ciclo de palestras direito regulatÓrio … · economia industrial: fundamentos teóricos e...
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QUESTÕES REGULATÓRIAS ATUAIS DOS SETORES DE ENERGIA, TELECOMUNICAÇÕES E
GÁS NATURAL
CICLO DE PALESTRAS DIREITO REGULATÓRIO BRASILEIRO
MYLLER KAIRO COELHO DE MESQUITA
BRASÍLIA, 24 DE ABRIL DE 2015
“Na língua, só há diferença.”
(Ferdinand de Saussure - 1857/1913)
“Tudo que é sólido desmancha no ar.”
Cama de Procusto
Contexto institucional
• Restrições
• Escolhas
• Indivíduos reagem a
incentivos
• A lei é um dos mais
importantes incentivos
sociais
Instituições são “os conjuntos de
regras que definem como as decisões
são tomadas dentro de qualquer
organização. Essas regras podem ser
tanto formais quanto informais; elas
podem ter força de lei ou simplesmente
de costume, de hábito ou de
reconhecimento mútuo” (Oliver E.
Williamson apud HOVENKAMP,
Herbert. Coase, Institutionalism, and
the Origins of Law and Economics
[Article] // Indiana Law Journal. - 2011.
- Vol. 86:499, p. 540. Disponível em:
http://ilj.law.indiana.edu/articles/86/86_
2_Hovenkamp.pdf. Tradução livre.)
“(...) cada Estado está imerso em um conjunto concreto de relações sociais, que define espaços, canais e modo de negociação entre a administração pública e agentes econômicos de forma dinâmica e associada ao estágio de desenvolvimento de suas nações. Assim, nas palavras de Peter Evans, ‘o debate estéril sobre ‘quanto’ o Estado intervém deve ser substituído por argumentos sobre diferentes tipos de envolvimento do Estado na sociedade e seus efeitos... o envolvimento do Estado é um dado. A questão adequada não se refere a ‘quanto’ o Estado intervém, mas sim ‘que tipo’ de intervenção ocorre e quais suas consequências.”
Economia industrial: fundamentos
teóricos e práticas no
Brasil/organizadores,David Kupfer e
Lia Hasenclever. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013, 314)
VÍDEO
Intervenção do Estado na Economia
(i) Alteração da definição
legal das faculdades dos
agentes econômicos.
• Direito de propriedade
• Direitos obrigacionais
• Poder de polícia
(ii) Retirar do mercado a
determinação de variáveis
econômicas.
Direção
Absorção
Participação
Indução
(prêmio/punição)
Elementos da política econômica
Dados
Modificáveis
Não modificáveis
Quantitativos
(instrumentos)
Qualitativos
(meios)
Política quantitativa
Estruturais
Fundamentais
Política de qualitativa
Política de reformas
Fenômenos Econômicos ou variáveis Objetivos NUSDEO, Fábio. Curso de Economia. Introdução ao direito econômico. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015, p.154
Lei das Sociedade Anônimas
Lei de Falências
Lei de Defesa da Concorrência
Reforma Administrativa
Taxa de câmbio (Cambial)
Taxa de juros (Monetária)
Alíquota de tributos (Fiscal)
Economia
Ortodoxa
• Política fiscal austera
• Aumento de juros
• Câmbio livre
Heterodoxa
• Expansionista
• Juros menores
• Política cambial que evita a inflação
Adam Smith
Anos 80
Thatcher
(Inglaterra)
Regan
(EUA)
“Consenso de
Washington”
Mercantilismo
Primeira metade
dos séc. XX
New Deal
(EUA)
Marxismo-
leninismo
(União Soviética)
Economia Brasileira
“A vida só pode ser
compreendida,
olhando-se para trás;
mas só pode ser vivida,
olhando-se para frente.”
Soren Kierkegaard
Economia Brasileira (1889-1930) – Primeira República. Oligarquia
Latifundiária (café).
(1930-1980) – Processo de Industrialização por Substituição de Importação:
•Estado-empresário;
•Protecionismo;
•Investimento estrangeiro (*questão de segurança nacional);
•Incentivos fiscais setoriais e regionais.
(1990-1992). Início da abertura da economia.
(1994) – Plano Real. Solução de mercado para a inflação. Privatizações e defesa da concorrência.
VÍDEO
Capitalismo de laços
• Privatização por alienação de bloco de controle.
• Associação: BNDES, Fundos de Pensão e Capital privado doméstico e estrangeiro.
Viabilidade política do processo;
Garantia de obtenção de preço satisfatório dos leilões.
LAZZARINI, Sérgio G. Capitalismo de laços: os donos do Brasil e suas
conexões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
Regulação setorial
ANEEL
ANATEL
ANP
ANVISA
ANS
ANATAQ
ANTT
ANA
ANCINE
Lei nº 9.427/1996
Lei nº 9.472/1997
Lei nº 9.478/1997
Lei nº 9.782/1999
Lei nº 9.961/2000
Lei nº 9.984/2000
Lei nº 10.233/2001
Medida Provisória 2228-1/2001
A natureza de
autarquia especial
conferida à Agência
é caracterizada por:
(i) independência
administrativa,
(ii) ausência de
subordinação
hierárquica,
(iii) mandato fixo e
estabilidade de
seus dirigentes e
(iv) autonomia
financeira.
(Art. 8º, § 2º, da Lei
nº 9.472/1997).
Poder Normativo
Falhas de mercado
• Assimetria de Informações
• Externalidades
• Recursos Comuns
• Bens Públicos
• Monopólios Naturais
• Indústria de rede
• Concentração
• Imobilidade dos fatores
• Custos de transação
Perspectiva ortodoxa. Intervenção
como exceção.
Função corretiva
Visão neoclássica:
Informação e racionalidades perfeitas
Reversibilidade sem ônus das
decisões
Agentes econômico que maximizam o
bem-estar individual e o coletivo
Atomismo dos agentes
Livre mobilidade dos fatores
...Mas, incerteza é constante.
Custos de Transação
Custos de Transação
Oliver E. Williamson Ronald H. Coase
• Racionalidade
limitada
• Complexidade
• Incerteza
• Oportunismo
• Especificidade
de ativos
(hold-up)
Monopólio natural
• A eficiência econômica
somente é alcançada por 1
empresa.
• A estrutura de custos é
caracterizada por economias
de escalas em todos os níveis
da faixa relevante de
produção.
• Uma empresa possui
economia de escala quando
o custo médio de longo prazo
é reduzido quando a produção
é elevada. (custo fixo, custo
variável, custo marginal)
Regulação
LEBBOS, Carolina Moura. Divisão de competências e articulação entre reguladores setoriais e órgãos de defesa da concorrência [Seção do Livro] // in: Direito concorrencial e regulação econômica.
MOREIRA, Egon Bockmann e MATTOS, PAulo Todescan Lessa. - Belo Horizonte : Fórum, 2010, p. 223/224. SAMPAIO, Patrícia Regina Pinheiro. A atuação do CADE em setores de infraestrutura.
São Paulo: Saraiva, 2013, p.14.
Fomento
APRESENTAÇÃO DO MINISTRO JOAQUIM LEVY NO EVENTO DO BANK OF AMÉRICA - 04.03.2015
VÍDEO
Falhas de
governo GOVERNANÇA
REGULATÓRIA
ACÓRDÃO TCU/PLENÁRIO
N.º 240/2015
Ausência ou má fiscalização
dos contratos;
Procedimentos internos
morosos e ineficientes;
Não aplicação de sanções e
baixo percentual de
recebimento de multas
aplicadas;
Obscuridade na tomada de
decisões por falta de
transparência e de
fundamentação técnica robusta;
Não enfrentamento de questões
setoriais relevantes ao
interesse público.
Questões regulatórias atuais
Energia
MP nº 579/2012. (LEI Nº 12.783, DE 11 DE JANEIRO DE 2013)
Prorrogação das concessões de geradores de energia elétrica.
STJ – MS nº 20.432/DF.
Processo: SLS 1979
Gás Natural
Definição de gasoduto de transporte (União) e de distribuição (Estado).
Constituição Federal: art. 25, § 2º c/c art. 177, IV.
TRF1 – Apelação em MS nº 490-90.2010.4.01.3400/DF
Regulação setorial • Gás natural
Gás natural
AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO,
GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS
RESOLUÇÃO ANP Nº 21, DE 10.4.2014 -
DOU 11.4.2014
ACP n.º 30652-38.2014.4.01.3300- JF/BA
Suspensão da 12ª rodada de
licitações promovidas pela
ANP, que disponibilizou blocos
na Bacia do Recôncavo para a
exploração de gás de xisto por
meio de faturamento hidráulico.
Telecomunicações
Regulamento Geral dos Direitos do
Consumidor de Serviços de Telecomunicações (RGC), veiculado pela Resolução nº 632,
de 07/03/2014, em vigor desde 08/07/2014, editada pelo Conselho Diretor da ANATEL.
JFDF – Ação Ordinária nº 0047611-75.2014.4.01.3400.
*A disciplina da permissão na LGT foi suspensa por decisão cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 1668.
MESQUITA, Myller Kairo Coelho de. Regulação setorial e antitruste no direito brasileiro. Brasília, UnB, p. 21. Monografia. Disponível em:
http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/6779/1/2013_MyllerKairoCoelhoMesquita.pdf
Análise de caso – CADE Processo Administrativo
n° 08012.002716/2001-11
O compartilhamento de postes de
energia elétrica
SUNDFELD, Carlos Ari. Estudo jurídico sobre o preço de compartilhamento de
infra-estrutura de energia elétrica [Periódico]. - Salvador : Revista Eletrônica de
Direito Administrativo Econômico, 2006. - Vol. 4. Disponível em:
http://www.direitodoestado.com/revista/REDAE-4-NOVEMBRO-2005-
CARLOS%20ARI%20SUNDFELD.pdf
Regulação Setorial
• Energia Elétrica
TOLMASQUIM, Mauricio T. Novo modelo do setor elétrico brasileiro [Livro]. - Rio
de Janeiro : Synergia, 2011.
Regulação Setorial
• Televisão a cabo
MASCARENHAS, Rodrigo Tostes de Alencar. Direito das telecomunicações [Livro]. - Belo Horizonte : Fórum,
2008.
LAENDER, Gabriel Boavista. O regime jurídico das redes de telecomunicação e os serviços de
telecomunicação [Seção do Livro] // in: Direito das telecomunicações: estrututa institucional regulatória e infra-
estrutura das telecomunicações no Brasil. ARANHA, Marcio Iorio. - Brasília : JR Gráfica, 2005.
Conceitos
Regulação
Infraestrutura de rede
Compartilhamento de infraestrutura
Monopólio natural
SCHIRATO, Vitor Rhein. Livre iniciativa nos serviços públicos [Livro]. - Belo Horizonte : Fórum, 2012.
Economia de escopo: existência de reserva de capacidade e
complementariedade tecnológica e comercial.
Internet e ligação (combo): Multiproduto
Externalidade de demanda/técnicas/pecuniárias
Externalidades
Economia de escala
Articulação: infraestrutura
(transmissão/transporte),
coordenação da rede,
serviços finais.
Lei nº 13.116, de 20 de abril de 2015. Art. 14
(obrigatório - capacidade excedente da
infraestrutura de suporte.)
Política tarifária
Interconexão -Valor de Uso de Rede do SMP
VU-M
MESQUITA, Myller Kairo Coelho de. Regulação setorial e antitruste no direito brasileiro. Brasília, UnB, p. 21. Monografia. Disponível em:
http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/6779/1/2013_MyllerKairoCoelhoMesquita.pdf
Conflito de competência
“Competências sobrepostas, se não forem bem delimitadas, com a previsão do papel ocupado por cada ente no sistema, podem, por um lado, acarretar em aumento de custos, gerando ineficiência econômica, e, por outro, imprevisibilidade dos procedimentos, normas e decisões impostas aos seus destinatários, contribuindo para uma situação de insegurança jurídica.” (KERSTEN, Felipe de Oliveira.
Regulação pública da economia e defesa da concorrência no setor elétrico: repartição de competências e articulação entre a Agência Nacional de Energia Elétrica e o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência [Seção do Livro] // in: Direito concorrencial e regulação econômica. MOREIRA, Egon Bockmann e MATTOS, Paulo Todescan Lessa. - Belo Horizonte : Fórum, 2010, p. 339)
MESQUITA, Myller Kairo Coelho de. Regulação setorial e antitruste no direito brasileiro. Brasília, UnB, p. 19. Monografia.
Disponível em: http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/6779/1/2013_MyllerKairoCoelhoMesquita.pdf
Conceitos
• Mercado relevante: produto e geográfico.
• Exercício de poder de mercado.
• Controle preventivo e repressivo: ato de concentração e conduta.
• Infração concorrencial: “Constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os seguintes efeitos, ainda que não sejam alcançados” (art. 36 da Lei 12.529/2011)
SEAE/SDE. Portaria Conjunta SEAE/SDE nº 50, de 1º de agosto de 2001 // Guia para análise econômica de atos de concentração horizontal. - 2001.
Receita revertida para a modicidade tarifária
MESQUITA, Myller Kairo Coelho de. Regulação setorial e antitruste no direito brasileiro. Brasília, UnB, p. 24. Monografia. Disponível em:
http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/6779/1/2013_MyllerKairoCoelhoMesquita.pdf
Institucionalismo comparado
RAGAZZO, Carlos Emannuel Joppert. A eficácia jurídica da norma de preço
abusivo [Artigo] // Selected Works. - 2012. Disponível em:
http://works.bepress.com/cgi/viewcontent.cgi?article=1024&context=carlos_ragazzo
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Limite da análise concorrencial
• (i) entidades regulatórias competentes;
• (ii) racionalidade econômica da conduta
MESQUITA, Myller Kairo Coelho de. Regulação setorial e antitruste no direito brasileiro. Brasília, UnB, p. 36-45. Monografia. Disponível em:
http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/6779/1/2013_MyllerKairoCoelhoMesquita.pdf
BACEN x CADE
ADMINISTRATIVO - ATO DE CONCENTRAÇÃO, AQUISIÇÃO OU FUSÃO DE INSTITUIÇÃO INTEGRANTE DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL - CONTROLE ESTATAL PELO BACEN OU PELO CADE - CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES - LEIS 4.594/64 E 8.884/94 - PARECER NORMATIVO GM-20 DA AGU.
1.Os atos de concentração, aquisição ou fusão de instituição relacionados ao Sistema Financeiro Nacional sempre foram de atribuição do BACEN, agência reguladora a quem compete normatizar e fiscalizar o sistema como um todo, nos termos da Lei 4.594/64.
2. Ao CADE cabe fiscalizar as operações de concentração ou desconcentração, nos termos da Lei 8.884/94.
3. Em havendo conflito de atribuições, soluciona-se pelo princípio da especialidade.
4. O Parecer GM-20, da Advocacia-Geral da União, adota solução hermenêutica e tem caráter vinculante para a administração.
5. Vinculação ao parecer, que se sobrepõe à Lei 8.884/94 (art. 50).
6. O Sistema Financeiro Nacional não pode subordinar-se a dois organismos regulatórios.
7. Recurso especial provido.
(REsp 1094218/DF, Rel. Ministra ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/08/2010, DJe 12/04/2011)
DECISÃO MONOCRÁTICA NO RE Nº 664189. MIN. DIAS TOFFOLI.
“O entendimento adotado pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça não se afastou da jurisprudência desta Corte, no sentido de que a disciplina de atos normativo relativos ao Sistema Financeiro Nacional é reservada à lei complementar (vide ADI nº 4, Relator(a): Ministro Sydney Sanches, Tribunal Pleno, DJ de 25/06/1993).
Também há de se salientar que, para se modificar o resultado da decisão objurgada, da forma como tratada nos autos e pelos fundamentos apresentados pelo recorrente, necessariamente envolveria a reapreciação do conjunto fático-probatório que permeia a causa, bem como da legislação infraconstitucional pertinente (Leis nºs 4.594/64 e 8.884/94, e Parecer Normativo GM-20 da AGU), o que é inadmissível na via extraordinária. Assim, incide na espécie as Súmulas nºs 279 e 280 desta Corte. Nesse sentido, em casos similares, esta Corte decidiu serem infraconstitucionais as questões relativas às competências do BACEN (...) nego seguimento ao recurso extraordinário interposto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE” (09/06/2014)
STJ STF
Obrigado!