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Cessação do Tabagismo em grupos especiais: como motivá-los O profissional de saúde fumante Jonatas Reichert

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Cessação do Tabagismo em grupos especiais:como motivá-los

O profissional de saúde fumante

Jonatas Reichert

profissional da saúde fumante

Médicos Dentistas Enfermeiros Auxiliares de enfermagem Fisioterapeutas

FonoaudiólogosPsicólogosTécnicos em radiologiaAuxiliar técnico emOdontologiaEducadores em saúde

Profissional da saúde

MOTIVAÇÃO < - - - - - - - - - - - - - > TRATAMENTO

TRATAMENTO: TCC x TF

Profissional da saúde

• Características: - qualificação profissional específica - agente formador de opinião - embasado na ciência e no exemplo - dedica mais tempo para outros que para si próprio - ser humano que pode ser vítima (dependência) - horários irregulares - intemperança no comer e no beber (frequente) - exposição à condições de estresse (frequente) - ativid. física, repouso, equilíbrio emocional (irregulares)

Profissional da saúde

• P.S Fumante: fatos agravantes

- ambivalência - predominante - quando motivados a parar não conseguem - não conseguem ficar sem a fonte de prazer (tabaco) - testemunhas do sofrimento dos seus pacientes - Em graus variáveis reconhecem a importância dos seguintes fatos relevantes:

Profissional da saúde

• P.S Fumante: fatos agravantes

- Tabagismo = doença (F17.2) - Maior causa evitável de doenças, invalidez e morte (OMS) - Comorbidades: 56 doenças - Fonte de poluição ambiental (PTA) - Tabagismo passsivo: 3ª. > causa de doenças evitáveis - Fatores genéticos: metabol. nicotina (CYP2A6 – P450) - possuem a consciência da epidemia tabágica: Organización Mundial de la Salud-OMS. La Epidemia de Tabaquismo. Ginebra, Suiza. 2000.

Profissional da saúde

• P.S Fumante: fatos agravantes

- Mundo: 1 bilhão ♂ fumam 50% em países em desenvolvimento prevalência crescente entre ♀ ( 20% / 2025) Mortalidade: 5 milhões/ ano - Brasil: 1/3 população adulta fuma 16,7 milhões de homens 11.2 milhões de mulheres Mortalidade: 200 mil/ ano

• Existem cada vez mais mulheres fumantes e se as tendências permanecerem, um aumento na preva-

lência de tabagismo de 20% está previsto para 2025, o que significa um aumento para 532 milhões de mulhe- res fumantes, com o conse- qüente aumento da morbi- mortalidade associada ao consumo de tabaco

O tabagismo e as mulheres

Prevalência

• Médicos

- Bósnia: 50% - Chile : 40% - Colômbia: 21% - EUA e Canadá: ↓ 10% - Japão, Holanda, México e Espanha: ↑ 20%

Mortalidade entre médicos ingleses fumantes

• Richard Doll (Reino Unido)- 2004 / BMJ - 34.439 médicos britânicos ♂: 1900 e 1930 50 anos (apartir 1951) Comparação entre F e NF Idade da cessação x expectativa de vida 60(3), 50(6), 40(9) e 30(10)

34.439 médicos nascidos entre1900 e 1930 acompanhados de 1951 a 2001

Estudo de coorte prospectivo:

• Impacto do fumo e da interrupção do tabaco = mortalidade geral• Comparação entre F e NF• Idade da cessação x expec- tativa de vida: 60(3), 50(6), 40(9), 30(10)

Doll R et al. BMJ. 2004;328:1519–

1527.

Sobr

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os 3

5 an

os

100

80

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20

040 50 60 70 80 90 100

10 anos

Não Fumantes

9791

81

59

24

2

Fumantes de cigarro

4

26

59

81

94

Anos

Sobrevida entre médicos do sexo masculino do Reino Unido nascidos entre 1900–1930: Fumantes vs

Não Fumantes

NF: não atingiram esse índice até os 90 anos de idade

Tx Mortal.em F – 80 a 75%

NF vivemem média10 a mais

Sobrevida apartir dos 35 anos

Não Fumantes

Fumantes

Doll R et al. BMJ. 2004;328:1519–1527.

% Sobrevida a partir dos 40

Anos

Idade que pararam 35-44

0102030405060

708090

100

40 50 60 70 80 90 100

Parar de fumar enquanto jovem é bem mais benéfico

Parar de fumar em qualquer idade aumenta a expectativa de vida

60 a : ganho de 3 anos50 a : 6 anos40 a : 9 anosAntes meia idade: 10 anos

Fletcher C, Peto R, BMJ, 1977; 1:1645 - 1648

Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)

Declínio anual da função pulmonar mostrando queda acelerada em fumantes susceptíveis e efeitos relacionados com parar de fumar

VEF 1

(% p

revi

sto)

100

75

50

25

025 50 75

idade (anos)

Incapacidade

Morte

Não fumanteFumante

não susceptível

Fumante susceptíve

lParou de

fumar aos 50 anos

Parou de fumar aos 65

anos

Prevalência

Médicos brasileiros

• Estudos regionais: metodologia e amostragem distintas• Prevalência variou de 6,4 a 32%• Evidências de diminuição nos últimos 20 anos

Prevalência

_______________________________________________________________Autor Ano n F(%) EF(%) NF(%)

_______________________________________________________________

Campos,Machado 1991 161 32,0 30,0 38,0

Mirra, Rosemberg 1997 11.909 6,4 34,3 59,3

Halty et al 2002 333 18,3 21,3 60,4

Guazzelli 2005 678 8,6 27,0 64,5

iniciante da população geral

- educação no lar – 1ª. Infância - previne exposição regular precede a dependência) - pressão social > 100.000 crianças dependentes/dia (OMS) - estudantes universitários em geral, iniciam o tabagismo antes de ingressarem no curso. - importância na motivação para a cessação como universitários: conhecimentos adquiridos inclusão do tema: grade curricular

Prevalência

• Estudantes de Medicina

- EUA: 3% - Grécia: 33,2% - ♂ 28,4% - ♀ - Alemanha: 23,7%

Prevalência

• Estudantes de Medicina

Brasil: - 10 a 20% - tendência ↑ com ano do curso 450 – 1º/ 5° ano (1986, 1991, 1996, 2002) * Menezes, AMB -Fac. Med – UFPel – 2002

Um novo código de conduta frente ao tabaco... (OMS, 2004)

• Em 2004, várias associações de profissionais de saúde decidiram promover un novo código de conduta sobre o controle do tabaco: “se solicita ao pessoal de saúde que dê o exemplo e fume menos.”

• Aumentar a vigilância sobre o tabaco;• Reforçar os programas de cessação;• Assegurar o acesso aos serviços de saúde onde não se

fume;• Colocar em marcha programas de educação e de

promoção na comunidade.

14 artigos

=

14 formas de atuar

www.who.int/tobacco

O código de práticas

• Encorajar e apoiar seus membros para que sejam modelos de comportamento não usando tabaco e promovendo uma cultura livre de tabaco.

Prática nPrática noo 1 1

• Participar das ações de controle do tabagismo das redes de profissionais de saúde

Prática nPrática noo 13 13

Um novo código de conduta frente ao tabaco... (OMS, 2004)

• Segundo o código de conduta proposto, o pessoal de saúde deve também dar o exemplo:

Deve ser um modelo para seus pacientes, Procurar ajuda para Deixar de fumar, Zelar para que não se fume nos seus locais

de trabalho e nos serviços públicos.

Papéis dos Profissionais de Saúde

1) Papel de Modelo comportamental2) Clínico/cuidador de saúde3) Educador4) Cientista/pesquisador5) Líder6) Formador de opinião pública7) Construtor de alianças

Papel: Modelo de Comportamento

• Maior reconhecimento em matéria de saúde.• Expectativa em agir com base no conhecimento. • Expectativa em ser modelo para o resto da

população

Porque?

• Isto inclui, – em geral, o quanto sejam importantes as suas

atitudes relacionadas à saúde, tais como a alimentação e a prática de exercícios, e

– particularmente relativas ao tabaco

A realidade...• Maioria dos indivíduos fica dependente do

tabaco antes de se tornar um profissional de saúde. – > 90% de todos os adultos fumantes iniciam o

consumo na adolescência, ou mais cedo – > 1/2 torna-se fumante regular, passam a

fumar diariamente antes dos 19 anos. – Grupos de profissionais de saúde podem ter

uma prevalência de tabagismo similar (se não for mais alta) do que o restante da população.

• O profissional de saúde está ciente das conseqüências para a saúde do consumo de tabaco, mais do que qualquer profissional em um diferente ramo.

• O conhecimento dos riscos do tabaco para a saúde não é suficiente para superar a adição à nicotina.

• Utilizando o respeito da população e o conhecimento profissional,– eles podem fazer a diferença nas tendências

atuais do tabagismo &– ajudarem a direção em um movimento

nacional contra o tabaco.

A realidade...

Se os Prof. Saúde são fumantes• Isto irá criar conflitos • Isto afetará sua imagem• credibilidade como porta-voz sobre os

males do tabaco • Eles são provavelmente menos capazes

– para promover a cessação do tabagismo– para engajar-se no controle do tabaco

A realidade...

fatores dificultadores na abordagem do profissional da saúde

fumante

- antiga dependência iniciada na juventude, antes do ingresso na universidade. - excesso de trabalho, dedicação integral ao cliente - reserva pouco tempo para o cuidado da própria saúde - pouca habilidade própria para tratar a própria dependência - pouca habilidade dos profissionais médicos abordarem o PS fum. - índice baixo de publicações sobre a abordagem médica do PS fum. - MFs procuram menos ajuda profissional x população geral - crença que fumar é apenas um hábito - crença do autocontrole ou cessação quando desejarem

fatores dificultadores na abordagem do médico

fumante

- constrangimento em assumir o vício. - sentimentos de onipotência, prepotência e orgulho - relaxamento com os cuidados da própria saúde - dificuldade em aceitar o diagnóstico da dependência - medo do fracasso - refratários a aproximação para motivação - ambivalência do MF

fatores dificultadores no tratamento do médico

fumante

- a grande maioria reconhece a necessidade de tratamento - a maioria reconhece os efeitos nocivos do tabaco - confiança apenas na abordagem medicamentosa (imediatismo) - automedicação e manejo inadequado dos fármacos - frequente aproximação para ajuda com medicação já em uso - desafio: cuidar do MF como alguém que necessita cuidados apesar dos conhecimentos científicos. - estresse (pressão cotidiana)

divulgado ontem

• O trabalho noturno: contribui para aumentar a prevalência do tabagismo:

Médicos 31% (63) Enfermeiro 55,6% (18) Técnico de enfermagem 49,5% (93) Outros profission. saúde 44,1% (34)

Oliveira. ME, Stein AT, Aché B et cols. Hosp. N.S.Conceição – Porto Alegre.

III Congresso Bras. Tabagismo – Florianópolis - 2009

fatores dificultadores no tratamento do médico

fumante

- característica da personalidade - tipo de especialidade: na ordem cirurgia, psiquiatria, cardiologia e anestesiologia. - frequência irregular às consultas - resistência a mudanças de estilo de vida - medo de abstinência em ativiade prossional - consumo de álcool e estresse

tratamento do médicofumante

- o que difere da população geral: . os motivos citados anteriormente ligados à profissão que interferem de forma específica na motivação . modelo de comportamento para a comunidade (rompe a ambivalência)

. pouco aderentes ao tratamento de grupo

tratamento do médicofumante

- o que não difere da população geral: . abordagem comportamental . construção de estratégias para superar a abstinência . a escolha da medicação e o modo de uso . pressão familiar . ambiente de trabalho livres do tabaco

tratamento do médicofumante

2008 (Araújo, A.)

- pesquisa entre especialistas que tratam médicos fumantes: . grau de motivação e tipos de abordagem terapêutica

. N pequeno, mas conduzido como proposta para novos estudos da dependência e estratégias para o tratamento do MF.

tratamento do médicofumante

2008 (Araújo, A.) Diretrizes Tabagismo SBPT 2008 . questionário de informação e opinião . Pesquisa semi-quantitativa e qualitativa

- Instituição, tabaco e o médico- Porque os médicos fumam ?- Fumar: hábito, vício ou doença ?- Como abordar o médico que fuma ?- É possível sensibilizar o médico?- Como são os resultados na abordagem dos MFs

PESQUISA ENTRE ESPECIALISTAS

Resposta do médico fumante à abordagem terapêutica_______________________________________________ Nenhuma Pouca Moderada ElevadaGrau de Motivação 40% 30% 30%Aderência ao tto. 50% 20% 30%Abordagem Indiv. 40% 30% 30% Abordagem em gr. 50% 40% 10% TCC 10% 30% 50% 10%Farmacoterapia 10% 10% 80%

Referências Bibliográficas

Mirra AP, Rosemberg J. Inquérito sobre prevalência do tabagismo na classe médica brasileira. Rev Assoc Med Brasil. 1997;43(3):209-16.

Halty LS, Huttner MD, Netto IO, et al. Pesquisa sobre tabagismo entre médicos de Rio Grande, RS: prevalência e perfil do fumante. J Pneumol 2002;28(2):77-83.

Menezes AMB, Hallal PC, Siva F et als .Tabagismo em estudantes de Medicina: temdências tempoais e fatores associados. J B Pneumol 2004;30(3)140-146

Guazzelli AC, Filho MT, Fiss E. Tabagismo entre médios da região do ABC Paulista. J Bras Pneumol. 2005;31(6):516-22

Viegas CAA, Andrade APA, Silvestre RS. Características do tabagismo na categoria médica do Distrito Federal. J Bras Pneumol. 2007;33(1):76-80.

Araujo AJ, Reichert J. Abordagem de grupos específicos – Médico fumante. J.Bras Peneumo. 2008;34(10)861-862