ci d a d e s receita de cidade inteligente - ijsn€¦ · mais qualidade de vida para os moradores...

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Cidades 16 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 28 DE AGOSTO DE 2016 Receita de cidade inteligente Alta tecnologia e planejamento são caminhos para se ter mais qualidade de vida para os moradores e menos poluição Fontes: Presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas, André Gomyde; Connected Smart Cities; arquiteto e urbanista Carlos Leite e pesquisa/AT. Tem até lixo recolhido a vácuo ANÁLISE “Brasil ainda não tem cidades inteligentes” “O primeiro desafio é fazer a convergência das tecnologias de captação e análise de dados. Inteligência é a funcionalidade das cidades, e consiste na capa- cidade de gestão e integração desse gerenciamento. Cidades inteligentes e huma- nas precisam repensar as ques- tões para que se possa ter qua- lidade de vida, bem-estar social e sustentabilidade. O Brasil ain- da não tem cidades inteligentes, mas há algumas que estão avan- çadas em pontos como mobili- dade urbana e meio ambiente.” André Gomyde, presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas Texto: Carlos Mobutto Arte: André Felix R ecolhimento de lixo a vácuo, apartamentos com paredes robóticas, sensores embaixo da terra que avaliam o tráfego, além de carros elétricos dobráveis, energia alternativa gerada em ca- sa, jardins verticais e longas ciclo- vias já fazem parte da realidade de algumas cidades do mundo. O que há em comum entre estas cidades – consideradas inteligen- tes e humanas – é o investimento em tecnologia, meio ambiente, mobilidade, interação entre cida- dão e governo, qualidade de vida, economia e a integração desses sistemas no processo de gestão. Para o presidente da Rede Brasi- leira de Cidades Inteligentes e Hu- manas, André Gomyde, só a partir de 2030 o Brasil terá uma cidade que se encaixe no conceito de inte- ligente e humana. Segundo ele, por enquanto, o País tem cidades a caminho de se tornarem digitais. “Copenhague, na Dinamarca; Estocolmo, na Suécia, e Londres, na Inglaterra, são exemplos na área de mobilidade, tratamento de resí- duos e integração de dados. Song- do, na Coreia do Sul, e Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, apresen- tam sistema de monitoramento de tráfego eficiente, além do trans- porte público sustentável.” FAZENDAS EÓLICAS Em Copenhague, na Dinamarca, gran- des áreas são utilizadas para gerar energia utilizando o vento, responsável por quase 20% do consumo dos cida- dãos. Masdar, nos Emirados Árabes, possui um complexo de 87 mil painéis solares, distribuídos por 22 hectares. JARDINS VERTICAIS Na Cidade do México, foram instalados jardins em colu- nas das principais rodovias e edifícios. Para aproveitar os espaços urbanos e transformá-los em zonas de plan- tio, algumas cidades, como Nova Iorque (EUA), incenti- vam o plantio ornamental nas coberturas dos edifícios. Compartilhamento de carros elétricos e dobráveis Este tipo de carro ocupa 60% me- nos espaço que um automóvel médio. Quando estacionado, se dobra e suas rodas ficam mais próximas, fazendo com que o eixo se incline. Os veículos são elétricos e disponíveis para com- partilhamento na cidade de Vitoria- Gasteiz, Espanha. Sistema de internet 4G espalhado por toda a cidade As casas são equipadas com um in- terfone, que possui um monitor de plasma. A tecnologia permite o con- tato com o comércio, serviços, esco- las, a comunicação e o acesso aos dados obtidos pela prefeitura, possi- bilitando a interação com o poder pú- blico em Songdo, Coreia do Sul. Vitória é a sexta cidade mais conectada do País O estudo Connected Smart Cities (cidades inteligentes conectadas), da consultoria Urban System, avalia o nível tecnológico de cidades brasilei- ras. São Paulo é a primeira do ran- king, seguida por Rio de Janeiro, Bra- sília, Curitiba e Belo Horizonte. Vitó- ria está na sexta colocação. REDE DE CICLOVIAS Copenhague, a capital da Dinamarca, tem 560 mil habitantes e está entre as primeiras da lista entre as cidades inteligentes e hu- manas. A cidade apostou nas bicicletas para reduzir a emissão de gás carbôni- co e eliminar os engarra- famentos. A cidade conta com 350 km de ciclovias. Iluminação pública Os parques de iluminação pública são a principal es- trutura para dar início à inte- ligência urbana. Pela conexão das luminárias, sensores e câmeras é possível criar uma rede de dados e ar- mazená-los em uma central. TRILHOS MAGNÉTICOS Para substituir os auto- móveis comuns, Mas- dar, nos Emirados Ára- bes Unidos, utiliza o sis- tema PRT (Personal Transit Rapid) de carros compartilháveis e com- pactos sobre trilhos. Os prédios da cidade fo- ram planejados para que os embarques nos carros movidos a eletri- cidade sejam feitos na própria garagem. PAINÉIS SOLARES Em Fujisawa, Japão, painéis solares foram instalados nos telha- dos dos imóveis para que possam produzir a energia. Em Esto- colmo, Suécia, 80% do sistema de aqueci- mento dos imóveis utiliza energias reno- váveis. Além disso, os ônibus são movidos a biogás. SENSORES SUBTERRÂNEOS Para controlar o tráfego, Songdo, na Coreia do Sul, possui um sistema capaz de prever engarrafamentos até 10 minutos antes que eles aconteçam; alterar o tempo dos semáforos de acordo com a movimentação das vias e enviar alertas em tem- po real aos motoristas, via letreiros nas ruas e por apli- cativo de smartphone. RECOLHIMENTO DE LIXO A VÁCUO Em Estocolmo, na Suécia, lixeiras instaladas por to- da a cidade usam canos pneumáticos para condu- zir o lixo. Depois que o ma- terial é sugado, vai para depósitos subterrâneos, onde é reciclado e o exce- dente, incinerado. A medida auxilia na redu- ção de emissão de gás car- bônico, já que não são uti- lizados caminhões para recolher o material. SAIBA MAIS PAREDES ROBÓTICAS Em Charleston, nos EUA, para aproveitar os espa- ços de construção, apar- tamentos foram planeja- dos para oferecer opções de formato por meio de um aplicativo, que aciona as paredes – providas de rodas motorizadas e mó- veis embutidos.

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Page 1: Ci d a d e s Receita de cidade inteligente - IJSN€¦ · mais qualidade de vida para os moradores e menos poluição Fontes: Presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes

Ci d a d e s

16 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 28 DE AGOSTO DE 2016

Receita de cidade inteligenteAlta tecnologia eplanejamento sãocaminhos para se termais qualidade de vidapara os moradorese menos poluição

Fontes: Presidente da Rede Brasileira de Cidades Inteligentes e Humanas, André Gomyde; Connected Smart Cities; arquiteto e urbanista Carlos Leite e pesquisa/ AT.

Tem até lixo recolhido a vácuo

ANÁLISE

“Brasil ainda não temcidades inteligentes”

“O primeiro desafio é fazer aconvergência das tecnologiasde captação e análise de dados.Inteligência é a funcionalidadedas cidades, e consiste na capa-cidade de gestão e integraçãodesse gerenciamento.

Cidades inteligentes e huma-nas precisam repensar as ques-tões para que se possa ter qua-lidade de vida, bem-estar sociale sustentabilidade. O Brasil ain-da não tem cidades inteligentes,mas há algumas que estão avan-çadas em pontos como mobili-dade urbana e meio ambiente.”

André Gomyde,presidente da Rede

Brasileira de CidadesInteligentes e Humanas

Texto: Carlos MobuttoArte: André Felix

Recolhimento de lixo a vácuo,apartamentos com paredesrobóticas, sensores embaixo

da terra que avaliam o tráfego,além de carros elétricos dobráveis,energia alternativa gerada em ca-sa, jardins verticais e longas ciclo-vias já fazem parte da realidade dealgumas cidades do mundo.

O que há em comum entre estascidades – consideradas inteligen-tes e humanas – é o investimentoem tecnologia, meio ambiente,mobilidade, interação entre cida-dão e governo, qualidade de vida,economia e a integração dessessistemas no processo de gestão.

Para o presidente da Rede Brasi-leira de Cidades Inteligentes e Hu-manas, André Gomyde, só a partirde 2030 o Brasil terá uma cidadeque se encaixe no conceito de inte-ligente e humana. Segundo ele,por enquanto, o País tem cidades acaminho de se tornarem digitais.

“Copenhague, na Dinamarca;Estocolmo, na Suécia, e Londres,na Inglaterra, são exemplos na áreade mobilidade, tratamento de resí-duos e integração de dados. Song-do, na Coreia do Sul, e Dubai, nosEmirados Árabes Unidos, apresen-tam sistema de monitoramento detráfego eficiente, além do trans-porte público sustentável.”

FAZENDAS EÓLICASEm Copenhague, na Dinamarca, gran-des áreas são utilizadas para gerarenergia utilizando o vento, responsávelpor quase 20% do consumo dos cida-dãos. Masdar, nos Emirados Árabes,possui um complexo de 87 mil painéissolares, distribuídos por 22 hectares.

JARDINS VERTICAISNa Cidade do México, foram instalados jardins em colu-nas das principais rodovias e edifícios. Para aproveitaros espaços urbanos e transformá-los em zonas de plan-tio, algumas cidades, como Nova Iorque (EUA), incenti-vam o plantio ornamental nas coberturas dos edifícios.

Compartilhamento de carroselétricos e dobráveis

Este tipo de carro ocupa 60% me-nos espaço que um automóvel médio.Quando estacionado, se dobra e suasrodas ficam mais próximas, fazendocom que o eixo se incline. Os veículossão elétricos e disponíveis para com-partilhamento na cidade de Vitoria-Gasteiz, Espanha.

Sistema de internet 4Gespalhado por toda a cidade

As casas são equipadas com um in-terfone, que possui um monitor deplasma. A tecnologia permite o con-tato com o comércio, serviços, esco-las, a comunicação e o acesso aosdados obtidos pela prefeitura, possi-bilitando a interação com o poder pú-blico em Songdo, Coreia do Sul.

Vitória é a sexta cidade maisconectada do País

O estudo Connected Smart Cities(cidades inteligentes conectadas),da consultoria Urban System, avalia onível tecnológico de cidades brasilei-ras. São Paulo é a primeira do ran-king, seguida por Rio de Janeiro, Bra-sília, Curitiba e Belo Horizonte. Vitó-ria está na sexta colocação.

REDE DEC I C LOV I ASCopenhague, a capital daDinamarca, tem 560 milhabitantes e está entre asprimeiras da lista entre ascidades inteligentes e hu-manas. A cidade apostounas bicicletas para reduzira emissão de gás carbôni-co e eliminar os engarra-famentos. A cidade contacom 350 km de ciclovias.

Iluminaçãopública

Os parques de iluminaçãopública são a principal es-

trutura para dar início à inte-ligência urbana. Pela conexão

das luminárias, sensores ecâmeras é possível criaruma rede de dados e ar-

mazená-los em umac e n t ra l .

TRILHOSM AG N É T I CO SPara substituir os auto-móveis comuns, Mas-dar, nos Emirados Ára-bes Unidos, utiliza o sis-tema PRT (PersonalTransit Rapid) de carroscompartilháveis e com-pactos sobre trilhos.Os prédios da cidade fo-ram planejados paraque os embarques noscarros movidos a eletri-cidade sejam feitos naprópria garagem.

PA I N É I SSOLARESEm Fujisawa, Japão,painéis solares foraminstalados nos telha-dos dos imóveis paraque possam produzira energia. Em Esto-colmo, Suécia, 80%do sistema de aqueci-mento dos imóveisutiliza energias reno-váveis. Além disso, osônibus são movidos ab i o gá s . S E NS O R E S

S U BT E R R Â N EO SPara controlar o tráfego,Songdo, na Coreia do Sul,possui um sistema capaz deprever engarrafamentos até10 minutos antes que elesaconteçam; alterar o tempodos semáforos de acordocom a movimentação dasvias e enviar alertas em tem-po real aos motoristas, vialetreiros nas ruas e por apli-cativo de smartphone.

R ECO L H I M E N TODE LIXO A VÁCUOEm Estocolmo, na Suécia,lixeiras instaladas por to-da a cidade usam canospneumáticos para condu-zir o lixo. Depois que o ma-terial é sugado, vai paradepósitos subterrâneos,onde é reciclado e o exce-dente, incinerado.A medida auxilia na redu-ção de emissão de gás car-bônico, já que não são uti-lizados caminhões pararecolher o material.

SAIBA MAIS

PA R E D E SRO B Ó T I CASEm Charleston, nos EUA,para aproveitar os espa-ços de construção, apar-tamentos foram planeja-dos para oferecer opçõesde formato por meio deum aplicativo, que acionaas paredes – providas derodas motorizadas e mó-veis embutidos.