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TREINAMENTO EM BALANCEAMENTO ENERGÉTICO E EXPANSÃO DA CONSCIÊNCIA AVANÇADO II ESTUDO MONOGRÁFICO CENTROS DE ENERGIA VITAL E OBSTRUÇÃO DA ENERGIA - UM BREVE ESTUDO ARTICULANDO CONCEITOS DOS MÉTODOS MÃOS DE LUZ E PATHWORK DIRCE DE MELO TEIXEIRA - ABRIL DE 2009 -

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Page 1: CENTROS DE ENERGIA VITAL E OBSTRUÇÃO DA ENERGIA · CENTROS DE ENERGIA VITAL E OBSTRUÇÃO DA ENERGIA 1. APRESENTAÇÃO Esta monografia, a ser apresentada na conclusão do período

TREINAMENTO EM

BALANCEAMENTO ENERGÉTICO E EXPANSÃO DA CONSCIÊNCIA

AVANÇADO II

ESTUDO MONOGRÁFICO

CENTROS DE ENERGIA VITAL

E

OBSTRUÇÃO DA ENERGIA

- UM BREVE ESTUDO ARTICULANDO CONCEITOS

DOS MÉTODOS

MÃOS DE LUZ E PATHWORK

DIRCE DE MELO TEIXEIRA

- ABRIL DE 2009 -

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MEDOMEDOMEDOMEDO

O nosso medo mais profundo não é de sermos inadequados.

Nosso medo mais profundo é de sermos poderosos além da medida. É nossa luz, não nossa escuridão, que mais nos assusta.

Nós nos perguntamos: “quem sou eu para ser brilhante, atraente, talentoso, fabuloso?

Na verdade, quem é você para não ser? Você é uma criança do espírito. Você pretendendo ser pequeno

não serve para o mundo. Não tem nada iluminado sobre se encolher para que os outros

não se sintam inseguros ao seu redor. Nascemos para manifestar a glória do espírito que está dentro de nós.

Não está em alguns de nós; está em todos nós. E à medida que deixamos nossa luz brilhar, damos permissão

para que outros façam o mesmo. E à medida que liberamos nosso medo,

Nossa presença libera “outros”.

NELSON MANDELANELSON MANDELANELSON MANDELANELSON MANDELA

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CENTROS DE ENERGIA VITAL E OBSTRUÇÃO DA ENERGIA

1. APRESENTAÇÃO

Esta monografia, a ser apresentada na conclusão do período Avançado

II do Treinamento, tem como objetivo aprofundar o conhecimento sobre a relação entre os centros de energia vital, onde se localizam os principais chakras, e a criação de obstruções da energia no campo pessoal, tendo como enfoque central na compreensão desta relação a questão do medo do prazer. A escolha deste tema partiu do meu interesse em conhecer de forma mais aprofundada as razões que levam à criação dos seis tipos de obstruções citados por B. Brennan no Mãos de Luz (Cap.12), que geram todo um sistema de defesas nas relações interpessoais, de fundamental importância na realização do nosso trabalho terapêutico. Com esta finalidade, busquei no material do Pathwork uma compreensão que me pareceu bastante integrada e complementar, e que me inspirou a fazer esse “casamento” entre as duas metodologias. Vale ressaltar que a escolha do tema privilegiando a perspectiva do prazer também parte da minha vivência no movimento de autotransformação, no qual descobri a negação do prazer e deliberadamente me comprometi a aprender a sustentá-lo na minha vida.

2. AS OBSTRUÇÕES DA ENERGIA E OS SENTIMENTOS QUE PR OVOCAM

A partir da prática na observação do campo das pessoas, a B. Brennan classificou 6 tipos de defesa, que são a obstrução maçante, a compactação, a armadura de rede, a armadura de placa, a depleção de energia e o vazamento de energia, que podem ser observáveis localizados desde os ombros aos tornozelos. Tais defesas são expressões de proteção contra a experiência desagradável ou contra a dor, que criam, a nível dos campos áuricos, o que ela chama de sistema energético de defesa. Tal sistema é acionado quando estamos em perigo e destina-se a repelir uma força que entra no campo, através de defesa agressiva ou passiva, para mostrar força e assim assustar o agressor, atrair a atenção indiretamente, sem contudo se assumir isso. Colocando resumidamente aqui (p/ maiores detalhes, ver figuras 12-1, 12-2 e 12-3 no Mãos de Luz, pp.156-162), destaco os principais sentimentos observados nos referidos tipos de defesa:

a) na obstrução maçante (por se deprimir os sentimentos): desespero, raiva, desistência, estagnação, impotência;

b) na compactação (por se suprimir os sentimentos): fúria, humilhação, medo; c) na armadura de rede (por se evitar os sentimentos): medo, mascaramento

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d) na armadura de placa: (por se congelar/anular os sentimentos): tensão, “empurramento da vida”

e) depleção (por se reduzir a energia): incapacidade, fracasso; f) vazamento de energia (por se esguinchar a energia pelas juntas): impotência,

vulnerabilidade.

Todas essas o obstruções são geradas pela insegurança que sentimos em relação ao mundo e envolvem todo o nosso sistema de energia, provocando efeitos que podem ser vistos na nossa aura. A B. Brennan observou 14 desses efeitos, que são:

a) porco-espinho (distanciamento); b) recuo (desligamento) c) fora de si (idem, de forma mais demorada); d) negação verbal (verbal ativo para sustentar a sensação de estar vivo); e) sucção oral (sugação da energia do outro ou descarrego da mesma); f) ganchos (confronta pelo mental); g) domínio mental (aprisionamento da energia do outro pelo mental); h) tentáculos (puxa/devora a essência do outro); i) cisma silenciosa óbvia (puxa a essência do outro para baixo) j) setas verbais (provoca/enraivece o outro); k) defesa histérica (explode); l) histeria (explode/invade o campo do outro); m) refreamento dentro dos limites (afasta-se, com superioridade); n) exibição de força de vontade (explode, c/ ameaça)

Para desenvolver com o nosso cliente o trabalho de limpeza energética e expansão da consciência, como podemos entender todas essas obstruções a partir do que provocam no centro de energia vital da pessoa, na sua força vital?

3. COMO FUNCIONAM OS CENTROS DE ENERGIA VITAL

Nesta parte vou recorrer à palestra 172 do Guia do Pathwork. Nela ele diz que a nossa força vital é a mesma força criativa que vivifica todo o universo e que ela contém todos os elementos da vida e potenciais para manifestar e expressar a vida nas suas inúmeras formas. É uma força tão poderosa que deve ser adaptada, modificada de forma a não explodir um organismo cuja consciência ainda não seja forte o bastante para aceitar tal poder. Assim sendo, cada organismo vivo possui centros especiais que convergem, assimilam, modificam e equilibram o poder que flui para o seu interior. A força vital contém em si todas as possibilidades para expressão da vida, para a energia, saúde, felicidade e formas de auto-expressão. O fluxo de força vital é então metabolizado, distribuído, ajustado no ser humano.

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Na consciência humana dividida e em conflito, se por um lado a pessoa pode estar suficientemente preparada para metabolizar um poder mais variado, mas por outro lado, está desequilibrada e perturbada, os centros vitais se fecham, tornam-se congestionados. O nosso corpo físico não passa de um reflexo grosseiro do nosso corpo real (espiritual, eterno). Neste existem todos os órgãos e funções em um grau infinitamente mais sutil e refinado do que pode ser encontrado na estrutura física. Apesar de não podermos ver esse corpo, ele é muito mais real que qualquer coisa que vemos! Ele tem várias camadas mais grosseiras que o recobrem, de acordo com os diversos níveis de consciência que existem no ser ainda não unificado com seu eu superior. Os outros corpos sutis refletem os vários estados dos níveis da mente e da personalidade do indivíduo. O nível físico é a manifestação mais grosseira e temporária, expressando o nível de consciência que é mais alienada da sua origem – o ser espiritual. No corpo espiritual, os centros existem em perfeita forma e funcionamento. Os diversos outros estados de consciência, representados por corpos sutis específicos, também contêm tais centros, mas já alterados em seu funcionamento, de acordo com o grau de desunião com a estrutura espiritual. No corpo físico esses centros só podem ser detectados indiretamente. O sistema glandular os reflete e seu funcionamento é também determinado por eles. Mas a abertura ou fechamentos dos centros, o seu funcionamento perfeito ou o seu congestionamento, pode ser claramente experimentado. O efeito tem marcas físicas distintas, mas os próprios centros não são visíveis para nós.

4. O QUE DETERMINA O FUNCIONAMENTO PERFEITO DESSES CENTROS

ENERGÉTICOS – E A DEVIDA ASSIMILAÇÃO DA FORÇA VITA L

Ela depende inteira e exclusivamente do estado de consciência. Uma vez que a consciência é a origem de tudo que existe, ela necessariamente condiciona o mais importante sistema do funcionamento vital.

Cada crença, opinião, conceito e idéia determinam os sentimentos, as atitudes

de reação e expressão do homem na vida. É inconcebível que um indivíduo seja indiferente a uma idéia profundamente incrustada ou que ele não seja afetado por ela.

E eu não quero dizer apenas idéias e opiniões conscientes. As inconscientes

são até mais importantes porque não podem ser reorientadas. Um indivíduo que é o que chamamos realizado, seja ainda em seu corpo físico ou tendo já transcendido o estado corpóreo, está em verdade. Ele não sabe tudo, mas tem uma mente aberta. Está livre de concepções errôneas. Nenhuma falsa crença cria medo, defesa, negatividade, emoções destrutivas.

Alguém que esteja em verdade a respeito de si mesmo percebe a natureza

benigna do Universo. Ele é aberto, alegre, sem um traço de apreensão. Portanto ele

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pode se expandir de forma harmoniosa. Nesse estado leve, sem tensão, sem defesa, relaxado, do corpo, da mente e dos sentimentos, os centros estão abertos. Eles permitem que a força vital flua fácil e livremente e distribuem o tipo correto de energia no interior do organismo, onde quer que os aspectos da Grande Força sejam necessários. Não há questionamento ou bloqueio, uma vez que não há medo. E sem medo não pode existir negatividade, limitação de conceito.

Quanto mais você se desenvolve e cresce, mais consciente se torna de como

cada idéia equivocada cria sentimentos destrutivos, negatividades, conceitos limitados do self e da vida.

Temos falado por um tempo considerável em nossos ensinamentos aqui que a

importância da visão de mundo dualista, em oposição a uma visão unificada. Um estado dualista de consciência percebe a vida sempre em termos de ou/ou, bom ou mau, isto ou aquilo, um excluindo o outro.

Toda a esfera humana é doutrinada com esse erro. Isso é difícil de entender

para alguém que ainda não entrou profundamente em seu ser mais íntimo. Aquele que o fez em um grau considerável e, portanto, superou algumas ilusões fundamentais a respeito de si mesmo, alguns bloqueios a esse respeito, descobre como o Universo se expande para ele em possibilidades abrangentes.

Onde a princípio ele estava convencido de que tinha de perder, que tinha que

fazer escolhas insatisfatórias, ele futuramente chega a um estado onde nada perde, através do crescimento em integridade e objetividade. Quando a ambição falsa e infantil abre espaço, quando o sacrifício falso e auto-limitador deixa o caminho, uma inteireza de experiência surge dessa dualidade.

O funcionamento adequado dos centros vitais não é possível quando o ser

humano ainda está envolvido no conflito dualista. Talvez o dualismo mais básico - como foi discutido em outra ocasião, em diferentes contextos - seja a questão da moralidade versus o prazer; do egoísmo versus o altruísmo; da auto-privação versus a privação dos outros. Todo o conceito de bem e mal deriva desta concepção de vida arbitrária, desnecessária e equivocada.

Toda a civilização humana, quase todas as filosofias, estão envenenadas pela

divisão básica na consciência humana. Enquanto vocês, meus amigos, acreditarem que têm que tomar uma decisão entre ser bons e obter as suas vantagens, vocês inevitavelmente estarão em um terrível conflito.

Só quando alcançam a percepção, a experiência, de que privar a si mesmo

deve no fim privar aos outros e, contrariamente, que ao obter as suas verdadeiras vantagens (que podem não ser aqueles limitadas, infantis, que se originam de uma perspectiva tacanha e temerosa que se expressa como "ou isto ou nada mais"), vocês, no fim das contas, também beneficiam aos outros, ficarão livres do conflito.

Para atingir esse estado mais amplo de consciência é preciso, primeiro,

compreender a sua convicção profundamente plantada de limitação, de ter que tomar decisões do tipo "eu contra os outros"; você primeiro experimentará exatamente essas situações, nas quais parece realmente ser inevitável abrir mão de

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um em nome do outro. Pois você tem que ter experiências de acordo com suas crenças.

Aquilo em que você acredita cria a condição. Assim uma falsa crença deve se

provar verdadeira até que a pessoa comece a perceber a relação entre crença e experiência. Se você aceitar que a sua crença interior, "invisível", cria essa dificuldade de ter que se equilibrar entre a sua vantagem em oposição àquelas de outros, você terá que lidar com essas condições limitadas, criadas por você mesmo, e terá que cuidar de cada instante separadamente com inteligência, com total investimento, com decência e integridade.

Nenhum sentimentalismo temeroso deve turvar a visão dos seus direitos.

Nenhuma ambição infantil deve racionalizar o seu autocentramento. Ambos devem ser vistos e superados. Como conseqüência muitas decisões serão tomadas, cada uma diferente. Cada perda em breve será revelada ilusória. Então você abandonará a sua própria vantagem porque o que está na balança não traz a sua auto-privação.

Você será cada vez mais governado por considerações genuínas e não pelo

medo da desaprovação, pela dependência da opinião alheia favorável, pelo medo da frustração e pela inabilidade de suportar a não gratificação.

À medida que o processo avança, em breve você vai ter a visão de que não

existe realmente nenhuma divisão entre a sua realização e os seus interesses e aqueles dos outros. A longo prezo tudo isso se funde. A verdade subjacente concilia a ambos.

Mas você não pode alcançar esse estado de consciência por um baixo preço.

Ele requer o seu total investimento e envolvimento em cada questão, não importa o quão aparentemente insignificante. Dessa forma o dualismo é transcendido e, conseqüentemente, o medo, a ambição, um senso de privação e portanto a raiva, a hostilidade com todas as suas derivações.

A sua consciência percebe, experimenta e obtém cada vez mais a abundância

ilimitada que o Universo tem guardado para todas as criaturas. O primeiro passo deve ser saber da sua existência potencial.

Enquanto você viver nesse conflito básico, nessa divisão de consciência, você

acreditará que tem que se privar para ser um ser decente e amoroso. Não é natural que tal dificuldade induza sentimentos de ressentimento, frustração, raiva, ódio por si mesmo e culpa? E não é natural que tais sentimentos fecham as faculdades psíquicas, os cursos do fluxo sadio de energia?

Quando as emoções são comprimidas devido a tais sentimentos negativos, a

estrutura física também se comprime, com o tempo. A compressão dos centros, no corpo e no espírito, é sempre um reflexo de emoção de apreensão, raiva, culpa, ódio e medo.

Essa dualidade cria a reação em cadeia mencionada aqui: perspectiva

negativa, conceito limitado, conflito entre o eu e os outros, emoções negativas e

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portanto limitação de experiência. Estabelece-se um estado de consciência no qual você, de forma sutil porém definida, proíbe a sua própria expansão.

À medida que você se torna mais consciente de si mesmo, no curso da auto-

confrontação, você também começa a detectar essas pequenas e sutis reações que indicam como você se impede de expandir-se, de ter experiências de prazer. Você descobre o quanto está temeroso de usar o máximo dos seus potenciais.

Qualquer idéia limitada das suas potencialidades é um resultado de uma

reação em cadeia como essa. A verdadeira doença humana é um resultado do não uso de todos os potencias para criar uma vida boa, para criar as melhores circunstâncias. Na medida em que você represa os seus potenciais de expansão, de criar melhores condições, de experimentar sentimentos mais profundos de prazer de todas as maneiras possíveis, você dá continuidade a um círculo vicioso.

O resultado será frustração, limitação, a qual se presume então ser a natureza

da vida - pelo menos no que lhe diz respeito. A convicção que se aprofunda aumenta os sentimentos negativos, as defesas espessas, os centros fechados. Enquanto você se sentir obrigado a tomar a trágica decisão entre bondade e alegria, moralidade e prazer, interesse próprio e amor, você não pode jamais escolher inteiramente e fica tão confuso e perturbado que reage de forma cega e rígida, sem saber o que o governa.

O maior "pecado", se quisermos usar essa palavra, é ignorar os seus

potenciais, as possibilidades de felicidade, construir cercas desnecessárias à sua volta, além das quais você pensa que não pode ir.

Como tudo isso afeta os centro específico? Para entender isto nós devemos

compreender primeiro o significado de cada centro e a sua função peculiar. Aqui eu tenho que repetir alguma coisa do que eu disse na última sessão de Perguntas e Respostas, para não quebrar a continuidade.

O primeiro deles é o centro de sexual, localizado na base da espinha. Quando

menciono sexualidade quero dizer algo que vai além do prazer genital limitado. Ela compreende a expansão total do amor pessoal para o sexo oposto; é a capacidade que tem o indivíduo de experimentar em todos o níveis - o físico, o emocional, o mental, o espiritual - sem um traço de apreensão, tensão, ganância, separação. É a capacidade de dar e receber sem defesas.

Ela é certamente, a capacidade de se dar aos processos involuntários de

sentimento sem a necessidade do ego de estar no controle. Implica uma atitude confiante e de aceitação em relação ao próprio inconsciente, com todas as suas reações e movimentos. Como todos vocês sabem, isso é extremamente difícil para todos os seres humanos. Mas se for buscado o centro sexual pode ser aberto. Ele não será congestionado pela necessidade do ego de estar no comando absoluto.

Como pode uma pessoa reagir sem ameaças a esse respeito quando toda a

sua consciência e percepção da vida estão atreladas à limitação, à privação e portanto a sentimentos negativos que ela temerá por certo expor?

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Assim o centro deverá estar fechado - parcial ou completamente. Por conseguinte a privação será engendrada porque o fluxo total da energia vital, com todas as suas faculdades regeneradoras, vivificantes, energéticas e que aumentam a saúde não podem ser realmente ativadas.

O segundo centro fica no plexo solar. A sua abertura cria uma conexão com a sabedoria Espiritual, com a consciência do Ser Espiritual e portanto aumenta os sentimentos gerais de amor, pois quando você está em verdade, você ama.

A abertura do centro sexual capacita a humanidade para o processo sempre

presente e sempre em curso da criação em relação ao prazer supremo: êxtase. Esse contato é feito em conjunção com um outro ser humano amado. A abertura do canal do plexo solar estabelece a conexão com a verdade e a bondade constantes, sempre presentes e existentes da Realidade Última.

Essa vida real, sempre em avanço, pode ocasionalmente ser detectada,

percebida, sentida. Isso geralmente acontece quando você realmente ama e, assim, transcendeu o conflito dualista. Ou ocorre quando você descobre, freqüentemente por força de eventos aparentemente insignificantes, a sua verdade interior onde antes não a tinha visto. O espírito dessa descoberta é então de aceitar, e não rejeitar, o self e a vida.

A percepção do processo contínuo da vida em sua infinita maravilha de

grandeza, sabedoria, amor e prazer é totalmente diferente da percepção comum, que é "eu tenho que atingir um novo estado". Tal realização seria impossível se não já existisse em um outro nível de realidade. O que você realmente tem a fazer é descobrir essa existência considerando primeiro a sua possibilidade.

Assim você deve perceber todos os estados de felicidade como já existentes;

toda a sabedoria que você jamais precisou como já existente; deve perceber como previamente existentes todo o funcionamento, as atitudes e a realização do seu poder e potenciais criativos, harmoniosos e equilibrados, e que você está separado de tudo isso por uma parede. Você deve remover essa parede. Mas o processo contínuo de uma outra vida já está lá.

Nos seus bons momentos, meus amigos, vocês estão conscientes disso.

Vocês estão conscientes de que contataram outra dimensão de realidade que está sempre lá. Nessa dimensão há paz e alegria absolutas; nela existem todas as respostas e existe vida eterna, e não há nada a temer. Só quando você está desligado dessa realidade e começa a duvidar ou esquecer dela é que você se acha em verdadeiro conflito.

O prazer supremo sem ansiedade é uma realidade sempre existente em você

agora mesmo - e tudo que o está separando dele é a ausência de conhecimento sobre ele, os seus medos e apreensões; a sua própria permissão, por assim dizer, para experimentar essa realidade. Então é verdade que a sabedoria sempre viva e apropriada, à medida que você precisa dela em qualquer estante da sua vida, já está lá. Você só está separado dela pela sua ignorância, por se identificar com outras fontes de sabedoria que são, na melhor das hipóteses, uma pobre substituição.

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Pode haver o seu intelecto, suas emoções inexploradas, que são meramente reativas a atitudes cuja natureza você não explorou, o poder de outras pessoas sobre você, ou todas essas coisas juntas. Freqüentemente você desiste de estabelecer contato com esse canal, mesmo quando já experimentou a sua disponibilidade imediata porque você tem medo dos bons sentimentos que resultam da sua profunda sabedoria.

Você não quer abrir esses canais e centros e deixar-se fluir em uníssono com

os movimentos cósmicos universais. Você está com muito medo e com muita raiva para fazê-lo. E esse medo e essa raiva devem antes de tudo, tornar-se consciente.

Também o medo da decepção, a falta de coragem para ser feliz, impede que

você se expanda nesse reino de realidade onde se acham as soluções para tudo. No plexo solar se encontra o centro que o conecta com a sabedoria suprema

com relação a tudo que você jamais precisou ou poderia saber. Tal sabedoria profunda remove o medo e faz fluir o amor.

Eu quero acrescentar aqui que os centros têm algumas subdivisões, ou

reflexos. Estas podem às vezes ser interpretadas como centros diferentes. Por exemplo, o centro na base da espinha tem outros pontos de projeção ou de concentração na pélvis, na genitália. O centro das costas tem outros pontos de concentração, acima e abaixo dele. Este aviso é para evitar confusões.

O próximo centro fica nas costas. A sua faculdade é a vontade. Ora, até aqui

podemos ver que temos lidado com três funções humanas: sentimento, conhecimento e vontade. Caso exista harmonia entre essas três funções, existe interação perfeita e não exagero de um às expensas de outro.

O centro da vontade é também o centro do ego, da agressividade, da auto-

afirmação, da resolução, da identidade, da auto-responsabilidade, da autonomia. Todas essas atitudes estão centradas nas costas e de lá provêm.

Como indicado antes, existem duas subdivisões - uma na nuca e a outra mais

abaixo, aproximadamente entre os omoplatas. Ambos são reflexos de um centro, que está localizado mais "internamente" no corpo espiritual, talvez em algum lugar entre elas. Ele se manifesta no corpo físico basicamente nesses dois lugares.

Caso o ego não esteja plenamente desenvolvido no sentido mais saudável,

esse centro de energia é pouco ativo. A energia não flui facilmente através dele. Da mesma forma, se o ego for excessivamente comprimido, duro, ansioso, muito rígido, muito obstinado, isso implica outra faceta do mesmo problema.

Algumas personalidades acham mais prático dramatizar a fraqueza e assim

tentar fazer disso um ganho. Outras contrabalançam o medo do seu ego fraco enfatizando em demasia a pseudoforça. Ambas as atitudes podem resultar em problemas que se manifestam no corpo e na mente. Tensões nas costas distorcem o fluxo adequado e o congestionam.

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Examinemos por um momento como o ego fraco influencia as outras funções dos dois centros supra mencionados: se você é fraco e dependente, você tem que ter medo. Portanto deve lhe faltar a coragem para a grande experiência de viver, para a sabedoria mais profunda que transcende o ego.

O ego fraco faz com que você se agarre tão fortemente que o impossibilita de

se abrir para aquilo que jaz além do seu alcance. É preciso força para confiar, amar e ser feliz para permitir que os processos involuntários façam a sua parte na atividade de viver. Se o ego não for flexível e forte, a percepção da realidade maior da vida será impedida (independente de você acreditar que ela seja a única função com a qual possa contar).

O centro seguinte fica na garganta, Ele representa a capacidade de absorver,

ingerir e digerir, assimilar e aceitar. Um indivíduo rígido, cujos problemas internos inconscientes criam danos, fatalmente se colocará contra uma atitude flexível de aceitação em relação à vida, às circunstâncias, aos desenvolvimentos inesperados, às pessoas e às próprias inconsciências e imprevisibilidades inconscientes.

A fraqueza do ego, a falta de responsabilidade por si mesmo, independência, o

centro fraco nas costas terão como contraparte uma frente rígida que se recusa a absorver e engolir o que quer que seja. Ele teme a possibilidade de ser crédulo porque bem no fundo não quer sustentar-se sobre as próprias pernas; ele teme a sua falta de determinação porque anseia por aprovação mais do que pela integridade de ser verdadeiro para com o self - para com a verdade, por assim dizer. Portanto muito do que a vida traz não pode ser aceito e processado.

O próximo centro localiza-se entre os olhos. Na Filosofia Oriental uma grande

ênfase é posta nesse centro. Ele é freqüentemente chamado "o terceiro olho". Esse centro é uma manifestação preliminar da inteireza e do preenchimento espiritual totais, da total realização do Self Divino que é expresso no centro do alto da cabeça.

O centro entre os olhos é uma vasta capacidade de visualizar, de ver, de

compreender. Se os outros centros mencionados antes estiverem abertos, fluentes, harmônicos, surge a visão e percepção espiritual que uma perspectiva inteiramente nova vida, do Universo, do self, de tudo que é.

A abertura desse centro anuncia a integração total expressa no centro do alto

da cabeça. Este último combina todos. Quando isso acontece, sabe-se que não há limite e tudo é um.

Naturalmente a abertura de cada centro requer muito trabalho. Exige uma

mudança total da sua consciência., o que quer dizer, talvez ainda mais, o seu inconsciente. O seu ser consciente com freqüência tem o conhecimento certo, mas não é sustentado pelas suas percepções e reações inconscientes. Assim o trabalho é longo e concentrado.

Mas, a partir de um certo ponto, ele se torna prazeroso, depois que as

principais resistências são superadas. E você só pode fazê-lo tornando-se completamente consciente delas. Quando tais resistências abrem caminho após um

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certo período, a sua expansão se torna principalmente uma alegre expressão da vida em si mesma.

Mais uma palavra a respeito da divisão de personalidade da humanidade, o

dualismo que devasta as faculdades internas de uma pessoa para enfrentar o que quer que seja. Esta tem o objetivo de ajudá-lo a crescer a partir dela de forma que os seus medos e defesas possam começar a relaxar bem no seu íntimo.

O primeiro passo deve ser tornar-se consciente de medos até então

inconscientes. Isto não é tão fácil como soa, como você que trabalha neste Pathwork bem sabe. Porém, uma vez que você esteja plenamente consciente deles, você tem que achar uma maneira de abandonar a compreensão que esse medo cria. Isso só pode ser feito se você aceitar ao invés de resistir.

Mas o que você deve aceitar? Privação, frustração, sacrifício? A religião tem

ensinado isso através dos séculos e dos milênios, por causa do seu próprio mal-entendido. É verdade que a aceitação deve ocorrer pois enquanto você diz "eu tenho que ter isso e não devo experimentar aquilo", você se encontra em um estado de cerrada e ansiosa defesa. Você está em um conflito insuperável.

Essa é, talvez, a mais árdua lição a ser transcendida pelo estado humano.

Como pode você não aderir ao "eu tenho que " sem abrir mão da sua felicidade? Isso é tão facilmente confundido com negatividade ou mesmo com a auto-negação masoquista!

O postulado religioso de que a pessoa boa deve se sacrificar é um erro. O

significado original tem duas facetas: (1) às vezes o egoísmo tem que ser superado se o que está em jogo para o

outro é mais importante que aquilo que o self pode ganhar. O sentimento de amor geralmente não experimentará tais atos como privadores, absolutamente; mas tal amor não pode desenvolver-se em um clima de medo e coerção;

(2) mais importante até é o fato de que aqui a atitude de abrir mão é enfatizada.

Todos os genuínos visionários espirituais tentaram transmitir isso à humanidade. Só dentro da dualidade da mente esse ato de abrir mão implica "eu devo desistir daquilo que quero". Além da dualidade isso não é assim.

Se você for capaz da aprender a deixar ir, abrir mão, se necessário, sem

abandonar a auto-realização, o seu preenchimento, você pode realmente ter que aceitar primeiro que uma manifestação específica do seu desejo não pode ser atendido como você a tem em mente. Isso é o resultado dos seus próprios conceitos internos limitados e dos centros de energia fechados que não permitem a expansão.

Você ainda sofre com esses resultados e eles devem ser temporariamente

aceitos (engolidos), sem, contudo, perder completamente. Se você abre mão em um sentido de privação temerosa, resignada, obediente, sacrificial, você permanece na dualidade. O movimento de descompressão só pode ser temporário.

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Mas se você pode abrir mão em um espírito de expectativa confiante, a sua perda momentânea necessária em breve se revelará um ganho. Você dá espaço para novas e diferentes possibilidades de experiência se não insiste em uma forma limitada agora mesmo.

Se você aprende a abrir mão dessa maneira, você transcende a dualidade.

Você sai da luta para lidar com o medo e a privação, por um lado, e contra o apego estrito, com culpa e ansiedade, por outro. Se você pode deixar ir no espírito confiante de "se não posso tê-lo desse jeito, talvez o tenha de outra maneira, se não agora, mais tarde", você perderá o medo, a compressão dos centros, o sentimento de perda.

Então as forças da vida vão borbulhar e projetar-se através do seu sistema

interior, de todo o organismo, o físico, o mental, o emocional e o espiritual. Elas vão trabalhar em completa harmonia, funcionando do modo ao qual a vida é destinada, que é plena bem-aventurança e maior expansão para sempre.

Então os centros de energia vão funcionar em harmonia e vão descartar a

energia residual que agora está retida no interior do seu sistema. Não pode haver intoxicação física maior que o resíduo de energia não eliminada que deveria deixar o sistema. Você sabe que isso é verdadeiro para todo o mais - alimento, água, ar. Assim o mesmo princípio deve se aplicar ao "metabolismo" da energia e de material mental. Tudo o que funciona adequadamente deve ser constantemente renovado, descartado e levado dali para que se reúna material novo.

5. PRAZER - A PLENA PULSAÇÃO DA VIDA

“O REMÉDIO CONTRA A DOR É SENTIR PRAZER.” JOHN PIERRAKOS

Qual o significado e a importância do prazer no esquema do Universo, bem

como na vida da entidade humana individual? A religião fala da suprema bem-aventurança de ser. Na maior parte do tempo,

contudo, isso é entendido de maneira completamente errada. A bem-aventurança de ser é vista como um estado que é totalmente diferente do estado humano de prazer absoluto, ou de potencial para ele. Portanto, essa bem-aventurança parece muito distante da experiência humana. Ela parece ser algo desencarnado e realizável somente daqui a anos de distância. Porque esse tipo de bem-aventurança parece tão irreal para o homem e tão desligada daquilo que ele até mesmo considera realmente desejável, ela permanece, no máximo, uma vaga teoria.

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Na realidade, não há essencialmente nenhuma diferença entre o estado último, espiritual de bem-aventurança e o potencial humano para vivê-lo; só o que muda é o grau de intensidade. Embora nenhum ser humano seja capaz da profundidade de experiência que é possível para a consciência não estruturada, altamente desenvolvida, o prazer continua sendo prazer. O prazer espiritual não é etéreo, sem corpo. Mesmo a consciência não estruturada não é desprovida de forma; ela cria os corpos sutis, os quais consistem de energia fluente na forma mais pura. Essa forma energética não conhece obstrução. Ela é o próprio prazer. A matéria grosseira do corpo humano representa uma obstrução que só pode ser superada quando a personalidade total obtiver harmonia com os fluxos de energia de origem cósmica.

Um ser humano muito liberado com poucos ou nenhum bloqueio ou inibição,

sem distorções ou negatividade, é capaz de um alto grau de prazer, pois então a energia dos corpos sutis penetra o corpo superficial. Nós temos falado com freqüência sobre o fato - e você sabe disso por sua própria experiência - de que o conflito entre o anseio por prazer e o medo dele é um dos conflitos mais básicos do homem. Esta noite discutiremos a necessidade legítima de prazer e o seu propósito para a entidade humana. Eu mostrarei que essa necessidade não apenas não está em oposição à verdadeira auto realização espiritual, como muitas pessoas falsamente acreditam, mas é, na verdade, um dos seus pré-requisitos. Em outras palavras, uma pessoa que bloqueia o prazer deve forçosamente, também bloquear a profunda conexão com o seu Eu Espiritual. Ao contrário, apenas uma pessoa que é livre o bastante para abrir mão em um aspecto é livre para fazê-lo em outro. Assim as experiências aparentemente dualistas da auto-realização espiritual e a capacidade de prazer tornam-se uma e a mesma coisa. Elas são interativas e interdependentes.

Falaremos também sobre as obstruções que o impedem de atingir a profunda

experiência do prazer absoluto. O que são essas obstruções? O que é o obstáculo para a realização daquele estado que sempre será o objeto do nosso maior anseio, quer você tenha ou não consciência dele? Ao mesmo tempo que anela por esse prazer, você, na sua própria alma, obstrui esse desejo profundo e está, portanto, em um estado de guerra consigo mesmo.

Eu não desejo demorar-me muito sobre o significado cósmico do prazer. Como

eu já disse antes, isso sempre se depara com o perigo de fazê-lo parecer muito distante da sua vida imediata. Na realidade esse prazer não é de forma alguma remoto, pois toda realidade cósmica se aplica a qualquer estado no agora. É fácil, contudo, interpretar e aplicar mal essa verdade. Só quando uma pessoa atinge o ponto de ser capaz de se abrir para o fluxo interno, de remover todas as obstruções e bloqueios interiores, de forma tal que um alto grau de bem-aventurança seja experimentado, é que ela saberá profundamente que o prazer humano é essencialmente o mesmo que o estado cósmico de bem-aventurança, que o prazer espiritual e o físico não são opostos, mas uma coisa só. O prazer real é intensamente carnal e intensamente espiritual. Não há divisão entre o estado carnal e o estado espiritual do homem. É por isso que não existe necessidade de se alongar nos aspectos filosóficos do prazer no esquema da criação. A única coisa que eu gostaria de mencionar a esse respeito é que o estado último de liberação, de ser cósmico, é o prazer total. A realidade última é o prazer. Ele não é uma recompensa por se ter sido "bom", como a religião parece implicar em sua

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interpretação equivocada. A bem-aventurança é o estado natural de um ser unificado em harmonia consigo mesmo e com o Universo.

Quando falamos de prazer, devemos deixar claro o que se quer dizer. Eu não

me refiro a passatempos prazerosos da mente. Não me refiro a substitutos e fugas superficiais. Quero dizer um estado de bem-aventurança física e espiritual que é experimentado em cada partícula do corpo e da alma de uma pessoa, do ser externo e interno, com todas as sensações e faculdades vivas, despertas e sentindo. Esse estado é uma realidade muito presente. Todavia, esse estado é também a realidade espiritual última de toda entidade. Ele é o seu direito inato, meus amigos. O seu anseio por ele é o movimento mais real e saudável dentro de você. São as suas confusões e divisões dualistas que criam as concepções errôneas, medos e vergonhas a respeito do prazer, que são tão desnecessários. Passemos ao significado do prazer para o ser humano em todos os níveis da sua existência. Como eu disse, o prazer do qual falamos que é uma experiência total, e não dividida. Ele não é uma experiência física que exclui o Eu Espiritual; tampouco é uma experiência espiritual que exclui o eu físico. O prazer é um estado no qual o ser inteiro vibra e pulsa em uníssono, em harmonia consigo mesmo e com o Universo, e portanto com um outro ser humano. Não existe divisão dentro de você, nenhuma corrente de negação, nenhuma dúvida sobre a legitimidade do seu prazer. Não existem "se" e "porém", nenhum medo de que ele esteja interferindo com o mundo à sua volta. Você não sente culpa ou hesitação. Pelo contrário, você sentirá profundamente que quanto maior o seu êxtase, o seu prazer e a sua alegria, mais você contribui para o mundo. Quando você atinge essa consciência interna - não uma consciência teórica, mas experimental - você criará as seguintes condições para si mesmo: você fará da experiência total do prazer um objeto espiritual e prático. Você irá agir incessantemente em nome desse objetivo; removerá todas as obstruções interiores e pacientemente explorará o seu próprio inconsciente para trazer à luz as obstruções. Você vai devotar tempo e esforço a esse empreendimento; vai sentir de forma crescente que a satisfação pessoal e o prazer aumentam o crescimento e a realização espiritual, e vice-versa. A capacidade de viver íntima e completamente com o seu corpo, sua alma e seu espírito será o alvo que vai se desenvolver simultaneamente com a sua auto-purificação, pois uma não pode existir sem a outra. Eu direi mais sobre esse aspecto mais tarde.

Discutamos agora o que significa o prazer pleno em todos os níveis da

personalidade humana. No nível físico: saúde física e bem-estar são totalmente regulados e dependentes do estado de prazer que um corpo humano é capaz de permitir. Uma vez que as correntes de prazer são também as forças da vida, saúde, da auto renovação e regeneração, a sua saúde e longevidade são resultados da sua capacidade de prazer. Ao contrário, na medida em que você se nega o prazer - por causa de vergonhas, medos, concepções errôneas, negatividades, impurezas - nessa medida você separa o seu corpo da fonte do fluxo universal. Você já me ouviu dizer por muitas vezes que cada entidade humana é um Universo em si mesma, um microcosmo representando o Universo macrocósmico. As mesmas leis e condições se aplicam à entidade humana e ao Universo. Assim, se o seu Universo interno está em harmonia consigo mesmo, o fluxo universal de poder de cura espiritual, de vida, saúde e prazer que permeia toda a criação também o permeia. Você se torna parte do Universo e o Universo se torna parte de você. Você transcende as suas limitações estruturais, mesmo enquanto permanece no seu corpo. A abundância

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universal e ilimitada de vida sempre auto-renovadora vai fazer parte de você, relativamente enquanto ainda no corpo e completamente, mas só quando o corpo for transcendido. Porém embora o corpo vá ser transcendido e deixar de existir, não é verdade que os sentimentos que você experimenta em um corpo e uma alma em condição desbloqueada enquanto ainda na carne deixarão também de existir. Isso é um erro. A verdade é o oposto: os sentimentos do corpo vêm dos corpos sutis e só podem manifestar-se quando os bloqueios do corpo são removidos. Assim, quando a existência corporal for transcendida, esses mesmos sentimentos vão manifestar-se muito mais fortemente porque não serão bloqueados pela matéria grosseira da existência física. É importante compreender que os sentimentos de prazer e bem-aventurança que você registra no seu corpo não deixarão de existir em uma existência além da vida terrena. Eles serão intensificados. Você será mais capaz de sustentar os sentimentos de prazer absoluto, êxtase, bem-aventurança, amor e quilo que é chamado sexualidade nessa esfera terrestre, isto é, a fusão total com outro ser (eu estou falando daquelas entidades que deixaram para trás os falsos medos e as obstruções, pois entidades que não o fizeram não terão existência espiritual diferente daquela que vivem na Terra).

Qualquer tipo de doença ou deterioração física, incluindo a morte física, é uma

manifestação de divisão, conflito e negação do prazer. Portanto é correto dizer que o desenvolvimento espiritual necessariamente traz um aumento de prazer - não, como muitas religiões autoritárias sustentam, negação e sacrifício do prazer. O conceito de martírio é uma compreensão totalmente errada da verdade espiritual. Mas essa verdade, tal como a declaro aqui, só pode ser entendida quando o prazer não for mais negativo, isto é, não mais for às custas de outro ser humano, não mais carregar correntes destrutivas. Qualquer um pode confirmar que é verdade que o grau de prazer profundamente experimentado determina o grau de energia e bem-estar. Isso não é algo que vocês têm que aceitar porque eu digo: podem experimentá-lo por si mesmos.

Agora vamos passar a um nível mais profundo na discussão da importância do

prazer. O prazer é pelo menos tão importante do ponto de vista psicológico quanto do ponto de vista do bem-estar físico. Mas o processo de desenvolvimento das atitudes psicológicas e de fazer as escolhas que por fim levam ao prazer podem parecer obscuro ou difícil a princípio. Como é que você pode assumir a auto-responsabilidade madura? Como aceitar as dificuldades da realidade temporária que o cerca e que é, com efeito, a expressão do seu estado interno atual? Como se pode pedir que você lide com as frustrações que cruzam o seu caminho e dê conta delas? Naturalmente que elas surgem em seu caminho, em última análise, por causa das suas limitações interiores, mas não obstante você tem que aceitar essas limitações, e isso não é fácil. Como você pode realmente querer abrir mão das várias maneiras pelas quais você vicia e bloqueia a sua integridade, as maneiras pelas quais você quer secretamente enganar a vida, e que outros carreguem o fardo da responsabilidade pelos seus erros? Como você pode verdadeiramente se comprometer com a integridade, com a verdade, a mais profunda honestidade e uma abordagem positiva da vida? Como você pode desejar abandonar o prazer negativo, as pseudo-satisfações dos seus fingimentos, a sua representação, suas defesas? Como você pode começar a se dedicar total e conscientemente à realidade de viver, não em nome das aparências, mas em nome daquilo que é? A resposta é que você não pode fazer nenhuma dessas coisas se não se der conta do

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fato de que a mais profunda bem-aventurança o espera como resultado de abandonar essas pseudo-satisfações e pseudo-prazeres, esses pobres substitutos. Enquanto você estiver convencido de que esses substitutos oferecem todo o prazer que existe na vida, e que uma vida decente implica sacrifício por ele mesmo, você não pode nem mesmo crer no prazer. Essa dificuldade é intensificada pelo fato de que o prazer é insuportável na medida em que você se apega a todos esses falsos modos de vida. Você se torna capaz de admitir prazer real apenas na medida em que é capaz de abandonar o prazer falso, negativo.

Você deve, por conseguinte, achar uma maneira de romper o círculo vicioso no

qual está preso. Quanto menos você quer abrir mão de todas essas falsidades sutis, subterfúgios e defesas destrutivas, menos pode aceitar o prazer. Portanto, você não pode acreditar no prazer. Segue-se que você não pode querer abandonar aquilo que o impede de experimentá-lo. Assim não existe vontade real ou compromisso verdadeiro nem para com o prazer nem com o abandono dos padrões destrutivos, inibidores da vida, de sentimentos e ações que impedem o prazer. Esse é o círculo vicioso.

Aceitar a realidade e a auto-responsabilidade madura parece ser uma

dificuldade intransponível, se a realização do prazer não for um sub-produto simultâneo. Por isso podemos dizer com absoluta certeza: na medida em que você insiste em ser uma criança irresponsável que quer fazer com que outros paguem pelas suas ações, ou pela falta delas; na medida em que você quer, de modo secreto e neurótico, enganar a vida; na medida em que você sacrifica a sua integridade de todas essas maneiras, nessa mesma medida você não pede experimentar o prazer. O seu próprio ser mais interno faz com que isso seja impossível. A sua energia está engajada nessas atividades internas negativas. Mas é igualmente verdadeiro que na medida em que você assume total auto-responsabilidade, na medida em que você se ama e se respeita porque internamente não mais trapaceia da mais sutil das maneiras, nessa mesma medida você se torna mais e mais capaz de realizar o prazer.

É também verdade que quanto mais você pode esperar uma existência plena e

bem-aventurada no futuro, menos difícil parecerá e será abrir mão desses padrões destrutivos no mais profundo nível imaginável, suster-se sobre as próprias pernas, aceitar frustrações necessárias. Essa equação da aceitação de total autonomia com a capacidade para o prazer é muito importante e deve ser compreendida, pois uma não é possível sem a outra. Se ser uma pessoa profundamente auto-responsável e decente, no sentido mais interno dessa palavra, implica para você que deve renunciar ao prazer, então você não pode realmente querer o prazer. Ou, caso queira, então deve buscá-lo apenas de uma maneira não saudável, como recompensa para o "bom menino" de uma autoridade da qual você depende.

Por mais difícil que pareça a princípio obter a identidade própria e autonomia,

no sentido mais verdadeiro das palavras, você vai querê-las se souber que o seu medo do prazer vai desaparecer proporcionalmente ao progresso da auto-purificação. Na medida em que você assume o que parece de início a dificuldade da idade adulta com todas as suas ramificações, algo em você irá relaxar e sentir-se cada vez menos ameaçado. Ao invés disso, você vai tornar cada vez mais aberto para o prazer no seu significado mais total e profundo.

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Todos vocês podem meditar sobre essa equação, sobre a conexão entre

maturidade emocional e tudo o que ela implica, por um lado, e sobre a realização do prazer pessoal, por outro lado. Isso é realmente muito lógico, meus amigos. Você sabe que só pode amar realmente quando é responsável por si mesmo, não quando se aferra a, ou é dependente de, uma outra pessoa. Tal dependência pode ter a aparência superficial do amor, mas você já experimentou no seu trabalho neste Pathwork que nada pode ser mais distante da verdade. De fato, a dependência provém do medo e cria um medo ainda maior; portanto, ela inevitavelmente também cria ressentimento e ódio. Você tenta com muita força ocultar esses sentimentos, porque é ameaçador experimentar ódio pela pessoa de quem você precisa e depende. O amor só é possível quando você é livre, quando você é uma pessoa em si mesmo, sem depender de outra. E o prazer só é possível quando você ama. Como eu disse antes, o prazer sexual sem amor é muito incompleto e deve sempre terminar num beco sem saída. Sempre haverá alguma coisa faltando. A sexualidade sem amor é uma expressão de uma divisão interior entre o espírito, a alma e o corpo. O prazer é totalmente unificado quando você está amando e expressando a si mesmo como um ser sexual. Então você é também um ser espiritual. Isso significa que você possui integridade emocional e mental. Portanto prazer e espiritualidade, prazer e decência, prazer e maturidade emocional, prazer e saúde física estão todos intrinsecamente e intimamente ligados.

Agora consideremos as obstruções ao prazer. Eu gostaria de dizer que alguns

de vocês que estão aqui pela primeira vez e que podem não estar familiarizados com os conceitos com os quais estamos trabalhando aqui podem não saber absolutamente do que estou falando quando menciono o medo do prazer. Na superfície, todos vocês querem prazer e anseiam por ele. Em alguma medida vocês realmente lutam por ele. Acreditam que o querem, mas ignoram o fato de que vocês também não o querem; que, na verdade, o temem desesperadamente. Aqueles que já estão um pouco avançados neste Pathwork e exploraram o seu próprio inconsciente em um grau suficientemente profundo, descobriram que estão realmente comumente apavorados com o prazer, talvez tenham mesmo mais medo do prazer que dos sentimentos negativos em seu interior, ou que lhes vêm de outros. Eu já apontei anteriormente a conexão entre o medo de sentimentos negativos em si mesmo e nos outros e o medo do prazer em seu interior. Pois é somente porque você teme o prazer que você então inadvertidamente, mas de maneira lógica, quer o oposto - desprazer. Você então necessariamente teme os resultados desse desejo negativo, pois bem no fundo você sabe que aquilo que você quer, vai se realizar. E quanto menos consciente você é daquilo que quer, mais teme o que irá lhe acontecer. Eis porque o medo da morte, portanto, sempre indica um desejo inconsciente de morte.

O medo do prazer tem que tornar-se consciente para que você possa combatê-

lo. Se não o for, a sua luta contra esse medo inconsciente do prazer vai manifestar-se conscientemente em uma luta excessiva pelo prazer, em uma ansiedade em não ser capaz de realizá-lo, e em um pessimismo ou mesmo desencanto a respeito dele. Essa batalha inconsciente fará com que você flutue entre dois extremos danosos: resignação e super-atividade compulsiva, cega e conseqüentemente não apropriada. Esse comportamento obstrui a obtenção do prazer em um grau considerável. Ao contrário, o prazer se torna possível quando o estado tanto da mente quanto das

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emoções é calmamente confiante, tranqüilamente expectante e receptivo, paciente e não ansioso, sem pressa e despreocupado. Recapitulando, quando falta o prazer, uma das primeiras obstruções pela qual se deve procurar é a dicotomia entre a luta ansiosa e a resignação desesperançada que deriva de uma rejeição inconsciente do resultado desejado. A falta de consciência de que você teme o que deseja deve ser transformada em uma consciência aguda e direta disso. Tal coisa não é fácil, mas é certamente possível neste Pathwork. Qualquer um que o queira seriamente pode obter a consciência desse medo e dessa rejeição inconscientes do prazer.

Eu disse na última palestra que as suas criações negativas, os seus prazeres

negativos, devem ser trazidos à consciência para que sejam superados. Da mesma forma, é necessário estar em contato com a sua negação do prazer. Eu poderia seguramente dizer que nenhum ser humano está completamente livre dessa negação. Ela somente varia em seu grau. Eu digo até mesmo àqueles de vocês aqui que estão relativamente livres do medo do prazer: não subestimem aquelas áreas em seu interior onde vocês fogem do prazer como se ele fosse um perigo. Meditem e dediquem-se a querer estar conscientes desse temor. Então o próximo passo pode ser dado: a exploração da validade ou invalidade desse medo, de forma que, mais e mais, você queira abandonar esse medo e essa obstrução ao seu prazer.

Só quando você estiver agudamente consciente de como teme e nega o seu

próprio prazer é que você vai parar de responsabilizar a outros pela sua privação, um deslocamento que faz você sofrer muito. O profundo fardo interior de ficar confuso e desesperançado a respeito de não atingir o que você anseia profundamente então vai se dissolver. Esse fardo é sutil e não explícito. Uma vez que possa afirmar em total consciência "eu temo o prazer", a sua desesperança vai desaparecer. Em seu lugar, você sentirá as duas forças em seu interior: uma que o puxa para o prazer e a outra na direção oposta. Essas duas forças serão sentidas em todos os níveis do seu ser, na sua mente e sentimentos; pois quando a batalha vai desapercebida para o seu consciente, ela é extremamente dolorosa. Uma vez que você saiba da sua existência, pode começar a resolver o conflito. Nunca é possível lidar com ela enquanto estiver inconsciente. É por isso que tornar qualquer condição interna consciente é a tarefa mais importante para qualquer ser humano. Da mesma forma que é impossível superar a sua destrutividade e negatividade sem saber que você quer ser negativo, é impossível resolver esse conflito dentro de você, a menos que você saiba, sinta e experimente o fato que essa luta se processa. Então, e somente então, você pode libertar-se da vaga ansiedade e dos sentimentos de desesperança e inadequação que são o resultado da sua ignorância de que nega o que você quer, que você deseja uma coisa de um lado e teme do outro.

Exatamente como com a negatividade que eu discuti na última palestra, você

também terá que descobrir tanto as razões para a sua negação do prazer quanto as conseqüências disso. A primeira coisa que gostaria de dizer a respeito do porquê de você ter medo do prazer é isso: o seu apego à negatividade, a sua falta de vontade de abandonar padrões de comportamento negativos e destrutivos, fazem com que você se sinta não apenas não merecedor, mas também realmente temeroso do prazer verdadeiro. É muito assustador para você estar aberto para ele porque a sua negatividade cria um estado de alma e corpo que é essencialmente incompatível com o prazer. A sua negatividade cria tensão, separação, contração. Ela vem de uma excessiva orientação em direção ao Ego. Portanto, é totalmente estranha a um

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estado de prazer. O prazer é sempre, de certa forma, mais ligado a satisfazer objetivos do ego que a preencher a real e legítima necessidade de uma entidade de banhar-se na luz do prazer supremo. O prazer negativo acolhe as três atitudes que estão na raiz de toda destrutividade e de todo o desvio: orgulho, obstinação e medo. Onde há orgulho, obstinação, medo, necessariamente haverá um estado de contração.

Não se pode abandonar completamente, não importa quais as abordagens

terapêuticas utilizadas ou quão boas elas sejam, se o orgulho, a obstinação e o medo não sejam abandonados. No orgulho, na obstinação e no medo a estrutura do Ego torna-se mais rígida e tensa. A obstinação, vontade egoísta, clama, "Eu, eu, eu", e quer satisfazer o pequeno Eu, o Eu que baseia a sua existência somente na personalidade exterior, consciente do Ego e ignora e rejeita completamente a Consciência maior, a Consciência Cósmica, Universal, da qual o Eu é uma expressão. A menos que a pessoa total esteja unificada com essa consciência maior que transcende o Ego, torna-se imperativo o apego ao Ego. Este não mereceria tanta ênfase caso não acreditasse falsamente que o Eu é aniquilado no momento em que o Ego não é o único regente da vida humana. Portanto, quando você se identifica exclusivamente com o Ego, você não pode se identificar nem com a consciência maior, nem com os sentimentos no seu corpo, pois ambos vão de mãos dadas. A experiência direta de sentimentos espontâneos no seu corpo é tanto uma expressão de verdade universal do ser quanto a orientação, a inspiração e o conhecimento que fluem espontaneamente para dentro de você quando ocorre a identificação com o "você" que se estende para além da consciência do seu Ego. Se você se identifica com o Ego, você cria uma tensão na estrutura do Ego que diz, com efeito: "É o mundo do meu Ego que conta. Ele é tudo que eu sou e portanto eu não posso abrir mão dele. Se eu o fizer, deixarei de existir". Com essa atitude, o prazer se torna impossível, pois o prazer total, real, depende da capacidade do Ego de abandonar-se e deixar-se transportar e vivificar por um poder maior dentro do corpo e da alma.

O orgulho diz, "eu sou melhor que você". O orgulho significa separação, o

domínio sobre o outro, tudo que se opõe a um estado de amor. O orgulho pode também manifestar-se como "eu sou pior que os outros; eu sou indigno; eu não tenho valor. Mas eu devo ocultar esse fato, e assim vou fingir que sou mais". Esses pensamentos não são articulados, é claro, mas eles podem não ser totalmente inconscientes. Esse orgulho distorcido (em oposição à dignidade saudável) é baseado num constante medir-se e comparar-se com os outros. Assim, a pessoa está em perpétua ilusão, pois nenhuma avaliação verdadeira pode jamais advir de tal medição. É uma caçada sem esperança e sem fim de uma meta ilusória, uma busca que deixa a personalidade não apenas exausta, mas mais e mais frustrada. O abismo entre o ser e os outros, alarga-se sempre mais, o amor se torna menos possível e daí o prazer é ainda mais distanciado. Não importa se você realmente pensa que é mais que os outros, ou se apenas finge isso para ocultar os seus sentimentos de indignidade; é tudo a mesma coisa. Essa atitude não pode produzir amor - e em um estado desprovido de amor, como pode o prazer ser realizado? O amor não é uma ordem que deve causar-lhe privação. Pelo contrário, ele é a mais egoísta, no sentido positivo, de todas as atitudes, pois traz o maior de todos os prazeres - corporal, mental e emocional. Ele simplesmente é uma boa sensação em você. O amor faz com que você se abra; você flui e pulsa em um estado de paz,

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segurança, vibração, excitação, estímulo e profunda confiança. Quando você ama, o seu ser mais profundo bem como os seus membros externos sentem-se dóceis e satisfeitos. Em contraste, quando está em um estado de orgulho, ligado ao Ego, você necessariamente fica tenso, ansioso e contraído. O orgulho sempre leva e requer um fingimento de algum tipo. E você não pode ficar relaxado enquanto está fingindo. Um estado relaxado e livre de conflito e fingimento é o pré-requisito absoluto para o prazer.

O medo, desnecessário dizer, é uma contração total. Nele, uma pessoa não

pode confiar em si mesma, em ninguém mais e no universo. Portanto, o ser que teme não pode desvencilhar-se de si mesmo. O prazer é irrealizável quando a personalidade está presa ao Ego, atada em vontade egoísta, obstinação, orgulho e medo, acorrentada a criações negativas, ao conflito dentro de si mesma que nega a sua própria negatividade e assim não sabe que a negatividade existe. Assim a personalidade não conhece a natureza do seu próprio sofrimento. O ser está preso no conflito de a um tempo querer e temer o mesmo resultado. A inconsciência desse conflito leva a frustração e descontentamento e à responsabilização de outros por aquilo que falta. Essa acusação, por sua vez, provoca ressentimento, amargura, raiva e desafio. A confusão que resulta é um tormento para a alma. Como eu já disse, a realização do prazer que todos vocês profundamente anseiam advém do abandono de todas essas atitudes destrutivas. Aprofundando a questão do relaxamento: um estado interior totalmente relaxado é preciso para o prazer, mas o relaxamento não deve ser confundido com passividade, apatia, paralisia ou inércia. O verdadeiro relaxamento é um movimento constante, harmonioso. É o movimento do Universo. Qualquer entidade humana que seja livre o suficiente para estar nesse estado unificado de prazer sentirá o ritmo pulsante dos cosmos e estará em harmonia com ele. Esse ritmo prazeroso do universo está em cada universo microcósmico. Experimentá-lo quer dizer estar afinado com muita precisão ao ritmo cósmico, por dentro. Significa seguir não as distorções, mas os movimentos da alma que são reflexos do cosmos maior. Para estar assim afinado, uma calma interior deve prevalecer. Toda a agitação da mente deve aquietar-se. A turbulência deve cessar. Então, um outro tipo de movimento interior vai se dar a conhecer. Esse movimento não é ativo nem passivo no sentido exterior. Antes, ele combina uma atividade interna e um movimento do ritmo mais prazeroso com uma calma receptividade interna e aparente imobilidade. Essa imobilidade não contradiz o movimento, mas é uma parte intrínseca dele. Você vê, o que parece ser uma contradição no nível do Ego, torna-se uma unificação em um nível diferente. No estado unificado não pode existir divisão nem conflito entre aspectos do ser. Não pode haver pressão nem conflito tenso. Nesse estado, não há ameaça do tempo, pois ele é atemporal, mesmo agora, enquanto você permanece na carne.

Naturalmente, não se discute que esse estado não pode ser realizado o tempo

todo, mas ele pode ser realizado repetidamente, a cada vez deixando você uma pessoa mais forte, mais completa, com o seu Ego plenamente intacto e ainda assim mais integrado com o Eu Maior. Agora já é óbvio que o desenvolvimento, o crescimento e a evolução do indivíduo, devem trazê-lo a mais freqüentes realizações desse estado. Esse estado unificado é mais significativa e intensamente experimentado em um relacionamento de amor, mas de formas diferentes você o experimenta em tudo o que faz, no modo em que você vive e se move e existe na Consciência Universal, em todos os seus empreendimentos e no seu próprio ser. É

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possível transcender qualquer dado momento, não importa o quão desprazeroso. Se você for suficientemente fundo dentro de si mesmo para explorar totalmente o "você" desse momento, dessa situação, e se você não fugir dele, então o próprio momento de desprazer fatalmente voltará à sua natureza última - prazer supremo. Não é fácil explorar dessa maneira quando você se percebe como sendo muito separado, o que talvez você ainda sinta mesmo após ter experimentado algumas das verdades e estados que eu mencionei. Tal estado de desligamento exige que você sonde e tateie em busca de um equilíbrio. Por um lado, você deve encontrar a medida certa de autodisciplina, auto-enfrentamento e boa vontade para ver a verdade e mudar a destrutividade. Por outro lado, deve haver um paciente abandono a uma espera, uma expectativa confiante. Você tem que encontrar as respostas e atitudes certas, a maneira certa e a medida certa de lutar e não lutar. A sua memória de um estado semelhante no passado será de pouca ajuda. A verdade deve ser recapturada de novo a cada vez. A memória somente o ajudará a saber que a verdade pode ser alcançada e que ela não é uma ilusão. Não, não é fácil transcender o seu agora e viver de acordo com o ritmo cósmico no seu interior. Mas quanto mais freqüentemente você o tentar, mais freqüentemente ele se tornará possível, até que a conexão ao ritmo interno um dia se torne o seu estado normal e a desconexão a exceção. Os tempos difíceis irão cada vez mais servir o propósito de trazê-lo mais perto do seu centro interno de ser, onde reina o prazer supremo. Os momentos difíceis então serão os catalisadores que devem ser para preparar integralmente a sua pessoa para o estado não conflituoso de prazer dentro de você. A medida que você aceita a dor que você criou através das suas próprias concepções errôneas e da sua própria destrutividade, à medida que você a explora em lugar de fugir ou correr dela, à medida que você fica quieto ao invés de lutar contra essa dor com os seus subterfúgios e negatividades, os seus jogos e representações e fingimentos, suas projeções e fugas, à medida que você olha realmente para si mesmo, a realização e o estado de estar em prazer vai por fim e cada vez mais revelar-se para você. Você vai se tornar uma parte integrante dele. Esse deve ser o seu objetivo. Assim o prazer é, a um só tempo, objetivo último tanto espiritual quanto humano. Prazer é também o agente curativo sem o qual você não pode ficar são.