"cinema e paisagem em ruy duarte de carvalho"

Upload: sonia-miceli

Post on 05-Oct-2015

8 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

A obra literária do escritor e antropólogo angolano Ruy Duarte de Carvalho, apesar de extensa e multiforme, incluindo poesia, cinema, ensaio, desenho e ficção, é percorrida por algumas constantes, que lhe conferem um grau relativamente alto de coesão. O recurso à lente cinematográfica como estratégia para observar a realidade e, neste sentido, para elaborar um pensamento da paisagem, é uma delas, aparecendo tanto na obra poética – por exemplo, no livro sinais misteriosos… já se vê…, de 1980 –, como na obra ficcional que o autor foi produzindo nos últimos anos da sua vida. O caso que escolhi trazer para este ensaio, o do livro de crónicas Desmedida, apresenta apenas uma das formas em que a relação entre cinema e paisagem se expressou na obra de Ruy Duarte.

TRANSCRIPT

CINEMA E PAISAGEM EM RUY DUARTE DE CARVALHO

Sonia Miceli

num espelho, a cincia muda. a noite no vidro:

uma imagem recriada:

o mar seria ali, a oriente,

e quela rua ocorre outro sentido.

o impalpvel corpo da paisagem.

presente mas distante: inacessvel.

a mesma geografia:

e no entanto muda. Ruy Duarte de Carvalho, sinais misteriosos j se v

A obra literria do escritor e antroplogo angolano Ruy Duarte de Carvalho, apesar de extensa e multiforme, incluindo poesia, cinema, ensaio, desenho e fico, percorrida por algumas constantes, que lhe conferem um grau relativamente alto de coeso. O recurso lente cinematogrfica como estratgia para observar a realidade e, neste sentido, para elaborar um pensamento da paisagem, uma delas, aparecendo tanto na obra potica por exemplo, no livro sinais misteriosos j se v, de 1980 , como na obra ficcional que o autor foi produzindo nos ltimos anos da sua vida. O caso que escolhi trazer para este ensaio, o do livro de crnicas Desmedida, apresenta apenas uma das formas em que a relao entre cinema e paisagem se expressou na obra de Ruy Duarte.

Que a paisagem no funcione, nos textos desse autor, como mero pano de fundo, fica evidente j no comeo do romance As paisagens propcias, onde o narrador afirma ter decid[ido] agir accionado pela sua prpria viagem, e a mais de um ttulo. Num tempo pessoal que ele mesmo quer ver marcado por paisagens (em trnsito, portanto, da viagem paisagem) (Carvalho, 2005, p. 13). A passagem da viagem paisagem acarreta uma mudana de foco, pois distintas so as implicaes de cada uma. Se a viagem tem um carter essencialmente subjetivo, estando o centro da ateno no sujeito e na forma como ele experiencia aquilo que o rodeia, dirigir o olhar para a paisagem obriga a tomar em considerao a forma como ela foi e experienciada e modificada por outros sujeitos, bem como por entidades no humanas (por exemplo, pelos agentes atmosfricos). Logo, desejar que o prprio tempo pessoal seja marcado pela paisagem, antes que pela viagem, implica que o sujeito mergulhe em outros tempos e em outras histrias, numa mudana de perspetivas que faz com que a histria pessoal de cada um, ao transitar por determinadas paisagens, se cruze com as histrias daqueles que as atravessaram no passado, e cuja ao ter influenciado, de alguma forma, o nosso olhar sobre elas.

Por outro lado, este exerccio implica tambm um posicionamento consciente do sujeito perante a realidade, como se pode depreender do convite que o narrador de Vou l visitar pastores dirige ao amigo que o acompanharia no territrio de referncia da vida e da obra de Ruy Duarte, o sudoeste angolano, habitado pelos pastores kuvale: o que me ocorre investir [] ajudar-te a aferir a tua prpria mira ou [] a seleccionares ou a aferires as tuas objectivas, as distncias focais, as velocidades de obturao e os diafragmas aos objectivos que forem os teus (Carvalho, 1999, p. 100). O livro, que constitui uma espcie de balano do trabalho etnogrfico de Ruy Duarte junto das populaes kuvale, surge a partir do entrelaamento entre a exposio do conhecimento sobre a histria, a organizao social e econmica, a cultura dos kuvale e a experincia subjetiva do autor. Esta relao necessria entre conhecimento do outro e conhecimento de si muito bem expressada pelo recurso metfora fotogrfica, pois ela obriga a lembrar que a observao implica sempre um ponto de vista e um posicionamento que envolve, a um tempo, distanciamento e proximidade. Logo, a experincia da paisagem surge precisamente na tenso entre conhecimentos diferentes, que vo sendo apreendidos pelo sujeito de acordo com os seus objetivos e com o seu posicionamento em relao ao que o rodeia.

uma experincia deste tipo que norteia a viagem de Desmedida, livro de crnicas de 2006 surgido a partir de uma viagem pelo Brasil, mais precisamente ao longo do alto e mdio rio So Francisco. O livro -nos apresentado como o resultado de uma reprage para um mais do que improvvel, impossvel filme, pois, continua o narrador, pela minha parte talvez afinal no tenha estado nunca em nenhum lugar, e em qualquer tempo, mesmo de uma maneira geral na vida, se no como se fosse para voltar depois e fazer um filme (Carvalho, 2006, p. 164). Ou seja, o narrador, que, em outro momento, afirma ter um pensamento que funciona muito por imagens, prope-se viver a viagem como se estivesse a visitar os lugares em que iria posteriormente realizar um filme, pois a reprage consiste precisamente na escolha dos lugares onde filmar. Configura-se, portanto, uma interessante articulao entre viagem, escrita, cinema e paisagem volta da qual o livro se estrutura e que procurarei examinar ao longo deste ensaio.

As crnicas de Desmedida so inspiradas nos lugares visitados pelo autor e em leituras que dizem respeito aos mesmos. Blaise Cendras, Robert Burton, Euclides da Cunha, Guimares Rosa e muitas outras personagens da histria brasileira acompanham, assim, o autor nessa viagem em que tempos diferentes se cruzam e se sobrepem, reunidos pela ligao com certas paisagens:

H nesta geografia toda e nesse tempo [] uma simultaneidade, uma contemporaneidade e uma convergncia de enredos e de aces que se desenvolvem, complementam e completam um universo insularizado mas coerente e a bem dizer autnomo. [] A configurao fascina-me porque so estas, onde me vejo agora, as paisagens de uma temporalidade que vem quase at mim []. (Carvalho, 2006, p. 291-292).

A experincia da paisagem, enquanto experincia temporal, alm de espacial, assim vivida como uma experincia propcia confluncia de tempos heterogneos, percetveis pelo sujeito que nela mergulha. Heterogneos no apenas em funo da articulao entre o tempo pessoal do sujeito e os tempos da natureza e da histria, mas devido tambm copresena de passado, presente e futuro que alguns pensadores da paisagem, entre os quais o filsofo italiano Rosario Assunto, consideram ser um atributo essencial da mesma. Assunto distingue, de facto, entre temporalidade e temporaneidade, definindo a primeira como inclusiva, no sentido em que, enquanto a temporalidade conserva e prolonga o passado no presente, e no presente antecipa o futuro no qual o presente feito passado se conservar, prolongando-se por sua vez, a temporaneidade , ao contrrio, uma perptua remoo (Assunto, 2011, p. 350), feita da alternncia do no-ser-ainda e do no-ser-mais. Se a temporaneidade a dimenso da cidade industrial e metropolitana, a temporalidade o tempo da natureza e da histria (e, portanto, da cidade histrica), de cuja articulao surge precisamente a paisagem.

este tipo de olhar sobre a paisagem que emerge das pginas de Desmedida, onde o recurso estratgia da reprage permite ao narrador conceber o livro como promessa de um hipottico (e desde logo irrealizvel) filme futuro, instituindo, portanto, uma relao com a paisagem que, como na teorizao de Assunto, engloba trs tempos: o presente da escrita, temporal e geograficamente situado (todos os captulos trazem a indicao do local e do momento da viagem em que foram escritos); o passado da viagem e dos acontecimentos histricos retomados pelo narrador; o futuro da realizao do filme, que implica um regresso aos lugares previamente visitados. Se a experincia da paisagem como combinao de presente e passado no resulta difcil de compreender, menos bvia a referncia ao futuro: o que implica estar na paisagem com um olhar virado para o futuro? Para tentar responder a esta pergunta, proponho observar primeiro o que o narrador de Desmedida diz a respeito desta questo, para, num segundo momento, articular as suas reflexes com as sugestes procedentes de um trabalho audiovisual que poder lanar uma outra luz sobre estas questes.

Na ltima etapa da viagem (e do livro), dedicada aos sertes euclidianos, o narrador desenvolve uma reflexo sobre a confluncia, na experincia da paisagem, da perceo imediata e dos conhecimentos prvios, de natureza cultural, que inevitavelmente a condicionam. Este assunto conhecido do leitor de Ruy Duarte, pois aparece tambm no romance publicado apenas um ano antes de Desmedida e intitulado As paisagens propcias. As paisagens do ttulo so propcias na medida em que apontam para viagens futuras, sendo elas prprias constantemente deslocadas para a frente: no so ou no so apenas, portanto, as que o narrador-personagem atravessa ao longo do romance, mas sim outras ainda desconhecidas, que no cabem no livro, que fica, de facto, suspenso num final aberto e projetado, da mesma forma que as suas personagens, para a frente.

Na passagem de Desmedida dedicada aos sertes, o narrador, que, ao longo do texto, vai misturando paisagens reais e paisagens literrias, interpretando as primeiras luz das segundas e afirmando que nem sequer conseguir[] dizer seja o que for das paisagens que vi[u] sem [s]e obrigar a ver o que Euclides poder ter dito do que ter visto nos mesmos exactos lugares, diz o seguinte: Que Euclides no tenha dito, sem que a impresso que eu guardo fique a dever nada a ele, s talvez a cincia de estar l, num prprio lugar mnimo da paisagem que se fixa de longe e venha a ser, enfim, uma ddiva e uma posse directa das paisagens. [] Muito pouco para alm de eleger um ponto e conseguir saber como h de ser estar l, olhando a partir dali, conferindo a esse ponto um sentido de mundo existido l. Por quem, por qu, pessoa ou animal, vegetal ou minrio? (Carvalho, 2006, p. 304)

Essa possibilidade de deslocamento no espao destina-se a produzir um descentramento do sujeito capaz de lhe proporcionar uma nova perspetiva sobre a paisagem que o envolve, em virtude de uma operao que procura encontrar, na singularidade do lugar, incidncias comuns [], implcitas a todos. A este movimento de deslocamento o narrador acrescenta outro, de cariz temporal:

Ou vir ento acrescentar o simultneo ao sentimento e alcanar, da para a frente, o que se passa num lugar distante. Vir aos lugares no para v-los s, nem s para reconstituir-lhes passados, nem registar presentes, mas para cobrar-lhes futuros tambm. A apropriao de um lugar no passa s por pis-lo e poder, a partir da, record-lo. Ser tambm poder, a partir de ento, reter-lhe a impresso de um qualquer momento futuro, simultneo ao meu (ibidem).

Este exerccio de duplo reposicionamento, no tempo e no espao, do sujeito que experiencia a paisagem mostra como ela proporciona uma experincia esttica que, alm da perceo e do intelecto, estimula a imaginao, pois o futuro imaginado concorre, junto com o passado relembrado, para a apropriao do lugar. E esse ato imaginativo que permite ao sujeito fugir, embora apenas temporria e parcialmente, s mediaes literrias, por exemplo que dificultam aquela a que o narrador, no excerto anterior, chamou uma ddiva e uma posse directas da paisagem. Conceber o livro como produto da reprage e remeter para uma viagem futura (e um livro futuro) as paisagens ditas propcias, instaurando a provisoriedade como mtodo de trabalho, permite, portanto, pensar a paisagem como lugar da possibilidade, finitude aberta, na linguagem de Rosario Assunto, enquanto recebe em si o infinito que, passando finitude, infinitude limitada (Assunto, 2011, p. 345). nesta ideia que se baseia o vdeo Un luogo a venire, produzido pela Flatform, grupo de artistas visuais com sede em Berlim e em Milo, que h anos vem desenvolvendo um trabalho de pesquisa sobre a paisagem, que envolve, entre outras coisas, uma reflexo sobre a temporalidade e o movimento. Neste vdeo, o desfile das imagens acompanhado por uma voz off que no descreve aquilo que se apresenta ao olhar do espectador, mas sim a imagem que vai aparecer em seguida e que, no momento da descrio antecipadora, envolvida pela nvoa. A descrio encontra-se, porm, em sincronia com os sons (por exemplo, ouvimos, mas s sucessivamente vemos, um co ladrando e andando atrs do seu dono), pois, como lemos na sinopse, como na nvoa, neste vdeo os sons precedem a realidade que ainda no se manifestou. [] O lugar representado neste vdeo no evolui de acordo com simples lneas temporais, mas conforme aquela especial lnea de atravessamento que a nvoa e que, neste vdeo, entendida como uma espcie de nome coletivo em que agrupar sob um nico gnero todos os elementos da realidade predita: o lugar por vir (Flatform, 2011).

A sincronia de imagem e descrio , portanto, quebrada pelo jogo antecipador dos sons e da voz off, que instaura uma temporalidade antecipada, embasada na ideia de que, se existem mundos possveis, cada um deles tem alguma probabilidade de existir, podendo diferir dos outros apenas por um nico elemento ou por um fragmento do mesmo. Se, no vdeo, as imagens que se sucedem mostram mundos reais, no sentido de efetivamente existentes, fica a sugesto de que outros podero existir. O futuro configura-se, portanto, como algo ainda indeterminado e a presena da nvoa, que vai ocultando e sucessivamente desvelando as imagens, transmite muito bem essa sensao de vagueza e indefinio , mas que, ainda assim, j existe no seu estado potencial, estando contido no presente.

Un luogo a venire, 2011

Esta temporalidade antecipadora, em que a imaginao e a possibilidade desempenham papis decisivos, a mesma que encontramos em Desmedida. De facto, alm de o livro se apresentar como produto da reprage, apenas duas sees so elaboradas durante a viagem. As outras so escritas antes de o narrador embarcar na mesma: em So Paulo antes de partir em viagem pelo So Francisco superior; em So Paulo antes de interromper o programa de viagens pelo So Francisco para ir a casa, a Luanda; em Luanda, tendo vindo do Brasil e antes de voltar l outra vez para prosseguir a viagem pelo rio So Francisco; e, por fim, em So Paulo, antes de voltar de vez para casa. Em suma, longe de se tratar de um relato de viagem, o livro, elaborado a partir das divagaes sobre temas, lugares e episdios da histria do Brasil, constitui uma fico antecipadora em que dois movimentos em direo ao futuro se cruzam: o primeiro, direcionado para o lugar imaginado antes da viagem; e o segundo, situado no futuro anterior da viagem de regresso e ativado por um trabalho imaginativo que procura uma outra forma de viver o presente e construir a recordao do passado. Como no excerto das Paisagens propcias, que citei no princpio deste ensaio, trata-se de um tempo marcado pela paisagem, mais do que pela viagem. Paisagem aberta ao futuro, imaginao, possibilidade.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS:ASSUNTO, Rosario. A paisagem e a esttica. In: SERRO, Adriana (org.), Filosofia da Paisagem. Uma antologia. Lisboa: Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2011, p. 339-375.

CARVALHO, Ruy Duarte de. sinais misteriosos j se v. Lisboa: Edies 70, 1980.

_____. Vou l visitar pastores. Lisboa: Cotovia, 1999.

_____. As paisagens propcias. Lisboa: Cotovia, 2005.

_____. Desmedida. Crnicas do Brasil. Lisboa: Cotovia, 2006.

FLATFORM, Un luogo a venire (A place to come). Itlia, 2011, 7:30. Sinopse e excertos disponveis no site http://www.flatform.it. Acessado a 10 de novembro de 2013.

Este artigo foi escrito de acordo com as normas estabelecidas para o portugus europeu pelo Acordo ortogrfico de 1990. Publicado em Estudos de Paisagem. Literatura, Viagens e Turismo cultural. Brasil, Frana, Portugal. Organizadoras: Ida Alves, Mas Lemos, Carmem Negreiros . Rio de Janeiro : Oficina Raquel, 2014. 442 p.

Doutoranda no Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa. Mestre pela mesma instituio (2011), desenvolve a sua pesquisa volta das obras de Bernardo Carvalho e de Ruy Duarte de Carvalho, investigando as relaes entre literatura e antropologia, a representao da paisagem e a materialidade do livro.

Para entender o alcance destas afirmaes preciso ter em conta a importncia do cinema na obra de Ruy Duarte, que trabalhou, nos anos 70 e 80, como cineasta, tendo produzido cerca de vinte horas de cinema documentrio para a televiso e para o instituto de cinema angolanos. Realizou tambm filmes de fico como Nelisita: narrativas nyaneka (1982) e Moia: o recado das ilhas (1988). Alm do recurso constante ao cinema na escrita, Ruy Duarte dedicou-se tambm pintura, nomeadamente s aguarelas, e ao desenho, sendo que alguns dos seus livros, como sinais misteriosos j se v (1980) e A terceira metade (2009) so acompanhados por desenhos do seu punho.

Assunto chega a esta definio aps ter excludo, do conceito de paisagem, o espao fechado e o espao ilimitado. A paisagem configura-se, portanto, como finitude aberta em virtude das limitaes que lhe so impostas por um espao ilimitado que lhe permite, ao mesmo tempo, abrir-se para o infinito: O cu que no paisagem, mas que com a sua presena define a paisagem enquanto espao aberto digamos: abre a paisagem no menos quanto o solo, [] determina a paisagem, e at mesmo a institui como um espao limitado, [], mas no finito. A paisagem constitui-se assim, conclui o filsofo, como presena, e no representao, do infinito no finito (Assunto, 2005, p. 345).

Todas as tradues do vdeo so minhas.

Uma anlise mais aprofundada desse vdeo foi feita pela pesquisadora do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa Maria Teresa Teixeira, cujas observaes foram inspiradoras para o desenvolvimento do presente artigo. O texto ser publicado num livro destinado a reunir um conjunto de ensaios filosficos que acompanham alguns trabalhos audiovisuais produzidos pelo grupo Flatform, numa parceria entre este e o Projeto FILARQPAIS Filosofia e Arquitetura da Paisagem do Centro de Filosofia da UL.

Nas Paisagens propcias encontra-se uma referncia direta a esta apropriao, por assim dizer, projetiva da paisagem: As paisagens que dariam acesso a tudo o que cada um poder ter a descobrir dentro de si mesmo, assim, seriam aquelas que o sujeito conhece por ter de alguma maneira experimentado nelas [...] sentimentos, seus e alheios, de grande intensidade. Nas paisagens que se reconhecem estar at, e s vezes sobretudo, o que delas, e sobre elas, e a partir delas, se pensou antes das viagens. (Carvalho, 2005, p. 130-131).