cibercultura: desafios para a educao - repositorio.ufba.br · do pesquisador escuta sensível,...
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CAPTULO III
PESQUISA-FORMAO: PESQUISANDO EM EDUCAO
ONLINE
O mtodo no precede a experincia, o mtodo emerge durante a experincia e se apresenta ao final, talvez para uma nova viagem.
Edgar Morin
Neste captulo apresento os princpios epistemolgicos e
metodolgicos da pesquisa-formao em educao online. A
discusso inspirada nos trabalhos de Macedo, Morin, Ardoino,
Barbier, Coulon, Freire, Nvoa e Josso.
O objeto que se auto-organiza
Pesquisar como um ambiente virtual de aprendizagem pode
se constituir como um espao de formao exigir dos sujeitos
envolvidos em uma vivncia de pesquisa capaz de contemplar a
dinmica do movimento. A formao e a prtica docente na
cibercultura estruturada pela criao e uso de um ambiente virtual
de aprendizagem exigem dos sujeitos envolvidos uma bricolagem
de concepes epistemolgicas e metodolgicas capazes de tambm
se transformarem no processo. Coulou nos alerta:
Escolher um mtodo escolher uma teoria. Como nenhuma metodologia se justifica por si mesma, para compreender essa escolha e o seu uso, preciso aproxim-la da teoria com a qual
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compatvel a at mesmo que ela por vezes representa. (COULON, 1995,p. 99).
Alain Coulon tem toda razo quando afirma a necessria
implicao entre mtodo e teoria. A escolha do mtodo est
diretamente relacionada com a concepo epistemolgica e
metodolgica do pesquisador e suas parcerias intelectuais. Alm
disso, o prprio objeto de estudo tambm responsvel por essa
articulao de saberes, at porque o mesmo emerge e se institui na
relao dialgica e dialtica entre mtodo/teoria/campo de
pesquisa.
Em se tratando de um objeto de estudo que se institui a
partir de um campo de pesquisa baseado no conceito de organismo
vivo, autopoiese, que se auto-organiza a partir dos feixes de
relaes sociotcnicas estabelecidas pelos sujeitos do processo de
aprendizagem professores, estudantes, tcnicos, aprendentes em
geral com o ambiente tecnolgico, fundamental vivenciar uma
metodologia aberta s emergncias, ao novo, ao possvel, ao
acontecimento.
Compreender esse processo exigir do pesquisador uma
metodologia coerente com essa dinmica, uma abordagem de
pesquisa que o insira no processo como um sujeito implicado nessa
emergente rede de relaes. Sendo o ciberespao um ambiente
fecundo de comunicao e aprendizagem, novos processos e
produtos vm se instituindo. Novas possibilidades formativas vm
emergindo e conseqentemente novas pesquisas. O ciberespao
torna-se efetivamente um campo vivo de pesquisa em cincias
sociais. A educao tem sido uma rea em emergncia,
principalmente no que se refere construo de novos ambientes e
cenrios de formao e prtica docente.
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Procuramos nessa pesquisa a parceria com abordagens
epistemolgicas e metodolgicas que nos ajudem a compreender o
objeto de estudo como um fenmeno33 sociotcnico vivo,
inquietante e mutante. A cibercultura e seus desdobramentos,
incluindo aqui a formao de professores, no pode ser estudada e
muito menos compreendida, como um fenmeno linear, fechado e
mapeado por prticas simplistas e fragmentadas. O fenmeno exige
do pesquisador escuta sensvel, olhar atento a seus movimentos e
desdobramentos, uma aprendizagem formada na ao e pela ao,
no devir com os sujeitos culturais, compreendendo e interagindo
com seus etnomtodos, ou seja, suas estratgias de aprender e
construir conhecimento. Segundo Morin: A ao escapa vontade
do ator poltico para entrar no jogo das inter-retroaes, recprocas
do conjunto da sociedade (MORIN, 1996, p. 298).
O objeto de estudo no pode ser visto como um alvo a ser
atingido. necessrio perceber o objeto como um ente vivo, que se
auto-organiza pela complexidade dos processos institudos e
instituintes onde seres humanos e objetos tcnicos se implicam, se
transformam e se afetam, produzindo assim modos de ser, de
pensar e de viver que vm desafiando os processos formativos
legitimados por uma forma cartesiana, racionalista de conhecer.
Procuraremos estudar a formao e a prtica docente
mediadas pela educao online no como objetos dados, mas como
objetos dando-se, vivos, onde os sentidos dos sujeitos
cognoscentes pesquisadores e demais sujeitos da pesquisa
foram mapeados de forma hipertextual a partir de suas aes e
experincias concretas, vivenciadas no cotidiano de nossas
interaes no ambiente virtual de aprendizagem, construdo e
gestado por ns. Para tanto fundamental:
33 Fenmeno vem do grego fainomenon que deriva do verbo fainestai e significa o que se mostra, o que se manisfesta, o que aparece (Macedo, 2000, p. 43).
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procurar a comunicao entre a esfera dos objetos e a dos sujeitos que concebem esses objetos. Trata-se de estabelecer a relao entre cincias naturais e cincias humanas, sem as reduzir umas s outras (pois nem o humano se reduz ao biofsico, nem a cincia biofsica se reduz s suas condies antropossociais e elaborao (MORIN,1999, p. 31).
Segundo Macedo:
A aquisio do conhecimento depende de uma interpretao e esta de um ato de volio. Tais idias esto no mago das concepes de ator-autor enquanto noes que apontam para a ao, para a autorizao do Ser do homem (...) Ao pensar no conhecimento como sendo uma conseqncia da subjetividade socializada do Ser, isto , da tomada de conscincia do conhecimento, j questiona-se a relao sujeito-objeto) (MACEDO, 2000, ps. 44-45).
A pesquisa cientfica neste trabalho procurou agregar os
saberes para alm dos clssicos saberes cientficos. A objetividade
cientfica se comunicou com a subjetividade dos sujeitos tecendo
assim uma relao comunicacional entre produto-processo-
produtor. As inspiraes no emudecem a empiria, fundam um
certo empirismo heterodoxo, prenhe de sentidos e significados.
(MACEDO, 200, p. 36). Ademais, a relao entre os sujeitos uma
relao intersubjetiva e dialtica onde conceitos e experincia
ganham forma e se constituem em discurso.
Como em todo processo interativo, o discurso sempre compreendido por outrem, que lhe atribui significaes. Neste veio, o discurso, ao dar-se significao, o faz como uma obra, isto , dentro de um tipo de codificao num
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paradigma no qual compreendido (MACEDO, 2000, p. 49).
no contexto da fertilidade e da emergncia do fenmeno
que procuramos compreender e interpretar um evento da
cibercultura educao online e como este pode contribuir para a
formao e prtica docente. No possvel produzir conhecimento
acerca desta problemtica, utilizando-se apenas o repertrio terico
j sistematizado sobre o tema, nem lanar mo apenas do
repertrio clssico da cincia moderna. Urge vivenciar, compreender
e interpretar, estando do lado de dentro da manifestao do
fenmeno, criando e recriando a empiria e a teoria. Como nos alerta
Morin:
o prprio progresso do conhecimento cientfico exige que o observador se inclua em sua observao, o que concebe em sua concepo; em suma, que o sujeito se reintroduza de forma autocrtica e auto-reflexiva em seu conhecimento dos objetos (MORIN, 1999, p. 30).
necessrio encarnar o objeto, tornar-se membro da
cibercultura, ir a campo para compreender de forma situada,
criando dispositivos metodolgicos que permitam que o objeto se
desvele no contexto do campo da pesquisa. Ademais, a construo
do outro se d num processo de negociao onde cultura e
identidade cultural esto em uma contnua efervescncia, como
espaos inscritos e como histria de atores sociais dentro de uma
temporalidade (MACEDO, 2000, p. 55).
Colocar-se no lugar do outro eu virtual, eu em potncia,
(Serpa, 1999) exige do pesquisador uma escuta e um olhar
diferenciados. Em vez de ir a campo apenas coletar dados e julgar
o real a partir do referencial terico, preciso vivenciar o contexto
cultural, interagir com os sujeitos e seus objetos tcnicos, suas
produes culturais, seus etnomtodos. At porque ir a campo na
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cibercultura e mais especificamente em situao de formao online
uma grande incoerncia. Em educao online necessrio estar
no campo, constru-lo com os sujeitos, interagir com os objetos
tcnicos. Ao se perceber o fenmeno, tem-se que h um correlato
e que a percepo no se d num vazio, mas em um estar-com-o-
percebido (MACEDO, 2000, p. 47).
Estudar o fenmeno in loco requer ateno s diversidades, aos
discursos, s linguagens. A vida social se constitui, dentre outros
fatores, atravs da linguagem. A linguagem aqui entendida como
toda forma de expresso. A linguagem no utilizada como meio.
reconhecida como matria-prima (ARDOINO, 2003, p. 93). O
fenmeno precisa ser vivenciado, compreendido, interpretado e
comunicado. A descrio do cotidiano da pesquisa precisa agregar a
densidade vivida no campo da pesquisa, bem como suas
implicaes para a construo e desenvolvimento da cincia.
Morin que nos alerta: A cincia no cientfica. Sua realidade
multidimensional. Os efeitos da cincia no so simples nem para o
melhor, nem para o pior. Eles so profundamente ambivalentes
(MORIN, 1999, p. 9).
Por considerar a complexidade destas relaes que Morin nos
convida a pensar e fazer cincia com conscincia. Conscincia tanto
no sentido moral (controle tico e poltico) quanto no sentido
intelectual (aptido auto-reflexiva). Para o autor: Uma cincia
emprica privada de reflexo e uma filosofia puramente especulativa
so insuficientes, conscincia sem cincia e cincia sem conscincia
so radicalmente mutiladas e mutilantes (MORIN,1999, p. 11).
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A pesquisa-formao em educao online
Procuremos compreender a educao online, o uso e
construo de ambiente virtual de aprendizagem para a formao
de professores como um objeto que se auto-organiza na
complexidade das redes de relaes estabelecidas entre os
participantes e o prprio espao de formao. Neste sentido o
objeto no pode ser analisado por um mtodo construdo a priori,
onde o pesquisador no se implica com os sujeitos e muito menos
com o objeto de estudo. Ademais, concordamos mais uma vez com
Morin quando este afirma que o mtodo no precede a experincia,
o mtodo emerge durante a experincia e se apresenta ao final,
talvez para uma nova viagem (MORIN, 2003, p. 20). Optamos por
uma concepo de pesquisa baseada na implicao do pesquisador
com o campo de pesquisa, construindo juntamente com os sujeitos
envolvidos o conhecimento e o prprio mtodo.
Assim optamos pelo mtodo da pesquisa-formao inspirado
nas abordagens de pesquisa-ao em Barbier (2002) e do conceito
de formao abordado nos trabalhos de Freire (1998), Macedo
(2000, 2001), Nvoa (1995, 2002, 2004), e pesquisa-formao em
Josso (2004).
Para Barbier a pesquisa-ao no uma nova disciplina em
Cincias Sociais, mas uma maneira filosfica de existir e de fazer
pesquisa interdisciplinar para um pesquisador implicado (BARBIER,
2002, p. 85). Ns nos identificamos com esse conceito de pesquisa,
pois nos colocamos no papel de pesquisadora ativa, envolvida e
implicada com o processo de formao e de aprendizagem. A
pesquisa neste caso no um espao para olhar o fenmeno do
lado de fora, ao contrrio, um espao de formao e auto-
formao, um espao de implicao, onde o risco, a incerteza, a
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desordem sero contemplados sem prejuzo do rigor do fazer
cincia. Para Barbier (2002) o rigor cientfico no deve ser baseado
nas medidas quantificveis, mas sim nas questes em noes
qualitativas, como por exemplo:
Rigor do quadro simblico no qual a
expresso do imaginrio e o desdobramento da
implicao vo poder se produzir;
Rigor da avaliao permanente da ao
relativamente aos objetivos intermedirios que se d o
grupo implicado para avanar em direo ao seu
objetivo;
Rigor dos campos conceituais e tericos
cujas fronteiras so articuladas, sem ignorar suas
zonas esmaecidas, suas incertezas;
Rigor da implicao dialtica do
pesquisador, desse lao entre a complexidade e a
implicao que Jean-Louis Le Grand chama de
implexidade.
Neste sentido, todos os sujeitos do curso online so
pesquisadores. A autoria da pesquisa compartilhada por todos os
participantes do projeto: professores-pesquisadores formadores e
pesquisadores-estudantes. O ambiente virtual foi criado a partir de
uma proposta pedaggica e de pesquisa inicial que se modificou
ganhando novos contornos ao longo da pesquisa. Contrariando as
noes clssicas de pesquisa, o pesquisador no um sujeito
neutro, no implicado, que v os outros sujeitos como seres
pesquisados. Na pesquisa-ao, todos so sujeitos, todos so
potencialmente pesquisadores, ningum objeto. O objeto a
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relao entre os autores. Neste sentido, estamos diante do conceito
de pesquisador coletivo de Barbier (2002).
O pesquisador coletivo composto por todos os sujeitos
participantes, atores e autores da pesquisa. A participao coletiva
condio fundante da pesquisa-ao. No h pesquisa-ao sem
participao coletiva. necessrio o envolvimento pessoal
multidimensional, que integre as dimenses do emocional,
sensorial, imaginativo, criativo e tambm racional e implicado pela
experincia. Implicar-me consiste sempre em reconhecer
simultaneamente que eu implico o outro e sou implicado pelo outro
na sua situao interativa (BARBIER, 2002, p. 101). Alm das
dimenses de cunho pessoal, cada integrante do grupo precisa
reconhecer o outro como co-autor da pesquisa. Esta por sua vez
sempre um processo inacabado, um produto de final aberto. Nesta
tese o pesquisador coletivo o grupo-sujeito34 composto pelas
pesquisadoras e pelos cursistas que organizaram em grupos de
trabalhos mveis, ou seja, os grupos de trabalho foram sempre
reestruturados a partir dos interesses investigativos de cada
pesquisador bem como do grupo como um todo.
A participao do pesquisador coletivo se configura no co-
gesto dialgica entre os participantes que atuam de forma
colaborativa e cooperativa. O princpio da autonomia relativa
estruturante de todo processo da pesquisa. No se trata to-
somente de uma pesquisa sobre a ao ou para a ao. Mas de uma
pesquisa em ao (BARBIER, 2002, p. 81).
34 Barbier (2002) lana mo do conceito de grupo-sujeito de Felix Guattari, oposto ao de grupo-objeto.
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A complexidade
Os estudos sobre complexidade surgem com a dificuldade de
lidar com o conhecimento na contemporaneidade, num momento
caracterizado por uma diversidade de crises, no campo dos modos e
nos meios de produo, nas relaes sociais, nas formas de
construir, socializar e legitimar saberes e conhecimentos. Segundo
Morin:
O paradoxal que essa Cincia Moderna, que tanto contribuiu para elucidar o cosmos, as estrelas, a bactria e, enfim, tantas coisas, completamente cega com respeito a si mesma e a seus poderes; j no sabemos para onde ela nos conduz (MORIN, 1996, p. 276).
O complexo no corresponde no-explicao e sim
dificuldade de explicar. a partir deste pressuposto que Morin
conceitua a complexidade. Um espao/tempo complexo aquele
caracterizado pela incapacidade de captar todos os processos em
curso (aes, interaes, retroaes) e pela existncia de
fenmenos aleatrios, fenmenos estes, que no podem ser
determinados empiricamente agregando incerteza ao pensamento.
A realidade torna-se cada vez mais problemtica devido
emergncia dos fenmenos histrico-culturais e da busca incessante
pela eliminao da diversidade complexa.
Tudo se fez, tudo nasceu atravs de encontros aleatrios. Devemos trabalhar com a desordem e a incerteza, e damo-nos conta de que trabalhar com a desordem e a incerteza no significa deixar-se submergir por elas; , enfim, colocar prova um pensamento energtico que as olhe de frente (MORIN, 1996:277).
Os comportamentos humanos so possveis de previso.
Contudo, no estamos livres dos acasos, das emergncias.
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Toleramos as desordens. A complexidade humana (mquinas
viventes) marcada tambm pelo princpio da auto-eco-
organizao. Quando a epistemologia da complexidade destaca que
o todo pode ser mais que a soma das partes; menos que a soma
das partes e ao mesmo tempo, mais e menos que as partes,
porque o mundo do conhecimento deve ser compreendido como um
sistema e no como um objeto. Ainda assim, para MORIN (1996) o
prprio sistema pode ser considerado como parte de um
polissistema e como se estivesse rodeado por um ecossistema,
oferecendo assim a possibilidade de reconsider-lo em seu
ambiente (p. 279).
A contradio tambm elemento da complexidade.
Parafraseando Herclito, Edgar Morin destaca: Viver de morte,
morrer de vida. No universo complexo que o homem (mquina
vivente), a convivncia com a vida e a morte, o amor e o dio, a
alegria e a tristeza, gera contradies que organizam o modo de
vida humano, que auto-eco-organizam. Assim so tambm os
ambientes virtuais de aprendizagem.
Alguns pesquisadores consideram como ambiente virtual de
aprendizagem apenas sua infra-estrutura tecnolgica, ou seja, o
conjunto de interfaces e/ou ferramentas e contedos de um curso.
Estes so apenas elementos da complexidade do objeto de estudo.
O espao de aprendizagem e de formao no se institui sem a
ao dos sujeitos cognoscentes e sua partilha de sentidos. A
educao online se auto-eco-organiza pela interatividade dos atores
e suas interfaces tecnolgicas, por exemplo: um frum de discusso
no se torna frum sem a partilha de sentidos e os discursos dos
seus interlocutores.
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A multirreferencialidade
Dentre as diversas crticas produo, socializao e
legitimao de saberes e conhecimentos na atualidade podemos
destacar a cincia como mais uma referncia e no como mais uma
grande narrativa. A exuberncia, a abundncia, a riqueza das
prticas sociais probem concretamente sua anlise clssica por
meio da decomposio-reduo. (ARDOINO, 1998, p. 26).
Ademais, os prprios acontecimentos cientficos12 ao longo
da histria da cincia permitem que iniciemos no s uma discusso
sobre a necessidade de construo de uma nova cincia, cincia
transdisciplinar, como nos alerta Morin, mas, sobretudo a
possibilidade de legitimar outras referncias e/ou saberes e
conhecimentos. Tal preocupao vem ganhando destaque devido s
diversas mutaes sociotcnicas vividas neste novo sculo. Nesse
contexto, podemos lanar mo de mais uma abordagem
epistemolgica e metodolgica, a multirreferencialidade.
O conceito de multirreferencialidade pertinente para
contemplar nos espaos de aprendizagem uma leitura plural de
seus objetos (prticos ou tericos), sob diferentes pontos de vista,
que implicam tanto vises especficas quanto linguagens
apropriadas s descries exigidas, em funo de sistemas de
referenciais distintos, considerados, reconhecidos explicitamente
12 Por um lado, as potencialidades da traduo tecnolgica dos conhecimentos acumulados fazem-nos crer no limiar de uma sociedade de comunicao e interactiva libertada das carncias e inseguranas que ainda hoje compem os dias de muitos de ns: o sculo XXI a comear antes de comear. Por outro lado, uma reflexo cada vez mais aprofundada sobre os limites do rigor cientfico ecolgico ou da guerra nuclear faz-nos temer que o sculo XXI termine antes de comear. (SANTOS, 1997, p. 6).
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como no redutveis uns aos outros, ou seja, heterogneos
(ARDOINO, 1998, p. 24).
A multirreferencialidade, como um novo paradigma, torna-
se hoje grande desafio. Desafio que precisa ser vivido e gestado,
principalmente pelos espaos formais de aprendizagem que ainda
so norteados pelos princpios e prticas de uma cincia moderna.
Por outro lado, diferentes parcelas da sociedade vm criando novas
possibilidades de educao e de formao inicial e continuada.
A emergncia de atividades (presenciais e/ou a distncia,
estruturadas por dispositivos comunicacionais diversos), cursos
(livres, supletivos, de qualificao profissional), atividades culturais
diversas, artsticas, religiosas, esportivas, comunitrias comeam a
ganhar neste novo tempo uma relevncia social bastante fecunda.
Tal acontecimento vem promovendo a legitimao de novos espaos
de aprendizagem, que tentam fugir do reducionismo que separa os
ambientes de produo e os de aprendizagem (...), espaos que
articulam, intencionalmente, processos de aprendizagem e de
trabalho (BURNHAM, 2000, p. 299).
Os sujeitos que vivem e interagem nos espaos
multirreferenciais de aprendizagem expressam na escola
insatisfaes profundas, pondo em xeque o currculo fragmentado,
legitimando inclusive espaos diversos, que h bem pouco tempo
no gozavam do status de espaos de aprendizagem atravs da
autoria dos saberes construdos pela itinerncia dos processos.
pela necessidade de legitimar tais saberes e tambm competncias
que diversos espaos de trabalho esto certificando os sujeitos pelo
reconhecimento do saber fazer competncia independentemente
de uma suposta formao institucional especfica, como por
exemplo, as experincias formais de formao inicial.
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Para que a diversidade de linguagens, produes e
experincias de vida sejam de fato contempladas de forma
multirrefencializada, nos e pelos espaos de aprendizagem, os
saberes precisam ganhar visibilidade e mobilidade coletiva, ou seja,
os sujeitos do conhecimento precisam ter sua alteridade
reconhecida, sentindo-se implicados numa produo coletiva,
dinmica e interativa que rompa com os limites do tempo e do
espao geogrfico. Para tanto as novas tecnologias digitais podero
estruturar novas prticas curriculares e pedaggicas.
A emergncia das noes subsunoras
Pesquisar antes de tudo inquietar-se, questionar a
realidade procurando respostas sempre temporrias, pois no
contato com as mesmas, novas inquietaes engendram-se
levando-nos a uma busca incessante de novas respostas e
explicaes. Nesse processo, o pesquisador busca em princpio
parcerias intelectuais e tericas colocando a teoria num lugar de
destaque. Contudo, o objeto s se desvela na interface entre o
referencial terico e o campo de pesquisa.
Nas tradies mais clssicas de pesquisa, comum apoiar-se
no referencial terico para compreender o campo de pesquisa, como
se este s tivesse importncia ao legitimar ou no o referencial
terico adotado. Essa tradio no contempla nossa necessidade e
no nos ajudar na compreenso e desnudamento do nosso objeto
de pesquisa.
O campo de pesquisa aqui entendido como espao fundante
e seminal, dele emergiro as falas autorizadas dos sujeitos, que
juntamente com o referencial terico engendraro a autoria do
professor-pesquisador na construo do processo-produto da
pesquisa acadmica.
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A autoria do pesquisador se constitui no dilogo sistematizado
no formato dissertativo, produto de final aberto, entre a teoria e a
prtica da empiria. A realidade da pesquisa, bem como seu
processo e resultado, um retrato da subjetividade do pesquisador
e a interpretao objetiva do dilogo deste pesquisador com a
teoria e a empiria. Para Macedo:
medida que a leitura interpretativa dos dados se d s vezes por vrias oportunidades aparecem significados e acontecimentos, recorrncias, ndices representativos de fatos observados, contradies profundas, relaes estruturadas, ambigidades marcantes (MACEDO, 2000, p. 204).
Nesse complexo jogo surgem, estabelecem e se atualizam as
noes subsunoras. As noes subsunoras so as categorias
analticas, frutos da anlise e interpretao dialgica entre empiria e
teoria num processo de aprendizagem significativa. Para Ausubel
(apud MOREIRA, 1982), a aprendizagem significativa um processo
dinmico em que uma nova informao ancora-se em conceitos
relevantes preexistentes na estrutura cognitiva estrutura
hierrquica de conceitos que so abstraes da experincia dos
indivduos do sujeito aprendente que se atualiza sempre que um
novo conceito significado.
Numa realidade de pesquisa acadmica as noes
subsunoras so sempre atualizadas quando o pesquisador acessa
uma nova informao seja pelo contato terico e/ou emprico. O
estabelecimento consciente e criativo das noes subsunoras exige
do pesquisador a mobilizao de competncias terico-analticas e
hermenuticas, implicando operaes cognitivas como:
Distino do fenmeno em elementos significativos;
exame minucioso destes elementos;
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Codificao dos elementos examinados;
Reagrupamento dos elementos por noes subsunoras;
sistematizao textual do conjunto;
Produo de uma meta-anlise ou uma nova
interpretao do fenmeno estudado; estabelecimento
de relaes e/ou conexes entre as noes subsunoras
e seus elementos (MACEDO, 2000, p. 204).
As noes subsunoras sofrem um processo dinmico e
evolutivo ao longo do desenvolvimento da pesquisa acadmica.
Geralmente, tudo comea a partir do estabelecimento do
anteprojeto de pesquisa, que na maior parte das vezes fruto de
experincias anteriores agregadas a constantes inquietaes
terico-prticas, evoluindo sempre que o pesquisador interage com
novas informaes, advindas tanto da reviso da literatura quanto
das relaes e implicaes estabelecidas com os sujeitos e os
dispositivos da pesquisa de campo.
Ao nos defrontarmos com a realidade, temos que compreender que esta no cabe num conceito, preciso construir um certo distanciamento terico, a fim de edificarmos, durante as observaes, uma disponibilidade face aos acontecimentos em curso. Ao concluir a coleta de informaes, as inspiraes tericas so retomadas fazendo-as trabalhar criticamente no mbito das interpretaes sadas do estudo concreto. Neste encontro, tensionado pelos saberes j sistematizados e dados vivos da realidade, nasce um conhecimento que se quer sempre enriquecido pelo ato reflexivo de questionar, de manter-se curioso (MACEDO, 2000, p. 206-207).
preciso ento, utilizar estratgias e dispositivos que possam
no s acompanhar a dinmica e evoluo dos conceitos
subsunores e da prpria aprendizagem significativa do
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pesquisador, bem como desenvolver meios e dispositivos que
potencializem o processo de aquisio e atualizao dos mesmos.
Neste sentido a prtica da cartografia cognitiva pode se constituir
numa importante interface.
Potencializando a cartografia cognitiva com o uso de software
Os conceitos subsunores so amplamente potencializados
quando o pesquisador procura de forma estratgica a interface
entre os saberes tcitos e os explcitos, ou seja: procurar
externalizar os conceitos das suas redes neurais para sua expresso
fora da mente. Este processo pode se dar na produo de um texto,
uma obra de arte ou cientfica, enfim em vrias linguagens e formas
de expresso. Contudo, os estudos da cartografia cognitiva vm
demonstrando que quanto mais conseguirmos nos expressar com
formas que se aproximam das nossas estruturas cognitivas, mais
visvel torna-se o processo de construo do conhecimento e, neste
sentido, mais e melhores formas de ressignificar a aprendizagem e
as noes subsunoras.
O pensamento construdo por redes e associaes.
Produzimos novos saberes em rede hipertextual, no pensamos
linearmente. Um novo saber se conecta com um saber j construdo
podendo ser atualizado e at mesmo refutado. Tudo depende da
nossa produo de sentidos, de como significamos, de como
fazemos cincia. Conforme nos alerta Morin:
O conhecimento no uma coisa pura, indpendente de seus instrumentos e no s de suas ferramentas mentais, mas tambm de seus instrumentos mentais que so os conceitos; a teoria cientfica uma atividade organizadora da mente, tambm o dilogo com o mundo dos fenmenos. Isso quer dizer que preciso
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conceber a teoria cientfica como uma construo. (MORIN, 1999, p. 44).
Assim sendo, o uso de mapas conceituais se constitui como
um dispositivo fecundo para novas aprendizagens. A expresso da
rede de pensamento cartografia cognitiva pode ser
externalizada / internalizada / externalizada num movimento
dinmico como um retrato hipertextual da mente a partir dos
mapas conceituais.
Vejamos a seguir o mapa conceitual criado por Okada (2004).
Fonte: curso online Uso de software na pesquisa qualitativa.
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Os mapas conceituais so diagramas que indicam relaes,
conexes ou associaes entre os conceitos. A organizao dos
mapas conceituais depender nica e exclusivamente do
pensamento do pesquisador, de como ele vem estruturando suas
idias a partir da sua interao com seu objeto de estudo, seja no
campo terico, no campo emprico ou na sua interface. Para
confeccionar um mapa conceitual que expresse a cartografia
cognitiva do pesquisar necessrio o uso de interfaces sejam elas
atmicas (lpis e papel) ou digitais (softwares).
O uso de software potencializa a construo dos mapas
conceituais pelas flexibilidade e plasticidade prprias das
tecnologias digitais. Com apenas alguns cliques na tela do
computador e a seleo de alguns comandos de formatao e
arquivamento dos dados. Como elaborar mapas conceituais? O
assunto principal registrado na tela, dentro de um retngulo
atravs de um conceito claro e significativo. Logo em seguida e
abaixo, os conceitos que tm relao direta com o tema inicial so
anotados em retngulos inferiores e setas descritivas so
estabelecidas entre os elementos. Os conceitos mais especficos,
so estabelecidos sempre abaixo e a estrutura vai se ramificando
como uma rvore. Os conceitos subjacentes podem ser definidos
nas laterais em paralelo. Novas setas podem surgir, e algumas
imagens podem acompanhar as palavras. As cores ficam a critrio
do cartgrafo.
Nos mapas conceituais alguns aspectos so importantes:
Escolher o tema a ser abordado e definir o objetivo
principal a ser perseguido;
Registrar os conceitos iniciais e definir uma seqncia
hierarquizada;
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Identificar as conexes entre os elementos atravs de
linhas: a) indicar o propsito da conexo registrando na
linha o propsito da ligao; b) pesquisar o significado
das palavras-chave para selecion-las de modo mais
claro e preciso conforme o assunto abordado; c)
permitir sesses de feedback, de modo que atravs de
outras opinies seja possvel rever seus conceitos, e
avaliar o instrumento utilizado, de modo a enfatizar
sempre os pontos mais relevantes do assunto.
Aprendizagem implica modificaes na estrutura cognitiva e
no apenas acrscimos. Para uma aprendizagem significativa
importante considerar:
Conceitos registrados nos diversos nveis devem
representar o contexto abordado;
A organizao hierrquica facilita a apreenso dos
conceitos; novas idias e conceitos devem ser
"potencialmente significativos" para o aluno;
Ao estabelecer conexes entre os novos conceitos e os
j existentes, as estruturas cognitivas podero
apreender com mais facilidade e relembrar o significado
com mais clareza.
-
Mapa conceitual criado pela autora
-
O exerccio de mapear permite que o pesquisador possa
visualizar sua cartografia cognitiva, facilitando a construo do
conhecimento em todo o processo da pesquisa. O mapeamento
hipertextual permitiu ver o objeto da cibercultura e a formao de
professores no como um fato puro e simplesmente registrado num
manual ou receiturio calcados em uma s verdade, sistematizada
apenas por conceitos e discursos desconectados da prxis. preciso
reconhecer os sujeitos da pesquisa como seres de prxis. Ser de
prxis aquele que alm de pensar o mundo e o mundo dos
homens, imagina-se tambm parte indestacvel destes mundos;
age sobre eles e com eles, por conseguinte, o seu saber e o seu
fazer remetem-lhe para dentro de uma cultura cientfica e humana
ao mesmo tempo (MACEDO, 2000, p. 38).
Vrios so os softwares disponveis no ciberespao. Nesta
pesquisa utilizamos os softwares Cmap e Nestor. Vejamos:
1 O Cmap Tools (http://www.uwf.com) foi desenvolvido pelo
IHMC University of West Florida, sob a superviso do Dr. Alberto J.
Caas. um software de download gratuito que permite construir,
navegar, compartilhar mapas conceituais de forma individual ou
colaborativa. Ao clicar na tela, surgem retngulos e os conceitos
podem ser registrados e depois interligados por linhas. Estas
conexes podem ser explicitadas com uma descrio da relao.
Nos mapas podem ser inseridos links para texto, figuras, vdeos,
sons, vdeos e URLs, e tambm apontar para outros mapas que
possuam alguma relao entre os conceitos.
No CMap a organizao dos mapas agrupada por projetos
que podero conter vrios mapas armazenados em servidores,
locais ou distribudos, que so conectados atravs da web para
possibilitar seu compartilhamento. Os mapas podem ser salvos nos
formatos html e JavaScript.
-
162
2 O Nestor Web Cartograher
(http://www.gate.cnrs.fr/~zeiliger/nestor/nestor.htm) um
software desenvolvido no Centro de Pesquisa Nacional Cientfica em
Lyon-Frana por Romain Zeiliger. Sua instalao tambm pode ser
feita atravs de download gratuito. Com o Nestor possvel
elaborar mapas conceituais, mapas da mente, mapas web.
A pesquisa e a prtica pedaggica como dispositivos de formao docente
No nova no meio acadmico a idia de conceber a prtica
docente como prtica de pesquisa. Vrios so os trabalhos que
anunciaram e vm anunciando que ensinar muito mais que
transmitir informaes sistematizadas ou arquitetar situaes
instrucionais que orientem processos de ensino e aprendizagem.
Freire (1996) j afirmava que ensinar ser epistemologicamente
curioso, isso implica a construo ou participao da construo do
conhecimento do objeto.
Neste sentido, o professor-pesquisador sobretudo aquele
que aprende enquanto ensina e que ensina enquanto aprende. Ser
epistemologicamente curioso implica a capacidade de aprender, de
que decorre a de ensinar, sugere ou, mais do que isso implica a
nossa habilidade de aprender a substantividade do objeto
apreendido. Aprender construir, reconstruir, constatar para
mudar, o que no se faz sem abertura ao risco e aventura do
esprito (FREIRE, 1996, p. 77).
Assumimos nessa pesquisa o papel de pesquisadora-
aprendente. Assim o pesquisador no apenas quem constata o
que ocorre, mas tambm intervm como sujeito de ocorrncias. Ser
sujeito de ocorrncias no contexto de pesquisa e prtica pedaggica
-
163
implica conceber a pesquisa-formao como processo de produo
de conhecimentos sobre problemas vividos pelo sujeito em sua ao
docente. A pesquisa-formao contempla a possibilidade da
mudana das prticas, bem como dos sujeitos em formao. Assim,
a pessoa , simultaneamente, objeto e sujeito da formao.
(NVOA, 2004, p. 15).
Neste veio, a coletividade tambm o sujeito de ocorrncias.
Assim todo o conjunto de contedos e estratgias da e na ao
docente deve emergir a partir dos problemas, temas e necessidades
de todos os sujeitos pesquisadores. A pesquisa-formao no
dicotomiza a ao de conhecer da ao de atuar, prpria das
pesquisas ditas aplicadas. O pesquisador coletivo, no se limita
a aplicar saberes existentes, as estratgias de aprendizagem e os
saberes emergem da troca e da partilha de sentidos de todos os
envolvidos.
Conceber a pesquisa e a prtica docente em educao online
como estratgia e no apenas como programa nos mostra que
possvel no subutilizar o potencial das tecnologias digitais mais
especificamente o potencial dos ambientes virtuais de
aprendizagem. J constatamos em outras pesquisas que o uso de
tecnologias e interfaces digitais potencializa o dilogo, a autoria
coletiva e apartilha de sentidos em mltiplas linguagens e mdias.
Entretanto, constatamos tambm que se essas tecnologias forem
utilizadas num contexto de pesquisa e prticas docentes
transmissoras, baseadas no modelo comunicacional da cultura e das
mdias de massa, pouca ou quase nenhuma mudana ocorrer em
termos de educao, comunicao e conseqentemente de
aprendizagem (Santos, 2002).
Neste sentido, a pesquisa e prtica docente em educao
online deve partir da concepo de estratgia e no apenas de
programa. O conceito que adotamos concebe a estratgia como a
-
164
arte de utilizar as informaes que aparecem na ao, de integr-
las, de formular esquemas de ao e de estar apto para reunir o
mximo de certezas para enfrentar a incerteza (MORIN, 1999, p.
192).
Conceber a pesquisa e a prtica docente como estratgia vai
de encontro ao conceito de programa e/ou desenho instrucional
muito utilizado em projetos de tecnologia educacional. No cenrio
das prticas e projetos de EaD, nas diversas geraes em que a
educao online est em emergncia, o conceito de desenho
instrucional vem sendo bastante empregado, questionado e
ressignificado.
Uma prtica pedaggica baseada no conceito de programa se
caracteriza pela seqencializao, normalmente linear, de todo o
processo de ensino-aprendizagem. O ensino concebido como
trajetria e no como itinerncia. Na trajetria os aprendentes so
guiados por instrues e aulas predeterminadas que compem
conseqentemente um conjunto de mdulos, e estes o curso como
um todo. O ensino como itinerncia arquitetado no movimento
complexo da formao coletiva a partir do contexto sociotcnico e
cultural dos sujeitos bem como das suas mediaes e estratgias
cognitivas. Foi pela opo de prtica pedaggica como itinerncia
estratgica que nossa pesquisa-formao em educao online tem
se constitudo como espao de formao docente.
Vejamos a seguir o quadro sinptico:
-
165
Diferenas entre programa e estratgia
MTODO PROGRAMA ESTRATGIA
Organizao predeterminada da ao;
Encontra recursos, faz contornos, realiza investimentos e desvios;
Necessita de condies estveis repetio do mesmo no mesmo, dose fraca e superficial de risco e de obstculos;
Necessita da instabilidade aberta, evolutiva, enfrenta o improviso, o novo, situaes aleatrias, utiliza o risco, o obstculo, a diversidade;
Tolera dose fraca e superficial de erros;
Tira proveito e necessita de seus erros, para a concorrncia, iniciativa, deciso e reflexo;
Ignora o contexto; Depende do contexto. No existe um mtodo fora das condies em que se encontra o sujeito;
Cincia clssica Arte e Cincia Busca acabamento eficaz e eficiente dos processos.
Tenso entre o inacabamento e a sntese da ltima interpretao possvel.
Quadro criado pela autora a partir de Morin, Ciurana e Motta (2003).
a partir dessa inspirao metodolgica e epistemolgica que
nossa pesquisa-formao em educao online foi desenvolvida.
Assim, procuramos criar um dispositivo de pesquisa e prtica
pedaggica em que os sujeitos envolvidos pudessem partilhar
saberes de forma complexa e multirreferencial. Nessa rede de
relaes, autorias variadas emergiram da interface
teoria/prtica/tecnologias digitais.
-
166
O campo de pesquisa no ciberespao: criando e gestando o dispositivo de pesquisa-formao e prtica docente em educao online
Como se d o processo formativo em educao online? Um
ambiente virtual de aprendizagem no ciberespao poder se
constituir em um espao de formao? Como agregar pesquisadores
implicados em uma pesquisa coletiva?
Como refletir acerca dessas questes no seria possvel fora
de um contexto concreto de formao, foi necessrio criar um
dispositivo capaz de fazer emergir um campo de pesquisa que
agregasse cenrios de aprendizagem e de formao. O conceito
tratado aqui inspirado em Ardoino, que entende o dispositivo
como uma organizao de meios materiais e/ou intelectuais,
fazendo parte de uma estratgia de conhecimento de um objeto
(ARDOINO, 2003, p. 80).
Neste sentido, surge a idia coletiva de criar e professorar um
curso online, onde os pesquisadores envolvidos pudessem discutir
suas inquietaes acadmicas num espao que abrigasse vrios
pesquisadores geograficamente dispersos, mas que a partir do
conceito de educao online pudessem construir e socializar saberes
e conhecimentos a partir da mediao pedaggica estruturada por
tecnologias digitais, mais especificamente pelo ambiente virtual de
aprendizagem, AVA.
O AVA foi ento criado como dispositivo para fazer emergir
um campo de pesquisa que, a princpio, configurou-se no cenrio de
duas pesquisas de doutoramento. A primeira, pela UFBA, fruto
dessa reflexo, procurou verificar como a educao online, o uso e
construo de ambiente virtual de aprendizagem pode se constituir
como uma espao de pesquisa e formao. A segunda, pela PUC-
-
167
SP, procurou investigar como a cartografia e uso de softwares de
mapeamento poderiam contribuir na investigao acadmica. A
idia de criar um dispositivo coletivo36 se justificou pelo desafio de
produzir conhecimento de forma coletiva e interinstitucional, atitude
pouco vivenciada nos meios acadmicos e educacionais.
36 Nosso encontro ocorreu na PUC-SP no incio de nossas pesquisas de Mestrado. Edma ([email protected]) fazia pesquisa de campo sobre ambientes virtuais de aprendizagem no Programa de Comunicao e Semitica. O projeto foi orientado pelo Prof. Dr. Nelson Pretto coordenador do GEC/UFBA, Grupo de Pesquisa em Educao e Comunicao. Alexandra ([email protected]) investigava o software Nestor Web Cartographer no Programa de Educao: Currculo. O projeto foi orientado pelo Prof. Dra. Maria Cndida Moraes.
Aps um semestre letivo de muita discusso em 2000, continuamos interagindo pelo ciberespao, com alguns encontros presenciais tendo como cenrios o sol de Salvador e o frio de So Paulo. Aps dois anos, refletindo sobre nossos trabalhos, estudos de casos, teorias e prticas, conclumos nossas pesquisas. Em 2002, defendemos nossas dissertaes e iniciamos os nossos projetos de doutorado. Atualmente, Alexandra investiga o uso de mapas em projetos acadmicos e Edma investiga como a cibercultura, a educao online e a pesquisa-formao podem contribuir para a formao do docente-pesquisador.
Esta pesquisa atualmente integra as pesquisas do grupo de pesquisa FORMACCE, coordenado pelo Prof. Dr. Roberto Sidney Macedo, orientador do projeto de tese. Nesse turbilho de idias, resolvemos unir nossas investigaes numa pesquisa-formao, o que nos levou a ministrar juntas o curso online sobre Uso de Software da Pesquisa Qualitativa, que pode ser acessado pela URL: www.cogeae.pucsp.br. Nossas produes so obras abertas e um convite para novas inteligncias coletivas. Exemplos de nossas mediaes podem ser verificados tambm nas URLs: www.projeto.org.br/cartografia e www.projeto.org.br/emapbooks .
mailto:[email protected]:[email protected]://www.cogeae.pucsp.br/http://www.projeto.org.br/cartografiahttp://www.projeto.org.br/emapbooks
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168
Como a educao online pode contribuir para a
formao de docentes e pesquisadores na
cibercultura?
Como a cartografia cognitiva pode contribuir
na investigao acadmica?
Edma Santos Doutoranda: UFBA E-mail: [email protected] Orientador: Roberto Macedo
Alexandra Okada Doutoranda: PUC-SP E-mail: [email protected] Orientador: Fernando Almeida
Inspiradas pela complexidade que procura tecer junto e no
de forma simplificada procuramos desenvolver um mtodo de
pesquisa e prtica docente que articulasse sempre nossos projetos
prvios com as emergncias do processo. Concordamos com Morin,
quando afirma que:
O mtodo uma estratgia do sujeito que tambm se apia sem segmentos programados que so revistos em funo da dialgica entre essas estratgias e o prprio caminhar. O mtodo simultaneamente programa e estratgia e, por retrao de seus resultados, pode modificar o programa; portanto o mtodo aprende (MORIN, 2003, p. 28).
-
169
Assim como o mtodo aprende, todos os sujeitos envolvidos
tambm o fazem. Um curso online concebido como estratgia
itinerante se modifica tanto por conta das histrias e itinerncias de
vida dos sujeitos envolvidos como pelos seus contedos tericos,
metodolgicos e tecnolgicos previamente planejados pelos
docentes.
-
170
CAPTULO IV
PRTICA DOCENTE: O PROGRAMA ABERTO S ESTRATGIAS
Ensinar exige pesquisa: no h ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago (...). Pesquiso para conhecer o que ainda no conheo e comunicar ou anunciar a novidade.
Paulo Freire
Neste captulo, trago a anlise dos dados no contexto da
prtica docente engendrada a partir da criao coletiva de um AVA
ambiente virtual de aprendizagem. Procuro descrever densamente
o processo e desenvolvimento da pesquisa-formao como prtica
docente em educao online. Esta prtica apresentada a partir do
conceito de estratgia (Morin, 1999) que procurou articular
recursivamente a idia de projeto interativo-hipertextual e a
promoo de um dispositivo de pesquisa-formao a partir do uso
de interfaces comunicacionais e gneros textuais.
Em pesquisa-formao o dispositivo de pesquisa e prtica
docente vai se constituindo no processo a partir da autoria do
pesquisador-coletivo. Contudo, devemos partir de uma
intencionalidade pedaggica que vai se auto-organizando como nos
sugere Edgar Morin. De onde partimos? Por onde devemos
comear? Estas questes nos mobilizaram na construo da
proposta do projeto pedaggico para nosso curso online.
Sendo nosso dispositivo um curso online procuramos agregar
a no-linearidade dos processos. Portanto, no trataremos aqui de
elencar linearmente (1 faa isso, 2 faa aquilo, 3...) os passos de
-
171
um projeto pedaggico como comumente nos orientvamos pelos
clssicos manuais didticos. Todos os elementos de um
planejamento educacional so vivos e se articulam entre si.
Muitas vezes um planejamento comea por uma inquietao de
pesquisa ou problema; outras, por nos depararmos com um recurso
didtico interessante e da j surgem idias de como us-los em
nossas atividades docentes. Enfim, o planejamento poder comear
por qualquer n da rede. Vejamos a seguir o mapa do planejamento
que inspirou a arquitetura do nosso dispositivo de pesquisa e
prtica pedaggica, visto como um hipertexto que se auto-organiza
a partir na nossa ao criadora. Na rede tudo interage com tudo.
-
172
Projeto Pedaggico em rede
Mapa elaborado pela autora
-
Como elaborar um projeto para educao online? O problema da pesquisa
Na perspectiva de uma pedagogia significativa, principalmente
baseada na idia de projeto pedaggico, no devemos criar um
curso baseado em respostas j prontas e encadeado linearmente
como se costumava fazer em prticas pedaggicas bancrias. Se
todo o curso j for encadeado dessa maneira no sobrar espao
para a dvida e a construo colaborativa do conhecimento.
Em vez apenas da pedagogia da resposta, devemos mediar
tambm a pedagogia da pergunta, ou seja, devemos, juntamente
com os pesquisadores envolvidos, elaborar um projeto de
aprendizagem baseado na concepo de que ensino tambm
investigao e no apenas transmisso de informao. Mas como
pr essa idia em prtica? importante que o projeto seja norteado
por problemas encarnados, de cunho existncial, ou seja, uma
questo ou questes norteadas que instiguem os sujeitos do
processo busca e construo do conhecimento e da sua prpria
formao.
-
174
Todo problema deve partir da necessidade do grupo. O nosso
curso online foi norteado inicialmente por duas questes centrais.
Os pesquisadores que se inscreveram e se colocaram disposio
para a partilha de sentidos se identificaram com os problemas das
pesquisadoras-formadoras. Nosso papel na docncia online
provocar e mediar a construo do conhecimento e no transmitir
respostas prontas em forma de instruo.
-
175
Projeto: do desenho instrucional ao desenho educacional
Se percorrermos todo o mapa do planejamento, refletindo e
sistematizando cada conceito a partir da nossa realidade
educacional, estaremos fazendo na prtica um desenho
instrucional37. O termo no novo, mas ressurge com fora total no
atual contexto da EAD e mais especificamente da educao online.
A cibercultura vem promovendo novas possibilidades de socializao
e aprendizagem mediadas pelo ciberespao e no caso especfico da
educao formal pelos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA).
importante no reduzirmos o termo educao ao termo
instruo. Blikstein e Zuffo (2003) nos alertam: A profisso da
moda o design instrucional. Ora, sabemos da semitica que a
forma com que nomeamos as coisas no gratuita. Se j
comeamos assumindo que estamos falando de instruo, alguma
coisa est errada.
De onde vem o conceito de desenho instrucional?
Historicamente o conceito de desenho instrucional vem
acompanhando a evoluo das teorias educacionais, inspiradas pela
Psicologia da Aprendizagem e em seus contextos sociotcnicos.
Vejamos o quadro trazido por Filatro (2004, p. 73):
37 Neste trabalho, optamos pela expresso desenho educacional por entendermos que um projeto de educao no pode se reduzir ao conceito de instruo.
-
176
Influncias sobre o design instrucional a partir da dcada de 1960
Perodo 1960-1975 1976-1988 1988-atualmente
Teoria da
instruo
Comportamentalista Movendo-se em
direo ao
cognitivismo
Seguindo a corrente em
direo ao
construtivismo
nfase Comportamento
observvel
Processamento
interno
Construo individual e
coletiva de
conhecimento
Paradigma
Psicolgico
Psicologia
comportamental
Psicologia do
processamento
da informao
Construo do
conhecimento/mediao
social
Status do
design
instrucional
Emergente Engajado no
desenvolvimento
de teorias e
modelos
Engajado na redefinio
Fonte primria: G. Brent Wilson & Peggy Cole, Cognitive Teaching Models, em David. H. Johansen (org.), Handbook of Research in Instructional Technology (New York: Scholastic Press, 1996).
Entendemos por desenho educacional todo projeto de
planejamento, acompanhamento e avaliao de situaes variadas
de aprendizagem. O desenho educacional envolve desde os
aspectos filosficos aos metodolgicos de um percurso de
aprendizagem seja do projeto pedaggico mais amplo at a
arquitetura de cada aula ou atividade especfica. Acreditamos que
um desenho instrucional deve ser capaz de:
-
177
Apoiar e orientar a mobilizao de mltiplas competncias
cognitivas, habilidades e atitudes, oferecendo-lhes situaes
pelas quais possam construir o conhecimento;
Criar processos e materiais didticos que procurem atingir os
objetivos de aprendizagem;
Articular cada material com os demais de um conjunto, de
maneira a evitar uma proposta de aprendizagem fragmentada
e descontextualizada;
Otimizar o acesso informao a partir de diferentes meios e
recursos tecnolgicos e miditicos permitindo que o grupo-
sujeito ressignifique a informao construindo o
conhecimento.
Inspirado nesses objetivos, nosso dispositivo de pesquisa e
prtica docente se constituiu pela recursividade de duas dimenses
fundantes:
A prtica pedaggica interativa e hipertextual na
pesquisa-formao;
A infra-estrutura comunicacional como interfaces
e dispositivos de pesquisa-formao.
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178
A prtica pedaggica interativa e hipertextual na pesquisa-formao
A metodologia do curso privilegiou a construo coletiva de
conhecimentos partindo do tema de interesse do participante,
priorizando a interao entre todos, acesso ao material de apoio e
leituras, troca de informaes, discusso e reflexo em grupo e
individual. A dinmica foi organizada em dois encontros presenciais
e encontros online, com debates e reflexes, atividades e estudos
de casos, organizados em:
a) 24 horas de atividades remotas, correspondentes a oito
semanas com aulas de trs horas, com problematizaes e desafios,
construes e anlises de mapas, com a respectiva mediao,
discusses e debates sobre pesquisa qualitativa com alguns
professores especialistas;
b) 6 horas em dois encontros presenciais de 3 horas cada. A
navegao e interatividade no ambiente foram anunciadas na
agenda do prprio ambiente, com mapas para orientao criados ao
longo do processo a partir do mapeamento das itinerncias dos
pesquisadores envolvidos.
Cada participante trabalhou com a sua temtica de interesse,
com o seu projeto de pesquisa, aproveitando durante cada mdulo
para aprofundar seu contexto investigativo. Desse modo, tivemos
atividades individuais e em grupo para discutir e aprofundar
conceitos sobre mapeamento e a utilizao dos softwares Cmap e
Nestor, articulao das informaes e anlises, interpretao dos
mapas para desenvolvimento de um paper. No final do curso, os
participantes apresentaram as suas produes cientficas (mapa e
paper) que foram publicadas na URL www.projeto.org.br/emapbook
e na Comunidade Nestor, no CNRS em Lyon. As atividades
http://www.projeto.org.br/emapbook
-
179
privilegiaram a interatividade entre todos os pesquisadores atravs
das interfaces sncronas e assncronas do AVA COGEAE.
Contexto Os sujeitos da pesquisa
Todo planejamento educacional deve contemplar a questo da
contextualizao. Contextualizar considerar as singularidades e
pluralidades tanto dos sujeitos aprendentes quanto do espao de
aprendizagem, ou instituio.
Qual o perfil sociocognitivo dos pesquisadores? Ou seja, como
gostam de se relacionar e de aprender?
Quais as condies tecnolgicas?
Quais so os principais setores e reas envolvids no projeto
de pesquisa?
Procuramos mapear as singularidades utilizando uma ficha de
inscrio38.
GRUPO-SUJEITO
Nome e Estado Formao Inicial Pesquisa e docncia Alexandra Okada (SP)
Graduao em Computao no ITA, Especializao em Marketing, Mestrado e Doutorado em Educao pela PUC-SP
Doutoranda em Educao pela PUC-SP, professora do ensino fundamental da Escola Dante
ngela Cava (RJ) Enfermeira, doutora em Enfermagem
Professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, leciona a disciplina Metodologia da Pesquisa na Graduao e Ps-
38 Ver anexo.
-
180
graduao stricto sensu.
Beltrina (SP) Graduada em Jornalismo,especializao e Mestrado em Bogot (Colmbia) em Planejamento Urbano e Desenvolvimento regional, e Doutorado na ECA/USP.
Pesquisadora no grupo da PUC, o Nepe, estudava: o fenmeno do envelhecimento. Docente de Metodologia da Pesquisa na Ps-graduao em Gerontologia. Editora da revista Kairs e mentora do Portal do Envelhecimento.
Carmen Ldia (SP) Graduao em Adm. de Empresas, especializao ESPM, Mestrado e Doutorado na FGV.
Professora de marketing da FEA-PUC.
Cristina Puoli (SP) Graduada em Psicologia Gerente de uma equipe de 5 pessoas (gerentes e analistas de pesquisa qualitativa de mercado)
Dauci Sousa (RJ Niteri)
Graduada em Pedagogia, Especialista em Psicopedagogia pela PUC-RJ, mestre em Educao pela UNIVERSO
Professora de Metodologia da Pesquisa e Psicopedagia da UNIVERSO
Edma Oliveira (BA/RJ)
Graduao em Pedagogia UCSAL, especializao em Metodologia do Ensino Superior pela UNEB, Mestrado e Doutorado em educao pela UFBA
Docente no Ensino Superior, Formao de professores. Pesquisa docncia e pesquisa na cibercultura com nfase na Educao Online.
Ftima Fernandes (RJ)
Professora de Pesquisa de Marketing e Metodologia Cientfica na Faculdade de Comunicao da UFRJ
Fernando Lobo (GO) Graduao e mestrado em Histria pela Universidade Federal de Gois
Pesquisador na rea de Paleografia transcrio de documentos histricos.
Jos Heleno (SP) Graduao em Cincias Contbeis e em Administrao de Empresas pela PUC/SP.
Docente na FEA/PUC-SP
Marialda Christoffel (RJ Niteri)
Enfermeira, doutora em Enfermagem
Professora adjunta do Departamento
-
181
Materno-Infantil Faculdade de Enfermagem da UERJ. Coordenadora o Curso de Especializao em Enfermagem Neonatal e um Projeto de Extenso
Miua Tanaka (SP So Bernardo do Campo)
Graduao em Matemtica, Mestrado em Educao pela PUC-SP
Professora de Matemtica no ciclo bsico dos cursos de engenharia e cincia da computao na FEI Faculdade de Engenharia Industrial em So Bernardo do Campo (SP)
Mnica Mandaji (SP) Graduao em
Jornalismo. Mestrado na ECA/USP, na rea de Jornalismo,Tecnologia e Mercado defendendo um tema relacionado ao Marketing Cultural. Doutorado em Educao.
Professora na PUC-SP no departamento de Artes, lecion na Faculdade Europan, em Cotia. Pesquisa para o doutorado sobre interatividade na web, professora capacitadora do Teia do saber, projeto do governo estadual junto a professores do ensino fundamental, em que ministra aulas de novas tecnologias aplicadas a educao
Paulo Melo (SP) Graduado em Adm. de Empresas e Cincias Contbeis, com pos-graduao em Controladoria e Adm. Contbil e Financeira, atualmente cursa MBA em Contabilidade pela PUC e incia o Mestrado em Educao e Currculo
Pesquisa a aproximao da empresa e escola, foco em mensurao de ativos intangveis.
Sandra Leste (SP) Mestre e Doutora em Educao
Docente e pesquisadora em Educao ambiental e rural
Silvia Lizpitt (SP) Graduao em Letras, Mestre Ensino em
Funcionria Aux. administrativo do
-
182
Cincias da Sade no CEDESS Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Sade, da UNIFESP Universidade Federal de So Paulo (Escola Paulista de Medicina)
CEDESS Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Sade, da UNIFESP Universidade Federal de So Paulo (Escola Paulista de Medicina. Pesquisa, autora de "A inter-relao docente/hipertexto: uma avaliao a partir do livro-texto digital "Aprendendo a Estudar"
Silvio Yoshiro (SP) Graduao em Economia na USP e em Administrao na FGV, Mestre em Administrao Pblica e Doutor em Economia de Empresas, ambos na FGV-SP
Professor de Comrcio Internacional do Departamento de Economia da PUC/SP e da ESPM.
Terezinha Richartz (MG Varginha)
Sociloga, Mestre e doutoranda em Cincias Sociais PUC-SP
Professora de Sociologia e Metodologia Cientfica na Universidade Vale do Rio Verde (UNINCOR), no Centro Universitrio do Sul de Minas (UNIS) e na Faculdade Cenecista de Varginha (FACECA).
Vnia Dohme (SP) Graduada em Cincias
Jurdicas e Sociais pela PUC, ps-graduada em Marketing pela ESPM e mestre em Educao, Arte e Histria da Cultura no Mackenzie.
Professora na Faculdade de Cincias Econmicas, Contbeis e Adminidtrativas da Faculdade Presbiteriana Mackenzie e pesquisadora do Ncleo de Estudos do Terceiro Setor da mesma Universidade.
Vera S Graduao em Medicina, Especialista em Psiquiatra pela UNIFESP e analista Junguiana pela Sociedade Brasileira de Psiciologia Analtica; Mestre Cincias Sociais da PUC-SP
Pesquisadora sobre invases de sites brasileiros.
-
183
Competncias
O conceito de competncias vem sendo muito divulgado nos
atuais documentos oficiais do sistema educacional brasileiro, bem
como nos referenciais mais atualizados na rea da educao em
seus diversos nveis e modalidades. Contudo, cabe esclarecer que
esse conceito no novo e que assume ao longo da histria da
educao caractersticas bem especficas e correspondem aos vrios
momentos e interesses histricos, polticos, econmicos e
ideolgicos como nos alerta Deluiz39. Em nosso curso online
tratamos o conceito de competncia como capacidade de agir
eficazmente em um determinado tipo de situao, apoiada em
conhecimentos, mas sem limitar-se a eles (PERRENOUD, 1999).
Quando estamos aprendendo a dirigir um automvel, temos
que aprender a coordenar simultaneamente nossos vrios sentidos
e agregar a essa coordenao tcnicas bem especficas. Neste
processo estamos frente ao conceito de competncia. Quando j
sabemos dirigir, estamos diante do conceito de habilidade, pois o
ato de dirigir em si no mais nos desafia. Contudo, se estivermos
dirigindo e por algum motivo precisarmos nos "livrar" de um
obstculo tendo que tomar decises rpidas, estamos novamente
frente ao conceito de competncia.
preciso ter clareza sobre o que iremos mobilizar em nossos
estudantes/aprendentes, do ponto de vista social, cognitivo,
atitudinal e procedimental. Ou seja, precisamos refletir sobre a
questo da mobilizao e construo de competncias. No tem
sentido elaborar um curso online que no agregue valor aos saberes
j existentes do grupo. Aos saberes j construdos podemos
denominar de habilidades. Toda habilidade um saber que o sujeito
39 Cf. DELUIZ. Neise. In: http://www.senac.br/informativo/BTS/273/voltec273b.htm . .
http://www.senac.br/informativo/BTS/273/voltec273b.htm
-
184
j construiu, ou seja, saber que no mais o desafia. Contudo,
poderemos lanar mo das habilidades para mobilizarmos novas
competncias.
Sabamos que a maior parte dos pesquisadores envolvidos
nunca participara de cursos online como espao de formao. Nosso
desafio foi criar as condies iniciais e contnuas para que o
dispositivo se constitusse de fato em um dispositivo de formao
para todos os sujeitos envolvidos.
O curso Uso de Software na Pesquisa Qualitativa
(www.cogeae.pucsp.br) foi ministrado no ambiente virtual do
COGEAE, seu objetivo principal foi formar pesquisadores e
proporcionar meios efetivos para anlise, definio, criao e
acompanhamento de atividades online e apoio educao
presencial, envolvendo processos interativos e interfaces
tecnolgicas, permitindo ao grupo-sujeito do processo criar
atividades correlatas em seu ambiente de pesquisa e trabalho. Os
objetivos de aprendizagem deste curso so:
Discutir conceitos relevantes sobre mapas e a pesquisa
qualitativa (sua complexidade e dinmica no-linear);
Conhecer alguns exemplos de mapas utilizados em projetos
acadmicos e refletir sobre benefcios, dificuldades, obstculos
e novas aplicaes;
Conhecer e aplicar alguns recursos dos softwares: Cmap e
Nestor Web Cartographer;
Elaborar mapas para facilitar a anlise e produo de
conhecimento na pesquisa qualitativa.
A partir dos objetivos, procurou-se formar uma comunidade
virtual de pesquisa por meio da vivncia em atividades online e no
desenvolvimento de um projeto significativo para subsidiar a
reflexo terica e a prtica profissional. Desse modo, o ambiente
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virtual procurou orientar o processo num ambiente interativo e
flexvel, no qual os contedos e atividades foram disponibilizados no
decorrer do processo, principalmente de acordo com os interesses e
necessidades do grupo no ambiente COGEAE.
Equipe
Um galo sozinho no tece uma manh Ele precisa sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele E o lance a outro; de um outro galo
Que apanhe o grito que o galo antes E o lance a outro; e de outros galos
Que com muitos outros galos se cruzem Os fios de sol de seus gritos de galo,
Para que a manh, desde uma teia tnue, Se v tecendo, entre os galos.
Joo Cabral de Melo Neto
Ser que um projeto de curso online pode ser desenvolvido
por apenas um autor? Assim como o galo no poema de Joo Cabral
de Melo Neto, um professor no pode trabalhar sozinho num projeto
de curso online. Uma das principais competncias do professor e
pesquisador em cursos online a capacidade de trabalhar de forma
coletiva. Em educao online necessrio o intercmbio com
diversos profissionais. Vejamos o quadro a seguir:
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Especialistas e suas principais atividades
ESPECIALISTAS ATIVIDADES
Conteudista Cria e seleciona contedos normalmente na forma de texto explicativo/dissertativo e prepara o programa do curso.
Web-roteirista Articula o contedo atravs de um roteiro que o potencializa a partir do uso de linguagens e formatos variados (hipertexto, mixagem e multimdia).
Webdesigner Desenvolve o roteiro, criado pelo web-roteirista, criando a esttica/arte final do contedo a partir das potencialidades da linguagem digital.
Programador Desenvolve os AVA ambientes virtuais de aprendizagem, criando programas e interfaces de comunicao sncrona e assncrona, atividades programadas, gerenciamento de arquivos, banco de dados. Enfim toda parte do processo que exija programao de computadores.
Instructional Designer (esse profissional normalmente um educador com experincia em Tecnologia Educacional).
Analisa as necessidades, constri o desenho do ambiente de aprendizagem, seleciona as tecnologias de acordo as necessidades de aprendizagem e condies estruturais dos cursistas, avalia os processos de construo e uso do curso. Alm disso, media o trabalho de toda a equipe de especialistas.
Fonte: SANTOS, Edma. Articulao de saberes na EAD online: por uma rede interdisciplinar e interativa de conhecimentos em ambientes virtuais de aprendizagem. In: SILVA, M. (org.) Educao online. So Paulo: Edies Loyola, 2003, p. 218-219.
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Em nosso curso online as pesquisadoras-formadoras foram
mediadoras de todo processo do desenho educacional. Interagimos
com a equipe do COGEAE que nos ajudou a criar o AVA desde a
formatao do roteiro para a linguagem informtica at o apoio
(principalmente no suporte tcnico) ao grupo ao longo do processo.
Nas clssicas equipes de EaD a autoria do professor
normalmente de caracteriza da seguinte maneira:
Professor/autor elabora contedos para materiais didticos de EAD;
Professor/instrutor ministra aulas complementares ao material didtico, sncrona ou assincronamente, intermediadas por tecnologias (chats, fruns, videoconferncia, televiso, etc.) ou presencialmente;
Professor/tutor auxilia os autores e instrutores e, principalmente aos alunos, a serem bem sucedidos no processo de ensino/aprendizagem. No tem permisso para modificar os contedos e linhas pedaggicas propostas pelos autores/coordenadores do curso.40
No partilhamos da idia de autoria centrada apenas na figura
do professor conteudista. A autoria em educao online deve ser
descentralizada, sendo a equipe envolvida, a autora de todo
processo. Em algumas equipes essa fragmentao uma realidade.
Contudo, devemos evit-la. O trabalho em equipe pode assumir
diversas formas de articulao de saberes. Neste trabalho optamos
pela articulao interdisciplinar e multirreferencial. Toda a equipe
em nossa pesquisa foi formada pelas professoras-doutorandas e em
40 Cf. Produo de material didtico para cursos distncia na Web. SBPC n. 53, Salvador/BA, julho 2001.
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co-autoria com o webdesigner do COGEAE. Todos os docentes-
pesquisadores-cursistas contriburam e participaram do
planejamento e gesto dos contedos de aprendizagem, pois
participaram efetivamente com suas narrativas formativas nos
dispositivos e interfaces do AVA.
Atividades
Em todo planejamento educacional as atividades de
aprendizagem correspondem VIDA do projeto. O que isso
significa? So as atividades que fazem a mobilizao das
competncias. nessa fase do projeto que devemos virtualizar ou
prever o que ser vivenciado pelos pesquisadores no contexto da
prtica pedaggica. Como j discutimos o conhecimento no algo
que pode ser transmitido. O que podemos transmitir so as
informaes. O conhecimento o tratamento crtico das
informaes e o cenrio desse tratamento organizado pelas
atividades. fundamental que para cada conjunto de competncias
que queremos mobilizar que pensemos em atividades concretas e
variadas.
Em educao online importante garantir tanto atividades
individuais quanto colaborativas e cooperativas. preciso garantir
aos sujeitos envolvidos vivncias e diversos desafios sociocognitivos
e poltico-culturais referentes ao ato de pesquisar.
As atividades procuraram provocar no pesquisador
inquietaes e processos de desequilbrio/equilbrio/desegulibrio.
(Piaget, 1990). Mas como provocar inquietaes? Como desafiar os
pesquisadores para novas e melhores aprendizagens? Mediar a
aprendizagem entre aquilo que o pesquisador j souber
(conhecimento REAL) e o que o pesquisador no souber e poder
saber (conhecimento POTENCIAL). na interface (ZONA DE
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DESENVOLVIMENTO PROXIMAL ZDP) entre o REAL e o POTENCIAL
que procuramos atuar pedaggica e, sobretudo, intencionalmente,
pois o que em um momento ZDP em outro REAL (Vygotsky,
1993, 1994).
Ento como devemos criar e mediar zonas de
desenvolvimento proximais em cursos online? Na prtica da
pesquisa e prtica pedaggica procuramos criar e mobilizar (ZDP)
sugerindo atividades baseadas nas seguintes estratgias:
SENSIBILIZAR fundamental fazer emergir os saberes
tcitos dos cursistas. Por saberes tcitos podemos considerar
todo o repertrio de saberes que os cursistas trazem e que a
priori no foram socializados nas comunidades de
aprendizagem. Estes saberes seriam o conhecimento REAL
aquilo que sabemos sobre um determinado assunto. Pare que
os saberes tcitos se tornem explcitos podemos utilizar
estratgias e recursos que provoquem um debate inicial.
Sugestes: apresentar um texto curto, charge, figura, gif,
msica.
PROBLEMATIZAR a sensibilizao atravs de um recurso que
faa o cursista expor seu saber inicial deve ser acampanhada
por uma provocao que faa o sujeito aprendiz ter dvida
sobre o conhecimento que possui. Afinal aprender no
apenas reforar o que j sabemos, muito pelo contrrio,
problematizar o que sabemos, entrar em contato com
informaes diversas e reconstruir esses saberes produzindo
um saber novo! Sugestes: A partir da apresentao de um
recurso problematizar o tema, levantar questionamentos! A
problematizao far o cursista ter dvidas e o provocar a
buscar novos saberes e fontes de informaes variadas.
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PRODUZIR fundamental lanar desafios, problematizaes
e a partir disso orientar a PRODUO do conhecimento. O
conhecimento novo produzido a partir do tratamento crtico
das informaes. Neste momento novas leituras devem ser
sugeridas, atividades de produo variada devem ser
mediadas. Em cursos online devemos disponibilizar
informaes em hipertextos, incentivar debates em chats e
fruns de discusso, incentivar a produo individual e
coletiva utilizando diversas interfaces ou canais de
comunicao.
AVALIAR Avaliar negociar, debater, criar critrios de
verificao da aprendizagem. Diagnosticar se os objetivos
educacionais e as competncias foram mobilizadas, para s
assim tomar decises sobre novas estratgias de mobilizao.
Para isso devemos em todo processo observar e acompanhar
os debates e os produtos da aprendizagem. Avaliar no s
diagnosticar. diagnosticar para INTERVIR e isso significa
atuar e mediar novas ATIVIDADES!
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Avaliao dos processos e da aprendizagem
A avaliao foi concebida como um processo pedaggico
intencional, onde todos os pesquisadores-aprendentes puderam
mapear seus percursos de aprendizagem numa dinmica inclusiva e
crtica da realidade. Os percursos explicitam mais a mobilizao de
competncias do que seus resultados analisados separadamente.
Essa abordagem prima pela nfase nos processos, na cultura, sendo
os produtos resultados dessa prtica interativa na qual os sujeitos
puderam acompanhar os acontecimentos, imprevistos,
manifestaes observveis, interpretar uma multiplicidade de
significantes.
Utilizando o dilogo como princpio, a avaliao se expressa
na troca de saberes que so diagnosticados, criticados e
reorientados por todo o grupo. A interfaces online (blogs, frum de
discusso, chat e o portflio) se configuraram como um espaos de
avaliao personalizada, onde cada sujeito pode expressar sua
itinerncia individual, se identificando ou no com outros sujeitos.
Desse modo surgiram tambm os grupos de trabalho cooperativos
em funo dos projetos e parcerias. A avaliao da aprendizagem
foi contemplada nas seguintes dimenses:
auto-avaliao o avaliador o autor da ao, da
produo ou da performance avaliada;
co-avaliao o avaliador um par da ao, da
produo ou da performance avaliada;
hetero-avaliao o avaliador um ator mais
experiente, geralmente o professor da atividade, no
tratamento do objeto de estudo a ser avaliado.
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Exemplos:
Auto-avaliao
Justificando atrasos ...11 Maio, 17:23
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Justificando atrasos...
Acabo de enviar um e-mail para a lista de discusso onde prometi continuar neste "canal" alguns comentrios sobre a apresentao do meu Referencial Terico e Metodologia para os meus colegas e equipe docente do Mestrado. Um dos instrumentos que usarei na pesquisa o NESTOR para, a partir dos mapas construdos pelos sujeitos numa leitura exploratria de um livro-texto digital, avaliar estilos de navegao (alm de questionrio e grupo focal). O NESTOR fez o maior sucesso, por ser novidade para a platia e pelo potencial de uso em diversos momentos do desenvolvimento de um projeto de pesquisa. Para fundamentar tericamente minha metodologia inclui no Referencial Terico um captulo sobre Cartografia Cognitiva (em construo), por enquanto s est na minha cabecinha). Como nas disciplinas do Mestrado j tnhamos usado e abusado dos mapas conceituais e os autores privilegiados pelos docentes foram Ausubel e Vygostki, a platia j estava bastante sensibilizada para receber os conceitos, o que, sem dvida, facilitou muito minha apresentao. Para apresentar os caminhos percorridos na elaborao da Introduo e Referencial Terico construi no CMaps um Mapa Conceitual a partir dos tpicos do Sumrio, que, alm de oferecer uma vista "panormica" dos contedos abordados, me ajudou durante o processo de elaborao a identificar lacunas e excessos, ou seja a organizar e articular melhor os temas abordados. Chega. Escrevi demais.
http://cogeae.dialdata.com.br/soft/blog/index.php?month=5&year=2004&wapl=Silvia##
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Blog [Silvia] O Uso do Software na Pesquisa Qualitativa Justificando atrasos... [Blog] Edma comentou...
"Chega escrevi demias"!!!??? Nada disso, Silvia! Use e abuse desse espao. Registre sua aprendizagem, suas descobertas, pois estas so referncias para a aprendizagem de todos ns. Fico feliz com sua produo. Fiquei imaginando como foi a sua apresentao no mestrado. Que lega, hem?! Mas conta mais... quais as questes levantadas ? Conta mais... como o uso dos softwares est ajudando na sua produo?
Co-avaliao
17 Maio, 08:52 Reaproveita
r
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Reaproveitar
A ordem da poca reciclar, mas para os ambientalistas, antes necessrio, reutilizar, e estou fazendo isso com as idias... acho que pode, n? rs bem, respondi um email pra Vera e estou compartilhando aqui. Aproveito pra perguntar, se algum conhece/leu Heidegger, vou tentar perguntar no frum tb...ele 'tudo de bom'...rs "Oi, Vera, agradeo o envio da sua produo. li e gostei muito!
http://cogeae.dialdata.com.br/soft/blog/?wapl=Edmeahttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/blog/index.php?month=5&year=2004&wapl=san##http://cogeae.dialdata.com.br/soft/blog/index.php?month=5&year=2004&wapl=san##
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se for um texto "interativo", acrescentaria algum comentrio sobre as categorias analticas que o autor coloca, pois exatamente sobre isso que estou 'enveradando' na minha tese, se tiverem algum material tb sobre isso, adoraria receber, a gente fala muito de categorias, mas sei pouco sobre isso: como constru-las adequadamente? fora isso, gostaria de colocar q no contribu no mapa pois aqui ele no abre, dia 22 estarei com vcs e espero que a gente consiga terminar algumas pendncias, (vou usar isso no meu blog) um abrao, boa semana! Sandra"
24 Junho, 01:46 Auto-avalia
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Auto-avaliao
Caros colegas, Chegamos ao final do curso, com um gostinho de quero mais. Agora, que o semestre letivo (sou professora) est acalmando, fico pensando nas leituras que gostaria de ter feito ou aprofundado. Gostaria de ter a oportunidade de ler os outros textos do mdulo 3, conhecer a discusso com os autores (que oportunidade nos foi dada parabns equipe), olhar os trabalhos dos outros grupos, enfim, tudo que o curso nos ofereceu e que, infelizmente, no pude faz-lo no devido tempo. Agora que posso, espero que o ambiente do curso permanea disponvel por mais alguns dias. No incio, tive muitas dificuldades com o Nestor e, mesmo agora, sei que ainda preciso explorar muito as suas ferramentas isso com o tempo eu aprendo. Importante mesmo o potencial que o Nestor e o Cmap tm para dinamizar a aprendizagem, o aprender fazendo, construir o prprio caminho para a aprendizagem. Sensacional, tudo a ver com o meu projeto de pesquisa.
http://cogeae.dialdata.com.br/soft/blog/index.php?month=6&year=2004&wapl=miua##http://cogeae.dialdata.com.br/soft/blog/index.php?month=6&year=2004&wapl=miua##
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A formao de grupos de acordo seu estgio de pesquisa, muito "acolhedor" ningum fica inibido porque iniciante ou por qualquer outra crena. Bom lembrar, tambm, que todos poderiam dar seus "palpites" em outros grupos. Outro aspecto que merece destaque a interao e participao dos grupos os fruns foram riqussimos observaes pertinentes, informaes novas, contribuies, bom humor, ambiente agradvel. Tudo isso graas a todos, alunos e mediadores ( Ale e Ma, vocs foram timas ). Um grande abrao, Miua
O contedo interativo e hipertextual
Em educao online devemos considerar que os contedos
no podem ser reduzidos ao conjunto de assuntos que devem ser
apresentados pelos pesquisadores-estudantes. Contedo todo o
conjunto de informaes cientficas, tecnolgicas, estticas e do
cotidiano e universo de saberes dos sujeitos envolvidos do
processo. Nesse contexto no devemos separar contedo de forma.
preciso considerar que os contedos no so apenas informaes
estticas. Muito pelo contrrio o contedo vivo, se transforma e
ressignificado ao longo de todo o curso pelos professores e
principalmente pelos cursistas, quando os mesmos imprimem seus
sentidos e partilham suas experincias.
Nas prticas convencionais de EAD, o contedo de
responsabilidade do conteudista e cabe ao designer instrucional
desenhar o curso articulando os saberes em uma equipe de
produo. Em nosso curso online todos os envolvidos foram
conteudistas, pois procuramos articular o nosso desenho
instrucional prvio com a emergncia dos debates ao longo de todo
o curso. Procuramos mapear os contedos de forma hierrquica e
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hipertextual, agregando a informao (contedo/assunto
propriamente dito) s atividades e desafios engendrando assim um
desenho instrucional vivo, autopoitico.
Para facilitar a organizao e articulao dos contedos
utilizamos as tcnicas dos mapas conceituais e dos mapas da web.
As tcnicas nos ajudaram a organizar melhor como os contedos
que iramos discutir bem como nos permitiram articul-los entre si e
principalmente com os canais de comunicao ou interfaces digitais
(dirios online, fruns, chats, portflio, etc.).
O contedo do nosso curso online foi organizado em trs
mdulos (distribudos ao longo de 8 semanas), cada um dos
mdulos focando reas temticas complementares, assim
organizados:
I. Mapeando informao
Apresentao dos participantes e seus projetos de pesquisa;
explorao do software Nestor Web Cartographer: download,
instalao, recursos
Processo de desenvolvimento de mapas: Concept
Maps, Mind Maps e Web Maps, preferencialmente aplicados
aos projetos
Documentao como mtodo de registro:
documentao temtica, bibliogrfica e geral
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II. Pesquisa qualitativa
Pesquisa qualitativa: mtodos de coleta, obteno
e registro de dados e observaes
Pesquisa qualitativa: anlise textual, temtica,
interpretativa
Organizao dos registros e observaes por meio
de mapas e mapeamento de categorias e anlises
III. Desenvolvimento e reflexo sobre mapas na
pesquisa qualitativa
Desenvolvimento de mapas aplicados na pesquisa
qualitativa
Anlise dos mapas elaborados em grupos,
avaliao e feedback do curso.
O mdulo I foi mediado por agendas semanais e traziam as
instrues com indicao de leituras e orientao para debates
interativos que aconteceram nas modalidades comunicacionais
sncronas e assncronas.
Vejamos a seguir tais orientaes:
MDULO I. MAPEANDO INFORMAO
Mapas um guia para organizao (aula 3 19/04 a 23/04) (Novo)
Leituras III.a O dilogo entre a teoria e a empiria, mapeando as noes subsunoras com o uso de software Verso: DOC | HTML
http://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/midia/texto3.dochttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/midia/texto31.php
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Atividade Coletiva III.a Mapeando Conceitos
Atividade Individual III.b Memorial Reflexivo
CHAT 21/04 (quarta-feira) "Discusso teoria-prtica" 20h 25/04 (domingo todos) "Ponto de encontro" 21h30 Frum: Discusso em grupo...
Mapas um guia para organizao (aula 2 05/04 a 16/04)
Leituras II.a Navegar sem Mapa?
Atividade II.a - Apresentao do Projeto com Cmap e Nestor
CHAT 06/04 (tera-feira) 8h 15/04 (quinta-feira) 20h
Frum: Discusso em grupo...
Mapas um guia para organizao (aula 1 29/03 a 02/01)
Leituras I.2 Cartografia Cognitiva Concept Maps, Mind Maps e Web Maps
Atividade I.b- Apresentao do Projeto atravs de um MindMap
CHAT 31/04 (quarta-feira) 20h
Frum: Projeto de investigao
INTRODUO (aula presencial)
Preparando o Ambiente
http://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/modulos/atividade4.phphttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/modulos/atividade4.phphttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/modulos/atividade5.phphttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/modulos/atividade5.phphttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/forum/index.php?forum=dgrupos&realm=defaulthttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/midia/navegarsemmapa.dochttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/modulos/atividade3.phphttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/modulos/atividade3.phphttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/forum/index.php?forum=dgrupos&realm=defaulthttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/modulos/texto2.phphttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/modulos/texto2.phphttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/modulos/atividade2.phphttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/modulos/atividade2.phphttp://cogeae.dialdata.com.br/soft/forum/index.php?forum=forum2&realm=default
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Roteiro de download do Software Nestor. Roteiro de download do Software Cmap.
Leitura I.1 Uso de software na pesquisa qualitativa: ponto de partida.
Atividade I.a Apresentao dos participantes com Mapa
Frum: Introduo ao curso
As palavras sublinhadas so no AVA links, elos de ligao, que
remetiam o pesquisador-estudante a outros textos (hipertextos),
sejam leituras de informaes e contedos ou discusses nas
interfaces sncronas e assncronas (fruns de discusso, chat). A
partir das emergncias do mdulo 1, ou seja, descobertas, dvidas,
interesses de pesquisa e aprofundamento de conceitos e ou
procedimentos desenhamos o mdulo 2 no formato de mapa.
Denominamos neste caso o mapa dos mdulos de hipermap.
Hipermap em nosso AVA era o hipertexto do desenho instrucional
em forma de mapas. Vejamos a seguir o desenho do mdulo 2:
http://cogeae.dialdata.com.br/soft/520/1/1/modulos/roteiro1.p