ‐ VIGA BENKELMAN

_

POSIÇÃO

LADOmESTACAD0 D25 (L25`) D45 D65 D90 D120 (Lf`) Rc

VALORES DE DEFLEXÃO (0,01 mm)LEITURA DIRETA RELÓGIO COMPARADOR

Capital

Page 82: Civil 04

82

Tabela 6.5 – Resultados obtidos na SP-280 – Sentido Interior

PISTA FAIXA

E0 0 LD 35 23 16 12 8 0 252,8E1  40 LE 27 19 14 8 4 0 379,2E2 80 LD 27 16 12 10 2 0 303,4E3  120 LE 29 23 19 14 12 0 505,7E4  160 LD 45 29 14 8 6 0 189,6E5  200 LE 23 10 8 8 4 0 252,8E6  240 LD 27 19 14 10 6 0 379,2E7  280 LE 49 39 35 31 21 0 303,4E8  320 LD 25 19 14 10 2 0 505,7E9 360 LE 29 21 16 12 10 0 379,2E10  400 LD 25 19 14 10 8 0 505,7E11  440 LE 27 21 14 10 6 0 505,7E12 480 LD 25 16 12 10 8 0 379,2E13  520 LE 27 21 16 14 10 0 505,7E14  560 LD 39 29 25 23 10 0 303,4E15 600 LE 31 23 19 12 10 0 379,2E16  640 LD 23 16 12 10 6 0 505,7E17  680 LE 21 14 10 8 2 0 505,7E18 720 LD 27 14 10 8 4 0 252,8E19  760 LE 23 16 14 12 6 0 505,7E20 800 LD 27 16 12 10 2 0 303,4E21 840 LE 25 19 12 10 6 0 505,7E22 980 LD 31 16 14 12 8 0 216,7E23  1020 LE 23 10 8 8 4 0 252,8

_ 3 CAUQ

CONDIÇÃO DEFLECTOMÉTRICA ‐ VIGA BENKELMANRODOVIA SENTIDO REVESTIMENTO DATA

Rc

2008

POSIÇÃO VALORES DE DEFLEXÃO (0,01 mm)

ESTACA m LADOLEITURA DIRETA RELÓGIO COMPARADOR

D0 D25 (L25`) D45 D65 D90 D120 (Lf`)

SP 280 ‐ trecho em estudo Interior

Os gráficos demonstrando com maior facilidade os valores de Raios de Curvatura

(Rc) são apresentados nas Figuras 6.3 e 6.4.

Page 83: Civil 04

83

Figura 6.3 – Gráfico: Raio de curvatura medido no sentido Capital – SP-280

Figura 6.4 – Gráfico: Raio de curvatura medido no sentido Interior – SP-280

6.1.6 Reforço do pavimento existente

O pavimento flexível existente, caracterizado por revestimento asfáltico e base e

sub-base granulares, foi analisado nos âmbitos funcional e estrutural e neste item é

verificada necessidade de reforço e aproveitamento do pavimento existente dos

acostamentos.

Nas Figuras 6.3 e 6.4 estão apresentados os raios de curvatura, observando-se que

os valores medidos superam o valor igual a 100, significando que o pavimento

encontra-se estruturalmente em bom estado.

Page 84: Civil 04

84

Mesmo assim, foi utilizado o Método DNER PRO-011/1979 para a definição da

recuperação do pavimento do acostamento que será faixa de aceleração e

desaceleração.

Procedeu-se o cálculo da deflexão de projeto (Dp) através das medidas obtidas em

campo e também o cálculo da deflexão admissível (Dadm). O valor de “Dp” é

calculado através da soma da média dos valores obtidos das leituras com a Viga

Benkelman com o desvio padrão. O valor de “Dadm” depende dos materiais que

constituem a estrutura do pavimento e do número “N”, e é calculado através da

expressão demonstrada abaixo, sendo que para pavimentos com base cimentada,

adota-se como deflexão admissível metade do valor calculado na equação.

NDadm log176,001,3log ×−= (equação 6.4)

Quadro 6.1 – Dados deflectométricos obtidos e calculados: CONDIÇÃO DEFLECTOMÉTRICA

SEGMENTOEXTENSÃO 

(m)DEFLEXÃO MÉDIA 

(0,01mm)DESVIO PADRÃO

Dc           (0,01mm)

Dadm        (0,01mm)

Rc             (m)

CONCLUSÃO

Oeste 920 28,75 6,91 35,7 36,9 189,6 a 505,7 não necessita reforçoLeste 800 28,67 5,41 34,0 36,9 189,6 a 505,7 não necessita reforço

Conforme Quadro 6.1 acima, as deflexões características apresentam valores

inferiores à deflexão admissível. Além disso, os raios de curvatura medidos são

superiores a Rc=100. Através da matriz de decisão constante do método, verifica-se

que o pavimento não necessita reforço, tomando-se medidas corretivas somente na

superfície, pois no que tange à análise visual, constatou-se que o pavimento

encontra-se funcionalmente em estado regular, apresentando defeitos com baixo

grau de severidade.

Sendo assim, através dos dados deflectométricos, conclui-se a possibilidade de

aproveitamento da estrutura do pavimento existente, com execução somente de

fresagem e recapeamento e/ou enchimento com CBUQ – Concreto Betuminoso

Usinado a Quente para correções superficiais dos defeitos levantados na avaliação

funcional.

Page 85: Civil 04

85

Portanto, os trechos do acostamento devem ser fresados a espessura de 4 cm,

estendendo-se 0,50 m adjacente a faixa adjacente, procedendo por recapeamento

em Concreto Asfáltico na mesma espessura, realizando o nivelamento e a correção

do caimento transversal.

6.1.7 Dimensionamento da Estrutura do Pavimento Novo

Os dimensionamentos preliminares das estruturas de pavimentos flexíveis seguiram

as orientações dos métodos de dimensionamentos do DNER (atual DNIT), utilizando

o Método Clássico de Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis e o Método da

Resiliência. Também efetuou-se ajuste das espessuras e verificação da estrutura

dimensionada através da aplicação de conceitos da mecânica dos pavimentos,

através de análise mecanística.

A memória de cálculo do dimensionamento do método do DNER (atual DNIT) é

apresentada a seguir:

São apresentados os dados de projeto, obtidos de acordo com o explicado nos itens

anteriores e também através de ábaco constante no método e no Quadro 6.2 são

apresentados os cálculos do dimensionamento:

• N = 3,1 x 106;

• CBR do subleito = 8% => H8 = 46 cm;

• H20 = 27 cm.

Page 86: Civil 04

86

Quadro 6.2 – Estrutura do Pavimento Flexível - Método do DNER (atual DNIT)

Camada Espessura

(cm)

Coeficiente

Estrutural

Espessura

Equivalente Observação

Revestimento:

CBUQ

6 2,0 12,0 (12/2) = 6 cm > 5 cm de CBUQ

recomendado para 106 < N ≤ 5x106.

Logo, satisfaz o método.

Base: BGS 15 1,0 15,0 12,0 + 15,0 = 27,0 cm = H20 = 27

cm. Satisfaz o método.

Sub-base: BGS 20 1,0 20,0 12,0 + 15,0 + 20,0 = 47,0 cm > H8 =

46 cm. Satisfaz o método.

Espessura

Total

41 - 50,0 -

CONCLUSÃO: A ESTRUTURA ATENDE AS EXIGÊNCIAS DO MÉTODO.

A memória de cálculo do dimensionamento através do método da Resiliência é

apresentada a seguir:

Inicialmente são apresentados os dados de projeto, obtidos de acordo com o

explicado nos itens anteriores e também através de equações constantes no

método:

• N = 3,1 x 106;

• CBR do subleito = 8%;

• HT = 46 cm;

• Dp = 84,65 x10-2 mm;

• HCG = 26,5 cm.

A seguir são apresentadas as espessuras das camadas do pavimento, calculadas

de acordo com a metodologia, conforme pode ser visto no Quadro 6.3:

Page 87: Civil 04

87

Quadro 6.3 – Estrutura do Pavimento Flexível - Método da Resiliência Espessura da camada betuminosa (HCB)HCB= 4,6 cmHCB ADOTADO= 5,0 cm

Espessura da camada granular (HCG)HCG=HR+HB+HSB

HB= 12,5 cm HCG<=35

HB ADOTADO= 15,0 cm

HSB= 24,1 cmHSB ADOTADO= 25,0 cm

As estruturas dimensionadas através dos dois métodos estão apresentadas na

Tabela 6.6 a seguir.

Tabela 6.6 – Dimensionamentos preliminares do pavimento novo – SP-280

DNER             (atual DNIT)

RESILIÊNCIA

6,0 5,015,0 15,020,0 25,0‐ ‐Subleito (CBR >8%, EXP<2 % E MR > 800 kgf/cm²)

CAMADAS

Concreto Betuminoso Usinado à Quente (CBUQ)Brita Graduada Simples (BGS)

ESPESSURAS (cm)

Brita Graduada Simples (BGS)

6.1.8 Verificação e Compatibilização por Critérios Mecanísticos

Das estruturas resultantes do dimensionamento do pavimento novo, verificam-se

algumas pequenas discrepâncias. Desta forma atendendo os critérios de resistência

e resiliência dos materiais envolvidos foi adotada estrutura compatível com ambos

os métodos, ou seja, a obtida pelo método do DNER (atual DNIT), e que será

validada pela verificação mecanística apresentada na seqüência.

Page 88: Civil 04

88

6.1.8.1 Considerações quanto ao Carregamento

A partir de conceitos da Mecânica dos Pavimentos e com base na Teoria da

Elasticidade, efetuou-se a verificação e o ajuste estrutural do pavimento proposto,

baseando-se na comparação de efeitos externos e internos originados na estrutura

do pavimento pela ação do eixo simples padrão de rodas duplas de 80 kN (8,2 tf)

com os valores admissíveis, que são função do tipo de material empregado na

estrutura do pavimento.

A avaliação estrutural dos pavimentos seguiu o modelo elástico de camadas

múltiplas, buscando; assim, a determinação de indicadores estruturais, ou seja, os

efeitos gerados no interior e na superfície exterior da estrutura de pavimento quando

submetido a um carregamento. Para a determinação dos efeitos internos e externos

originados na estrutura do pavimento (deslocamentos, tensões e deformações)

empregou-se o programa computacional ELSYM-5 (Elastic Layered System).

As condições de carregamento simulam a ação do eixo simples padrão de rodas

duplas de 80 kN (8,2 tf). A carga é representada por uma pressão vertical de contato

p = 5,6 kgf/cm², distribuída uniformemente sobre um circulo de raio r = 10,8 cm. O

número de cargas aplicadas é caracterizado por quatro esforços verticais de

2050 kgf.

Para análise da condição estrutural determinam-se os efeitos internos e externos

nos locais críticos da estrutura, ou seja: na fibra superior da camada de concreto

asfáltico (deflexão ou deslocamento), na fibra inferior da camada de concreto

asfáltico (deformação horizontal de tração), e na fibra superior da camada de reforço

e subleito (deformação vertical de compressão).

Page 89: Civil 04

89

A Figura 6.5 apresenta esquema do modelo considerado para a análise mecanística:

Figura 6.5 – Representação da aplicação da carga no pavimento em estudo da SP-280

6.1.8.2 Considerações quanto às Camadas do Pavimento

As propriedades e as características dos materiais adotados para cada camada são

aqueles indicados na literatura técnica. Na Tabela 6.7, apresentam-se os valores

utilizados neste estudo.

• Revestimento do pavimento novo: Concreto Betuminoso Usinado a Quente:

E = 37.500 kgf/cm² e ν= 0,30 (temperatura de referência = 30ºC);

• Base e sub-base do pavimento novo: Brita Graduada Simples:

E = 3.000 kgf/cm² e ν = 0,35;

• Subleito Regularizado: CBR > 8%, expansão < 2%, E ≈ 800 kgf/cm² e ν = 0,40.

Tabela 6.7 – Resumo das propriedades das camadas do pavimento novo – SP-280 E Coef. 

(kgf/cm²) Poison6 37.500 0,3015 3.000 0,3520 3.000 0,35‐ 800 0,40

ESPESSURACAMADA

Concreto Betuminoso Usinado à Quente (CBUQ)Brita Graduada Simples (BGS)

Subleito (CBR >8%, EXP<2 % E MR > 800 kgf/cm²)Brita Graduada Simples (BGS)

BASE: E2, ν2

34.0 cmQ= 2.050 kgf

P =5,6 kgf/cm2

Deflexão

εt

εv

REVESTIMENTO:E1, ν1

SUB-BASE/REFORÇO:

E3, ν3

SUBLEITO: E4, ν4

H1

H2

H3

Page 90: Civil 04

90

6.1.8.3 Modelos e Resultados da Análise Mecanística

Para determinação dos valores admissíveis utilizaram-se os seguintes parâmetros e

modelos de previsão da vida de serviço:

• Deslocamentos na superfície do pavimento – deflexão: D0 (x10-2 mm):

DNER-PRO269/94: log D0 adm = 3,148 – 0,188 x log NUSACE;

• Deformação horizontal de tração na fibra inferior do revestimento (x10-4 cm/cm):

FHWA (1976) apud DER/SP (2006): NAASHTO = 1,092 x 10-6 x (1/ εt)3,512;

• Deformação vertical de compressão no topo da camada do subleito (x10-4 cm/cm):

SHELL (1977) apud DER/SP (2006): NUSACE = 6,15 x 10-7 x (1/ εv)4,0.

Através dos parâmetros de tráfego resultaram os seguintes valores:

Tabela 6.8 – Deformações admitidas pelos modelos de fadiga – SP-280 D0 Εt ΕV SUBLEITO

(10‐2mm) (10‐4cm/cm) (10‐4cm/cm)

84,65 3,93 6,67

Tabela 6.9 – Deformações atuantes no pavimento novo – SP-280 D0 Εt ΕV SUBLEITO

(10‐2mm) (10‐4cm/cm) (10‐4cm/cm)

55,24 1,62 4,83

Finalizando, observa-se que as deformações atuantes são admitidas pelos modelos

de fadiga utilizados, ou seja, a estrutura proposta esta apta à função estabelecida

previamente segundo o período de projeto adotado.

6.2 Readequação de Dispositivo de Retorno Existente – BR-116

Este item apresenta projeto de pavimentação referente à readequação do dispositivo

de retorno na Rodovia Presidente Dutra (BR-116). Serão executados pavimentos

flexíveis novos no único ramo novo projetado e análise do pavimento flexível

Page 91: Civil 04

91

existente nos demais ramos e rotatórias pertencentes do dispositivo. O trecho da

Rodovia Presidente Dutra (BR-116) e o Dispositivo de Retorno em questão podem

ser visualizados pela foto aérea (Figura 6.6).

Figura 6.6 – Foto aérea do trecho da Rodovia BR-116 e do Dispositivo de Retorno

A estrutura do pavimento proposto será estudada de forma que empregue materiais

de fácil aquisição, disponibilidade e trabalhabilidade, apresentando características

desejáveis para uso em pavimentação. Além disso, é desejável o emprego de

materiais compatíveis com relação aos encontrados no pavimento existente, que

caracteriza-se por ser constituído de revestimento asfáltico sobre materiais

granulares.

O pavimento rodoviário deve ser dimensionado e reforçado tendo em vista os

materiais disponíveis, o tráfego previsto para o período de projeto e as

características locais de tal forma que se proteja o subleito contra a geração de

deformações plásticas excessivas, bem como proteger as camadas asfálticas do

processo de fadiga decorrente do carregamento cíclico do tráfego previsto.

Page 92: Civil 04

92

6.2.1 Características da Rodovia Presidente Dutra – BR-116

Conforme Wikipédia (2009), a BR-116 é a principal rodovia brasileira. Caracteriza-se

por ser uma rodovia longitudinal que inicia-se em Fortaleza, no estado do Ceará e

término em Jaguarão, no estado do Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai.

A extensão total da rodovia é de aproximadamente 4.385 quilômetros, atravessando

dez estados.

Em 1 de março de 1996, o trecho entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro foi

concedido para a iniciativa privada – a concessionária CCR Nova Dutra, que

administra este trecho, o mais movimentado do país, designado de Rodovia

Presidente Dutra.

Assim, a Rodovia Presidente Dutra (BR-116) faz a ligação entre as cidades do Rio

de Janeiro e São Paulo. Com extensão total de 402 km, tem início no Trevo das

Margaridas, no Rio de Janeiro e término na Ponte Presidente Dutra, no acesso à

Marginal Tietê, em São Paulo. No Estado de São Paulo tem 231 km e no estado do

Rio de Janeiro, a rodovia possui extensão de 171 km.

A Rodovia Presidente Dutra é considerada a rodovia mais importante do Brasil, não

só por ligar as duas metrópoles nacionais, mas também como atravessar uma das

regiões mais ricas do país.

A primeira rodovia ligando Rio de Janeiro e São Paulo foi aberta pelo governo de

Washington Luis, em 5 de maio de 1928. No final da década de 1940, devido ao

aumento industrial, ocorreu a construção da atual Via Dutra, inaugurada em 19 de

janeiro de 1951 pelo Presidente Eurico Gaspar Dutra, ligando as duas Metrópoles.

A princípio a rodovia possuía pista simples em grande parte do seu percurso e só

era duplicada nos trechos entre São Paulo e Guarulhos e na Baixada Fluminense.

Então, na década de 1960 a pista foi duplicada em vários trechos e finalmente em

1967 estava totalmente duplicada. Em março de 1996 a operação da rodovia foi

concedida e atualmente é administrada pela empresa NovaDutra S/A, que realizou

obras de melhoria e ampliação da pista.

Page 93: Civil 04

93

A Rodovia Presidente BR-116 é federal e classificada como radial longitudinal, que

vão do norte para o sul. Rodovias federais são definidas pela sigla BR, seguida de

três algarismos. O primeiro algarismo indica a categoria da categoria da rodovia e os

outros dois definem a posição, relativa a Capital federal e aos limites do País. Assim,

a Rodovia Presidente Dutra, por tratar-se de uma nomenclatura de parte da Rodovia

BR-116, possui estas características apresentadas.

6.2.2 Propriedades Geológico-geotécnicas do trecho em questão

Para o conhecimento dos solos do subleito e do pavimento existente foram

realizadas sondagens a trado e aberturas de poços de inspeção, além de realização

de ensaios laboratoriais com os materiais coletados para a caracterização do

material para fins de dimensionamento da estrutura do pavimento.

Os ensaios laboratoriais realizados forneceram os resultados dos materiais

coletados em 4 (quatro) pontos distribuídos ao longo da área a ser pavimentada, a

saber:

• Análise Granulométrica;

• Limite de Plasticidade de Solos;

• Limite de Liquidez de Solos;

• Índice Suporte Califórnia de Solos e Expansão, com corpos de prova moldados

com a energia de compactação Proctor Normal (12 golpes por camada).

Apresentam-se na Tabela 6.10 de resumo dos ensaios realizados os respectivos

resultados de CBR e Expansão.

Tabela 6.10 – Resumo dos resultados de ensaios – BR-116 Amostra Expansão (%) CBR (%)

ST-01 0,56 10,0

ST-02 0,62 7,0

ST-03 2,60 8,0

ST-03 0,35 9,0

ST-04 1,15 8,0

Page 94: Civil 04

94

Na consideração do subleito adotou-se um valor mínimo para o Índice de Suporte

California (ISC = CBR). Tal índice foi determinado através da expressão a seguir,

utilizando os valores de CBR obtidos na Energia de Proctor Normal:

(equação 6.5)

Com isso obteve-se para o subleito Índice de Suporte Califórnia – CBRp = 7%,

compactado na Energia de Proctor Normal.

Os materiais ensaiados foram classificados como A-4, A-6 e A-7-6 (classificação

TRB – Transportation Research Board). Para classificação dos solos quanto à

resiliência considerou-se que se trata de solo tipo II (Solos com grau de resiliência

intermediário apresentam comportamento regular como subleito); assim, para

estimativa do módulo de resiliência (MR) do mesmo adotou-se a expressão a seguir:

MR = 100 * CBR (kgf/cm²) => MR = 700 kgf/cm² (equação 6.6)

6.2.3 Tráfego do trecho em estudo

O tráfego considerado para o dimensionamento foi estabelecido através da

determinação do parâmetro “N” equivalente de operações do eixo simples padrão de

rodas duplas de 80kN para o período de projeto de 10 anos, considerando a

abertura da via a partir de 2009.

Foram coletadas informações sobre o tráfego que possibilitaram a definição do

número “N” de projeto, através da obtenção de Volumes Diários Médios (VDM’s).,

cujo valor é igual a 4754 veículos comerciais.

Assim, o número “N” é obtido pela fórmula bastante conhecida que compõe o

método Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, (SOUZA,1966).

Page 95: Civil 04

95

(equação 6.7)

No presente estudo, para cálculo do número “N”, foram adotadas as seguintes

hipóteses:

• Distribuição direcional de 100% para o VDM;

• 4% dos veículos comerciais na faixa mais solicitada;

• 70% dos veículos comerciais 1 a 4 e ônibus circulando com a carga máxima

legal e os 30% restantes vazios;

• 80% dos veículos comerciais 5 a 10 circulando com a carga máxima legal e os

20% restantes vazios;

• Fator de Crescimento de 2,7% ao ano; e

• Fator Climático Regional igual a 1,0.

A partir do exposto anteriormente, obteve-se número “N” de projeto acumulado durante o

período de 10 anos (2009-2019), relativo aos métodos da USACE e da AASHTO, dados a

seguir:

referentes aos ramos e rotatórias

6.2.4 Avaliação Estrutural – Condição deflectométrica do pavimento existente

O levantamento de deflexões recuperáveis de um pavimento consiste na avaliação

das condições estruturais tanto das camadas mais superficiais quanto da estrutura,

através de medidas de deslocamentos sob uma carga aplicada como também a

diferentes distâncias da mesma.

As condições estruturais foram levantadas através de medidas das deflexões

recuperáveis com a Viga Eletrônica. Foram fornecidas as medidas de deflexão

recuperáveis, em cada estaca, em centésimos de milímetro. Para o levantamento

NUSACE = 5,7 x 106;

NAASHTO = 2,1 x 106.

N = 365 . VDMC . P . FE . FC . FR .Fx

Page 96: Civil 04

96

deflectométrico utilizou-se o equipamento dinâmico Falling Weight Deflectometer

(FWD), de acordo com o preconizado no procedimento DNER PRO-273/96.

O dispositivo foi dividido em segmentos denominados de ramos, alças, via local e

rotatórias. A figura 6.7 apresenta parte do dispositivo, ou seja, ramo e rotatória.

Figura 6.7 – Foto do Dispositivo da Rodovia BR-116 em estudo

6.2.5 Reforço do pavimento existente

O pavimento flexível existente, caracterizado por revestimento asfáltico e base e

sub-base granulares, foi analisado no âmbito estrutural e neste item é apresentado

projeto de reforço para o mesmo.

Através dos valores medidos do levantamento deflectométrico, procedeu-se o

cálculo da deflexão de projeto (Dp) através das medidas obtidas em campo e

também o cálculo da deflexão admissível (Dadm). O valor de “Dp” é calculado

através da soma da média dos valores obtidos das leituras com a Viga com o desvio

padrão. O valor de “Dadm” depende dos materiais que constituem a estrutura do

pavimento e do número “N”, e é calculado através da expressão demonstrada

abaixo.

Page 97: Civil 04

97

NDadm log176,001,3log ×−= (equação 6.8)

Quadro 6.4 – Dados deflectométricos e espessuras de reforço:

MÉTODO DNER PRO 011/1979

BR‐116 ‐ DIMENSIONAMENTO DE REFORÇO DO PAVIMENTO DO DISPOSITIVO

I1 =  1 I2 =  0 N =  5,7*10^6

TRECHO Dc Dadm hcb Capa ‐ CBUQ (cm) Base ‐ BGS (cm)Ramo C 94 67 5,9 7,5 ‐Alça para Ramo 158,9 67 15,0 7,5 15,0Alça para Rotatóri 156,7 67 14,8 7,5 15,0Via Local 119,5 67 10,1 7,5 10,0Rotatória A 179,2 67 17,1 7,5 17,0Rotatória B 142,2 67 13,1 7,5 10,0

Conforme Quadro 6.4 acima, as deflexões características apresentam valores

superiores à deflexão admissível, através do método DNER-PRO 011/1979. Através

do exposto, verifica-se que o pavimento necessita de restauração, através de reforço

em camada betuminosa.

Porém, devido as espessuras obtidas, adotou-se utilização de base (exceto no

Ramo C) e revestimento em CBUQ – Concreto Betuminoso Usinado a Quente, a fim

de conferir ao pavimento o reforço necessário.

6.2.6 Dimensionamento da Estrutura do Pavimento Novo

Os dimensionamentos preliminares das estruturas do pavimento flexível seguiram as

orientações dos métodos de dimensionamentos do DNER (atual DNIT), utilizando o

Método Clássico de Dimensionamento de Pavimentos Flexíveis e o Método da

Resiliência. Também efetuou-se ajuste das espessuras e verificação da estrutura

dimensionada através da aplicação de conceitos da mecânica dos pavimentos,

através de análise mecanística.

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98

A memória de cálculo do dimensionamento do método do DNER (atual DNIT) é

demonstrada a seguir.

São apresentados os dados de projeto, obtidos de acordo com o explicado nos itens

anteriores e também através de ábaco constante no método e no Quadro 6.5 são

apresentados os cálculos do dimensionamento:

• N = 5,7 x 106;

• CBR do subleito = 7% => H7 = 51 cm;

• H20 = 28 cm.

Quadro 6.5 – Estrutura do Pavimento Flexível - Método do DNER (atual DNIT)

Camada Espessura

(cm)

Coeficiente

Estrutural

Espessura

Equivalente Observação

Revestimento:

CBUQ

7,5 2,0 15,0 (15/2) = 75 cm = 7,5 cm de CBUQ

recomendado para 5x106 < N ≤ 107.

Logo, satisfaz o método.

Base: BGS 20 1,0 20,0 15,0 + 20,0 = 35,0 cm > H20 = 28

cm. Satisfaz o método.

Sub-base:

Rachão

20 1,0 20,0 15,0 + 20,0 + 20,0 = 55,0 cm > H7 =

51 cm. Satisfaz o método.

Espessura

Total

47,5 - 55,0 -

CONCLUSÃO: A ESTRUTURA ATENDE AS EXIGÊNCIAS DO MÉTODO.

A memória de cálculo do dimensionamento através do método da resiliência é

apresentada a seguir:

Inicialmente são apresentados os dados de projeto, obtidos de acordo com o

explicado nos itens anteriores e também através de equações constantes no

método:

• N = 5,7 x 106;

• CBR do subleito = 7%;

• HT = 51 cm;

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99

• Dp = 75,49 x 10-2 mm;

• HCG = 27,4 cm.

A seguir são apresentadas as espessuras das camadas do pavimento, calculadas

de acordo com a metodologia, conforme pode ser visto no Quadro 6.6:

Quadro 6.6 – Estrutura do Pavimento Flexível - Método da Resiliência

Espessura da camada betuminosa (HCB)HCB= 5,9 cmHCB ADOTADO= 8,0 cm

Espessura da camada granular (HCG)HCG=HR+HB+HSB

HB= 11,4 cm HCG<=35

HB ADOTADO= 15,0 cm

HSB= 29,1 cmHSB ADOTADO= 30,0 cm

As estruturas dimensionadas através dos dois métodos estão apresentadas na

Tabela 6.11 a seguir:

Tabela 6.11 – Dimensionamentos preliminares do pavimento: Novo ramo – Dispositivo BR-116

DNER RESIL7,5 8,0

20,0 15,0Pedra Rachão 20,0 30,0

- -Subleito (CBR >7%, EXP<2 % E MR > 700 kgf/cm²)

CAMADA

Concreto Betuminoso Usinado à QuenteBrita Graduada Simples (BGS)

ESPESSURA

6.2.7 Verificação e Compatibilização por Critérios Mecanísticos

Das estruturas resultantes dos dimensionamentos dos pavimentos novos, verificam-

se algumas pequenas discrepâncias. Desta forma atendendo os critérios de

resistência e resiliência dos materiais envolvidos foi adotada estrutura compatível

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100

com ambos os métodos, e que será validada pela verificação mecanística

apresentada na seqüência.

6.2.7.1 Considerações quanto ao Carregamento

A partir de conceitos da Mecânica dos Pavimentos e com base na Teoria da

Elasticidade, efetuou-se a verificação e o ajuste estrutural do pavimento proposto,

baseando-se na comparação de efeitos externos e internos originados na estrutura

do pavimento pela ação do eixo simples padrão de rodas duplas de 80 kN (8,2 tf)

com os valores admissíveis, que são função do tipo de material empregado na

estrutura do pavimento.

A avaliação estrutural dos pavimentos seguiu o modelo elástico de camadas

múltiplas, buscando; assim, a determinação de indicadores estruturais, ou seja, os

efeitos gerados no interior e na superfície exterior da estrutura de pavimento quando

submetido a um carregamento. Para a determinação dos efeitos internos e externos

originados na estrutura do pavimento (deslocamentos, tensões e deformações)

empregou-se o programa computacional ELSYM-5 (Elastic Layered System).

As condições de carregamento simulam a ação do eixo simples padrão de rodas

duplas de 80 kN (8,2 tf). A carga é representada por uma pressão vertical de contato

p = 5,6 kgf/cm², distribuída uniformemente sobre um circulo de raio r = 10,8 cm. O

número de cargas aplicadas é caracterizado por quatro esforços verticais de

2050 kgf.

Para análise da condição estrutural determinam-se os efeitos internos e externos

nos locais críticos da estrutura, ou seja: na fibra superior da camada de concreto

asfáltico (deflexão ou deslocamento), na fibra inferior da camada de concreto

asfáltico (deformação horizontal de tração), e na fibra superior da camada de reforço

e subleito (deformação vertical de compressão).

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101

A Figura 6.8 apresenta esquema do modelo considerado para a análise mecanística:

Figura 6.8 – Representação da aplicação da carga no pavimento em estudo da BR-116

6.2.7.2 Considerações quanto às Camadas do Pavimento

As propriedades e as características dos materiais adotados para cada camada são

aqueles indicados na literatura técnica. A seguir, apresentam-se os valores utilizados

neste estudo.

• Revestimento: Concreto Betuminoso Usinado a Quente: E = 37.500 kgf/cm² e

ν= 0,30 (temperatura de referência = 30ºC);

• Base: Brita Graduada Simples: E = 3.000 kgf/cm² e ν = 0,35;

• Rachão: E = 2.000 kgf/cm² e ν = 0,40;

• Subleito Regularizado: CBR ≥ 7%, expansão < 2%, E = 700kgf/cm² e ν = 0,45.

Tabela 6.12 – Resumo das propriedades das camadas do pavimento: Novo ramo – Dispositivo da BR-116

E Coef. (kgf/cm²) Poison

7,5 37.500 0,3015 3.000 0,3530 2.000 0,40- 700 0,45

ESPESSURACAMADA

Concreto Betuminoso Usinado à QuenteBrita Graduada Simples (BGS)

Subleito (CBR >7%, EXP<2 % E MR > 700 kgf/cm²)Pedra Rachão

BASE: E2, ν2

34.0 cmQ= 2.050 kgf

P =5,6 kgf/cm2

Deflexão

εt

εv

REVESTIMENTO:E1, ν1

SUB-BASE/REFORÇO:

E3, ν3

SUBLEITO: E4, ν4

H1

H2

H3

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102

6.2.7.3 Modelos e Resultados da Análise Mecanística

Para determinação dos valores admissíveis utilizaram-se os seguintes parâmetros e

modelos de previsão da vida de serviço:

• Deslocamentos na superfície do pavimento – deflexão: D0 (x10-2 mm):

DNER-PRO269/94: log D0 adm = 3,148 – 0,188 x log NUSACE;

• Deformação horizontal de tração na fibra inferior do revestimento (x10-4 cm/cm):

FHWA (1976) apud DER/SP (2006): NAASHTO = 1,092 x 10-6 x (1/ εt)3,512;

• Deformação vertical de compressão no topo da camada do subleito (x10-4 cm/cm):

SHELL (1977) apud DER/SP (2006): NUSACE = 6,15 x 10-7 x (1/ εv)4,0.

Através dos parâmetros de tráfego resultaram os seguintes valores:

Tabela 6.13 – Deformações admitidas pelos modelos de fadiga: Novo Ramo – BR-116 D0 Et EV SUBLEITO

(10-2mm) (10-4cm/cm) (10-4cm/cm)75,49 3,18 5,73

Tabela 6.14 – Deformações atuantes na estrutura proposta: Novo Ramo – BR-116 D0 Et EV SUBLEITO

(10-2mm) (10-4cm/cm) (10-4cm/cm)58,52 2,26 3,74

E finalmente, observa-se que as deformações atuantes são admitidas pelos modelos

de fadiga utilizados, ou seja, a estrutura proposta esta apta à função estabelecida

previamente segundo o período de projeto adotado.

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103

7 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Este capítulo trata das análises dos resultados obtidos nos “Estudos de Caso”,

apresentando a estrutura do pavimento existente que deve ser reforçada e as

estruturas dos pavimentos novos, propostas de acordo com os dimensionamentos

demonstrados no capítulo anterior.

Com relação ao primeiro Estudo de Caso: Implantação de dispositivo de retorno na

Rodovia SP-280, os estudos de pavimentação compreenderam análises funcionais e

estruturais do pavimento existente do acostamento da Rodovia, que será

aproveitado como faixa de desaceleração/aceleração, e; dimensionamento, análise

mecanística e proposta de pavimento novo nos ramos que compõem o dispositivo de

retorno a ser implantado.

No segundo Estudo de caso: Readequação de Dispositivo de Retorno na Rodovia

BR-116, os estudos de pavimentação englobaram análise estrutural do pavimento

existente de ramos e rotatórias do dispositivo de retorno e; dimensionamento,

análise mecanística e proposta de pavimento em novo ramo a ser executado em tal

dispositivo já existente.

Com relação ao primeiro Estudo de Caso, o pavimento existente do acostamento da

SP-280, nos segmentos que servirão de faixas de aceleração e desaceleração, foi

levantado através de Avaliação Objetiva da Superfície e cálculo do IGG – Índice de

Gravidade Global e Determinação das Deflexões através de método utilizando-se a

Viga Benkelman.

No acostamento da SP-280, sentido Capital, os defeitos existentes em ordem de

maior ocorrência foram: trincas, desgaste, remendo e ondulação, sendo estes com

poucas ocorrências. Já no sentido interior, os defeitos levantados, também na ordem

da maior a menor ocorrência foram: afundamentos, remendo, ondulação e trincas,

sendo neste sentido resultando em valor de IGG superior ao do sentido Capital.

Page 104: Civil 04

104

Nos mesmos segmentos, a avaliação estrutural do pavimento através da Viga

Belkelman determinou as deflexões do pavimento, nas quais foram calculadas as

deflexões de projeto ou características, que por sua vez resultaram valores inferiores

à deflexão admissível, calculada de acordo com o tráfego previsto. Sendo assim,

adotou-se somente realização de fresagem na espessura de 4,0 cm, para correção

dos defeitos superficiais levantados e recapeamento com concreto asfáltico – CBUQ

na mesma espessura, atendendo o tráfego que utilizará tais trechos como faixas de

aceleração e desaceleração do Dispositivo de Retorno.

A estrutura de pavimento existente nos acostamentos em questão da SP-280 e as

intervenções necessárias são apresentadas na Figura 7.1:

Figura 7.1 – Pavimento Existente (Dispositivo da SP-280) – fresagem e recapeamento

Com relação ao segundo Estudo de Caso, o pavimento existente do viário em

estudo que compõe o Dispositivo de Retorno da BR-116 foi avaliado somente no

âmbito estrutural, através de deflexões determinadas com a Viga Eletrônica –

Equipamento FWD, que constatou, conforme cálculos de deflexões características,

valores superiores à deflexão admissível, necessitando assim de reforço do

pavimento nos trechos estudados.

O reforço do pavimento resultou em recapeamento em CBUQ com 7,5 cm de

espessura no designado Ramo C do Dispositivo e nos demais trechos denominados

como: Alça para Ramo, Alça para Rotatória, Via Local, Rotatória A e Rotatória B;

como a espessura calculada de reforço foi mais espessa, adotou-se entre 10,0 cm e

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105

17,0 cm de base em BGS e 7,5 cm de CBUQ, atendendo, portanto, aos esforços

solicitantes.

A estrutura de pavimento existente no Ramo C do Dispositivo em questão da

BR-116 e as intervenções necessárias são apresentadas na Figura 7.2:

Figura 7.2 – Pavimento Existente do Dispositivo (BR-116) – reforço do pavimento

Com relação à estrutura de pavimento existente na Alça para Ramo, Alça para

Rotatória, Via Local, Rotatória A e Rotatória B do Dispositivo em questão da BR-116,

as intervenções necessárias são apresentadas na Figura 7.3:

Figura 7.3 – Pavimento Existente do Dispositivo (BR-116) – reforço do pavimento

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106

O pavimento novo do dispositivo da Rodovia SP-280, dimensionado pelos métodos

do DNER (atual DNIT) e da Resiliência, utilizou como materiais das camadas de

base e sub-base o mesmo tipo de material: BGS, pela facilidade de aquisição e

execução, pois o volume necessário é relativamente pequeno. Já na camada de

revestimento foi adotado material asfáltico tipo CBUQ. Sendo assim, o pavimento

proposto caracteriza-se por pavimento flexível.

As espessuras das camadas do pavimento novo do Dispositivo da SP-280 são

apresentadas na Figura 7.4 abaixo:

Figura 7.4 – Pavimento Novo proposto para Dispositivo (SP-280)

O pavimento novo do dispositivo da Rodovia BR-116, dimensionado também pelos

métodos do DNER (atual DNIT) e da Resiliência, utilizou como material de sub-base

a pedra rachão, porém poderia ter sido utilizado material proveniente de fresagem,

pois tanto o rachão quanto o material fresado eram disponíveis. Para tanto, adotou-

se o rachão para sub-base e como base a BGS. O revestimento também foi do tipo

asfáltico em CBUQ. Tal pavimento também é do tipo flexível.

Já as espessuras das camadas do pavimento novo do Dispositivo da BR-116 são

apresentadas na Figura 7.5:

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107

Figura 0.1 – Pavimento Novo proposto para Dispositivo (BR-116)

Realizando-se uma comparação dos resultados obtidos para cada Dispostivo de

Retorno, ou seja, para cada Estudo de Caso, nota-se:

• os pavimentos existentes dos acostamentos em estudo da SP-280, apesar de

apresentarem alguns defeitos superficiais (IGG = 86 e IGG = 163), não

estavam comprometidos estruturalmente (Dc inferior Dadm), o que descartou o

reforço do pavimento, exigindo apenas correções superficiais através de

fresagem e recapeamento, ambos com espessura igual a 4,0 cm;

• os pavimentos existentes dos ramos, via e rotatórias do Dispositivo da BR-116,

apresentam problemas estruturais (Dc superior Dadm), sendo necessária

execução de reforços dos pavimentos através de execução de camadas nas

espessuras indicadas nas Figuras 7.2 e 7.3 e, neste caso, podendo-se

descartar a avaliação funcional, visto que as intervenções solucionarão

quaisquer defeitos superficiais existentes nos pavimentos em questão;

• o pavimento novo a ser implantado nos ramos do Dispositivo de Retorno do

primeiro Estudo de Caso apresenta estrutura com 41,0 cm de espessura e

camadas de base e sub-base com o mesmo material;

Page 108: Civil 04

108

• o pavimento novo do ramo a ser implantado no Dispositivo de Retorno do

segundo Estudo de Caso apresenta estrutura com 52,5 cm de espessura e

camadas de base e sub-base com materiais granulares, porém distintos;

• nos pavimentos novos, a camada de revestimento em CBUQ difere uma da

outra devido ao número “N”, pois para N=3,1x106, a espessura mínima

requerida de camada de capa é de 5 cm; porém, para N=5,7x106, a espessura

mínima de revestimento é de 7,5 cm. Sendo assim, apesar dos pavimentos

novos apresentarem valores de capacidade de suporte do subleito próximos,

ou seja, CBR iguais a 8% e 7%, as estruturas obtiveram espessuras de

camadas diferentes principalmente devido ao tráfego, ou seja, o número “N” de

cada dispositivo de retorno;

• em ambos os pavimentos novos, a espessura da camada de base são iguais,

ou seja, de 15 cm. Porém a camada em rachão majora a espessura da camada

de sub-base no caso do pavimento do Dispositivo da BR-116. Para as sub-

bases, as espessuras foram calculadas de modo a obter valores que protejam

o subleito de deformações;

• as estruturas de pavimentos verificadas mecanísticamente comprovaram que,

além de atenderem aos métodos de dimensionamentos do DNER (atual DNIT)

e da Resiliência, resultaram valores atuantes de deslocamento, deformação

horizontal de tração e deformação vertical de compressão inferiores aos

valores de deformações admissíveis pelo pavimento.

Assim, verifica-se que mesmo realizando-se cálculos e análises provenientes dos

mesmos métodos para projetos de pavimentação, os resultados de cada Estudo de

Caso diferem, pois as características dos pavimentos dependem principalmente dos

parâmetros de projeto nos quais são diferentes para cada região.

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109

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos de pavimentação exigem diversos tipos de levantamento, identificações,

ensaios, avaliações, cálculos e análises para obtenção de um projeto de qualidade.

Além disso, deve-se considerar na elaboração de projetos de pavimentos, as

condições de cada região, quanto à disponibilidade dos materiais a ser empregados

na estrutura, o tipo de tráfego, as características geométricas do empreendimento e

também as limitações técnicas e a viabilidade econômica, a fim de obter um bom

produto, atendendo à concepção geral do projeto.

O estudo de pavimento existente deve englobar principalmente os seguintes

parâmetros:

• Identificação da estrutura do pavimento, no que diz respeito às características

dos materiais e espessuras;

• Obtenção das características, principalmente mecânicas (capacidade de

suporte e expansão) e resilientes (módulo de resiliência) do material do subleito

e da distribuição e volume do tráfego da região;

• Avaliação funcional do pavimento: avaliação subjetiva e avaliação objetiva, que

determinam os níveis de serventia, irregularidade longitudinal e levantamento

dos defeitos da superfície;

• Avaliação estrutural do pavimento: determinação das deflexões, através de

equipamentos tipo viga Benkelman e FWD, dentre outros;

• Projeto de reforço do pavimento, caso haja necessidade, podendo-se utilizar

metodologias apresentadas no item 5.6.

Page 110: Civil 04

110

O estudo de pavimentos novos compõe as seguintes atividades e parâmetros para

sua realização:

• Estudos geotécnicos: capacidade de suporte, expansão e resiliência do

material do subleito;

• Estudos do tráfego: quantificação, distribuição dos veículos e determinação do

número “N”, definido como o número de repetições de carga do eixo padrão

rodoviário de 80 kN;

• Dimensionamento de pavimentos, conforme métodos apresentados ou outros

disponíveis na literatura técnica, obtendo-se, através de cálculos, as

características das camadas do pavimento;

• Análise mecanística das estruturas dimensionadas, calculando-se tensões,

deformações e deslocamentos, com utilização de programas computacionais, a

fim de evitar rupturas por fadiga.

Os estudos de caso apresentaram dois projetos distintos: Implantação de Dispositivo

de Retorno na Rodovia SP-280 e Readequação Geométrica de Dispositivo existente

na Rodovia BR-116. São distintos também quanto ao resultado final, ou seja,

características dos pavimentos resultantes; porém muito parecidos quanto à

metodologia, pois foram adotados os mesmos métodos no caso de projeto de

reforço do pavimento e dimensionamento de pavimentos novos.

Assim, complementando as considerações deste trabalho, e conforme descrito no

Capítulo sobre Pavimentação Rodoviária e apresentado no Capítulo sobre os

Estudos de Caso, a realização de projetos de pavimentação abrange estudos que

envolvem uma série de parâmetros e cálculos, concluindo-se que cada projeto é tão

único quanto importante.

Page 111: Civil 04

111

REFERÊNCIAS

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