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CHRISTIANE RODRIGUES PESSOA DE MELO AVALIAÇÃO DOS REQUERIMENTOS LIPÍDICOS, VITAMÍNICOS E ESTIMULADORES DE APETITE, NA ENGORDA DO CAMARÃO MARINHO (Litopenaeus vannamei) EM TANQUES-REDE UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS JOÃO PESSOA/PB 2003

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CHRISTIANE RODRIGUES PESSOA DE MELO

AVALIAÇÃO DOS REQUERIMENTOS LIPÍDICOS, VITAMÍNICOS

E ESTIMULADORES DE APETITE, NA ENGORDA DO

CAMARÃO MARINHO (Litopenaeus vannamei)

EM TANQUES-REDE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

JOÃO PESSOA/PB 2003

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CHRISTIANE RODRIGUES PESSOA DE MELO

AVALIAÇÃO DOS REQUERIMENTOS LIPÍDICOS, VITAMÍNICOS

E ESTIMULADORES DE APETITE, NA ENGORDA DO

CAMARÃO MARINHO (Litopenaeus vannamei)

EM TANQUES-REDE

JOÃO PESSOA/PB 2003

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M528a

Melo, Christiane R. P. de Avaliação dos requerimentos lipídicos, vitamínicos e estimuladores de apetite na engorda do camarão marinho (Litopenaeus vanameie) em tanques-rede/ Rodrigues Pessoa de Melo. – João Pessoa, 2003.

120 p.:il. Orientador: Narendra Narain

Dissertação (mestrado) UFPB/CT/DTQA.

1.Camarões-rações 2. Camarões (Litopenaeus vanameie) . 3. Requerimentos lipídicos. 4. Requerimentos vitaminícos..

UFPB/BC. CDU 639.512 (043)

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CHRISTIANE RODRIGUES PESSOA DE MELO

AVALIAÇÃO DOS REQUERIMENTOS LIPÍDICOS, VITAMÍNICOS

E ESTIMULADORES DE APETITE, NA ENGORDA DO CAMARÃO

MARINHO (Litopenaeus vannamei)

EM TANQUES-REDE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia de Alimentos do centro de tecnologia da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento às exigências para a obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, área de concentração “Tecnologia de Alimentos”.

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: TECNOLOGIA DE ALIMENTOS ORIENTADOR: PROF. DR. NARENDRA NARAIN

JOÃO PESSOA

2003

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AVALIAÇÃO DOS REQUERIMENTOS LIPÍDICOS, VITAMÍNICOS E ESTIMULADORES DE APETITE, NA ENGORDA DO CAMARÃO

MARINHO (Litopenaeus vannamei) EM TANQUES-REDE

Christiane Rodrigues Pessoa de Melo Engenheira de Alimentos

______________________________________

Prof. Dr. Narendra Narain Orientador

______________________________________

Prof. Dr. Emerson Jaguaribe Examinador

______________________________________

Profª. Drª. Maria Lúcia Nunes

Examinadora

______________________________________

Prof. Dr. José Marcelino Oliveira Cavalheiro Examinador

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DEDICATÓRIA

“Ao meu pai Ivan Pessoa de Melo que sempre foi o meu exemplo de luta,

perceverança e vitória, obrigada PAI pela força em todas as horas difícies da minha vida e

por sempre ter acreditado em mim e ter me ajudado até onde cheguei.”

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AGRADECIMENTOS Á Deus em primeiro lugar. A minha mãe Gerlaine, á meu filho Alexandre Henrique, á meu irmão Ivan minha profunda gratidão, por Ter me ajudado nas horas mais difícies. Ao Prof.Drº Narendra Narain, pelo apoio, orientação e ajuda nas horas que mais precisei, e minha grande admiração pelo seu exemplo de competência, caracter e amizade. A Prof.Dra Maria Lúcia Nunes, pela sua orientação, apoio e amizade. Além das valiosas sugestões durante a realização desse trabalho. Aos meus pais, Ivan e Gerlaine, e ao meu filho, Alexandre Henrique que me deram total apoio para enfrentar mais um passo na minha vida profissional e tiveram compreensão em entender minha ausência em alguns momentos , me dando sempre forças para ultrapassar os obstáculos da vida e alcançar meu objetivo. A meu irmão,Ivan, pela amizade e compreensão sempre presentes. A Anamélia pela companhia amiga e força nas horas mais difíceis de trabalho e pelo auxílio nas análises dos meus dados experimentais. A toda minha família que sempre me deram força. Em especial aos meus amigos de curso: Mercia, Socorro, Terezinha, Cassiara, Darma entre outros pela ajuda, apoio e companheirismo. Ao Sr. Fernando de Menezes, proprietário da AQUAMARIS Aquacultura S.A, pelo apoio na realização do experimento biológico, nas dependências da empresa. Aos funcionários da AQUAMARIS Aquacultura S.A. , especialmente ao Sr. Flávio Lucas, pelo total apoio, orientação e amizade nas horas mais difíceis de trabalho Ao Sr. Geraldo Borba, pelo fornecimento de farinha de peixe essencial para minha pesquisa Muitas pessoas ainda devem ser lembradas, porém, na impossibilidade de citar todas aquelas que de algum modo contribuíram para a realização desse trabalho, deixo-lhes meu sincero agradecimento.

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS LISTA DE FIGURAS RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................

13

2. OBJETIVOS ................................................................................................................

16

2.1. Objetivo geral .............................................................................................................

16

2.2. Objetivos Específicos.................................................................................................. 16 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................

17

3.1. Aqüicultura e Cultivo Mundial de Camarões.............................................................

17

3.2. Histórico do Cultivo de Camarões no Brasil ............................................................. 24 3.3. Cultivo de Peneídeos em Tanques Rede .................................................................... 34 3.4. Influência de Lipídios de Pescado na Nutrição de Camarões .................................... 39 3.5. Efeito da vitamina C no desempenho de rações para camarões

cultivados................................................................................................................... 43 3.6.Estimuladores de apetite.............................................................................................. 46 4. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................

48

4.1. Camarões ................................................................................ ................................... 48 4.1.2. Ingredientes das Rações .......................................................................................... 48 4.1.3. Fontes de Lipídeos das Rações ............................................................................... 52 4.1.4. Fontes de Vitaminas das Rações.............................................................................. 52 4.1.5. Equipamentos, reagentes e outros materiais ........................................................... 52 4.2.METODOLOGIA .......................................................................................................

53

4.2.1. Formulações das Rações ......................................................................................... 53 4.2.2. Elaboração das Rações ............................................................................................ 56 4.2.3. Análises Químicas .................................................................................................. 57 4.2.4. Estabilidade ............................................................................................................. 60 4.2.5. Vida de prateleira das rações .................................................................................. 60

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4.2.6. Experimento biológico ............................................................................................ 61 4.2.7. Preparação do viveiro............................................................................................... 63 4.2.8. Distribuição da ração.............................. ................................................................ 66 4.2.9. Controle de qualidade da água................................................................................. 67 4.3.0. Determinação da sobrevivência, do crescimento e da taxa de conversão alimentar 67 4.3.0. Determinação das análises estatísticas..................................................................... 68 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..............................................................................

69

5.1. Composição química das rações Experimentais.........................................................

69

5.2. Concentração de vitamina C nas dietas ..................................................................... 72 5.3. Composição de ácidos graxos das rações................................................................... 73 5.4. Estabilidade em água das rações................................................................................ 78 5.5.Vida de prateleira das rações...................................................................................... 79 5.6. Características do experimento biológico................................................................... 80 5.6.1. Parâmetros hidrológicos......................................................................................... 80 5.7. Ganho de peso............................................................................................................ 84 5.8. Comprimento dos camarões....................................................................................... 86 5.9. Conversão alimentar ( TCA)....................................................................................... 88 6.0. SOBREVIVÊNCIA................................................................................................... 89 7.0. ATRATIVIDADE..................................................................................................... 92 8. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................................

94

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 96 10. ANEXOS..................................................................................................................... 108

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 - Produção Mundial da Aqüicultura – 2000 ............................................... 20

Tabela 02 – Principais crustáceos cultivados – 2000................................................... 21

Tabela 03 – Estimativa de produção mundial de camarão – 2001/2005...................... 22

Tabela 04 – Estimativa de produtividade(Kg/há/ano) – 1996/2002 ............................ 24

Tabela 05 – Crescimento da carcinicultura Brasileira –1997/2001.............................. 27

Tabela 06 – Projeções da carcinicultura Marinha Brasileira – 2002............................ 29 Tabela 07 – Localização do camarão Marinho cultivado em 2001.............................. 31 Tabela 08 – Classificação dos produtos de camarão Marinho ................................. 33 Tabela 09 – Ácidos graxos presentes nos lipídios de origem marinha........................ 40 Tabela 10 – Tipos de rações para utilização no experimento biológico....................... 54 Tabela 11 – Formulação das rações para o experimento biológico.............................. 55 Tabela 12 – Componentes químicos das rações comerciais e formuladas................... 70 Tabela 13 – Quantificação dos ácidos graxos das rações em relação ao grau de

insaturação (% dos ácidos graxos totais)............................................... 75

Tabela 14 – Composição (%) dos ácidos graxos poliinsaturados das rações............... 77 Tabela 15 – Estabilidade das rações experimentais...................................................... 78 Tabela 16 –Avaliação da vida de prateleira das rações................................................ 79 Tabela 17– Parâmetros hidrológicos observados durante os 40 dias de cultivo no

viveiro utilizado para o experimento..................................................... 82

Tabela 18 – Ganho de peso (g) dos camarões em função das rações........................... 85

Tabela 19 – Desempenho das rações quanto ao comprimento de camarões................ 87

Tabela 20 – Conversão alimentar após 40 dias de cultivo........................................... 88 Tabela 21 – Número de camarões sobreviventes em cada tanque-rede e ao final de

40 dias de cultivo................................................................................ 90

Tabela 22 – Biomassa final dos camarões após 40 dias de cultivo............................ 91 Tabela 23– Atratividade dos camarões pelas rações.................................................. 93

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Produção mundial de camarão L. vannamei cultivado .............................. 23

Figura 02 – Preparo de farelo integral de macaxeira..................................................... 49

Figura 03 – Preparo de farinha de camarão.................................................................... 50

Figura 04 – Processamento da farinha de acerola........................................................... 51

Figura 05 – Esquematização do trabalho para avaliação do desempenho nutricional de diversas dietas no cultivo de camarão........................................................................

62

Figura 06 – Exemplo de um viveiro em fase de preparação........................................... 63

Figura 07 – Disposição dos tanques-rede no viveiro para o experimento de engorda do camarão L. vannamei..................................................................................................

65

Figura 08 – Exemplo de arraçoamento em bandejas....................................................... 66

Figura 09 – Representação gráfica comparativa dos ácidos graxos das rações RVSASE, RVCACE, RVCASE...............................................................

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AVALIAÇÃO DOS REQUERIMENTOS LIPÍDICOS, VITAMÍNICOS E ESTIMULADORES DE APETITE, NA ENGORDA DO CAMARÃO

MARINHO (Litopenaeus vannamei) EM TANQUES-REDE

RESUMO

Informações concernentes aos requerimentos lipídicos, teor de ácidos graxos da família ω-3, requerimentos em Vitamina C e estimuladores do apetite, ainda são escassos na literatura, na engorda de camarão marinho Litopenaeus vannamei, em tanques-rede, constituindo-se desta forma o objetivo da presente pesquisa. Foram formuladas 3 rações ( RVSASE, RVCACE e RVCASE) e comparadas, quanto ao desempenho nutricional, com duas rações comerciais (RCP35 e RCP40). Ao final de quarenta dias de cultivo o tratamento com a ração formulada RVSASE, apesar de ter proporcionado um ganho de peso dos camarões menor do que as duas rações comerciais apresentou , entretanto, maior percentual de sobrevivência dos camarões, cuja biomassa final foi superior à da ração comercial RCP40% a qual continha maior teor lipídico e teor equivalente de proteína. O óleo de peixe mostrou-se mais eficiente que o óleo de soja no aporte de ácidos graxos altamente insaturados da família ω-3, embora estes não tenham influenciado o desempenho nutricional das rações quanto a sobrevivência e biomassa final. Os maiores teores de vitamina C das rações não influenciaram no ganho de peso e nem na taxa de sobrevivência dos animais. Quanto a atratividade não houve diferenças significativas entre as rações.

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EVALUATION OF LIPIDIC AND VITAMINIC REQUIREMENTS AND APPETITE STIMULANT IN THE GROWTH OF MARINE

SHRIMP (LITOPENAEUS VANNAMEI) IN NET-TANKS

ABSTRACT

Information concerning on net-tanks farm system of the marine shrimp (Litopenaeus vannamei) by means of lipid, Vitamin C and appetite stimulant requirements and fatty acids of the ω-3 family, are scarce in literature and were evaluated in the present research. Three rations were formulated (RVSASE, RVCACE and RVCASE) and compared with two comercial rations. After forty days of rearing, the treatment with the formulated RVSASE ration, although having a lesser content of weight gain than that of the two comercial rations, presented a greater survival percentage, whose final biomass was superior to that of the comercial RCP40%, which contained amounts of lipids and protein equivalents. The fish oil proved more efficient that the soy oil in the presence of highly unsaturated fatty acids of the ω-3 family, however these did not influence the nutricional performance of the rations in relation to the survival rate and final biomass. The greater amounts of Vitamin C in the rations did not influence the weight gain nor the survival rate of the animals. There were no significant differences in attractiveness among the rations.

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1. INTRODUÇÃO

A produção da aqüicultura, em 2000, foi de 45,7 milhões de

toneladas, representando mais de 50% do pescado mundial destinado ao

consumo humano. Nesse período, os camarões apresentaram um aumento de

produção de 700.000 toneladas, em 1996, para 1,26 milhões de toneladas em

2001 (FAO, 2001).

Considerando-se que em carcinicultura intensiva as rações

correspondem de 50-70% dos custos de produção, estudos voltados ao manejo

alimentar e nutricional de camarões vem sendo continuamente realizados. A

utilização de insumos regionais de grande disponibilidade vem sendo priorizados,

a fim de fornecer subsídios aos fabricantes de rações, bem como aos pequenos

aqüicultores, sobre as propriedades nutritivas destes ingredientes e acima de

tudo, opções para se obter rações com o mínimo custo e o melhor desempenho

nutricional ((NUNES, 1993 ; ROCHA,1998).

Neste contexto inúmeras pesquisas foram desenvolvidas,

principalmente, no tocante aos requerimentos protéicos, agentes ligantes e

quimioatrativos. As pesquisas no inicio da década foram voltadas para o camarão

de água doce Macrobrachium rosenbergii, e nos últimos anos, atenção especial

vem sendo dispensada ao cultivo do camarão marinho Litopenaeus vannamei.

O Litopenaeus vannamei foi introduzido no Brasil na década

passada, em função de sua rusticidade, rapidez de crescimento, habilidade de se

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desenvolver na faixa de salinidade entre 20 e 45ppt e em temperaturas entre 23 a

30oC. É uma das espécies mais cultivadas em todo o mundo, representando 90%

do total do camarão marinho cultivado no hemisfério ocidental (ROCHA, 1998).

Inúmeros estudos com esta espécie ressaltam a capacidade da

mesma em aproveitar dietas de níveis protéicos mais baixos (FEGAN, 2003),

variáveis entre 20 a 40%, sob diversas taxas de confinamento (TACON, 2003).

Entretanto, quanto aos requerimentos lipídios e vitamínicos, poucas informações

são disponíveis, na literatura, principalmente com a utilização de novas formas de

cultivo em tanques redes, ou gaiolas. Esta técnica de cultivo para peixes e

camarão, na Ásia, é muito antiga, porém, no Brasil, principalmente para camarões

é muito recente.

Conforme LEMOS (1999) o cultivo de camarões marinhos em

viveiros “gaiolas flutuantes” teve início, no Rio de Janeiro, há aproximadamente

15 anos, apresentando como uma alternativa pioneira e inovadora de cultivo para

os pequenos e médios produtores, interessados na atividade, porém

impossibilitados de realizarem grandes investimentos Segundo COCHE (1996 )

vários requisitos são necessários para adoção desta técnica de cultivo e ressalta

que a disponibilidade e adequação do alimento para a espécie é fundamental.

As rações balanceadas comerciais disponíveis no Brasil vêm

contribuindo para a obtenção de níveis satisfatórios de produtividade dos viveiros,

apesar de ainda deixarem algum espaço para melhoria de qualidade. Algumas

deficiências de ordem nutricional ainda são muito freqüentes para determinadas

espécies cultivadas e em certos período de cultivo, principalmente, dependendo

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do manejo adotado. Estudos realizados por KANAZAWA (1984), demonstraram

que o valor nutricional dos lipídios em camarões marinhos estava relacionado ao

tipo e conteúdo dos ácidos graxos essenciais, destacando-se os óleos de peixe e

de camarões, por conterem quantidades consideráveis de ácidos graxos

poliinsaturados da família ω-3. Porém, informações concernentes aos

requerimentos lipídicos, quantificação de ácidos graxos ω-3, requerimentos

vitamínicos e estimuladores do apetite ainda são escassos na literatura .

Face ao exposto, objetiva-se, nesse trabalho, buscar os subsídios

sobre a engorda do Litopenaeus vannamei, em tanques-rede, através do uso de

rações alternativas formuladas com alguns ingredientes regionais que possam

contribuir como fontes alternativas e potenciais de estimuladores de apetite ou

palatabilizantes, de vitamina C e de lipídios ricos em ácidos graxos ω-3.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral

Avaliar o desempenho nutricional de rações quanto aos

requerimentos lipídicos e vitaminicos para o camarão marinho Litopenaeus

vannamei, sob a forma de cultivo em tanques-rede.

2.2. Objetivos específicos

• Avaliar o crescimento, conversão alimentar e a sobrevivência de L.

vannamei, submetidos ao cultivo em tanques-rede, de dietas experimentais

comparativamente, com dietas comerciais, utilizando-se densidade de 50

camarões /m2.

• Avaliar a influência dos lipídeos, quanto à origem, teores e sua composição

em ácidos graxos na engorda de L. vannamei em tanques-rede;

• Avaliar a influência da vitamina C, proveniente da suplementação com ingredientes

regionais - resíduos de acerola;

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Aqüicultura e cultivo mundial de camarões

A aqüicultura teve sua origem como atividade de sobrevivência

alimentar dos povos antigos há 4000 anos, e hoje representa uma atividade de

modelo de desenvolvimento auto-sustentável. O declínio da produção extrativo de

pescado está levando a aqüicultura a se expandir mundialmente em novas áreas,

se consolidando também como a força mais importante do setor pesqueiro.

O rápido crescimento mundial do cultivo do camarão marinho nas

últimas duas décadas, notadamente nos países costeiros tropicais emergentes da

Ásia e das Américas, teve e continua tendo por base de sustentação a crescente

demanda do produto no mercado internacional, o atrativo nível de rentabilidade do

agronegócio e a sua capacidade de gerar renda, emprego e divisas para o

desenvolvimento dos países produtores.

Segundo a ABCC (2002), no ano 2001 a produção mundial do

camarão cultivado chegou a 1,1 milhão de toneladas, ou seja, 30% do volume

total registrado em todo o mundo. Isso significa que apesar do acentuado

crescimento da produção derivada do cultivo, de 215.000 toneladas em 1985 para

o nível atual de 1,1 milhão de toneladas, o camarão extraído dos mares continua

ter maior peso em relação à oferta global do produto. O Oriente é responsável

pela maior parte da produção mundial do camarão cultivado, sendo os principais

produtores, por ordem de importância: Tailândia, China, Indonésia, Vietnam, Índia

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e Bangladesh. Em relação ao hemisfério ocidental, dentre os países produtores

sobressaem o Equador como o mais importante, seguido pelo Brasil, México,

Honduras, Panamá, Colômbia e Peru.

O processo de aprimoramento da tecnologia do cultivo em nível

mundial é dinâmico. As técnicas de reprodução e produção de pós-larvas, passo

inicial do processo produtivo, de industrialização de alimentos concentrados e de

manejo da qualidade da água de viveiros, principal variável para o êxito do cultivo,

estão em plena evolução e contribuindo para a obtenção de níveis de

produtividade cada vez mais elevados. A tecnologia do agronegócio é também

cada vez mais intensiva em capital por unidade de área.

A crescente demanda registrada nos principais centros importadores

de camarão – EUA, Europa e Japão – tem sido responsável pela manutenção de

um nível de preço atrativo e remunerador para o produto cultivado. Em 2001, as

importações de camarão dos EUA, principal mercado importador chegaram a

400.337 ton. O mercado da União Européia realizou importações da ordem de

405.000 ton. O Japão, apesar da crise que vem afetando o desempenho de sua

economia, se mantém como o maior mercado consumidor de toda a Ásia, tendo

importado 250.000 toneladas, em 2001(ABCC, 2002).

O rápido desenvolvimento da atividade comercial em importantes

áreas tropicais do mundo vem sendo, entretanto, acompanhado de crescentes

preocupações sobre a sustentabilidade ambiental. Como uma atividade

econômica que usa recursos naturais para aumentar a oferta de alimentos, tal

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como ocorre com as atividades agropecuárias em geral, o cultivo do camarão

pode ser desenvolvido com um mínimo de impacto ambiental desde que sejam

observados critérios técnicos na implantação e manejo de suas unidades

produtivas. Daí a necessidade de um marco de referência para que a atividade

seja conduzida com o enfoque de convivência com o meio ambiente, o que é

perfeitamente possível, mas que demanda ações tanto do setor governamental

em relação à regulamentação ambiental do cultivo; quanto do setor privado no

que concerne à adoção de códigos de conduta que preconizam práticas

ambientalmente responsáveis.

As análises de risco a que vem sendo submetido o agronegócio do

camarão cultivado em termos mundiais, põem em evidência que as doenças

ocasionadas por vírus. A exemplo de outros segmentos agropecuários,

constituem um fator de risco importante a ser considerado pois provocam perdas

consideráveis de produtividade e produção, como as que ocorreram na China,

Taiwan, Tailândia e Indonésia e, posteriormente, no Equador, Peru e Panamá. As

medidas de biossegurança se apresentam, portanto, como de vital importância

tanto para a prevenção como a minimização dos efeitos ocasionados pelas

viroses (ABCC, 2002).

Os crustáceos contribuíram com 1,65 milhões de toneladas e US$

9,37 bilhões com os camarões participando com 1,09 milhões de toneladas e US$

6,9 bilhões (Tabelas 1 e 2), destacando-se as espécies Penaeus monodon); P.

chinensis ; L..vannamei e M. rosenbergii (FAO, 2002),

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20

TABELA 1 – Produção Mundial da Aqüicultura, em 2000

PRODUÇÃO

RECEITAS

GRUPO DE ESPÉCIE

T (1.000.000)

US$ BILHÃO %

PEIXES

23,07 50,6 31,56 55,9

MOLUSCOS

10,74 23,5 9,48 16,8

PLANTAS AQUÁTICAS

10,13 22,2 5,59 9,9

CRUSTÁCEOS

1,65 3,6 9,37 16,6

OUTROS

0,13 0,2 0,47 0,8

TOTAL

45,72 100,0 56,47 100,0

FONTE: FAO, 2002

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21

TABELA 2 – Principais Crustáceos Cultivados, em 2000

GRUPOS / ESPÉCIES

VOLUME (Toneladas)

P. Monodon

571.497

Caranguejo de Rio

232.391

P. Chinensis

216.994

L. vannamei

143.737

Caranguejo Marinho

125.341

Camarão de Água Doce

M. rosenbergii

118.501

FONTE: FAO, 2002

Entretanto, em 2001, segundo a GAA (Aliança Global de

Aqüicultura), a produção de camarão cultivado atingiu o patamar de 1,26 milhões

de toneladas com crescimento continuo de acordo com as estimativas

apresentadas durante o Fórum Internacional “Shrimp Outlook 2001” realizado em

Cingapura em Novembro de 2001, devendo ultrapassar 2,0 milhões de toneladas

em 2005 (Tabela 3). Quanto ao camarão branco L. vannamei apresentou uma

queda de produção entre 1998 (211.000 toneladas) e 2001 (201.000 toneladas),

em decorrência da produção reduzida do Equador (Figura 1).

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22

TABELA 3 – Estimativa de Produção Mundial de Camarão – 2001/2005

2001

Estimativa para 2005

Principais países

produtores

Produção (T)

Área em Produção

(ha) Produtividade

(kg/ha/ano) Produção

(T) Área em

Produção (ha)

Produtividade (kg/ha/ano)

Tailândia

300.000 80.000 3.750 350.000 100.000 3.500

China

250.000 220.000 1.136 350.000 320.000 1.094

Indonésia

168.000 151.000 1.113 441.000 396.375 1.113

Vietnã

120.000 240.000 500 200.000 350.000 571

Índia

100.000 150.000 667 200.000 170.000 1.176

Banglades

63.000 140.000 450 90.000 200.000 450

Equador

45.000 80.000 563 90.000 150.000 600

Brasil

40.000 8.500 4.706 150.000 25.000 6.000

México

26.000 28.000 929 40.000 40.000 1.000

Honduras

15.000 14.000 1.071 16.000 16.000 1.000

Outros

139.840 170.711 819 250.366 278.185 900

Total

1.266.840 1.282.211 988 2.177.366 2.045.000 1.004

Fonte: GAA, 2001

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23

129.

000

17.0

00

26.0

00

12.0

00

15.0

00

12.7

0012

.000

12.0

005.

000

7.30

0

40.0

00

1.00

0

60.0

00

3.00

0

39.0

00

21.0

00

211.

000

201.

000

0

50.000

100.000

150.000

200.000

250.000

1998 2001

Equador México Honduras Outros Colômbia OutrosPeru Brasil China Venezuela Total

FIGURA 1 – Produção Mundial de Camarão L. vannamei Cultivado

No contexto precedente, cabe indicar que a produção brasileira, a

despeito do excepcional crescimento que vem apresentando nos últimos 6 anos,

ainda é incipiente em termos mundiais, embora se destaque pela posição de

liderança internacional no tocante à produtividade (Tabela 4).

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24

TABELA 4 – Estimativa de Produtividade(Kg/ha/ano) – 1996/2002

Ano

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002*

Área de Viveiros

(ha)

3.200 3.548 4.320 5.200 6.250 8.500 11.500

Produção

(Toneladas)

2.880 3.600 7.250 15.000 25.000 40.000 60.000

Produtividade

(Kg/há/ano)

900 1.015 1.680 2.885 4.000 4.706 5.200

Fonte: ABCC(2002)

3.2. Histórico do cultivo de camarões no Brasil

O Brasil ensaiou os primeiros passos na década de 70. Entretanto, a

prática do cultivo de camarões em termos empresariais somente teve início nos

anos 80, com o uso da espécie exótica Penaeus japonicus. Em meados dessa

década, ressentindo-se de pesquisas que possibilitassem o alcance de uma

produtividade economicamente aceitável e ante a inaptidão do P.japonicus ás

baixas salinidades, a carcinicultura Brasileira redirecionou seus objetivos para as

espécies nativas P.subtilis, P.schmitti, P. brasiliensis e P. paulinsis. Entretanto, a

baixa produtividade e a pouca lucratividade dessas espécies provocaram a

desativação e a reconversão a salinas de diversas fazendas na região Nordeste

(ABCC, 2001).

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25

Na segunda fase, iniciada em 1993, foi decisiva a opção pelo cultivo

do Litopenaeus vannamei, espécie exótica com capacidade de adaptação às

mais variadas condições de cultivo, o que contribui para elevá-lo à condição de

principal espécie da carcinicultura brasileira. O domínio do ciclo reprodutivo e da

produção de pós-larvas resultou em auto-suficiência e regularização de sua

oferta, consolidando a tecnologia de formação de plantéis em cativeiro e

relegando ao passado a dependência das importações, que constituíam veículos

de introdução de doenças e que ocasionavam irregularidades na oferta de pós-

larvas, com reflexos negativos no desempenho global da atividade. Por outra

parte, a qualidade do alimento balanceado, que em passado recente representou

um fator limitante para o aumento da produção e produtividade dos viveiros, hoje

já revela uma sensível melhora. Com efeito, a melhor qualidade das rações

comerciais tem sido decisiva para o crescente aumento de produtividade dos

empreendimentos camaroneiros nacionais, cuja maioria já usa a tecnologia das

bandejas-comedouros fixas beneficiando-se da significativa redução da

quantidade de ração ofertada em relação ao peso final dos camarões, além dos

acréscimos nos ganhos social e ambiental.

O país começa a vivera terceira fase, atualmente, após a

consolidação da tecnologia de reprodução e engorda, o alcance da auto-

suficiência na produção de pós-larvas, a oferta de uma ração de qualidade e o

despertar do setor produtivo para a importância da qualidade do produto final.

Estas condições de demanda e preço são altamente favoráveis, com um potencial

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26

extraordinário de geração de divisas para o desenvolvimento do país. A firme

tendência de consolidação do setor em condições técnica e economicamente

viáveis e altamente lucrativas, permite vislumbrar a curto prazo, a possibilidade do

Brasil se tornar um dos principais produtores mundiais de camarão marinho

cultivado, especialmente quando os setores público e privado se unem em prol do

desenvolvimento sustentável do setor.

Em 2001, a produção de camarão cultivado no Brasil chegou a

40.000 toneladas, das quais 37.575 (94,0%) foram originadas da Região

Nordeste, onde a carcinicultura vem se desenvolvendo em ritmo acelerado a partir

de 1996 quando se consolidou a viabilidade técnica e econômica do agronegócio

com a espécie importada da costa do Pacífico, o Litopenaeus vannamei. Para

situar a posição do Brasil em termos mundiais, as 40.000 toneladas, colocam o

país na nona posição entre os maiores países produtores, representam apenas

3,0% da produção mundial e 13,0% das 300.000 toneladas produzidas no mesmo

ano pela Tailândia, que ocupa o primeiro lugar na produção do camarão cultivado

(ABCC,2002).

Entretanto, o significado especial do volume produzido em 2001 pelo

Brasil está na confirmação do extraordinário e consistente crescimento que vem

revelando o setor, como mostram as cifras da (Tabela 5), na qual se pode

observar que a tonelagem de 2001 em relação ao volume produzido em 1997

significa um crescimento da produção nacional à excepcional taxa média anual

acumulada de 83,5% no qüinqüênio 1997/2001. A Tabela revela ainda outro

parâmetro que confere destaque ao cultivo do camarão marinho no Brasil, isto é,

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27

o crescimento da produtividade média nacional para chegar em 2001 a

4.700kg/ha/ano, que posicionam nosso país em primeiro lugar em todo o mundo

em termos de rendimento físico da atividade.

A produção brasileira em 2002 foi de 60.000 toneladas. As

projeções de médio prazo, elaboradas pela ABCC(2002), para o camarão

cultivado até 2005 (Tabela 6 ), mostram que no quadriênio 2002/2005 seriam

incorporados ao cultivo 16.500 ha de novos viveiros, o que levaria o Brasil a

contar com 25.000 ha no final de 2005, ano em que a produtividade chegaria a

6.000kg/ha/ano e a oferta total a 150.000 ton. Assumindo que a partir de 2002

setenta por cento da oferta seja embarcada para o mercado externo, o Brasil

estaria exportando em 2005 cerca de 105.000 toneladas de camarão cultivado

com uma entrada de divisas da ordem de US$ 500,0 milhões.

TABELA 5 – Crescimento da Carcinicultura Brasileira – 1997/2001*

ITENS/ANOS

1997

1998

1999

2000

2001

2002

Área de Viveiros em

hectares

3.548

4.320

5.200

6.250

8.500

11.016

Produção em

toneladas

3.600

7.250

15.000

25.000

40.000

60.128

Produtividade em

kg/há/ano

1.015

1.680

2.885

4.000

4.705

5.458

Fonte: ABCC (2002 e 2003)

As projeções da Tabela 6 estão fundamentadas: (I) no fato de o

Brasil deter o setor rural de sua faixa costeira, notadamente no da Região

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28

Nordeste, um considerável potencial para o desenvolvimento do camarão

cultivado em termos de áreas disponíveis com condições de clima, qualidade de

água e solo e topografia; e (II) nas seguintes premissas assumidas e válidas para

a presente década:

• A demanda de camarão seguirá crescendo nos grandes mercados

consumidores com variações mais ou menos sensíveis em função

do desempenho das economias dos países desenvolvidos, tal como

ocorreu na última década.

• O preço do camarão, tanto no mercado nacional como no

internacional, tomando por base o seu comportamento nos últimos

dez anos, permanecerá sendo atrativo para os atuais produtores e

para incentivar novos investimentos setoriais.

• A tendência tecnológica atual para o melhoramento genético e para

cultivos mais intensivos sem renovação de água, deverá consolidar-

se, contribuindo para a elevação da produtividade, redução dos

custos de produção e para a sustentabilidade ambiental do

agronegócio, removendo desse modo entraves para seu

crescimento.

• Os prejuízos ocasionados pelas viroses ao cultivo do camarão

induzirão cada vez mais produtores e governos a adotarem ações

de biossegurança, de gestão de qualidade e de melhoramento

genético (linhagens resistentes ou livres de doenças), cujo conjunto

reduzirá o risco decorrente da incidência de vírus.

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29

TABELA 6 – Projeções da Carcinicultura Marinha Brasileira 2002

Viveiros (ha) Produtividade Produção Exportação

Ano Incorporados Acumulados (Kg/há) (Ton) (Ton) US$000

2001** 8.500 - 4.700 40.000 21.000 107.000

2002 2.640 11.500 5.200 60.000 40.000 160.000

2003 3.480 15.000 5.333 80.000 56.000 268.000

2004 4.630 19.000 5.526 105.000 73.500 352.800

2005 5.750 25.000 6.000 150.000 105.000 504.000

* Elaboração ABCC,2002 - ** Ano base da projeção

Do ponto de vista da disponibilidade de tecnologia para o

cumprimento das metas projetadas até chegar aos US$ 504,0 milhões de divisas

em 2005, o setor já deu evidências de que essa variável não se constituirá em

fator restritivo. Com efeito, a tecnologia para a produção do camarão cultivado

nas condições brasileiras está definida e em processo natural de

aperfeiçoamento. A produtividade alcançada pelo Brasil revela o esforço realizado

com êxito pelo setor privado na validação de tecnologia nas condições dos

nossos ambientes costeiros. O Brasil dispõe hoje de um sistema de produção

semi-intensivo com tecnologia definida, que é próprio para as condições do país.

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30

O desafio para as metas de produção e exportação está, a curto e

médio prazo, em assegurar o desenvolvimento ordenado e sustentável e o

máximo de qualidade para o camarão cultivado brasileiro do ponto de vista

comercial e ambiental e, por tratar-se de sua recente introdução no mercado

internacional, em criar e manter uma imagem-produto confiável associada ao

nosso produto. A atribuição de maior competitividade ao camarão cultivado

nacional está em grande medida vinculada ao esforço que deve ser feito para que

o nosso produto reúna as exigentes especificações de qualidade dos países

compradores e lhe seja atribuído maior valor agregado.

Deve-se ter presente que o camarão brasileiro está entrando no

mercado internacional quando os fluxos de oferta e de demanda já estão bem

estabelecidos. Portanto, faz-se necessário um esforço concentrado para

desenvolver um atributo de credibilidade do produto e, paralelamente, definir e

trabalhar em apresentações para seu maior acesso aos principais mercados

consumidores.

A localização dos produtores por estado e sua classificação em

pequenos, médios e grandes, foram reveladas pelo censo que a ABCC realizou

como parte do projeto apoiado financeiramente pela APEX para a promoção das

exportações do camarão cultivado. As Tabelas 7 e 8, com cifras extraídas do

censo, mostram a situação a 31 de dezembro de 2001.

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31

TABELA 7 – Localização do Camarão Marinho Cultivado em 2001.

Estado

Fazendas (Nº)

Área (ha)

Produção

(Toneladas)

Produtividade

(kg/há/ano)

PA

1

60

150

2.500

MA

2

113

452

4.000

PI

10

503

2.112

4.202

CE

83

1.619

11.333

7.002

RN

232

2.024

9.061

4.477

PB

23

531

2.124

4.000

PE

64

997

4.311

4.412

AL

1

10

40

4.000

SE

15

217

1.302

6.000

BA

29

1.710

6.840

4.000

ES

1

103

412

4.000

Fonte: ABCC, 2002

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32

A produção nacional está concentrada na Região Nordeste (do

Maranhão à Bahia), onde foram produzidas 37.575 toneladas que representam

94,0% da produção total. O Ceará ocupa o primeiro lugar em volume de produção

(11.333 toneladas) e revela o melhor nível de produtividade com o excepcional

indicador de 7.000 kg/ha/ano. Por ordem de importância seguem o Rio Grande do

Norte (9.061 toneladas), a Bahia (6.840 toneladas), Pernambuco (4.311

toneladas), Paraíba (2.124 toneladas) e Piauí (2.112 toneladas). O Estado de

Santa Catarina, na Região Sul, destaca-se com 1.713 toneladas ( Tabela 7).

Em relação ao tamanho das unidades produtivas (Tabela 8),

predomina o pequeno produtor (< de 20 ha). Do total de 507 produtores, 90,3%

(458) manejam fazendas com tamanho igual ou superior a 20 ha de viveiros.

Apenas 9,7%, ou seja, 49 produtores são considerados grandes (> de 100 ha) e

médios (> de 20 e < de 100 ha). O Rio Grande do Norte é o estado que apresenta

o maior número de produtores com um total de 232, que representam 45,0% dos

507 existentes em nível nacional. Por sua vez, é o que revela a menor área média

em ha por unidade produtiva, 8,7 ha, o que indica a predominância do pequeno

produtor. Observa-se também na Tabela 7 em relação à área de viveiro produtivo,

que os grandes e médios produtores mantêm domínio sobre 65,0% do total.

A elevada participação do pequeno produtor, inclusive do de

tamanho familiar, confere uma característica especial à carcinicultura brasileira já

que a sua expansão pode contribuir para o esforço nacional de uma melhor

distribuição da renda no meio rural.

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33

TABELA 8 – Classificação dos Produtores de Camarão Marinho

Pequenos Médios Grandes Total Estado Qtde. ha Qtde. ha Qtde. Há Qtde. Ha

PA 1 60 - - 1 60 - -

MA 1 5 - - 1 108 2 13

PI 6 22 3 221 1 260 10 503

CE 69 525 11 501 3 592 83 1.618

RN 221 1.105 6 279 5 640 232 2.024

PB 19 126 2 113 2 292 23 531

PE 60 210 2 92 2 675 4 997

AL 1 10 - - - - 1 10

SE 14 157 1 60 - - 15 217

BA 22 203 2 127 5 1.380 29 1.710

ES - - - - 1 103 1 103

SP 1 20 - - - - 1 20

PR - - 1 40 - - 1 40

SC 44 573 - - - - 44 573

Total 458 2.957 29 1.493 20 4.050 507 8.500

% 90,3 34,8 5,7 17,6 4,0 47,6 100,0 100,0

Fonte: ABCC, 2002

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34

Em relação ao pequeno produtor, cabe ressaltar que os resultados

da tecnologia validada para as condições do Brasil permitiram demonstrar a

viabilidade técnica, econômica e financeira da pequena unidade de produção, o

que justifica a acentuada participação do investidor de recursos limitados na

atividade. O novo agronegócio está demonstrando ser uma alternativa válida do

ponto de vista social e econômico para a inserção na economia de populações de

baixa renda do litoral, inclusive para viabilizar assentamentos de produtores

familiares do Programa Nacional de Reforma Agrária localizados nas áreas

costeiras do Brasil.

3.3. Cultivo de Peneídeos em tanques-rede

Entende-se por cultivo de camarões em gaiolas a engorda destes

organismos, desde a fase juvenil até atingir o tamanho comercial em um volume

de água que não é restrito às dimensões das gaiolas, uma vez que ocorre

circulação continua da água. Geralmente, as gaiolas podem ser de vários tipos e

materiais, contanto que atendam aos requisitos de durabilidade e baixo custo.

Segundo dados da FAO (1998), a produção da aqüicultura Brasileira

cresceu de 26.800 toneladas para 30.750 toneladas entre 1992 e 1994 e estima-

se que tenham sido produzidos no Brasil cerca de 45.000 e 60.000 toneladas de

pescados, oriundos de cultivo, nos anos de 1996 e 1997, respectivamente. Este

crescimento é devido, em parte, á adoção de técnicas de intensificação do regime

de criação, com destaque para o uso de tanques-rede e gaiolas.

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35

Ainda que existam mais de 6 milhões de hectares de represas

públicas e privadas no Brasil, o uso de tanques-rede para a criação intensiva de

peixes ainda não é uma prática muito utilizada pelos piscicultores e, várias são as

razões para que isto esteja ocorrendo, destacando-se a ausência de uma

legislação adequada e de conhecimentos técnicos que permitam o

estabelecimento racional e econômico da atividade.Quando existem, porém, as

criações em tanques-rede utilizam gaiolas de grande volume acima de 27m3, com

baixas densidades de povoamento 1.030 peixes/ m3 (COELHO & CARDOSO,

1998).

Dados da literatura sugerem, entretanto, que a criação de peixes em

tanques-rede ou gaiolas de pequeno volume, permite uma maior eficiência na

produtividade por unidade de volume de tanque.

Os tanques-rede, também chamados de gaiolas ou jaulas, têm sido

utilizados em cultivo de algumas espécies de peixes marinhos e de água doce,

moluscos e crustáceos marinhos, com resultados satisfatórios nas diferentes

fases de crescimento desses organismos. Entretanto, quanto a esta forma de

cultivo para camarão marinho L. vannamei as pesquisas ainda são muito

incipientes.

No cultivo do camarão de água doce Macrobrachim rosenbergii, na

fase de engorda, os tanques-rede não ofereceram bons resultados. Isso se deve

ao fato desta espécie ser territorialista e ainda ter um crescimento heterogêneo

entre os machos, tornando difícil a sincronia entre os ciclos de mudas ( GASTELU

& OLIVEIRA, 1995). Na fase de pós-larvas, entretanto, as mudas acontecem mais

seguidamente e com mais sincronia. Esse fato, associado ao crescimento

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relativamente pequeno nessa fase, permite aos criadores utilizarem, nos dois

primeiros meses após a metamorfose, altas densidades populacionais nos

tanques de fortalecimento e berçário.

No Peru, criadores de M.rosenbergii utilizam com sucesso os

tanques-rede, instalando-os dentro dos próprios viveiros de engorda, para estocar

as pós-larvas como se fossem tanques de fortalecimento.

Os tanques-rede utilizados no Peru, semelhantes aos instalados

experimentalmente no Brasil, no Instituto de Pesca/Estação Experimental de

Pindamonhangaba-SP, caracterizaram-se por ser de malha plástica do tipo

mosquiteiro, costurada com linha de nylon, sem estrutura rígida de sustentação.

As dimensões são variáveis, sendo as mais usadas as de 10m de comprimento,

2,5m de largura e 0,9m de altura, contando com uma borda de apenas 15cm, que

ficará para fora da água, evitando a ação de ventos fortes. Devem ficar

suspensos, amarrados em estacas fixas, não podendo ter contato com o fundo.

A localização dos tanques-rede deve ser estratégica. Deverá ser

escolhido o viveiro que possua as melhores condições de cultivo: transparência

com disco de Secchi de 32cm; coloração esverdeada; pH 8,3 e oxigênio

dissolvido 6,0mg/L e devem ser instalados próximo a entrada de água (GASTELU

& OLIVEIRA, 1995).

Segundo COCHE (1976) existem vantagens e desvantagens do cultivo de camarões em gaiolas.

Dentre as vantagens, tem-se:

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• Intensa economia no uso de água, com possibilidade de fazer o máximo

uso de todos os recursos disponíveis na mesma;

• Deslocamento fácil do cultivo, quando necessário;

• Possibilidade de combinar vários tipos de cultivo em um só corpo de

água;

• Intensificação da produção no cultivo (altas densidades, ótimo nível de

alimento e rápido crescimento), o que refletirá em maior produtividade;

• Redução do período de cultivo;

• Melhor utilização do alimento artificial;

• Facilidade de observação e controle de doenças e predadores;

• Redução do manuseio e mortalidade;

• Colheita completa da produção;

• Facilidade de estocagem e transporte do produto pela possibilidade de

despescas parciais;

• Menores investimentos.

Quanto as desvantagens pode-se citar:

• Dependência do alimento artificial. Perdas alimentares são passíveis de

ocorrer através das aberturas das gaiolas;

• Dificuldades de utilização da técnica quando a área é muito batida

(acima de 20 – 30 cm/seg.);

• Necessidade de adequada renovação de água para eliminação dos

metabólicos e manutenção do alto nível de oxigênio. O rápido

crescimento de incrustantes pode requerer freqüentes limpezas;

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No Brasil, LEMOS (1999) cita que a modalidade de cultivo do

camarão marinho em gaiolas flutuantes ou tanques-rede não deve ser comparado

ao sistema tradicional de cultivo em terra, e sim compreendido como mais um

método de cultivo, sobretudo por possibilitar o acesso de pequenos produtores a

uma atividade até então restrita a grandes investidores. Ressalta ainda que, além

do aspecto técnico-econômico, imprescindível a sobrevivência de qualquer

empreendimento, esta modalidade de cultivo tem dois grandes diferenciais: o

social e o ecológico.

No aspecto social, a forma de cultivo em tanques-rede cria

oportunidades para um grande número de pessoas, envolvendo comunidades

carentes de pescadores artesanais que podem operacionalizar as gaiolas em

regime de parcerias, a exemplo do que ocorre com a SADIA na criação de frango,

o que proporcionaria o surgimento de empresas familiares que já trazem consigo

a cultura do convívio com o mar. Quanto ao perfil ecológico, o cultivo em gaiolas

compreende um conjunto de atitudes e comportamentos que contribuem para a

preservação do meio ambiente, pois o produtor percebe que o seu sucesso está

diretamente relacionado a sobrevivência do meio ambiente.

Ressalta ainda o autor supramencionado que gaiolas instaladas no

meio natural, com elevadas taxas de renovação da água, pode possibilitar a

adoção de cultivo super-intensivo, com densidades superiores a 100

camarões/m2, A sobrevivência média e a produtividade obtida nas gaiolas é de

70% e 22,5 ton/ha/ano, respectivamente, com um arraçoamento de até duas

vezes ao dia.

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3.4. Influência dos ácidos graxos insaturados na nutrição de camarões

Os ácidos graxos componentes dos lipídios ou gorduras são em

grande número pertencentes a dois grupos: o dos ácidos graxos insaturados ou

não saturados e o dos ácidos graxos saturados. O estado de saturação constitui

importantes características químicas e nutricionais, face ao papel exercido nos

processos metabólicos e imunitários. Os ácidos graxos essenciais atuam como

transportadores de vitaminas e aumentam a palatabilidade dos alimentos.

O nível adequado de lipídios em dietas, demonstra estar influenciado

por uma variedade de fatores: qualidade e quantidade da dieta protéica; a

quantidade, qualidade e a disponibilidade de outros fatores energéticos e a

qualidade do óleo. Dietas com elevados níveis de gordura estão comumente

associadas com significante redução na taxa de crescimento, como também

ocorre um acréscimo nos níveis lipídicos no hepatopâncreas, o que pode resultar

em uma limitação do metabolismo (D’ABRAMO, 1997).

As necessidades de óleos em dietas estão relacionadas com os

constituintes dos ácidos graxos. Os óleos de origem marinha contêm

normalmente uma grande quantidade de ácidos graxos poliinsaturados, com até 6

duplas ligações e são geralmente ricos em vitamina A e D (FENEMA, 1993).

Além disso, a insaturação média das gorduras marinhas é de até 2 vezes a das

gorduras de animais de abate e 1,5 vez a dos óleos vegetais comuns

(CONTRERAS-GUZMAN, 1994).

Os lipídios são componentes importantes dos organismos marinhos

e estão presentes em todos os tecidos sob a forma de fosfolipídios, esteróis,

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triglicerídeos, ácidos graxos, pequenas quantidades dos seus produtos

metabólicos e por reduzidas taxas de lipídios não habituais, como ésteres de

glicerina, glucolipídios, sulfolipídios e hidrocarbonetos. Os fosfolipídios e esteróis

estão presentes nos tecidos em pequenas quantidades, de 0,2 a 0,3% do peso

úmido e desempenham um importante papel estrutural nas biomembranas e

participam das funções celulares básicas (SIKORSKI et al. 1994).

Os peixes marinhos acumulam ácidos graxos poliinsaturados (AGPI)

nos tecidos musculares e nos depósitos de reserva. As estruturas básicas são

sintetizadas no fitoplancton e nas macroalgas (HARDY & KEAY, 1972; ACKMAN,

1980 e 1982) de onde são transferidas para o zooplâncton e elos superiores da

cadeia alimentar.

Os ácidos graxos presentes nos lipídios marinhos possuem cadeia

carbonada oscilando entre C14 e C26, geralmente bastante insaturados. Os

ácidos C14 e C16, contribuem com as ligações saturadas, enquanto que os C20 e

C22 contêm quatro, cinco ou seis duplas ligações (Tabela 9).

TABELA 9 - Ácidos graxos presentes nos lipídios de origem marinha

Saturados Monoinsaturados Poliinsaturados Porcentagem de ácidos graxos totais

25 30-60 10-60 Componentes principais

C14 C16 C20:5 C16 C18 C22:6 C18 C20

C22 FONTE: SIKORSKI et al., (1994), adaptada.

A maioria dos ácidos graxos poliinsaturados dos lipídios de pescado

são do tipo ω3. Os ácidos ω6 constituem um pequeno percentual do total de

ácidos graxos de pescado marinho, ocorrendo mais em espécies de água doce,

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semelhante aos óleos vegetais. Os lipídios de pescado contêm também alguns

ácidos graxos com número ímpar de carbonos na cadeia, como o C15, C17 e

C19, e geralmente ocorrem num percentual de 1 a 3 %, alcançando 10% ou mais

nos mugilídeos. Os ácidos graxos poliinsaturados se encontram principalmente

nos fosfolipídios representando 50% do seu total, sendo representados

basicamente pelo C20:5 (ω3) e C22:6 (ω3). Os triacilgliceróis constituem 50% dos

ácidos graxos monoinsaturados e o restante se encontra dividido entre os ácidos

graxos saturados e poliinsaturados (SIKORSKI et al., 1994).

Ainda segundo os autores acima mencionados, os peixes tropicais

são mais ricos em ácidos ω6 que os do hemisfério norte. Em geral, o decréscimo

na temperatura ambiente vem acompanhado de um acréscimo no grau de

insaturação dos ácidos graxos e de um aumento do conteúdo de lipídios. Os

ácidos graxos mais importantes são o C20:5 e o C22:6. O primeiro é típico das

algas marinhas e o segundo se encontra no zooplâncton.

A utilização de outros ácidos poliinsaturados, ao invés do C22:6ω3,

poderia se explicar pela existência do mecanismo que poupa este ácido em

situações de carência alimentar, a fim de manter a integridade das membranas

fosfolipídicas, pois a presença do ácido C22:6 ω3 parece ser imprescindível na

conformação das membranas animais, particularmente, naqueles tecidos com

funções altamente especializadas (tecido cerebral, do nervo óptico, etc.) –

(CONTRERAS-GUZMAN, 1994).

De acordo com NUNES et al. (1990), pesquisas com Sardinella

pilchardus, demonstraram que a composição de ácidos graxos variou em função

do teor de gordura, o que está relacionado com sua situação alimentar. O teor de

ácidos graxos C22:6 apresentou um acréscimo de 13,2 para 32,7% em relação à

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fase magra (2,5%) e fase gorda (11,2% de gordura), respectivamente.

A grande quantidade de ácidos graxos essenciais (AGE) dos

animais marinhos é atribuída aos ácidos graxos poliinsaturados (AGPI), tais como

linoléico (ω6) e linolênico (ω3) contribuindo este em maiores proporções.

MAIA (1992), mencionou que apesar da identificação de cerca de

90 ácidos graxos nos óleos de peixes, não mais de 20 excedem 1% e apenas 9

ou 10 existem em quantidades suficientes para influir nas propriedades físicas ou

químicas das gorduras. Nessa classe estão incluídos os ácidos: palmítico (C16:0),

esteárico (C18:0), palmitoléico (C16:1ω7), oléico (C18:1ω9), 7-eicosenóico (C20:1

ω7), araquidônico (C20:4ω6), timonodônico (C20:5ω3), clupanodônico (C22:5ω3)

e docosaexaenóico (C22:6ω3).

Segundo KAYAMA et al. (1980), os ácidos graxos da família linoléica

e linolênica não são sintetizados pelos crustáceos. Dentro dessas duas famílias

os ácidos graxos contendo 20 ou mais átomos de carbono e mais do que 3

ligações insaturadas são geralmente denominados “Ácidos Graxos Altamente

Insaturados (AGPI, HUFAS ou PUFAS).

Inúmeros pesquisadores (SANDIFER AND JOSEPH, 1976; GUARY

et al. 1976 E MARTIN, 1980) observaram um incremento de 3-4% no crescimento

de camarões marinhos e de água doce alimentados com adição de óleos de

origem marinha, altamente insaturados, em suas dietas, o que é provável devido

a maior provisão de C20:5 e do C22:6, ácidos graxos poli-insaturados – PUFA, da

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família ω-3. O primeiro é típico das algas marinhas, enquanto o segundo é

encontrado no zooplâncton. Para MARTINO (2003) nas espécies de água doce a

razão ω3: ω6 varia de 1 a 4 enquanto nas espécies marinhas varia de 5 a 10.

Os lipídios de pescado utilizados na formulação de dietas para

camarões podem ser encontrados em farinhas de peixe, farinha de camarão,

farinha de lula, Artemia sp, óleos de fígado de bacalhau e de cação, dentre

outros. Esses produtos devem ser adicionados às dietas em proporções

adequadas aos requerimentos nutricionais de cada espécie.

3.5. Efeito das vitaminas C e E no desempenho de rações para camarões

cultivados

As primeiras rações para crustáceos foram formuladas a partir da

década de 70 e atenção especial foi dirigida para as exigências do teor e

qualidade da proteína. Informações sobre os requerimentos vitamínicos eram

praticamente inexistentes. A partir da década de 1990, premixes vitamínicos

passaram a ser incorporados às rações, sem no entanto ser questionado que os

requerimentos vitamínicos de camarões peneídeos eram diferentes de outros

animais. Também foi observado que em determinadas situações a combinação da

ingestão de diversos alimentos com uma substancial ingesta dos próprios

organismos do viveiro, possibilitava eliminar o uso destes premix com resultados

excelentes na sobrevivência e reduzido custo de produção (TRINO et al., 1992;

TRINO and SARROZA, 1995).

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Até o presente momento, apenas 30% de peixes e camarões produzidos

em cativeiro são alimentados com rações balanceadas. Existem ainda as rações

produzidas por fabricantes alternativos e pelos próprios carcinicultores, às quais são

deficientes em alguns nutrientes, principalmente, quanto aos ácidos graxos e quanto às

vitaminas C e E.

Os peixes e crustáceos sintetizam parte da vitamina C que

necessitam e, buscam a complementação desta vitamina tão necessária às suas

funções biológicas nas algas, no plâncton e na flora presente no ambiente

aquático. Entretanto, quando esses animais são cultivados e restritos a um

ambiente artificial, ficam dependentes da suplementação alimentar que

contenham ácido ascórbico em quantidades suficientes para atender as suas

necessidades em cativeiro.

A ausência ou insuficiência da suplementação de vitamina C em

dietas pode causar redução no crescimento, baixa conversão alimentar, lesões

tipo “manchas pretas”, dificuldade no processo de ecdise, além de altas

mortalidades. Assim como nos humanos, a vitamina C também estimula o sistema

imunológico, prevenindo o ataque de bactérias e vírus. Quanto a vitamina E

deficiências da mesma ocasionam também altas mortalidades, bem como

anemia, despigmentação da pele, e deficiência do processo reprodutivo.

Conforme CONKLIN (1997), os níveis de vitaminas necessários para

o máximo crescimento de L. vannamei sob condições de cultivo em laboratório

são de 120 mg/kg de dieta para a vitamina C (forma estável) e de 100 mg/kg de

dieta para a vitamina E.

Um fato a ser considerado é que, geralmente, muitas das rações

apresentam os níveis desejados, porém os produtores das mesmas não levam

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em considerações as expressivas perdas que podem ocorrer no seu

processamento, estocagem e as perdas por lixiviação ou manuseio por parte dos

camarões.

Por outro lado os níveis dietéticos sugeridos também são muito

dependentes da forma. O ácido ascórbico simples é facilmente oxidado a um

metabólito inativo, enquanto, o uso de compostos quimicamente estáveis como o

ascorbato, reduz grandemente a quantidade requerida no alimento. Pesquisas

realizadas por SHIAU & SUEN (1994) demonstraram que crescimentos

equivalentes foram obtidos com o camarão P. monodon, ao se usar 200mg/kg de

L- ácido ascórbico, apenas 157mg/kg de L-ascorbil-2-sulfato ou apenas 40mg/kg

de L-ascolbil-2-monofosfato.

No que se refere a vitamina E ou alfa-tocoferol é sintetizada apenas

pelas plantas e algas sendo portanto as únicas fontes naturais deste composto

para os crustáceos. Sabe-se que quanto maior o aporte de ácidos graxos

altamente insaturados na dieta, maiores serão as exigências desta vitamina, que

é também considerada um antioxidante natural.

A forma mais comum de adição dessa vitamina às dietas é sob a

forma de acetato de alfa-tocoferol não servindo como antioxidante. Porém ao ser

ingerido, a porção acetato é removida por hidrólise durante a digestão e o alfa-

tocoferol passa para a forma ativa e é incorporado as membranas lipídicas e

assim exerce a sua função antioxidante. Em rações para peixes, como a truta, o

uso de óleos de boa qualidade e de um antioxidante sintético (BHT) na

formulação reduziu a quantidade dietética aparente para a vitamina E. Em

L.vannamei, isto também foi observado por HE & LAWRENCE (1993). AKYAMA

et al.(1991) sugeriu, portanto, uma concentração de 100mg de vitamina/kg de

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ração ao contrário dos 300mg/kg comumente recomendado nas formulações

comerciais.

3.6. Estimuladores de apetite

O apetite dos camarões é regulado por mecanismos complexos

envolvendo fatores metabólicos, neurofisiológicos e hormonais. Em geral, sob

condições confinadas, o consumo de ração responde as necessidades

metabólicas e as exigências energéticas do animal. A energia é utilizada para

funções vitais de manutenção dos camarões, como locomoção, respiração,

excreção e digestão de alimentos. Frente a temperaturas mais reduzidas, a

atividade metabólica, e conseqüentemente os requerimentos energéticos dos

camarões se alteram, resultando em um menor consumo alimentar. Durante o

inverno, a percepção quimiosensitiva destes animais também diminui, o que torna

a ração menos atrativa e palatável. Isto dificulta o processo de detecção e

localização do alimento no viveiro; a temperatura da água também afeta as

exigências nutricionais dos camarões cultivados em função da menor

disponibilidade de alimentos naturais presentes no viveiro (HARPAZ, 1987).

Os camarões obtêm a energia requerida dos carboidratos, lipídeos e

proteína, presentes nos ingredientes constituintes de uma ração balanceada. Óleo

de pescado, farinha de lula e outras fontes de proteína de origem marinha são

utilizadas em rações como atrativos ou estimulantes químicos da atividade

alimentar dos camarões. No período de inverno, o formulador deve ajustar o perfil

nutricional da ração de forma que todos os requerimentos energéticos e

nutricionais sejam atendidos. Isto permite que as fontes protéicas presentes no

alimento sejam direcionadas exclusivamente para constituição da massa

muscular do animal e não como fonte energética. Caso ocorra um excesso de

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energia na produção, a saciedade alimentar é alcançada rapidamente, fazendo

com que o animal interrompa prematuramente o consumo de alimento. Numa

situação inversa, toda energia disponível na ração é absorvida e a proteína passa

a ser empregada com a finalidade de satisfazer os requerimentos energéticos.

Os atrativos e estimulantes são substâncias que chamam a atenção

dos animais, que, por sua vez, respondem dirigindo-se à fonte aparente (atrativo)

e ingerindo a substância de forma contínua (estimulante). Já foram obtidos

resultados positivos com vários aminoácidos, como a taurina, a arginina, a glicina,

a betaína, a trimetilamina, a isoleucina e outras substâncias individuais purificadas

(HARPAZ, 1987). Além de atrativa, a betaína aumenta a velocidade de

crescimento (HARPAZ, 1992). Conforme NEW (1995b), também ocorre efeitos

sinérgicos na combinação de duas ou mais dessas substâncias.

PROENÇA (1990) avaliou diversos atrativos incorporados a uma

dieta semipurificada com várias combinações de aminoácidos, extratos de

animais marinhos e um nucleotídeo, a adenosina 5 monofosfato. Os aminoácidos

na forma L utilizados foram: taurina, arginina, betaína+glicina, o produto comercial

FinnStim (betaína + outros aminoácidos), trimetilamina sozinha e acomoanhada

pelo FinnStim. A adenosina 5-monofosfato foi o atrativo mais potente, embora

tenha sido considerada, em dietas comerciais economicamente inviável. O

FinnStim foi considerado a opção mais viável e a combinação da betaína + glicina

(50% + 50%) a qual poderia ser usada quando aquele não estivesse disponível.

Alguns atrativos comerciais são encontrados no exterior, especialmente os de

origem marinha, como extratos de moluscos e solúveis de lulas, peixes e

camarões. No entanto, em escala comercial ainda não são produzidos no Brasil.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Camarões

O experimento biológico foi realizado nas instalações da Fazenda

produtora de camarões AQUAMARIS Aquacultura SA, situada em João Pessoa-

PB, por um período de cultivo de 40 dias, com camarões da espécie Litopenaeus

vannamei, com peso inicial de 2,5g, aproximadamente.

4.1.2. Ingredientes das rações

Para elaboração das rações experimentais foram utilizados os

seguintes ingredientes: Farinha de peixe, Farinha de camarão, Farinha de trigo,

Farinha de resíduos agro-industriais (acerola seca), Farelo de macaxeira, Farelo

de soja, Farelo de trigo, Farelo de milho, GMS, Óleo de soja, Óleo de peixe,

Vitamina E comercial. A maior parte dos ingredientes foram adquiridos sob forma

comercial, enquanto, farelo de macaxeira, farinha de camarão e farinha de

resíduos agroindustriais (acerola seca) foram processados em laboratório,

conforme os fluxogramas das Figuras 2, 3 e 4, respectivamente.

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Processamento do farelo integral de macaxeira

MACAXEIRA

LAVAGEM

TRITURAÇÃO EM MOINHO COM ORIFÍCIOS DE ABERTURA 5mm

MOAGEM EM MOINHOCOM PENEIRA DE MESH 20

ARMAZENAGEM À TEMPERATURA AMBIENTE (29 ± 2° C) E EMBALAGEM EM SACOS DE POLIETILENO

FIGURA 2 – Preparo de farelo integral da macaxeira

SECAGEM EM SECADOR DE CABINE A 50ºC/4HORAS

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RESÍDUOS DA INDÚSTRIALIZAÇÃO DE CAMARÃO (CEFALOTORAX E CASCA)

SECAGEM EM SECADOR DE CABINE( 50ºC/10 HORAS)

TRITURAÇÃO EM MOINHO DE MARTELO COM PENEIRA DE MESH 20

FARINHA DE RESÍDUOS DE CAMARÃO

EMBALAGEM EM SACO DE POLIETILENO E ARMAZENAGEM

SOB REFRIGERAÇÃO A 10ºC

FIGURA 3 – Preparo da farinha de camarão

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RESÍDUOS DA INDUSTRIALIZAÇÃO DE ACEROLA

SECAGEM EM SECADOR DECABINE 50ºC/10 Horas

HOMOGENEIZAÇÃO

TRITURAÇÃO DO MATERIAL EM MOINHO COM MALHA DE MESH 20

EMBALAGEM EM SACO DE POLIETILENO E ARMAZENAGEM À TEMPERATURA (29 ± 2° C)

FIGURA 4 – Processamento da farinha de acerola

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4.1.3. Fontes de lipídios das rações

Utilizou-se o óleo de peixe adquirido em colônia de pescadores e

óleo de soja comercial (Marca: Soya).

4.1.4. Fontes de vitaminas das rações

Utilizou-se a farinha de acerola como uma suplementação natural de

Vitamina C e Vitamina E comercial.

4.1.5 Equipamentos, reagentes e outros materiais

• Moedor elétrico para extrusão das rações;

• Misturador dos ingredientes das rações;

• Balanças comum e semi-analítica para pesagem dos camarões;

• Moinho de martelo;

• Estufa com circulação forçada de ar;

• 15 Tanques rede com dimensões 1mx1mx1m com malha de 1mm e

armação em madeira;

• Sacos e recipientes para acondicionamento das rações; Peneiras,

baldes, bacias, e outros materiais de uso em cultivo.

• Cloro (marca: HTH) e Cal (marca: Kical)

• Uréia (marca: Agrofértil) ;

• Superfosfato triplo (marca: Mapi) ;

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4.2. Metodologia

4.2.1. Formulação das rações

Foram formuladas três rações experimentais - RVSASE, RVCACE e

RVCASE, com aproximadamente 38% de proteína, levando-se em consideração

as necessidades nutricionais da espécie L vannamei, com base em informações

da literatura. Utilizou-se duas rações comerciais (35 e 40% de Proteína Bruta),

bastante utilizadas nos cultivos convencionais, denominadas de RCP35 e RCP40

(rações controle) para estudo comparativo durante o experimento biológico.

Deste modo os seguintes parâmetros foram avaliados:

• Adição de óleo de soja e de peixe (2,5 a 5%).

• Avaliação dos requerimentos vitamínicos

a) RVSASE – sem suplementação de farinha de resíduos da acerola;

b) RVCASE - suplementada com farinha de resíduos da acerola.

c) RVCACE - suplementada com farinha de resíduos da acerola e

adicionada de realçador de sabor (GMS) ou estimulador de apetite.

Os parâmetros avaliados e códigos das rações dos experimentos constam

da Tabela 10 enquanto o tipo e percentual dos ingredientes das formulações

constam da Tabela 11.

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TABELA 10 – Tipos de rações para utilização no experimento biológico

RVSASE

Formulação sem suplementação de farinha de acerola e sem estimulador de apetite

RVCASE

Formulação com suplementação de farinha de acerola e sem estimulador de apetite

RVCACE Formulação com suplementação de farinha de acerola e com saborizante/estimulador de apetite

RCP35 Ração Comercial com 35% de Proteína – Controle 1

RCP40 Ração Comercial com 40% de Proteína – Controle 2

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55

TABELA 11- Formulação das rações para o experimento biológico

INGREDIENTES (RVSASE) (RVCACE) (RVCASE) RCP35 RCP40

Farelo de macaxeira 250g (5%)

500g (10%)

500g (10%) - -

Farelo de milho 250g (5%)

250g (5%)

250g (5%) - -

Farelo de soja 2000g (40%)

1250g (25%)

1500g (30%) - -

Farelo de trigo 250g (5%)

250g (5%)

400g (08%) - -

Farinha de camarão - 500g (10%)

500g (10%) - -

Farinha de Peixe 1750g (35%)

1000g (20%)

1000g (20%) - -

Farinha de resíduos agroindústrias (acerola seca)

-

725g

(14,5%)

350g (07%)

- -

Farinha de trigo 250g (5%)

250g (5%)

250g (5%) - -

Monoglutamato de Sódio (MSG) - 15g

(0,3%) - - -

Óleo de peixe - 125g (2,5%)

125g (2,5%) -

Óleo de soja 250g (5%)

125g (2,5%)

125g (2,5%) - -

TOTAL 100 100 100

Vitamina E Comercial - 10g (0,2%) - - -

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56

4.2.2. Elaboração das rações

As rações foram processadas conforme NUNES (1993). Todos os

ingredientes secos foram pesados nas concentrações desejadas, misturados e

moídos a fim de uniformizar a granulometria. Em seguida, foi adicionado o óleo, e

após nova homogeneização da mistura adicionou-se então a água, de maneira

gradativa, para que a mistura atingisse um teor de umidade próximo a 60%. A

quantidade de água a ser adicionada a mistura foi calculada pela formula descrita

a seguir:

Onde׃

Q = Quantidade de água em ml

Ui = Umidade inicial da mistura

Ud = Umidade desejada da mistura

Após essa etapa, a mistura foi aquecida em aquecedor/mexedor,

com agitação, até a temperatura da massa ultrapassar 80°C, deixando-se por um

período de 10 minutos, a fim de se propiciar uma melhor gelatinização do

material. Em seguida, com a mistura ainda quente, procedeu-se a extrusão em

moedor elétrico de carne com placa de saída, com orifícios de 1 mm. Os pelletes

foram dispostos em bandejas e secos a 60°C em estufa com circulação de ar

forçado ate atingirem um teor de umidade abaixo de 12%. Em seguida foram

estocados em sacos plásticos à temperatura ambiente até serem utilizados nos

experimento.

Q = (Ud – Ui) x peso da amostra em gramas (100 – Ud)

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57

4.2.3. Análises químicas

Umidade - Realizada em estufa (Biomátic Aparelho cientifico Ltda)

com temperatura a 105°C, até alcance de peso constante, segundo a metodologia

descrita no item 24.002 da AOAC (1984).

Cinzas - Realizada pelo método gravimétrico, baseado na

incineração do material seco em forno mufla regulada a 550° (modelo Q-318.2,

marca QUIMIS), de acordo item 24.002 da AOAC (1984).

Lipídios - Os lipídios totais foram dosados submetendo-se a

amostra à extração com uma mistura de clorofórmio e metanol (2:1), seguida de

evaporação do solvente em estufa (Biomátic Aparelho cientifico Ltda) com

temperatura a 105°C, de acordo com metodologia de Folch et al. (1957).

Proteínas - Foi utilizado o método de Micro Kjedahl, empregando-se

um digestor marca Sarge – Aparelho Científico Ltda, modelo 40-25, um destilador

marca Fanem modelo 724/1-A. Utilizou-se um fator de 6,25 para conversão do

nitrogênio total em proteína (AOAC, 1984).

Cálcio - O teor de cálcio foi determinado por titulometria com EDTA,

segundo metodologia do Instituto Adolfo Lutz (1985).

Fósforo - Determinado pela medição da intensidade da cor azul

formada pela reação deste mineral com o molibdato de amônio produzindo o

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composto amoniofosfomolibidato, mensurado por espectrofotômetro (Metertec,

modelo SP-818) a um comprimento de onda de 650nm, de acordo com a

metodologia descrita em Rangana (1991).

• Perfil dos Ácidos Graxos

a) Preparação dos ésteres metílicos

Para a obtenção dos ésteres metílicos, utilizou-se aproximadamente

15mL da solução lipídica do extrato de clorofórmio, obtido por metodologia de

Folch et al., (1957), os quais foram transferidos para balões de fundo chato,

seguido de evaporação do clorofôrmio em estufa a 105°C. As amostras foram

transmetiladas segundo o método de Hartman & Lago (1973) que consiste numa

saponificação e conversão dos ácidos graxos em ésteres metílicos.

A saponificação foi realizada no material graxo pela adição de uma

solução metanólica de hidróxido de sódio 0,5N mantida sob refluxo por quatro

minutos. A esterificação foi realizada adicionando-se ao extrato lipídico 7,5mL do

reagente de esterificação (metanol + cloreto de amônio + ácido sulfúrico por 3 min

sob refluxo). Os ésteres transmetilados foram acondicionados em frascos de vidro

(7mL), lacrados e armazenados em freezer (-18°C) para posterior análise em CG.

b) Identificação dos ésteres metílicos

Os ésteres metílicos foram identificados pela análise cromatográfica,

realizada através de um sistema cromamatográfico a gás (HP, modelo 5890 serie

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59

II), equipado com detector de ionização de chama, injetor do tipo “split/splitless”. A

separação dos ésteres metílicos ocorreu em uma coluna capilar de sílica fundida

com 30m de comprimento x 0.25mm de diâmetro interno x 0,25μm de espessura

do (HP-INNOWAX, Hewlett Packard).

As condições analíticas foram as seguintes:

Gás de arraste: Hélio

Volume injetado: 2μl

Programação de temperatura: inicial 120°C (1min), aumento de 8°C/min até

210°C (55min)

Pressão na cabeça da coluna: 11,5 psi

Temperatura do detector: 250°C

Temperatura do injetor: 280°C

Os fluxos dos diversos gases usados foram os seguintes:

Gás de arraste (hélio):1mL/min;

Gás auxiliar (hélio):9,3mL/min;

Hidrogênio:16,7mL/min;

Ar sintético: 310mL/min;

Os dados sobre os tempos de retenção e as percentagens dos

componentes foram obtidos através do HP Chemstation, analisador de dados

acoplado ao cromatográfico. A identificação foi realizada através da comparação

dos tempos de retenção (tr) dos ésteres metílicos de ácidos graxos das amostras

com os dos padrões de ésteres metílicos autênticos, seguindo as condições

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60

analíticas idênticas.

Os valores quantitativos foram expressos em percentagem de área

do pico pertinente de cada éster metílico de ácido graxo, em relação à área total

dos picos representando todos os ésteres metílicos nas condições normalizadas

do cromatograma obtido nas análises.

4.2.4. Estabilidade

A estabilidade das rações foi avaliada conforme a metodologia

descrita por NUNES (1993). Para cada ração, 3 ‘pellets’ de 1 cm de comprimento

foram colocados em um becker, contendo 100 ml de água , à temperatura

ambiente, e com agitação manual, em intervalos de 1 hora, durante as primeiras 6

horas. A manutenção da forma e a resistência do ‘pellet’ à desintegração à uma

leve pressão dos dedos, foram avaliadas nos intervalos de 6, 10 e 24 horas.

4.2.5. Vida de prateleira das rações

As alterações na qualidade das rações comerciais e das

processadas, em função do tempo de estocagem foram avaliadas apenas,

organolepticamente, por equipe de 8 pessoas, devidamente treinadas, quanto a

cor e odor característico de rações para camarão. Para o atributo “cor” utilizou-se

uma escala hedônica de nove pontos, variando de creme amarelado até

fortemente amarronzado, enquanto para o atributo “odor” variou de extremamente

agradável (característico de ração) até extremamente desagradável com odor a

ranço.

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61

4.2.6. Experimento biológico

Definida a composição e o processo de elaboração das dietas objeto

dessa pesquisa, foram realizados vários experimentos onde foram

confeccionados tanques de tela de nylon com malha de 1mm. Os tanques-rede

tinham formato quadrado com dimensões de 1m x 1m x 1 m, contento 50

camarões/tanque rede, sendo fixados em estacas de madeira fixadas ao fundo do

solo do viveiro, mantendo-se bem esticadas para manter a firmeza dos mesmos.

A alimentação foi ofertada às 6:00, 12:00 e 17:00 h, em quantidade diária

variando de 3,5 a 6% de acordo com a biomassa contida nos tanques até o

período de 40 dias, o que foi ajustado de acordo com o tamanho e consumo dos

animais em cultivo. Inicialmente, a ração foi ofertada na forma de pellets tendo

em vista que o camarão a ser colocado nos tanques-rede no início do

experimento tinha um peso médio de 2,5g. Para cada ração avaliada, foram

realizadas três repetições, perfazendo ao final da pesquisa um total de 15

experimentos.

Para uma melhor visualização a metodologia adotada na fazenda

pode ser melhor observada através do fluxograma apresentado na Figura 5.

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FASE DO EXPERIMENTO RAÇÕES UTILIZADAS NOS EXPERIMENTOS BIOLOGICOS

VISUALIZAÇÃO DAS GAIOLAS

RCP35

RCP40

RVSASE

RVCASE

RVCACE

Gaiola 1 50 camarões

2,5g/m2

Gaiola 4 50 camarões

2,5g/m2

Gaiola 7 50 camarões

2,5g/m2

Gaiola 10 50 camarões

2,5g/m2 Gaiola 13

50 camarões 2,5g/m2

Gaiola 5 50 camarões

2,5g/m2

Gaiola 8 50 camarões

2,5g/m2

Gaiola 11 50 camarões

2,5g/m2

Gaiola 2 50 camarões

2,5g/m2

Gaiola 14 50 camarões

2,5g/m2

Gaiola 3 50 camarões

2,5g/m2

Gaiola 6 50 camarões

2,5g/m2

Gaiola 9 50 camarões

2,5g/m2

Gaiola 12 50 camarões

2,5g/m2

Gaiola 15 50 camarões

2,5g/m2

Figura 5 – Esquematização do trabalho para avaliação do desempenho nutricional de diversas dietas no Cultivo de camarão.

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63

4.2.7. Preparação do viveiro

Antes de se começar o cultivo, num período de 15 dias, iniciou-se a

preparação do viveiro (Figura 6), com a aplicação de calcário, com o solo ainda

úmido, objetivando corrigir o pH do solo. Este, ficou exposto ao sol por

aproximadamente 8 dias, para secagem e completa decomposição da matéria

orgânica remanescente através da troca gasosa, eliminando os gases não

desejáveis e principalmente a amônia tóxica. Após este período deu-se inicio a

revirada do mesmo para completar o tratamento. Antes de dar inicio ao

abastecimento, foi feita a esterilização com cal virgem, na proporção de 500

Kg/ha, para erradicação de possíveis predadores e/ou competidores.

FIGURA 6– Exemplo de um viveiro em fase de preparação

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64

Concluída a etapa acima citada, os viveiros foram abastecidos,

inicialmente, com 20% do seu volume e fertilizados com uréia e superfosfato triplo

na proporção de 4,0 e 0,4 grama/m3, respectivamente. Tais fertilizantes foram

previamente dissolvidos em água e a solução foi distribuída uniformemente ao

longo dos viveiros. Essas fertilizações têm como objetivo promover a proliferação

em massa do fitoplâncton e consequentemente, do zooplâncton, presentes na

água dos tanques, os quais desempenham importante papel no processo de

nutrição dos camarões, especialmente nos primeiros dias de cultivo. A eficiência

das fertilizações foi demonstrada mediante a mudança da coloração da água para

marrom, indicando a predominância de diatomáceas, que em função da grande

disponibilidade, possibilitará o Bloom do zooplâncton requerido como suporte

básico alimentar dos animais.

Os tanques-rede com dimensões de 1m x 1m x 1m foram

confeccionados com malha de 1mm (Figura 7). Os mesmos foram dispostos em

viveiros de 1000 m2. O abastecimento dos viveiros foi feito através de sistema de

bombeamento já existente no local, que capta água do estuário do Rio

Paraíba/Sanhauá. A renovação da água do cultivo era feita diariamente na razão

de 10% do volume. A densidade de estocagem foi de 50 camarões/m2. A

alimentação era ofertada às 6:00, às 12:00 e às 17:00 h, em quantidade variando

de 3,5 a 6,0 % do peso total da biomassa, o que foi ajustado de acordo com o

tamanho e consumo dos animais em cultivo. Utilizou-se “pellets” de tamanho

comercial, pois os camarões tinham o peso inicial de aproximadamente 2,5

gramas adaptando-se, assim, ao tamanho da partícula. Para cada ração avaliada,

foram utilizados 3 repetições, ou 3 tanques-rede.

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FIGURA 7 - Disposição dos tanques-rede no viveiro para o experimento de

engorda do camarão L.vannamei

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66

4.2.8. Distribuição da ração

Para minimizar os desperdícios ou escassez do alimento ofertado,

corrigir esses erros e melhor observar o consumo e a sanidade dos animais a

ração foi distribuída em bandejas ou comedouros (Figura 8), técnica empregada

no cultivo de camarões marinhos conforme recomendações de vários autores

(ROCHA et al.,1989; MAIA, 1995; RIVAS, 1997; ROCHA et al., 1998a).

FIGURA 8 – Exemplo de arraçoamento em bandejas

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67

4.2.9. Controle da qualidade da água

Diariamente, foi realizado um controle da qualidade da água de

cultivo, através das determinações dos níveis de salinidade (mantida em torno de

35%o e medida pela utilização do refratômetro) temperatura, oxigênio dissolvido e

pH utilizando-se de refratômetro, termômetro, oxímetro e phagâmetro

respectivamente. Além destes parâmetros, analisou-se também quinzenalmente,

durante o experimento os teores de amônia, nitrito e nitrato, feitas no laboratório

do Departamento de Ecologia da UFPB.

4.3.0 Determinação da sobrevivência, do crescimento e da taxa de

conversão alimentar (TCA)

A partir do primeiro dia de povoamento dos animais nos tanques

rede foram realizadas biometrias no 20° e 40° dia do cultivo, para se avaliar a

taxa de conversão alimentar (TCA), o crescimento (cm), ganho de peso (g) e

sobrevivência de acordo com a metodologia descrita por NUNES (1993) e

ROCHA (1998).

Taxa de sobrevivência:

Ao final do período de 40 dias, os animais foram contados e

pesados em balança analítica para determinação da biomassa total. De posse do

número final de camarões em cultivo foi possível determinar a taxa de

sobrevivência, em percentagem.

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Ganho de peso:

Os camarões foram pesados, através de balança semi analítica, no

início, no 20º dia e no final do experimento. O ganho médio de peso (g) foi

determinado, através da subtração do peso médio inicial do peso médio final, da

respectiva biometria.

Taxa de conversão alimentar (TCA):

A TCA foi calculada no 40º. dia do experimento dividindo-se a

quantidade de ração total ofertada, durante o cultivo, pelo ganho de peso

(biomassa final – biomassa inicial).

4.3.1 Determinação das análises estatísticas

Os resultados observados nos experimentos foram registrados e

informatizados em um banco de dados com a utilização do pacote estatístico

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)- versão 5.0 for windows. As

técnicas estatísticas utilizadas para analisar os dados foram as medidas

descritivas: média; desvio-padrão e coeficiente de variação. O delineamento

utilizado foi o modelo de análise de variância ANOVA. A comparação das médias

foi feito pelo teste de TUKEY, considerando o nível de significância de 5%

(MARTINEZ-GARZA,1988).

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69

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Composição química das rações Experimentais

A composição química das rações RCP35, RCP40, RVSASE,

RVCASE e RVCACE utilizadas na engorda de L.vannamei em tanques-rede,

pode ser observada na tabela 12. Todas apresentaram teores de umidade dentro

da faixa recomendada na literatura. Este atributo é muito importante pois,

umidade muito baixa, menor que 6%, denota a ocorrência de secagem excessiva

e podem acarretar um decréscimo na qualidade protéica da ração (CUZON &

GUILLAUME, 1997), enquanto que valores muito elevados diminuem a vida de

prateleira das rações.

No que se refere aos níveis de proteína, as rações formuladas

apresentaram um teor protéico em torno de 35 e 41,80%. Apesar de COUSIN et

al. (1992) terem sugerido um requerimento protéico de 32-35 % para camarão P.

vannamei, decidiu-se optar por um nível também mais elevado de proteína nas

rações formuladas em relação à ração comercial, pois COLVIN & BRAND, (1997),

afirmam que animais menores requerem dietas com nível protéico mais elevado.

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70

TABELA 12 - Componentes químicos das rações comerciais e formuladas

RAÇÕES COMERCIAIS E FORMULADAS

COMPONENTES RCP35

(%)

RCP40

(%)

RVSASE

(%)

RVCASE

(%)

RVCACE

(%)

UMIDADE 7,90 7,90 11,10 9,60 11,20

PROTEÍNAS 35,70 36,80 41,80 35,80 40,65

LIPÍDIOS 9,90 11,00 8,50 7,50 9,05

FIBRAS 1,00 0,80 1,80 3,60 2,00

CARBOIDRATOS 37,40 35,20 28,50 35,30 30,50

CINZAS 8,10 8,30 8,30 8,20 6,60

FÓSFORO 2,50 1,12 1,15 0,83 1,20

Cálcio 1,62 1,63 1,35 1,45 1,20

VitaminaC (mg/100g) 3,42 3,48 6,06 14,00 17,00

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71

Os teores de lipídios das rações RCP35, RCP40, RVSASE, RVCASE e

RVCACE se situaram em 9,90%, 11,00%, 8,50%, 7,50% e 9,05%,

respectivamente. A quantidade de lipídios afeta o valor energético das

rações, e quando o percentual excede a 12%, isso pode causar

retardamento no crescimento (DESHIMARU, 1981). A quantidade de

alimento consumido é geralmente influenciado pelo seu conteúdo energético

e uma dieta com teor gordura em excesso causa uma redução do consumo

resultando, conseqüentemente, em uma deficiência nutricional (CHURCH &

POND, 1982). Por outro lado, o alimento aquático, escasso em carboidratos

e abundante em lipídios e proteínas, é provavelmente responsável pela

tendência dos organismos aquáticos em usarem proteína como fonte de

energia (GUILLAUME, 1991), o que deve ser evitado, uma vez que os

ingredientes protéicos elevam os custos da ração.

O teor de cinzas das rações RVSASE, RVCASE foi de 8,30%,

8,20%, respectivamente valores bem próximos ao das rações comerciais RCP35

(8,10%) e RCP40 (8,30%). Porém, a ração RVCACE apresentou o teor de cinza

um pouco inferior (6,60%) em relação às demais.

No que se refere aos teores e proporções Cálcio:Fósforo (Ca:P) as

rações RCP40 e a RVCASE apresentaram taxas de 1,45:1 e 1,75:1 um pouco

acima dos níveis recomendado por NEW (1976) que é 1,3:1. A ração RVSASE

mostrou-se mais balanceada, portanto, quanto a este parâmetro (1,17:1). O autor

supramencionado cita ainda que taxas acima de 2:1 pode haver inibição do

crescimento e perda de pigmentação.

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72

5.2 Concentração de Vitamina C nas dietas

A utilização da farinha de resíduos de acerola na formulação das

rações teve como objetivo possibilitar um incremento no teor de vitamina C das

mesmas.

As rações comerciais RCP35 e RCP40, apresentaram, 3,42 e 3,48

mg de vitamina C/ 100g de ração, valores mais baixo do que o recomendado na

literatura, enquanto as rações formuladas RVSASE, RVCASE e RVCACE

apresentaram teores de 6,06, 14,00 e 17,00 mg de vitamina C/ 100g de ração

(Tabela 12). A presença desta vitamina na ração RVSASE foi devida a outros

ingredientes, pois a esta não foi adicionado o resíduo de acerola. Deste modo, a

incorporação do mesmo nas proporções de 7e 14,5% na formulação proporcionou

um incremento real de 7,9 e 11,94mg de vitaminaC/100g de ração. Os

requerimentos vitamínicos para várias espécies de camarões apresentadas por

CONKLIN (1997), sugerem para P.vannamei, 120 mg de vitamina C/kg de ração

ou 12 mg/100g de ração.

A perda de vitamina C que ocorre durante o processamento e

estocagem das rações foi observada por SANDNES & UTNE (1982), os quais

mencionaram que 44 a 61% de vitamina C contida em rações comerciais é

perdida em função das altas temperaturas de processamento, enquanto apenas

23%¨é perdida nos processos a frio.

Geralmente as indústrias de rações utilizam premix vitamínico que

nem sempre atende as exigências específicas para uma determinada espécie. A

vitamina C ou ácido ascórbico puro é extremamente solúvel em água e sensível

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73

ao calor gerado nos processos de fabricação de rações, resultando em perdas

consideráveis deste nutriente em ração elaborada.

As rações RVCASE e RVCACE que foram suplementadas com

resíduos de acerola apresentaram-se, portanto, balanceadas quanto a este

nutriente, mesmo após processadas, o que demonstra a viabilidade da utilização

deste ingrediente na suplementação de vitamina C em rações.

5.3. Composição de ácidos graxos das rações

A representação gráfica dos ácidos graxos encontrados nas rações

RVSASE, RVCASE e RVCACE, consta da Figura 9 enquanto a composição

percentual dos mesmos e os quantitativos de ácidos graxos saturados,

insaturados, mono e polinsaturados encontram-se na Tabela 13.

Foram identificados 24 ácidos graxos para as rações RVSASE,

RVCASE e RVCACE , sendo os de maiores teores C16:0, C18:0, C18:1ω9, C18:2

ω6 e C 22:6ω3. Na ração RVSASE, foram identificados apenas 23 ácidos graxos,

não sendo encontrados o C20:5ω3, embora tenha sido a única que apresentou

um teor considerável do C20:3.

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74

FIGURA 9 – Representação gráfica comparativa dos ácidos graxos das rações RVSASE, RVCACE, RVCASE.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

C12:0

C13:0

C14:0

C15:0

C15:1

C16:0

C16:1

C17:0

C17:1

C18:0

C18:1

C18:2

C18:3

C18:3

C19:0

C20:0

C20:1

C20:3

C20:4

C22:0

C22:1

C22:5

C22:6

C25:1

Per

cent

ual (

%)

RVCACERVCASERVSASE

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75TABELA 13 – Quantificação dos ácidos graxos das rações em relação ao grau de

insaturação (% dos ácidos graxos totais)

RAÇÕES ACIDO GRAXO

RVSASE RVCASE RVCACE C12:0(Láurico) 0,06 - 0,03C13:0(n-tridecílico) 0,07 - 0,11C14:0(--mirístico) 1,87 1,15 1,12C15:0(n-pentadecílico) 0,31 0,24 0,12C15:1 0,06 - 0,02C16:0(palmítico) 22,93 27,15 13,57C16:1(palmitoléico) 2,92 2,00 1,69C17:0(margárico) 1,51 0,94 0,71C17:1 0,35 0,32 0,32

C18:0(esteárico) 6,24 7,83 5,18C18:1(óleico) 23,98 29,90 22,05C18:2(linoléico) 22,06 20,16 35,63C18:3(linolênico) 2,16 1,53 4,12C19:0(n-nonadecílico) 0,07 - 0,80C20:0(araquidico) 0,48 0,83 0,47C20:1(gadolêico) 1,00 0,50 0,42C20:3 4,45 - 0,07C20:4 (araquidônico) 0,42 0,80 0,25C22:0 3,43 2,32 4,06C22:1 0,29 - 0,06C22:5 0,50 0,41 0,50C22:6 4,72 3,31 4,65C25:1 - - 0,32Saturados 36,96 40,45 26,17Insaturados 62,92 58,94 70,10Monoinsaturados 28,61 32,72 24,89Poliinsaturados 34,31 26,22 45,21

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76A ração RVSASE foi elaborada com adição apenas de óleo de soja, o

que denota em sua composição grandes teores de C18:1 e C18:2 e a ausência ou

pequena participação de ácidos graxos ω3. MORETTO & FETT (1998), mencionaram

que o óleo de soja é uma importante fonte de ácido linoléico representando 51% de

sua composição. Entretanto, observou-se a presença do ácido graxo poliinsaturado

C22:6 nesta ração o qual foi decorrente da presença de lipídios de origem marinha,

porém resultante da incorporação em grande quantidade de farinha de peixe na

dieta e não da adição de óleo de peixe.

As rações que apresentaram o maior teor de ácidos graxos saturados

foram a RVCASE (40,45%) e RVSASE (36,96%), sendo os principais representantes

o, C16:0, C18:1e C18:2.

O ácido palmítico apresentou teores variando de 13,57 a 27,15%

(Tabela 13), o que merece atenção particular, pois há evidências que esse ácido

pode ser convertido em outros ácidos saturados ou poliinsaturados. KANAZAWA et

al. (1979), observaram que Penaeus japonicus pode converter ácido palmítico

(C16:0) em outros ácidos graxos saturados ou monoinsaturados, embora a atividade

originária do acido palmítico, não foi encontrada nos ácidos linoleico (18:2ω6),

linolênico (18:3ω3), eicosapentaenoico (20:5ω3), e docosahexaenóico (22:6ω3), o

que sugere que dietas para camarões marinhos devem ser, portanto, providas de

uma fonte de AGPI para proporcionar um bom crescimento.

COLVIN (1976) & BOTTINO et al. (1980), em estudos com camarões

marinhos também observaram que existe uma capacidade limitada e a falta de

habilidade em converter ácidos graxos poliinsaturados C18 para C20 ou C22. Porém

KANAZAWA et. al. (1979), mencionaram que Penaeus japonicus demonstrou alguma

habilidade em converter ácido linolênico (18:3ω3) em 20:5ω3 e 22:6ω3. Ainda não

foram encontrados dados na literatura que mostre esta relação para o P. vannamei.

ROCHA (1999) em dietas para pos-larvas de P vannamei encontrou teores mais

altos teores de C16 em dietas contendo óleo de peixe do que em óleo de soja, o

mesmo acontecendo em relação ao C22:6.

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77A ração que apresentou o menor teor de ácidos saturados foi a

RVCACE (26,17%) e, portanto, o maior teor de insaturados (70,10%) sendo o C18:1

ω9 e o C18:2ω6 os mais representativos. Considerando que a formulação desta

ração, quanto a adição de óleo de soja e de peixe, foi similar a ração RVCASE, a

qual apresentou 58,94% de insaturados e 40,45% de saturados, vale ressaltar que

esta diferença pode ser devida a adição à mesma de Vitamina E na forma

lipossolúvel.

Na tabela 14, pode-se observar a ocorrência bem como a proporção

dos ácidos graxos dos ω6 e ω3.

TABELA 14 – Composição (%) dos ácidos graxos poliinsaturados das rações.

Ração Ácidos graxos Polinsaturados RVSASE RVCASE RVCACE

ω6 22,06 20,16 35,63

ω3 5,70 5,25 9,27

ω3: ω6 0,26 0,26 0,26

ω6: ω3 3,87:1 3,84:1 3,84:1

No que se refere a proporção ω3:ω6 pode-se observar que foram

similares nas 3 rações processadas. Segundo ZIMMERMANN ( 1998) as indústrias

de rações comerciais vem aumentando constantemente o conteúdo dos lipídios das

dietas para camarão, utilizando mais ácidos graxos ω6 do que ω3. New (1994)

afirmou existir uma tendência mundial de aumentar ainda mais estes níveis.

A partir do momento que o preço do óleo de peixe passou a custar mais

caro do que o óleo de soja, a indústria mundial de rações vêm, de forma gradativa,

aumentando a quantidade deste nas rações (MARTINO, 2003) Conforme este autor,

isto não quer dizer que as rações estejam mais pobres nos ácidos graxos EPA e

DHA, pois um balanceamento adequado pode fornecer ao peixe, a quantidade

necessária exigida destes ácidos graxos. Esta quantidade e, principalmente, a

proporção ω3: ω6 ainda não está bem definida para rações de engorda da espécie

L.vannamei .

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78

5.4. Estabilidade em água das rações

A estabilidade em água das rações formuladas e da comercial RC35 ,

pode ser observado na Tabela 15. Com exceção da Ração RCP40, de forma

granulada, todas as demais apresentaram um período de estabilidade em água

superior a 24 horas. Vale ressaltar que, atualmente, em decorrência do novo manejo

de arraçoamento em bandejas, duas a três vezes ao dia, adotado nas fazendas de

cultivo, uma estabilidade de apenas 6a 12 horas pode ser considerada satisfátoria.

TABELA 15 – Estabilidade das rações experimentais

RAÇÕES ESTABILIDADE (h) _________________________________________________

6 10 24

RCP35 + + +

RCP40 _ _ _

RVSASE + + +

RVCASE + + +

RVCACE + + +

(+) Manutenção da estabilidade da pellet

(-) Ração sob a forma farelada

5.5. Vida de prateleira das rações

A vida útil de rações comerciais para camarão é um parâmetro que vem

merecendo destaque, variando de 60 a 90 dias conforme rotulagem dos fabricantes.

Dentre inúmeros parâmetros a serem observados, a perda de qualidade das rações

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79está relacionada com processos de rancificação, em decorrência da oxidação de

lipídios, desenvolvimento de bolores com cheiro a “mofo” e alteração da cor. Após o

período de 40 dias, a vida de prateleira das rações formuladas avaliadas apenas,

organolepticamente, para os parâmetros supramencionados, mostrou-se adequada,

não se observando odor a ranço, e/ou a mofo e nem alteração de cor (Tabela 16).

Vale ressaltar que as mesmas foram devidamente embaladas em sacos plásticos e

estocadas à temperatura ambiente.

TABELA 16 – Avaliação da Vida de prateleira das rações

RAÇÕES VIDA DE PRATELEIRA (DIAS)

0 dia 40 dias OBSERVAÇÕES

RCP 35- Controle

Odor atrativo; cor amarronzada

Odor atrativo; cor amarronzada

Pellets muito pequenos; sem alteração de cor e

odor

RCP 40- Controle

Odor atrativo; cor amarronzada

Odor atrativo; cor amarronzada

Já granulada; sem alteração de cor e

odor

RVSASE Odor atrativo; cor marrom claro

Odor atrativo; cor marrom claro

Aspecto excelente; sem alteração de cor e

odor

RVCASE Odor atrativo; cor marrom claro

Odor atrativo; cor marrom claro

Aspecto excelente; sem alteração de cor e

odor

RVCACE Odor atrativo; cor marrom claro

Odor atrativo; cor marrom claro

Aspecto excelente; sem alteração de cor e

odor

5.6. Características do experimento biológico

5.6.1. Parâmetros hidrológicos

Os valores médios dos parâmetros hidrológicos observados durante o cultivo,

bem como os recomendados para o cultivo de P.vannamei , conforme BOYD (1989),

podem ser comparativamente observados através da tabela 17. Os valores diários de

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80oxigênio dentro dos tanques-rede e no viveiro de 1 a 20 e 21 a 40 dias de cultivo

estão apresentados nos Anexos II e III.

Observa-se que nos dias das tomadas das medidas destes parâmetros

todos se situaram dentro dos padrões sugeridos na literatura.

Entretanto quanto aos teores de oxigênio ocorreu variação destes

valores medidos dentro e fora dos tanques rede, em virtude das condições

climáticas, decorrentes da alta pluviosidade e incidentes com os aeradores.

A produção de oxigênio dissolvido (O2) num viveiro, elemento vital para

sobrevivência do camarão, aumenta consideravelmente durante o dia. Com a luz

solar, ainda que a fotossíntese (produtora de o2) e a respiração dos seres vivos

(consumidora de o2) se realizam simultaneamente, aquela é muito mais intensa do

que esta, havendo como resultado um superávit de oxigênio dissolvido no meio

aquático. No transcurso da noite, não existindo a fotossíntese e continuando a

respiração, que em muitos casos se acentua, registra-se uma diminuição dos níveis

de o2. Se a água do viveiro é rica em fitoplâncton, a redução de oxigênio é ainda

mais acentuada, o que justifica a recomendação de se usar o aerador,

preferencialmente, durante a noite.Por outro, é importante ter presente que a

solubilidade do o2 varia com a temperatura e a salinidade da água (Revista da ABCC,

1999).

O pH da água do cultivo foi mantido levemente alcalino, entre 8,0 a

8,5. Quando o pH não estava dentro desta faixa, era necessário trocar uma

determinada quantidade de água periodicamente. Na água do cultivo, normalmente,

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81o aumento dos fitoplânctons, além das excreções de matéria-orgânica, pode

causar variações bruscas no pH.

A temperatura da água é um fator de grande importância no

desenvolvimento de espécies aquáticas. Embora a temperatura tenha se situado em

níveis baixos, 25 a 28,9 ºC, em decorrência do período chuvoso na região, obteve-se

uma boa sobrevivência, porém pode ter implicado em um menor consumo de ração,

devido a redução do metabolismo dos animais, conforme será discutido

posteriormente, na avaliação do desempenho nutricional das rações .

A salinidade no decorrer do cultivo apresentou um valor médio de 18

ppt. dentro da faixa recomendada na literatura. O termo salinidade se refere a

concentração total de todos os íons presentes na água. A salinidade da água do mar

se situa em torno dos 34 ppt, porém, em áreas estuarinas, estes valores geralmente

variam de 5 a 40 ppt.

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82

TABELA 17 - Parâmetros hidrológicos observados durante os 40 dias de cultivo no

viveiro utilizado para o experimento.

Parâmetros

Valores coletados

no viveiros

(Mínimo e máximo)

Valores sugeridos

por BOYD (1989)

Temperatura (ºC) 25 a 28,9 28-32

Salinidade (ppt) 17 a 19 15-25

Oxigênio Dissolvido (mg/L)

Superfície

Fundo

8,0 a 9,9

6,5 a 7,5

> 3

PH 7,9 a 8,5 7-9

Amônia Total (mg/L) 0,59 a 0,92 < 1,0

Nitrito (mg/L) 0,016 a 0,022 < 0,1

Transparência (cm) 34 a 36 -

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83Em relação a concentração de amônia, no decorrer do cultivo

apresentou uma média de 0,8 mg/l e portanto dentro dos limites recomendados. A

amônia é um fator importante como regulador de saúde e do crescimento , nos

animais aquáticos em cultivos intensivos e semi-intensivos. Camarões peneídeos

devem ser cultivados em água com concentração de amônia acima de 0,45 mg/l.

Contudo, deve-se lembrar que ocorre uma interação entre vários parâmetros

analisados e que a amônia é mais tóxica quando as concentrações de oxigênio

dissolvido estão muito baixas (BOYD, 1989).

Conforme BOYD (1989 ) citado por ROCHA (1999) a maior fonte de

amônia em água dos cultivos é proveniente da excreção dos camarões em cultivo e

das possíveis sobras de alimento. Se a concentração de amônia (NH3) aumenta na

água, a excreção de amônia diminui e os níveis de amônia no sangue e outros

tecidos aumentam. Isto resulta em uma elevação do pH do sangue, causando efeitos

adversos nas reações de catalização por enzimas e na estabilidade das membranas.

A amônia também incrementa o consumo de oxigênio pelos tecidos, guelras, e reduz

a habilidade do sangue de transportar oxigênio. Exposições crônicas a níveis

elevados de amônia tornam os camarões susceptíveis a doenças, além de reduzir o

crescimento.

O nitrito foi um dos parâmetros que se manteve bem abaixo do

recomendado pela literatura, uma média de 0,02 mg/l. O que pode ser explicado pela

própria procedência da água, que recebe grande aporte de água de esgotos de

áreas próximas a área de captação.

Entre o 20ºdia e o 40º dia de cultivo houve algumas limitações quanto

ao aporte de oxigênio nos tanques-rede por parada dos aeradores na fazenda e

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84também pela acumulo de incrustações nas paredes dos tanques, o que limitou

muito o fornecimento de oxigênio para os camarões. Embora bastante vigilante

quanto a esta circunstância ainda observou-se limitações no experimento nos últimos

dias de cultivo, período em que os animais estavam maiores e mais exigentes quanto

ao oxigênio.

Vale ressaltar que o diâmetro das telas dos tanques-rede foi,

inicialmente, planejado para cultivo de Pós-larvas na fase de berçário intensivo e por

isto mostrou-se inadequado para os animais já em crescimento ( 2,5 ± 0,5g), pois

mesmo sendo a tela escovada, freqüentemente, os tanques acumulavam uma

quantidade muito grande de incrustações, resultante da matéria orgânica em

suspensão, decorrente do período chuvoso, impedindo uma livre e freqüente

movimentação da água dentro dos mesmos, nas paredes dos tanques, o que deve

ter prejudicado muito o aporte de oxigênio.

5.7 - Ganho de Peso

A Tabela 18 apresenta os dados de ganho de peso dos camarões

cultivados em tanques-rede por um período de 40 dias. A densidade de estocagem

foi de 50 camarões/m2 com peso médio inicial de 2,50 ± 0,5g.

Até aos 40 dias de cultivo todas as rações possibilitaram um ganho de

peso satisfatório, variando entre 0,09 a 0,11g/dia, ou 0,63 - 0,77g/semana para as

rações comerciais, com 35 e 40% de proteína, respectivamente. Para as rações

formuladas os valores encontrados foram de 0,09 a 0,10g/dia ou 0,63 a

0,70g/semana, os quais podem ser considerados adequados pois cultivos comerciais

apresentam valores similares ou um pouco superiores (0,9g/semana), uma vez que é

comum despesca de camarões de 12-15g com 109-125 dias de cultivo ( ROCHA

,2003).

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85TABELA 18 – Ganho de Peso (g) dos camarões em função das rações

RAÇÕES Peso inicial médio dos

camarões (g)

1a.

Biometria

Ganho de Peso (g) (20dias)

2º Biometria

Ganho de Peso (g) (40dias)

RCP35 2,50±0,05 6,06 3,56gb 6,46 3,96b

RCP40

2,50±0,05

6,52

4,02ga

6,96

4,46a

RVSASE

2,50±0,05

6,00

3,50gb

6,45

3,95b

RVCASE

2,50±0,05

5,70

3,20gb

6,22

3,72b

RVCACE

2,50±0,05

5,76

3,25gb

6,22

3,94b

Médias com letras iguais não diferem significativamente entre si (P < 0,05)

Estatisticamente, a ração RCP40 foi a única que diferiu

significativamente das demais, em relação a este parâmetro. Vale ressaltar, que do

ponto de vista nutricional, em relação à ração comercial RCP35 apenas apresentou

um teor um pouco superior de proteína e de lipídios. Porém, mostrou-se melhor

balanceada quanto a taxa cálcio:fósforo que foi de 1,45:1.

Camarões cultivados comercialmente, no viveiro onde os tanques-rede

estavam inseridos e alimentados com a mesma ração comercial RCP35%, após 97

dias de cultivo apresentaram apenas 8,9g em média, o que representou um ganho

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86de peso diário de 0,09g/dia ou 0,63g/semana . Em outro viveiro, no qual se utilizou

a mesma densidade de camarões/m2 e outra marca comercial de ração com 37% de

proteína, após 97 dias de cultivo, o peso médio dos camarões foi de 8,0g. Entretanto,

valores superiores já estão sendo obtidos em alguns cultivos comerciais, com

monitoramento mais intenso dos parâmetros hidrológicos ( MARTINO, 2003) .

Experimentos realizados em tanques-rede com o Pós-larvas do

camarão de água doce Macrobrachium rosenbergii, iniciando o povoamento com

peso médio de 0,013g apresentou peso final de 0,045g após 20 dias de cultivo.

Segundo informes da Revista da ABCC (2001) o cultivo em gaiolas, além de

apresentar algumas vantagens sobre os cultivos em viveiros escavados em terra,

pode render 3 toneladas/ha/ano, considerando-se uma produção média obtida de

1Kg/m2 de gaiola /colheita e 3 colheitas ao ano. O rendimento médio das fazendas

de camarões marinhos no Brasil era de 4.706 Kg/ha/ano, em 2001, passando para

5.458kg/ha/ano (ABCC, censo 2002).

5.8. Comprimento dos camarões

As rações comerciais e a formulada RVSASE apresentaram um

comprimento (cm) levemente superior as demais rações (Tabela 19).

Estatisticamente, quanto a este parâmetro não houve diferenças

significativas entre as rações comerciais e a RVSASE. Diferenças significativas do

comprimento foram, entretanto, observadas entre as rações RVCASE e RVCACE

e entre estas e as demais, nos 40 dias de cultivo.

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87TABELA 19 - Desempenho das rações quanto ao comprimento de camarões

Ração Comprimento Médio (cm)

N= 10 camarões

RCP35 9,6C

RCP40 9,7C

RVSASE 9,8C

RVCASE 9,2A

RVCACE 9,0B

Médias com letras iguais não diferem significativamente entre si (P < 0,05)

A ração RVSASE foi a que teve maior crescimento dentre as demais

rações formuladas, apesar de em sua formulação não ter sido adicionado: óleo de

peixe, vitamina C de resíduos de acerola e nem GMS como palatabilizante.

Entretanto, foi a que apresentou o maior teor de proteína e melhor proporção

cálcio:fósforo (1,17:1), pois tem sido aceito que relações cálcio:fósforo superiores a

2,4:1 pode haver inibição do crescimento, conforme já discutido anteriormente.

5.9 Conversão Alimentar (TCA)

Quanto a conversão alimentar (Tabela 20) a ração comercial RCP35 e a

RVSASE apresentaram melhores resultados em comparação às demais, cujos

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88valores foram compatíveis aos encontrados em cultivos comerciais que se situa

entre 1,3 – 1,5 (NUNES, 1990).

TABELA 20 - Conversão alimentar após 40 dias de cultivo

Ração CONVERSÃO ALIMENTAR

RCP35 0,95

RCP40 1,18

RVSASE 1.01

RVCASE 1.80

RVCACE 2,77

A ração de pior desempenho (RVCACE) cuja TCA foi de 2,77 apresentava em

sua formulação maior teor de vitamina C, adição de vitamina E, GMS como

palatabilizante , óleo de peixe e óleo de soja, com um teor de proteína equivalente a

40,65%. É provável que este mau desempenho tenha sido decorrente da localização

do tanque-rede dentro do viveiro (Figura 7) resultando no aporte mais limitado de

oxigênio (anexo I e II) o que deve ter influenciado também o apetite dos animais.

Vale ressaltar que esta ração apresentou também menor percentual de

sobrevivência e biomassa final.

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896.0 Sobrevivência

A sobrevivência dos camarões (Tabela 21) variou bastante em função

das dietas analisadas. De modo geral pode ser considerada baixa em relação à

forma de cultivo comercial tradicional das grandes fazendas que é superior a 75%

(ABCC, 2003).

A ração RVSASE foi a que apresentou o melhor percentual de

sobrevivência dentre as rações formuladas. Sabe-se que um maior teor de vitamina

C na dieta melhora a sobrevivência dos animais. Entretanto esta ração não foi

suplementada com vitamina C de resíduos de acerola, apresentando teores desta

vitamina abaixo do recomendado na literatura. Nutricionalmente, o diferencial desta

ração foi o maior teor de proteína em relação às demais e também uma taxa de

cálcio:fósforo (1,17:1) situada na faixa recomendada por BOYD ( 1989 ) que

corresponde a 1,8:1 a 2:1.

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90TABELA 21 - Número de camarões sobreviventes em cada tanque rede e ao final

de 40 dias de cultivo*.

RAÇÃO 1o Tanque

rede

2o Tanque

rede

3ºTanque

rede

Sobrevivência

média

% de

sobrevivência

RCP35 33 32 29 31 62

RCP40 15 27 29 23 47

RVSASE 30 27 32 30 59

RVCASE 31 16 29 25 51

RVCACE 17 15 20 17 35

(*) Densidade inicial = 50

BADOR (1989), mencionou que através de um manejo adequado e

utilização de alimento de boa qualidade no cultivo em tanques berçários, pode-se

obter sobrevivências da ordem de 80%. Apesar do ganho de peso ser um parâmetro

bastante observado, o percentual de sobrevivência também é de extrema

importância, pois o número de indivíduos sobreviventes multiplicado pelo peso médio

dos mesmos dará a biomassa final do cultivo e, portanto a produtividade e

rentabilidade do cultivo.

Neste contexto, a tabela 22 mostra a biomassa final em função das

rações experimentais.

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91

TABELA 22 - Biomassa final dos camarões após 40 dias de cultivo

RAÇÃO Sobrevivência

Média

Peso médio

Final (g)

Biomassa final

Média (g)

RCP35 31 6,46 200,26

RCP40 23 6,96 160,08

RVSASE 30 6,45 193,35

RVCASE 25 6,22 155,50

RVCACE 17 6,44 109,48

Observa-se, portanto, que a ração RVSASE, apesar de ter apresentado

um ganho de peso dos camarões um pouco menor do que o das rações comerciais,

no cômputo final, apresentou biomassa final superior a ração comercial, com teor

próximo de 40% de proteína. Uma vez que a ração RVSASE teve uma porcentagem

de 35% de farinha de peixe adicionada, mostrando-se equilibrada quanto a este

ingrediente, uma vez que, segundo AKYAMA (1988) basta um conteúdo de 20%.

Quanto a RCP40 apesar da mesma estar na forma granulada e da alta taxa de

mortalidade, os camarões sobreviventes apresentaram melhor ganho de peso,

porém a biomasssa final obtida com esta dieta foi 20,06% menor do que a RCP35.

Por outro lado, a ração RVCACE, apesar de conter alto teor em

vitamina C, presença de saborizante/estimulador de apetite e bom teor de proteína

foi a que apresentou o pior desempenho. Estes resultados corroboram a hipótese de

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92que houve aporte limitado de oxigênio, em função do distanciamento dos

aeradores, nestes tanques- rede.

De forma geral, dentre as rações formuladas, quer para o peso quer

para o comprimento, a ração RVSASE (com concentração de vitamina C abaixo do

preconizado na literatura, foi a que apresentou melhor desempenho.

7.0 Atratividade

A atratividade das rações avaliadas em função da percepção dos

pellets e da velocidade com que os camarões aproximavam-se dos mesmos e

iniciava a alimentação pode ser observada através da Tabela 23.

Embora os camarões tenham mostrado uma percepção mais rápida

para a Ração RCP40 não foi observada diferenças significativas (p<0,05) entre as

rações comerciais e dentre as rações as formuladas, nos diferentes períodos

avaliados. Vale ressaltar que durante o inverno, período no qual o experimento foi

realizado, a percepção quimosensitiva dos animais também diminui, o que torna a

ração menos atrativa e palatável. Isto dificulta o processo de detecção e localização

do alimento no viveiro; a temperatura da água também afeta as exigências

nutricionais dos camarões cultivados em função da menor disponibilidade de

alimentos naturais presentes no viveiro.

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93TABELA 23 – Atratividade dos camarões pelas rações

RAÇÕES MANHÃ MEIO-DIA TARDE MÉDIA

RCP35 6,8 6,0 7,4 6,8

RCP40 7,6 6,4 5,6 6,5

RVSASE 7,6 11,2 8,8 9,2

RVCASE 10,4 9,4 10,4 10,6

RVCACE 11,4 8,0 9,4 9,6

Embora os camarões tenham mostrado uma percepção mais rápida

para a Ração RCP40 não foi observada diferenças significativas (p<0,05) entre as

rações comerciais e dentre as rações as formuladas, nos diferentes períodos

avaliados. Vale ressaltar que durante o inverno, período no qual o experimento foi

realizado, a percepção quimosensitiva dos animais também diminui, o que torna a

ração menos atrativa e palatável. Isto dificulta o processo de detecção e localização

do alimento no viveiro; a temperatura da água também afeta as exigências

nutricionais dos camarões cultivados em função da menor disponibilidade de

alimentos naturais presentes no viveiro.

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948. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Considerando os resultados encontrados nos experimento pode-se

formular as seguintes conclusões:

• A ração comercial RCP40 foi a única que diferiu significativamente das

demais, em relação ao ganho de Peso.

• Ao final dos quarenta dias de cultivo a ração formulada RVSASE, sem adição

de óleo de peixe e sem suplementação de vitamina C e E apresentou um

bom desempenho em relação a sobrevivência e biomassa e taxa de conversa

alimentar.

• A adição de farinha de acerola como ingrediente nas rações incrementou os

teores de vitamina C nas mesmas, porém não influenciou no ganho de peso e

nem na taxa de sobrevivência dos animais. O diferencial da ração RVSASE, a

qual continha uma concentração de vitamina C, abaixo do preconizado na

literatura apresentou o melhor desempenho quanto a estes parâmetros foi o

de maior teor de proteína e não de maior teor vitamínico.

• A ração RVCACE a qual continha óleo de peixe, óleo de soja e adicionada

de vitamina E apresentou o maior teor de ácidos graxos polinsaturados da

família ω3. No que se refere ao desempenho nutricional apresentou um

ganho de peso similar às demais rações, porém o menor percentual de

sobrevivência o que influenciou na biomassa final e na taxa de conversão.

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95

• Não foi observada diferenças significativas entre as rações quanto a adição

do GMS como atrativo estimulador de apetite

Em função do experimento biológico ter sido realizado no período chuvoso

(abril-junho) a água de cultivo apresentava-se frequentemente com grande

quantidade de matéria orgânica em suspensão as quais favorecia maiores

incrustações nas paredes dos tanques. Mesmo com limpeza diária,

ocasionava ineficiente circulação da água dentro destes, o que resultou em

aporte limitado de oxigênio, em determinados momentos. A falha de

aeradores também concorreu no agravamento dos problemas.

Vale ressaltar que a técnica de cultivo de camarões em tanques-rede ainda

está incipiente merecendo maiores aprofundamentos quer no que refere à

qualidade das rações e, principalmente, quanto ao seu manejo e controle das

condições ambientais para o seu cultivo.

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107TRINO, A T.; PENAFLORIDA, V.D.; BOLIVAR E.C. Growth and survival of P.

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108

10. ANEXOS

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109ANEXO I – Teores diários médios de oxigênio observados de 0-20 dias de cultivo nos

tanques-rede e viveiro utilizado para o experimento.

Dias de cultivo

Valores de oxigênio nos tanques-rede

Valores de oxigênio no

viveiro

RCP35 RCP40 RVSASE RVCASE RVCACE

1º dia 8,57 8,65 8,70 8,50 8,01 9,92

2º dia 8,55 8,53 8,57 8,55 8,46 9,69

3º dia 8,75 8,74 8,66 8,65 8,70 9,29

4º dia 7,82 7,78 7,80 7,65 7,25 9,96

5º dia 7,45 7,58 7,25 7,15 7,10 8,6

6º dia 7,89 7,75 7,78 7,65 7,54 8,9

7º dia 7,66 7,49 7,53 7,43 7,55 9,0

8º dia 7,56 7,58 7,54 7,48 7,50 8,73

9º dia 7,25 7,30 7,28 7,25 7,15 8,16

10º dia 6,77 6,75 6,25 6,20 6,12 7,82

11º dia 6,74 6,75 6,22 6,17 6,09 7,5

12º dia 6,54 6,45 6,47 6,35 6,12 7,9

13º dia 6,89 6,82 6,78 6,65 6,45 8,0

14º dia 6,09 6,02 6,00 5,89 5,85 7,5

15º dia 5,24 5,15 5,05 4,65 4.08 7,8

16º dia 4,98 4,78 4,80 4,65 4,42 7,5

17º dia 4,55 4,45 4,36 4,23 4,11 7,8

18º dia 4,23 4,19 4,18 4,13 4,09 7,36

19º dia 4,15 4,12 4,09 4,03 4,01 6,85

20º dia 4,55 4,33 4,29 4,09 4,05 6,68

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110ANEXO II – Teores diários médios de oxigênio observados entre 20 e 40 dias de cultivo

nos tanques-rede e no viveiro utilizado para o experimento.

Dias de cultivo

Valores de oxigênio nos tanques-rede

Valores de oxigênio no

viveiro RCP35 RCP40 RVSASE RVCASE RVCACE

21º dia 5,10 5,05 3,98 3,89 3,92 9,92

22º dia 5,11 4,08 4,01 4,01 3,80 9,69

23º dia 5,03 5,00 4,98 4,88 4,57 9,29

24º dia 5,01 5,05 4,99 4,85 4,20 9,96

25º dia 4,21 4,25 4,52 4,00 3,94 8,6

26º dia 4,12 4,21 3,98 3,95 3.89 8,9

27º dia 3,66 3,54 3,23 3,09 2,08 9,0

28º dia 4,12 3,98 4,01 3,98 2,90 8,73

29º dia 3,98 3,98 3,95 3,45 3,01 8,16

30º dia 4,58 4,25 3,99 3,98 4,0 7,82

31º dia 3,85 3,78 3,69 3,58 2,67 7,5

32º dia 4,25 4,18 4,21 4,09 4,01 7,9

33º dia 3,95 3,78 3,59 3,58 3,40 8,0

34º dia 4,98 4,98 4,81 4,89 4,28 7,5

35º dia 4,89 4,78 4,49 4,35 4,28 7,8

36º dia 4,05 3,99 3,95 3,89 3,85 7,5

37º dia 4,96 4,85 4,25 4,17 3,91 7,8

38º dia 4,25 4,23 3,84 3,56 3,50 7,36

39º dia 4,22 4,15 3,48 3,53 3,60 6,85

40º dia 4,23 3,89 3,58 3,93 3,89 6,68

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111Atratividade (ANOVA on absolute within- cell deviation scores) Degrees of freedon for all F’s: 4,20 MS MS Effect Error F p-level ATRATM 6,591997 2,673601 2,465588 ,078125 ATRATMD 1,567998 1,758400 ,891718 ,487036 ATRATN 4,102407 3,227199 1,271198 ,314205

Não existe diferença entre as rações em termos de atratividade (p<0,05), nos diferentes períodos avaliados.

Peso

Para cada ração ao longo do tempo. Para todas as rações houve variação significativa(p<0,05)ao longo do tempo.

Tukey HSD test; variable RCP_35 Probabilities for Post Hoc Tests MAIN EFECT: VARI {1} {2} {3} 2,490000 6,060000 6,460000 PESO 0{1} ,000190 ,000190 PESO 20{2} ,000190 ,003356 PESO 40{3} ,000190 ,003356 Tukey HSD test; variable RCP_40 Probabilities for Post Hoc Tests MAIN EFECT: VARI {1} {2} {3} 2,490000 6,520000 6,960000 PESO 0{1} ,000190 ,000190 PESO 20{2} ,000190 ,023567 PESO 40{3} ,000190 ,023567 Tukey HSD test; variable RVSASE Probabilities for Post Hoc Tests MAIN EFECT: VARI {1} {2} {3} 2,490000 6,000000 6,340000 PESO 0{1} ,000190 ,000190 PESO 20{2} ,000190 ,010918 PESO 40{3} ,000190 ,010918 Tukey HSD test; variable RVCASE Probabilities for Post Hoc Tests MAIN EFECT: VARI {1} {2} {3} 2,490000 5,700000 6,220000 PESO 0{1} ,000190 ,000190 PESO 20{2} ,000190 ,003809 PESO 40{3} ,000190 ,003809

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112 Tukey HSD test; variable RVCACE Probabilities for Post Hoc Tests MAIN EFECT: VARI {1} {2} {3} 2,490000 5,760000 6,440000 PESO 0{1} ,000190 ,000190 PESO 20{2} ,000190 ,001227 PESO 40{3} ,000190 ,001227

PESO entre rações para cada tempo Tukey HSD test; variable PESO_0 Probabilities for Post Hoc Tests MAIN EFECT: VARI {1} {2} {3} {4} {5} 2,490000 2,490000 2,490000 2,490000 2,490000 RVSASE {1} 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 RVCACE {2} 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 RVCASE {3} 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 RCP35 {4} 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 RCP40 {5} 1,000000 1,000000 1,000000 1,000000 Tukey HSD test; variable PESO_20 Probabilities for Post Hoc Tests MAIN EFECT: VARI {1} {2} {3} {4} {5} 6,000000 5,760000 5,70000 6,060000 6,520000 RVSASE {1} ,434107 ,229663 ,992034 ,009564 RVCACE {2} ,434107 ,992034 ,229663 ,000304 RVCASE {3} ,229663 ,992034 ,106575 ,000190 RCP35 {4} ,9920434 ,229663 ,106575 ,024534 RCP40 {5} ,009564 ,000304 ,000190 ,024534 Tukey HSD test; variable PESO_40 Probabilities for Post Hoc Tests MAIN EFECT: VARI {1} {2} {3} {4} {5} 6,340000 6,440000 6,220000 6,460000 6,960000 RVSASE {1} ,967335 ,938228 ,938228 ,006503 RVCACE {2} ,967335 ,635174 ,999403 ,025949 RVCASE {3} ,938228 ,635174 ,558287 ,001240 RCP35 {4} ,9382284 ,999940 ,558287 ,033949 RCP40 {5} ,006503 ,0259494 ,001240 ,033949

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113 Comprimento entre rações aos 40 dias Tukey HSD test; variable COMPR Probabilities for Post Hoc Tests MAIN EFECT: VARI {1} {2} {3} {4} {5} 9,780000 8,960000 9,20000 9,640000 9,700000 RVSASE {1} ,000132 ,000132 ,159904 ,656357 RVCACE {2} ,000132 ,004670 ,000132 ,000132 RVCASE {3} ,000132 ,004670 ,000133 ,000132 RCP35 {4} ,159904 ,000132 ,000133 ,841883 RCP40 {5} ,656357 ,000132 ,000132 ,841883

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