administração, orçamento e contabilidade pública - sérgio jund (3ª ed. - elsevier, 2008)

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  • ( res publica no diferenciada da res prncipis;

    > corrupo / nepotismo (protecionismo / filhotismo/ coronelismo)

  • CAMPUS Parte 1 > Capitulo 2 Noes Bsicas

    2.3 2 Burocrtica

    Com o surgimento do capitalismo e da democracia, estabeleceu-se uma distino

    clara entre res publica e bens privados A democracia e a Administrao Pblica

    burocrtica emergiram como as principais instituies que visavam a proteger o

    patrimnio pblico contra a privatizao do Estado Democracia o instrumento

    poltico que protege os direitos civis contra a tirania, que assegura os direitos sociais

    contra a explorao e que afirma os direitos pblicos em oposio ao rent-seeking

    (busca, investigao, pesquisa) Burocracia a instituio administrativa que utiliza,

    como instrumento para combater o nepotismo e a corrupo, os princpios de um

    servio pblico profissional e de um sistema administrativo impessoal, formal e

    racional

    O surgimento da Administrao Pblica burocrtica, no sculo XIX, em

    substituio as formas patrimonialistas de administrar o Estado, foi um grande

    progresso Max Weber, principal terico desse modelo de administrao, defendia

    que toda organizao deveria buscar a racionalidade, ou seja, adequar os meios aos

    fins pretendidos, de forma a garantir a mxima eficincia possvel

    O modelo burocrtico parte do pressuposto que o comportamento das pessoas

    nas organizaes previsvel e deve ser conduzido por regras formais Dentre os

    mais importantes princpios deste modelo, podemos citar;

    > o carter racional legal das normas e regulamentos;

    > o carter formal das comunicaes;

    > o carter racional e a diviso do trabalho;

    > impessoalidade nas relaes;

    > hierarquia de autoridade;

    > rotinas e procedimentos padronizados;

    > competncia tcnica e meritocracia;

    > especializao da administrao;

    > profissionalizao dos participantes;

    > completa previsibilidade do funcionamento

    Na Administrao Pblica brasileira, tal modelo surgiu com o advento do

    Departamento Administrativo de Servio Pblico - DASP, na dcada de 30,

    caracterizando a primeira reforma administrativa brasileira, tendo como caractersticas

    principais e disfunes inerentes misso da administrao pblica os itens

    relacionados a seguirO

  • Administrao. Oramento e Contabilidade Pblica Sergo Jund ELSEVIER

    Caractersticas:

    > combate coraipo e ao nepotismo patrimoniaista;

    > acesso ao servio pblico por miito: criao do concurso pblico;

    > profissionalizao, idia de carreira, hierarquia funcional;

    > funo oramentria;

    > poder racional-legal: normas e procedimentos universais;

    > controle rgido e a priori dos processos administrativos;

    > principio da desconfiana nos administradores pblicos e nos clientes''

    Disfunes:

    > perda da noo bsica de sua misso servir sociedade;

    > o controle, a garantia do poder do Estado transforma-se na prpria razo

    de ser do funcionrio;

    > ineficincia e auto-referncia;

    > incapacidade de voltar-se para o servio dos cidados;

    > clientelismo e o fisiologismo

    2 3 3 Gerencial

    Na segunda metade do sculo XX, comeam a surgir as idias de uma nova

    filosofia administrativa: a Administrao Pblica gerencial, que se contrape ao

    modelo burocrtico Tendo como principal fundamento a concepo tanto de Estado,

    quanto de sociedade democrtica pluralista, a administrao gerencial caracteriza-se

    por decises e aes orientadas para resultados, tendo como foco as demandas dos

    clientes/usurios, baseada no planejamento permanente e executada de forma

    descentralizada e transparente

    A reforma do Estado, que se tomou tema central nos anos 90 em todo o mundo,

    uma resposta ao processo de globalizao em curso, que reduziu a autonomia dos

    Estados de formular e implementar polticas, e principalmente crise do Estado,

    que comea a se delinear em quase todo o mundo nos anos 70, mas s assume

    plena definio nos anos 80 No Brasil, a reforma do Estado comeou nesse

    momento, em meio a uma grande crise econmica, que chegou ao seu auge em

    1990, com um episdio hiperinlacionrio A partir de ento, a reforma do Estado

    se torna imperiosa Problemas considerados cruciais, como o ajuste fiscal, a

    privatizao e a abertura comercial, cujo ataque vinha sendo ensaiado nos anos

    anteriores, foram, ento, em algumas tentativas, encarados com maior vigor

  • CAMPUS Parte I * Capitulo 2 Moes Bsicas

    Amplamente, a Administrao Pblica gerencial est baseada em uma concepo

    de Estado e de sociedade democrtica e plural, enquanto que a Administrao Pblica

    burocrtica tem um vezo centralizador e autoritrio, sendo, ainda, mais permevel

    aos resqucios da administrao patrimoniaiista

    Enquanto a Administrao Pblica burocrtica pressupe uma racionalidade

    absoluta, a Administrao Pblica gerencial pensa a sociedade como um campo de

    conflito, cooperao e incerteza, na qual os cidados defendera seus interesses e

    afirmam suas posies ideolgicas, que afinal se expressam na Administrao Pblica

    Nestes termos, o problema no o de alcanar a racionalidade perfeita, mas de

    definir, nas instituies, prticas administrativas suficientemente abertas e

    transparentes, de forma a garantir que o interesse coletivo na produo de bens

    pblicos ou quosi-pblicos pelo Estado seja razoavelmente atendido

    A Administrao Pblica gerencial inspira-se, como visto anteriormente, na

    administrao empresarial; contudo, no pode ser confundida com esta Enquanto

    a receita das empresas depende dos pagamentos que os clientes fazem livremente na

    compra de seus produtos e servios, a receita do Estado deriva da cobrana

    compulsria de tributos Enquanto o mercado controla a administrao das empresas,

    a sociedade, por meio de representantes eleitos, controla a Administrao Pblica

    Enquanto a administrao privada est voltada para o lucro e para a maximizao

    dos interesses dos acionistas, esperando-se que, por intermdio do mercado, o

    interesse coletivo seja atingido, a Administrao Pblica gerencial est explcita e

    diietamente voltada para o interesse pblico

    Podemos inferir, portanto, que a modernizao ou o aumento da eficincia da

    Administrao Pblica ser o resultado, em mdio ou em longo prazo, desse complexo

    projeto de reforma, pelo qual se buscar, a um s tempo, fortalecer a Administrao

    Direta ou o ncleo estratgico do Estado e descentraliz-la, por meio da implantao

    de agncias autnomas e de organizaes sociais, controladas por contratos de gesto

    O marco inicial da reforma administrativa gerencial na Administrao Pblica

    brasileira surgiu na dcada de 60 com a publicao do Decreto-lei nQ 200/1967, sendo

    tais medidas aperfeioadas ao longo desses anos por intermdio de programas que

    visavam desburocratizao do modelo, culminando com a reforma administrativa

    do Estado, iniciada em 1995, no Governo do Presidente Fernando Henrique

    Cardoso, sob a coordenao do Ministro Bresser Pereira O modelo gerencial busca

    a insero e o aperfeioamento da mquina administrativa voltada para a gesto e a

    avaliao a posteriori de resultados em detrimento ao controle burocrtico e a priori

    de processos, tendo como caractersticas principais e disfunes inerentes misso

    da Administrao Pblica os itens relacionados a seguir

  • Srie

    Pr

    ovas

    e

    Conc

    urso

    s

    14 Administrao, Oramento e Contabilidade Pblica Sergio jund ELSEVIER

    1967: marco inicial - Decreto-lei nQ 200/1967

    Caractersticas:

    > descentralizao/funcional: transferncia de atividades para autarquias,

    empresas publicas, sociedades de economia mista e fundaes;

    > princpios da racionalidade administrativa: planejamento e oramento,

    descongesonamento das chefias executivas (desconcentraa/ descentralizao),

    delegao de competncia e informao no processo decisrio;

    > sistematizao, coordenao e controle

    Disfunes:

    > no desencadearam mudanas no mbito da administrao burocrtica

    central, permitindo a coexistncia de ncleos de eficincia e competncia,

    na Administrao Indireta, e formas arcaicas e ineficientes no plano da

    Administrao Direta ou central

    1970: criao da SEMOR- Secretaria de Modernizao

    > buscou-se implantar as novas tcnicas de gesto e, particularmente, de

    administrao de recursos humanos na Administrao Federal

    1979-1981: Ministrio da Desburocratizao: Programa Nacional de

    Desburocratizao - PrND

    > nova tentativa de reformar a Administrao Pblica;

    > objetivos: revitalizao e agilizao das organizaes do Estado;

    > descentralizao de autoridade;

    > melhoria e simplificao dos processos administrativos e promoo da

    eficincia;

    > conter excessos da expanso da administrao descentralizada

    1988: Constituio Federal

    Considerada por Bresser Pereira, sob o aspecto administrativo, um retrocesso

    burocrtico administrao gerencial, tendo em vista os seguintes motivos

    Caractersticas:

    > engessamento do aparelho estatal: aplicao das regras burocrticas rgidas

    adotadas no ncleo estratgico do Estado s empresas estatais e aos servios

    do Estado;

    > perda de autonomia do Poder Executivo para tratar da estruturao dos rgos pblicos (art 48, IX);

    > instituio do Regime Jurdico nico, para os servidores da U, dos E, M e DF;

  • CAMPUS Parte I Capitulo 2 Noes Bsicas IS

    > retirada da flexibilidade operacional da Administrao Indireta, ao atribuir

    s fundaes e autarquias normas de funcionamento idnticas s que

    regem a Administrao Direta

    Resultados e disfunes:> abandono do caminho rumo administrao gerenciai;

    > reafirmao dos ideais da administrao burocrtica clssica;

    > ingerncia patrimoniaiista no processo;

    > srie de privilgios que no se coadunam com. a prpria administrao

    burocrtica: estabilidade rigida para todos os servidores, RJU;

    > aposentadoria com proventos integrais sem correlao com o tempo de

    servio ou com a contribuio do servidor;

    > desprestgio da Administrao Pblica brasileira

    1995: Plano Diretor da Reforma de Estado - MARE Caractersticas:

    > definio precisa dos objetivos que o administrador pblico dever atingir

    em sua unidade;

    > garantia de autonomia do administrador na gesto de recursos humanos,

    materiais e financeiros que lhe forem colocados disposio para que

    possa atingir os objetivos contratados;

    > controle ou cobrana a posteriori de resultados;

    > competio administrada no interior do prprio Estado, concorrncia entre

    unidades internas;

    > descentralizao e reduo dos nveis hierrquicos;

    > nfase em resultados (fins), e no em processos ou procedimentos (meios);

    > inspira-se na administrao de empresas privadas sem se confundir com elas;

    > v o cidado como contribuinte de impostos e cliente dos seus servios;

    > fim da obrigatoriedade do Regime Jurdico nico, permitindo-se a volta

    de contratao de servidores celetistas;

    > exigncia de processo seletivo pblico para administrao de celetistas e a

    manuteno do concurso pblico pata a admisso de servidores estatutrios;

    > classificao de carreiras de Estado, formadas principalmente por servidores

    estatutrios no ncleo estratgico do Estado, e carreiras de empregados

    celetistas, utilizados na Administrao Indireta e nos servios operacionais,

    inclusive do ncleo estratgico;

    Scric Provas

    c Concurso

    s

  • Administrao. Oramento e Contabilidade Pblica Scrgio Jund ELSEVIER

    > planos de carreira estruturados em classes hierarquizadas, segundo a

    natureza e a complexidade das tarefas, fazendo-se a distribuio escalonada

    dos cargos e empregos entre as classes e a promoo na carreira baseada

    em avaliao de desempenho e aprovao em cursos especficos;

    > limitao rgida dos proventos da aposentadoria e das penses ao valor

    equivalente percebido na ativa;

    > limitao rgida da remunerao dos servidores pblicos e membros dos

    Poderes, inclusive vantagens pessoais, remunerao dos Ministros do STF;

    > deve ser permevel maior participao dos agentes privados e/ou das

    organizaes da sociedade civil;

    > novas modalidades de organizao:

    Agncias reguladoras;

    Agncias executivas;

    0 Organizaes sociais

    Cabe mencionar que relacionamos apenas as caractersticas consideradas principais

    e que algumas ainda dependem de regulamentao especifica, tendo sido a maioria

    das propostas aprovadas e implementadas por intermdio da Emenda Constitucional

    n2 19/1998

  • Captulo

    Direito e Administrao Pblica

    3.1. INTRODUO

    Para melhor compreenso do tema proposto nesta obra, torna-se necessrio e

    fundamental abordarmos, ainda que, de forma simplificada, noes bsicas sobre o

    estudo do Direito Acreditamos que, dessa forma, estaremos contribuindo para o

    entendimento dos assuntos a serem tratados posteriormente

    Nas primeiras palavras, desejamos traar uma noo bsica da cincia jurdica

    Quando pensamos pela primeira vez em estudar Direito, o que vem mente so as

    expresses lei e ordem Para os olhos do homem comum, escudar Direito

    compreendera lei

    Apesar de o Direito no ser sinnimo de lei - conhecer o Direito no decorar a

    lei, partindo desta noo, podemos afirmar que um conjunto de regras obrigatrias

    que garantem a convivncia social graas ao estabelecimento de limites ao de

    cada um de seus membros Assim, o Direito est ligado idia de disciplina e

    convivncia social, s existindo na sociedade - nas relaes entre as pessoas

    O Direito tradicionalmente dividido em dois grandes ramos: Direito Pblico e

    Direito Privado

    Para Alexandrino

  • Siie

    Pro

    vas

    u C

    oncurs

    os

    13 Administrao, Oramento c Contabilidade Pblica Srgio jund ELSEVTER

    3.2. DIREITO ADMINISTRATIVO

    Conforme vimos no tpico anterior, o Direito Administrativo pertence ao ramo

    do Direito Pblico, uma vez que rege a organizao e o exerccio de atividades do

    Estado voltadas para a satisfao de interesses pblicos

    Pela doutrina, em virtude dos critrios distintos adotados para demarcao do

    campo de atuao desse ramo do Direito, so vrios os conceitos apresentados

    Sendo assim, iremos adotar aqueles atribudos por dois renomados autores que

    tratam dessa matria no critrio da Administrao Pblica e que atendem plenamente

    o objetivo desse trabalho So eles:

    O Direito Administrativo sintetiza-se no conjunto harmnico de

    princpios jurdicos que regem os rgos, os agentes e as atividades

    pblicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins

    desejados pelo Estado (Meirelles, 1999)

    Para Maria Sylvia Di Pietro (2000), o Direito Administrativo o ramo

    do Direito Pblico que tem por objeto os rgos, agentes e pessoas

    jurdicas administrativas que integram a Administrao Pblica, a

    atividade jurdica no-contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza

    para a consecuo de seus fins, de natureza poltica

    3.2 I Objeto de Estudo

    O objeto de estudo do Direito Administrativo a Administrao Pblica A

    concepo moderna de Direito Administrativo atribui a esse ramo do Direito um

    mbito de atuao cada vez mais amplo, que inclui todas as funes exercidas pelas

    autoridades administrativas, qualquer que seja a natureza destas

    Assim, podemos dizer que ser alcanada pelo Direito Administrativo, pois, toda

    qualquer atividade de administrao, seja ela originria do Poder Executivo, do

    Poder Legislativo ou do Poder Judicirio

    Cabe ressaltar, no entanto, que o Poder Executivo exerce, alm de sua funo

    administrativa, a chamada funo de Governo, de carter poltico, que no constitui

    objeto de estudo do Direito Administrativo

    3 2.2 Codificao do Direito Administrativo

    O Direito Administrativo no Brasil no se encontra codificado, o que significa

    dizer que os textos administrativos no esto reunidos num s corpo de lei, como

    ocorre com outros ramos do nosso Direito, que possuem suas leis bsicas (Cdigo

    Penal, Cdigo Civil e Cdigo Tributrio, dentre outros)

  • CAMPUS Parte I Captulo 3 Direita e Administrao Pblica 19

    Para Meirelles, "a questo da codificao do Direito Administrativo tem colocado

    os doutrinadores em trs posies: os que negam as suas vantagens, os que admitem

    a codificao parcial e os que propugnam pela codificao total

    Tendo em vista que ainda no dispomos do "Cdigo Administrativo Brasileiro,

    instituio que concorreria para a unificao de princpios jurdicos j utilizados na

    nossa Administrao Pblica, as regras administrativas consubstanciadas no texto

    da Constituio seguem numa infinidade de leis esparsas, tais como: Lei n 8 666,

    de 1993 e alteraes - Lei das Licitaes e Contratos; Lei n 8 112, de 1990 -

    Regime dos Servidores Pblicos Civis da Unio; Lei n2 9 784, de 1999 - Processo

    Administrativo Federal, dentre outras Tal fato dificulta aos interessados o

    conhecimento e a formao de uma viso sistmica desse importante ramo do Direito

    3 2 3 Fontes do Direito Administrativo

    O Direito Administrativo possui seu alicerce formado por quatro fontes principais

    So elas: a lei, a doutrina, a jurisprudncia e o costume

    A d , em sentido amplo, a fonte primria do Direito Administrativo

    Abrangendo est expresso, em se tratando do estudo das fontes do Direito

    Administrativo, a Constituio, as leis em sentido estrito (complementares,

    ordinrias, delegadas) e os atos normativos com fora de lei, como as medidas

    provisrias ou os antigos decretos-lei Devido ao seu contedo normativo

    obrigatrio, a lei traa os limites de atuao dos indivduos e do prprio Estado

    nas atividades administrativas

    A doutrina, compreendida como conjunto terico de princpios aplicveis ao

    direito positivo, emanado dos grandes estudiosos do Direito, constitui-se fonte

    secundria do Direito Administrativo, exerce influncia no somente na elaborao

    de novas leis, como tambm na deciso das contendas de carter administrativo

    A jurisprudncia, traduzida pelas reiteradas decises judiciais num mesmo

    sentido, tambm constitui fonte secundria do Direito Administrativo, influenciando

    sobremaneira a construo e a consolidao desse ramo do Direito, tendo em vista

    que se ressente de sistematizao doutrinria e de codificao legal

    O costume, em face da evoluo do Direito Administrativo e em virtude do

    principio da legalidade administrativa (CF, art 37), tem perdido muito de sua

    importncia como fonte desse ramo do Direito No entanto, em situaes

    concretas, em razo da deficincia da legislao, a prtica administrativa

    costumeira ainda desempenha algum papel, especialmente como elemento

    informativo da doutrina

    J

    Serie Provas

    c C

    oncurs

    os

  • A,Captulo i

    O Estado

    4.1. INTRODUO

    Partindo de uma anlise sucinta, o Estado constitudo de trs elementos: povo,

    territrio e governo Alguns autores,5 incluem um quarto elemento, a finalidade, o que

    nos parece correto Assim, os elementos do Estado so: povo, territrio, governo e

    finalidade

    Povo considerado o conjunto de pessoas naturais que pertencem ao Estado

    (so os nacionais); j territrio a base espacial (fsica) onde est situado o Estado,

    enquanto govemo o elemento condutor do Estado; por fim, o bem comum o

    ideal a ser alcanado

    O Estado, portanto, um ente personalizado (pessoa jurdica de Direito Pblico,

    nos termos dos arts 40 e 41 do nosso Cdigo Civil), apresentando-se - tanto nas

    relaes internacionais, no convvio com outros Estados soberanos, bem como

    internamente ~ como sendo sujeito capaz de adquirir direitos e contrair obrigaes

    na ordem jurdica, consistindo a sua organizao matria de cunho constitucional,

    especialmente no tocante diviso poltica, organizao de seus Poderes, forma

    de govemo adotada e ao modo de aquisio do poder pelos governantes

    Resumindo-se:

    [ ESTADO = POVO + TERRITRIO + GOVERNO + BEM COMUM

    4 .2 . F O R M A D E E S T A D O

    Tendo inicio a organizao poltica do territrio, surge, ento, a noo de Estado,

    sendo ele considerado Estado unitrio - caso exista apenas um s poder poltico

    central; e Estado federado (ou composto) - caso, no mesmo territrio, coexistam

    poderes polticos distintos

    ! SILVA. Jos Afonso da Curso tie Dinrifo Constitucional Positivo S io Paulo: Revista dos Tribunais. 1989

  • CAMPUS Parte l Captulo 4 0 Estado

    Confoime previsto no art 18 da Constituio Federal, "a organizao polco-

    administrativa da Repblica Federativa do Brasil compreende a Unio, os Estados, o

    Distrito Federal e 05 Municpios, todos autnomos1'A forma federativa de Estado constitui clusula ptrea, insuscetvel de abolio

    por meio de reforma constitucional (CF, art 60, 4C( )

    No Brasil, portanto, em virtude de sua forma federativa, temos, uma Administrao

    Pblica Federal, uma Administrao Estadual, uma Administrao Distrital e

    Administraes Municipais, caracterizando uma "descentralizao poltica norteada

    pela convivncia, num mesmo territrio, de diferentes entidades polticas autnomas,

    distribudas regionalmente

    importante ressaltar que no existe subordinao entre os diversos entes

    federados no Brasil A relao entre eles caracterizada pela coordenao, tendo,

    cada um. autonomia poltica, financeiia e administrativa Exatamente em virtude

    dessa forma de organizao, verificamos a existncia de administraes autnomas

    em cada uma das esferas da Federao

    4 .3 . P O D E R E S D O E S T A D O

    O texto constitucional, em seu art 22, adota a clssica tripartio de poderes,

    formulada pelo filsofo francs Montesquieu

    A nossa Constituio estabelece, portanto, que so Poderes da Unio,

    independentes e harmnicos entre si, o Legislativo, o Executivo e 0 JudicirioA separao de poderes no absoluta; na verdade, 0 que temos so trs funes

    distintas, sendo que cada Poder exerce uma funo preponderante

    A principal funo do Legislativo a elaborao de leis; 0 judicirio apresenta como destaque a soluo de litgios; e o Executivo tem como papel preponderante

    a funo administrativa importante ressaltar a presena das trs funes em todos

    os Poderes, sendo consideradas funes atpicas, tendo cada um a sua funo

    principal

    Portanto, os Poderes Legislativo e Judicirio, alm de suas funes precpuas de

    legislar e julgar, exercem tambm algumas funes administrativas, como, por

    exemplo, as decorrentes dos poderes hierrquico e disciplinar sobre os respectivos

    servidores Ressaltamos que 0 desempenho dessas funes administrativas, seja qual for 0 Poder que as esteja exercendo, dever sempre observar as normas e os princpios relativos ao Direito Administrativo

  • Scc

    Pfo

    vas

    e C

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    22 Administrao, Oramento e Contabilidade Pblica Scrgio Jund ELSEV1ER

    4-4- A T IV ID A D E F I N A N C E I R A D O E S T A D O

    A atividade financeira do Estado se caracteriza pelo instrumental necessrio

    obteno de recursos, visando viabilizao do atendimento e satisfao das

    necessidades pblicas

    As finanas pblicas, no Estado moderno, no so somente um meio de assegurar

    a cobertura para as despesas do governo; so, tambm, fundamentalmente, um meio

    de intervir na economia, de pressionar ou estimular a estrutura produtiva e de

    modificar as formas de distribuio de renda

    Para Kiyoshi Harada, "a finalidade do Estado a realizao do bem comum,

    conceituado como sendo um ideal que promove o bem-estar e conduz a um modelo de

    sociedade, que permite o pleno desenvolvimento das potencialidades humanas ( .)"

    Visando realizao do bem comum, o Estado desenvolve inmeras atividades,

    objetivando atingir determinada necessidade pblica Tais necessidades so

    consideradas de natureza essencial, quando a sua realizao cabe ao Estado de forma

    direta e exclusiva, como aquelas relativas segurana pblica, prestao jurisdiciortal,

    justia e defesa nacional, dentre outras Essas atividades representam os interesses

    primrios do Estado, sendo indelegveis em funo da indisponibilidade do interesse

    pblico Encontramos, ainda, as chamadas atividades complementares do Estado,

    que podem ser desenvolvidas diretamente pelo Poder Pblico ou por concessionrias

    de servios pblicos, geralmente por intermdio da constituio de empresas estatais

    Tais atividades representam interesses secundrios do Estado

    Assim, para atender as suas obrigaes definidas constitucionalmente, o Estado

    necessita:

    > OBTER - Receitas Pblicas;

    > CRIAR - Crdito Pblico (endividamento);

    > PLANEJAR E GERIR - Oramento Pblico;

    > DESPENDER - Despesa Pblica

    Cabe salientar que, para exercer sua atividade financeira, o Estado dever observar

    e cumprir as normas jurdicas especficas reguladoras da matria, caracterizada como

    objeto de estudo do Direito Financeiro

    A figura apresentada a seguir esclarece graficamente o tema

  • CAMPUS Partc 1 * Captufo 4 0 Estado 23

    Atividade Financeira do Estado

    Torna-se importante mencionar que neste ambiente que a contabilidade

    governamental estuda a atividade financeira do Estado, compreendendo a avaliao

    da receita, da despesa, do oramento e do crdito pblico, aspectos que

    consubstanciam formas de atuao da vida e do desenvolvimento da nao

    4 .5 . I N T E R V E N O N A A T IV I D A D E E C O N M I C A

    Por meio do seu poder normativo, o Estado intervm na atividade econmica,

    elaborando leis de combate ao abuso do poder econmico, de proteo ao

    consumidor, e leis tributrias de natureza extrafiscal, conferindo-lhes carter

    ordinatrio, dentre outras Essa prtica intervencionista do Estado estimula ou

    desestimula determinada atividade econmica pelo exerccio de seu poder de policia

    Por intermdio de mecanismos administrativos, o Poder Pblico fomenta a atividade

    econmica, promovendo os financiamentos pblicos a cargo das agncias financeiras

    oficiais de fomento, quais sejam: BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econmica Federal,

    dentre outros rgos ou instituies com a mesma finalidade Cumpre, ainda, ao

    Estado o seu papel de interventor direto na economia, por intermdio da explorao

    de atividade econmica em carter excepcional

    Utilizando os instrumentos de interveno econmica de que dispe o Estado, o

    Governo desenvolve as seguintes funes com objetivos especficos, porm inter-

    relacionados e, em muitos casos, conflitantes, demandando dessa forma coordenao

    macroeconmica So as seguintes as funes e respectivos propsitos da interveno

    econmica do Govemo na economia:

    > Funo alocativa - coordenar o ajuste na alocao de recursos;

    y Funo distributiva - ordenar a situao de equilbrio da distribuio da

    riqueza e da renda; e

    > Funo estabilizadora - garantir estabilidade ao processo econmico

    Scric Provas

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  • Administrao. Oramento e Contabilidade Pblica Scrgio jund ELSEVIER

    4 5 1 Funo Aocativa

    A poltica de alocao tem. por funo assegurar o ajustamento necessrio na

    apropriao de recursos na economia, visando correo das imperfeies inerentes

    prpria lgica do mercado O que se pretende oferecer determinados bens e

    servios necessrios e almejados pela sociedade, e que no so providos pela iniciativa

    privada

    No estabelecimento do sistema de preos, o mercado, apesar de atuar com razovel

    eficincia, propiciando uma variada oerta de bens e servios, altera a alocao dos

    recursos, modificando o espectro das necessidades que devem ser atendidas pela poltica

    governamental Visando a corrigir as inefcncias de alocao de recursos que atendam

    eficientemente as necessidades privadas, o Estado necessita intervir nesse processo,

    por intermdio de mecanismos polticos, com o intuito de promover tais ajustes

    O Estado procurar alocar recursos na produo e na oferta de bens pblicos

    que no seriam ofertados pela iniciativa privada, haja vista a inviabilidade econmica,

    seja por riscos de incertezas ou financeiros quanto ao retomo dos investimentos e

    ainda em funo da necessidade de elevada disponibilidade de recursos para sua

    viabilidade, como ocorre com as atividades relacionadas s telecomunicaes, ao

    setor petroqumico, energia eltrica, siderurgia, infra-estrutura de transporte,

    que pr ovavelmente no seriam ofertados sem a interveno do setor pblico

    O governo atuar, ainda, na correo dos efeitos provocados pelos mercados

    imperfeitos, no que diz respeito oferta de bens privados que venham a prejudicar

    a populao, como ocorre nos casos de formao de monoplios e oligoplios,

    dentre outras imperfeies inerentes ao sistema capitalista

    Outro aspecto atendido pela funo de alocao de recursos pelo Estado diz

    respeito oferta dos chamados bens meritrios ou semipblicos Musgrave classifica

    as necessidades pblicas em duas categorias: as necessidades sociais e as

    necessidades meritrias

    As necessidades sociais so aquelas satisfeitas por intermdio dos servios

    consumidos sem distino e em quantidades iguais por todos os indivduos,

    independente de sua contribuio, como ocorre ou deveria ocorrer, por exemplo,

    nos servios inerentes Justia e segurana publica

    As necessidades meritrias so aquelas parcialmente atendidas pela iniciativa

    privada, uma vez que excluem parte da populao que no dispe dos recursos

    necessrios ao seu consumo Tendo em vista a importncia que possuem, tornam-

    se necessidades pblicas, devendo ser custeadas pelo Estado, como ocorre com os

    servios de sade e educao

  • CAMPUS Parte I Capitulo 4 0 Estado

    A forma utilizada pelo Govemo no exerccio da funo alocativa, visando eficiente

    alocao dos recursos, poder ocorrer pela produo direta dos produtos e servios

    pelo setor pblico ou via mecanismos que propiciem condies para que sejam

    viabilizados pelo setor privado, utilizando-se de mecanismos de iseno ou

    postergao de pagamento de impostos, doao de terrenos para construo de

    empreendimentos, financiamentos a juros subsidiados, dentre outros

    4 5.2 Funo Distributiva

    Diversos fatores colaboram para as desigualdades na distribuio da riqueza, ou

    seja, a distribuio de renda e bens, dentre eles fatores sociais e econmicos, como

    oportunidade educacional, mobilidade social, estrutura de mercado, legislao, polticas

    econmicas, ressaltando-se que a concentrao a lgica inerente ao sistema capitalista

    Assim, cabe funo distributiva do Govemo prover os meios para ajustar os rumos

    em direo ao nivel de distribuio de riqueza ideal, segundo crenas, valores e premissas

    que determinem esse parmetro, de acordo com a cultura de cada sociedade

    As concentraes excessivas de riquezas provocam, alm das deseconomias de

    escala, a inibio excessiva da demanda agregada, em face de a propenso marginal

    consumidora decrescer, a despeito da elevao da renda pessoal A concentrao

    excessiva de riqueza pode ocorrer nos nveis pessoal, regional e setorial

    O instrumento mais utilizado pelo Governo para promover o ajustamento

    necessrio o sistema de tributos e transferncias, produzindo resultados mais diretos

    e satisfatrios para resoluo dessa questo No entanto, certo que somente os

    mecanismos tributrios no so suficientes para determinar a redistribuio

    Assim, poder o Estado utilizar-se de legislaes especficas que atuem na

    determinao da poltica de subsdios, salrio mnimo, proteo tarifria e renuncias

    fiscais, dentre outros, visando redistribuio de renda entre os agentes econmicos

    da sociedade, ou seja, retirando de uns e transferindo a outros

    Cabe ressaltar que, por intermdio da funo alocativa, o Govemo redistribui

    renda ainda que de forma diversa da propagada pela funo distributiva, pois, na

    medida em que os recursos so aplicados em atividades de educao, sade,

    transporte, assistncia e previdncia social, que beneficiam as camadas menos

    favorecidas da sociedade, est redistribuindo renda e, conseqentemente, riqueza

    na sociedade, pois somente o Govemo tem condies de promover tal ajustamento

    por intermdio de mecanismos estabelecidos de forma compulsria, que combatam

    efetivamente as desigualdades

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    26 Administrao. Oramento e Contabilidade Pblica Sergio Jund ELSEV7ER

    4.5.3 Funao Estabilizadora

    A funo estabilizadora diferencia-se das demais por no ter como objetivo

    principal a destinao de recursos, mas sim a manuteno da estabilidade econmica

    Para tanto, o Estado utilizar instrumentos de poltica macroeconmica, visando

    manuteno adequada do nvel de utilizao dos recursos (pleno emprego),

    estabilidade do valor da moeda (ausncia de inflao e poltica de preos) e do fluxo

    de entrada e saida de recursos na economia (balana de pagamentos)

    Essa funo., portanto, tem por finalidade promover e assegurar um nvel desejvel

    de pleno emprego e estabilidade de preos, por intermdio da implementao de

    polticas pblicas que viabilizem a utilizao de instrumentos de planejamento e

    execuo de polticas fiscais, cambiais, monetrias, controle de preos e salrios,

    dentre outros Visando a manter a harmonia entre as polticas e no intuito de alcanar

    os objetivos propostos de manuteno da estabilidade econmica, torna-se

    fundamental e necessria a existncia de um eficiente mecanismo de coordenao na

    execuo de tais instrumentos

  • Capitulo tzjf

    Governo e Administrao Pblica

    5 .1 . I N T R O D U O

    muito comum a confuso entre as expresses Administrao e Governo, sendo

    que alguns chegam a trat-ias como expresses sinnimas So conceitos paralelos,

    mas distintos

    H clara distino entre os dois vocbulos, pois, como veremos, os rgos do

    governo no so necessariamente rgos da Administrao, exercendo outras funes

    que nada tm a ver com a atividade administrativa, escapando, por conseguinte, do

    estudo do Direito Administrativo

    5 .2 . N O E S D E G O V E R N O

    A expresso Governo, no mbito do Direito Administrativo, tem sido utilizada

    para designar o conjunto de Poderes e rgos constitucionais responsveis pela

    funo poltica do Estado

    O vocbulo Govemo, portanto, pela sua etimologia, apresenta-se com o

    significado de autoridade, poder de direo, que preside a vida do Estado e prov as

    necessidades coletivas

    Na viso de Hely Lopes Meirelles, a expresso govemo deve ser analisada em

    dois sentidos: em sentido formal, o conjunto de Poderes e rgos constitucionais;

    materialmente, o complexo de funes estatais bsicas

    J a Administrao o conjunto de rgos institudos para a consecuo concreta

    dos objetivos do govemo, em sentido formal, e a atividade publica (servio pblico),

    em sentido material"

  • Srie

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    28 Administrao. Oramento e Contabilidade Pblica Srgio jund ELSEVIER

    Resumindo:

    ENTE SENTIDO FORMAL SENTIDO MATERIAL

    Govemo Trs Poderes Funes do Estado (atividade

    administrativa, legislativa e

    judiciria)

    Administrao Conjunto de rgos e entidades

    que realizam servio pblico

    Servio pblico

    (atividade administrativa)

    53. ADM8NBSTRAO PUBLICA

    A expresso Administrao deve ser analisada sob dois aspectos: o subjetivo

    (forma!) e o objetivo (material)

    Sob o aspecto subjetivo, Administrao o conjunto de rgos e entidades publicas

    que exercem atividades administrativas, compreendendo pessoas jurdicas, rgos e

    agentes pblicos incumbidos de exercer uma das funes em que se triparte a atividade

    estatal: a funo administrativa Sendo assim, corresponde a todo o aparelhamento de

    que dispe o Estado para a consecuo das polticas traadas pelo Governo

    Em sentido objetivo, Administrao Pblica significa a atividade concreta do

    Estado dirigida consecuo das necessidades coletivas de modo direto e imediato

    Em outras palavras, o conjunto das funes necessrias aos servios pblicos em

    geral - a prpria atividade administrativa

    A Administrao Pblica, como todas as organizaes administrativas, baseada

    numa estrutura hierarquizada com graduao de autoridade, correspondente s

    diversas categorias funcionais, ordenada pelo Poder Executivo de forma que distribua

    e escalone as funes de seus rgos e agentes, estabelecendo a relao de

    subordinao

    Em suas lies, o Professor Hely Lopes Meirelles faz um paralelo entre Governo

    e Administrao, conforme apresentado no resumo a seguir

    GOVERNO ADMINISTRAO

    atividade poltica e discricionria; atividade neutra, normalmente

    vinculada lei ou a outra norma

    tcnica;

    conduta independente; conduta hierarquizada;

    comanda com responsabilidade

    constitucional e poltica

    executa sem responsabilidade

    constitucional ou poltica, mas

    com responsabilidade tcnica e legal

  • CAMPUS Parte l Captulo 5 Governo e Administrao Pblica

    5 .4 . O R G A N I Z A O D A A D M I N I S T R A O

    J comentamos anteriormente que o Estado realiza a funo administrativa por

    meio de rgos, agentes e pessoas jurdicas No desempenho de suas atribuies, o

    Estado adota duas formas bsicas de organizao e atuao administrativas:

    centralizao e descentralizao

    A centralizao administrativa ocorre quando o Estado realiza suas tarefas de

    forma direta, por intermdio dos rgos e agentes integrantes da Administrao

    Direta Sendo assim, os servios so prestados diretamente pelos rgos do Estado,

    despersonalizados, integrantes de uma mesma pessoa poltica, ou seja: Unio, Estados,

    Distrito Federal ou Municpios

    A descentralizao administrativa ocorre quando o Estado (Unio, Estados,

    Distrito Federal ou Municpios) desempenha algumas de suas funes por intermdio

    de outras pessoas jurdicas A descentralizao, portanto, pressupe a existncia de

    duas pessoas jurdicas distintas, quais sejam: o Estado e a entidade que executar o

    servio, por ter recebido do Estado essa atribuio

    De acordo com a doutrina, o Estado pode utilizar-se de duas formas para efetivar

    a chamada descentralizao administrativa, quais sejam:

    8 outorga, quando o estado cria uma entidade e a ela transfere, por lei, determinado

    servio pblico Acontece normalmente por prazo indeterminado, ocorrendo

    relativamente com as entidades da Administrao Indireta, quando o Estado

    descentraliza a prestao dos servios, outorgando-os a outras entidades (autarquias,

    empresas pblicas, sociedades de economia mista e fundaes pblicas);

    delegao, quando o Estado transfere, por contrato ou ato unilateral, unicamente

    a execuo do servio, para que o ente delegado o realize ao pblico em seu

    prprio nome e por sua conta e risco, sob fiscalizao do Estado, efetivada

    normalmente por prazo determinado, como acontece nos contratos de concesso

    ou nos atos de permisso

    5 .5 , A D M I N I S T R A O D IR E T A

    A Administrao Direta constitui o conjunto dos rgos integrados na

    estrutura central de cada poder das pessoas jurdicas de direito pblico com

    capacidade poltica (Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios), sendo, portanto,

    a gesto dos servios pblicos realizada pelas prprias pessoas polticas por

    intermdio dos seus rgos

    Sendo assim, a estrutura central do Poder Executivo Federal composta pela

    Presidncia da Repblica e pelos Ministrios Desta forma, a Administrao Direta

    do Executivo Federal composta pelos servios integrados na estrutura

    administrativa da Presidncia da Repblica e dos Ministrios

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    30 Administrao, Oramento e Contabilidade Pblica Sergio jund ELSEVIER

    Consideramos, entretanto, que o legislador no foi feliz ao definir este tipo de

    Administrao no Decreto-lei nu 200/1967, pois, de acordo com o dispositivo legal, a

    Administrao Direta formada pelos rgos que integram a estrutura administrativa

    da Presidncia da Repblica e dos Ministrios" Desta feita, no abrange o Poder Legislativo

    e o Poder judicirio, confundindo Administrao Direta com Poder Executivo

    A Administrao Direta, portanto, constituda dos seguintes rgos mximos

    dos trs Poderes:

    ( Senado Federal

    Federal Cmara dos Deputados

    k Tribunal de Contas da Unio

    Assemblia Legislativa

    Tribunal de Contas do Estado

    Conselho de Contas

    (Cmara dos Vereadores

    Tribunal de Comas do Estado

    ou do Municpio

    Federal I Presidncia da Repblica

    1 Ministrios

    PODER EXECUTIVO Estadual J Governado ria] Secretarias de Estado

    Municipal I Prefeitura

    ^ [ Secretarias e rgos auxiares

    PODER JUDICIRIOFederal

    ' Supremo Tribunal Federal

    Superior Tribunal de justia

    Tribunais Regionais Federais

    Tribunal Superior do Trabalho

    Tribunal Superior Eleitoral

    k Superior Tribunal Militar

    Estadual I Tribunal de Justia

    I Tribunais de Alada

  • CAMPUS Parte I C ap tu lo 5 Governo e Administrao Pblica

    Os rgos da Administrao Direta possuem as seguintes caractersticas

    5 5 i Ausncia de Personalidade jurdica

    O conceito de personalidade jurdica est vinculado ao de sujeito de direito,

    exprimindo a aptido (capacidade) genrica para adquirir direitos e contrair

    obrigaes

    Os rgos da Administrao Direta no so pessoas jurdicas, no podendo, por

    conseguinte, contrair direitos e assumir obrigaes Esta capacidade pertence pessoa

    poltica (Unio, Es[ados, Distrito Federal e Municpios)

    5 5.2. Ausncia de Patrimnio Prprio

    Como conseqncia da ausncia de personalidade dos rgos da

    Administrao Direta, temos a caracterstica da inexistncia de patrimnio prprio:

    se no possuem a capacidade para contrair direitos e assumir obrigaes, no tm

    condies para ter patrimnio

    Na verdade, os bens, direitos e obrigaes, pertencem s pessoas polticas (Unio,

    Estados, Distrito Federal e Municpios); o prdio ocupado pelo Ministrio da

    Educao no lhe pertence, mas sim Unio

    5.5,3, Capacidade Processual Excepcionai

    A capacidade processual consiste na aptido de participar da relao processual,

    ou seja, ser autor ou ru de uma ao

    Em razo da despersonalizao dos rgos da Administrao Direta, temos a

    incapacidade processual como regra

    No obstante, existem alguns casos em que a lei conere capacidade processual

    aos rgos pblicos, destacando-se o Cdigo de Defesa do Consumidor, que confere,

    nos arts 82, ll, e 91, aos rgos da Administrao Direta legitimados para promover

    a liquidao e execuo de indenizao

    Conclui-se, desta forma, ser excepcional a capacidade processual dos rgos

    pblicos, s sendo admissvel nos casos expressamente previstos em lei

    No mbito da Administrao Direta, encontramos ainda o rgo de controle

    interno, responsvel pela Contabilidade Pblica a quem incumbe, alm da fiscalizao

    dos registros contbeis, a vigilncia sobre desvios e desperdcios bem como a

    delimitao da responsabilidade dos agentes pblicos, constituindo-se num brao

    forte" do Controle Externo, atuando internamente em cada Poder (CF, art 74)

  • Administrao. Oramento c Contabilidade Pblica Sergio Jund ELSEVIER

    5 .6 . A D M I N I S T R A O IN D I R E T A

    A base central do conceito da Administrao Indireta encontra-se no instituto

    da descentralizao, que vem a ser, conforme j visto, a distribuio de competncias

    de uma para outra pessoa, fsica ou jurdica

    A Administrao Indireta constitu o conjunto dos entes (entidades com

    personalidade jurdica) que, vinculados a um rgo da Administrao Direta, prestam

    servios pblicos ou de interesse pblico e proporcionaro ao Estado a satisfao

    de seus fins administrativos

    Este tipo de descentralizao denominado descentralizao institucional por

    conferir a organismos autnomos a personalizao ou personificao, que a marca

    caracterstica dessa descentralizao

    As entidades da Administrao Indireta possuem, necessria e cumulativamente,

    as seguintes caractersticas

    5 6 f Personalidade jurdica

    Para que possam desenvolver suas atividades, as entidades da Administrao

    indireta so dotadas de personalidade jurdica prpria; conseqentemente, podem

    adquirir direitos e assumir obrigaes por conta prpria, no necessitando, paia

    tanto, das pessoas polticas

    5,6,2. Criao ou Autorizao por Lei Especfica

    Conforme previso constitucional, fundamentada nos incisos XIX e XX do art 37,

    ressaltando a alterao promovida pela Emenda Constitucional n 19/1998, todas as

    pessoas integrantes da Administrao Indireta (de qualquer dos Poderes e qualquer

    esfera administrativa) s podem ser institudas mediante lei especfica o seguinte o

    teor do dispositivo constitucional previsto no inciso XIX do art 37:

    XIXsomente porlei especfica poder ser criada autarquia e autorizada a instituio de empresa pblica, de sociedade

    de economia mista e de fundao, cabendo lei complementar, neste ltimo, definir as reas de sua atuao.

    5,63. Patrimnio Prprio

    Em funo da caracterstica anterior, as entidades possuem patrimnio prprio

    (conjunto de bens, direitos e obrigaes), distinto das pessoas polticas

  • CAMPUS Parte I Capitulo 5 Governo e Administrao Pblica

    5.64. Vinculao aos rgos da Administrao Direta

    As entidades da Administrao Indireta so vinculadas aos rgos da

    Administrao Direta, com o objetivo principal de possibilitar a verificao de seus

    resultados, a harmonizao de suas atividades polticas com a programao do

    Govemo, a eficincia de sua gesto e a manuteno de sua autonomia financeira,

    operacional e financeira, atravs dos meios de controle estabelecido em lei

    5.7. ENTIDADES INTEGRANTES DA ADMINISTRAO INDIRETA

    So as seguintes as entidades que integram a estrutura da Administrao Indireta:

    Autarquias;

    Empresa Pblica;

    Sociedade de Economia Mista;

    8 Fundao Pblica

    5.7 . Autarquia

    A constituio de autarquia reside na necessidade de a pessoa poltica criar

    uma entidade autnoma (com capacidade de administrar-se com relativa

    independncia, e no de maneira absoluta, visto que h a fiscalizao do ente criador)

    para a realizao de atividade tipicamente pblica, sendo uma das formas de

    materializao da descentralizao administrativa

    Nesta linha de pensamento, autarquias so entes administrativos ou "servio

    autnomo, criado por lei especfica, com personalidade jurdica de direito pblico

    interno, patrimnio e receita prprios, para a consecuo de atividades tpicas da

    Administrao Pblica, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gesto

    financeira e administrativa descentralizada (art 52,1, do Decreto-lei na 200/1967)

    So classificadas nas seguintes categorias:

    Autarquias institucionais ~ que prestam servios autnomos personalizados

    Ex : Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS; Comisso de Valores

    Mobilirios-CVM; Depanamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER,

    dentre outras

    Autarquias corporativas - representadas por rgos fiscalzadores de profisses Ex : Conselho Federal de Contabilidade - CFC; Ordem dos

    Advogados do Brasil - OAB; e Conselho Federal de Administrao -

    CFA, dentre outros

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    34 Administrao, Oramento c Contabilidade Pblica Scrgio Jund ELSEVIER

    Autarquias de regime especial - aquelas que receberam da lei instituidora

    privilgios especficos, a fim de aumentar sua autonomia comparativamente

    com as autarquias comuns, representadas atualmente pelas chamadas

    Agncias Reguladoras Ex : Agncia Nacional de Telecomunicaes -

    AN ATEI., Agncia Nacional de Energia Eltrica -ANEEL; Agncia Nacional

    de Petrleo - ANP; e Agncia Nacional de Sade Suplementar - ANS,

    dentre outras

    5 7,2. Empresa Pblica

    A explorao da atividade econmica deve ser realizada, em regra geral, pelo

    setor privado, mas, excepcionalmente, tal atividade pode ser realizada diretamente

    pelo setor pblico, respeitado o disposto no art 173 da Constituio da Repblica

    Por vrias vezes, o Poder Pblico institui entidades para a realizao de atividades

    tipicas do setor privado, como a indstria, o comrcio e a bancria, regidas pelas

    mesmas normas da iniciativa privada

    Esses entes podem ser a empresa pblica ou a sociedade de economia mista Este

    tpico dedicaremos ao estudo da primeira

    As empresas pblicas so pessoas jurdicas de direito privado criadas ou

    autorizadas por lei especifica, com capital exclusivamente pblico (100% do capital),

    para realizar atividades econmicas ou servios pblicos de interesse da Administrao

    instituidora, nos moldes da iniciativa particular, podendo revestir de qualquer forma

    admitida em direito (Ltda , S/A, dentre outras)

    So exemplos de empresas pblicas em atividade atualmente no Brasil: Companhia

    Estadual de gua e Esgoto - CEDAE; Caixa Econmica Federal - CEF; CASA DA

    MOEDA do BRASIL; e Servio Federal de Processamento de Dados - SERPRO,

    dentre outras

    As empresas pblicas dividem-se em:

    unipessoais - aquelas cujo capital per tence a uma nica pessoa pblica;

    8 pluripessoais - aquelas cujo capital pode pertencer a diversas pessoas

    pblicas

    5,73. Sociedades de Economia Mista

    As sociedades de economia mista so pessoas jurdicas de direito privado, com

    a participao do Poder Pblico e de particulares no seu capital, sendo a maior parte

    das aes com direito a voto pertencente ao Poder Pblico (50% + 1), criadas para

  • CAMPUS Parte I Capitulo 5 Governo a Administrao Pblica 35

    a realizao de atividade econmica de interesse coletivo, podendo, tambm, exercer

    servios pblicos

    So semelhantes empresa pblica, tendo como diferenas bsicas o fato de o

    capital ser diversificado (capital pblico e privado), s podendo ter a forma de

    sociedade annima (S/A)

    So exemplos de Sociedades de Economia Mista em atividade atualmente no

    Brasil: Petrleo Brasileiro S/A - Petrobras e Banco do Brasil S/A, dentre outras

    5.7..4- Fundao Pblica

    Existem dois tipos de fundao, uma regida pelo Direito Pblico e outra, por

    normas privadas Preocuparemo-nos com as primeiras, deixando as demais para o

    estudo do Direito Civil

    Em primeiro lugar, devemos definir fundao como sendo a atribuio de

    personalidade jurdica a um patrimnio, que a vontade humana destina a uma

    finalidade social Trata-se de um patrimnio com personalidade

    As Fundaes Pblicas, portanto, so entidades integrantes da Administrao

    Indireta, voltadas ao desempenho de atividades de carter social, como assistncia

    social, assistncia mdica e hospitalar, pesquisa, educao e ensino, atividades

    culturais, dentre outras de carter assistncia! Essas entidades no podem ser criadas

    para explorao de atividade econmica, de cunho lucrativo, pois, para esse fim,

    existem as empresas pblicas e as sociedades de economia mista Com o advento da

    EC n2 19/1998, o mbito de atuao das fundaes pblicas a serem institudas

    dever enquadrar-se nas reas a serem previstas em lei complementar

    So exemplos de Fundaes Pblicas em atividades atualmente no Brasil:

    Fundao Nacional do ndio -FUNAl; Fundao Escola de Servio Pblico - FESP;

    e Fundao Nacional de Sade - FNS, dentre outras

    CARACTERSTICAS

    As fundaes pblicas possuem as seguintes caractersticas:

    so criadas por dotao patrimonial;

    desempenham atividade atribuda ao Estado no mbito social;

    0 sujeitam-se ao controle ou tutela por parte da Administrao Direta;

    possuem personalidade jurdica de direito pblico, em regra;

    * criao por autorizao legislativa especfica

    PERSONALIDADE JURDICACom o advento da nova Constituio, como ensinam Hely Lopes Meirees e

    Celso Antnio Bandeira de Mello, as fundaes pblicas passaram a ter o mesmo

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  • Administrao. Oramento e Contabilidade Pblica Sergio jund ELSEV1ER

    tratamento jurdico das autarquias, sendo, assim, classificadas como pessoas jurdicas

    de direito pblico

    Entretanto, essa viso no unnime Maria Syivia Di Pietro entende que a

    Fundao Pblica pode ser de Direito Pblico ou Privado, conforme a lei instituidora

    Em nosso entender, a EC- n219/1998 tendeu a dar razo a esta ltima corrente,

    pois estabeleceu a criao da fundao pblica de forma semelhante a das empresas

    pblicas

    CRIAO POR AUTORIZAO LEGISLATIVA ESPECFICA

    De acordo com a nova redao dada pela j citada EC nc 19/1998 ao art 37, XIX,

    da Constituio da Repblica, as fundaes pblicas, como as empresas pblicas e

    as sociedades de economia mista, so criadas por autorizao legislativa especfica;

    entretanto, para extingui-las, necessria apenas uma autorizao legislativa, no

    necessitando ser especifica.

    Conforme a posio apresentada pela corrente doutrinria majoritria, a redao

    desse artigo no deve ser interpretada de forma literal O que temos o seguinte: se

    a fundao tiver personalidade jurdica de direito pblico, dever ser criada por lei

    especfica (recebendo o mesmo tratamento das autarquias); se for de direito privado,

    sei criada por autorizao legislativa (semelhante s empresas pblicas e sociedades

    de economia mista)

    5 .8 . A D M 5 N J S T R A O A U X i U A R

    Complementa a ao do Estado e pode ser assim dividida:

    > descentralizao por cooperao;

    y descentralizao por colaborao

    Descentralizao por cooperao ou institucional uma forma que faz surgir

    pessoas jurdicas prximas Administrao Publica, embora posicionadas fora

    da mesma So organizaes para-administrativas de direitos privados, criadas

    pelo Estado isoladamente ou em conjugao com particulares, tambm

    chamadas de entes de cooperao (servios sociais autnomos)

    Os entes de cooperao, representados pelos servios sociais autnomos, possuem

    personalidade jurdica de Direito Privado, autorizados por lei, geridos em

    conformidade com seus estatutos, geralmente aprovados por decreto, podendo ser

    subvencionados pela Unio ou arrecadar em seu favor contribuies parafiscais para

    prestar servio de interesse social ou de utilidade pblica, sem, entretanto, figurar

    entre os rgos da Administrao Direta ou entidades da Administrao Indireta

  • CAMPUS Parte I Captulo 5 Governo e Administrao Pblica

    Os servios sociais autnomos possuem a caracterstica de ser entidades

    paraestatais,0 de cooperao com o Poder Pblico, tendo administrao e patrimnio

    prprios, revestido da orma de instituies particulares Ex : o SENAC, o SENAI, o

    SESI, o SESC e o SEBRAE

    * Descentralizao por colaborao a que descentraliza a atividade

    administrativa do Estado para a rbita privada Essa descentralizao consiste

    na delegao do exerccio de encargos pblicos a terceiros, como, por

    exemplo, os concessionrios e os permissionrios de servios pblicos

    So concessionrios de servios pblicos os que recebem, por intermdio de

    contrato, delegao para prestar servios, como os de energia eltrica, alguns servios

    de telecomunicaes etc

    So permissionrios de servios pblicos os que recebem, em carter precrio,

    pelo qual o Poder Pblico faculta ao particular a execuo de servios de interesse

    coletivo, ou o uso especial de bens pblicos, a titulo gratuito ou remunerado nas

    condies estabelecidas pela administrao

    O desenho a seguir resume o exposto

    6 Pessoas jurdicas de direito privado que. agindo ao lado do Estado, colaboram com este. no desempenho

    de atividade nao-lucrativa. recebendo por isso. especial proteo estatal, tais como: os servios sociais

    autnomos as organizaes sociais e as Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico (OSCIP)

    Integram o chamado Terceiro Setor, composto por entidades privadas da sociedade civil que prestam

    atividade de interesse pblico, sem fins lucrativos coexistindo com o Primeiro Setor, caracterizado pelo

    prprio Estado, e o Segundo Setor, desempenhado pelo mercado

  • Captulo

    Novas Modaiidades Administrativas

    6 .1 . I N T O O D U f l O

    Em captulos anteriores, vimos que, a partir da dcada de 90, houve uma relevante

    mudana de mentalidade por parte daqueles que detm o poder poltico e, sobretudo,

    dos estudiosos do campo da Administrao Pblica brasileira, no que diz respeito

    s relaes entre o Estado e os diversos setores da sociedade civil organizada

    Seguindo as diretrizes do Plano Diretor da Reforma do Estado, vivenciamos uma

    mudana de paradigmas, caracterizada por estratgias de gesto pblica tendentes a

    reduzir o tamanho da mquina administrativa e, com isso, aumentar a sua eficincia

    nas atividades em que se considere imprescindvel a atuao do Estado Tal modelo

    de gesto foi implementado a partir da chamada Reforma do Estado, que guarda

    semelhanas com outras reformas do Estado ocorridas anteriormente, em diversas

    partes do mundo, e ficou conhecida como Administrao Gerencial

    Ao ensejo da reforma, tivemos, alm de outras regras e providncias adotadas, a

    criao e o fortalecimento, em decorrncia da reestruturao do Estado, de importantes

    instrumentos e institutos jurdicos administrativos, os quais passaremos a descrever

    em linhas gerais nos tpicos seguintes

    6 .2 . A G N C I A S R E G U L A D O R A S

    A motivao para implementao das agncias reguladoras no Estado brasileiro

    possui como tema central a tese de que o Estado muito menos eficiente que o setor

    privado quando desenvolve diretamente atividades econmicas em sentido amplo,

    tais como a prestao de servios pblicos propriamente ditos, bem como a prestao

    de servios de natureza puramente econmica e a explorao de atividades industriais

    e comerciais

    De acordo com essa tese e ainda seguindo tendncia mundial da doutrina do

    Estado mnimo, caracterizada pela retirada do Estado das atividades de produo

  • CAMPUS Parte * Capitulo 6 Movas Modalidades Administrativas

    direta de bens e servios, reduzindo ao mximo o tamanho da mquina administrativa,

    e do fortalecimento da necessidade de interveno nos setores que ele deixa de

    explorar diretamente., impulsiona o interesse do Governo e dos estudiosos da matria

    pela implementao do instituto das agncias reguladoras no Brasil

    Convm esclarecer que a criao das agncias reguladoras no sinnimo de

    processo de privatizao das empresas estatais, prestadoras de servios pblicos ou

    exploradoras de atividades puramente econmicas Apesar de tal processo conduzir

    necessidade de regulao, trata-se de institutos distintos e, no obstante a intima

    relao, no so reciprocos

    As agncias reguladoras brasileiras so novas entidades jurdicas acrescentadas

    estrutura formal da Administrao Pblica, uma vez que as leis instituidoras tm-lhes

    conferido a forma de autarquias de regime especial

    importante ressaltar que, em virtude da heterogeneidade de aspectos que essa

    figura jurdica apresenta, no existe ainda uma definio legal de agncia reguladora

    Assim, apresentaremos as caractersticas mais observveis nas principais agncias

    reguladoras brasileiras atuais, quais sejam: entidades administrativas com alto grau

    de especializao, integrantes da estrutura formal da Administrao Pblica, institudas

    sob a forma de autarquias de regime especial, com funo de regular um setor

    especfico de atividade econmica, ou de intervir de forma geral sobre relaes

    jurdicas decorrentes destas atividades, devendo atuar com maior independncia e

    autonomia possvel perante o Poder Executivo e com imparcialidade em relao s

    partes interessadas, ou seja, Estado, setores regulados e sociedade

    Atualmente, esto em atividade na Administrao Pblica brasileira diversas

    agncias reguladoras, tais como as relacionadas a seguir

    0 Agncia Nacional de Telecomunicaes ~ ANATEL, instituda pela Lei

    na 9 472, de 16/07/1997, vinculada ao Ministrio das Comunicaes;

    * Agncia Nacional do Petrleo - ANP, instituda pela Lei n2 9 478, de

    06/08/1997, vinculada ao Ministrio das Minas e Energia;

    Agncia Nacional de Energia Eltrica - ANEEL., criada pela Lei na 9 427,

    de 26/12/1996, vinculada ao Ministrio das Minas e Energia;

    0 Agncia Nacional de Sade Suplementar-ANS, criada pela Lei n2 9 961,

    de 28/01/2000, vinculada ao Ministrio da Sade;

    0 Agncia Nacional de guas - ANA, criada pela Lei n2 9.984, de 17/07/2000,

    vinculada ao Ministrio do Meio Ambiente, dentre outras

  • Administrao. Oramento e Contabilidade Pblica Sergio jund ELSEVIER

    6 .3 . C O N T R A T O D E G E S T O

    Instituto intimamente relacionado idia de eficincia na administrao de recursos

    pblicos, sendo um dos mais importantes instrumentos da chamada Administrao

    Gerencial, adquiriu importncia e, principalmente, legitimidade com a promulgao de

    Emenda Constitucional nQ 19/1998, mais especificamente o 82 do art 37 da CF/

    1988, que afirma o seguinte:

    8 A autonomia gerencial, oramentria e financeira dos rgos e entidades da administrao direta e

    indireta poder ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder pblico,

    que tenha por objeto a fixao de metas de desempenho para rgo ou entidade, cabendo lei dispor sobre:

    I - o prazo de durao do contrato;

    li - os controles e critrios de avaliao de desempenho, direitos, obrigaes e responsabilidade dos dirigentes;

    III - a remunerao do pessoal.

    Numa primeira hiptese, o contrato de gesto consiste num ajuste firmado entre

    a Administrao Direta e entidades da Administrao Indireta, ou entre rgos da

    pr pria Administrao Direta em funo do compromisso, assumido por estes rgos,

    de cumprir determinadas metas e, em contrapartida, obter maior liberdade em sua

    atuao administrativa, sujeitando-se, no entanto, ao controle relativo ao atingmemo

    dos resultados firmados

    Outra possibilidade seria o contrato de gesto pactuado entre a Administrao

    Direta e as organizaes sociais no-integrantes da Administrao Pblica, mas que,

    no entanto, administram recursos ou bens pblicos Cabe Administrao Direta

    ofertar organizao social os recursos pblicos, devendo, porm, controlar o

    atingimento das metas acordadas pela entidade

    Para Maria Sylvia Di Pietro, o objetivo desses contratos conceder maior

    autonomia a rgos e entidades da Administrao, permitindo a consecuo de

    metas a serem atingidas no prazo do contrato, o qual dever prever um controle de

    resultados que ir orientar a Administrao Pblica quanto convenincia ou no

    de manter, rescindir ou alterar o contrato

    Cabe esclarecer que o princpio da eficincia vem sendo apontado como a

    motivao para celebrao do contrato de gesto No entanto, quando firmado com

    entidades privadas denominadas organizaes sociais, estes contratos constituem-se

    em instrumento para viabilizar o processo de publicizao ou terceirizao da

    prestao de servios pblicos, constante da agenda governamental e proposta no

    Plano Diretot de Reforma de Estado

  • CAMPUS Parte I Captulo 6 Novas Modalidades Administrativas 41

    6 .4 . A G N C I A S E X E C U T IV A S

    Consiste numa qualificao especial que poder ser conferida pelo Poder Executivo

    s autarquias e s fundaes pblicas responsveis por atividades e servios exclusivos

    do Estado, que celebrem contrato de gesto com o respectivo Ministrio supervisor,

    para o fim de cumprir objetivos e metas com este acordado, e que atendam aos

    seguintes requisitos da Lei n 9 649. de 27/05/1998, quais sejam: periodicidade

    mnima de um ano, estabelecimento de objetivos, metas e respectivos indicadores

    de desempenho da entidade, os recursos necessrios, bem como os critrios e

    instrumentos para a avaliao do seu cumprimento

    A Lei nc 9 649, de 27/05/1998, alm de autorizar o Poder Executivo Federal a qualificar

    como agncia executiva as autarquias e fundaes pblicas, estabelece, em seu art 51, os

    seguintes requisitos a serem cumpridos para efetividade da qualificao:

    I - ter um plano estratgico de reestruturao e de desenvolvimento institucional, voltado para a melhoria da

    qualidade da gesto e para reduo de custos, j concludo ou em andamento; e

    II - ter celebrado contrato de gesto com o respectivo Ministrio supervisor

    Dever, ainda, o Poder Executivo editar as medidas de organizao administrativa

    especficas para as Agncias Executivas, a fim de assegurar sua autonomia de gesto,

    bem como a disponibilidade de recursos oramentrios e financeiros necessrios ao

    cumprimento dos objetivos e metas ajustados nos respectivos contratos de gesto

    importante ressaltar que a Agncia Executiva no se constitui em figura nova da

    estrutura formal da Administrao Pblica nem promove qualquer alterao nas

    relaes de trabalho dos servidores das instituies que venham a ser qualificadas,

    sendo, portanto, uma qualificao especial que poder ser concedida pelo Poder

    Pblico s autarquias e s fundaes pblicas

    Outra caracterstica relevante que a insero da instituio como Agncia

    Executiva ocorre por adeso, ou seja, os rgos e entidades responsveis por

    atividades exclusivas do Estado candidatam-se qualificao, se esse for o desejo da

    instituio e, conseqentemente, do seu Ministrio supervisor

    6 .5 , O R G A N I Z A E S S O C I A I S

    Embora no representem uma nova figura jurdica, as Organizaes Sociais

    constituem uma inovao institucional, pois so entidades paraestatais dotadas de

    personalidade jurdica de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades

    estatutrias sejam dirigidas ao ensino, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento

    tecnolgico, proteo e preservao do meio ambiente, cultura e sade, conforme

    previsto na Lei n 9 637/1998

    Scric Provas

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    os

  • jciie

    Pro

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    isos

    Para Maria Sylvia Di Pietro, as organizaes sociais so pessoas jurdicas de direito

    privado sem fins lucrativos, instiaiidas por iniciativa de particulares, para desempenhar

    servios sociais no exclusivos do Estado, com incentivo e fiscalizao pelo Poder

    Pblico, mediante vnculo jurdico institudo por meio de contrato de gesto"

    As organizaes sociais representam um modelo de parceria firmado por meio

    de contrato de gesto entre o Estado e a sociedade, destinado a absorver atividades

    de interesse pblico no-exdusivas de Estado, ou seja, aquelas em que o Estado

    atua simultaneamente com organizaes privadas, sem fins lucrativos e que atendam

    determinadas exigncias legais, atuando nas seguintes atividades: cultura, sade,

    educao e proteo ambiental, dentre outras

    Os pressupostos bsicos a serem cumpridos, portanto, pelas pessoas jurdicas

    qualificadas como organizaes sociais, so:

    ter personalidade jurdica de direito privado;

    no podem ter finalidade lucrativa;

    devem atuar nas atividades de ensino, cultura, sade, pesquisa cientifica,

    desenvolvimento tecnolgico e preservao do meio ambiente

    O contrato de gesto, elaborado de comum acordo entre o rgo ou entidade supervisora

    e a organizao social, discriminar as obrigaes do Poder Pblico e da organizao

    social, devendo observar os princpios constitucionais da legalidade, impessoalidade,

    moralidade, publicidade, economicidade e, tambm, os seguintes preceitos:

  • CAMPUS Parte I * Capitulo 6 Novas Modalidades Administrativas

    apresentao ao trmino da cada exerccio ou a qualquer momento, conforme

    recomende o interesse pblico, de relatrio enviado pela entidade qualificada

    pertinente execuo do contrato, com o comparativo especfico das metas propostas

    e os respectivos resultado alcanados, bem como a correspondente prestao de

    contas do exerccio financeiro

    Cabe ressaltar que a entidade supervisora nomear uma comisso de avaliao,

    composta por especialistas de notria capacidade e adequada qualificao A referida

    comisso analisar periodicamente os resultados atingidos com a execuo do

    contrato de gesto e encaminhar autoridade supervisora relatrio conclusivo

    sobre a avaliao realizada

    Quando constatado o descumprimemo das disposies contidas no contrato

    de gesto, poder o Poder Executivo, por intermdio de processo administrativo,

    em que seja assegurado o direito a ampla defesa, proceder desqualificao da

    entidade como organizao social, respondendo os dirigentes da organizao,

    individual e solidariamente, pelos danos ou prejuzos decorrentes de sua ao ou

    omisso, bem como a reverso dos bens permitidos e valores entregues, visando

    utilizao na organizao social

    6 .6 . O R G A N I Z A E S D A S O C IE D A D E C IV IL D E IN T E R E S S E P B L I C O

    ( O S C IP )

    Representam modalidade de qualificao jurdica passvel de ser atribuda a

    algumas pessoas de direito privado, em virtude das atividades que estas venham a

    realizar em regime de parceria com o Poder Pblico No consistem, portanto, em

    nova categoria de pessoa jurdica, e sim numa qualificao especial, desde que

    atendidos certos requisitos legais

    Para Maria Sylvia Di Pietro, as organizaes da sociedade civil de interesse pblico

    so representadas pelas pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos,

    institudas por iniciativa de particulares, para desempenhar servios sociais no

    exclusivos do Estado, com incentivo e fiscalizao pelo Poder Pblico, mediante

    vnculo jurdico institudo por meio de termo de parceria

    As OSCIP foram criadas por intermdio da Lei na 9 790, de 23 de maro de

    1999, que disps sobre a qualificao de pessoas jurdicas de direito privado sem

    fins lucrativos,7 como Organizao Civil de Interesse Pblico, instituindo e

    disciplinando o Termo de Parceria A referida lei foi regulamentada peio Decreto

    nQ 3 100, de 30 de junho de 1999, e os procedimentos para obteno da qualificao

    7 De acordo com a defir.io da Lei rv1 9 790/1999 a entidade sem fins lucrativos aquela que 'no distribui'

    emre os seus scios ou associados conselheiros diretores empregados ou doadores, eventuais excedentes

    operacionais brutos ou lquidos dividendos bonificaes, participaes ou parcelas do seu patrimnio, auferidos

    mediante o exerccio de sua atividades e que os aplica integralmente na consecuo do respectivo objeto social

  • Administrao. Oramento e Contabilidade Pblica Srgio Jund EL.SEVIER

    das entidades disciplinados pelo Ministr io da Justia por meio da Portaria n2 361,

    de 27 de julho do mesmo exerccio

    O vinculo entre o Poder Pblico e as organizaes da sociedade civil de interesse

    pblico ser estabelecido por intermdio da celebrao de termo de parceria, no

    qual devero estar previstos, detalhadamente, os direitos e as obrigaes dos

    pactuantes, tais como o objeto do ajuste, as metas a serem alcanadas, os critrios

    de avaliao de desempenho, os prazos de execuo, a previso de receitas e a fixao

    das despesas, a obrigatoriedade de apresentao de relatrio anual, acompanhado

    da prestao de contas Cabe ressaltar que a execuo do respectivo termo ser

    supervisionada pelo rgo do Poder Pblico da respectiva rea de atuao da atividade

    autorizada e pelos Conselhos de Polticas Pblicas das reas correspondentes de

    atuao existentes, em cada nvel de governo

    As organizaes da sociedade civil de interesse pblico devem estar voltadas para

    o alcance de objetivos sociais que tenham, pelo menos, uma das seguintes finalidades:

    assistncia social;

    0 promoo gratuita da educao ou da sade;

    0 promoo da segurana alimentar e nutricional;

    0 promoo da cultura, defesa e conservao do patrimnio histrico e artstico;

    0 promoo do voluntariado;

    defesa, preservao e conservao do meio ambiente e promoo do

    desenvolvimento sustentvel;

    promoo do desenvolvimento econmico e social e combate pobreza;

    promoo da tica, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da

    democracia e de outros valores universais;

    0 experimentao, no-lucrativa, de novos modelos socioeducativos e de

    sistemas alternativos de produo, comrcio, emprego e crdito;

    promoo de direitos estabelecidos, construo de novos direitos e

    assessoria jurdica gratuita de interesse suplementar;

    estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produo

    e divulgao de informaes e conhecimentos tcnicos e cientficos

    Importante mencionar que a Lei nQ 9 790/1999 excluiu expressamente do regime

    de parceria, e como conseqncia impossibilitou a qualificao como organizao

    da sociedade civil de interesse pblico, as seguintes pessoas jurdicas:

    0 sociedades comerciais, sindicatos, associaes de classe ou de

    representao de categoria profissional;

    0 instituies religiosas ou voltadas para a disseminao de credos, cultos,

    prticas e vises devocionais e confessionais;

    0 organizaes partidrias e assemelhadas, inclusive suas fundaes;

  • CAMPUS Parte I * Capitulo 6 Movas Modalidades Administrativas

    entidades de benefcio mtuo destinadas a proporcionar bens ou servios

    a um crculo restrito de associados ou scios;

    entidades e empresas que comercializam planos de sade e assemelhados;

    instituies hospitalares privadas no-gratuitas e suas mantenedoras;

    escolas privadas dedicadas ao ensino formal no-gratuito e suas mantenedoras;

    organizaes sociais;

    cooperativas;

    0 fundaes publicas;

    fundaes, sociedades civis ou associaes de direito privado criadas por

    rgo pblico ou por fundaes publicas;

    organizaes creditcias que tenham quaisquer tipos de vinculao com o

    Sistema Financeiro Nacional, a que se refere o art 192 da Consrftuio Federal

    A qualificao como OSCIP, estabelecida pela Lei nQ 9 790/1999, bastante parecida

    com o prescrito pela Lei nQ 9 637/1998, referente s organizaes sociais; no entanto,

    so institutos jurdicos que apresentam caractersticas especificas definidas pelo

    legislador, estabelecendo as seguintes diferenas:

    a) formalizao da parceria: nas organizaes da sociedade civil de interesse

    pblico, o vinculo entre a entidade privada e o Poder Publico formalizado

    por intermdio da celebrao de termo de parceria, enquanto nas

    organizaes sociais utiliza-se o contrato de gesto;

    b) exigncia de documentao contbil/fiscal: para a qualificao como

    organizao da sociedade civil de interesse pblico so exigidos da entidade

    privada a apresentao dos seguintes documentos: balano patrimonial e

    o demonstrativo de resultados do exerccio, bem como a declarao de

    iseno de imposto de renda, entre outros documentos No caso da

    qualificao como organizao social, no existe tal exigncia;

    c) participao de agentes pblicos na estrutura da entidade: obrigatria

    a participao de agentes do Poder Pblico no Conselho de Administrao

    das organizaes sociais, no existindo tal exigncia nas organizaes da

    sociedade civil de interesse pblico

    Cabe ressaltar, finalmente, que a entidade qualificada com organizao da sociedade

    civil de interesse pblico, caso deixe de atender, posteriormente, os requisitos

    definidos na lei, perder a qualificao obtida, sendo exigido, no entanto, processo

    administrativo instaurado a pedido do Ministrio Pblico ou de qualquer cidado

    em que seja assegurado o contraditrio e ampla defesa

  • Administrao, Oramento e Contabilidade Pblica Sergio jund ELSEVTER

    VERIFICAO DE APRENDIZAGEM - MDULO I

    A Lei federal n 4,320/1964, de I 7/03/1964, estatui normas gerais de Direito

    Financeiro para elaborao e controle dos oramentos e balanos das:

    a) empresas pblicas e privadas estabelecidas no Brasil;

    b) entidades com fins lucrativos e filantrpicos;

    c) entidades da Unio, dos Estados, dos Municpios e do Distrito Federa!;

    d) organizaes da Administrao Pblica direta;

    e) organizaes sociais, empresas pblicas e as agncias reguladoras

    Administrao Pblica Indireta Federal :

    a) o conjunto de rgos integrados na estrutura administrativa federai;

    b) a gesto de bens e interesses particulares;

    c) a constituda dos servios atribudos a pessoas jurdicas diversas da Unio,

    pblicas (autarquias) ou privadas (empresas pbicas e sociedades de economia

    mista), vinculadas a um Ministrio, mas administrativamente e financeiramente

    autnomas;

    d) conjunto de rgos integrados na estrutura administrativa dos Municpios;

    e) as agncias executivas, as organizaes sociais e as agncias reguladoras

    A autarquia, empresa pblica e sociedade de economia mista so entes:

    a) totalmente independentes da respectiva Administrao Direta;

    b) subordinados hierarquicamente respectiva Administrao Direta;

    c) no-vnculados respectiva Administrao Direta, mas fiscalizadas por ela;

    d) vinculados e, portanto, fiscalizadas peia respectiva Administrao Direta;

    e) autnomos e subordinados respectiva Administrao Direta.

    Lei Federal criou pessoa jurdica de direito privado, para o exerccio de

    atividade econmica, sob a forma de S.A,, pertencendo a maior parte das

    aes com direito de voto Unio e o restante das aes divididas entre

    dois Estados membros Essa pessoa jurdica de direito privado recebe o

    nome de:

    a) empresa pblica unipessoal; d) empresa pblica pluripessoai;

    b) fundao pblica; e) agncia reguladora

    c) sociedade de economia mista;

    O Banco do Brasil S.A. uma pessoa jurdica de direito ___________ poisrege se sob a forma de sociedade de economia mista, e seguir na confeco

    de suas demonstraes financeiras a Lei:

    a) pblico - nQ 4 320/1 964; d) socia! ~ na 6 4G4/1 976;

    b) privado - n 6 404/1976; e) privado - n 4.320/1964.

    c) misto ~ n 4 320/1 964;

    A sociedade de economia mista federai ter a forma de:

    a) sociedade em nome coletivo;

    b) qualquer das formas admitidas em Direito;

    c) sociedade limitada;

    d) apenas a forma de sociedade annima;

    e) agncia reguladora

  • CAMPUS Parte 1 * Capitulo 6 Movas Modalidades Administrativas

    7. De acordo com o Decreto-lei na 200/1967, a Administrao Direta federa!

    constituda de(dos):

    a) autarquias federais;

    b) servios integrados na estrutura administrativa da Presidncia da Republica;

    c) servios integrados na estrutura administrativa do Conselho da Repblica;

    d) empresas pblicas;

    e) organizaes sociais, servios sociais autnomos e empresas publicas

    8. um instrumento de descentralizao de servio pblico:

    a) sociedade de economia mista;

    b) servios sociais autnomos;

    c) empresas pblicas;

    d) organizaes sociais;

    e) autarquia

    9, As empresas pbicas dividem-se em:

    a) unipessoais e pluripessoais;

    b) pblicas e privadas;

    c) sociais e autrquicas;

    d) autrquicas e fundacionas;

    e) mistas e privadas.

    10, A Administrao Pblica se divide em:

    a) direta, indireta e fundacional;

    b) indireta e descentralizada;

    c) direta e centralizada;d) direta e indireta;

    e) indireta e fundacional.

    11. So entidades com personalidade jurdica de direito pblico, criadas por

    lei, para executar atividades tpicas da Administrao Pblica:

    a} as entidades estatais;

    b) as sociedade de economia mista;

    c) as autarquias;

    d) as entidades paraestatais;

    e) as empresas pblicas

    12. So entidades de direito pblico, s quais se aplicam as mesmas normas,

    direitos e restries pertinentes s autarquias:

    a) fundaes pblicas; d) servios sociais autnomos;

    b) empresas pblicas; e) sociedades de economia mista.

    c) entidades paraestatais;

    13. So princpios da Administrao Pblica, expressos na Constituio:

    a) publicidade e razoabilidade;

    b) iegaiidade e eficincia;

    c) impessoalidade e finalidade;

    d) moralidade e especialidade;

    e) legalidade e supremacia do interesse pblico.

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    48 Administrao. Oramento e Contabilidade Pblica Srgio Jund ELSEV1ER

    14 (AFRF) As autarquias federais, pela sua natureza, so consideradas pessoas:

    a) polticas;

    b) administrativas, com personalidade jurdica de direito privado;

    c) jurdicas de direito privado;

    d) administrativas, sem personalidadejuridica prpria;

    e) jurdicas de direito pubiico

    15. Compem a Administrao Indireta, exceto:

    a) as fundaes publicas; d) as sociedades de economia mista;

    b) as empresas publicas; e) os servios sociais autnomos.

    c) as autarquias;

    16 Quando ocorre a distribuio de competncias, por parte do Estado, de

    uma pessoa juridica para outra, atuando por intermdio da Administrao

    Indireta, temos:

    a) centralizao; d) desestatizao;

    b) descentralizao; e) desmobtlizao..

    c) desconcentrao;

    17. So caractersticas com uns a todas as espcies de en tidades da

    Administrao Indireta, exceto:

    a) subordinao hierrquica para com a entidade estatal a que pertence;

    b) possurem patrimnio prprio;

    c) serem titulares de direitos e obrigaes distintos da pessoa poltica que as instituiu;

    d) possurem personalidade juridica prpria;

    e) estarem sujeitas reserva iegal para sua criao ou para autorizao de sua

    instituio.

    18. Dentre os rgos autnomos da Administrao Pblica, encontramos:

    a) o Ministrio da Fazenda;

    b) o Poder Executivo;

    c) as Delegacias da Receita Federal;

    d) a Secretaria Executiva do Ministrio da Fazenda;

    e) a Secretaria da Receita Federal

    19. Os rgos da Administrao Pblica so:

    a) pessoas jurdicas de direito pblico;

    b) titulares de direitos e obrigaes distintos da pessoa jurdica que os instituiu;

    c) no possuem personalidadejuridica prpria;

    d) pessoas jurdicas de direito publico ou de direito privado;

    e) pessoas jurdicas de direito privado

    20. (AFC) A espcie organizacional da Administrao Pblica Indireta, que deve

    ter sua rea de atuao definida em lei complementar, :

    a) autarquia;

    b) fundao pblica;

    c) sociedade de economia mista;

    d) empresa publica;

    e) rgo autnomo

  • CAMPUS Parte I Capitulo 6 Movas Modalidades Administrativas

    21.

  • Administrao. Oramento e Contabilidade PbJica Sergio Jund ELSEVIER

    26. (EPPGG/MPC3G/2002) A Administrao Pblica burocrtica surgiu no scuo

    XIX, em substituio s formas patrimonialistas de administrar o Estado,,

    Indique qual das informaes a seguir define as diferenas entre estas

    duas abordagens,.

    a) No patrimonialismo, no existe uma definio ciara entre patrimnio pblico e bens privados, com a proliferao do nepotismo e da corrupo, enquanto a

    burocracia uma instituio administrativa que usa os principios da racionalidade,

    impessoalidade e formalidade em um servio pbico profissional

    h) No patrimonialismo, os governantes consideram-se donos do Estado e o administram como sua propriedade, sendo Weber um dos seus defensores. A

    Administrao Pblica burocrtica surgiu como uma resposta ao aumento da

    complexidade do Estado e necessidade de organizao das Foras Armadas

    c) No patrimonialismo, a Administrao Pblica era um instrumento para garantir os direitos de propriedade, j a Administrao Pblica burocrtica estabeleceu uma

    definio clara entre res publicci e. bens privadosd) No patrimonialismo, a Administrao Pblica governada pela preservao e

    pelo desenvolvimento do patrimnio do Estado, sem se preocupar com a defesa

    dos direitos civis e sociais A administrao burocrtica est ligada ao conceito

    de Bem-Estar Socia!, combatendo o nepotismo e a corrupo

    e) No patrimonialismo, a autoridade exclusivamente hereditria, gerando corrupo

    e ineficincia, enquanto a estratgia adotada peia Administrao Pblica

    burocrtica - o controle formalisfa dos procedimentos - garante uma melhor

    utilizao dos recursos pblicos

    27. (EPPCG/MPOC/2002) Assinale como verdadeira (V) ou falsa (F) as frases que

    indicam os elementos da crise do modelo burocrtico de Administrao

    Pblica.

    ( ) Como provedor de educao pblica, de sade pblica, de cultura, de

    infra estrutura, de seguridade social e de proteo ao meio ambiente, o

    modelo burocrtico no atendeu expanso das funes do Estado,

    ( ) O modelo burocrtico no d nfase a resultados, e sim a processos e

    controles.

    { ) Com o modelo burocrtico, aumentou a corrupo e o nepotismo,

    ( ) Com o fim da guerra fria e da corrida arm am entista, d im inu iu a

    necessidade de estruturas organizacionais rgidas.

    ( ) A administrao burocrtica foi ineficiente em administrar o Estado

    de Bem-Estar Social.

    Escolha a opo correta,

    a) V, F, V, V, F d) V, F, V, F, V

    b) F, V> F, V, V. e) F, F, V, V, F

    c) V, V, F, F, V

    28. Para garantir a impessoalidade e evitar o patrimonialismo, a burocracia

    weberiana orienta-se basicamente:

    a) pela moralizao do servio pblico;

    b) pela avaliao dos resultados das polticas pblicas;

    c) por normas e procedimentos universais;

    d) pelo controle do sistema politico democrtico s decises do corpo burocrtico;

    e) pela capacidade de liderana dos gerentes.

  • C A M P U S Parte I * Capitulo 6 Novas Modalidades Administrativas

    29. (EPPGC/MPOG/2002) A partir do estudo de Max Weber, foi possive

    identificar caractersticas e disfunes da burocracia. Assinale com a iatca

    C as frases a seguir que expressam caractersticas do modelo ideal

    weberiano e com a letra D , aquelas que expressam suas disfunes.

    ( ) Obedincia hierarquia dos cargos e nfase na comunicao formal.

    ( ) Relacionamento funcional baseado em atributos pessoais,

    ( ) Utilizao intensiva de sinais de status,

    ( ) Seleo com base