ciclo de alongamento e encurtamento

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  Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo,  12(1): 85-94, jan./jun. 1998 85 CDD.20.ed. 613.711 O CICLO DE ALONGAMENTO E ENCURTAMENT O E A “PERFORMANCE” NO SALTO VERTICAL Carlos UGRINOWITSCH * Valdir José BARBANTI RESUMO O salto vertical é uma ação básica para várias modalidades esportivas, sendo que muitas  pesquisas vêm sendo realizadas na tentativa de se estabelecer um referencial teórico para sua compreensão. Seu desenvolvimento se deu em grand e parte pela importân cia que o salto vertical tem para o estudo do Ciclo de Alongamento e Encurtamento (CAE), o qual é um mecanismo fisiológico que tem como função aumentar a eficiência mecânica do movimento. Ele está baseado no acúmulo de energia potencial elástica durante as ações musculares excêntricas, a qual é liberada na fase concêntrica subseqüente na forma de energia cinética. Para testar a quantidade de acúmulo e utilização da energia potencial elástica, duas técnicas de salto vertical são comumente utilizadas, o “squat jump ” (SJ) e o “coun ter movemen t jump” (CMJ). O aumen to da força na fase concêntrica do salto vertical, com a utilização do CAE, não está ligado somente à energia potencial elástica, pois existem outros mecanismos auxiliares como o reflexo de estiramento, a força gerada na ação excêntrica e o padrão de ativação das unidades motoras. Questões relacionadas ao controle motor para a execução destas duas técnicas de salto vertical também parecem ter influência primordial. Todas essas questões teóricas forneceram grandes contribuições para a elaboração de treinamentos com o intuito de melhorar a “performance” no salto vertical. A partir do exposto, os objetivos desse trabalho foram analisar o referencial teórico que fundamenta o CAE, e relacionar o mesmo com os meios e métodos de treinamento utilizados para melhorar a “performance” nas ações de salto vertical. UNITERMOS: Ciclo de alongamento e encurtamento; Salto vertical; Treinamento esportivo. INTRODUÇÃO * Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo. rias modal id ades es portiv as utilizam o salto vertical durante os jogos ou provas (voleibol, basquet ebol, saltos no atletis mo, etc.), sendo que, em algumas delas ele é parte importante de ações mo toras mais com ple xas (corta das e  bloqueios no voleibol, arremessos e rebotes no  basquetebol, etc.), enquanto para outras, representa o próprio resultado esportivo (salto em altura). Em vista dessa importância, vários estudos vêm sendo realizados na tentativa de explicar as variáveis que dete rmi nam a “per for man ce” nessa ação mot ora (Bobbert, Gerritsen, Litjens & Van Soest, 1996; Dowling & Vamos, 1993; Fu kashiro, Komi, Järv ine n & Miy ash ita , 1995; Holcomb, Lan der, Rutland & Wilson, 1996a). Além disso, o estudo do sal to vertical vem sendo fortemente impulsionado pelo desenvolvimento do referencial teórico do Ciclo de Alongamento e Encurtamento (CAE), o qual está sendo adotado como um paradigma vigente para o estudo da função muscular. Ele é um mecanismo fisiológico qu e tem a fu ão de au men ta r o “output” motor em movimentos que utilizem ações musculares excênt ricas, segui das imedi atamente,

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Ciclo de Alongamento e Encurtamento

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  • Rev. paul. Educ. Fs., So Paulo, 12(1): 85-94, jan./jun. 1998

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    CDD.20.ed. 613.711

    O CICLO DE ALONGAMENTO E ENCURTAMENTOE A PERFORMANCE NO SALTO VERTICAL

    Carlos UGRINOWITSCH*

    Valdir Jos BARBANTI*

    RESUMO

    O salto vertical uma ao bsica para vrias modalidades esportivas, sendo que muitaspesquisas vm sendo realizadas na tentativa de se estabelecer um referencial terico para sua compreenso.Seu desenvolvimento se deu em grande parte pela importncia que o salto vertical tem para o estudo do Ciclode Alongamento e Encurtamento (CAE), o qual um mecanismo fisiolgico que tem como funo aumentar aeficincia mecnica do movimento. Ele est baseado no acmulo de energia potencial elstica durante asaes musculares excntricas, a qual liberada na fase concntrica subseqente na forma de energia cintica.Para testar a quantidade de acmulo e utilizao da energia potencial elstica, duas tcnicas de salto verticalso comumente utilizadas, o squat jump (SJ) e o counter movement jump (CMJ). O aumento da fora nafase concntrica do salto vertical, com a utilizao do CAE, no est ligado somente energia potencialelstica, pois existem outros mecanismos auxiliares como o reflexo de estiramento, a fora gerada na aoexcntrica e o padro de ativao das unidades motoras. Questes relacionadas ao controle motor para aexecuo destas duas tcnicas de salto vertical tambm parecem ter influncia primordial. Todas essasquestes tericas forneceram grandes contribuies para a elaborao de treinamentos com o intuito demelhorar a performance no salto vertical. A partir do exposto, os objetivos desse trabalho foram analisar oreferencial terico que fundamenta o CAE, e relacionar o mesmo com os meios e mtodos de treinamentoutilizados para melhorar a performance nas aes de salto vertical.

    UNITERMOS: Ciclo de alongamento e encurtamento; Salto vertical; Treinamento esportivo.

    INTRODUO

    * Escola de Educao Fsica e Esporte da Universidade de So Paulo.

    Vrias modalidades esportivasutilizam o salto vertical durante os jogos ou provas(voleibol, basquetebol, saltos no atletismo, etc.),sendo que, em algumas delas ele parte importantede aes motoras mais complexas (cortadas ebloqueios no voleibol, arremessos e rebotes nobasquetebol, etc.), enquanto para outras, representao prprio resultado esportivo (salto em altura). Emvista dessa importncia, vrios estudos vm sendorealizados na tentativa de explicar as variveis quedeterminam a performance nessa ao motora(Bobbert, Gerritsen, Litjens & Van Soest, 1996;

    Dowling & Vamos, 1993; Fukashiro, Komi,Jrvinen & Miyashita, 1995; Holcomb, Lander,Rutland & Wilson, 1996a).

    Alm disso, o estudo do saltovertical vem sendo fortemente impulsionado pelodesenvolvimento do referencial terico do Ciclo deAlongamento e Encurtamento (CAE), o qual estsendo adotado como um paradigma vigente para oestudo da funo muscular. Ele um mecanismofisiolgico que tem a funo de aumentar ooutput motor em movimentos que utilizem aesmusculares excntricas, seguidas imediatamente,

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    por aes musculares concntricas. Vriostrabalhos foram realizados, nos quais os objetos deestudo eram fatores relacionados ao CAE e ao saltovertical (Bobbert et alii, 1996; Komi, 1984).

    Portanto, os objetivos desse estudoforam analisar o referencial terico quefundamenta o CAE, a luz de conhecimentos dabiomecnica e da fisiologia de exerccio, erelacionar o mesmo com os meios e mtodos detreinamento utilizados para melhorar aperformance nas aes de salto vertical.

    MODELO CONCEITUAL DE HILL

    Para a elaborao de seu modelo Hill(1950) estabeleceu trs elementos constitutivosbsicos: contrteis, elsticos em srie e elsticosem paralelo, como mostra a FIGURA 1.

    elemento

    contrtil

    elementos elsticos em srie

    elementos elsticos em paralelo

    FIGURA 1 - Componentes da estrutura muscular (Adaptado de Hill, 1950).

    O elemento contrtil compostopelo maquinrio contrtil, o complexo actina-miosina (Fox, Bowers & Foss, 1993), sendo a fontegeradora de fora ativa. Os elementos elsticos emsrie esto localizados nas cabeas de miosina enos tendes, (Edgerton, Roy, Gregor & Rugg,1986; Ettema & Huijing, 1989, 1994; Faro, 1995;Huijing, 1992), sendo estas as estruturasresponsveis por acumular e liberar energiapotencial elstica, atuando como uma fonte passivade gerao de fora. J os elementos elsticos emparalelo so compostos pelos tecidos conectivosresponsveis pela manuteno da estruturamuscular, (Huijing, 1992), opondo resistncia aomovimento quando ocorre um alongamentomuscular.

    O CICLO DE ALONGAMENTO EENCURTAMENTO (CAE)

    O CAE utilizado em vrias aesdirias como correr, andar, saltar, aproveitando acapacidade elstica inerente aos elementoselsticos em srie.

    O potencial elstico dos msculos spode ser utilizado quando h um alongamento

    muscular com concomitante gerao de fora.Durante essas aes musculares h a produo detrabalho negativo, o qual tem parte de sua energiamecnica absorvida e armazenada na forma deenergia potencial elstica nos elementos elsticosem srie (Farley, 1997). Quando h a passagem dafase excntrica para a concntrica, rapidamente, osmsculos podem utilizar esta energia aumentando agerao de fora na fase posterior com um menorcusto metablico, Komi (1986) citou que em duasatividades idnticas, onde uma utiliza o CAE, e aoutra no, o consumo de oxignio ser menornaquela que o utilizar, assim como haver umamenor atividade eltromiogrfica se tiverem omesmo output motor. Porm, se a passagem deuma fase para outra, for lenta, a energia potencialelstica ser dissipada na forma de calor, no seconvertendo em energia cintica, (Cavagna, 1977;Goubel, 1997). Kreighbaum & Barthels (1990)citaram que a capacidade de gerao de fora podeaumentar em at 20%, enquanto Cavagna (1977)definiu o potencial elstico muscular mximo emtorno de 50%. Van Ingen Schenau, Bobbert &Haan (1997a) afirmaram que a utilizao daenergia potencial elstica no pode ser mxima,porque de acordo com a Segunda lei datermodinmica, nem toda energia acumulada pode

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    ser utilizada, pois sempre parte dela perdida porcausa da tendncia desordem (entropia).

    Vrios estudos foram realizados natentativa de quantificar a contribuio para oacmulo de energia potencial elstica, das duasestruturas que compem os elementos elsticos emsrie; (Caldwell, 1995; Ettema & Huijing, 1989;Hoy, Zajac & Gordon, 1990; Huijing, 1992;Pousson, Van Hoecke & Goubel, 1990; Winter,1979), sendo que a maioria dos autores encontrouque os tendes eram a estrutura mais importantepara tal. Isso est diretamente ligado ao grau destiffness da estrutura tendinosa, pois quanto maiselevado, maior ser o acmulo de energiapotencial. Stiffness foi definido por Gans (1982)como sendo a resistncia oposta, pelo complexomsculo-tendo, deformao devido a umalongamento rpido, enquanto Huijing (1992) eCook & McDonagh (1996) o definirammatematicamente como sendo a variao da forasobre a variao do comprimento da estruturatendinosa (f / c), podendo atravs dele obter-sevalores numricos do grau de stiffness.

    O grau de stiffness dos tendesest relacionado com o arranjo espiralado de suasfibras colgenas, fazendo com que ele tenha umcomportamento no linear quando exposto a umafora externa que provoque o seu estiramento.Inicialmente, pequenas alteraes de foraprovocam pequenas mudanas no grau destiffness, aps, pequenas alteraes de fora oalteram acentuadamente, e finalmente, grandesalteraes de fora tm pouca influncia sobre eleat o momento que no suporta mais, e se rompe.

    Tambm as cabeas de miosinacolaboram como o grau de stiffness, porm deoutra forma, pois durante a fase excntrica domovimento, elas sofrem uma rotao contrria aosentido do encurtamento dos sarcmeros, sendoque, quanto maior o nmero de pontes cruzadasativas, umas sobre a outras (em paralelo), maior oseu grau.

    De acordo com Ettema & Huijing(1994) e Cook & McDonagh (1996), os tendes eas cabeas de miosina possuem diferentes graus destiffness, por causa das diferentes formas degerao de resistncia, mas apesar de seremincongruentes, quanto maior o grau de stiffnessde ambas, maior o acmulo de energia potencialelstica que poder ser liberada na fase concntricado movimento.

    Os tendes e as cabeas de miosinano so as nicas estruturas responsveis pelo graude stiffness, o complexo msculo-tendo, como

    um todo, tambm colabora. Ettema & Huijing(1994) citaram que o grau de stiffness dasestruturas s se eqivale (funcionando como umcomplexo) quando o movimento provoca pequenodeslocamento angular e realizado em altavelocidade, o que est de acordo com Bobbert(1990), que acredita que os movimentos commenor deslocamento angular e grande velocidadepermitem uma melhor eficincia na utilizao daenergia potencial elstica.

    Mtodos de anlise da utilizao da energiapotencial elstica

    O trabalho de Komi & Bosco (1978)se tornou clssico para o estudo do CAE, pois osautores o analisaram em testes especficos de saltovertical, atravs de duas tcnicas distintas para asua execuo. A eficincia do CAE foi verificadaatravs de curvas fora-velocidde, onde a foragerada era maior, quando comparada movimentos que no utilizavam esse mecanismo,na mesma velocidade de execuo.

    A primeira tcnica de salto verticalfoi chamada de Squat Jump (SJ) ou saltopartindo da posio de meio-agachamento. Oexecutante assumia uma posio esttica de flexodos joelhos 90o, mos na cintura, os ps paraleloscom um afastamento confortvel, no erapermitido um novo abaixamento do centro degravidade (CG), sendo o movimento apenasascendente. Assim realizado, a energia potencialelstica acumulada era perdida na forma de calor,devido a manuteno da posio esttica assumida,e o salto era realizado somente com a capacidadedos grupos musculares esquelticos de gerar forasem a utilizao do CAE (Goubel, 1997; Komi &Bosco, 1978).

    A segunda tcnica de salto verticalchamada de Counter Movement Jump (CMJ), ousalto com contra movimento, era permitido aoexecutante realizar a fase excntrica e concntricado movimento, a transio da fase descendentepara a ascendente deveria ser feita o mais rpidopossvel, desta forma o CAE poderia ser utilizadoproduzindo uma maior gerao de fora, umamaior elevao do centro de gravidade (CG), comuma maior eficincia mecnica (menor gastoenergtico).

    Autores como Enoka1 citado porHarman, Rosenstein, Frykman & Rosenstein(1990), encontraram uma diferena de 12% naaltura de elevao do CG, do CMJ para o SJ, jBaker (1996), citou um aumento de 15 a 20% do

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    CMJ para o SJ e que, um aumento menor do que10% significava uma m utilizao do CAE,Anderson & Pandy (1993), determinaram umaumento de 5% de uma tcnica para outra eBobbert et alii (1996), encontraram uma diferenade 7,6%.

    Fatores que alteram a gerao de fora entre oCMJ e o SJ

    A maior elevao do CG no CMJno vem sendo explicada somente pela utilizaoda energia potencial elstica, outros mecanismostambm so envolvidos aumentando a eficincia doCAE.

    Reflexo de estiramento

    A primeira hiptese apresentada paraauxiliar na explicao da diferena percentualexistente entre o resultado do SJ e do CMJ,atuando em conjunto com o acmulo de energiapotencial elstica, foi o reflexo de estiramento,Komi (1984, 1986, 1992) e Holcomb et alii(1996a,b). Ele est baseado em duas estruturasproprioceptivas auxiliares no controle domovimento: os fusos musculares e os rgostendinosos de Golgi (FIGURA 2).

    FIGURA 2 - rgos proprioceptores presentes na estrutura muscular (Adaptado de Gordon &Ghez, 1991).

    A primeira, os fusos musculares, responsvel pela deteco do grau de alongamentomsculo-tendinoso, onde, a partir de determinadolimiar, existe uma ao muscular reflexa,concntrica ou isomtrica, como forma de proteoda estrutura a um alongamento excessivo e rpido.A segunda, os rgos tendinosos de Golgi, responsvel pela deteco do grau de tensomuscular e suas respostas reflexas causam orelaxamento do msculo ou msculos envolvidosna tarefa.

    Komi & Gollhofer (1997) citaramque a ao do reflexo de estiramento podeaumentar o grau de stiffness da estruturamsculo-tendinosa e fazer com que haja umaumento tanto da fora gerada, quanto do seu graude desenvolvimento.

    Contudo, os mesmos autoresafirmaram que somente em movimentos onde a

    quantidade de pr-estiramento pequena (umalongamento do complexo msculo-tendo daordem de 6 a 8%), o reflexo de estiramento podeser utilizado (exemplo: movimentos com pequenaamplitude). Isso ficou evidente quando serealizaram saltos em profundidade, partindo deplataformas muito elevadas (exemplo: 140 cm), ehouve uma inibio do reflexo de estiramento frutoda grande amplitude de movimento necessria paraamortecer a fora gerada pelo impacto com o solo(ativando os rgos tendinosos de Golgi). Fatotambm ocorrido quando a fadiga, por aesrepetitivas, diminui a ao desse mecanismo,produzindo o mesmo efeito na gerao de fora.

    Ao muscular excntrica

    A ao muscular excntrica tem sidorelatada pela literatura como mais eficiente e com

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    maiores possibilidades de gerao de fora que asaes musculares concntricas e isomtricas,(Kellis & Baltzopoulos, 1995; Pousson et alii,1990; Stauber, 1989).

    Tanto Komi (1984, 1986) quantoKellis & Baltzopoulos (1995) citaram que as aesmusculares excntricas so mais eficientes, poistm um menor gasto energtico para a mesmagerao de fora, em relao as outras.

    Stauber (1989) explicou o possvelmecanismo fisiolgico para a maior eficinciamecnica, pois enquanto os msculos no soativados, as cabeas de miosina esto em umestado de pr-ativao, onde a coneco com osstios de ligao da actina s no acontece porqueno h a presena do clcio para interagir com atroponina e, deslocar a tropomiosina, expondo osstios de ligao. Nas aes excntricas as cabeasde miosina se conectam com os stios de ligao esofrem uma rotao contrria e, para se soltarem,necessitam de uma fora muito maior do queaquela gerada para realizar a rotao das cabeasde miosina no sentido do encurtamento dossarcmeros. Essa separao das cabeas de miosinanas aes excntricas, quando existe a rotaocontrria, no requer gasto energtico, pois asmolculas de ATP ligadas a elas no sofrem oprocesso de hidrlise, fazendo com que sejam maiseficientes em termos de gasto energtico (foragerada/ consumo de ATP).

    Coordenao para a execuo do SJ

    As aes de salto vertical que sorealizadas dentro da prtica esportiva requerem umrendimento muito prximo ao mximo, umaumento de cinco centmetros na elevao do CGpode provocar profundas alteraes nos resultadosdas competies ou na performance dos atletas.Para tal a tcnica de salto CMJ mais utilizada,sendo raros os saltos executados com a tcnica SJ.

    Bobbert et alii (1996) e Anderson &Pandy (1993) citaram que o CMJ produz umamaior elevao do CG pelo fato dos executantesno terem coordenao para executar o SJ. Deacordo com Bobbert & Van Soest (1994), ocomponente coordenativo mais importante para asaes de salto vertical o correto timing dasaes musculares que ocorrem do sentido proximalpara o distal, significando que a articulao doquadril utilizada incialmente, seguida pelaarticulao do joelho e logo aps pela do tornozelo,sendo o treinamento especfico desses saltos (SJ)

    um fator primordial para melhor-los.Anderson & Pandy (1993); Bobbert

    et alii (1996); Komi & Gollhofer (1997) e VanIngen Schenau et alii (1997a) colocaram em dvidaa validade dos testes de salto vertical para avaliar aeficincia da utilizao do CAE (Komi & Bosco,1978), pois consideraram os aspectoscoordenativos mais relevantes para a maior alturade elevao do CG no CMJ, mas este fato carecede maior comprovao cientfica.

    Possibilidade de aumento na gerao de forano CMJ em relao ao SJ

    Quando da realizao do SJ, osmsculos no conseguem atingir um alto nvel defora para a execuo do salto. No sendo omovimento balstico, o tempo para a produo deuma fora equivalente ao do CMJ tem que sermaior (contando-se o tempo em que a posio desemi-agachamento mantida, antes da execuo dosalto, que em torno de dois segundos), pois orecrutamento das unidades motoras obedece aoprincpio de Henneman (padro de ativao emrampa, FIGURA 3) citado por Winter (1979), Roy& Edgerton (1992) e Sale (1988), onde as unidadesmotoras de menor tamanho, normalmentecompostas por fibras de contrao lenta, soativadas inicialmente, seguidas pelas unidadesmotoras de maior tamanho, compostas por fibrasde contrao rpida. Contudo, no possvel seobter mais tempo para gerar fora no SJ, poisassim que a fora produzida suficiente pararomper a inrcia da posio esttica, o movimentose inicia, e as fibras musculares com maiorpossibilidade de gerar fora (tipo II) noconseguem um alto nvel de ativao, fazendo comque o grau de desenvolvimento da fora sejamenor.

    J no CMJ, o padro de ativao dasunidades motoras considerado como balstico(FIGURA 3), pois o movimento executado emgrande velocidade, sendo que as unidades motorasmaiores so ativadas logo no incio do movimento,fazendo com que o grau de desenvolvimento dafora seja muito maior, assim como o trabalhopositivo gerado. Vrios autores vm apontando ograu de desenvolvimento da fora como o fatormais importante para aumentar a performance nosalto vertical, pois ele maximiza a velocidadevertical no momento da decolagem (Bobbert et alii,1996; Van Ingen Schenau, 1997a,b).

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    FIGURA 3 - Padro de ativao das unidades motoras (Adaptado de Sale, 1987).

    IMPLICAES PRTICAS

    Vrios meios de treinamento vmsendo utilizados e desenvolvidos na tentativa demaximizar o salto vertical, sendo que, duastendncias bsicas podem ser normalmenteencontradas:a) alguns estudos demonstraram que o treinamentocom pesos, visando aumentar a fora dos msculosesquelticos, produz efeitos positivos na elevaodo CG no salto vertical (Adams, OShea, OShea& Climstein, 1992; Clutch, Wilton, McGown,Bryce & Rex, 1983; Wilson, Murphy, Walshe &Ness, 1996), contudo as amostras utilizadas noforam compostas por atletas de alto nvel, o que,em certa parte, pode ter provocado resultados notransferveis para os mesmos pela falta deespecificidade desse meio de treinamento;b) aumentar a capacidade do sistema muscular,como um todo, de gerar fora rapidamente, atravsde treinos mais especficos, com a utilizao deexerccios de saltos verticais e horizontais.

    Os mtodos de treinamento maisutilizados para esta segunda forma de aumentar acapacidade de salto so: multi-saltos, saltos com

    sobrecarga e pliometria. Eles devem obedeceralguns princpios para que os seus objetivos sejamatingidos, sendo que, todos eles tm relao com ono aparecimento da fadiga e a velocidade deexecuo dos movimentos.

    Quando for considerada apenas aunidade de treinamento, os exerccios de saltodevem ser realizados logo aps um aquecimentointenso, pois exigem grande coordenao eativao do sistema neuro-muscular. Se o foco deateno for o microciclo, estes exerccios devemser utilizados sempre em dias em que a carga detreinamento do dia anterior for leve, ou se houverrepouso passivo por causa de folgas notreinamento, pois se forem executados aps umtreino de fora muito pesado ou de resistnciaanaerbica, o sistema neuro-muscular estar comum elevado grau de fadiga e a velocidade deexecuo dos exerccios ir diminuir, alterando opadro coordenativo do movimento e diminuindo aeficincia na utilizao do CAE.

    As sries devem ser curtas para queo padro de ativao das unidades motoras possaser mantido e, somente o sistema anaerbio alticoutilizado, fazendo com que cada srie seja

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    composta por quatro a oito saltos (repeties),seguidas por perodos de recuperao de 130 atrs minutos entre elas (a extenso do intervalo estligada ao tempo de reposio das reservas de ATP-CP) .

    A intensidade dos saltos deveprocurar ser sempre mxima, obtendo-se a maiorelevao possvel do centro de gravidade em cadaum dos saltos da srie. O volume total dotreinamento deve ser individualizado, pois comocitado por Komi, Nicol & Marconnet (1992) eHorita, Komi, Nicol & Kyrolainen (1996), a fadigaprovoca um claro aumento na transio da faseexcntrica para a concntrica do salto, para que oindivduo tenha mais tempo para gerar a foranecessria para realizar um salto com a mesmaelevao do CG (quanto menor a participao doCAE e dos mecanismos auxiliares, com umconcomitante aumento da fora necessria para aexecuo de uma mesma tarefa, mais rpida ser ainstalao da fadiga). O indivduo tambm perde acapacidade de amortecer o impacto gerado pelafora reao do solo, tendo maior sobrecarga sobreo aparelho articular por perda da qualidade docontrole do movimento. A energia potencialelstica acumulada perdida na forma de calor e oefeito de treinamento diminudo, por isto ele deveser interrompido com o aparecimento da fadiga.

    Os treinadores costumam utilizarsuperfcies mais macias para o amortecimento dossaltos (colches de algodo ou espuma, grama eoutros), por causa do impacto da queda, mas esteprocedimento deve ser analisado com cautela, poissuperfcies muito macias fazem com que o saltoperca a sua especificidade pelo aumento natransio entre as fases (excntrica-concntrica).

    Os multi-saltos so o mtodo detreinamento com menor efeito de treinamento paraatletas de alto nvel, mas excelente para os atletasde nvel mdio e iniciantes, por ter a possibilidadede incorporar numerosos elementos coordenativose ser um estmulo suficientemente forte paraaumentar a eficincia do CAE e o grau dedesenvolvimento da fora, consequentemente aperformance no salto. Eles so divididos em duasformas bsicas, saltos horizontais e verticais, sendoa primeira composta por seqncias de hops,steps e jumps nas mais variadas formaspossveis (exemplo: saltos com uma perna s, naseqncia; direita, direita, esquerda, direita,esquerda, esquerda), j os saltos verticais soexecutados com a utilizao de elementos (cordaselsticas, cones, cadeiras, barreiras, etc.) paradirecionar a fora resultante no sentido vertical,

    tanto em saltos unilaterais quanto bilaterais.Os saltos devem ser feitos sempre

    em progresso (seqncias), fazendo com que apassagem da fase excntrica para a concntrica sejafeita rapidamente pelo aumento da energia cintica,contudo este conceito relativo, pois se avelocidade de execuo for muito alta, a corretaativao dos grupos musculares envolvidos perdida e, se por outro lado, for realizadalentamente a energia potencial elstica ser perdidana forma de calor. A altura do salto no deve serperdida em busca de uma maior velocidade deexecuo da srie, pois o que conta para um bomefeito do treinamento somente a fase de contatocom o solo, e no a fase area.

    Os saltos com sobrecarga so ummtodo de treinamento com grande eficincia, masdevem ser utilizados em atletas que j tenhamexplorado o potencial de treinamento dos multi-saltos e tenham um grau elevado de fora. Eles seutilizam de qualquer tipo de salto que so sempreexecutados com sobrecargas que representem 10%do peso corporal (exemplo: uma pessoa de 80 kg,utilizar sobrecargas de at 8 kg). Sua eficinciaest baseada no fato de que o peso adicional iraumentar a fora gerada na ao excntrica, paraabsorver o trabalho negativo produzido por umamaior massa corporal e inrcia, acumulando maisenergia potencial elstica nos elementos elsticosem srie. Se a carga adicional superar os 10% dopeso corporal, a mecnica do salto poder seralterada, fazendo com que haja uma maior flexodos membros inferiores para o amortecimento e,consequentemente, maior tempo de transio deuma fase para a outra, fazendo com que o grau dedesenvolvimento da fora seja muito menor.

    A pliometria vem sendo muitodifundida dentro do meio esportivo, mas seusefeitos ainda no completamente estabelecidos pelaliteratura (para mais detalhes veja Bobbert, 1990).Para isto so utilizados saltos partindo-se de umaplataforma elevada, para o cho, seguidos porsaltos para uma prxima plataforma, sendo quesuas alturas variam de 20 cm a 110 cm.

    Esse mtodo de treinamento temcomo objetivo fazer com que a velocidade do CGno momento de contato com o solo aumente, pelaao da fora da gravidade na quantidade deenergia cintica do corpo durante a queda. Isto fazcom que a fora excntrica seja maior, e geradarapidamente para amortecer o impacto e,consequentemente, produzir uma facilitao neuralpara que a fora concntrica tambm seja gerada damesma forma (aumentando o grau de

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    desenvolvimento de fora concntrica), assimcomo aumentando a eficincia no retorno daenergia elstica pela utilizao do CAE. A alturade queda deve obedecer a certos critrios, pois sefor muito baixa, para o atleta no produziradaptaes na capacidade de salto, e se for muitoelevada, o estmulo ser muito forte fazendo comque ele tenha que flexionar muito as articulaesdos membros inferiores, perdendo a eficincia doCAE, como nos saltos com sobrecarga.

    CONCLUSES

    O referencial terico aqui expostono fundamenta completamente a atividade prtica,pois ainda no pode ser quantificado de maneiraadequada a importncia do CAE para as aes desalto, pelas vrias controvrsias apresentadas.Apesar das crticas na avaliao da utilizao daenergia potencial elstica no CMJ e SJ (Bobbert etalii, 1996; Van Ingen Schenau et alii, 1997a; Komi& Gollhofer, 1997), a maioria dos autores nodescarta a sua utilizao em aes de saltorepetidas (Van Ingen Schenau et alii, 1997b). J oreflexo de estiramento e a ao muscularexcntrica tm se mostrado eficientes no aumentoda produo de fora e, consequentemente, naperformance do salto vertical, mas asjustificativas tericas apresentadas at o momentono so conclusivas (Van Ingen Schenau et alii,

    1997a).As bases tericas dos meios e

    mtodos de treinamento apresentadosanteriormente ainda carecem de maiordetalhamento, pois elas so feitas, a partir doreferencial terico apresentado para o CAE, atravsde indues que no garantem a validade dasmesmas. H necessidade de se colocar experimentao cientfica as teorias apresentadasem situaes prprias de treinamento, a fim deverificar a validade ecolgica das mesmas.Contudo, deve ser observado que o aparatotecnolgico existente parece ainda no estaradequado a resolver tais questes. Isso faz com quegrande parte do conhecimento utilizado pelostreinadores ainda seja obtido atravs de tentativa eerro, ou de grandes saltos indutivos.

    Para solucionar tais problemas aspesquisas deveriam obedecer trs tendncias:a) utilizar o mtodo dedutivo para a elaborao dosproblemas de pesquisa;b) serem realizadas mais pesquisas aplicadas, como intuito de verificar a efetividade dos meios emtodos de treinamento criados, para que elessejam implementados mais rapidamente, commaior segurana e eficincia;c) criadas linhas de pesquisa integrativas, quepossam testar a validade de conceitos tericos paraa explicao de resultados prticos, e tambmproduzir insigths para criao de meios emtodos de treinamento com maior suporte terico.

    ABSTRACT

    THE STRETCH SHORTENING CYCLE AND THE VERTICAL JUMPING ABILITY

    Vertical jumping ability is a basic item for many sports and many studies have been done in the wayto develop a theoretical framework for it. Most of its development is because vertical jumping has beenconsidered a valid test to study the Stretch Shortening Cycle (SSC), a physiological mechanism that potentiatethe concentric part of the jump through the storage and utilization of potential elastic energy. The squat jump(SJ) and the counter movement jump (CMJ) have been used to measure the amount of energy that is storedand utilized. The utilization of potential elastic energy is helped by other physiological mechanisms such asthe stretch reflex, pattern of motor units activation and the strength produced by the eccentric action, butquestions related to motor control are getting more important to explain the differences between these twojump techniques. The development of the theoretical framework has helped the improvement of the practiceto improve vertical jumping ability. The aims of this essay were: analyse the theoretical framework of theSSC; and relate it with the training methods that have been used to develop vertical jumping ability.

    UNITERMS: Stretch-shortening cycle; Vertical jumping; Physical training.

  • O ciclo de alongamento e encurtamento e a performance no salto vertical

    Rev. paul. Educ. Fs., So Paulo, 12(1): 85-94, jan./jun. 1998

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    Recebido para publicao em: 16 jan. 1998Revisado em: 14 set. 1998Aceito em: 02 out. 1998

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