cinética química
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Marcos Marcelino Mazzucco
2009- Marcos Marcelino Mazzucco -
INTRODUÇÃO À CINÉTICA QUÍMICA
CINÉTICA DE REAÇÕES HOMOGÊNEAS DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS CINÉTICOS
CÁLCULO DE REATORES IDEAIS REAÇÕES HOMOGÊNEAS NÃO- ELEMENTARES
POLIMERIZAÇÃO SISTEMAS CATALÍTICOS
REAÇÕES MÚLTIPLAS
1
Introdução à Cinética Química
INTRODUÇÃO À CINÉTICA QUÍMICA
Este material foi desenvolvido para acompanhar a disciplina Cinética Química, ministrada pelo professor Dr. Marcos Marcelino Mazzucco. O uso não autorizado deste material incorre em violação dos direitos autorais, estando sujeito às penalidades previstas na legislação em vigência. Este material utiliza os software livres GNU Octave, BrOffice, VLAB e MED disponíveis em www.octave.org, www.broffice.org e www.eqm.unisul.br/prof/marcos.
Última revisão de conteúdo 02/2009
Última atualização 02/2009
Marcos Marcelino Mazzucco
- Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
ÍNDICE
1. CINÉTICA DE REAÇÕES HOMOGÊNEAS.............................................................................................61.1. INTRODUÇÃO........................................................................................................................7
1.2. CLASSIFICAÇÃO DAS REAÇÕES QUÍMICAS.....................................................................................7
1.2.1. Classificação das reações químicas quanto ao número de fases...........................7
1.2.2. Classificação das reações químicas quanto a reversibilidade................................7
1.3. TAXA ( OU VELOCIDADE) DE REAÇÃO.......................................................................................7
1.3.1. Variáveis que influenciam a taxa da reação............................................................8
1.4. REAÇÕES SIMPLES E MÚLTIPLAS.............................................................................................8
1.5. MODELO CINÉTICO DE REAÇÕES HOMOGÊNEAS..........................................................................9
1.6. ORDEM DE UMA REAÇÃO......................................................................................................11
1.6.1. Velocidade específica da reação ou Constante de velocidade ............................11
1.7. ELEMENTARIDADE DAS REAÇÕES.............................................................................................14
1.7.1. Pseudo Ordem de uma reação.............................................................................15
1.8. CINÉTICA DO EQUILÍBRIO EM REAÇÕES ELEMENTARES...................................................................15
1.9. CINÉTICA PARA REAÇÕES NÃO-ELEMENTARES.............................................................................17
1.10. EXERCÍCIOS....................................................................................................................18
2. DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS CINÉTICOS..................................................................................202.1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................21
2.2. COLETA DE DADOS A PARTIR DE REATORES DIFERENCIAIS...........................................................21
2.3. COLETA DE DADOS A PARTIR DE UM REATOR INTEGRAL...............................................................23
2.4. COLETA DE DADOS A PARTIR DE REATORES EM BATELADA.............................................24
2.5. DETERMINAÇÃO DA EXPRESSÃO PARA A TAXA DE REAÇÃO A PARTIR DO MÉTODO DIFERENCIAL..............26
2.5.1. Ajuste de funções em dados com MS Excel e OpenOffice...................................31
2.5.2. Ajuste de funções em dados com MicroCal Origin................................................35
2.5.3. Ajuste de funções em dados com GNU Octave....................................................38
2.5.4. Resumo ...............................................................................................................44
2.6. DETERMINAÇÃO DA EXPRESSÃO PARA A TAXA DE REAÇÃO A PARTIR DO MÉTODO INTEGRAL...................45
2.6.1. Resumo................................................................................................................51
2.7. DETERMINAÇÃO DA EXPRESSÃO PARA A TAXA DE REAÇÃO A PARTIR DO MÉTODO DAS VELOCIDADES INICIAIS.
.............................................................................................................................................52
2.7.1. Resumo................................................................................................................53
2.8. DETERMINAÇÃO DA EXPRESSÃO PARA A TAXA DE UMA REAÇÃO A PARTIR DO MÉTODO DO TEMPO DE MEIA-
VIDA.......................................................................................................................................53
2.8.1. Resumo................................................................................................................55
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Introdução à Cinética Química
2.9. DETERMINAÇÃO DA EXPRESSÃO PARA A TAXA DE UMA REAÇÃO A PARTIR DO MÉTODO DOS MÍNIMOS
QUADRADOS LINEARIZADO...........................................................................................................55
2.10. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DA EQUAÇÃO DE ARRHENIUS...................................................58
2.11. EXEMPLO........................................................................................................................61
2.12. EXERCÍCIOS....................................................................................................................76
2.13. EXERCÍCIOS COM VLAB....................................................................................................90
3. INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE REATORES QUÍMICOS IDEAIS...............................................................943.1. A ENGENHARIA QUÍMICA COMO PROFISSÃO.......................................................................95
3.2. REATORES IDEAIS...............................................................................................................97
3.3. BALANÇOS DE MASSA EM REATORES IDEAIS...............................................................................98
3.3.1. Reator Batelada (Batch, BSTR)............................................................................98
3.3.2. Reator Contínuo Tipo Tanque Agitado (CSTR)...................................................101
3.3.3. Reator Tubular com Fluxo Pistonado (PFR- Plug Flow Reactor)........................103
3.3.4. Tempo Espacial e Velocidade Espacial..............................................................105
3.3.5. Reator Semi Batelada.........................................................................................106
3.3.6. Outros Reatores Industriais................................................................................108
3.4. ESTEQUIOMETRIA .............................................................................................................109
3.5. EXEMPLOS/EXERCÍCIOS......................................................................................................113
3.6. EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES...........................................................................................124
3.7. EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO.................................................................................................124
3.8. APLICAÇÃO COMPUTACIONAL ..............................................................................................132
4. REAÇÕES HOMOGÊNEAS NÃO-ELEMENTARES, CATALÍTICAS, POLIMERIZAÇÃO, ENZIMAS..........................1334.1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................134
4.2. TEORIA UNIMOLECULAR OU DOS INTERMEDIÁRIOS ATIVOS............................................................135
4.3. MECANISMO DE REAÇÃO ATRAVÉS DE RADICAIS LIVRES............................................................137
4.4. POLIMERIZAÇÃO................................................................................................................137
4.5. REAÇÕES ENZIMÁTICAS......................................................................................................140
4.6. PROPRIEDADES DO CATALISADORES......................................................................................144
4.7. ETAPAS EM UMA REAÇÃO CATALÍTICA...................................................................................146
4.7.1. Adsorção.............................................................................................................147
4.7.2. Reação na Superfície Catalítica..........................................................................154
4.7.3. Dessorção...........................................................................................................155
4.8. ETAPA LIMITANTE DA VELOCIDADE........................................................................................155
4.9. ANÁLISE DE DADOS E PESQUISA DE MECANISMO PARA REAÇÕES HETEROGÊNEAS..........................156
4.10. UM ESTUDO DE CASO......................................................................................................157
4.11. DESATIVAÇÃO CATALÍTICA................................................................................................160
4.11.1. Desativação por Sinterização...........................................................................160
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Introdução à Cinética Química
4.11.2. Desativação por Coqueificação ou Deposição de Fuligem...............................161
4.11.3. Desativação por Envenenamento.....................................................................161
5. REAÇÕES MÚLTIPLAS..............................................................................................................1635.1. INTRODUÇÃO....................................................................................................................164
5.2. REAÇÕES COMPETITIVAS OU PARALELAS................................................................................165
5.3. REAÇÕES CONSECUTIVAS OU EM SÉRIE.................................................................................173
5.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................................175
6. REFERÊNCIAS........................................................................................................................176
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Introdução à Cinética Química
1. CINÉTICA DAS REAÇÕES HOMOGÊNEAS
CLASSIFICAÇÃO DAS REAÇÕES QUÍMICAS
REAÇÕES HOMOGÊNEAS
REAÇÕES ELEMENTARES
VELOCIDADE DE REAÇÃO
PARÂMETROS CINÉTICOS
EXEMPLOS
EXERCÍCIOS
Cinética das Reações Homogêneas - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
1.1. INTRODUÇÃO
Dizemos que uma reação química ocorre quando uma quantidade detectável de
moléculas perde sua identidade química. O conhecimento da cinética de uma reação
química permite que sejas conhecidas a natureza das ligações químicas, bem como a
energia envolvida. Permite ainda que sejam conhecidas a estrutura e configuração
molecular. O principal objetivo do estudo cinético de reações químicas (para a engenharia
química) é o Projeto e Otimização de Reatores Químicos.
1.2.CLASSIFICAÇÃO DAS REAÇÕES QUÍMICAS
As reações químicas são classificadas em relação ao número de fases e à situação
configurada no equilíbrio químico.
1.2.1. Classificação das reações químicas quanto ao número de fases.
Homogêneas: ocorrem em uma única fase.
Heterogêneas: ocorrem em mais de uma fase (Craqueamento de petróleo,
oxidação/redução de minérios, Oxidação de SO2).
1.2.2. Classificação das reações químicas quanto a reversibilidade.
Irreversível: quando a reação se desenvolve apenas na direção de formação dos produtos.
Reversível: quando a reação se desenvolve tanto na direção de formação dos produtos,
quanto na direção que regenera os reagentes originais.
1.3. TAXA ( OU VELOCIDADE) DE REAÇÃO
A taxa (velocidade) de uma reação pode ser expressa em relação a um componente
i como sendo o número de moles da espécie i que se forma ou desaparece por unidade de
tempo em um determinado volume do sistema, ou seja:
}TempodeUnidade}{VolumedeUnidade{}alteradosdeMolesdeN{1 i
dtdN
Vr i
i°= (1.1)
Cinética das Reações Homogêneas - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
A taxa de uma reação pode ser expressa, também, em relação a:
• Massa: para reações envolvendo sólidos (eq.1.2);
• Volume do reator: para reações em fase gasosa (eq.1.3);
•Uma variável de grande importância: massa de catalisador, por exemplo.
sólidodeMassaW,dt
dNW1r i
i == (1.2)
reatordoVolumeV,dt
dNV1r R
i
Ri == (1.3)
1.3.1. Variáveis que influenciam a taxa da reação
As principais variáveis que influenciam a taxa de uma reação química são
temperatura, pressão e composição. Ou seja:
)x,P,T(fr ii = (1.4)
A partir de alguma equação de estado, como a equação para os gases ideais, estas três
variáveis aparecem correlacionadas, RTCRTVNP i
ii == , assim se duas variáveis forem
fixadas a terceira fica automaticamente estabelecida. Desta forma a expressão 1.4 pode ser
rescrita como:
),( ii xTfr = (1.5)
Outros fenômenos como os de transferência de massa e calor influenciam de forma indireta
a taxa de uma reação por alterarem o comportamento do sistema reativo devido a efeitos
viscosos e diferenças de fases, por exemplo.
1.4.REAÇÕES SIMPLES E MÚLTIPLAS
Uma reação química pode ser representada por uma única equação estequiométrica,
desta forma temos uma reação simples.
CBA →+
Quando mais que uma equação química for necessária para representar o comportamento
de um sistema temos reações múltiplas.
• Reações múltiplas:
Cinética das Reações Homogêneas - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
• Reações competitivas:
DC
BA +
• Reações paralelas ou laterais:
DBCCBA
→+ →+
• Reações consecutivas ou em série:
CBA kk → → 21
Se k2<k1 a reação 2 será limitante da taxa da reação.
1.5. MODELO CINÉTICO DE REAÇÕES HOMOGÊNEAS
Em uma reação homogênea, todos os reagentes estão na mesma fase. No caso de
uma reação catalisada, o catalisador também deve estar na mesma fase dos reagentes e
produtos.
Ex.:
CBA →+
dtdN
V1r A
A −=− (1.6)
dtdN
V1r B
B −=− (1.7)
dtdN
Vr CC
1+=+ (1.8)
A expressão da taxa da reação resulta em valores negativos indicando o consumo
(desaparecimento) do componente, enquanto valores positivos indicam que o componente
está sendo formado. Por isto, normalmente, indicamos com os referidos sinais o
desaparecimento (eq. 1.6 e 1.7) e formação (eq. 1.8).
Se uma reação química depende das condições de temperatura e composição, então
podemos assumir que as colisões entre as moléculas dos reagentes são favorecidas por
condições adequadas de temperatura e concentração (composição).
Para uma reação do tipo:
CBA →+Cinética das Reações Homogêneas - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
)C,C,T(fr BAA = (1.9)
O modelo cinético mais simples é baseado no produto das funções resultantes das duas
dependências: Temperatura e Concentração.
21.ffrA = (1.10)
Assim, na reação anterior, se f1(T) estabelece a contribuição da temperatura para a
velocidade da reação e f2(CA, CB) estabelece a contribuição das concentrações para a
velocidade da reação podemos escrever:
),().( 21 BAA CCfTfr = (1.11)
Para que o modelo seja representativo, precisamos estabelecer as funções f1 e f2. As
funções mais típicas são:
RTE A
Aef−
=1 ou RT
E A
ekf−
= 01 (1.12)
onde:
k0 , A= Fator de frequência ou fator pré-exponencial.
EA= Energia de ativação (J/gmol; Cal/gmol).
R= Constante dos gases ideais (8,314 J/(gmol⋅K)=1,987 cal (gmol⋅K))
T = Temperatura absoluta (K).
BA nB
nA CCf =2 , ou de forma mais geral: ∏
=
=reagentes
j
nJ
JCf1
2
onde:
nA, nB, nJ= pseudo-ordens ou ordens parciais da reação em relação às espécies
reagentes A, B, J.
CA, CB, CJ= Concentrações das espécies reagentes A, B, J.
A função f1 é conhecida como Lei de Arrhenius e representa a velocidade específica da reação ou também conhecida como constante de velocidade da reação,
simbolizada pela letra k. Para reforçar a dependência de k com a temperatura escrevemos
k(T).
RTE
0
A
ekk−
= ; RTEA
Aek−
= ; RTEA
ekTk−
= 0)( ; RTEA
AeTk−
=)( (1.13)
Então podemos escrever a equação da taxa de reação como: BA n
Bn
AA CCTkr )(−= ou
BA nB
nAA CCTkr )(=− ou
Cinética das Reações Homogêneas - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
∏=
=−reagentes
j
njA
JCTkr1
)( (1.14)
Reações Químicas homogêneas podem ser caracterizadas por dois parâmetros
cinéticos: pseudo ordens e a velocidade específica.
1.6.ORDEM DE UMA REAÇÃO
Para uma reação representada por uma expressão do tipo BA nB
nAA CkCr −= a ordem é
dada pela soma dos expoentes que ponderam as concentrações. Podemos, também
estabelecer a ordem relativa da reação quanto a cada um dos reagentes, ou seja:
nA=ordem da reação em relação à A.
nA =ordem da reação em relação à B.
sendo que a ordem global da reação é:
n=nA+nB
A ordem da reação (n) poder ser qualquer valor real positivo para reações homogêneas
simples, podendo assumir valores negativos para reações múltiplas.
Para expressões como
B
C2
2/1BA1
A
CC
k
CCkr+
−=
não faz sentido falar em ordem da reação, visto
que a complexidade do mecanismo não permite esta interpretação.
1.6.1. Velocidade específica da reação ou Constante de velocidade .
A velocidade específica da reação (k) representa o termo da expressão da taxa da
reação que está relacionado à temperatura do sistema reagente. Assim, k não é uma
constante e somente possui a designação de constante de velocidade devido à grande
quantidade de sistemas químicos com operação isotérmica.
A velocidade específica da reação (k), para a grande maioria das reações,
principalmente as elementares, segue a Lei de Arrhenius (eq. 1.13):
RTE
0
A
ekk−
= ; RTEA
Aek−
= (1.13)
Cinética das Reações Homogêneas - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
A energia de ativação corresponde ao mínimo de energia requerido, por parte dos
reagentes, para que a reação se inicie. O termo RTEA
e− corresponde, segundo a teoria
cinética dos gases, à fração de colisões entre as moléculas que promovem a energia EA.
Para determinar a velocidade específica de uma reação em uma dada temperatura,
quando é conhecido o valor em outra pode ser utilizada a expressão 1.15:
−
= 21
12
11
)()(TTR
E
TT
A
ekk (1.15)
A energia de ativação e o fator de frequência são determinados experimentalmente a
partir de reações em diversas temperaturas e aplicando-se o logaritmo natural à equação
1.13:
TREkk A 1)()ln()ln( 0 −+= (1.16)
1/T
Ln k
0
Inclinação = -EA/R
Elevado EAEA mais baixo
Figura 1.1 - Determinação da equação de Arrhenius.
Observe que reações com altos valores de energia de ativação são mais sensíveis às
variações de temperatura que reações com energia de ativação mais baixa.
As unidades de k podem ser, facilmente, obtidas pela análise dimensional da
equação da taxa.
Para uma reação de 1a ordem:
A
AAA C
rkkCr −=⇒=−
1−===−
= tCC
rk tC
Lgmol
Lsgmol
A
A
Para uma reação de 2a ordem:
Cinética das Reações Homogêneas - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
BA
ABAA CC
rkCkCr −=⇒=−
11
..−−===
−= tC
CCCCrk t
C
Lgmol
Lgmol
Lsgmol
BA
A
Para uma reação de 3a ordem:
22
BA
ABAA CC
rkCkCr −=⇒=−
[ ]12
222 ..−−===
−= tC
CCCCrk t
C
Lgmol
Lgmol
Lsgmol
BA
A
De uma forma geral:
( ) ( ) reaçãoordem11 ãoConcentraçtempok −−=
( ) ( ) n11 ãoConcentraçtempok −−= (12)
É possível expressar k em termos de pressão:
RTPC
VnnRTPV ==⇒=
cC
bB
aART
cC
bB
aAA PPPkPPP
RTkr ...... ==−
Para uma Lei da taxa expressa em termos de pressão a unidade de k fica:
( ) ( ) n11 Pressãotempok −−= (13)
Obs.: A relação de Arrhenius é válida para uma grande faixa de temperatura. Pode-se obter
relações semelhantes através da termodinâmica, pelas teorias das colisões e dos estados
de transição, por exemplo.
1.1.1.1 Relação entre velocidade específica e a Estequiometria
Deve-se observar a forma como foi expressa a velocidade específica, pois há uma
relação estequiométrica que permite a adequada representação da equação da taxa em
relação à cada espécie química:
Ex.: CBA Ak 32 →+
Se k foi obtido em relação a A:2BAAA CCkr =−
Cinética das Reações Homogêneas - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
Se k foi obtido em relação a B:2BABB CCkr =−
Se k foi obtido em relação a C:2BACC CCkr =
como:
C31
B21
A rrr ==
Assim:
CBA kkk 31
21 ==
De forma geral para a reação aB+ bB→cC:
cr
br
ar CBA ==
ck
bk
ak CBA ==
1.7.ELEMENTARIDADE DAS REAÇÕES
Uma reação é considerada elementar, quando a expressão para a taxa da reação
segue as proporções estequiométricas:
cCbBaA →+bB
aAA CkCr −=
Uma reação é dita não-elementar, quando a expressão para a taxa da reação não
segue as proporções estequiométricas:
CBA 2→+
B
C2
2/1BA1
A
CC
k
CCkr+
−=
ou 2B
5.0AA CkCr −=
As reações não-elementares podem ser descritas como uma série de reações
elementares com diferentes taxas ou com formação de produtos intermediários.
Em reações elementares é necessário que a estequiometria seja escrita
representando a molecularidade da reação. Para uma reação elementar, a molecularidade
representa o número de moléculas envolvidas na etapa que determina a taxa da reação.
Assim a reação, elementar, 2A+1B→2C é trimolecular, desde que estão envolvidas 3
moléculas (2A+1B) na única etapa da reação. Com isso fica explícito que a molecularidade é
representada sempre por um número inteiro.Cinética das Reações Homogêneas - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
Deve-se observar a molecularidade (reações elementares) e a velocidade específica
para expressar a lei da taxa da reação:
Se a reação R2A2 1k → for executada:2A1RA Ckrr ==−
Se a reação RA 1k → for executada:
A1RA Ckrr ==−
Se a reação R2A2 1k → corresponde ao mecanismo da reação (molecularidade) não é
adequado simplificar a estequiometria, pois isto implica em uma nova equação cinética.
1.7.1. Pseudo Ordem de uma reação
Em algumas situações é interessante determinar a pseudo-ordem ou ordem aparente
de uma reação. Consideremos uma reação aA + bB → cC onde a concentração de A é
muito maior que a de B. A expressão para a taxa desta reação pode ser escrita como:bB
aAA CkCr =−
Como CA>>CB:
[ ] bB
bB
aAA CkCkCr ′==−
Onde, [ ]aAkCk ='
Como a concentração de A praticamente não varia (devido ao seu grande excesso) a
ordem da será aproximadamente β . Como isto não representa a realidade temos a pseudo
ordem da reação ( β ).
1.8.CINÉTICA DO EQUILÍBRIO EM REAÇÕES ELEMENTARES
Em reações reversíveis a expressão da taxa para uma espécie reagente A deve
contemplar as reações direta e reversa.
Tomemos a reação DCBA2 1k
2k++ →
← , como elementar:
A taxa de Consumo de A na reação direta é:
B2A1A CCkr
D−=
A taxa de formação de A na reação reversa é:
DC2RA CCkr =
A expressão para a taxa da reação reversível fica:
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Introdução à Cinética Química
rA=rA direta+rA reversa
DC2B2A1A CCkCCkr +−=
DC2B2A1A CCkCCkr −=−
−=− DC
1
2B
2A1A CC
kkCCkr
[ ]DCcB2A1A CC)k/1(CCkr −=−
Onde kc é a constante de equilíbrio (ke) em termos de concentração.
No equilíbrio:
rreação direta= -rreação reversa
rreação direta+ rreação reversa=0
0rrRD AA =+
0CC)k/1(CC DCcB2A =+−
BA
DCce CC
CCkk 2== =
equilíbrioNoB2A
DC
2
1
CCCC
kk
=
onde: equilíbrodectekkk
c2
1 ==
Se a taxa de formação de C for muito maior que a taxa de desaparecimento (reação
reversa) a reação pode ser considerada irreversível.
A maior conversão que pode ser obtida em reações reversíveis é a conversão de equilíbrio. Segundo o princípio de Le Chatelier, em reações exotérmicas a conversão de
equilíbrio diminui com o aumento de temperatura, em reações endotérmicas a conversão de
equilíbrio aumenta com o aumento de temperatura.
A constante de equilíbrio varia com a temperatura segundo a equação de van't Hoff,
para ∆H° constante:
−
∆
= TTRH
TeTe
oR
ekk11
)()(1
1
O gráfico, a seguir apresenta o comportamento típico, sendo que a forma da curva de
equilíbrio depende da ordem da reação.
Cinética das Reações Homogêneas - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
T
X
Conversão de equilíbriopara uma reação exotérmica
Conversão de equilíbriopara uma reação endotérmica
1-
0-
Figura 1.2 - Conversão de equilíbrio em reações endotérmicas e exotérmicas.
A entalpia padrão da reação varia com a equação de Kirchoff:
∆H2°= ∆H1°+ ∫ ∆2
1
T
T PdTC
Onde:
∑∑ −=∆reagentes
Piiprodutos
PiiP CCC υυ
Assim:
∆H2°= ∆H1°+∆α(T2-T1)+∆β(T22- T1
2)+∆γ(T23- T1
3)+...
Para reações em fase gasosa um acréscimo de pressão desloca o equilíbrio na
direção da reação que produz uma redução de volume. Porém, isto não altera o valor da
constante de equilíbrio pois a pressão e o volume serão diferentes das iniciais, contudo
mantendo-se o produto PV e mantendo-se a temperatura constante.
1.9.CINÉTICA PARA REAÇÕES NÃO-ELEMENTARES
Uma reação não-elementar pode ser interpretada como uma sequência de reações
elementares, assim, uma reação do tipo AB2BA k22 →+ pode ser tratada como:
*2 A2A →
←
*2
* BABBA ++ → ←
ABBA ** → ←+
Dentre os mecanismos mais comuns temos, Radicais livres, íons e complexos de transição.
Estas reações serão discutidas, detalhadamente, no decorrer de nosso estudo.
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Introdução à Cinética Química
1.10. EXERCÍCIOS
1. Obtenha uma expressão relacionando a constante de velocidade (k) de uma reação à
uma temperatura T1 com a constante de velocidade (k) da mesma reação à uma
temperatura T2. Lembre-se o fator de frequência e a Energia de Ativação independem da
temperatura.
Resposta:
−
= 21
12
11
)()(TTR
E
TT
A
ekk
2. Escreva as equações cinéticas para todas as espécies químicas nas reações
elementares:
a) 2A+1B→3C+1/2D (kA=0,2).
b) 3A+2B↔1C+1/2D (kA_Direta=0,2; kA_Reversa=0,02).
3. Faça um algoritmo para determinação da velocidade específica da reação, elementar,
aA+bB →cC a partir das pseudo-equações cinéticas obtidas a partir do excesso de
reagentes.
4. Utilizando o software VLAB disponível www.eqm.unisul.br/prof/marcos determine a
estequiometria da reação que lhe for apresentada.
5. As reações a seguir são conduzidas em um copo de Becker imerso em um banho termo-
criostático. Esboce gráficos qualitativos, com linhas indicando cada espécie química,
representando a evolução da concentração com o tempo. Use as grades que seguem.
a) W+2Y →2C+3D (CY0=4gmol/L ; CW0=4gmol/L)
b) V+2Z↔1/2C+D (CV0=4gmol/L ; CZ0=4gmol/L)
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Introdução à Cinética Química
0
1
2
3
4
5
6
7
0 20 40 60 80 100 120 140
0
1
2
3
4
5
6
7
0 20 40 60 80 100 120 140
Cinética das Reações Homogêneas - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
2. DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS CINÉTICOS
COLETA DE DADOS A PARTIR DE EXPERIMENTOS
MÉTODOS PARA DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS CINÉTICOS
EXEMPLOS
EXERCÍCIOS
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
2.1. INTRODUÇÃO
A realização de experimentos para a determinação de parâmetros cinéticos é a etapa
que, exclusivamente, permite o projeto e o scale up (ampliação de escala) de reatores
químicos. Porém a experimentação está intimamente relacionada ao método que será
utilizado para a interpretação dos dados obtidos. A literatura especializada apresenta uma
série de equipamentos (reatores) e métodos para a interpretação e coleta de dados de
reações químicas. Trataremos de três reatores laboratoriais, o reator em batelada e os
reatores diferencial e integral, com maior ênfase ao primeiro. Nossa ênfase sobre os
reatores laboratoriais do tipo batelada se estenderá até os métodos de análise de dados. Os
métodos de análise mais difundidos são método diferencial, método integral, método das velocidades iniciais e o método do tempo de meia-vida, os quais são métodos gráficos.
Além dos métodos gráficos, métodos estatísticos e de otimização podem ser utilizados para
a determinação dos parâmetros cinéticos. Dentre os métodos de otimização estudaremos o
método dos mínimos quadrados linearizado.
2.2.COLETA DE DADOS A PARTIR DE Reatores Diferenciais
Reatores diferenciais são reatores contínuos na forma tubular contendo uma
pequena quantidade de catalisador compactada, normalmente, como um disco fino. São,
comumente, empregados na determinação da taxa de reações catalisadas (catalisador
sólido). Consideremos o caso de uma reação do tipo ProdutosA → :
∆ z
FA0 FAe
FA0 FAe
Catalisador
W
CAb
Figura 2.1 - Um reator diferencial.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
21
Introdução à Cinética Química
Como a quantidade de catalisador é muito pequena, a conversão, e
consequentemente, a concentração do reagente é pouco alterada, ou seja, pequenas
conversões são atingidas. Se a concentração das espécies é aproximadamente constante
podemos assumir que o conteúdo reacional na fração de catalisador é espacialmente
uniforme. Reatores desta espécie são operados isotermicamente e em estado estacionário.
O balanço molar para o reagente A, considerando a taxa da reação expressa em relação a
massa de catalisador (W), fica:
FA0-FAe+rA’W=0
rA’=N° de moles de A consumidos/(Massacatalisador .Tempo);
W= massa de catalisador;
FA0=Fluxo molar de A na entrada;
FAe=Fluxo molar de A na saída.
WFF
r Ae0AA
−=−
Como FA=CAv :
WvCCv
r Ae0A0A
−=−
ou ainda:
Como FA=FA0-FA0X :
WvCCvr Ae0A0
A−=−
Para uma velocidade de fluxo volumétrico (v) constante :
WvCCv
r Ae0A0A
−=−
Como CA0-CAe é muito pequeno:
2vCCC Ae0A
Ab−
=
Para o caso isotérmico podemos determinar a taxa da reação como uma função, apenas, da
concentração na fração de catalisador (CAb). Como a concentração média (CAb) é muito
próxima à concentração inicial (CA0) é possível; determinar uma expressão para a taxa da
reação a partir de diferentes concentrações iniciais ou fluxos molares de alimentação.
)C(f)C(fr 0AAbA ≈=−
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
22
Introdução à Cinética Química
2.3.COLETA DE DADOS A PARTIR DE UM Reator Integral
Um reator integral é, estruturalmente, semelhante ao reator diferencial, porém a
quantidade de catalisador é maior, permitindo um tempo de contato maior entre os
reagentes e o catalisador.
FA0 FA
Figura 2.2 - Um reator integral
Em algumas reações existem dificuldades para a medição de pequenas concentrações (ou
variações de concentração), assim os reatores diferenciais podem ser substituídos pelos
integrais. Porém nos reatores diferenciais a pequena quantidade de catalisador assegura
uma operação isotérmica sem gradientes de temperatura expressíveis nas direções radial e
axial.
FA0 FA
dz dCAdz
≠ 0
rr=0
r=RdCAdr
≠ 0
z Z0
Figura 2.3 - Gradientes radial e axial em um reator integral
Como os gradientes radial e axial se acentuam em condições de alta exotermicidade, estes
casos não são facilmente estudados e reatores integrais.
De forma semelhante ao reator diferencial, o reator integral é de construção simples
e com baixo custo. Para sistemas heterogêneos, os dois reatores são opções que devem
ser consideradas. Em alguns casos, é necessário o desenvolvimento de um reator
específico para estudos cinéticos. Casos com forte desativação catalítica, alta taxa de
geração de calor, reações paralelas ou secundárias ou com dificuldades no transporte de
massa exigem equipamentos que permitam a interpretação dos dados coletados.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
23
Introdução à Cinética Química
2.4.COLETA DE DADOS A PARTIR DE REATORES EM BATELADA.
A determinação dos parâmetros cinéticos em sistemas homogêneos é, geralmente,
realizada em reatores do tipo batelada e, portanto, em estado transiente. Os dados também
podem ser coletados em estado estacionário a partir de reatores contínuos. Porém, a
experimentação baseada em reatores batelada é fácil e de concepção simples. O que se
deseja é determinar as ordens parciais e global, bem como a constante de velocidade (ou
velocidade específica da reação) de uma reação, a partir de medições de concentração ou
pressão ao longo do tempo de reação.
dtdNdVrFF AV
AAA =+− ∫0
dtdCr
dtdNdVr A
AAV
A =⇒=∫ (2.1)
Os dados coletados a partir de experimentos fornecem informações diversas, como
estequiometria, velocidade de reação, reversibilidade, etc. Para a determinação dos
coeficientes estequiométricos o seguinte algoritmo pode ser adotado:
Determinar os coeficientes estequiométricos
Início
<<Executar a reação isotermicamente>>
Fim
CA0CB0
<<Desenhar gráfico:(CB0-CB)/(CA0-CA) x t>>
<<Avaliar a relação média do consumo de B/A>>b/a=média((CB0-CB)/(CA0-CA))
<<Os coeficientes estão confirmados ?>>
<<Adotar a relação estequiométrica b/a>>
repe
tição
Não Sim
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
24
Introdução à Cinética Química
Para confirmar os coeficientes adotados é necessário adotar algum procedimento de
validação. Aqui a proposta é comparar as relações entre as quantidades consumida
(CB0-CB)/(CA0-CA) e restante (CB)/(CA) ao longo do tempo, quando os reagentes são
alimentados em proporção estequiométrica. Se os coeficientes adotados estiverem corretos,
os gráficos resultantes devem produzir a mesma relação b/a.
Validação dos coeficientes estequiométricos
Início
<<Executar a reação isotermicamente>>
Fim
CA0ba
<<Desenhar gráfico:(CB0-CB)/(CA0-CA)x t
CB/CA x t>>
<<Comparar os gráficos>>b1/a1=média((CB0-CB)/(CA0-CA))
b2/a2=média(CB/CA)
<<Os coeficientes estão confirmados ? >>
b1/a1 ≅ b2/a2 ?
<<Adotar a relação estequiométrica b/a>>
Não Sim
CB0=b/aCA0
<<Realizar novo experimento ou analisar os dados
novamente>>
{usar b e a determinados a partir de experimento}
Se outra variável, que não seja a concentração, for medida (pressão, por exemplo), o
balanço molar deve ser rescrito em termos desta variável. Os métodos que veremos a
seguir serão aplicados a reatores em batelada, porém não se restringem a estes.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
25
Introdução à Cinética Química
2.5.DETERMINAÇÃO DA EXPRESSÃO PARA A TAXA DE REAÇÃO A PARTIR DO MÉTODO DIFERENCIAL.
Este método é aplicável às reações irreversíveis e quando a taxa da reação
depende, essencialmente, da concentração de apenas um reagente. Para uma reação
irreversível do tipo ProdutosA → , a expressão para a taxa da reação poderia ser:αAA kCr =− (α=ordem da reação)
LsmolrA =][
Com:
dtdC
r AA = (para um reator batelada)
Para determinar k e α é necessário um experimento que permita a avaliação da variação da
concentração de A ao longo do tempo.
Para uma reação irreversível ProdutosBA →+ , a expressão para a taxa da reação
poderia ser:βαBAA CkCr =− (α+β=ordem da reação)
( ) ( ) ( )1
11
111][−+
−+−−
−−−
+
=
=
====
βαβαβα
βαβαβα gmolLs
Lgmols
Lgmol
Lsgmol
Lsgmol
Lsgmol
CCrk
Lgmol
Lgmol
Lgmol
BA
A
βαBA
A CkCdt
dC=− (para um reator batelada)
Para avaliar k, α e β é necessário um experimento que permita a avaliação da variação da
concentração de A ao longo do tempo. Se k for conhecido α e β permanecerão como
incógnitas. Para este caso, podem ser realizados dois experimentos utilizando-se o método
do excesso:
Excesso do reagente B:βαBAAA CCkr =− , com: 0BB CC ≅ ;
βα0BAAA CCkr =− ; onde: kA= velocidade específica da reação em relação a espécie A.
Fazendo β0BAA Ckk =′ ; α
AAA Ckr ′=−
αAA
A Ckdt
dC ′=− (para um reator batelada)
Excesso do reagente A ( 0AA CC ≅ ):
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
26
Introdução à Cinética Química
Como é impreciso medir a derivada variação da concentração de A (dt
dCA− ) para pequenas
variações ( 0AA CC ≅ ) é melhor escrever a equação da taxa de reação em função de B. Ou
seja:βαBABB CCkr =− , com 0AA CC ≅
βαB
CCkr ABB 0=− ; onde: kB= velocidade específica da reação em relação a espécie B.
Fazendo α0ABB Ckk =′ ; β
BBB Ckr ′=−
βBB
B Ckdt
dC ′=− (para um reator batelada)
É importante lembrar que kA e kB estão relacionadas através da estequiometria da reação:
kA=kBa/b.
Desta forma, em cada experimento é determinada a ordem da reação em relação ao
reagente medido (pseudo-ordem da reação).
A partir da diferenciação numérica das expressões dt
dCA− e dt
dCB− são obtidas
equações em diferenças e os parâmetros cinéticos são facilmente determinados.
Consideremos que o gráfico a seguir representa os dados coletados em um reator batelada
para uma reação ProdutosA → :
t
CA
CA0
Figura 2.4 – Uma reação Produtos→A .
Assim a expressão para a cinética da reação seria αAA kCr =− , que aplicada a um reator
batelada resultaria em:αAA kCr =−
Aplicando o logaritmo natural na equação anterior:
AA Ck
dtdC lnlnln α+=
− (2.2)
Aproximando dt
dCA numericamente como t
CA
∆∆
e plotando
∆∆
−t
CLn A versus Ln(CA):
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
27
Introdução à Cinética Química
lnCA
∆∆tC
Aln
-Figura 2.5 - O método diferencial
Onde o coeficiente angular da reta corresponde a ordem da reação e o coeficiente linear
corresponde ao logaritmo natural da velocidade específica da reação (Ln(k)). Assim:klnLinear.coef eek ==
A aproximação da derivada dt
dCA como t
CA
∆∆
não apresenta grande precisão,
principalmente para intervalos de amostragem, ∆t, desigualmente espaçados. Para avaliar
esta consideração observemos:
dx)x(df
x)x(f)xx(flim
0x=
∆−∆+
→∆
Aplicando para CA:
dttdC
ttCttC AAA
t
)()()(lim0
=∆
−∆+→∆
Aplicando a diferenciação numérica:
t)tt(C)t(C
)tt(t)tt(C)t(C
t)t(C AAAAA
∆∆−−
=∆−−
∆−−=
∆∆
Observe que com esta aproximação, em t=0 (CA=CA0), ∆CA não pode ser avaliado.
Lembre-se que df(x)/dx avaliado em x1, é obtido a partir do ângulo formado pela reta
tangente à curva f(x) no ponto x1.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
28
Introdução à Cinética Química
x
f(x)
x2 x3 x4
f(x1)
f(x3)f(x4)
f(x2)
x1
df(x1)dx
df(x3)dx
Figura 2.6 - Derivada de uma função, f(x).
x
f(x)
x2 x3 x4
f(x2)
f(x3)f(x4)
f(xt)
γ
Reta tangente
23
33 )()()(xx
xfxftgdx
xdf t
−−== γ
Figura 2.7 - Derivada de uma função, f(x) no ponto x3.
A partir da observação dos gráficos anteriores:
23
t3
23
23
xx)x(f)x(f
xx)x(f)x(f
−−
≅−−
Com isso, concluímos que o erro de aproximação de df/dx por ∆f/∆x é equivalente a f(x2)-
f(xt). Para melhorar a aproximação ∆f/∆x pode se calcular :
tttCttC
ttC AAA
∆∆−−∆+=
∆∆
2)()()(
Porém, a melhora no grau de aproximação ocorre para intervalos de amostragem
igualmente espaçados, além do que para o primeiro e o último pontos este cálculo não é
possível.
O grau de aproximação numérico de dCA/dt pode ser incrementado pela utilização do
método das diferenças finitas ou qualquer outro método de discretização:
x2yy4y3
dxdy 321
x1∆
−+−=
Para o 1° ponto
xyy
dxdy
x ∆−
=
213
2
Para os n pontos intermediários
xyyy
dxdy
x ∆+−
=
234 543
5
para o último ponto
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
X yx1 y1
x2 y2
.
.
.
.
.
.x5 y5
29
Introdução à Cinética Química
De uma forma genérica para t e CA restritos aos domínios:
t=[t0 , tn]
CA=[CA0 , CAN]
t
CCC
dtdC tAtAtA
t
A
∆
−+−=
2
43210
0
tCC
dtdC ttAttA
ttt
A
N∆−
=
∆−∆+
<< 20
t
CCC
dtdC NNN
N
tAttAttA
t
A
∆
+−=
∆−∆−
2
3412
Obs.: ∆t é o intervalo de tempo (constante) entre uma amostra e outra.
Quando ∆t não é constante, a forma mais simples (com desvios) de cálculo é:
02
210
0
43
tt
CCC
dtdC tAtAtA
t
A
−
−+−=
(2.3)
11
11
0 −+<< −
−=
−+
nn
tAtA
ttt
A
tt
CC
dtdC nn
Nn
(2.4)
2
3412
−−
+−=
−−
NN
tAtAtA
t
A
tt
CCC
dtdC NNN
N
(2.5)
O método das diferenças finitas é facilmente implementado em computador e
aumenta consideravelmente a precisão da aproximação numérica da derivada. Por exemplo,
para dois vetores t e CA contendo valores de tempo e concentração de A, o código Matlab
(ou GNU Octave), a seguir, implementa as equações anteriores. Observe que t0
corresponde ao ponto 1, assim dCAdt(1)= 0t
A
dtdC
:
t0=1;t1=2;t2=3;tN=length(t); dCAdt(t0)=(-3*CA(t0)+4*CA(t1)-CA(t2))/(t(t2)-t(t0)); dCAdt(t1:tN-1)=(CA(t2:tN)-CA(t0:tN-2)) ./ (t(t2:tN)-t(t0:tN-2)); dCAdt(tN)=(CA(tN-2)-4*CA(tN-1)+3*CA(tN))/(t(tN)-t(tN-2));
No exemplo anterior foi utilizada a operação matricial "./" e o operador de extensão (faixa)
":". Se você não está familiarizado com esta notação, este código pode ser rescrito como: t0=1;t1=2;t2=3;tN=length(t); dCAdt(t0)=(-3*CA(t0)+4*CA(t1)-CA(t2))/(t(t2)-t(t0));Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
30
Introdução à Cinética Química
for tn=t1:tN-1 dCAdt(tn)=(CA(tn+1)-CA(tn-1))./(t(tn+1)-t(tn-1)); end; dCAdt(tN)=(CA(tN-2)-4*CA(tN-1)+3*CA(tN))/(t(tN)-t(tN-2));
Uma das formas mais práticas, pela disponibilidade computacional, é submeter os
dados CA×t à uma aproximação polinomial, procedendo a diferenciação do polinômio obtido.
CA=a0+a1t+a2t2+...+antn
dCA/dt=a1+2a2t+3a3t2+...+nantn-1 (2.6)
A aproximação exponencial também pode ser utilizada:ta
A eaC 21=
taA eaadt
dC2
12 *= (2.7)
A aproximação na forma do decaimento exponencial produz excelentes resultados:
2
0
10a
tt
A eaaC−
−+= (ordem 1)
4
0
2
0
310a
tta
tt
A eaeaaC−
−−
−++= (ordem 2)
6
0
4
0
2
0
5310a
tta
tta
tt
A eaeaeaaC−
−−
−−
−+++= (ordem 3)
Para ordem 2 a derivada de 4
0
2
0
310a
tta
tt
A eaeaaC−
−−
−++= , fica:
42
4
3
2
1 at
at
A eaa
eaa
dtdC
−−
−= (2.8)
2.5.1. Ajuste de funções em dados com MS Excel e OpenOffice
As aproximações exponencial e polinomial podem ser realizadas pela maioria dos
software matemáticos existentes, inclusive planilhas como MS Excel e OpenOffice.
No MS Excel a sequência aproximada de passos é:
1-Selecionar com o mouse os dados >>Clicar no Menu Inserir e em seguida Gráfico
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
31
Introdução à Cinética Química
Figura 2.8 - Ajuste de funções com MS Excel (1).
2- Optar por gráfico tipo Dispersão (XY)>>Clicar em Avançar
Figura 2.9 - Ajuste de funções com MS Excel (2).
3-Selecionar se os dados estão dispostos em linhas ou colunas>>Clicar em Avançar
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
32
Introdução à Cinética Química
Figura 2.10 - Ajuste de funções com MS Excel (3).
4- Clicar com o botão direito do mouse sobre os pontos representados no gráfico (surge um
Menu de opções) >>Clicar em Adicionar Linha de Tendência
Figura 2.11 - Ajuste de funções com MS Excel (4).
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
33
Introdução à Cinética Química
5- Na guia "Tipo" escolher o tipo de "Tendência/regressão" desejado>>Clicar na guia
"Opções"
Figura 2.12 - Ajuste de funções com MS Excel (5).
6- Selecionar "Exibir equação no gráfico" e "Exibir valor de R-quadrado no gráfico">> Clicar
em "OK".
Figura 2.13 - Ajuste de funções com MS Excel (6).
7- O gráfico a seguir contém os resultados:
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
34
Introdução à Cinética Química
Figura 2.14 - Ajuste de funções com MS Excel (7).
Para outros tipos de regressão o mesmo procedimento é adotado. Várias regressões podem
ser feitas no mesmo gráfico de forma que é possível comparar os ajustes.
2.5.2. Ajuste de funções em dados com MicroCal Origin
A aproximação na forma do decaimento exponencial não está disponível no
MSTMExcelTM e no OpenOffice. O MicroCalTM OriginTM possui os decaimentos exponenciais
de ordem 1, 2 e 3.
Com o MicroCalTM OriginTM a operação é semelhante ao exemplificado para o
MS Excel. Basta inserir os dados na planilha, selecionar os dados que se deseja e no menu
"Plot" clicar em "Scatter". Então, os pontos serão dispostos no gráfico.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
35
Introdução à Cinética Química
Figura 2.15 - Ajuste de funções com Microcal Origin (1).
Para efetuar um ajuste funcional, basta selecionar o tipo de regressão (Fit Linear, Fit
Polynomial, Fit Exponential Decay, etc.) no menu "Analysis". Uma janela com os resultados
do ajuste será exibida , bem como a linha ajustada.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
36
Introdução à Cinética Química
Figura 2.16 - Ajuste de funções com Microcal Origin (2).
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
37
Introdução à Cinética Química
Figura 2.17 - Ajuste de funções com Microcal Origin (3).
2.5.3. Ajuste de funções em dados com GNU Octave
Com GNU Octave é possível aplicar qualquer tipo de ajuste, porém são necessários
conhecimentos mais específicos para utilização deste software.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
38
Introdução à Cinética Química
O código GNU Octave a seguir ajusta um polinômio de grau N (aNtN+ aN-1tN-1+...+
a2t2+a1t+a0) a um conjunto de dados. Neste caso um ajuste linear está sendo realizado.
%program ajuste_polinomial#Software: GNU Octave 3.1.50;mEd 3.4.1#Autor:Marcos Marcelino Mazzucco, Dr.clear all;%begin clc; dados=load("dados_t_x_CA.dat"); t=dados(:,1); CA=dados(:,2); N=input("Informar o grau do polinômio:"); [C,CA_Ajustado]=polyfit(t,CA,N); R=corrcoef(CA,CA_Ajustado.yf); printf("A equação de ajuste é:"); polyout(C,"CA"); printf("R=%g",R); plot(t,CA,"*;CA;",t,CA_Ajustado.yf,sprintf("-;Ajuste de grau %d;",N));%end.
Neste caso, os dados devem estar armazenados no arquivo "dados_t_x_CA.dat" e são os
seguintes:
0 0.1
100 0.057721539
200 0.037524704
300 0.026334039
400 0.019493853
500 0.015009882
600 0.011912231
700 0.009683177
800 0.008025911
900 0.006760365
1000 0.005772154
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
39
Introdução à Cinética Química
Figura 2.18 - Ajuste de funções com GNU Octave (1).
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
40
Introdução à Cinética Química
O código GNU Octave a seguir ajusta uma função exponencial do tipo CA= a.eb.t a um
conjunto de dados.%program ajuste_exponencialclear all;%begin clc; dados=load("dados_t_x_CA.dat"); t=dados(:,1); CA=dados(:,2); [C,CA_Ajustado]=polyfit(t,log(CA),1);#Ln(CA)=Ln(C(1))+C(2)*t CA_Ajustado=exp(CA_Ajustado.yf); R=corrcoef(CA,CA_Ajustado); printf("A equação de ajuste é: CA=%g*exp(%g*x)\n",exp(C(2)),C(1)); printf("R=%g\n",R); plot(t,CA,"*;CA;",t,CA_Ajustado,"-;Ajuste exponencial;");%end.
Figura 2.18 - Ajuste de funções com GNU Octave (2).
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
41
Introdução à Cinética Química
O código GNU Octave a seguir ajusta, para um conjunto de dados, a função
decaimento exponencial de ordem 2. Com pequenas alterações neste código podem ser
realizados ajustes de funções diferentes aos dados. %program ajuste_funcional#Software: GNU Octave 3.1.50;mEd 3.4.1#Autor:Marcos Marcelino Mazzucco, Dr.clear all;%const global x0=0; global verbose=1;function y = decaimento_exponencial(x,p) global x0; y=p(1)+p(2).*exp(-(x-x0)./p(3))+p(4).*exp(-(x-x0)./p(5));endfunction%begin clc; dados=load("dados_t_x_CA.dat"); t=dados(:,1); CA=dados(:,2); F = "decaimento_exponencial"; pin = [0.01; 0.01; 1000; 0.01; 100];#parâmetros iniciais [f1, p1, kvg1, iter1, corp1, covp1, covr1, stdresid1, Z1, r21] =leasqr (t, CA, pin, F); printf("A equação de ajuste é: CA=%g+%g*exp(-t/%g)+%g*exp(-t/%g)\n",p1(:)); printf("O coeficiente de correlação R2 é :%g\n",r21); plot(t,CA,"*;Dados;",t,f1,"-;Ajuste;");%end.
Esta aproximação resulta em:
CA=0,00323797+0,0510732*exp(-t/335,862)+0,0456815*exp(-t/98,8479).
A saída do programa com GNU Octave é:
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
42
Introdução à Cinética Química
Figura 2.30 - Ajuste de funções com GNU Octave (3).
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
43
Introdução à Cinética Química
2.5.4. Resumo
O método diferencial consiste na aplicação da derivada numérica dos dados
Concentração x Tempo para determinação das ordens parciais e da constante de
velocidade da reação. O fluxograma a seguir apresenta as etapas que devem ser
executadas para a aplicação do método diferencial em uma reação do tipo
aA+bB→Produtos. Especial atenção deve ser dada para a aplicação do método do excesso
para todos os reagentes. Cabe reforçar que apenas uma expressão cinética é obtida e que
as expressões obtidas com uso de excesso de reagente são pseudo-equações cinéticas.
Adotaremos a proporção de 10 vezes a quantidade requerida estequiometricamente para
caracterizar o excesso de reagente. Assim a quantidade alimentada de B, por exemplo, para
ser considerada como excesso deve ser: CB0=10∗b/aCA0.
Determinar a equação cinética
Início
Fim
repe
tição
Para os “i” reagentes [A , B]
b/a
i=A <<Excesso de B>> CB0=b/aCA0*10
i=B <<Excesso de A>> CA0=a/bCB0*10
T
CA0
CB0
<<Executar a reação isotermicamente>>
<<Desenhar gráfico:(Cixt)>>
<<Aplicar o método diferencial>>
k’i, ni
{k’i= pseudo veloc. espec. em relação a i ni=ordem em relação a i}
fim <<Determinara kA>> kA=k’A /CB0
nB
-rA=kAΠ Cini
Sim
Sim
{aA+bB→ Produtos}
Figura 2.31 - Experimentação para o método diferencial.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
44
Introdução à Cinética Química
O algoritmo a seguir resume a aplicação do método diferencial:algoritmo método diferencial
{A reação deve ser irreversível}início para <<cada um dos i os reagentes>> fazer <<conduzir experimento com excesso de todos os reagentes, exceto aquele em estudo>> <<coletar os dados de Ci x t>> para <<cada um dos j dados coletados>> fazer <<calcular a derivada numérica de Ci x t: dCi/dt>> <<calcular Ln(-dCi/dt)>> <<calcular Ln(Ci)>> fim para <<desenhar gráfico Ln(-dCi/dt) x Ln(Ci)>>
<<determinar a equação da reta (y=a∗x+b)>>
αi = a
k'i=eb
<<escrever a pseudo equação cinética: iiii Ckr α′−= >>
fim para
<<com todos os valores Ci0 e αi0 >>
∏°
′== reagentesN
i
AA
iC
kkk
20
1α
<<escrever a equação cinética completa para a reação: ∏°
−=reagentesN
i
niAA
iCkr >>
fim
2.6.DETERMINAÇÃO DA EXPRESSÃO PARA A TAXA DE REAÇÃO A PARTIR DO Método Integral
O método integral requer um valor para a ordem da reação, de tal forma que a
equação que modela o reator em batelada seja integrada. Como a ordem da reação não é
conhecida são necessárias tentativas, ou seja, um método de tentativa-erro deve ser
empregado, o que pode tornar-se exaustivo quando a ordem da reação é fracionária ou
quando a reação constitui-se de múltiplos reagentes. Fundamentalmente, o método consiste
em assumir uma ordem de reação, integrar a equação para o reator em batelada e testar a
adequação dos dados experimentais à equação. Se a equação não representar
adequadamente os dados experimentais, uma nova ordem deve ser assumida e o processo
se repete até que a ordem correta seja encontrada. No exemplo a seguir a metodologia
torna-se mais clara:
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
45
Introdução à Cinética Química
Com uma reação do tipo ProdutosA → representada por uma expressão cinética do tipo
αAA kCr =− :
Assumindo inicialmente ordem zero (α=0) para uma reação conduzida em um
sistema em batelada:
0AA
A kCkCdt
dC==− α
kdt
dCA =−
Integrando:
∫∫ =−=
t
0t
C
C A dtkdCA
0A
ktCC 0AA −=− (2.9)
ktCC 0AA −= (2.10)
Aplicando a tabela estequiométrica:
0A0A0A0A C
ktXktCXCC =⇒−=−
ktXC 0A = (2.11)
As equações 2.9, 2.10 e 2.11 podem ser linearizadas através de uma mudança de
variáveis como segue:
ktCC 0AA −=−
*0 yCC AA =− ; xt =
y*=-kx (Eq. 2.9 modificada)
ktCC 0AA −=
yCA = ; bC 0A = ; xt =
y=CA0-kx (Eq. 2.10 modificada)
ktXC 0A =
**0 yXCA = ; t=x
y**=kx (Eq. 2.11 modificada)
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
46
Introdução à Cinética Química
Para qualquer um dos casos, o gráfico y × x contém, no coeficiente angular, k. A
comparação entre os gráficos de diferentes ordens fica facilitada quando estes são
construídos a partir de y* × x ; para maiores informes veja DICA ao final desta seção.
Grafando a concentração de A (CA) versus tempo (t):
t
CA
Figura 2.32 - Uma reação de ordem Zero
Se a equação gerada pela ordem assumida representar bem os dados experimentais (figura
2.32) deve-se proceder a determinação de k, que para este caso corresponde ao negativo
do coeficiente angular da reta ( ktCC 0AA −= ), caso contrário (figura 2.33) os dados se
apresentarão na forma de uma curva e um novo valor para a ordem da reação deve ser
assumido.
t
CA
Figura 2.33 –Uma reação com ordem diferente de zero.
Assumindo ordem um (α=1):
1AA
A kCkCdt
dC==− α
AA kC
dtdC
=−
Integrando:
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
47
Introdução à Cinética Química
∫∫=
−=t
0t
C
C A
A dtkCdCA
0A
ktCC AA −=− )ln()ln( 0 ou ktCC
A
A =)ln( 0 (2.12)
ktCC AA −= )ln()ln( 0 (2.13)
Aplicando a tabela estequiométrica:
kt)X1ln(ktXCC
Cln
0A0A
0A =−−⇒=−
kt)X1ln( =−− (2.14)
As equações 2.12, 2.13 e 2.14 podem ser linearizadas através de uma mudança de
variáveis como segue:
ktCC AA −=− )ln()ln( 0 ou ktCC AA −=)/ln( 0
yCC AA =− )ln()ln( 0 ; xt =
y*=-kx
ktCC AA −= )ln()ln( 0
yCA =)ln( ; xt =
y=ln(CA0)-kx
kt)X1ln( =−−**)1ln( yX =−− ; xt =
y**=kx
Para qualquer um dos casos, o gráfico y × x contém, no coeficiente angular, k. A
comparação entre os gráficos de diferentes ordens fica facilitada quando estes são
construídos a partir de y* × x ; para maiores informes veja DICA ao final desta seção.
Plotando )ln( 0
A
A
CC
versus tempo (t):
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
48
Introdução à Cinética Química
t
CA0
lnC
A
Figura 2.34 –Cinética de 1ª ordem adequada aos dados experimentais.
Se a ordem adotada representar bem os dados experimentais (figura 2.34), será obtida uma
reta passando na origem do sistema Cartesiano, cujo coeficiente angular corresponde a
velocidade específica da reação (k). Caso contrário (figura 2.35) uma nova ordem deve ser
tentada.
t
CA0
lnC
A
Figura 2.35 –Um exemplo de dados que não representam uma reação de primeira ordem
Assumindo ordem dois (α=2):
2AA
A kCkCdt
dC==− α
2A
A kCdt
dC=−
Integrando:
∫∫=
−=t
0t
C
C2A
A dtkCdCA
0A
ktCC AA
−=
−−
0
11 (2.15)
ktC
1C1
0AA
+= (2.16)
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
49
Introdução à Cinética Química
As equações 2.15 e 2.16 podem ser linearizadas através de uma mudança de
variáveis como segue:
ktCC AA
−=
−−
0
11
*
0
11 yCC AA
=
−− ; xt =
y*=-kx
ktC
1C1
0AA
+= (2.17)
yC1
A
= ; xt =
y=1/CA0+kx
No primeiro caso, o gráfico y × x possui como coeficiente angular –k e para o
segundo +k. A comparação entre os gráficos de diferentes ordens fica facilitada quando
estes são construídos a partir de y* × x ; para maiores informes veja DICA ao final desta
seção.
Plotando AC
1 versus tempo (t):
t
1 CA
Figura 2.36 –Dados representando uma reação de segunda ordem.
Se os dados forem bem representados por uma equação cinética de segunda ordem, uma
reta será obtida (figura 2.36) onde o coeficiente angular da reta corresponde a constante de velocidade (k).
Observemos que para qualquer ordem de reação maior que zero e diferente de um temos:
αA
A kCdt
dC=−
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
50
Introdução à Cinética Química
∫∫=
−=t
0t
C
C A
A dtkCdCA
0A
α
( ) ktCC
AA
−=
−
+− −− 110
111
1ααα
= ( ) ( ) ktCCAA
−=−+−
+−+− 1101
1 αα
α
y*=-kt
ou:
( ) 110AA
C1kt1
C1
−− +−= αα α (2.18)
y = ax+b
Observe que na expressão ( ) ktCC
AA
=
−
− −− 110
111
1ααα temos uma reta com coeficiente linear
nulo.
Dica : É conveniente traçar os gráficos para cada ordem de reação utilizando dados de
tCdCA
A
C
C A
A ×∫0
α . Desta forma a inversão da curvatura do gráfico denuncia a proximidade da
ordem da reação.
2.6.1. Resumo
O método integral consiste na integração da expressão para a taxa da reação a partir
de uma ordem pré-estabelecida. Após sucessivas tentativas a constante de velocidade é
determinada para a ordem que melhor represente os dados experimentais. Observe o
algoritmo a seguir:algoritmo método integral
{A reação deve ser irreversível}início para <<cada um dos i os reagentes>> fazer <<conduzir experimento com excesso de reagentes, exceto aquele em estudo>> <<coletar os dados de Ci x t>>
<<admitir um valor de pseudo ordem para o reagente i: αi >>
<<calcular a integral de dCi/ri>> para <<cada um dos j dados coletados>> fazer
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
51
Introdução à Cinética Química
<<calcular ∫∫ ′= i
i0
i
i0
C
C
C
C iii
i
i
i
CkdC
rdC
α >>
<<anotar o valor calculado da integral e o tempo ti correspondente >> fim para
<<desenhar gráfico ∫ i
i0
C
Ci
i
rdC
x ti>>
<<determinar a equação da reta y=a∗x+b)>>
k'i=-a
<<escrever a pseudo equação cinética: iiii Ckr α′−= >>
fim para
<<com os todos os valores Ci0 e αi0 >>
∏°
≠
′== reagentesN
Aii
AA
iC
kkkα0
1
<<escrever a equação cinética completa para a reação: ∏°
=
−=reagentesN
iiiAA
iCkr α >>
fim
2.7.DETERMINAÇÃO DA EXPRESSÃO PARA A TAXA DE REAÇÃO A PARTIR DO Método das Velocidades Iniciais.
Apesar da facilidade de aplicação, tanto experimental quanto estatística do método
diferencial, casos onde exista, por exemplo, reação reversa inviabilizam esta técnica, já que
a diferenciação numérica não pode ser aplicada. Neste caso, o método das velocidades
iniciais pode ser empregado para determinar a ordem da reação e a constante de
velocidade.
O método das velocidades iniciais consiste em realizar vários experimentos em
diferentes concentrações iniciais e então determinar as velocidades iniciais (-rA0) para cada
experimento. As velocidades iniciais podem ser determinadas diferenciando os dados (CA x
t) e extrapolando-os para o tempo zero. Por exemplo uma reação do tipo ProdutosA →
pode ter sua equação cinética da seguinte forma:αAA kCr =−
Aplicando os dados em t=0:α
0A0A kCr =−
Aplicando o logaritmo natural:
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
52
Introdução à Cinética Química
0A0A Clnkln)rln( α+=− (2.19)
Como a partir das experimentações é obtida uma série de dados de velocidades iniciais
(-rA0) para diferentes concentrações iniciais (CA0) é possível construir um gráfico (reta)
ln(-rA0) x ln(CA0), cujo coeficiente angular corresponde a ordem da reação e a velocidade específica da reação pode ser obtida fazendo eCoef. Linear, já que o coeficiente linear da reta
corresponde a ln(k).
2.7.1. Resumo
O método das velocidades iniciais consiste é semelhante ao método diferencial , porém
requerendo diversos experimentos com diferentes concentrações iniciais avaliando-se a
velocidade inicial da reação para cada experimento.
2.8.DETERMINAÇÃO DA EXPRESSÃO PARA A TAXA DE UMA REAÇÃO A PARTIR DO Método do Tempo de Meia-Vida.
O Tempo de Meia-Vida para uma reação química é definido como o tempo
necessário para que o número de moles de uma espécie química (reagente) seja reduzido à
metade de seu valor inicial. O método consiste em determinar o tempo de Meia-Vida para
diferentes concentrações iniciais, de forma semelhante ao método das velocidades iniciais.
Se a reação apresentar mais que um reagente, deve-se utilizar o método do excesso, de
forma semelhante ao método diferencial. Desta forma a equação da taxa sempre será do
tipo αAA kCr =− ou α
AA Ckr ′=−
Como esta análise está baseada em um sistema em batelada:
AA r
dtdC
=
αA
A kCdt
dC=−
Integrando:
kt)1(
Ckdt
CdC
A
0AA
0A
C
C
1At
0t
C
C A
A −=+−
⇒−=+−
=∫∫ α
α
α para α≠1.
( )A
0A
C
C
1AC
1k1t +−
+−−= α
α
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
53
Introdução à Cinética Química
( )
−
−= −− 1
0A1
A C1
C1
1k1t ααα
;
Evidenciando 10−α
AC :
( )
−
−= −
−
− 11
11
10
10
α
α
α α A
A
A CC
kCt (2.20)
Como o tempo de meia-via (t½) é o tempo para que CA=½CA0, então:
( ) ( )121kC
1t 11
0A2
1 −−
= −−
αα α
Rearranjando:
( )( )
( )( )
αα
α
α
αα−
−
−
−
−−=⇒
−−= 1
0A
1
10A
1
C1k12t
C1
1k12t
21
21
Aplicando o logaritmo natural:
( ) ( )( ) ( ) ( )0A
1
Cln11k12lntln
21 α
α
α
−+
−−=
−
(2.21)
De forma semelhante ao método das velocidades iniciais vários experimentos devem
ser realizados a partir de diferentes concentrações iniciais. Com isso estrutura-se um gráfico
ln(t½) × lnCA0, cujo coeficiente angular corresponde a 1-α, portanto a ordem da reação fica;
α=1-Coef Angular. A velocidade específica da reação é obtida através do coeficiente
linear da reta, pela substituição do valor de α encontrado:
( )( ) linear.Coef
1k12ln
1
=
−−−
α
α
( )( )
linear.Coef1
e1k12 =
−−−
α
α
( )( ) linear.Coef
1
e112k
−−=
−
α
α
A expressão para o tempo de meia vida pode ser generalizada para qualquer fração
(n) da concentração (com volume constante):
( )( )
αα
α−
−
−−= 1
0A
1
C1k1nt
n1
com nt 1 = tempo para que o N° de moles da espécie reagente seja reduzido a 1/n de seu
valor inicial.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
54
Introdução à Cinética Química
2.8.1. Resumo
O método do tempo de meia-vida consiste em diversos experimentos com diferentes
concentrações iniciais avaliando-se a taxa da reação, no tempo de meia-vida, para cada
experimento.
2.9.DETERMINAÇÃO DA EXPRESSÃO PARA A TAXA DE UMA REAÇÃO A PARTIR DO Método dos Mínimos Quadrados Linearizado.
O método dos mínimos quadrados linearizado consiste em determinar os parâmetros
de uma equação linear do tipo nn22110 xa...xaxaay ++++= que correspondam aos
parâmetros cinéticos da equação para a taxa de uma reação química. Se a cinética de uma
reação depende da concentração de mais que um reagente e não é possível aplicar o
método do excesso, os métodos mencionados anteriormente não podem ser aplicados
(exceto o método integral). Contudo é possível aplicar o método dos mínimos quadrados
linearizado. Este método consiste em uma aproximação paramétrica, onde os parâmetros
da equação são os parâmetros cinéticos. Vamos considerar a reação irreversível
ProdutosBA →+ . A equação para o balanço molar em um reator em batelada a volume
constante é:
AA r
dtdC =
Como: βαBAA CkCr =−
Então:
βαBA
A CkCdt
dC=−
Aplicando o método das velocidades iniciais:
βα0B0A
0
A CkCdt
dC=
−
Aplicando o logaritmo natural:
0B0A0
A ClnClnklndt
dCln βα ++=
− (2.22)
Escrevendo a equação na forma 22110 xaxaay ++=
onde:
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
55
Introdução à Cinética Química
0B2
0A1
2
1
0
ClnxClnx
aa
klna
=====
βα
Como devem ser realizados J experimentos em diferentes concentrações iniciais teremos J
equações semelhantes a equação anterior.
j22j110j xaxaay ++=
Para j experimentos, o seguinte conjunto de equações é obtido:
∑∑∑===
++=J
1jj22
J
1jj11
J
1j0j xaxaJay (2.23)
∑∑∑∑====
++=J
1jj2j12
J
1j
2j11
J
1jj1
J
1j0jj1 xxaxaxayx (2.24)
∑∑∑∑====
++=J
1j
2j22
J
1jj2j11
J
1jj2
J
1j0jj2 xaxxaxayx (2.25)
Onde: J= Número de experimentos
A solução do sistema formado pelas três equações lineares anteriores resulta em a0,
a1, e a2 que são os que equivalentes de ln(k), α e β da equação da taxa considerada. O
método dos mínimos quadrados permite a determinação simultânea de k, α e β e é
facilmente implementado em computador. Este método determina a melhor equação linear,
porém sempre devem ser considerados os métodos gráficos.
No caso de uma reação ProdutosBA →+ um sistema de três equações lineares
deve ser resolvido. Para o caso de uma reação com i reagentes i+1 equações serão
obtidas.
Uma grande vantagem deste método é que todos os parâmetros são obtidos em uma
única etapa. Contudo, da mesma forma que o método das velocidades iniciais, um grande
número de experimentos é requerido. Outra vantagem é que inclusive parâmetros como
Fator de Frequência e Energia de Ativação podem ser obtidos a partir do mesmo
procedimento.
O programa GNU Octave, a seguir, mostra a aplicação do método utilizando a
operação \, cujo algoritmo é o dos mínimos quadrados.
%program min_quad_lin#1A+2B->C#Software: GNU Octave 3.1.50;mEd 3.4.1#Autor:Marcos Marcelino Mazzucco, Dr.clear all;%begin clc;
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
56
Introdução à Cinética Química
tcacb=[0 0.20000000 0.80000000 60 0.14923843 0.69390903 120 0.12137226 0.64057394 180 0.10518712 0.61106451 240 0.091783072 0.58811384 300 0.082717965 0.56559475 360 0.07490479 0.54821478 420 0.068537639 0.53462814 480 0.062972427 0.528377 540 0.058590533 0.5218815 600 0.055128824 0.50918736 660 0.051045811 0.50783604 720 0.04828948 0.49772954 780 0.045891564 0.48837108 840 0.043527565 0.48378731 900 0.040980338 0.48603849 960 0.039261762 0.47979848 1020 0.037712629 0.47092889 1080 0.036357132 0.46915166 1140 0.034618982 0.46743668 1200 0.032788383 0.46318994]; t=tcacb(:,1); CA=tcacb(:,2); CB=tcacb(:,3);# dCAdt(tN)=diferenças finitas t0=1;t1=2;t2=3;tN=length(t); dCAdt(t0)=(-3*CA(t0)+4*CA(t1)-CA(t2))/(t(t2)-t(t0)); dCAdt(t1:tN-1)=(CA(t2:tN)-CA(t0:tN-2))./(t(t2:tN)-t(t0:tN-2)); dCAdt(tN)=(CA(tN-2)-4*CA(tN-1)+3*CA(tN))/(t(tN)-t(tN-2)); lnCA=log(CA); lnCB=log(CB); lndCAdt=log(-dCAdt); Y=lndCAdt'; X=[ones(tN,1),lnCA, lnCB]; %>>Solução do Sistema C=[X\Y]; %end; s=sprintf("ln(-dC_Adt)=(%g)+(%g)lnC_A +(%g)lnC_B ",C); disp(s); plot3(lnCA,lnCB,Y,"*",lnCA,lnCB,X*C,"-"); title(s); zlabel("ln(-dC_Adt)");xlabel("ln(C_A)");ylabel("ln(C_B)") %>>R^2; R2=corrcoef(Y,X*C)%end.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
57
Introdução à Cinética Química
2.10. DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS DA EQUAÇÃO DE ARRHENIUS.Na equação de Arrhenius, o conhecimento dos parâmetros EA e k0 (ou A) permitem
que seja determinada a velocidade específica em qualquer temperatura. Para a
determinação destes parâmetros é necessário que sejam conduzidos experimentos em
diferentes temperaturas e que para cada um destes seja determinada a velocidade
específica da reação. Assim:
RTE
0
A
ekk−
= ou RTEA
Aek−
=
Fazendo o logaritmo natural da equação:
TREkk A 1)ln()ln( 0 −+= ou
TREAk A 1)ln()ln( −+=
Assumindo que ln(k)=y, ln(A)=b, -EA/R=a e 1/T=x:
−+=
TREAk A 1)ln()ln(
y = b + a xobtém-se a equação de uma reta onde, a partir dos coeficientes angular e linear, determina-
se os parâmetros da equação de Arrhenius.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
58
Introdução à Cinética Química
1/T
Ln (k
)
a = -EA/Rb=Ln(A)
T K 1/T Ln(K)T1 K1
T2 K2
Tn Kn
... ...
Com os parâmetros da equação de Arrhenius podemos escrever a equação cinética para
uma espécie i como:
∏−
=−reagentes
J
nJ
RTE
iJ
A
CAer
Onde :
A= Fator pré-exponencial
EA= Energia de Ativação
J= espécie reagente
nJ= ordem em relação ao regente J.
O fluxograma que segue resume a sequência para a determinação da equação de
Arrhenius.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
59
Introdução à Cinética Química
Equação de ArrheniusInício
Para diferentes temperaturas
<<Determinar os coeficientes estequiométricos>>
<<Estabelecer modelo cinético>>
<<Determinar a velocidade específica
através do método adequado (diferencial, integral,
velocidades iniciais, etc.)>>
<<Determinar a equação de Arrhenius>>
Fim
fim
repe
tição
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
60
Introdução à Cinética Química
2.11. EXEMPLO
Considere uma reação irreversível A→Produtos analisada através de um
experimento realizado em um reator do tipo batelada, obtendo-se os seguintes dados:
Aplicando o método diferencial, os seguintes dados são obtidos:
rA=-kCAα
Método diferencial (dCA/dt=∆CA/∆t)t(min) CA(gmol/L) dCA/dt Ln(CA) Ln(-dCA/dt)
0 0,25 1,7863.10-01 -4,2738.10-03 -1,7224 -5,4552
10 1,6403.10-01 -2,9206.10-03 -1,8077 -5,836015 1,5341.10-01 -2,1238.10-03 -1,8746 -6,154520 1,4334.10-01 -2,0144.10-03 -1,9426 -6,207425 1,3309.10-01 -2,0495.10-03 -2,0167 -6,190130 1,2449.10-01 -1,7200.10-03 -2,0835 -6,365435 1,1867.10-01 -1,1641.10-03 -2,1314 -6,755840 1,1426.10-01 -8,8101.10-04 -2,1692 -7,034445 1,0923.10-01 -1,0070.10-03 -2,2143 -6,900850 1,0346.10-01 -1,1531.10-03 -2,2685 -6,765355 9,8621.10-02 -9,6837.10-04 -2,3165 -6,939960 9,5592.10-02 -6,0573.10-04 -2,3477 -7,409165 9,3248.10-02 -4,6887.10-04 -2,3725 -7,665270 9,0060.10-02 -6,3759.10-04 -2,4073 -7,357875 8,6168.10-02 -7,7845.10-04 -2,4515 -7,158280 8,3024.10-02 -6,2882.10-04 -2,4886 -7,371785 8,1261.10-02 -3,5250.10-04 -2,5101 -7,950590 7,9831.10-02 -2,8602.10-04 -2,5278 -8,159595 7,7522.10-02 -4,6175.10-04 -2,5572 -7,6805100 7,4626.10-02 -5,7918.10-04 -2,5953 -7,4539
00,020,040,060,080,1
0,120,140,160,180,2
0 20 40 60 80 100
t(min)
C A(g
mol
/L)
Estes dados devem ser dispostos em um gráfico, com coordenadas linearizadas, para a
obtenção dos parâmetros cinéticos:
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
61
Introdução à Cinética Química
y = 2,5946x - 1,128R2 = 0,8878
-7,5
-7
-6,5
-6
-5,5
-2,6 -2,4 -2,2 -2 -1,8
Ln(CA)
Ln(d
C A/d
t)
α=2,59
lnk=-1,128 k=0,324 min-1(gmol/L)-1,59
rA=-0,324CA2,59
O código GNU Octave, a seguir, resolve este problema. Neste exemplo, os dados de
t(min) e CA(gmol/L) estão armazenados no arquivo “txca.dat”. Os dados estão dispostos
conforme as duas primeiras colunas da tabela anterior, sem os títulos destas.
Dicas: deixe uma linha em branco no final do arquivo de dados. O separador decimal deve
ser o ponto. Este código também pode ser executado no MatlabTM, com pequenas
alterações.
%program cin_met_dif#Software: GNU Octave 3.1.50;mEd 3.4.1#Autor:Marcos Marcelino Mazzucco, Dr.#Objetivo:Determinar a cinética da reação A->Produtos a partir dos# dados armazenados em txca.datclear all;%begin subplot(1,1,1); clc;clf; subplot(1,1,1); disp("________________________________________"); txCA=load("txca.dat"); t=txCA(:,1); CA=txCA(:,2); #dCAdt=(CA(2:length(CA)).-CA(1:length(CA).-1))./(t(2:length(t)).-t(1:length(t).-1)); ##for i=2:length(t) ## dCAdt(i-1,1)=(CA(i)-CA(i-1))/(t(i)-t(i-1)); ##end; ##lndCAdt=log(-1.*dCAdt); ##lnCA=log(CA(2:length(CA)));# t0=1;t1=2;t2=3;tN= tN=length(t);# dCAdt(t0)=(-3*CA(t0)+4*CA(t1)-CA(t2))/(t(t2)-t(t0));# dCAdt(t1:tN-1)=(CA(t2:tN)-CA(t0:tN-2)) ./ (t(t2:tN)-t(t0:tN-2));# dCAdt(tN)=(CA(tN-2)-4*CA(tN-1)+3*CA(tN))/(t(tN)-t(tN-2)); t0=1;t1=2;t2=3;tN= tN=length(t); dCAdt(t0)=(-3*CA(t0)+4*CA(t1)-CA(t2))/(t(t2)-t(t0)); for tn=t1:tN-1 dCAdt(tn)=(CA(tn+1)-CA(tn-1))./(t(tn+1)-t(tn-1)); endfor;
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
Ln(-dCA/dt)
62
Introdução à Cinética Química
dCAdt(tN)=(CA(tN-2)-4*CA(tN-1)+3*CA(tN))/(t(tN)-t(tN-2)); dCAdt=dCAdt; lndCAdt=log(-1.*dCAdt); lnCA=log(CA)'; # aproximação linear; [coef,v]=polyfit(lnCA,lndCAdt,1); a=coef(1); k=exp(coef(2)); r=corrcoef(lndCAdt,v.yf); r2=r^2; r2, coef hold("off"); subplot(1,2,1); #seleciona o quadro 1 de 2 (1x2) plot(t,CA,"o;;"); ylabel("C_A"); xlabel("t"); title("C_A x t"); subplot(1,2,2);#seleciona o quadro 2 de 2 (1x2) plot(lnCA,lndCAdt,"o;;"); ylabel("ln(-dC_A/dt)"); xlabel("ln(C_A)"); title("ln(-dC_A/dt) x ln(C_A)"); hold("on"); plot(lnCA,v.yf,"-r;aprox. linear;"); disp(sprintf("-rA=%fCA^%f",k,a)); disp("________________________________________");%end.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
63
Introdução à Cinética Química
Aplicando o método integral, para diversas ordens, os dados a seguir são obtidos.
O valores da ordenada correspondem a integral de CA-α dCA .
Use este espaço para escrever as equações para este método
Seus cálculos
t(min) CA integral( ordem = 0,5 )0 0,2 0,00005 0,178631 -0,0491
10 0,164028 -0,084415 0,153409 -0,111120 0,143337 -0,137225 0,133089 -0,164830 0,124489 -0,188835 0,118668 -0,205540 0,114263 -0,218445 0,109229 -0,233450 0,103463 -0,251155 0,098621 -0,266360 0,095592 -0,276165 0,093248 -0,283770 0,09006 -0,294275 0,086168 -0,307380 0,083024 -0,318285 0,081261 -0,324390 0,079831 -0,329395 0,077522 -0,3376100 0,074626 -0,3481
y = -0,0032x - 0,0676R2 = 0,9338
-0,4500
-0,4000
-0,3500
-0,3000
-0,2500
-0,2000
-0,1500
-0,1000
-0,0500
0,00000 20 40 60 80 100 120
t(min)
Inte
gral
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
Use este espaço para calcular os coeficientes da equação da reta
64
Introdução à Cinética Química
Use este espaço para escrever as equações para este método
Seus cálculos
t(min) CA integral( ordem = 1 )0 0,2 0,00005 0,178631 -0,1130
10 0,164028 -0,198315 0,153409 -0,265220 0,143337 -0,333125 0,133089 -0,407330 0,124489 -0,474135 0,118668 -0,522040 0,114263 -0,559845 0,109229 -0,604950 0,103463 -0,659155 0,098621 -0,707060 0,095592 -0,738265 0,093248 -0,763170 0,09006 -0,797875 0,086168 -0,842080 0,083024 -0,879285 0,081261 -0,900690 0,079831 -0,918495 0,077522 -0,9477100 0,074626 -0,9858
y = -0,0092x - 0,1397R2 = 0,9629
-1,2000
-1,0000
-0,8000
-0,6000
-0,4000
-0,2000
0,00000 20 40 60 80 100 120
t(min)
Inte
gral
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
Use este espaço para calcular os coeficientes da equação da reta
65
Introdução à Cinética Química
Use este espaço para escrever as equações para este método
Seus cálculos
t(min) CA Integral( ordem = 1,5 )0 0,2 0,00005 0,178631 -0,2599
10 0,164028 -0,466115 0,153409 -0,634120 0,143337 -0,810525 0,133089 -1,010130 0,124489 -1,196335 0,118668 -1,333740 0,114263 -1,444545 0,109229 -1,579350 0,103463 -1,745755 0,098621 -1,896560 0,095592 -1,996665 0,093248 -2,077470 0,09006 -2,192375 0,086168 -2,341280 0,083024 -2,469085 0,081261 -2,543890 0,079831 -2,606495 0,077522 -2,7110100 0,074626 -2,8491
y = -0,0273x - 0,2595R2 = 0,9835
-3,5000
-3,0000
-2,5000
-2,0000
-1,5000
-1,0000
-0,5000
0,00000 20 40 60 80 100 120
t(min)
Inte
gral
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
Use este espaço para calcular os coeficientes da equação da reta
66
Introdução à Cinética Química
Use este espaço para escrever as equações para este método
Seus cálculos
t(min) CA integral( ordem = 2 )0 0,2 0,00005 0,178631 -0,5981
10 0,164028 -1,096515 0,153409 -1,518520 0,143337 -1,976625 0,133089 -2,513830 0,124489 -3,032835 0,118668 -3,426840 0,114263 -3,751745 0,109229 -4,155150 0,103463 -4,665355 0,098621 -5,139860 0,095592 -5,461165 0,093248 -5,724170 0,09006 -6,103775 0,086168 -6,605380 0,083024 -7,044885 0,081261 -7,306090 0,079831 -7,526495 0,077522 -7,8995100 0,074626 -8,4001
y = -0,0821x - 0,3683R2 = 0,9954
-10,0000
-9,0000-8,0000
-7,0000-6,0000
-5,0000
-4,0000-3,0000
-2,0000-1,0000
0,00000 20 40 60 80 100 120
t(min)
Inte
gral
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
Use este espaço para calcular os coeficientes da equação da reta
67
Introdução à Cinética Química
Use este espaço para escrever as equações para este método
Seus cálculos
t(min) CA Integral( ordem = 2,5 )0 0,2 0,00005 0,178631 -1,3767
10 0,164028 -2,581815 0,153409 -3,641620 0,143337 -4,831425 0,133089 -6,277330 0,124489 -7,724435 0,118668 -8,854640 0,114263 -9,806745 0,109229 -11,013850 0,103463 -12,578855 0,098621 -14,072060 0,095592 -15,103165 0,093248 -15,959070 0,09006 -17,213175 0,086168 -18,903280 0,083024 -20,414485 0,081261 -21,326090 0,079831 -22,102895 0,077522 -23,4329100 0,074626 -25,2481
y = -0,2495x - 0,0242R2 = 0,9991
-30,0000
-25,0000
-20,0000
-15,0000
-10,0000
-5,0000
0,00000 20 40 60 80 100 120
t(min)
Inte
gral
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
Use este espaço para calcular os coeficientes da equação da reta
68
Introdução à Cinética Química
Use este espaço para escrever as equações para este método
Seus cálculos
t(min) CA Integral( ordem = 3 )0 0,2 0,00005 0,178631 -3,1696
10 0,164028 -6,083815 0,153409 -8,745620 0,143337 -11,836425 0,133089 -15,728430 0,124489 -19,763335 0,118668 -23,005840 0,114263 -25,796245 0,109229 -29,408150 0,103463 -34,209055 0,098621 -38,908060 0,095592 -42,217265 0,093248 -45,003170 0,09006 -49,146175 0,086168 -54,841180 0,083024 -60,038185 0,081261 -63,218790 0,079831 -65,955995 0,077522 -70,6986100 0,074626 -77,2810
y = -0,7666x + 2,8524R2 = 0,9955
-90
-80-70
-60-50
-40
-30-20
-100
10
0 20 40 60 80 100 120
t(min)
Inte
gral
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
Use este espaço para calcular os coeficientes da equação da reta
69
Introdução à Cinética Química
Use este espaço para escrever as equações para este método
Seus cálculos
t(min) CA Integral( ordem = 4 )0 0,2 0,00005 0,178631 -16,8136
10 0,164028 -33,864415 0,153409 -50,660220 0,143337 -71,523225 0,133089 -99,734730 0,124489 -131,110935 0,118668 -157,801240 0,114263 -181,771545 0,109229 -214,115650 0,103463 -259,304655 0,098621 -305,845560 0,095592 -339,934065 0,093248 -369,445370 0,09006 -414,666775 0,086168 -479,340980 0,083024 -540,802085 0,081261 -579,529690 0,079831 -613,515795 0,077522 -673,8137100 0,074626 -760,3808
y = -7,4668x + 73,625R2 = 0,9711
-900-800-700-600-500-400-300-200-100
0100200
0 20 40 60 80 100 120
t(min)
Inte
gral
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
Use este espaço para calcular os coeficientes da equação da reta
70
Introdução à Cinética Química
O código GNU Octave a seguir, resolve este problema a partir do método integral. %program cin_met_int#Software: GNU Octave 3.1.50;mEd 3.4.1#Autor:Marcos Marcelino Mazzucco, Dr.# Determina a cinética da reação A->Produtos a partir dos dados armazenados em txca.datclear all;%begin clc; clf; disp("_________Método Integral_______________________"); txca=load("txca.dat"); t=txca(:,1); ca=txca(:,2); r2_ant=0; r2=0.1; n=0.1; disp("Testando..."); do n=input("Informar valor de ordem a ser testado:"); if n==1 || n==[] n=1.0001; endif; int=1./(-n+1).*(ca.^(-n+1)-ca(1).^(-n+1)); [coef,v]=polyfit(t,int,1); r=corrcoef(int,v.yf); k=-coef(1); r2=r^2 hold("off"); plot(t,int,".b*;;"); title(sprintf("r2=%f;n=%f",r2,n)); hold("on"); plot(t,v.yf,"-r;;"); resposta=input("Testar nova ordem ? (N=Não)","s"); until upper(resposta)=="N"; hold("off"); plot(t,int,"o;;"); ylabel("Integral"); xlabel("t"); hold("on"); plot(t,v.yf,"-r;;"); printf("-rA=%fCA^%f",k,n); r2 title("FIM- retorne à janela de comando");%end.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
71
Introdução à Cinética Química
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
72
Introdução à Cinética Química
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
73
Introdução à Cinética Química
No programa a seguir as tentativas são baseadas na variação de R2 com as variações da
ordem da reação (n). Esta é uma implementação grosseira do método do gradiente. A
convergência ocorre quando R2>0,998 ou quando não houverem mais alterações em n (n-
n_ant<0,001).
%program cin_met_int_auto#Software: GNU Octave 3.1.50;mEd 3.4.1#Autor:Marcos Marcelino Mazzucco, Dr.# Determina a cinética da reação A->Produtos a partir dos dados armazenados em txca.datclear;%begin clc;clf; subplot(1,1,1); disp("_________Método Integral_______________________"); txca=load("txca.dat"); t=txca(:,1); ca=txca(:,2); r2_ant=0; r2=0.1; n=0.1; delta_n=1e-2; delta_n=input("informe Delta n para parada (1E-2):"); if (isempty(delta_n)) delta_n=1e-2; endif; n_ant=0; disp("Testando..."); do disp(sprintf("Testando ordem %g",n));fflush(stdout); nn=n+(r2.-r2_ant)./(n.-n_ant); n_ant=n; n=nn; if (n==1) n=1.0001; end; int=1./(-n+1).*(ca.^(-n+1)-ca(1).^(-n+1)); [coef,v]=polyfit(t,int,1); r=corrcoef(int,v.yf); k=-coef(1);
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
74
Introdução à Cinética Química
r2_ant=r2; r2=r^2; hold("off"); title(sprintf("r2=%f;n=%f",r2,n)); plot(t,int,"o;;"); hold("on"); plot(t,v.yf,"-r;;"); replot; until (r2>0.9998)||(abs(n-n_ant)<delta_n); hold("off"); plot(t,int,"o;;"); ylabel("Integral"); xlabel("t"); hold("on"); plot(t,v.yf,"-r;;"); disp("_________Método Integral_______________________"); disp(sprintf("-rA=%fCA^%f",k,n)); r2 title("FIM- retorne à janela de comando");%end.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
75
Introdução à Cinética Química
2.12. EXERCÍCIOS
1. Proponha uma forma para determinação dos parâmetros da equação de Arrhenius a partir
de dados experimentais.
2. A partir dos fluxogramas para aplicação dos métodos diferencial, integral e das
velocidades iniciais escreva os algoritmos correspondentes.
3. Faça uma planilha eletrônica para aplicação do método dos mínimos quadrados à reação
aA + bB →cC.
4. Dadas as seguintes reações e seus respectivos coeficientes estequiométricos determinar
a equação da taxa (rA) para cada reação.
a) A → Produtos. k= 0,06853 min-1.
b) A → Produtos. k= 0,08215 [gmol/L]-1•min-1.
c) A + ½ B → C+D. k= 0,11 [gmol/L]-0,5•min-1.
5. A reação elementar e reversível envolvendo um reagente A para produzir B (os
coeficientes estequiométricos são 1,5 para A e 1 para B) foi analisada em um experimento
resultando nos dados expressos no gráfico que segue.
O equacionamento para determinação da expressão cinética da reação, a partir do método
diferencial, fica:
AAAA r
VFF
dtdC +−= 0
; βαBAA CkCr =
Algumas das informações anteriores estão incorretas (exceto o gráfico e o valor de k).
Indique-as e apresente a forma correta para tais afirmações.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
76
00,020,040,060,08
0,1
0 10 20 30t(h)
CA(
gmol
/L)
Introdução à Cinética Química
6. Neyens estudou a bromação do m-Xileno a 17oC. A reação é realizada pela introdução de
pequenas quantidades de Iodo e Bromo em Xileno líquido e puro. A taxa de
desaparecimento do Bromo é conseguida pela remoção de amostras simples para a
determinação da concentração de Bromo. O Iodo serve como catalisador da reação. Desde
que as concentrações de Xileno e Catalisador remanescentes permanecem, praticamente,
inalteráveis durante o curso da reação, deve-se presumir uma expressão da taxa
(velocidade) da seguinte forma:
dtdC
Ckr BrmBr
2
2=′−= , onde k’ é a constante da pseudo-velocidade, e m a pseudo-ordem da
reação. Determine a equação da taxa pelos métodos integral e diferencial.
t (min) 0 2,25 6,33 10,25 13,5 17,85 27 38 45 57 63
2BrC (gmol/L) 0,335 0,2965 0,245 0,205 0,1794 0,15 0,116 0,083 0,0705 0,0553 0,0482
7. Determinar a ordem e velocidade específica da reação (k) para a dissolução de MnO2 em
HBr utilizando os métodos das velocidades iniciais e mínimos quadrados:
CA0 (gmol HBr/dm3) 0,1 0,5 1,0 2,0 4,0-rA0 (gmol HBr/(m2h)) 0,073 10-2 0,7 10-2 1,84 10-2 4,86 10-2 12,84 10-2
8. O decaimento fotoquímico do Bromo à luz foi estudado através da exposição de uma
pequena quantidade de Bromo, dissolvido em água, à luz direta do sol. Os seguintes dados
foram obtidos:
t (min) 10 20 30 40 50 60
2BrC (ppm) 2,45 1,74 1,23 0,88 0,62 0,44
Determinar a ordem da reação.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
77
Introdução à Cinética Química
9. A reação ½A+B→C teve sua cinética investigada em um reator do tipo batelada. O
experimento foi conduzido em duas etapas. Na primeira, um experimento com excesso do
reagente B foi executado (CB0=2gmol/L). O segundo experimento foi executado com excesso
do reagente A (CA0=1gmol/L). Os experimentos visam verificar a possibilidade da reação ser
elementar. Os dados dos experimentos 1 e 2 foram coletados:
Experimento 1:a) Determinar a ordem (pseudo) e a constante de velocidade da reação para o primeiro
experimento, com os dados a seguir, através do método diferencial. Use as fórmulas de
diferenças finitas.
t(min) CA(gmol/L)0 0,1
4,3702 0,07438,7403 0,0524
13,1105 0,034317,4806 0,02
Experimento 2:b) Determine a ordem (pseudo) e a constante de velocidade da reação para o segundo
experimento, com os dados a seguir, através do método integral (não usar o método
diferencial).
t(min) CB(gmol/L)0 0,1
23,44 0,0851,56 0,0692,19 0,04162,50 0,02
c) Escreva a expressão completa para a taxa da reação e comente se a possibilidade de
reação elementar é verdadeira. Faça a análise dimensional sobre a equação da taxa para
determinar a unidade da velocidade específica (constante de velocidade) da reação para os
ítens a, b e c.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
78
Introdução à Cinética Química
10. Determinar os parâmetros cinéticos e da equação de Arrhenius para a reação
irreversível A+2B→Produtos conduzida em fase líquida, em um reator tipo batelada, nas
temperaturas 25°C, 30°C e 40°C. Aplicar todos os métodos possíveis. Os seguintes dados
foram coletados:
25°CCi=gmol/L
t(min) CA CB
0 0,1000 2,000010 0,0579 1,915820 0,0344 1,868930 0,0208 1,841640 0,0127 1,825350 0,0077 1,815560 0,0048 1,809570 0,0029 1,805880 0,0018 1,803690 0,0011 1,8022
100 0,0007 1,8014
t(min) CA CB
0 1,0000 0,200010 0,9844 0,168720 0,9723 0,144630 0,9627 0,125440 0,9550 0,110050 0,9487 0,097360 0,9434 0,086870 0,9389 0,077980 0,9352 0,070390 0,9319 0,0639
100 0,9291 0,0583110 0,9267 0,0534120 0,9245 0,0491130 0,9226 0,0453140 0,9210 0,0419150 0,9195 0,0389160 0,9181 0,0363170 0,9169 0,0339180 0,9158 0,0317190 0,9149 0,0297200 0,9140 0,0279
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
0,00000,02000,04000,06000,08000,10000,12000,14000,16000,18000,2000
0 50 100 150 200
t(min)
CB
(gm
ol/L
)
0,00000,01000,02000,03000,0400
0,05000,06000,07000,08000,09000,1000
0 20 40 60 80 100
t(min)
CA(
gmol
/L)
79
Introdução à Cinética Química
30°CCi=gmol/L
t(min) CA CB
0 0,1 210 0,052664 1,90532920 0,028679 1,85735930 0,015888 1,83177640 0,008883 1,81776650 0,004992 1,80998460 0,002813 1,80562670 0,001588 1,80317680 0,000897 1,80179490 0,000507 1,801014
100 0,000287 1,800573
t(min) CA CB
0 1,0000 0,200010 0,9820 0,163920 0,9686 0,137230 0,9584 0,116740 0,9503 0,100650 0,9439 0,087760 0,9386 0,077270 0,9343 0,068680 0,9306 0,061390 0,9276 0,0551
100 0,9249 0,0499110 0,9227 0,0454120 0,9207 0,0414130 0,9190 0,0380140 0,9175 0,0350150 0,9162 0,0323160 0,9150 0,0299170 0,9139 0,0278180 0,9130 0,0259190 0,9121 0,0242200 0,9113 0,0227
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
00,010,02
0,030,040,050,060,07
0,080,090,1
0 20 40 60 80 100
t(min)
CA(
gmol
/L)
0,00000,02000,04000,06000,08000,10000,12000,14000,16000,18000,2000
0 50 100 150 200
t(min)
CB
(gm
ol/L
)
80
Introdução à Cinética Química
40°CCi=gmol/L
t(min) CA CB
0 0,1 210 0,041761 1,88352120 0,01835 1,83670130 0,008234 1,81646740 0,003728 1,80745650 0,001695 1,8033960 0,000772 1,80154470 0,000352 1,80070480 0,000161 1,80032190 7,32E-05 1,800146
100 3,34E-05 1,800067
t(min) CA CB
0 1,0000 0,200010 0,9765 0,152920 0,9606 0,121330 0,9494 0,098840 0,9411 0,082150 0,9347 0,069560 0,9298 0,059670 0,9258 0,051780 0,9226 0,045390 0,9200 0,0400
100 0,9178 0,0356110 0,9160 0,0319120 0,9144 0,0288130 0,9131 0,0261140 0,9119 0,0238150 0,9109 0,0217160 0,9100 0,0200170 0,9092 0,0184180 0,9085 0,0170190 0,9079 0,0158200 0,9073 0,0147
11. Faça os gráficos quantitativos (com linhas indicando cada espécie química)
representando a evolução da concentração com o tempo no seguinte sistema reativo em
batelada: 2W+3Y→2D (CW0=4gmol/L ; CY0=6gmol/L; CD0=2gmol/L; dCW/dt=-0,01CWCY). Para
montar o gráfico quantitativo, integre a expressão dCW/dt=-0,01CWCY lembrando que para
alimentação em proporção estequiométrica CY=(3/2)CW. Use a grade a seguir para desenhar
o gráfico.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
00,010,02
0,030,040,050,060,07
0,080,090,1
0 20 40 60 80 100
t(min)
CA(
gmol
/L)
0,00000,02000,04000,06000,08000,10000,12000,14000,16000,18000,2000
0 50 100 150 200
t(min)
CB
(gm
ol/L
)
81
Introdução à Cinética Química
0
1
2
3
4
5
6
7
0 20 40 60 80 100 120 140
A solução com GNU Octave é:%program grafico_evolucao_reacao#Software: GNU Octave 3.1.50;mEd 3.4.1#Autor:Marcos Marcelino Mazzuccoclear all;%begin clc;clf; t=0:20:140 CW0=4,CY0=6,CD0=2,CE0=0, CW=1./(0.01*CY0/CW0*t+1/CW0),#Resultado da integral X=(CW0-CW)./CW0; CY=CW0*(CY0/CW0-3/2.*X), CD=CW0*(CD0/CW0+2/2.*X), plot(t,[CW;CY;CD],["-r@;CW;";"-g*;CY;";"-bo;CD;"]); grid("on");xlabel("t");ylabel("C");%end.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
82
Introdução à Cinética Química
12.(ENC 1997) Interprete os gráficos abaixo do ponto de vista cinético. Considere a reação
A→Produtos:
02468
1012
0 10000 20000 30000
Tem po
Con
cent
raçã
o
Ca/T1
Ca/T2
-20
-15
-10
-5
0
5
0 5000 10000 15000 20000 25000
tem po
ln(C
a)
T1
T2
T2> T1.
13.(ENC 2000) Calcule a constante de equilíbrio a 350°C para a reação H2 + I2 <->2HI a partir dos dados abaixo.
Reação Reação E (kJ molE (kJ mol-1-1) ) A (L molA (L mol-1-1ss-1-1 ) )direta direta 165,1 165,1 1,6 x 101,6 x 101111
reversa reversa 186,0 186,0 1,2 x 101,2 x 101010
k1=reação diretak2=reação reversaE é a energia de ativação e A é o fator de frequência ou pré-exponencial. (R = 8,314 Jmol-1K-1 ).
14.(ENC 2000) Uma regra prática diz que para cada dez graus Celsius de aumento na temperatura a velocidade de reação é duplicada. Na verdade, essa afirmação é válida somente para certas combinações de energia de ativação e faixas de temperatura. Com base nestas observações:
(a) calcule o percentual de diminuição de volume de reator, caso fosse possível aumentar de 100 °C para 120 °C a temperatura de operação de um reator de escoamento contínuo ideal isotérmico, mantendo a conversão e as outras condições de operação constantes; (questão de reatores químicos a ser estudada no próximo capítulo)
(b) calcule a energia de ativação para essa reação.
Dados / Informações Adicionais:
Lei de Arrhenius: k(T) = Ae-E/RT
Constante universal dos gases ideais: R = 8,314 J mol-1 K-1
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
83
Introdução à Cinética Química
-rA = taxa de consumo do reagente AX = conversão do reagente A
15.(ENC 2001) A figura abaixo representa o comportamento da energia E para uma reação elementar, A + B →C, em função da coordenada de reação ξ.
a) A reação é exotérmica ou endotérmica ? Justifique. b) Esboce um gráfico de E em função de ξ para a reação acima, que permita comparar o comportamento mostrado na figura com aquele que resultaria da ação de um catalisador sobre a reação. Justifique.
16.(ENC 2001) Temos, abaixo, a representação do comportamento da concentração das
substâncias A, B e P em três sistemas reacionais descontínuos, a densidade e temperatura
constantes. Interprete a dependência da concentração dos componentes com o tempo em
cada um dos sistemas, em termos de parâmetros cinéticos e termodinâmicos, informando e
justificando cada resposta:
a) a estequiometria da reação;
b) se os reagentes estão presentes em proporções estequiométricas ou não;
c) se a reação é reversível ou irreversível.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
84
Introdução à Cinética Química
16.(ENC 2003) Para a reação de decomposição do ozônio 2O3 (g)→3O2 (g) foi proposto um
mecanismo em duas etapas, a primeira envolvendo a reação de equilíbrio
OOO k
k+ → ← 23
1
2
e a segunda envolvendo a reação irreversível
23 23 OOO k →+
a) Desenvolva a equação da velocidade de reação em termos de O2 para o mecanismo proposto.
b) Mostre que a cinética da reação é de 2ª ordem em relação a O3 e de ordem -1 em relação a O2.
17.(ENADE 2005) O Brasil se destaca por possuir o maior percentual de energia renovável
na matriz energética (acima de 40%). Cabe ressaltar a perspectiva concreta de ampliar
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
85
Introdução à Cinética Química
ainda mais esse percentual em curto prazo, com o aumento da participação de
biocombustíveis. O maior programa de uso de biocombustíveis em nível mundial foi o PRO-
ÁLCOOL, criado em 1975 com o intuito de encontrar uma alternativa energética ao petróleo.
Desde então, diversas usinas foram instaladas no país para a produção de álcool etílico a
partir da fermentação de açúcares, conforme a equação I abaixo, não-balanceada.
Atualmente, o Brasil se prepara para introduzir um novo combustível em sua matriz
energética: o biodiesel. Este pode ser obtido pela reação de transesterificação de óleos
vegetais ou esterificação de ácidos graxos com etanol, de acordo com as equações abaixo,
não-balanceadas.
Na fabricação de biodiesel, um dos catalisadores usuais é o etóxido de sódio, preparado a
partir de etanol e hidróxido de sódio, conforme a equação abaixo.
17.1) Considerando a reação de formação do etóxido de sódio e as informações do texto,
assinale a opção incorreta.
(A) A reação (III) envolve uma reação de neutralização ácido-base.
(B) A presença de água nas matérias-primas é indesejável, pois diminui a concentração de
catalisador no reator.
(C) A passagem de um fluido refrigerante na camisa do reator ocasiona a diminuição da
concentração de hidróxido de sódio.
(D) Após atingido o equilíbrio, cessam as reações nos sentidos direto e inverso.
(E) É possível incrementar a concentração de catalisador no reator,
utilizando excesso de etanol.
17.2) Na preparação de etóxido de sódio em regime batelada, ilustrada na figura ao lado,
etanol e hidróxido de sódio são agitados adiabaticamente até atingirem o equilíbrio, como
evidenciado na equação (III). Nesse caso, obtém-se os produtos dissolvidos em etanol
hidratado, a uma temperatura, em média, 40ºC superior à temperatura inicial dos reagentes.
Considerando ainda as informações do texto, assinale a opção correta, acerca do processo
acima descrito.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
86
Introdução à Cinética Química
(A) A densidade da mistura é constante ao longo do tempo de reação.
(B) A energia total dos reagentes é inferior à energia contida na corrente de saída.
(C) A reação é endotérmica, uma vez que a variação de entalpia é menor que zero.
(D) A temperatura superior dos produtos indica que sua energia total é superior à dos
reagentes.
(E) Quanto maior for a agitação do reator, maior será a variação de entalpia da reação.
18. (ENADE 2008) Os dados a seguir referem-se à cinética da reação entre o NO(g) e o O2(g) para produzir NO2(g).
Analisando-se os dados, verifica-se que:(A) a expressão para a equação da velocidade da reação é: v= k (CNO)(CO2).
(B) a velocidade da reação independe da concentração de oxigênio.
(C) a temperatura no último experimento é maior que 400 ºC.
(D) o valor da velocidade específica da reação a 400 ºC é de 1,0 L.mol-1.
(E) o valor da velocidade específica da reação é o mesmo em todos os experimentos.
19.(ENADE 2008) Em um laboratório, foram efetuadas diversas experiências para a reação
2H2(g) + 2NO(g) -> N2(g) + 2H2O(g)
Os resultados das velocidades iniciais obtidos estão representados na tabela a seguir:
Com base nesses dados, a equação da velocidade para a reação é:
(A)
(B)
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
87
Introdução à Cinética Química
(C)
(D)
(E)
20.(ENADE 2008) A reação em fase gasosa entre enxofre e metano foi estudada em um
reator tubular de 10,0 mL. Em uma corrida a 600 ºC e 1 bar, são produzidos 0,76 g de
dissulfeto de
carbono por hora, sendo as vazões de metano e enxofre de 0,1 gmol.h-1 e 0,2 gmol.h-1 ,
respectivamente, como representado a seguir.
Considerando-se essas informações, o valor da velocidade específica da reação,
em gmol.mL-1.bar-2.h-1, é de
(A) 1,0 x 10-2
(B) 0,5 x 10-2
(C) 1,0 x 10-2
(D) 0,5 x 10-2
(E) 1,0 x 10-2
21.(ENADE 2008) A equação:
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
88
Introdução à Cinética Química
representa um balanço:
(A) de massa, em regime estacionário, com reação de primeira ordem e resistência difusiva
nos poros do catalisador.
(B) de massa, em regime transiente, com desativação catalítica e resistência difusiva no
exterior da partícula de catalisador.
(C) molar, em regime estacionário, com reação de ordem zero, não isotérmica.
(D) molar, em regime transiente, com reação de segunda ordem, isotérmica.
(E) molar, em regime transiente, com reação de primeira ordem, resistência difusiva e
desativação catalítica.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
89
Introdução à Cinética Química
2.13. EXERCÍCIOS COM VLABComplete seus estudos de cinética com um experimento no software VLAB. Para
isso visite o endereço http://www.eqm.unisul.br/prof/marcos, baixe para seu computador os
software necessários (VLAB e, opcionalmente, GNU Octave e MED) e determine os
coeficientes estequiométricos da reação,
as ordens parciais em relação aos
reagentes A e B, o fator de frequência e
a Energia de Ativação. Siga as
orientações do software, você deve
escolher as concentrações iniciais e as
temperaturas adequadas aos
experimentos. Escolha também o
intervalo de amostragem do
equipamento de análise (Magic
Analyzer). Após a análise dos dados
você pode verificar a expressão cinética
obtida (validação) utilizando o botão
"Testar resultados". Surgirá uma nova
janela, onde serão inseridos seus
resultados. Será gerado um programa para GNU Octave que permitirá a comparar os dados
do experimento com a expressão cinética. Grave o programa no local adequado ao GNU
Octave e execute-o. Será gerado o arquivo "t_CA_CB.txt". No editor "mEd:m-file editor" o
arquivo pode ser ajustado para ser trabalhado em planilha eletrônica através do menu
"Ferramentas". Caso não possua o editor mEd, basta remover todas as linhas iniciadas com
# e substituir o separador decimal "ponto" (.) por vírgula (,). As figuras a seguir apresentam,
respectivamente, interface do software VLAB, janela do VLAB para testes dos resultados e
mEd+Octave (destacada a ferramenta de ajuste de arquivos de saída do Octave para
planilha eletrônica). O uso de VLAB está documentado em Mazzucco, et all, 2005.
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
90
Introdução à Cinética Química
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
Determinação de Parâmetros Cinéticos - Marcos Marcelino Mazzucco -
93
Introdução à Cinética Química
3. INTRODUÇÃO AO CÁLCULO DE REATORES QUÍMICOS IDEAIS
ENGENHARIA QUÍMICA X REATORES QUÍMICOS
REATORES IDEAIS
BATCH
CSTR
FPR
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
94
Introdução à Cinética Química
3.1.A ENGENHARIA QUÍMICA COMO PROFISSÃO
A Engenharia Química foi concebida na Inglaterra, por volta de 1887, por George E.
Davis, que percebeu que os problemas da indústria química eram frequentemente ligados à
engenharia e que, os princípios científicos subjacentes às distintas operações produtivas
eram fundamentalmente os mesmos. Estes princípios passaram a ser conhecidos como
“Operações Unitárias”.
Procurando dar um direcionamento apropriado para o profissional desta área,
George Davis, em 1901, escreveu seu Handbook of Chemical Engineering que, ao invés de
descrever apenas os processos químicos, estudou algumas etapas de processamento
comuns a um grande número destes processos.
Entretanto, o marco inicial do desenvolvimento da ciência engenharia química está
no relatório apresentado e publicado em 1915, pelo consultor norte americano Arthur D.
Little. Ele era presidente do comitê e Inspetor do Departamento de Química e Engenharia
Química do MIT (Massachusetts Institute of Technology) e havia sido contratado para
elaborar um estudo que definisse, com precisão, o que era a Engenharia Química.
No estudo está escrito: “A engenharia química não é uma mistura de química e
mecânica, mas, uma ciência única, baseada nas operações unitárias, as quais, coordenadas
e numa sequência particular, formam um processo químico industrial”.
O desenvolvimento da profissão de engenheiro químico, no Brasil, remonta ao início
do século. O primeiro Curso de Engenharia Química brasileiro foi criado em 1925, na Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, tendo como precursor o Curso de Engenharia
Industrial criado no ano de 1893. A partir deste período, os cursos proliferaram, havendo,
em1999, o registro de cerca de 47 cursos de Engenharia Química em todo o território
nacional. Este crescimento acompanhou, de certa forma, o desenvolvimento e o
crescimento da chamada indústria química brasileira.
No estudo da Engenharia Química no Brasil, procurou-se seguir o que estava
acontecendo nos centros mais desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos e
Inglaterra. Assim, observou-se que as etapas de processamento físico podiam ser
simplificadas e que os processos como um todo seriam mais econômicos, se as reações
químicas fossem melhor controladas e conduzidas. Portanto, maior atenção foi dada ao
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
95
Introdução à Cinética Química
cálculo de reatores químicos. Entre 1940 e 1970 deu-se ênfase ao estudo de fenômenos de
transporte, cinética aplicada, termodinâmica, computação eletrônica etc.
A importância de se modelar, matematicamente, uma operação ou um processo
como um todo está aumentando, e a simulação desses processos, por meio de
computador, assume importância capital, tanto na linha da otimização quanto na fixação das
condições ótimas de operação.
A descoberta de petróleo no Brasil e a deflagração da segunda guerra mundial,
privando o Brasil de produtos químicos para a indústria e para as necessidades gerais, tais
como: combustível, cloro, soda cáustica, obtenção de hidrogênio, amoníaco sintético para a
indústria de fertilizantes e outros, provocaram o desenvolvimento da pesquisa e de
processos na área química.
No final da década de 60, houve a implantação da indústria petroquímica no país e a
crise do petróleo, surgida em 1973, levou o país à busca de novas alternativas, surgindo o
álcool combustível.
É importante salientar que a Engenharia Química, como todos os outros ramos da
engenharia, aplica princípios físicos, mas sendo obrigada também a aplicar
simultaneamente, princípios econômicos e de relações humanas. O engenheiro químico
deve projetar um processo eficiente do ponto de vista teórico, viável economicamente, limpo
do ponto de vista ambiental, que não desrespeite as normas de segurança e de saúde dos
trabalhadores e que não atente contra os princípios e leis que regem a convivência humana.
O Engenheiro Químico planeja, calcula, constrói e opera não só o processo em si,
mas os equipamentos onde as transformações ocorrem. É envolvido, portanto, com
cálculos, desenhos, materiais de construção, planejamento, compras, organizações do
trabalho, etc., atividades típicas de um engenheiro.
A característica marcante da Engenharia Química, em comparação com outros
ramos da Engenharia, é a sua abrangência, uma característica que resulta de sua peculiar e
ampla base física, química e matemática. (Projeto Pedagógico do Curso de Engenharia
Química - UNISUL; 2001.
O tratamento matemático de processos químicos, faz uso de ferramentas como
equações algébricas, integrais, diferenciais parciais e ordinárias para delinear os fenômenos
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
96
Introdução à Cinética Química
físico-químicos envolvidos em reações químicas. Neste ponto, devemos fazer distinção
entre os processos químicos baseados em reações químicas e aqueles baseados na
manipulação de produtos químicos. Todos estes processos são de responsabilidade do
engenheiro químico, contudo, apenas aqueles que envolvem reações químicas serão alvo
de nossos estudos.
Os principais requisitos para o projeto de reatores são os conhecimentos dos
fenômenos cinéticos (homogêneos e heterogêneos), termodinâmicos e de transporte
aplicados aos balanços de massa e energia, em problemas com reações químicas.
3.2.REATORES IDEAIS
O ponto de partida para a proposta de sistemas reativos está baseada em um grupo
de equipamentos denominados reatores ideais. São assim, chamados, por utilizarem
modelos de escoamento (ou mistura) ideais. Os reatores ideais são:
Reator Batelada, Tanque Agitado ou BSTR (Batch Stirred Tank Reactor) ou Batch;
Reator Contínuo Tipo tanque agitado ou CSTR (Continuous Stirred Tank Reactor) ou
CFSTR (Continuous Flow Stirred Tank Reactor) ou Back mix;
Reator Contínuo Tipo Tubular com Fluxo Pistonado ou PFR (Plug-Flow Reactor);
Para os dois primeiros, a condição de idealidade se refere ao modelo de mistura
(mistura perfeita) e para o último se refere ao modelo de escoamento (Pistonado), os quais
serão discutidos individualmente.
A aplicação do balanço molar sobre reatores químicos, requer o conhecimento da
taxa de reação, ou seja, da expressão cinética desta. A taxa de uma reação pode ser
expressa em relação a um componente j como sendo o número de moles da espécie j que
se forma ou desaparece por unidade de tempo por unidade de volume de reação, ou seja:
dtdN
Vr j
j1=
A taxa de uma reação pode ser expressa em relação a:
- Volume de reação;
- Volume do reator;
- Massa (para reações envolvendo sólidos);
- Massa de catalisador (para reações catalíticas);
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
97
Introdução à Cinética Química
As equações de projeto para os reatores ideais são obtidas a partir dos balanços de
massa individual; sobre cada um dos equipamentos, os quais serão desenvolvidos a seguir.
3.3.BALANÇOS DE MASSA EM REATORES IDEAIS
Considerando uma espécie reativa j em um sistema contínuo com uma corrente de
entrada e uma corrente de saída, o balanço molar para esta espécie fica:
dtdN
GFF jjjj =+−0
Gj é o termo de geração, e expressa o consumo ou formação da espécie j para o
volume de reação. Com a taxa de reação expressa para cada unidade de volume, temos
que para um certo volume ∆V o termo de geração é dado por:
VrG jVj ∆=∆
Estendendo o termo de geração para o volume total de reação (V)
∑ ∆=V
jj VrG
Tomando o limite quando ∆V→0:
dVrdG jj =
Integrando o termo de geração para o volume total de reação (V)
∫=V
jj dVrG
Se o conteúdo do reator é bem misturado:
∫∫ ==V
j
V
jj dVrdVrG
VrG jj =
Assim, o balanço molar para a espécie j fica:
dtdN
dVrFF jV
jjj =+− ∫0
Aplicando a equação do balanço molar para cada um dos reatores ideais são obtidas
as equações de projeto.
3.3.1. Reator Batelada (Batch, BSTR)
São reatores que não apresentam fluxos de entrada ou saída, cujos conteúdos são
espacialmente uniformes (mistura perfeita).Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
98
Introdução à Cinética Química
Isotérmico/pressurizado Isotérmico/aberto Adiabático/pressurizadoFigura 3.1- Reatores Batelada
A condição de uniformidade espacial implica na igualdade das condições de
temperatura e composição (concentração) ao longo do volume de reação; assim, a taxa de
reação independe deste e o termo de geração reduz-se a VrG jj = . Desta forma, a
expressão do balanço molar para uma espécie j sobre um reator do tipo batelada fica:
dtdN
dVrFF jV
jjj =+− ∫0
Vrdt
dNj
j = (3.1)
Se o volume de reação não é constante:
( ) ( )Vr
dtVCd
VrdtNd
jj
jj =→=
Aplicando a regra da cadeia:
( ) ( ) ( )Vr
dtVdC
dtCVd
Vrdt
VCdj
jjj
j =+→=
( ) ( ) ( )j
jjj
jj rdtdV
VC
dtCd
Vrdt
VdCdtCVd
=+→=+
( )jj
j rdt
VlndCdt
dC=+ )( (3.2)
A equação anterior descreve um reator semi-batelada com variação de volume se i
não é a espécie alimentada.
Se o volume de reação é constante:
dtr
dCr
dtdC
rdtVN
d
j
jj
jj
j
=→=→=
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
99
Introdução à Cinética Química
j
j
rdC
dt =
Integrando com Cj=Cj0 em t=0 e Cj=Cj em t=t:
∫=j
j
C
C j
j
rdC
t0
(3.3)
A partir da tabela estequiométrica (j=A):
NA=NA0(1-X)
( )Vr
dt-XNd
AA =
)1(0 VrdtdX
A=− A0N
Para um sistema a volume constante (tipicamente em fase líquida):
ArdtdX =− A0C
O tempo para que uma determinada conversão X seja atingida em um reator do tipo
batelada é:
VrdXNdt
AA −
= 0
Para volume variável: Para volume constante:
∫ −=
X
AA Vr
dXNt00 (3.4) ∫ −
=X
AA r
dXCt00 (3.5)
Para reatores do tipo Batelada, o parâmetro de projeto é o TEMPO DE REAÇÃO.
Observações:Durante muito tempo, os reatores batelada foram aplicados apenas para pequenas
produções, porém com a crescente capacidade computacional e o barateamento dos
mecanismos de controle e automação, o número de aplicações de grande porte cresceu
muito. Para aplicações em pequena escala, testes de novos produtos e fabricação de
materiais com alto valor comercial são indicados reatores desta espécie. Processos que
apresentem dificuldades para operação contínua, como a presença de sólidos em
suspensão e fluidos com altas viscosidades, também são indicados reatores batelada. São
reatores que apresentam elevada conversão por unidade de volume, desde que os
reagentes podem ser mantidos no reator durante longos períodos de tempo. Por outro lado
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
100
Introdução à Cinética Química
apresentam alto custo de produção e são necessários grandes volumes para grandes
produções. Além do tempo de reação é necessário que se considere o tempo de ciclo, ou
seja, os tempos requeridos para carga, descarga e limpeza, que podem até superar o tempo
de reação, em alguns casos, os quais não são obtidos a partir da equação de projeto.
tCiclo= tcarga + tReação + tDescarga + tLimpeza (3.6)
Uma ilustração típica de um sistema de reação em batelada para polimerização foi
apresentado por Mazzucco (2003).
Figura 3.2 - Um sistema em batelada para polimerização de Estireno.
3.3.2. Reator Contínuo Tipo Tanque Agitado (CSTR)
Conhecido como CSTR, Continuous Stirred Tank Reactor, é um reator constituído
por um tanque com fluxo contínuo, na maioria dos casos, operado em estado estacionário e
perfeitamente agitado (condição de uniformidade espacial: implica na igualdade das
condições de temperatura e composição (concentração) ao longo do volume de reação).
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
101
Introdução à Cinética Química
FJo
FJ
dNJ/dt=0
Figura 3.3 - CSTR típico.
dtdN
GFF jjjj =+−0
O termo de geração reduz-se a VrG jj = .
.)(0
0
estacestado
jjjj dt
dNVrFF =+−
00 =+− VrFF jjj
( )j
jj
rFF
V−
−= 0
(3.7)
Onde: V= Volume de reação
Fj= Fluxo molar de j (gmol/min, por ex.)
Cj= Concentração molar de j (gmol/L, por ex.)
v= Velocidade de fluxo volumétrico (L/min, por ex.)
Fj=CjvA partir da tabela estequiométrica (j=A):
FA=FA0(1-X)
A
AA
rXFF
V−
−−=
)1(00
A
A
rXFV
−= 0 (3.8)
Para CSTR's, o parâmetro de projeto é o VOLUME DE REAÇÃO.
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
102
Introdução à Cinética Química
Observações:Como o conteúdo do
reator é espacialmente
uniforme, as taxas de reação,
rj, no interior e na saída deste
são iguais.
CSTR's são indicados,
principalmente, para reações
em fase líquida que requerem
agitação intensa.
São sistemas onde a
temperatura pode ser facilmente controlada e são facilmente associados em série ou
paralelo.
1.1.1.2 Atividade Escreva a equação de projeto para um CSTR com um volume diferencial.
3.3.3. Reator Tubular com Fluxo Pistonado (PFR- Plug Flow Reactor)
Consiste de um tubo, normalmente cilíndrico, operado em estado estacionário. O
Reator Tubular com fluxo Pistonado (plug-flow) é aquele onde não ocorre variação das
condições de temperatura e composição na direção radial (raio) deste, mas apenas ocorre
na direção axial (comprimento) do mesmo. Os reagentes são alimentados continuamente e
são consumidos ao longo do comprimento do reator. A taxa de reação varia, portanto, na
direção axial do reator (para reações com ordem maior que zero).
FJoFJ
Figura 3.5 - PFR típico.
O balanço molar para o PFR fica:
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
dNjdt
Fj0
Fj1
=0
dNjdt =0
dNjdt =0
1
2
3
dNjdt =0
n
...
X1
Fj2
X2
Fj3X3
FjnXn
dNjdt Fj
=0
1
X1
dNjdt Fj
=0
2
X1
dNjdt Fj
=0
1
X1
Fj0
Fj0
Fj0
3 × Fj0
Figura 3.4 - CSTR's em série e paralelo.
103
Introdução à Cinética Química
Fj0 FjdNj
dt =0
zx
y
Gj
z
dtdN
dVrFF jV
jjj =+− ∫0
00 =+− ∫V
jjj dVrFF
Como a taxa de reação varia ao longo do volume do reator,
faremos uma divisão deste em sub-volumes de tamanho ∆V, os
quais serão admitidos especialmente uniformes:
O balanço molar fica:
0=∆+−∆+
VrFF
jzz
j
z
j
Como ∆V= Área . ∆z
0)( =∆⋅+−∆+
zÁrearFF
jzz
j
z
j→
Árearz
FF
jzz
j
z
j
⋅−=∆
−∆+
Tomando o limite quando ∆z→0:
ÁreardzdF
jj ⋅−=
−
Como dV= Área . dz → jj r
dVdF
−=−
→ jj r
dVdF
= (3.9)
A partir da tabela estequiométrica (j=A):
FA=FA0(1-X)
AA r
dVdF =
( )A
A rdV
XFd=
− )1(0
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
Fj
dNj
dt=0
Fj∆ V
y
x
z
z z+ ∆ z∆ z
104
Introdução à Cinética Química
AA rdVdXF =− 0 AA r
dVdXF −=0
∫∫== −
=X
X AA
V
V rdXFdV
00
0
∫ −=
X
AA r
dXFV00 (3.10)
Para reatores PFR, o parâmetro de projeto é o VOLUME DE REAÇÃO ou o COMPRIMENTO DO REATOR.
Observações:São aplicados, principalmente, à reações em faz gasosa. Permitem alta conversão
por unidade de volume ( maior que o CSTR). A disponibilidade de área para troca térmica
permite altas taxas de remoção calor. Porém, podem ocorrer pontos quentes (hots-pots)
para reações altamente exotérmicas o que pode danificar os tubos ou alterar as
características do produto. Devido à extensão dos tubos ser grande, a manutenção da
temperatura ideal em toda extensão destes pode tornar-se difícil. Podem ser associados em
paralelo, obtendo-se grandes produções em pequenas áreas de produção. Estas
associações formam bancos de tubos, o que facilita a remoção de calor, reduzindo os
gastos de operação. Podem ser associados em paralelo para um aumento de produção
escalável. São sistemas com manutenção simples, por não possuírem partes móveis.Fj0 dNj
dt =0 1Fj1 Fj2dNj
dt =0 2Fj3dNj
dt =0 3FjndNj
dt =0 n...X1 X2 X3 Xn
Fj0 dNj
dt =0 1Fj
X
Fj0 dNj
dt =0 2Fj
X
Fj0 dNj
dt =0 3Fj
X
3×Fj0
3.3.4. Tempo Espacial e Velocidade Espacial
O tempo espacial (τ) ou tempo médio de residência é definido como o tempo
necessário para processar um volume de reator (de fluido contido no reator) nas condições
do fluxo de entrada.
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
105
Introdução à Cinética Química
ovV=τ sm
sm
=⇒ 3
3 (3.11)
Para um PFR o tempo espacial pode ser expresso como:
∫∫∫
−=
−=
−==
X
AA
X
A
A
X
AA
rdXC
rdX
vvC
vr
dXF
vV
00
00
00
0
00
0
τ
Para um CSTR o tempo espacial pode ser expresso como:
AA
A
AAA
rXC
rX
vvC
vrXF
vV
−=
−=
−== 0
0
00
0
0
0
τ
A velocidade espacial (SV) é a recíproca do tempo espacial e é definida como:
τ1==
Vv
SV o 13
3−=⇒ s
ms
m
3.3.5. Reator Semi Batelada
São aqueles onde um dos reagentes é alimentado continuamente, enquanto o outro
é mantido no reator, ou ainda um ou mais produtos são removidos
continuamente. São reatores que apresentam alta conversão e com controle
de temperatura eficiente. A minimização de reações secundárias pode ser
realizada neste sistema. Reações onde é borbulhado um reagente gasoso
sobre outro líquido configuram-se neste esquema. Porém, as mesmas
restrições dos reatores batelada, apresentam-se neste.
De forma diferente dos reatores anteriores, o balanço de massa global não resulta
em estado estacionário, e portanto a variação de volume deve ser considerada.
Considere-se a reação A+B→C, executada num esquema semi-batelada onde B está
contido no reator e A é alimentado.
Balanço de Massa Global:
dtdm
F =− 00
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
dNB
dt
Reagente A
B
106
Introdução à Cinética Química
dtdVv ρρ =− 000
Integrando:
∫∫ =t
t
V
VdtvdV
00
00
ρρ
( )000
0 ttvVV −+=ρ
ρ
Se as densidades forem aproximadamente iguais e t0=0:
tvVV 00 += (3.12)
0vdtdV = (3.13)
Onde:
F0= fluxo mássico da corrente que contém A
m= massa contida no reator (f(t))
ρ= densidade (massa mistura/volume de mistura)
ρ0= densidade da corrente que contém A.
V; V0= volume da mistura
v0= fluxo volumétrico da corrente que contém A (volume/tempo).
t= tempo
Balanço de Massa para a espécie A:
dtdNdVrF A
V
AA =+− ∫00
dtdNVrF A
AA =+0
Com V=f(t).
( )dt
VCdVrF AAA =+0
Aplicando a regra da cadeia:
dtdVC
dtdCVVrF A
AAA +=+0
Para o caso de densidades da mistura no sistema e na entrada aproximadamente
iguais:
00 vCdt
dCVVrF AA
AA +=+
Como FA0=CA0v0:
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
107
Introdução à Cinética Química
000 vCdt
dCVVrvC AA
AA +=+
( )( )VrCCvVdt
dCAAA
A +−= 001
(3.14)
Balanço de Massa para a espécie B:
dtdNdVr B
V
B =+− ∫00
dtdNVr B
B =
( )dt
VCdVr BB =
( ) ( )dtVdC
dtCdVVr B
BB +=
0vCdt
dCVVr BB
B +=
( )01 vCVrVdt
dCBB
B −= (3.15)
Deve-se observar que a definição de conversão do reagente limite A não pode ser
aplicada desde que não é possível diferenciar qual a fração variação do número de moles
que ocorre no sistema é devida à reação ao invés da alimentação desta.
Se for definida a conversão em relação a B pode-se escrever:
XB=(NB0-NB)/NB0
Assim:
NB=NB0-NB0XB
NA=NA0+FA0t-a/bNA0XB
3.3.6. Outros Reatores Industriais
Variações dos reatores ideais são encontradas nos ambientes industriais para
adequação à situações específicas. O reator semi-batelada constitui um exemplo.
Reatores de Leito fixo ou empacotado são reatores tubulares cujo interior está
preenchido com catalisador sólido, constituindo um sistema heterogêneo. Possuem alta
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
108
Introdução à Cinética Química
conversão por massa de catalisador de forma semelhante ao PFR. Apresentam problemas
no controle de temperatura, e formação de caminhos preferenciais no leito catalítico, além
de problemas específicos com o catalisador (efeitos de transferência de calor e massa,
desativação, etc).
Reatores em leito de lama, com borbulhamento de gases, com reciclo, em leito
fluidizado, etc. são desenvolvimentos específicos.
3.4.ESTEQUIOMETRIA
Como as equações de projeto requerem apenas o balanço molar para uma espécie
química (normalmente o reagente limite) utilizamos a tabela estequiométrica para determinar
as quantidades, concentrações e Fluxos das demais espécies químicas, bem como a
composição da mistura que deixa o reator.
Considere-se a reação aA+bB+cC→dD+eE+fF
XNNN AAA 00 −=
XNabNN ABB 00 −=
XNacNN ACC 00 −=
XNadNN ADD 00 +=
XNaeNN AEE 00 +=
XNafNN AFF 00 +=
O N° de moles total é:
XNab
ac
ad
ae
afNNNNNNN AFEDCBAT 0000000 )1()( −−−++++++++=
XNNN ATT 00 δ+=
Onde NT0= Número total de moles inicial
δ= Variação do N° de moles na reação
De uma forma genérica:
( )XNN jjAj φ+Θ= 0 (3.16)
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
109
Introdução à Cinética Química
onde: Θj=Nj0/NA0
φj=Coef. Esteq. de j (- para reagentes; + para produtos) Coef. Esteq A
Ex:
−= X
aa
NN
NNAo
AAA
00 → ( )XNN AA −= 10
−= X
ab
NN
NNAo
BAB
00 →
−= X
ab
NN
NNAo
BAB
00
Relacionando o N° de moles com o volume (constante):
( )XV
NVN
jjAj φ+Θ= 0
( )XCC jjAj φ+Θ= 0 (3.17)
Relacionando o N° de moles com o fluxo volumétrico :
Fj=Cj . v
( )XvCvC jjAj φ+Θ⋅=⋅ 0
( )XFF jjAj φ+Θ= 0 (3.18)
Para a reação aA+bB+cC→dD+eE+fF
( )XFF AA −= 10
−Θ= X
abFF BAB 0
−Θ= X
acFF CAC 0
+Θ= X
adFF DAD 0
+Θ= X
aeFF EAE 0
+Θ= X
afFF FAF 0
O Fluxo total dado por:
FT=FT0+δFA0X
Para sistemas gasosos com volume (V) ou velocidade de fluxo volumétrico (v) variando
durante o percurso da reação pode-se obter expressões adequadas. Considerando a
equação dos gases ideais:
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
110
Introdução à Cinética Química
PV=NTRT
Com NT=NT0+δNA0X
Nas condições iniciais:
P0 V0 =NT0RT0
Relacionando o estado do sistema com o estado inicial:
RTNRTN
PVVP
T
T 0000 =
Isolando V:
00
00 TPN
TNPVV
T
T=
O termo NT/NT0 pode ser representado por:
0
00
0 T
AT
T
T
NXNN
NN δ+
=
0
0
0
1T
A
T
T
NXN
NN δ
+=
XyNN
AT
T0
0
1 δ+=
onde: yA0= fração molar de A na fase gasosa.
Assim:
( )XyTT
PP
VV A00
00 1 δ+=
Definindo a variação do número de moles no sistema como:
ε=δyA0 (3.19)
Assim:
( )XTT
PP
VV ε+= 10
00 (3.20)
A concentração pode ser expressa por:
( )XV
NVN
jjAj φ+Θ= 0
( )( )X
XTT
PP
V
NC jj
Aj φ
ε+Θ
+=
10
00
0
TT
PP
XX
CC jjAj
0
00 1
++Θ
=εφ
(3.21)
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
111
Introdução à Cinética Química
Para o caso de um sistema com fluxo contínuo onde ocorre uma variação da velocidade de
fluxo volumétrico com o curso da reação, têm-se:
PV=NTRT
CT=P/(RT)
0
0
0
00 v
FRTP
C TT ==
Relacionando o estado do sistema com o estado inicial:
0
0
0
0RT
PRT
P
vF
vF
T
T
=
Isolando v:
0
0
00 T
TPP
FFvv
T
T=
como FT=FT0+δFA0X:
( )0
00 1
TT
PP
Xvv ε+=
A concentração para uma espécie gasosa j com variação de velocidade de fluxo é:
TT
PP
XX
CC jjAj
0
00 1
++Θ
=εφ
Obs.: Para reatores semi-batelada as equações estequiométricas devem considerar o(s)
fluxo(s) do(s) reagente(s)/produto(s).
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
112
Introdução à Cinética Química
3.5.EXEMPLOS/EXERCÍCIOS
1. Considere os seguintes dados:
Reação A→B
K= 0,005min-1
CA0=2gmol/L
Fase líquida
a) Determine o tempo de reação requerido para que uma conversão de 50% seja obtida em
um reator batelada.
b) Para um reator batelada de 2 000L onde se deseja processar 2 000L de reagente em 1h
com tCarga+tDescarga+tLimpeza=0,25h, determine qual conversão pode ser obtida.
c) Deseja-se uma taxa de produção de 2 000L/h de solução (produto) com uma
concentração final de B igual a 1,5gmol/L, sendo que as bombas de carga + descarga
possuem uma capacidade de 160L/min. Qual deverá ser o volume de batelada do reator
(despreze o tempo de limpeza).
d) Determine o volume de um CSTR para um fluxo volumétrico de 2 000L/h, sendo a
concentração final de B igual a 1,5gmol/L.
e) Determine a conversão final de um sistema composto por dois CSTRs em série para um
fluxo volumétrico de 2 000L/h, sendo que o volume de cada tanque é 10 000L
f) Determine a conversão de um PFR de 20 000L para um fluxo volumétrico de 2 000L/h.
g) Determine a conversão final de um sistema composto por dois PFRs em série para um
fluxo volumétrico de 2 000L/h, sendo que o volume de cada tanque é 10 000L.
Soluções:
a) t=0 t=?
dNA
dt →
dNA
dt
CA0=2gmol/L CA, CB, X=0,5
rA=-0,005CA
dtdN
GFF jjjj =+−0
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
113
Introdução à Cinética Química
dtdN
dVrFF jV
jjj =+− ∫0
Vrdt
dNj
j =
Se o volume de reação é constante:
Com CA=CA0 em t=0 e CA=CA em t=t:
∫∫ =A
A
C
C A
At
t rdCdt
00
CA=CA0(1-X)
CA=2 (1-0,5)
CA=1gmol/L
∫∫ =1
20 A
At
rdCdt
∫ −=
1
2 005,0 A
A
CdCt
t=-(Ln(1)- Ln(2))/0,005
t=138,63min=2,3h
Desenvolva a solução utilizando ∫ −=
X
AA r
dXCt00 :
Exercício: Faça um gráfico mostrando a variação da concentração e da conversão no
reator ao longo do tempo para concentrações iniciais de A iguais a 2 , 4 e 8gmol/L.
b)
dNAdt
dNAdt
dNAdt
dNAdtC
arga
Rea
ção
Des
carg
a
Lim
peza
tC tR tD tL
tCiclo= tC + tR + tD + tL
tCarga+tDescarga+tLimpeza=0,25h= 15min
Para processar 2 000 L de solução reagente em um reator de 2 000L em 1h (60min):
tCiclo= tC + tD + tL + tR
60 = 15 + tR
tR=45 min (tempo de reação)
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
114
Introdução à Cinética Química
dtdN
dVrFF jV
jjj =+− ∫0
Vrdt
dNj
j =
Se o volume de reação é constante:
Com CA=CA0 em t=0 e CA=CA em t=t:
∫∫ =A
A
C
C A
At
t rdCdt
00
(tempo de reação)
∫∫ −=
AC
A
A
CdCdt
2
45
0 005,0
-0,025=Ln(CA)-Ln(2)
-0,025=Ln(CA/2)
CA/2=e-0,025
CA=1,597gmol/L
Como: CA=CA0(1-X):
1,597=2(1-X)
X=0,2015=20,15%
Desenvolva a solução utilizando ∫ −=
X
AA r
dXCt00 :
Exercício: Comente as possibilidades do aumento de conversão para 80%.
c)
A conversão pode ser determinada a partir da concentração final de B (V=cte):
CB=CA0(ΘB+b/aX)
1,5=2(0 +1X)
X=0,75
A concentração final de A é:
CA=CA0(1-X)
CA=2(1-0,75)
CA=0,5gmol/L
∫∫ =A
A
C
C A
At
t rdCdt
00
Desenvolva a solução utilizando ∫ −=
X
AA r
dXCt00 :
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
115
Introdução à Cinética Química
Com CA=CA0 em t=0 e CA=CA em t=t:
∫∫ −=
5,0
20 005,0 A
At
CdCdt
t= Ln(0,5/2)/-0,005
t=277,26min≅4,6h
Como é necessário processar 2 000L/h e a reação demora 4,6h é necessário um reator com
um volume 4,6 vezes maior, ou seja, 9 200L. Porém, o tempo total para o processamento
envolve os tempos de carga e descarga (desde que o tempo de limpeza é desconsiderado).
Assim o volume do reator deve ser maior que 9 200L para que a meta de 2 000L/h seja
obtida.
O volume do reator pode ser calculado como:
VBATCH=VP . tCiclo
Onde:
VP= volume horário de produção (L/h)
tCiclo= Tempo (h) para um ciclo de reação (Carga+Reação+
Limpeza+Descarga)
O tempo para movimentar 2 000L para carga é de 2 000L/(160L/min)=12,5min
O tempo para movimentar 2 000L para descarga é de
2 000L/160L/min=12,5min
O tempo total para movimentar 2 000L (carga + descarga) é de
12,5min+12,5min=25min
O tempo para carregar e descarregar um Volume qualquer é:
tC+tD= VC / vC + VD / vD
VC= Volume Transferido durante a Carga (L)
vC= Velocidade de fluxo volumétrico durante a carga (L/h)
VD= Volume Transferido durante a Descarga (L)
vD= Velocidade de fluxo volumétrico durante a descarga (L/h)
O Volume transferido durante a carga do reator é o volume de reação, o qual equivale ao
volume a ser descarregado se a densidade se mantiver constante (V=VC=VD).
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
116
Introdução à Cinética Química
tC+tD= V/160 + V/160 (L / (L/min)=min)
tC+tD= V/80 (min)
tC+tD= (V/80)min . 1h/60min=V/4800 (h)
tCiclo= tC + tD + tL + tR
tCiclo= V/4800 + tR (h)
VBATCH=VP . tCiclo
VBATCH=2 000L/h . (VBATCH/4800 + tR) h
VBATCH=2 000 .( VBATCH/4800 + 4,6)
VBATCH-2 000 . VBATCH/4800 =2000 . 4,6
VBATCH-0,41667VBATCH =9200
VBATCH=15 771,43L ≅ 16 000L ≅ 16 m3
Assim:
tCiclo= 16 000/4800 + 4,6
tCiclo= 7,93h
Temos 16 000L processados em 7,93h = 2017,7L/h
Exercício: Determine o volume do reator para processar 5 000L/h.
d)
dNA
dt
FA0
FA
=0
X
v0=2000L/hCA0=2gmol/L
.)(0
0
estacestado
AAAA dt
dNVrFF =+−
00 =+− VrFF AAA
( )A
AA
rFF
V−
−= 0 ; com FA=CAv
FA0=CA0v0
FA0=2gmol/L . 2 000L/h
FA0= 4 000 gmol/h = 66,67 gmol/minIntrodução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
117
Introdução à Cinética Química
A conversão pode ser determinada a partir da concentração final de B (V=cte):
CB=CA0(ΘB+b/aX)
1,5=2(0 +1X)
X=0,75
A concentração final de A é:
CA=CA0(1-X)
CA=2(1-0,75)
CA=0,5gmol/L O fluxo molar de A na saída do reator é:
FA=CAv
FA=0,5gmol/L . 2 000L/h
FA= 1 000 gmol /h
FA= 16,67 gmol/min
Também pode ser calculado por:
FA=FA0(1-X)
FA=66,67(1-0,75)
FA= 16,67 gmol/min
O volume do reator fica:
( )A
AA
rFF
V−
−= 0
( )AC
V005,0
67,1667,66 −=
( )5,0005,067,1667,66
⋅−=V
LV 00020=
Desenvolva a solução utilizando FA0=CA0v0 e
A
A
rXFV
−= 0 :
Como o conteúdo reacional, em um CSTR, é espacialmente uniforme, a
concentração de A na saída do tanque é a mesma do interior deste (CA=CA Saída)
e)
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
118
Introdução à Cinética Química
dNA
dt
FA0
FA1
=0
X1
v0=2000L/hCA0=2gmol/L
dNA
dt =0
2
FA2
X2
1
CA1
CA2
V1=10 000L
V2=10 000L
Para o reator (1):FA0=CA0v0
FA0=2gmol/L . 2 000L/h
FA0= 4 000 gmol /h = 66,67 gmol/min
( )1
101
A
AA
rFF
V−
−=
FA1=CA1 . v1
v1=2 000L/h=33,33L/min
( )1
1 33,3367,6600010A
A
rC
−⋅−
=
( )1
1
005,033,3367,66
00010A
A
CC
⋅⋅−
=
CA1=0,8gmol/L
CA1=CA0(1-X1)
0,8=2(1-X1)
X1=0,6(60% de conversão em relação a
entrada do reator 2)
FA1=FA0(1-X1)
FA1=66,67(1-0,6)
FA1=26,67gmol/min
Desenvolva a solução utilizando
ireatorA
Aireator r
XFV
−
= 0)( e CA_i=CA0_i(1-Xi):
Para o reator (2):
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
119
Introdução à Cinética Química
( )2
212
A
AA
rFFV
−−
=
( )2
2 33,3367,2600010
A
A
rC
−⋅−
=
( )2
2
005,033,3367,26
00010A
A
CC
⋅⋅−
=
CA2=0,32gmol/L
CA2=CA1(1-X2)
0,32=0,8(1-X2)
X2=0,6 ( 60% de conversão em relação a entrada do reator 2)
FA2=FA1(1-X1)
FA2=26,67(1-0,6)
FA2=10,67gmol/min
Desenvolva a solução utilizando
ireatorA
Aireator r
XFV
−
= 0)( e CA_i=CA0_i(1-Xi):
A conversão total é:
0
20
A
AA
FFF
X−
=
67,6667,1067,66 −=X
X=0,84 (84% do fluxo molar inicial foi convertido nos dois reatores)Exercício: Repita este exemplo com 4 reatores em série com volume individual de 5 000L .
f)
FA0 dNj
dt =0FA
X
V=20 000L
v0=2000L/hCA0=2gmol/L
dtdNdVrFF A
V
AAA =+− ∫0
00 =+− ∫V
AAA dVrFF
AA r
dVdF =
Desenvolva a solução utilizando FA0=CA0v0 e
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
120
Introdução à Cinética Química
FA=CAv
( )A
A rdV
vCd=
Para uma velocidade de fluxo
volumétrico (v) constante:
AA r
dVdCv =
dVr
dCvA
A =
Integrando:
∫∫ =V
V
C
C A
A dVr
dCv
A
A 00
∫∫ =−
00020
02 005,033,33 dV
CdCAC
A
A
= )
2C
Ln( 0,005-33,3300020 A
CA=0,1gmol/L
CA=CA0(1-X)
0,1=2(1-X)
X=0,95 (95% de conversão)
∫ −=
X
AA r
dXFV00 :
Exercício: Faça um gráfico mostrando a evolução da conversão ao longo do volume do
reator.
g)
FA0 dNj
dt =0FA1
X1
V1=10 000L
v0=2000L/hCA0=2gmol/L dNj
dt =0FA2
X2
V2=10 000L
1 2
A equação de projeto é:
AA r
dVdF
=
FA=CAv
( )A
A rdV
vCd=
Para uma velocidade de fluxo volumétrico (v) constante:Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
121
Introdução à Cinética Química
AA r
dVdCv =
Integrando:
∫∫ =V
V
C
C A
A dVr
dCv
A
A 00
∫∫ =VC
C A
A dVr
dCvA
A 00
∫=A
A
C
C A
A
rdCvV
0
Para o reator (1):
∫=1
0
1
A
A
C
C A
Ao r
dCvV
∫ −=
1
2 005,033,3300010
AC
A
A
CdC
1
25,1 AC
ALnC=−
CA=0,4462gmol/LCA=CA0(1-X)
0,4462=2(1-X)
X=0,7769 (77,69% de conversão)FA1=FA0(1-X1)
FA1=66,67(1-0,7769)
FA1=14,87 gmol/minPara o reator (2):
∫=2
1
12
A
A
C
C A
A
rdCvV
∫ −=
2
4462,0 005,033,3300010
AC
A
A
CdC
2
4462,05,1 AC
ALnC=−
CA=0,1gmol/LCA2=CA1(1-X2)
0,1=0,4462(1-X2)
X=0,7759 (77,59% de conversão em relação a entrada do 2° reator)FA2=FA1(1-X2)
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
122
Introdução à Cinética Química
FA2=14,87(1-0,7759)
FA2=3,33 gmol/minA conversão total é:
0
20
A
AA
FFF
X−
=
67,6633,367,66 −=X
X=0,95 (95% do fluxo molar inicial foi convertido nos dois reatores)
2. Determinar o tempo requerido para que uma conversão de 60% seja obtida em um reator
em batelada se a reação A+2B→AB2, em fase líquida, a densidade constante for realizada.
Dados: CA0=2gmol/L
CB0=4gmol/L
k=1. 10-3 min-1 (L/gmol)1,5
Ordem em relação a A=1,5
Solução:
∫ −=
X
AA dX
rCt
00
1
A velocidade de reação é:
-rA= 1 .10-3 CAαCB
β
-rA= 1 .10-3 [CA0(1-X)α][CA0(θB-b/aX)]β
θB=CB0/CA0=4/2=2 (V=cte)
-rA= 1 .10-3 [CA0(1-X)1,5][CA0(2-2/1X)]1
-rA= 1 .10-3 [CA0(1-X)1,5][2CA0(1-1X)]
-rA= 2 .10-3 CA02,5(1-X)2,5
∫ −⋅= −
X
AA dX
XCCt
05,25,2
030 )1(102
1
Como CA0=2gmol/L
t=348min=5,8hExercício: Determine os tempos espaciais para um CSTR e um PFR.
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
123
Introdução à Cinética Química
3.6.EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES
1. Resolva o exemplo 1 com seguintes dados:
Reação A→B
K= 0,005 min-1 (gmol/L)-1
CA0=2gmol/L
2. Resolva o exemplo 1 com seguintes dados:
Reação A →B
K= 0,005 min-1 gmol/L
CA0=2gmol/L
3.7.EXERCÍCIOS PARA FIXAÇÃO
1. Considere a reação A+4B→2C, em fase líquida, cuja equação cinética pode ser modelada
por rA=-0,025CA0,5CB
0,5 (min-1.gmol/L). Preencha a tabela a seguir para a série de reatores
contínuos apresentada. As concentrações no início da série de A e B são, respectivamente,
2gmol/L e 8gmol/L e a velocidade do fluxo volumétrico é de 10L/min. Em todos os pontos de
divisão de corrente os fluxos são igualmente divididos. Calcule a conversão total do sistema.
1
2
3
4
5
6
7
X5
X1
X2
X3
X4
X6
X7
FA0
FB0
FA01
FA02FB02
FB01
XT
Reator V (L) X FA0 FB0 FA FB CA0 CA
1 0,3102 0,3203 0,3304 0,3405 1006 0,4607 0,470
XTotal=XT=
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
124
Introdução à Cinética Química
2.(ENC 2002) O programa a seguir, em linguagem GNU Octave (semelhante ao Matlab)
representa o modelo de uma reação conduzida isotermicamente, em fase líquida, para
produzir brometo de metila (C) a partir de cianeto de bromo (A) e metil amina (B). A notação
d(Ci)/d(t) representa a derivada da concentração molar (Ci), em relação ao tempo (t). São
mostrados também os gráficos com os resultados obtidos para um certo conjunto de
condições iniciais. Utilizando os dados fornecidos:
a) Esquematize a reação e identifique a sua ordem global;
b) Identifique, com relação a operação (forma de alimentação), se o reator é contínuo,
semicontínuo ou batelada;
c) Estime a conversão (X) de BrCN 100 unidades de tempo após o início da reação.
d) Realize todos os balanços de massa necessários.
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
125
Introdução à Cinética Química
%program sbclear all;%var global k v0 Cb0 Volume_0 Ca0 ;function [dCdt]= f(C,t) global k v0 Cb0 Volume_0 ca0; #C(1)=CA; C(2)=CB; dCdt(1)=dCA/dt; dCdt(2)=dCB/dt Volume=Volume_0+v0*t; ra=-k.*C(1)*C(2); rb=ra; rc=-ra; rd=2*rc; dCdt(1)=ra-v0*C(1)/Volume; dCdt(2)=rb+v0*(Cb0-C(2))/Volume; dCdt(3)=rc-v0*C(3)/Volume; dCdt(4)=rd-v0*C(4)/Volume;endfunction;%begin clc;clf; disp("__________Calculando:REATOR...__________________"); %>>Inicialização dos parâmetros da reação/processo k=2.2; v0=0.05; Cb0=0.025;#na corrente de alimentação Volume_0=5; Ca0=0.05; C0(1)=0.05; #Ca0 no reator C0(2)=0;#Cb0 no reator C0(3)=0; C0(4)=0; %>>end; %>>Integração numérica t=linspace(0,500,21); #intervalos de integração C=lsode("f",C0,t); #Integra %>>end; Volume=(Volume_0+v0.*t)'; X=(Ca0*Volume_0.-C(:,1).*Volume)./(Ca0*Volume_0); ra=-k.*C(:,1).*C(:,2); rc=-ra; %>>Gráficos %>>C x t; subplot(2,2,1);hold("on"); plot(t,C(:,1),"-+r;CA;"); #gráfico Caxt plot(t,C(:,2),"-*g;CB;");#gráfico Cbxt plot(t,C(:,3),"-ok;CC;");#gráfico Ccxt plot(t,C(:,4),"-m;CD;");#gráfico Cdxt grid("on"); xlabel("t");ylabel("C"); #nome dos eixos %>>V x t; subplot(2,2,2); plot(t,Volume,";V;"); grid("on");hold("off"); xlabel("t");ylabel("V"); %>>X x t; subplot(2,2,3); plot(t,X,";X;"); grid("on");hold("on"); xlabel("t");ylabel("X"); %>>r x t; subplot(2,2,4); hold("on"); plot(t,ra,"-r*;ra;"); plot(t,rc," -b;rc;"); grid("on"); xlabel("t"); ylabel("r"); %end; disp("Fim dos cálculos."); disp("Os resultados estão nos Gráficos");%end.
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
126
Introdução à Cinética Química
3. Você é o engenheiro responsável por um laboratório de projetos e pesquisas e recebe um
pedido de um cliente para dimensionar um reator para processar uma reação do tipo 2A→B, em
fase líquida. É requerido processar 5000L/h de reagente, onde a concentração típica obtida
comercialmente é de 4gmol/L. A conversão esperada é de aproximadamente 90%. Como a
cinética da reação é desconhecida, é necessário avaliá-la. Assim, você solicita à um de seus
químicos que analise a cinética da reação. Após alguns dias ele lhe remete os resultados que
seguem. O tempo de carga, descarga e limpeza do reator batelada é igual ao tempo de reação.
Para este caso, os reatores comerciais estão disponíveis em volumes que são múltiplos de
2500L. Determine a expressão cinética da reação e dimensione cada um dos reatores ideais
para formalizar o projeto. O resultado deve ser expresso na forma de um projeto completo, com
introdução, fundamentação teórica, resultados, análise, sugestões e conclusões. Considere
possibilidades como aumento de temperatura, alteração das condições iniciais, limitações de
cada reator, indicações, etc. Ilustre seu projeto com esquemas dos reatores com os dados
calculados.
t (min) CA (gmol/L)
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0 100 200 300 400 500 600t
CA
0 0,250 0,055396100 0,025471150 0,014563200 0,00909250 0,006735300 0,004961350 0,00401400 0,00334450 0,002609500 0,002247
ordem 2
y = 0.89x - 43.57R2 = 0.9634
0
100
200
300
400
500
0 100 200 300 400 500 600
t
CA-1
ordem 1
y = -8E-08x + 1R2 = 0.8935
0.999930.999940.999950.999960.999970.999980.99999
0 100 200 300 400 500 600
t
Ln(C
A)
ordem 3
y = 360.85x - 37643R2 = 0.80190
50000
100000
150000
200000
250000
0 100 200 300 400 500 600
t
CA-2
ordem 1.5
y = 0.0377x + 2.5409R2 = 0.9983
0
5
10
15
20
25
0 50 100 150 200 250 300
t
CA-0
.5
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
127
Introdução à Cinética Química
4.(ENC 1998) Uma estação de tratamento, destinada a reduzir o teor de um poluente
orgânico presente no efluente líquido de um processo industrial, é dotada de dois tanques
cilíndricos de 1,00 m de altura e diâmetros de 1,12 m e 1,60m , respectivamente (figura).
O primeiro tanque recebe, simultaneamente, uma corrente do efluente industrial a uma
vazão de 1.000 L/h , com concentração de 500ppm do poluente orgânico, e uma corrente de
água de diluição de 2.000 L/h . O segundo tanque recebe a descarga do primeiro e uma
corrente do efluente a uma vazão de 5.500 L/h, com concentração de 90 ppm de poluente.
Durante o processamento, o consumo de poluente obedece a uma lei cinética cuja
constante de velocidade de reação é dada por k = ko exp(- E / RT ) em h-1 , na qual:
ko = 4,4 x 10 4 h -1 , E = 6.000 cal/mol e R = 1,99 cal/(mol.K)
Admitindo-se mistura perfeita nos dois tanques:
(i) calcule o teor de poluente orgânico na saída da estação de tratamento à temperatura
ambiente de 27 °C.
(ii) discuta, de forma qualitativa, o que ocorre com o desempenho da estação nos meses de
inverno quando cai a temperatura ambiente.
5.(ENC 1999) O sistema de reação esboçado na figura a seguir é constituído de um reator
tubular (operando em regime de fluxo pistonado, plug flow) e de um reator de mistura.
Ambos operam isotermicamente, à mesma temperatura. Processa-se atualmente uma
reação de isomerização em fase líquida, considerada de primeira ordem e irreversível. Em
condições normais de operação, a válvula 3 está fechada, e as válvulas 1, 2, 4 e 5, abertas,
de forma a distribuir igualmente a vazão de alimentação entre os dois reatores. Uma pane
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
128
Introdução à Cinética Química
no sistema de controle provoca repentinamente um fechamento adicional na válvula 1 e uma
abertura correspondente na válvula 2, levando o sistema a um novo patamar de conversão.
a) Levando em consideração a situação descrita, esboce um gráfico mostrando,
qualitativamente, a evolução da conversão
total do sistema versus tempo, justificando-o. b) Calcule a conversão em cada um dos reatores ( Xt e Xm ), antes da pane no sistema de controle, considerando que o volume do reator de mistura é igual ao do reator tubular, e que a conversão total do sistema é de 50%.
6.(ENC 1999) Ao verificar o seu e-mail ao chegar ao trabalho, você encontra a seguinte
mensagem:
From: "G.I. Chephe" < [email protected]>To: "Lista Eng. Consult" < enc-
[email protected]>Subject: En: Consultoria urgente !!!
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
129
Introdução à Cinética Química
Date: Sun, 21 Mar 1999 19:06:12 -0300
Senhores Engos e Engas da Consult,
Temos enfrentado sérios problemas com o reator projetado por essa empresa. Sua
promessa de que a conversão mínima de 75% estaria garantida com a operação do reator a
120°C e pressão atmosférica só foi possível durante os três primeiros meses de operação.
Estamos tendo problemas desde que elevamos a temperatura para 180°C, pressionados
pela necessidade de aumentar a produção. Para tentar melhorar a conversão, mandei retirar
o recheio inerte e instalar um sistema de agitação que estava disponível em nossa fábrica.
Não conseguimos entender como um reator de três metros de comprimento e 20cm de
diâmetro pode ainda piorar seu desempenho, mesmo depois de instalarmos o sistema de
agitação. Claro que tratamos de alterar a vazão para manter a razão volume/vazão
constante, conforme recomendado no manual de operação do reator. Solicitamos com
urgência um parecer de Vossa Senhoria.
Atenciosamente,
Q. Romais
Diretor-Presidente Romais S/A
Favor responder com a maior brevidade possível a consulta encaminhada pelo Sr. Romais.
7.(ENC 2000) Uma regra prática diz que para cada dez graus Celsius de aumento na temperatura a velocidade de reação é duplicada. Na verdade, essa afirmação é válida somente para certas combinações de energia de ativação e faixas de temperatura. Com base nestas observações:
(a) calcule o percentual de diminuição de volume de reator, caso fosse possível aumentar de 100 °C para 120 °C a temperatura de operação de um reator de escoamento contínuo ideal isotérmico, mantendo a conversão e as outras condições de operação constantes;
(b) calcule a energia de ativação para essa reação.(questão já estudada no capítulo anterior)
Dados / Informações Adicionais:
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
130
Introdução à Cinética Química
Lei de Arrhenius: k(T) = Ae-E/RT
Constante universal dos gases ideais: R = 8,314 J mol-1 K-1
-rA = taxa de consumo do reagente AX = conversão do reagente A
8.(ENC 2001)Uma indústria farmacêutica fabrica um produto R usando um reator de mistura de volume V1 = 2 L e pretende expandir-se adquirindo outro de volume V2 = 6 L. O novo sistema será formado colocando os reatores em paralelo, alimentado a uma vazão volumétrica total de vo = 4 L/h, com um reagente A puro, a uma concentração inicial CA0 =
20 g/L . Sabe-se que o reagente se transforma segundo uma reação irreversível de 1aordem no único produto R. Na temperatura de trabalho, a constante cinética da reação é k1 = 0,5 h-
1 . Calcule a produção máxima de R (FR=g/h) possível de se obter no sistema, dividindo-se a alimentação total vo de forma adequada entre os dois reatores.Dados / Informações Adicionais:Equação do balanço de massa no reator de mistura ideal:
Vm = volume do reator, FA0 = vazão mássica ou molar do reagente, XA = conversão do reagente, -rA = taxa de consumo do reagente.
9.(ENADE 2005) O Brasil se destaca por possuir o maior percentual de energia renovável na matriz energética (acima de 40%). Cabe ressaltar a perspectiva concreta de ampliar ainda mais esse percentual em curto prazo, com o aumento da participação de biocombustíveis. O maior programa de uso de biocombustíveis em nível mundial foi o PRO-ÁLCOOL, criado em 1975 com o intuito de encontrar uma alternativa energética ao petróleo.Desde então, diversas usinas foram instaladas no país para a produção de álcool etílico a
partir da fermentação de açúcares, conforme a equação I abaixo, não-balanceada.
Atualmente, o Brasil se prepara para introduzir um novo combustível em sua matriz
energética: o biodiesel. Este pode ser obtido pela reação de transesterificação de óleos
vegetais ou esterificação de ácidos graxos com etanol, de acordo com as equações abaixo,
não-balanceadas.
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
131
Introdução à Cinética Química
Na fabricação de biodiesel, um dos catalisadores usuais é o etóxido de sódio, preparado a
partir de etanol e hidróxido de sódio, conforme a equação abaixo.
A reação de transesterificação do óleo de soja com etanol utilizando-se etóxido de sódio como catalisador homogêneo é empregada para obtenção de biodiesel. Em uma reação típica realizada em processo batelada, a 80 ºC e sob agitação, obtêm-se, em 2 horas de reação, conversões de 95% a 100%. Considerando essas informações, bem como aquelas fornecidas no texto, a configuração de planta industrial mais adequada para a produção de 24 m3/dia de biodiesel, admitindo-se um rendimento de 100%, é aquela com reator do tipo(A) tubular, encamisado, com tempo de residência de 1 h.(B) tanque agitado, encamisado, com capacidade de 2 m3.(C) tanque contínuo agitado, encamisado, com capacidade de 4 m3.(D) leito fixo, encamisado, com capacidade de 4 m3.(E) tanque agitado, encamisado, com capacidade de 3 m3.
3.8.APLICAÇÃO COMPUTACIONAL Faça um programa ou uma planilha de cálculo para resolver o exercício proposto no
exemplo apresentado com 4 CSTRs em série. Crie a possibilidade de alterar a concentração
inicial, a velocidade de fluxo volumétrico, a constante de velocidade, a ordem da reação e o
volume dos tanques.
Introdução ao Cálculo de Reatores Químicos Ideais - Marcos Marcelino Mazzucco -
132
Introdução à Cinética Química
4. REAÇÕES NÃO-ELEMENTARES, CATALÍTICAS, POLIMERIZAÇÃO, ENZIMAS
MECANISMO DE REAÇÃO
PSEUDO EQUILÍBRIO
CINÉTICA PARA REAÇÕES DE POLIMERIZAÇÃO
REAÇÕES ENZIMÁTICAS
PROPRIEDADES DOS CATALISADORES
ETAPAS DE UMA REAÇÃO CATALÍTICA
MECANISMOS DE REAÇÃO.
DESATIVAÇÃO CATALÍTICA
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
133
Introdução à Cinética Química
4.1. INTRODUÇÃO
Reações não-elementares são aquelas que não seguem uma expressão cinética do tipo
-rA=kCAaCB
b...CNn e sem correspondência entre as ordens parciais e os coeficientes
estequiométricos (molecularidade). Um exemplo típico é a reação H2+I2→2HI, cuja expressão
cinética, 2
22
32
31
H
HIHI Ckk
CCkkr
+= , não está relacionada à estequiometria da reação. Para estas reações
a expressão cinética é determinada a partir da consideração de um conjunto de reações
elementares que formam o mecanismo da reação.
Catalisadores são substâncias com a capacidade de alterar a velocidade de reações
químicas sem ter sua identidade química alterada por estas. Historicamente, tem sido
usados, em sua forma biológica para a produção de vinho, pão, queijo e tratamento de
carnes. As enzimas são, assim, catalisadores biológicos. Berzelius (1835) e Ostwald (1894)
foram os primeiros estudiosos dos catalisadores e suas propriedades e definiram
catalisadores como aceleradores de reação. Embora, originalmente, conceituados como
aceleradores de reação, os catalisadores também podem atuar como redutores da
velocidade de reações. O aumento ou diminuição da velocidade de uma reação não provoca
alterações na conversão final, desde que o equilíbrio químico não é alterado pela velocidade
da reação. Atualmente, o mercado de catalisadores movimenta alguns bilhões de dólares
por ano, e muitos produtos, principalmente da indústria petroquímica, não poderiam ser
obtidos de forma viável sem estes “aceleradores”.
A importância dos catalisadores é tal que induziu à criação de uma área na
engenharia de reações químicas para o estudo destes e dos processos catalíticos, a qual é
conhecida como catálise. Os catalisadores viabilizaram muitos processos, a partir de suas
propriedades de seletividade e produtividade. A seletividade de um catalisador representa a
relação entre o número de moles do produto desejado e o número de moles do produto
indesejado formados.
A catálise é tratada separadamente para sistemas homogêneos e heterogêneos.
Processos onde o catalisador forma uma solução com ao menos um reagente são
estudados pela catálise homogênea. Em muitos casos o catalisador é sólido, enquanto os
reagentes são líquidos ou gasosos, neste caso temos um sistema catalítico heterogêneo. A
desidrogenação do hexano para a produção de benzeno, a partir de catalisador de platina
suportado em alumina é um processo heterogêneo característico.
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
134
Introdução à Cinética Química
A catálise heterogênea é economicamente interessante, porque permite que o
catalisador seja recuperado e reutilizado. Nestes processos, a reação acontece na interface
sólido-fluido, e portanto limitada por mecanismos de transferência de massa.
Para o projeto de sistemas catalíticos são requeridos conhecimentos dos
mecanismos de reação bem como estrutura dos catalisadores. Isto aumenta a complexidade
dos mecanismos para reações catalisadas.
Froment apresenta uma excelente revisão bibliográfica para sistemas catalíticos e
catalisadores.
4.2.TEORIA UNIMOLECULAR OU DOS INTERMEDIÁRIOS ATIVOS
Um mecanismo para reações complexas deve considerar os eventos que se sucedem
durante a reação química. Um exemplo clássico é o da teoria unimolecular ou dos intermediários
ativos descrito por Lindemann (1922). Lindemann propôs a possibilidade de ocorrência de um
choque bimolecular, entre moléculas com alta energia, provocando a decomposição destas.
...+ → BA (R1)
AAAAk
k++ • →
←1
2 (etapa rápida) (R2)
...3 + →• BA k (etapa lenta) (R3)
A taxa de formação de •A na etapa rápida é:2
11 AACkr =• (E1)
A taxa de consumo de •A na etapa rápida é:
AAACCkr •• −= 22
(E2)
A taxa de consumo de •A na etapa lenta pode ser escrita como:
•• −=AA
Ckr 33 (E3)
A taxa de formação de B na etapa lenta pode ser escrita como:
•=AB Ckr 3 (E3.1)
A expressão para a taxa de formação do intermediário •A é dada pela soma de todas as etapas:
∑=
=•
J
iAA i
rr1
, onde J é o número de reações que ocorrem.
Assim:Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
135
Introdução à Cinética Química
21 AACkr =• AA
CCk •− 2 •−A
Ck3 (E4)
Para uma reação executada em um reator tipo batelada:
21 A
A Ckdt
dC=
•
AACCk •− 2 •−
ACk3 (E4.1)
A solução das equações E4 e E4.1 para todas as espécies envolvidas em uma reação pode
tornar-se complexa e é facilitada pela adoção de uma hipótese de pseudo-equilíbrio ou pseudo-estado estacionário. Nesta hipótese a espécie intermediária é considerada altamente reativa de
forma que 0≅•
dtdC
A .
Assim:
210 ACk= AA
CCk •− 2 •−A
Ck3
A
AA Ckk
CkC
23
21
+=• (E5)
Substituindo a equação E5 na E3.1, a taxa de formação de B é:
•=AB Ckr 3 (E3.1)
A
AB Ckk
Ckkr
23
213
+= (E5.1)
Simplificando:
A
A
A
AB Ck
Ck
CkkCk
r′+
=+
=11
21
3
2
21
(E5.2)
Para dois casos extremos, a equação E5.2 fica:
• Em concentrações de A muito baixas, e considerando que a reação R3 é lenta temos
(k3<k2):
k2CA<<k3
21 AB Ckr = (E6)
• Em concentrações de A muito altas:
k2CA>>k3
2
13
2
213
kCkk
CkCkk
r A
A
AB == (E7)
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
136
Introdução à Cinética Química
A análise da reação em concentrações altas identificaria a reação como de primeira ordem,
enquanto a análise a baixas concentrações indicaria uma reação de segunda ordem. Nestes
casos seriam conhecidas as pseudo - ordens da reação
As reações de decomposição do ciclohexano, óxido nitroso, e azo-metano, entre outras
seguem este mecanismo.
4.3.MECANISMO DE REAÇÃO ATRAVÉS DE RADICAIS LIVRES
Reações em cadeia que ocorrem através de radicais livres são reações complexas que
envolvem os seguintes passos:
Iniciação: formação do radical livre (intermediário ativo)
Propagação e transferência de cadeia: reação entre um radical livre e outro ou entre
um radical livre e um produto para formação de um novo intermediário ativo. Ou ainda formação
de radical livre através de substâncias como solvente, agentes específicos, etc.
Terminação: reação entre os radicais livres para a formação de um produto estável.
Reações como craqueamento térmico, algumas polimerizações, reações de combustão,
fotopoliclorações, etc possuem mecanismos baseados em radicais livres.
4.4.POLIMERIZAÇÃO
Polímeros são macromoléculas constituídas de unidades denominadas monômeros.
Quanto à composição/estrutura do polímero a reação de polimerização pode ser classificada
como:
•Polimerização por condensação: ocorre com a liberação de alguma substância
simples. Ex.:
Nylon-6,6: n H2N(CH2)6NH2+n ClCO(CH2)4COCl→[H2N(CH2)6NHCO(CH2)4CO]n+2n HCl.
•Polimerização por adição: adição de unidades monoméricas à cadeia principal,
característica de monômeros insaturados como etileno (H2C=CH2) e estireno (H2C=CH-C6H5).
Dentre os mecanismos para reações de polimerização podemos destacar a
polimerização por radicais livres. Os passos básicos, descritos anteriormente, aplicados à uma
reação polimérica são:
Iniciação: esta fase é essencial pois é onde inicia-se o crescimento da cadeia.
Geralmente, a iniciação é obtida a partir da introdução de uma substância iniciadora,
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
137
Introdução à Cinética Química
denominada iniciador, que se decompõe para a formação dos primeiros radicais livres. Os
iniciadores podem ser monofuncionais ou multifuncionais:
II k 202 → (Iniciador monofuncional)
22 0 II Ckr =− (E8)
202 II Cfkrf
= (formação do radical livre (2=coef. esteq. de I)) (E9)
f = fração do iniciador participa efetivamente de reação (0,2 – 0,7).
Um iniciador típico é o 2,2-azo-bis-isobutironitrila (AIBN):
CNCNCN
NCCHCHCNNCCH k2|2323||23 )(2)()( 0 +⋅ →=
Um iniciador multifuncional típico é o 2,5 dimetil-2,5-bis (peróxido de benzoíla) hexano.
Após a formação do radical livre, a partir de um iniciador monofuncional, inicia-se a
reação com o monômero:
11 RMI k →+
MIi CCkr 1=− (E10)
Ex, polimerização do cloreto de vinila
ClCNCN
CCHCCHCHClCHCCH
C
k ⋅ →=+⋅|
|2|232|23 )(2)()(2 0
Propagação: O radical R1 formado no passo de iniciação reage com uma nova molécula
de monômero:
21 RMR pk →+
32 RMR pk →+
De uma forma genérica:
1+ →+ jk
j RMR p
MRpj CCkrj
=− (E11)
É assumido que kp seja idêntico em todos os passos da reação de propagação.
Transferência de cadeia: O radical livre presente em uma cadeia em crescimento pode
ser transferido para:
•Monômero: uma cadeia de polímero vivo transfere seu radical para um monômero:
1RPMR jk
jm + →+
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
138
Introdução à Cinética Química
Pj é dito um polímero morto
MRmm CCkrjj
=− (E12)
•Outras espécies:
1RPCR jk
jc + →+
CRcc CCkrjj
=−
•Solvente:
1RPSR jk
js + →+
SRss CCkrjj
=− (E13)
Algumas substâncias são denominadas agentes de transferência de cadeia, aumentando
a mobilidade das cadeias no meio de reação. Os principais são tetracloreto de carbomo, tolueno
e etanol.
Terminação: a terminação ocorre, principalmente, através de dois mecanismos:
•Adição ou combinação:
kjk
kj PRR a+ →+
kjj RRaa CCkr =− (E14)
•Desproporcionamento:
kjk
kj PPRR d + →+
kjj RRdd CCkr =− (E15)
Temos então as seguintes expressões para a formação do radical livre:
202 II Cfkrf
= (formação do radical livre)
MIii CCkr −= (consumo do radical livre pelo monômero)
Que somadas (velocidade líquida), produzem:
MIiIi CCkCfkr −=202 (E16)
Aplicando a hipótese de pseudo-estado estacionário:
MIiI CCkCfk −=2020
Mi
II Ck
CfkC 202
= (E17)
Assim:
2
20
0 22
IMi
IMiMIii Cfk
CkCfkCk
CCkr ===− (E18)
Para a iniciação
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
139
Introdução à Cinética Química
O desaparecimento da espécie R1 através de terminação por adição pode ser determinada
através das reações:
211 PRR ak →+
321 PRR ak →+
De uma forma geral:
11 + →+ jk
j PRR a
A taxa de reação para o desaparecimento de R1 é:
jT RRaRRaRRaRa CCkCCkCCkCkr131211
...21 ++++=−
Ou:
∑∞
=
=−1
1 1j
RRa jTCCkr (E19)
Fogler indica que a concentração de radicais livres está, normalmente, entre 10-6 e 10-8
gmol/L.
O mesmo procedimento pode ser aplicado à terminação por desproporcionamento e às
transferências de radical ao monômero, solvente e outras espécies. Assim, a taxa global de
desaparecimento de R1 é:
∑∑∑∑∑∞
=
∞
=
∞
=
∞
=
∞
=
−−−+++−=−22211
1 111j
RSsj
RCcj
RMmj
RRdj
RRaMRpi jjjjjCCkCCkCCkCCkCCkCCkrr
(E20)
De forma semelhante, a taxa de desaparecimento das cadeias de polímero vivo com j unidades
monoméricas (j≥2) é:
jjjijjj RSsRCcRMmi
RRdaMRRpj CCkCCkCCkCCkkCCCkr +++++−=− ∑∞
=−
1
)()(1
(E21)
4.5.REAÇÕES ENZIMÁTICAS
A maioria das reações biológicas são catalisadas através de enzimas. Uma enzima é
uma proteína ou derivado de uma proteína com propriedades catalíticas. O reagente em uma
reação biológica é conhecido como substrato e representado pela letra S. As enzimas recebem
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
140
Introdução à Cinética Química
denominação baseada na reação que elas catalisam adicionado o sufixo ase; por exemplo: a
enzima que catalisa a decomposição da uréia é a urease. As enzimas são catalisadores
orgânicos muito mais seletivos que os inorgânicos, sendo a base das reações dos organismos
vivos.
A catalase é uma enzima é encontrada no fígado e nas hemácias e pode catalisar a
hidrólise de cerca de 5 milhões de moléculas de peróxido de hidrogênio em água e oxigênio em
um minuto. A α-amilase atua sobre os alimentos durante a mastigação (humana) decompondo o
amido em açúcares com cadeias menores. A pepsina é uma enzima proteolítica que atua
durante a digestão, com capacidade de atuação no meio ácido do estômago. As enzimas são
substâncias frágeis que atuam em condições amenas de temperatura (30-70°C) e pH (7).
Enzimas sintéticas podem atuar sob outras condições, contanto que não sejam muito severas.
Do processo de fabricação de malte, ao amadurecimento de frutas as enzimas
pectolíticas, além de provocarem o amadurecimento gradual das frutas, são utilizadas
industrialmente para a fabricação de sucos e geléias.
Industrialmente, proteases, lipases, amilases, celulases, são utilizadas, para produção de
detergentes com habilidades para degradação de sangue e suor; óleos e gorduras, amiláceos
(macarrão, molhos, chocolate), manchas, etc. São úteis nos processos de fabricação de papel,
tratamento de couro, panificação, sacarificação, lacticínios, vinhos, cerveja, álcool, óleos, rações,
farmácia.
Os três, principais, tipos de reações enzimáticas são:
I - Enzima solúvel-substrato insolúvel;
II - Enzima insolúvel-substrato solúvel;
III - Enzima solúvel-substrato solúvel.
Proteases e amilases em detergentes são enzimas do tipo I, desde que a enzima que
está em solução catalisa a degradação de manchas de sangue e amiláceos.
As enzimas do tipo II são especialmente interessantes, pois permitem a construção de
reatores com leito empacotado, porém são as mais raras.
As enzimas do tipo III são as mais comuns e serão estudas com maior detalhamento.
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
141
Introdução à Cinética Química
Se considerarmos uma enzima E sobre um substrato S, com W sendo o meio de solução
(água), com um produto da reação, P e com um complexo intermediário enzima substrato, E.S podemos escrever as seguintes reações:
SESE k ⋅ →+ 1
SESE k + →⋅ 2
EPWSE k + →+⋅ 3 , (a enzima é liberada ao final da reação)
A taxa de desaparecimento de substrato pode ser escrita como:
SESES CkCCkr ⋅−=− 21 (E22)
A taxa de formação do complexo enzima-substrato pode ser escrita como:
WSESESESE CCkCkCCkr ⋅⋅⋅ −−= 321 (E23)
A concentração de enzima no sistema é constante, desde que a enzima não é um reagente. A
concentração total de enzima, portanto, é dada pela soma das concentrações de enzima livre no
sistema incluindo-se também a concentração de enzima combinada ao substrato:
SEEE CCCt ⋅+= ⇒ SEEE CCC
t ⋅−= (E24)
Assim, substituindo E24 em E23:
WSESESSEESE CCkCkCCCkrt ⋅⋅⋅⋅ −−−= 321 )( (E25)
Pela hipótese de pseudo-estado estacionário:
WSESESSEE CCkCkCCCkt ⋅⋅⋅ −−−= 321 )(0 (E25.1)
WS
SESE CkkCk
CCkC t
321
1
++=⋅ (E26)
Substituindo E24 em E22:
SESES CkCCkr ⋅−=− 21 (E22)
SEEE CCCt ⋅−= (E24)
SESSEES CkCCCkrt ⋅⋅ −−=− 21 )( (E27)
Reorganizando E25.1 e aplicando em E27:
SESSEEWSE CkCCCkCCkt ⋅⋅⋅ −−= 213 )( (E25.1)
WSES CCkr ⋅=− 3 (E28)
Substituindo E26 em E28:
WS
WSES CkkCk
CCCkkr t
321
13
++=− (E29)
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
142
Introdução à Cinética Química
Este mecanismo pode ser aplicado diretamente à decomposição da uréia pela urease:
*2222 ][1 ureaseCONHNHureaseCONHNH k ⋅ →+
ureaseCONHNHureaseCONHNH k + →⋅ 22*
222][
ureaseCONHOHureaseCONHNH k ++ →+⋅ 232*
22 2][ 3
Neste caso, P=2NH3+CO2
Como esta reação é conduzida em solução aquosa, temos excesso de água e, portanto:
WCkk 33 =′ (E30)
1
23
kkk
K m
+′= (E31)
Assim:
mS
SE
S
SE
S
SES KC
CCk
kkk
C
CCkkkCk
CCkkr ttt
+
′=′+
+
′=
′++
′=− 3
1
32
3
321
13
(E32)
A equação E32 é chamada equação de Michaelis-Mentem, e o parâmetro Km é chamado
constante de Michaelis.
mS
SES KC
CCkr t
+
′=− 3 (E32)
Se denominarmos Vmax como a máxima taxa de reação para uma dada concentração total de
enzima, então:
tECkV 3max ′= E(33)
Assim a equação de Michaelis-Mentem assume a forma:
Sm
SS CK
CVr+
=− max (E34)
Consideremos o caso onde a concentração de substrato é tal que a taxa de reação seja
equivalente a metade da taxa máxima da reação , ou seja:
2/1max
2 SS rV
r −==− (E35)
Assim:
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
143
Introdução à Cinética Química
2/1
2/1maxmax
2S
S
rSm
rS
CK
CVV+
=
2/1SrSm CK =
A constante de Michaelis-Mentem é igual a concentração na qual a taxa de reação é igual a
metade da taxa máxima da reação. Os parâmetros Vmax e Km são os parâmetos cinéticos de
reações enzimáticas que seguem o modelo de Michaelis-Mentem.
0
Vmax
Vmax
2
-rs
CsKm
Figura 4.1- Parâmetros do modelo de Michaelis-Mentem
4.6.PROPRIEDADES DO CATALISADORES
Uma característica importante dos catalisadores sólidos é a disponibilidade de área
interfacial para a reação. Catalisadores porosos possuem uma complexa rede de poros
que fornecem altíssimas áreas interfaciais. Um catalisador de craqueamento do tipo sílica-
Alumina, tem um volume de poro de 0,6 cm3/g com raio médio de poro de 4 nm, o que
implica em uma área superficial de 300 m2/g.
Ex.:
Catalisador de Níquel para hidrogenação de óleos vegetais e animais;
Catalisador de Platina sobre Alumina para obtenção de octano a partir de nafta.
Em alguns casos, os poros possuem um diâmetro tão pequeno que impedem algumas
moléculas de acessar os pontos de reação, materiais com estas características são
denominados peneiras moleculares (molecular sieves). As peneiras moleculares podem
ser obtidas a partir de argilas ou zeólitas minerais ou sintetizadas as partir de alumino-
silicatos cristalinos, por exemplo. A manipulação desta propriedade pode alterar a
seletividade ou controlar o tempo de residência das moléculas próximo à superfície ativa do
catalisador. Uma zeólita típica é a ZSM-5 onde aparecem poros com diâmetros de 5,6 oA , ou
seja 5,6 . 10-10 m.
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
144
Introdução à Cinética Química
Catalisadores que não possuem estrutura porosa são denominados monolíticos.
Esta espécie de catalisador é utilizada, quando este possui uma grande capacidade
catalítica, o que não justifica o desenvolvimento de uma matriz porosa, ou quando existem
grandes dificuldades para o transporte de massa para o interior do poro. Um exemplo típico
de catalisador é a malha de platina usada para a oxidação de amônia para ácido nítrico.
Sistemas onde é requerida uma alta taxa de remoção de calor, como alguns catalisadores
de automóveis, utilizam estruturas monolíticas.
Quando pequenas partículas de material ativo são dispersas em algum material
menos ativo (suporte), ou inativo, o catalisador é dito suportado. Para o caso contrário,
quando o material ativo constitui a maior parte de catalisador temos um catalisador não-
suportado.
O nível de atividade de um catalisador não se mantém constante. Este fenômeno é
denominado desativação catalítica, e é responsável pela diminuição da capacidade do
catalisador. As possíveis causas para a desativação são a diminuição da superfície cristalina
(sinterização, por exemplo) e a ligação de material estranho sobre a superfície ativa do
catalisador (envenenamento). Um caso típico é a deposição de fuligem ou materiais
carbonosos no processamento de petróleo.
Para reações em fase gasosa conduzidas sobre superfícies sólidas, ao menos um
reagente está ligado à superfície através de um mecanismo de adsorção. Existem dois
mecanismos de adsorção, a adsorção física e a adsorção química (quimissorção). A
adsorção física é um processo exotérmico semelhante à condensação, onde a quantidade
de energia envolvida, calor de adsorção, é da ordem de 1-15 kcal/gmol. Esta energia é
originária de forças de atração fracas entre as moléculas de gás e a superfície sólida,
tipicamente, forças de Van der Waals. A quantidade de gás adsorvida decresce rapidamente
com o aumento da temperatura, restando, apenas, pequenas quantidades fisicamente
adsorvidas acima da temperatura crítica. A adsorção química, ao contrário da física, altera a
taxa de reação, desde que as moléculas ou átomos adsorvidos são mantidas através de
forças de valência, tal qual as que ocorrem entre os átomos de uma molécula.
Taylor, em um artigo publicado na Royal Society of London em 1929, sugeriu que a
ação catalítica não se dá em toda superfície sólida, mas apenas em algumas regiões
denominadas sítios catalíticos (catalitic sites) ou centros catalíticos. Segundo, H. Scott
Fogler, um sítio catalítico é um ponto na superfície de um catalisador onde pode ser formada
uma ligação química forte com uma molécula ou átomo adsorvido. O número de moléculas
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
145
Introdução à Cinética Química
reagindo por sítio ativo por segundo nas condições do experimento é definido como
frequência de turnover (N). No caso da dispersão de um metal catalítico, como platina, sobre
um suporte, normalmente cerâmico, os átomos do metal são considerados sítios ativos. A
dispersão, D, é a fração de átomos de metal depositados sobre a superfície catalítica.
4.7.ETAPAS EM UMA REAÇÃO CATALÍTICA
Uma partícula de catalisador (pellet) imersa em um fluido gasoso, formando um
ambiente heterogêneo está sujeita a 7 passos que descrevem, desde o acesso do reagente
ao sítio catalítico até a reação e liberação dos produtos. O ambiente que envolve o pellet,
formado pelos reagentes , produtos e materiais inertes, é denominado bulk. A figura a
seguir ilustra esta sequência:
Figura 4.2 - Passos em uma reação catalítica
1: Transferência de massa, por difusão, dos reagentes do bulk para a superfície externa do
pellet.
2: Difusão do reagente da boca do poro, para dentro deste até a superfície do sítio catalítico.
3: Adsorção do reagente sobre o sítio.
4: Reação na superfície do sítio catalítico (A→B, por exemplo).
5: Dessorção dos produtos do sítio.
6: Difusão dos produtos da superfície do sítio catalítico para a boca do poro.
7: Transferência de massa dos produtos da superfície externa do pellet para o bulk.
As seguintes considerações podem ser realizadas:
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
146
Introdução à Cinética Química
♦A etapa mais lenta determina a velocidade global da reação.
♦Quando os passos de difusão (1, 2, 6 e 7) são muito rápidos, comparados com os
passos de reação (3, 4 e 5) as concentrações próximas ao sítio são aproximadamente iguais
às no bulk. Neste caso as limitações de transporte não afetam a taxa de reação.
♦Quando os passos de reação são muito mais rápidos que os de difusão, as
limitações para o transporte de massa alteram a taxa de reação.
♦Se a difusão do gás ou líquido do bulk para a boca do poro afetam a taxa de
reação, as alterações nas condições de fluxo do reator também alteram a taxa de reação.
♦Se a difusão dentro do poro do catalisador limitar a taxa de reação, esta não será
influenciada pelas condições externas.
Vamos analisar os passos que envolvem a reação diretamente: a adsorção, a reação na
superfície e a dessorção. A limitações para o transporte de massa estão além do escopo
deste estudo, o qual está concentrado nos aspectos de cinética química.
4.7.1. Adsorção
A adsorção química está, comumente, presente em processos catalíticos alterando a
taxa global da reação. Consideremos um sítio ativo livre S e um reagente A. A adsorção da
espécie A sobre o sítio produz um intermediário ativo A•S.
SASA •+ → ←
A concentração total de sítios (Ct=gmol/gcat ) ativos por unidade de massa de
catalisador é dada pelo número de sítios ativos por unidade de massa dividido pelo número
de Avogrado. Definiremos a concentração de sítios livres, CV, como o número de sítios livres
por unidade de massa de catalisador dividido pelo número de Avogrado. CV é constante
quando não existe desativação catalítica. Assim, a concentração superficial de sítios
ocupados por i espécies (Ci•S) é:
gmolSítios
gSítios
MN
Sicatcat
Si
AvogC ==
•
• =gmol/gcat
gmolSítios
gSítios
MNN
Vcatcat
SiS
AvogC ==
•−
=gmol/gcat
gmolSítios
gSítios
MN
tcatcat
S
AvogC == =gmol/gcat
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
147
Introdução à Cinética Química
É comum expressarmos a concentração de sítios ocupados por i espécies em
relação a área superficial do catalisador (m2/gcat):
22 m
igmol
gm
ggmol
a
SiSi
cat
cat
SC
C ===′ ••
Figura 4.3 - Dois sítios ocupados e um sítio livre.
Para duas espécies A e B temos:
SBSAVt CCCC •• ++= (Balanço de sítios)
Com frequência tratamos sistemas gasosos, e expressamos concentração em
termos de pressão parcial das espécies. Pi expressa a pressão parcial do componente i
(atm) em uma mistura gasosa.
Os dados de adsorção são frequentemente expressos na forma de isotermas, onde é
apresentada a quantidade de gás adsorvido no sólido à diferentes pressões numa dada
temperatura. A isoterma típica para adsorção de H2 sobre pó de Cobre a 25°C, medida em
dois experimentos com acréscimo e decréscimo de pressão, é apresentada na figura 4.4.
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
PH2(torr)
CH
2*S
x 10
2 (gm
ol/g
cat)
Pressão CrescentePressão decrescente
Figura 4.4- Uma isoterma típica.
Podemos observar que, exceto um ponto, a linha de tendência aproxima bem tanto os
pontos para os experimento de acréscimo como o de decréscimo de pressão. Os
experimentos não indicam histerese, ou seja, os caminhos de acréscimo e decréscimo são
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
148
Introdução à Cinética Química
os mesmos. O gráfico a seguir (figura 4.5) ilustra uma situação hipotética de histerese sobre
o caso anterior. Este gráfico tem apelo meramente ilustrativo e os caminhos não possuem
significado físico.
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
PH2(torr)
C H2*
S x 1
02 (gm
ol/g
cat)
CrescenteDecrescente
Figura 4.5 - Uma possível trajetória com histerese.
A adsorção de hidrogênio pode ser descrita pelo seguinte mecanismo, denominado
adsorção molecular (1 molécula para 1 sítio):
SHSH •+ → ← 22
A modelagem matemática deste mecanismo de adsorção pode ser realizada de forma
semelhante à dada para reações química. A velocidade de ligação das moléculas ao sítio é
proporcional ao número de colisões por segundo entre as moléculas de gás e a superfície
catalítica. A taxa de colisões é proporcional à pressão parcial de Hidrogênio. Como as
moléculas só podem ser adsorvidas nos sítio vazios (livres) a velocidade de ligação é
proporcional à concentração de sítios livres. Para obter a velocidade de ligação das
moléculas de hidrogênio à superfície vamos tratar a reação como elementar. Assim:
VHALigação CPkr2
=
onde:
kA= constante de ligação de H2 ao sítio (atm-1.s-1)
A taxa de desligamento de H2•S do sítio é diretamente proporcional à concentração
de sítios ocupados, ou seja:
SHAtoDesligamen Ckr •−=2
Onde:
k-A= constante de desligamento de H2•S do sítio (1/s)
A taxa líquida de adsorção é:
SHAVHAAD CkCPkr •−−=22
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
149
Introdução à Cinética Química
Fazendo KA=kA/k-A ser a constante de equilíbrio de adsorção (1/atm):
−= •
A
SHVHAAD K
CCPkr 2
2
Sendo KA, kA e k-A funções da temperatura seus valores aumentam com o aumento
de temperatura.
A concentração total de sítios é dada por:
SHVt CCC •+=2
No equilíbrio, a taxa líquida de adsorção é zero:
02
2=
−= •
A
SHVHAAD K
CCPkr
Ou seja:
VHASH CPKC22
=•
Assim:
)(2222 SHtHAVHASH CCPKCPKC •• −==
Finalmente:
2
2
2 1 HA
tHASH PK
CPKC
+=•
Esta equação fornece a equação da isoterma para H2•S (H2 adsorvido em S) sendo
denominada isoterma de Langmuir.
Se a isoterma de Langmuir for arranjada na forma:
SHtHA
HA
tHA CCPKPK
CPK •
=+22
2
2
11
SHttHA CCCPK •
=+22
111
SHttHA CCCPK •
=+22
111
Multiplicando por PH2 :
t
H
tASH
H
CP
CKCP
2
2
2 1 +=•
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
150
Introdução à Cinética Química
Este arranjo pode ser disposto de forma linear, o que indica que se os dados da figura 4.4
forem dispostos na forma 2
2
2H
SH
H PCP
ו
teremos uma reta com coeficiente angular tC
1 e
coeficiente lineartACK
1:
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0 50 100 150 200 250PH2 (torr)
P H/C
H*S
Figura 4.6- Dados para adsorção de H2 sobre pó de Cobre
na forma linearizada da isoterma de Langmuir.
Ampliando o gráfico na região inicial:
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15 20 25 30 35 40PH2 (torr)
P H/C
H*S
Figura 4.7- Ampliação dos dados para adsorção de H2 sobre pó de Cobre
na forma linearizada da isoterma de Langmuir.
A figuras 4.6 e 4.7 mostram que os dados para a adsorção de H2 sobre pó de Cobre
não são representados pelo mecanismo que forma H2•S, ou seja, provavelmente, a
molécula de H2 não é adsorvida sobre um sítio S (adsorção molecular).
Uma alternativa ao mecanismo proposto é a adsorção dissociativa onde temos:
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
151
Introdução à Cinética Química
SHSH •+ → ← 222
No caso da adsorção molecular a velocidade de adsorção é proporcional à pressão
de hidrogênio, devido às colisões entre o gás e a superfície. Para o caso dissociativo são
requeridos dois sítios livres e vizinhos para que seja formado o intermediário adsorvido H•S.
Ou seja, deve ser considerada também a probabilidade de ocorrência de dois sítios vizinhos
livres. Esta probabilidade de ocorrência é proporcional ao quadrado da concentração de
sítios vazios. Assim a velocidade de adsorção é proporcional à pressão parcial e ao
quadrado da concentração de sítios vazios. Assim:2
2 VHALigação CPkr =
onde:
kA= constante de ligação de H2 ao sítio (1/[atm s])
A taxa de dessorção de H•S do sítio é diretamente proporcional ao quadrado da
concentração de sítios ocupados, ou seja:2
SHAtoDesligamen Ckr •−=
A taxa líquida de adsorção é:22
2 SHAVHAAD CkCPkr •−−=
Rearranjando a equação:
−= •
A
SHVHAAD K
CCPkr
22
2
No equilíbrio, rAD=0:22
2 SHAVHA CkCPk •−=
( ) SHVHA CCPK •=21
2
Como:
SHtV CCC •−= (Balanço de sítios)
Substituindo:
( ) ( ) SHSHtHA CCCPK •• =−21
2
( ) ( ) SHHASHtHA CPKCCPK •• =− 21
22
1
2
( ) ( )( )21
22
1
21 HASHtHA PKCCPK += •
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
152
Introdução à Cinética Química
( )( ) 2
1
2
21
2
1 HA
tHASH
PK
CPKC
+=•
Rearranjando a equação:
( )( )
( ) tHA
HA
tHASH CPK
PK
CPKC 21
2
21
2
21
2
11 +=•
( ) ttHASH CCPKC111
21
2
+=•
Multiplicando por (PH2)1/2:
( )( )
( )t
H
tASH
H
CP
CKCP 2
1
2
21
21
2 1 +=•
Esta é a isoterma de Langmuir, em sua forma linearizada, para a adsorção de H2
sobre pó de cobre supondo adsorção dissociativa. Observe a disposição dos dados
anteriores neste mecanismo:
0
2
4
6
8
10
12
0 2 4 6 8 10 12 14 16
(PH2)1/2 [(torr)1/2]
(PH
2)1/2 /C
H*S
Figura 4.8 - Dados para adsorção de H2 sobre pó de Cobre
na forma linearizada da isoterma de Langmuir considerando adsorção dissociativa
Ampliando o gráfico na região inicial:
00.5
11.5
22.5
33.5
44.5
5
0 1 2 3 4 5
(PH2)1/2 [(torr)1/2]
(PH
2)1/2 /C
H*S
Figura 4.9 - Ampliação dos dados para adsorção de H2 sobre pó de Cobre
na forma linearizada da isoterma de Langmuir considerando adsorção dissociativa.
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
153
Introdução à Cinética Química
A figuras 4.8 e 4.9 mostram que os dados para a adsorção de H2 sobre pó de Cobre
são representados pelo mecanismo que forma H•S, ou seja, quando ocorre adsorção
dissociativa.
4.7.2. Reação na Superfície Catalítica
Para uma espécie A adsorvida sobre uma superfície catalítica S podemos identificar
as três principais trajetórias de reação como:
Trajetória 1: A reação na superfície é representada por um mecanismo simples no
qual apenas o sítio onde o reagente está adsorvido participa da reação;
A B
SBSA •• → ←
Trajetória 2: A reação na superfície é representada por um mecanismo dual ou
seja, entre dois sítios. Neste caso podem ocorrer três situações:
a) Um reagente adsorvido A reage com um sítio vizinho livre, onde o produto
permanece adsorvido:
A A B
SSBSSA +•+• → ←
b) A reação acontece entre duas espécies adsorvidas:
A B C D
SDSCSBSA •+••+• → ←
c) A reação acontece entre duas espécies adsorvidas em sítios diferentes:
B A
S’ S
C D
S’ S
SDSCSBSA •+′•′•+• → ←
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
154
Introdução à Cinética Química
Os mecanismos envolvendo um sítio simples ou dois sítios (dual) são
denominados mecanismos cinéticos de Langmuir-Hinshelwood ou de Hougen-
Watson.
Trajetória 3: A reação acontece entre uma molécula adsorvida e uma molécula livre
na fase gasosa:
AB
CD
AB
CD
)()( gg DSCBSA +•+• →
←
Este mecanismo é denominado mecanismo Eley-Rideal.
4.7.3. Dessorção
A dessorção ocorre quando se dá o desligamento da espécie adsorvida da superfície
catalítica. Para uma espécie A adsorvida:
SASA +• → ←
A taxa de dessorção da espécie A é:
SAADesorção Ckr •−=
4.8.ETAPA LIMITANTE DA VELOCIDADE
Para reações heterogêneas em estado estacionário a taxa de consumo de uma
espécie A ( Ar ′− ) e as taxas de adsorção ( ADr ), da reação na superfície ( Sr ) e de dessorção (
Dr ) são iguais.
DSADA rrrr ===′−
Isto ocorre porque a etapa mais lenta limita a velocidade da reação, ou seja, existe
uma etapa limitante ou etapa controladora da reação.
Para uma reação química, a força motriz é a concentração do(s) reagente(s). Em
sistemas heterogêneos, cada etapa (adsorção, reação na superfície, dessorção) oferece
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
155
Introdução à Cinética Química
uma resistência à reação. Podemos fazer uma comparação com um sistema elétrico com
três componentes, estabelecendo as seguintes analogias:
RAD RS RD
Adsorção Reaçãona
Superfície
Desorção
E
I
Elétrica ReaçãoForça eletromotriz (ddp) Concentração Corrente (I=C/s) Taxa de reação ( Ar ′− )Resistência Etapas da reação
Para resistências em série temos:
DSADTotal RRRE
REI
++==
A abordagem de estabelecer uma sequência de passos para mecanismos em reações
heterogêneas e catalíticas é chamada abordagem de Langmuir-Hinshelwood.
4.9.ANÁLISE DE DADOS E PESQUISA DE MECANISMO PARA REAÇÕES HETEROGÊNEAS
Da mesma forma que para reações homogêneas, é possível definir um conjunto de
técnicas ou métodos para análise de dados para a determinação da expressão para a taxa
de reação. Ou seja, devemos encontrar uma equação algébrica para representar a
dependência da taxa de reação com a concentração ou pressão das espécies químicas
envolvidas. Devemos linearizar a expressão encontrada para determinar os parâmetros
cinéticos (kA, KA, etc.). Froment aplica os métodos diferencial e integral para a análise de
dados cinéticos, porém devido à superfície ser, ao menos, tridimensional, é indicada a
técnica de estimação de parâmetros para a solução dos problemas. Enfatizando isto,
Froment dedica uma seção exclusivamente à estimação de parâmetros.
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
156
Introdução à Cinética Química
O que cabe ao estudioso da catálise é definir ou, ao menos, especular sobre o
mecanismo e etapa limitante da reação. Finalmente, a equação cinética pode ser aplicada
para o projeto de reatores.
4.10. UM ESTUDO DE CASO
A análise de dados cinéticos para reações heterogêneas utiliza as mesmas idéias
apresentadas para reações homogêneas, porém são necessárias observações e
ponderações mais complexas para que o mecanismo da reação seja obtido a partir de
dados experimentais. Froment apresenta uma série de trabalhos cinéticos heterogêneos
comentados. Fogler apresenta exemplos detalhados do estudo e obtenção de mecanismos
complexos. Vamos tratar especificamente da hidrodemetilação do tolueno. De uma forma
resumida assume-se que o tolueno (T) é adsorvido na superfície catalítica e então reage
com o hidrogênio da fase gasosa para produzir benzeno adsorvido com liberação de
metano. Teremos os seguintes passos:
Adsorção
Reaçãona
Superfície Desorção
STST g •+ → ←)(
−= •
T
STTVAAD K
CPCkr
)()(2 gg MSBSTH +••+ → ←
−= •
•S
MSBHSTSS K
PCPCkr2
SBSB g +• → ← )(
′
−= •B
BVSBDD K
PCCkr
Aproximadamente 75% das reações heterogêneas são limitadas pela taxa de reação na
superfície, assim a primeira tentativa na busca de uma mecanismo deve seguir esta
consideração.
Para uma reação limitada pela reação na superfície temos:
♦
−= •
•S
MSBSTHSS K
PCCPkr
2
♦A velocidade específica de adsorção é muito maior que a velocidade da reação na
superfície:
kA>>kS
0≈A
AD
kr
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
157
Introdução à Cinética Química
−= •
T
STTVAAD K
CPCkr 0=
−=⇒ •
T
STTV
A
AD
KC
PCkr
TVTST PCKC =•
♦ A velocidade específica de dessorção é muito maior que a velocidade da reação
na superfície:
kD>>kS
′
−=≈ •B
BVSB
D
D
KPC
Ckr 0
B
BVSB K
PCC
′=•
Obs.: Na realidade DSADA rrrr ===′− , porém existem etapas mais rápidas para as
quais as considerações anteriores são verdadeiras (velocidades de adsorção e dessorção
muito maiores que a velocidade da reação na superfície)
A concentração total de sítios é:
SBSTVt CCCC •• ++=
Substituindo:
B
BVTVTVt K
PCPCKCC
′++=
′
++=′
++=B
BTTVV
B
BVTVTVt K
PPKC
KPC
PCKCC 1
B
BTT
tV
KPPK
CC
′++
=1
Como a etapa limitante é a etapa de reação superficial a velocidade da reação é igual é
velocidade desta etapa:
ST rr =′−
′
−=′−SB
MBVTVTHST KK
PPCPCKPkr
2
′
−=′−SB
MBVTVTHST KK
PPCPCKPkr
2
Substituindo CV:
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
158
Introdução à Cinética Química
′′
++−
′++
=′−SB
MB
B
BTT
t
T
B
BTT
tTHST KK
PP
KP
PK
C
P
KP
PK
CKPkr
1
12
′′
++−
′++
=′−TSB
B
BTT
MB
B
BTT
THTtST KKK
KP
PK
PP
KPPK
PPKCkr
1
1
2
′
′
++−
′++
=′−
TSBB
BTT
MB
B
BTT
THTtST
KKKKPPK
PP
KPPK
PPKCkr
11
2
′
−
′++
=′−TSB
MBTH
B
BTT
TtST KKK
PPPP
KPPK
KCkr
2
1
−
′++
=′−e
MBTH
B
BTT
TtST K
PPPP
KP
PK
KCkr
2
1 ; com TSBe KKKk ′=
Fazendo KB=1/K’B e k=kSCt:
−
++=′−
e
MBTH
BBTT
TT K
PPPP
PKPKkK
r21
Se a reação reversa for negligenciada:
BBTT
THTT PKPK
PPkKr
++=′−
12
Fogler descreve um trabalho onde 25 modelos cinéticos foram testados para um
conjunto de dados experimentais do tipo:
-rT’ PT PH2 PB
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
159
Introdução à Cinética Química
O procedimento, resumido, que induziu à equação acima é o seguinte:
♦Linearizar a equação da taxa:
Dividindo por TH PP2 e invertendo a equação da taxa
T
BBTT
T
TH
kKPKPK
rPP ++
=′−
12
TBT
B
TT
TH Pk
PkKK
kKrPP 112 ++=
′−
Esta equação assume o formato:
22110 xaxaay ++=
♦Montar um gráfico para com y, x1 e x2:
Como isto significa um gráfico tridimensional, o que não é facilmente interpretado, deve-
se criar alguma estratégia. Neste caso foram realizados experimentos com PT ou PB
constantes, o que permitiu que fossem construídos dois gráficos, y × x1 e y × x2.
♦Uma alternativa ao método gráfico é utilizar algum método de regressão linear como o dos
mínimos quadrados linearizado.
A partir destas técnicas os seguintes parâmetros cinéticos foram obtidos:
⋅
=++
⋅=′−
−
sggmol
PPPP
rcat
Tolueno
BT
THT 01,126,11
104,12
8
; com P=[atm]
4.11. DESATIVAÇÃO CATALÍTICA
Desativação catalítica é fenômeno pelo qual a concentração total de sítios decresce
ao longo do tempo. As principais causas da desativação do catalisador são sinterização,
coqueificação ou deposição de fuligem e envenenamento.
4.11.1. Desativação por Sinterização
A sinterização acontece pela exposição excessiva do catalisador à altas
temperaturas, resultando na diminuição da porosidade e da área superficial deste. Como
esta espécie de desativação independe da concentração das matérias envolvidas no
processo, normalmente é assumido um decaimento de segunda ordem:2akr dd =
2akdtda
d=−
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
160
Introdução à Cinética Química
Integrando de atividade 100% (a=1) em t=0 até atividade a em t=t:
dtkada
d−=2
tka
dt +
=1
1)(
Normalmente, a sinterização é expressa em termos de área superficial ativa:
tkS
Sd
ata +
=1
0)(
A constante de decaimento, kd, segue a lei de Arrhenius:
−
= TTRE
TdTd
d
ekk11
)()(0
0
4.11.2. Desativação por Coqueificação ou Deposição de Fuligem
Uma equação empírica para a modelagem da desativação por coqueificação é:
Com a concentração de coque dada por:n
C AtC =
Onde:
CC= concentração de carbono na superfície catalítica
A, n = parâmetros
A atividade é:
11
11
+=
+= nppp
C tACa
4.11.3. Desativação por Envenenamento
A desativação por envenenamento ocorre quando algumas moléculas (reagente,
produto e impureza) adsorvem química e irreversivelmente sobre os sítios ativos. Para uma
impureza P temos as seguintes reações:
SPSP •+ → ←
qmPdd aCk
dtdar ′=−=
Para uma concentração de veneno constante:Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
161
Introdução à Cinética Química
qd ak
dtda =−
Integrando para q≠1:
tkq
ad
q
=−
− −
11 1
[ ] qd tkqa −−−= 11
)1(1
Diversas considerações sobre a influência da temperatura e conversão sobre a
desativação devem ser feitas. Os efeitos da desativação sobre a seletividade também são
muito importantes. Finalmente deve ser avaliada a ordem da desativação catalítica a partir
de dados experimentais. Estas considerações serão observadas, parcialmente, no estudo
do projeto de reatores catalíticos.
Reações Não-Elementares, Catalíticas, Polimerização, Enzimas - Marcos Marcelino Mazzucco -
162
Introdução à Cinética Química
5. REAÇÕES MÚLTIPLAS
TIPOS DE REAÇÃO
ANÁLISE DE REAÇÕES EM PARALELO
ANÁLISE DE REAÇÕES EM SÉRIE
Reações Múltiplas - Marcos Marcelino Mazzucco -
163
Introdução à Cinética Química
5.1. INTRODUÇÃO
Denominamos sistemas com reações múltiplas, aqueles onde é necessária mais que
uma equação cinética para expressar a velocidade do sistema reativo. Estas reações são
divididas em três grupos, as competitivas, as consecutivas e as independentes.
Reações competitivas ou paralelas são aquelas onde ao menos um reagente é
consumido por mais que uma reação. Por exemplo:
CABA
2
1
k
k
→ →
Reações consecutivas ou em série, são aquelas onde é formado um produto
intermediário que também reage para formar outro produto. Por exemplo:
CBA 21 kk → →
Reações independentes são aquelas onde a matéria prima do processo está sujeita
à várias reações simultaneamente, sem que uma dependa da outra. Por exemplo:
DCBA
2
1
k
k
→ →
Em muitos casos as reações múltiplas são do tipo série-paralelo, por exemplo:
FEDBDCBA
2
1
k
k
+ →++ →+
Série em relação à D, e paralela em relação a B.
Para todos os casos o que se objetiva é maximizar a capacidade de produção do
produto desejado. Porém devido à restrições físico-químicas o produto indesejado sempre é
produzido e a reação sempre é sucedida por um processo de separação (física ou química).
O parâmetro que mede a tendência da reação em formar o produto desejado é a
seletividade (S). A seletividade é a razão entre a taxa de formação do produto desejado e do
indesejado.
Indesejado
Desejado
rr
S =
A seletividade pode ser manipulada pela modificação da temperatura de trabalho ou
pelo uso de um catalisador. A alteração favorece a reação com maior Energia de Ativação.
Reações Múltiplas - Marcos Marcelino Mazzucco -
164
Introdução à Cinética Química
5.2.REAÇÕES COMPETITIVAS OU PARALELAS
Vamos considerar as reações paralelas a seguir:
DA Dk → αADD Ckr = Reação desejada
IA Ik → βAII Ckr = Reação indesejada
A taxa de desaparecimento de A em relação à formação de I e D é:βαAIADIDA CkCkrrr +=+=−
A seletividade da reação é:
βαβ
α−=== A
I
D
AI
AD
I
DDI C
kk
CkCk
rrS
O maior interesse do processo é maximizar a seletividade da reação. Vamos
considerar quatro casos:
No primeiro caso vamos analisar a situação onde a ordem da reação que forma o
produto desejado é maior que a ordem que forma o produto indesejado:
βα >
βα −=a a=(+)
Assim:
aA
I
DDI C
kkS =
Para uma concentração de A alta durante o percurso da reação temos uma
seletividade maior do produto desejado. Para sistemas em fase gasosa, isto pode ser obtido
submetendo o sistema à altas pressões. Para sistemas em fase líquida deve-se diminuir ao
máximo a quantidade de materiais inertes. Para este caso reatores dos tipos tubular e
batelada seriam os mais indicados.
Reações Múltiplas - Marcos Marcelino Mazzucco -
165
Introdução à Cinética Química
Reações Múltiplas - Marcos Marcelino Mazzucco -
166
Introdução à Cinética Química
No segundo caso a ordem de reação de formação do produto indesejado é maior
que do produto desejado:
αβ >
αβ −=a a=(+)
Assim:
αββ
α
−==−AI
D
AI
ADA Ck
kCkCkr 1
aAI
DDI Ck
kS 1=
Neste caso o aumento na concentração de A reduz a seletividade da reação,
portanto a concentração de A deve ser mantida baixa no sistema. Para este caso um reator
do tipo tanque agitado seria mais indicado.
Reações Múltiplas - Marcos Marcelino Mazzucco -
167
Introdução à Cinética Química
%program BATCH_reacoes_em_paralelo#Última gravação: 12/02/2009;quinta-feira;23:44#Software: GNU Octave 3.1.50;mEd 3.4.1#Autor:Marcos Marcelino Mazzucco, Dr.#Objetivo: #Objetivo: análise de reações em paralelo#A->D (1)#A-I (2)clear all;function [dXdt]= f(X,t) global CA0 K1 K2 n1 n2; X1=X(1); X2=X(2); CA=CA0-CA0*X1-CA0*X2; rA1=-K1*(CA^n1); rA2=-K2*(CA^n2); dX1dt=-rA1/CA0; dX2dt=-rA2/CA0; dXdt=[dX1dt;dX2dt];endfunction;%var global CA0 K1 K2 n1 n2;%begin clc;clf; CA0=2;#<<gmol/L %>>parâmetros Cinéticos n1=1 ;#<<ordem reação 1 n2=3 ;#<<ordem reação 2 K1=0.01;#<<velocidade específica da reação 1 K2=0.01;#<<velocidade específica da reação 2 %>>end t=[0:20:1000]; X=lsode("f",[0,0],t); CA=CA0*(1-X(:,1)-X(:,2));
Reações Múltiplas - Marcos Marcelino Mazzucco -
168
Introdução à Cinética Química
CD=CA0*(0+X(:,1)); CI=CA0*(0+X(:,2)); plot(t,[CA,CD,CI],["-*;C_A;";"-o;C_D;";"-;C_I;"]); grid("on"); xlabel("t(min)"); ylabel("C(gmol/L)");%end.%program seletiv_1#Última gravação: 12/02/2009;quinta-feira;23:42#Software: GNU Octave 3.1.50;mEd 3.4.1#Autor:Marcos Marcelino Mazzucco, Dr.#Objetivo: #Objetivo: análise de reações em paraleloclear all;%begin clc;clf; nD=1; nI=3; CA=[2:-0.1:1]; rD=-3E6*CA.^nD; rI=-1E6*CA.^nI; S=rD./rI; plot(CA,(S-min(S))/(max(S)-min(S)),";;"); xlabel("C_A");ylabel("Seletividade normalizada"); grid("on"); title(sprintf("r_i=-k_iC_i ^n ^i -> nD=%g; nI=%g",nD,nI));%end.
No terceiro caso avaliamos a situação onde a energia de ativação para a formação
do produto desejado é maior que a do indesejado. A reação com maior energia de ativação
tem sua velocidade específica aumentando mais rapidamente com o aumento da
temperatura. Como a seletividade também é dada pela relação entre as velocidades
específicas das reações, temos:
RTE
I
RTE
D
I
DIA
DA
ek
ekkk
−
−
=
0
0
( )RT
EE
I
D
I
DIADA
ekk
kk −−
=0
0
IADA EE >
Neste caso a reação deveria ser realizada na temperatura mais alta possível para maximizar
a seletividade da reação.
Reações Múltiplas - Marcos Marcelino Mazzucco -
169
Introdução à Cinética Química
No quarto caso avaliamos a situação onde a energia de ativação para a formação
do produto indesejado é maior que a do produto desejado:
DAIA EE >
Neste caso a reação deve ser conduzida na mais baixa temperatura que não
implique na inviabilidade do processo.
Reações Múltiplas - Marcos Marcelino Mazzucco -
170
Introdução à Cinética Química
O programa GNU Octave utilizado para os dois gráficos anteriores é:%program seletiv_2#Última gravação: 12/02/2009;quinta-feira;23:48#Autor:Marcos Marcelibo Mazzucco,Dr.#Objetivo: análise da seletividade x Tclear;%begin T=[273:373]; R=8.314; EAD=2E4; EAI=4E4;# EAD=4E4;# EAI=2E4; S=exp(-(EAD-EAI)./(R*T)); plot(T,(S-min(S))/(max(S)-min(S))); xlabel("T");ylabel("(S-MIN(S))/(MAX(S)-MIN(S))");grid("on"); title(sprintf("Seletividade normalizada EAD=%g; EDI=%g",EAD,EAI));%end.
Quando dois reagentes estão envolvidos em reações paralelas temos uma situação
ligeiramente diferente. Analisemos as reações:
DBA Dk →+ 11 βαBADD CCkr = Reação desejada
IBA Ik →+ 22 βαBAII CCkr = Reação indesejada
A seletividade para estas reações é:
Reações Múltiplas - Marcos Marcelino Mazzucco -
171
Introdução à Cinética Química
( ) ( )2121
22
11ββαα
βα
βα−−=== BA
I
D
BAI
BAD
I
DDU CC
kk
CCkCCk
rrS
Vamos analisar alguns casos para estas duas reações:
Caso 1: α1>α2 ; β1>β2 : Se a= α1-α2 e b= β1-β2, a seletividade pode ser escrita
como:
bB
aA
I
DDU CC
kkS =
Mantendo-se as concentrações (pressão) de A e B altas, e pelo uso dos
reatores tubular ou batelada, maximizaríamos a seletividade da reação.
Caso 2: α1>α2 ; β1<β2 : Se a= α1-α2 e b= β2-β1, a seletividade pode ser escrita
como:
bB
aA
I
DDU C
CkkS =
Neste caso, o aumento da seletividade seria dado pelo aumento da
concentração da espécie A e diminuição da concentração da espécie B. Os
reatores indicados são semi-batelada, PFR com correntes laterais, tanque
agitados em série com alimentação de A no primeiro reator e de B nos
demais.
Caso 3: α1<α2 ; β1<β2 : Se a= α2-α1 e b= β2-β1, a seletividade pode ser escrita
como:
bB
aAI
DDU CCk
kS 1=
Neste caso deveriam ser mantidas baixas as concentrações de A e B durante
a reação.
Caso 4:α1<α2 ; β1>β2 : Se a= α2-α1 e b= β1-β2, a seletividade pode ser escrita
como:
aA
bB
I
DDU C
CkkS =
Neste caso, o aumento da seletividade seria obtido pelo aumento da
concentração da espécie B e diminuição da concentração da espécie A. Os
reatores indicados são semi-batelada, PFR com correntes laterais de A,
tanque agitados em série com alimentação de A em cada reator.Reações Múltiplas - Marcos Marcelino Mazzucco -
172
Introdução à Cinética Química
5.3.REAÇÕES CONSECUTIVAS OU EM SÉRIE
A maximização da seletividade de reações consecutivas é possível, principalmente,
pelas condições aplicadas ao sistema ao longo do tempo e da posição espacial em que
estas condições são aplicadas. Vamos considerar duas reações em série onde o produto
intermediário (B) é desejado:
CBA 21 kk → →
Temos as seguintes expressões cinéticas:αAB Ckr 11
= (Formação de B)
βBB Ckr 22
=− (Consumo de B)
A taxa total (líquida) de reação em relação a B é:βαBAB CkCkr 21 −=
Dois casos podem ser analisados:
Primeiro caso: a primeira reação é lenta e a segunda é rápida: a espécie B é consumida
muito mais rapidamente do que é formada, ou seja, a produção de B pode ser inviável
dependendo da relação custo/benefício.
Reações Múltiplas - Marcos Marcelino Mazzucco -
173
Introdução à Cinética Química
Segundo caso: a primeira reação é mais rápida que a segunda: será formada uma grande
quantidade de B. Porém se o tempo de reação for muito longo a espécie B será consumida
em grande quantidade. Um reator do tipo tanque agitado, ou um reator tubular muito longo
não seriam indicados para esta situação.
Observe os gráficos a seguir relativos a cada um dos casos:
O programa GNU Octave utilizado é o seguinte:%program BATCH_reacoes_em_serie#Última gravação: 12/02/2009;quinta-feira;23:51#Software: GNU Octave 3.1.50;mEd 3.4.1#Autor:Marcos Marcelino Mazzucco, Dr.#Objetivo: análise de reações em série#A->B (1)#B->C (2)clear all;function [dCdt]= f(C,t) global CA0 CB0 K1 K2 n1 n2; CA=C(1); CB=C(2); rA=-K1*(CA^n1); rB=-K2*(CB^n2)+K1*(CA^n1); rC=K2*(CB^n2); dCAdt=rA; dCBdt=rB; dCCdt=rC; dCdt=[dCAdt;dCBdt;dCCdt];endfunction;%var global CA0 CB0 K1 K2 n1 n2;%begin clc;clf; CA0=2;#<<gmol/L
Reações Múltiplas - Marcos Marcelino Mazzucco -
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Introdução à Cinética Química
CB0=0;#<<gmol/L CC0=0;#<<gmol/L %>>parâmetros Cinéticos n1=1 ;#<<ordem reação 1 n2=1 ;#<<ordem reação 2 %>>Primeiro caso: K1=0.02;#<<velocidade específica da reação 1 K2=0.01;#<<velocidade específica da reação 2 %>>end; %>>Segundo caso:# K1=0.01;#<<velocidade específica da reação 1# K2=0.02;#<<velocidade específica da reação 2 %>>end; %>>end; t=[0:20:1000]; C=lsode("f",[CA0,CB0,CC0],t); CA=C(:,1); CB=C(:,2); CC=C(:,3); plot(t,[CA,CB,CC],["-*;CA;";"-o;CB;";"-;CC;"]); hold("off"); grid("on"); xlabel("t(min)"); ylabel("C(gmol/L)");%end.
5.4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
A determinação das características físicas do sistema reativo e o conhecimento do
fenômeno físico-químico envolvidos em um problema que envolva reações múltiplas é
extremamente importante para um projeto eficiente de um equipamento. Da mesma forma
que a habilidade e criatividade do engenheiro tornam-se valorosas, quando da proposta de
sistemas para solução destes problemas.
Reações Múltiplas - Marcos Marcelino Mazzucco -
175
Introdução à Cinética Química
6. REFERÊNCIAS
FOGLER, H. Scott, Elements of Chemical Reaction Engineering, Prentice-Hall, 2a ed.
FOGLER, H. Scott, Elementos de Engenharia das Reações Químicas, LTC, 3a ed.
LEVENSPIEL, Octave, Engenharia das Reações Químicas, Edgard Blucher, v.1.
LEVENSPIEL, Octave, Engenharia das Reações Químicas, Edgard Blucher, 3a ed.
FROMENT, Gilbert. H., BISCHOFF, Kennet B., Chemical Reactor Analysis and Design,
Wiley.
MAZZUCCO, M. M., LIMA, M. C., ROSA, M. R. VLAB-Um Software para Apoio ao Ensino de
Cinética Química, XIII Encontro de Química da Região Sul, p. QE026, 2005.
MAZZUCCO, M., M. , Um Sistema Difuso para o Controle de Temperatura de Unidades de
Processamento em Batelada, Tese de Doutorado, Programa de Pós-graduação e
Engenharia de Produção-UFSC, 2003.
Referências - Marcos Marcelino Mazzucco -
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