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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC LUCAS MATHEUS TENÓRIO RAMALHO DA SILVA CARLOS LEONARDO MAIA LINS DE ALBUQUERQUE PATOLOGIAS EM PAVIMENTOS DE CONCRETO SIMPLES MACEIÓ-AL 2017/1

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

LUCAS MATHEUS TENÓRIO RAMALHO DA SILVA CARLOS LEONARDO MAIA LINS DE ALBUQUERQUE

PATOLOGIAS EM PAVIMENTOS DE CONCRETO SIMPLES

MACEIÓ-AL

2017/1

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LUCAS MATHEUS TENÓRIO RAMALHO DA SILVA CARLOS LEONARDO MAIA LINS DE ALBUQUERQUE

PATOLOGIAS EM PAVIMENTOS DE CONCRETO SIMPLES

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de Engenharia Civil do Centro Universitário CESMAC, sob a orientação do professor Antônio Everaldo Vitoriano de Araújo.

MACEIÓ-AL 2017/1

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PATOLOGIAS EM PAVIMENTOS DE CONCRETO SIMPLES

PATHOLOGIES IN SIMPLE CONCRETE PAVEMENTS

Lucas Matheus Tenório Ramalho da silva [email protected]

Carlos Leonardo Maia Lins de Albuquerque [email protected]

Graduandos do curso de Engenharia Civil Orientador: Esp. Antônio Everaldo Vitoriano de Araújo

[email protected]

RESUMO

A malha rodoviária é de fundamental importância para o Brasil, é nela onde são transportadas a maioria das cargas movimentadas do país, esta porém apresenta diversos problemas de conservação e inúmeras patologias. A matriz rodoviária nacional é composta em sua maioria por pavimentos flexíveis que possuem menor vida útil e são mais suscetíveis aos danos causados pelas intempéries comparado aos pavimentos rígidos de concreto que estão sendo utilizados cada vez mais devido a maior durabilidade e manutenção mínima, este trabalho apresenta algumas vantagens da utilização dos pavimentos de concreto, suas patologias e possíveis tratamentos para as patologias.

PALAVRAS CHAVE: Pavimento rígido. Pavimentação. Patologias.

ABSTRACT

The road network is of fundamental importance for Brazil, it is where most of the country's cargoes are transported, but it presents several conservation problems and numerous pathologies. The national road matrix consists mostly of flexible pavements that have a shorter life span and are more susceptible to weather damage compared to rigid concrete pavements that are increasingly being used due to greater durability and minimal maintenance. This work presents some advantages of using concrete pavements, their pathologies and possible treatments for the pathologies.

KEYWORDS: Rigid pavement. Paving. Pathologies.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Corte transversal de um pavimento de concreto simples

Figura 2 - Camadas de um pavimento de concreto simples com barras de transferência

Figura 3- Tipos de juntas executadas em pavimentos de concreto simples

Figura 4 – Fissura de canto

Figura 5 - Placa dividida

Figura 6 - Alçamento de placas

Figura 7 - Falha na selagem das juntas

Figura 8 - Buraco

Figura 9 - Assentamento

Figura 10 - Placa bailarina

Figura 11 - Ilustração da movimentação vertical da placa bailarina sob a ação do tráfego

Figura 12 - Esborcinamento de juntas

Figura 13 - Esborcinamento ou quebra de canto

Figura 14 - Patologia em passagem de nível

Figura 15 - Quebra localizada

Figura 16 - Bombeamento, importante notar o afloramento de água por capilaridade

Figura 17 - Grande reparo

Figura 18 - Pequeno reparo mal executado

Figura 19 - Escalonamento ou degrau nas juntas

Figura 20 - Defeito de um pavimento rígido simples do tipo desgaste superficial

Figura 21 - Desnível na junta longitudinal em acostamento com característica

flexível em relação ao pavimento rígido

Figura 22 - Exemplo de ficha de inspeção de pavimentos

Figura 23 – Execução de retrofit em fissuras transversais

Figura 24 – Planta baixa de execução de cross-stitch

Figura 25 – Cross-stitch executado em fissura longitudinal, com barras inseridas

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Pesquisa CNT de rodovias em 2015

Quadro 2 – Características usuais das bases estabilizadas com cimento

Quadro 3 – Técnicas de reparação e prevenção de alguns tipos de patologias em

pavimentos rígidos

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AASHTO – American Association of State Highway and Transportation Officials

ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland

BL – Barra de Ligação

BT – Barra de Transferência de Carga

CNT – Confederação Nacional do Transporte

DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DNIT – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

ICP – Índice de Condição do Pavimento

PCA – Pavimento de Concreto Armado

PCP – Pavimento de Concreto Protendido

PCS – Pavimento de concreto simples

SGP – Sistema de Gerência de Pavimentos

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8 2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 10 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 11 4 PAVIMENTO DE CONCRETO SIMPLES .............................................................. 12 4.1 Classificação ..................................................................................................... 12 4.2 Histórico ............................................................................................................. 13 4.3 Camadas do pavimento de concreto simples ................................................. 14 4.3.1 Subleito ............................................................................................................ 16 4.3.2 Sub-base .......................................................................................................... 16 4.3.2.1 Sub-base granular ......................................................................................... 17 4.3.2.2 Sub-base estabilizada com cimento Portland ................................................ 17 4.3.3 Placas de concreto ........................................................................................... 18 4.3.3.1 Construção das juntas .................................................................................. 19 4.3.4 Vantagens e desvantagens da utilização dos pavimentos de concreto ........... 20 4.4 Patologias em pavimentos de concreto simples ............................................ 21 4.4.1 Tipologia dos defeitos e suas causas ............................................................... 22 4.4.1.1 Fissura de canto ............................................................................................ 22 4.4.1.2 Placa dividida ................................................................................................ 23 4.4.1.3 Alçamento de placas ..................................................................................... 23 4.4.1.4 Falha na selagem das juntas ......................................................................... 24 4.4.1.5 Buracos ......................................................................................................... 25 4.4.1.6 Assentamento ............................................................................................... 25 4.4.1.7 Placa bailarina ............................................................................................... 26 4.4.1.8 Esborcinamento de juntas ............................................................................. 27 4.4.1.9 Esborcinamento ou quebra de canto ............................................................. 28 4.4.1.10 Passagem de nível ...................................................................................... 28 4.4.1.11 Quebras localizadas .................................................................................... 29 4.4.1.12 Bombeamento ............................................................................................. 29 4.4.1.13 Reparos ....................................................................................................... 30 4.4.1.14 Fissuras lineares ........................................................................................ 31 4.4.1.15 Escalonamento ou degrau nas juntas ........................................................ 32 4.4.1.16 Desgaste superficial .................................................................................... 32 4.4.1.17 Desnível pavimento - acostamento ............................................................. 33 4.5 Sistema de gerenciamento de pavimentos ..................................................... 33 5 Possíveis tratamentos para as patologias ......................................................... 36 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 41 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 42

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil é um país de grande extensão territorial e possui uma economia em

crescimento e diversificada, com atuação em variadas áreas como agronegócio,

mineração, manufatura e serviços, essa crescente economia exige uma demanda de

infraestrutura de transportes, que em sua maioria é realizado através de rodovias.

Segundo dados da Confederação Nacional de Transportes –

(CONFEDERAÇÃO, 2015), o país possui um total de 1.720.607 km de rodovias

sendo apenas 12,4% (213.299 km) pavimentadas, 78,6% (1.353.186 km) não

pavimentadas e apenas 9,0% (154.192 km) de rodovias planejadas. Do total de

rodovias pavimentadas, 31,3% são rodovias federais, 56,1% estaduais e 12.6%

municipais, apesar do crescimento de 14,7% no número de rodovias federais nos

últimos dez anos.

Há a necessidade de implantação de novas rodovias, além da manutenção

das existentes, pois uma parcela das rodovias pavimentadas pesquisadas pela CNT

não é considerada adequada para o tráfego de pessoas e bens, como mostra a

tabela 1 onde foram analisados mais de 100 mil quilômetros de rodovias no país.

Quadro 1 – Pesquisa CNT de rodovias em 2015

Estado Geral

das rodovias

(2015)

Extensão total

Km %

Ótimo 12.640 12,5

Bom 30.464 30,2

Regular 35.105 34,9

Ruim 16.214 16,1

Péssimo 6.340 6,3

Total 100.763 100

Fonte: Confederação Nacional do Transporte (CNT) 2015.

É importante ressaltar, que a qualidade dos pavimentos deve ser

considerada, a CNT em sua pesquisa realizou a análise da qualidade dos

pavimentos e determinou que 48,6% (48.897 Km) apresentam algum tipo de

deficiência no pavimento 35,4% foram classificados como Regular, 10,1% como

Ruim e 3,1% como Péssimo.

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De acordo com os dados da pesquisa de rodovias da CNT, uma grande

parcela de rodovias no Brasil ainda necessita de construção de estradas

pavimentadas, é perceptível que boa parte das rodovias pavimentadas (213.299 Km)

receberam pavimentação do tipo flexível, esta opção tornou a malha rodoviária

nacional suscetível a condições ambientais como umidade e mudanças de

temperatura, visto que boa parte do extenso território nacional possui climas

diferentes, o aumento do volume de tráfego e de transporte de carga é, também, um

fator que compromete a qualidade e durabilidade dos pavimentos, que cada vez

mais necessitam de manutenção e recuperação. Enquanto que as rodovias de

pavimento rígido devido a maior durabilidade e manutenção mínima estão sendo

cada vez mais empregadas no país.

Apesar das vantagens apresentadas dos pavimentos rígidos, alguns erros

que podem ocorrer na construção ou no decorrer do uso do pavimento causam

patologias. Para solucionar as patologias é necessário identificar suas causas

através de serviços de manutenção e inspeção, a manutenção de pavimentos é um

serviço rotineiro e busca manter o pavimento o mais próximo possível de sua

condição original, após a avaliação da condição do pavimento, identificação da

patologia e a causa, os serviços de recuperação poderão ser executados nos

trechos danificados.

A identificação de erros construtivos e outros problemas que ocorrem em

pavimentos rígidos são realizados através de sistemas de gerência de pavimentos

como o índice de condição de pavimentos (ICP), empregado no Brasil por órgãos

federais e estaduais, a utilização de métodos e sistemas de gerência de pavimentos

tem como objetivos identificar as patologias e suas causas, pois patologias

estruturais e funcionais afetam a segurança dos usuários, comprometendo a

capacidade de suportar cargas do tráfego e prejudicando as condições de

dirigibilidade das rodovias, além de reduzir custos de manutenção, evitando as

manutenções corretivas por serem dispendiosas e optando por manutenções

preventiva.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Estudar os diversos tipos de patologias em pavimentos de concreto simples.

2.2 Objetivo específico

a) Apresentar as patologias mais ocorrentes em pavimentos de concreto simples.

b) Exemplificar as causas das patologias.

c) Descrever possíveis tratamentos para as patologias que ocorrem em pavimentos

de concreto simples.

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3 METODOLOGIA

O presente trabalho de conclusão de curso buscará através de consulta

bibliográfica, de manuais técnicos, pesquisas da área de engenharia civil e revistas

especializadas, servir de orientação e consulta para os profissionais da área de

construção civil, e aprimorar estudos relacionados ao tema.

A pesquisa foi feita utilizando como base a revisão de normas dos manuais de

pavimentos rígidos e de recuperação de pavimentos rígidos do Departamento

Nacional de Infraestrutura de transportes (DNIT), revisão de literatura de artigos

online em inglês, pesquisas comparativas entre pavimentos rígidos e flexíveis

realizadas através de consulta em material bibliográfico e dados da pesquisa de

rodovias brasileiras da Confederação Nacional do Transporte (CNT), além de

descrever as patologias mais ocorrentes em pavimentos de concreto simples, de

acordo com a literatura contida em livros e manuais de pavimentos rígidos, suas

eventuais causas e possíveis tratamentos para os mesmos.

O trabalho subdivide-se na classificação dos pavimentos rígidos

diferenciando-o dos pavimentos flexíveis e subdividindo os pavimentos rígidos. Em

seguida o histórico da utilização de pavimentos rígidos no mundo e especificamente

no Brasil, camadas do pavimento de concreto simples, vantagens e desvantagens

dos pavimentos de concreto em relação aos pavimentos flexíveis, demonstração das

patologias em pavimentos de concreto simples e suas causas além dos possíveis

tratamentos para as patologias.

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4 PAVIMENTO DE CONCRETO SIMPLES

4.1 Classificação

Segundo Senço (2007) os pavimentos podem ser divididos em dois grupos:

rígidos e flexíveis.

Os pavimentos flexíveis são aqueles que ao sofrerem deformações, resistem,

até um certo limite, sem se romperem. São projetados e dimensionados para resistir

esforços de compressão e tração na flexão. Os pavimentos flexíveis sofrem

deformações elásticas em todas as camadas e distribui as deformações entre tais

camadas de forma equivalente.

Os pavimentos rígidos são pouco deformáveis e constituídos principalmente

de concreto de cimento, rompem por tração na flexão, recebe o nome de rígido por

possuir a camada revestimento com elevada rigidez em relação as demais camadas

inferiores e, nesse caso, absorve a maioria das tensões a que é submetido, é neste

contexto em que os pavimentos de concreto simples estão incluídos. Por possuir

elevada resistência e durabilidade em relação aos pavimentos flexíveis os

pavimentos rígidos de concreto são utilizados em vias de tráfego intenso pesado e

repetitivo, aeroportos, corredores exclusivos para ônibus, pisos industriais, áreas

portuárias de circulação de maquinário pesado e também para recuperação de

pavimentos com objetivo de prolongar a vida útil.

Conforme Silva (2008) com relação ao revestimento dos pavimentos, há três

tipos de pavimentos rígidos, são eles os pavimentos de concreto simples (PCS),

pavimentos de concreto armado (PCA) e pavimentos de concreto protendido (PCP).

O presente trabalho aborda a utilização de pavimentos de concreto simples

(PCS) de cimento portland, portanto não possuem armadura, o revestimento do PCS

é comumente realizado com o concreto de cimento portland, podendo ser também

executado com concreto convencional, concreto de alta resistência e concreto

compactado com rolo. O revestimento do PCS é constituído de placas de concreto

interligadas por barras de transferência de carga que agem associadas a juntas

transversais evitando fissurações transversais devido ao atrito entre a placa e a sub-

base causado pelas tensões de tração, além de juntas longitudinais agindo

associadas a barras de ligação para evitar o deslocamento horizontal entre as

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placas que pode causar o empenamento da placa de concreto oriundo de variações

de tensões entre dia e noite, fato este que pode causar o aparecimento de fissuras

longitudinais.

Há também os pavimentos semirrígidos, técnica que consiste na construção

de uma base com aglutinante cimentício revestida por uma camada asfáltica, além

de outros meios de recuperação de pavimentos que são mais modernos como o

Whitetopping e Overlay.

4.2 Histórico

No início do século XX (1900) os cimentos conhecidos eram classificados em

naturais e artificiais, sendo os cimentos naturais extraídos diretamente das rochas e,

os cimentos artificiais, aqueles que eram produzidos com ingredientes em

proporções determinadas conhecidos na época como cimento Portland. O primeiro

cimento Portland foi produzido no Reino Unido em 1824 sendo então os ingleses os

precursores dos pavimentos rígidos de concreto, apenas em 1891 os norte-

americanos começaram a utilizar os pavimentos de concreto que, ainda encontra-se

funcional apenas para pedestres na cidade de Bellefontaine, no estado de Ohio.

(SENÇO, 1997).

O uso de pavimentos de concreto ganhou notoriedade no cenário mundial

durante a segunda guerra mundial, quando os países desenvolvidos da época,

destacando-se a Alemanha e os Estados Unidos que adotaram o uso desse tipo de

pavimento, substituindo as antigas vias de asfalto e construindo novas autoestradas

de concreto.

No Brasil, ainda segundo Senço (2007), o uso da pavimentação de concreto

iniciou-se no ano de 1926 quando foi construída a rodovia Caminho do Mar que

ligava São Paulo a Cubatão, com o aumento de veículos na década de 30 a

construção de rodovias de pavimento de concreto tornou-se uma realidade visível no

país, até o início da década de 50 essa prática estava em alta, porém a partir daí

sofreu grande desaceleração devido a motivos econômicos e políticos, nesta mesma

época o surgimento de pavimentos flexíveis à base de produtos betuminosos, nos

Estados Unidos da América, foi amplamente divulgado e aceito no Brasil, pois para o

país era uma alternativa mais barata em relação ao concreto visto que já havia

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diversas refinarias de petróleo que produziam produtos betuminosos instaladas em

território nacional, com preços relativamente mais baixos em comparação ao uso do

concreto cimentício, o preço baixo aliado a grande necessidade de construção de

novas rodovias foi o motivo principal da escolha, dos órgãos ligados ao ramo, por

pavimentos flexíveis como principal tipo de pavimentação do Brasil. (BALBO, 2009).

4.3 Camadas do pavimento de concreto simples

Conforme Senço (2001), o pavimento de concreto simples é constituído de

concreto de alta resistência em relação aos concretos estruturais para edifícios,

resistindo bem ao esforço de tração na flexão. A construção das camadas dos

pavimentos de concreto exige o cumprimento das normas e recomendações para

dosagem, materiais utilizados, processos construtivos e seu controle. Os pavimentos

exigem também uma gerência e conservação ao longo de todo seu tempo de vida

útil.

De acordo com o manual de pavimentos rígidos do DNIT (2004) existem dois

tipos de pavimentos de concreto simples:

a) Pavimentos de concreto simples sem barras de transferência: este tipo de

pavimento não possui aço em sua composição, ocorrendo a transferência de carga

apenas entre os agregados e por isso exigem placas curtas de 5 a 6 metros de

comprimento.

b) Pavimentos de concreto simples com barra de transferência: possuem um sistema

de transferência de cargas entre as placas formado por barras lisas de aço,

colocadas na meia-seção das juntas transversais, com a adição das barras de aço o

comprimento das placas aumenta significativamente para 9 a 12 metros, este tipo de

pavimento de concreto é o aceito atualmente pelos órgãos da área pelo fato de que

o aparecimento de patologias aumenta significativamente quando não são

adicionadas as barras de transferência e as juntas transversais.

As camadas do PCS trabalham essencialmente à tração, há algumas

diferenças entre pavimentos rígidos e pavimentos flexíveis, o dimensionamento dos

pavimentos flexíveis é regido pela resistência do subleito, enquanto os pavimentos

rígidos pela resistência da própria placa, no PCS a placa exerce duplo papel: serve

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ao mesmo tempo como base e revestimento, portanto não há em regra camada de

base sob a placa de concreto, apenas sub-base. (SENÇO, 2001).

A figura abaixo representa o corte transversal de um pavimento de concreto

rígido onde é possível notar as suas camadas, sendo a placa de concreto de

cimento, o revestimento e também, a base, abaixo da placa localizam-se a sub-base

e o subleito.

Figura 1- corte transversal de um pavimento de concreto simples

Fonte: Elaborada pelo autor

Segundo o DNER (1996), a ocorrência dos materiais para construção de

pavimentos de qualquer natureza é uma das maiores preocupações da execução de

projetos rodoviários, é necessário na fase de projeto do pavimento, realizar estudos

de geologia e pedologia da região buscando informações sobre jazidas novas e

antigas, depósitos de aluvião além de fontes de abastecimento de água. Os

procedimentos a serem executados para a prospecção de jazidas são realizados em

duas etapas: a prospecção preliminar onde são realizados sondagens e estudos em

laboratório para identificar as ocorrências que apresentam viabilidade de

aproveitamento e qualidade do material, e a prospecção definitiva onde são

realizadas sondagens e estudos no laboratório mais profundos com retirada de

amostras e apresentação detalhada de materiais quanto ao tipo, granulometria e a

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quantidade de cada material de acordo com a posição geográfica de ocorrência. Os

impactos ambientais também devem ser levados em conta, pois cada processo de

remoção de material gera desmatamento, possível poluição da água e de solo. O

DNER (1996) cita parâmetros de controle, conservação e restauração do meio

ambiente para a construção de rodovias e retirada de materiais.

4.3.1 Subleito

O subleito é de fundamental importância para qualquer tipo de pavimento, nos

pavimentos de concreto os processos construtivos empregados seguem as mesmas

etapas de preparo do subleito de pavimentos flexíveis, de acordo com Senço (2007)

em trechos de terraplanagem recente, as operações de regularização e acabamento

já servirão para dar ao subleito as condições de alinhamentos e nivelamentos

exigidas para trechos com inclinações de 2% até 4%, trechos circulares e com

curvas.

Para os pavimentos de concreto deve-se ter atenção especial à presença de

argilas moles e solos expansivos, pois as modificações ocorridas no solo e

consequentemente no subleito, incidem nas camadas superiores podendo causar

patologias nas placas de concreto. O estudo geológico do solo juntamente com o

geotécnico obtém as informações necessárias para o dimensionamento das

camadas do pavimento, a espessura do pavimento rígido é determinada pelo

parâmetro relativo ao suporte do subleito que é determinado pelo coeficiente de

recalque (k) obtido através de prova de carga estática. No PCS os nivelamentos dos

trechos do subleito devem estar regularizados e alinhados perfeitamente, pois as

camadas deste tipo de pavimento possuem espessura constante, desse modo

exigindo maior controle geométrico de regularização.

4.3.2 Sub-base

Atualmente os pavimentos de concreto são construídos com uma base

intermediária entre placa de concreto e o subleito, essa base é denominada sub-

base. Segundo o manual de pavimentos rígidos do DNIT (2004) a sub-base tem o

objetivo de uniformizar e tornar constante o suporte as placas ao longo da faixa do

pavimento, evitar mudanças excessivas no volume do solo do subleito e evitar a

infiltração de água presente no solo abaixo por capilaridade que pode causar

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patologias no pavimento, sendo assim uma camada importante para a proteção das

camadas adjacentes, seja o subleito ou as placas de concreto. A sub-base do PCS

deve, assim como o subleito, possuir uniformidade de suporte, sendo regularizada

para o assentamento das placas, sendo estas características mais importantes que

sua própria capacidade de suporte.

As sub-bases para pavimentos de concreto podem ser divididas em: sub-

bases granulares (com granulometria aberta ou fechada) ou sub-bases estabilizadas

com aglutinantes (com cimento ou com outros aditivos). (SENÇO, 2001).

4.3.2.1 Sub-base granular

A construção de sub-bases granulares deve seguir faixas granulométricas

específicas, este tipo de sub-base deve ao mesmo tempo trabalhar como filtrante e

impedir que partículas menores, material fino, penetrem em seus vazios. A

espessura deverá variar entre 15 e 40 cm, para trechos de tráfego muito leve poderá

ter até 10 cm, variando em função do material granular utilizado e pressões ou

deformações que serão provocadas no subleito. As sub-bases granulares dividem-

se em sub-bases de granulometria aberta e sub-bases de granulometria fechada.

(SENÇO, 2001).

4.3.2.2 Sub-base estabilizada com cimento Portland

Este tipo de sub-base se caracteriza por impedir o fenômeno do

bombeamento que geralmente atinge as sub-bases granulares, o bombeamento

ocorre quando os grãos soltos são carreados pela água que eventualmente poderá

se depositar sob placas através de infiltração em locais com problemas entre as

juntas, com o tráfego e consequente movimento das extremidades das placas a

água é comprimida. A aplicação de cimento na sub-base, tem como função

aumentar a impermeabilização, além de reduzir as pressões sobre o subleito.

(SENÇO, 2007). O quadro a seguir demonstra as características das bases

estabilizadas com cimento.

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Quadro 2 – Características usuais das bases estabilizadas com cimento

4.3.3 Placas de concreto

Para os pavimentos de concreto, as placas são o revestimento sobre o qual

os veículos transitarão, as placas devem resistir aos esforços de tração na flexão e

transmitir as cargas para as camadas abaixo. Como qualquer revestimento de

pavimento, as placas de concreto têm por finalidade impermeabilizar

superficialmente o pavimento, para isto devem ser interligadas aos dispositivos de

drenagem superficial, que tem como objetivo disciplinar a água que escoa sobre a

superfície do pavimento, os pavimentos devem também ter resistência a

derrapagem proporcionando segurança ao usuário da rodovia, melhorar o conforto

do pavimento ao rolamento e resistir aos esforços do tráfego e efeitos do

intemperismo.

As placas de concreto no PCS, como visto anteriormente, servem também

como a base do pavimento, dispensando a construção de uma base, como ocorre

em pavimentos flexíveis. A figura 2 demonstra um corte longitudinal de um

pavimento de concreto simples, apresentando as camadas sobrepostas e os locais

das barras de transferência e corte das juntas.

Fonte: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) 2004.

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Figura 2- camadas de um pavimento de concreto simples com barras de transferência

Fonte: Elaborada pelo autor

No Brasil as placas de concretos devem conter juntas transversais e ou

longitudinais além de barras de transferência lisas de aço, as juntas absorvem parte

do movimento das placas causados pela retração e dilatação das placas, desse

modo permitem a movimentação das mesmas, impedem a descontinuidade e

separação das placas que poderia causar desconforto aos usuários da rodovia. As

barras de transferência são necessárias para que as placas possam transferir as

cargas verticais oriundas dos veículos, além dos movimentos de expansão e

retração devido a mudanças de temperatura que causam movimentos horizontais

entre as placas. As barras de transferências são comumente fixadas em uma das

placas e na outra metade da barra é colocado graxa ou outro material lubrificante

para permitir a movimentação.

O concreto das placas é constituído de cimento Portland de alta resistência,

normalmente emprega-se o cimento Portland de alta resistência inicial, além de

agregados e água, pode receber aditivos de acordo com a necessidade. A cura do

concreto é uma operação que consiste em evitar a evaporação da água e

consequente secagem rápida do cimento o que poderia causar retração no concreto.

Os tipos de cura para o PCS são:

Cura por umedecimento constante, neste caso a água deve estar livre de

contaminantes e com temperatura acima de 5°C;

Cura química é quando se utilizam aditivos como resinas ou borracha clorada;

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Cura com faixa de juta e terra saturada, neste caso são colocados faixas de

juta ou tecidos de algodão aplicando água em forma de neblina, após 24 horas

aplicar terra e umedecê-la;

Cura com faixa de juta e saturação de água, semelhante ao anterior, porem

este método consiste na manutenção de um espelho d’água de 5 cm de espessura

sobre o pavimento. Todas os processos de cura demonstrados duram em média 7

dias.

4.3.3.1 Construção das juntas

As juntas são de fundamental importância para o pavimento de concreto

simples, elas interrompem a continuidade do concreto, impedindo a formação de

fissuras e trincas, as juntas são divididas basicamente em longitudinais e

transversais. De acordo com Senço (2001) as juntas devem ser serradas ou

moldadas com as seguintes características:

Profundidade de corte de 1/4 a 1/6 da espessura da placa, com as seguintes

profundidades mínimas: 4 cm para placas com espessura de até 16 cm, 6 cm para

placas de espessura até 22 cm e para valores entre 16 e 22 cm fazer interpolação

entre 4 e 6 cm. A figura 3 exemplifica os diferentes tipos de juntas executadas em

pavimentos de concreto, acima da junta está localizado o selante com as respectivas

medidas.

Figura 3- tipos de juntas executadas em pavimentos de concreto simples

Fonte: ABCP, 2004

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21

A abertura poderá variar entre 3 a 10 mm, as juntas devem ser devidamente

seladas para impedir a infiltração de água e de quaisquer materiais sólidos, pois a

presença de água pode acarretar patologias futuras como erosão no entorno do

corte da junta e a presença de materiais estranhos pode impedir o funcionamento

ideal da junta interrompendo a movimentação da mesma. Os materiais empregados

na construção de juntas e selagem devem constar e estar de acordo com a norma

DNIT – 046/2004 – EM.

4.3.4 Vantagens e desvantagens da utilização dos pavimentos de concreto

Segundo Pitta (1999, p.1)

Por trabalhar sensivelmente a tração, essa propriedade se encarrega de estabelecer a maior parte da capacidade de resistir as cargas do tráfego e a outros agentes, como as variações de temperatura e de umidade, diferentemente do pavimento flexível, que não dispõe de suficiente resistência a tração e é de baixo modulo equivalente de elasticidade e assim requer maior número de camadas e espessuras mais significativas.

Os pavimentos rígidos, mais especificamente os pavimentos de concreto

simples de cimento Portland possuem, ainda, outras vantagens como redução em

40% na distância de frenagem em comparação com pavimentos flexíveis, economia

de energia elétrica, devido a sua cor clara que proporciona maior reflexão da luz, e

redução no consumo de combustível, pois diminui a inercia dos veículos,

proporcionando uma redução na resistência ao rolamento. (ABCP, 2002)

Outras vantagens importantes do pavimento de concreto em relação aos

flexíveis são: melhor característica de drenagem superficial por escoar facilmente a

água com menores caimentos, a camada de rolamento se mantém integra à

intempéries como chuvas e temperaturas elevadas, vida útil mínima de 20 anos

enquanto que os pavimentos flexíveis possuem vida útil de 10 anos com

manutenções, resistente a ataques químicos como óleos, graxas e combustíveis,

pavimento com menor espessura e número de camadas.

Apesar das vantagens do pavimento de concreto, o mesmo possui algumas

desvantagens, e como qualquer obra de construção civil, a execução de pavimentos

rígidos está suscetível a ocorrência de erros e defeitos, os defeitos que ocorrem em

pavimentos são chamados de patologias, as patologias em pavimentos se dividem

em patologias estruturais e funcionais.

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4.4 Patologias em pavimentos de concreto simples

As patologias funcionais são aquelas que afetam as condições de

dirigibilidade, geram desconforto nos usuários da rodovia, está diretamente

relacionada a serventia, ou seja, a capacidade de servir ao usuário quanto ao

conforto do rolamento, tal serventia decai com o passar do tempo ou com o aumento

do tráfego ou utilização do pavimento. São exemplos de patologias funcionais a

rugosidade, o polimento da superfície, ruído e os defeitos de superfície, porém estes

defeitos não se estendem por toda a placa, em geral atingem no máximo o terço

médio superior da espessura da placa de concreto. (SILVA, 2008)

É importante o estudo das patologias das placas de concreto, sejam elas

funcionais, estruturais ou até de segurança, visto que os projetos de rodovia e

concessões possuem um tempo determinado e a manutenção, prevenção e

recuperação de tais pavimentos demanda um gasto elevado de dinheiro, a opção

por pavimentos de concreto simples é uma realidade viável para uso em rodovias,

principalmente para tráfego de veículos pesados, por isso é de fundamental

importância o estudo os diversos defeitos que atingem este tipo de pavimento, assim

como as causas dos defeitos e recuperação.

4.4.1 Tipologia dos defeitos e suas causas

Segundo Silva (2008) algumas patologias ocorrem antes mesmo do

funcionamento da rodovia, ou seja, são causadas por erros construtivos alguns

exemplos de patologias mais simples são: a rugosidade que pode ser causada por

saliências na superfície das placas devido a passagem da vassoura de cerdas de

nylon no momento do acabamento, além de sobras de concreto descarregado sobre

o concreto já endurecido.

O polimento da superfície das placas é geralmente causado no momento em

que são colocadas lonas para proteger o concreto, esta patologia poderá causar

problemas de segurança aos usuários, pois ocorre perda de aderência entre o pneu

e o pavimento.

Alguns defeitos na superfície também podem causar patologias no decorrer

do uso do pavimento, a delaminação, que é a retirada da camada superficial do

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concreto, ocorre na passagem da desempenadeira, quando há água exsudada na

superfície do concreto e esta fica aprisionada. Outra patologia pouco profunda são

as fissuras de retração que possuem pequena abertura inferior a 0.5 mm e

comprimento limitado tem incidência aleatória e ocorrem devido a retração plástica

do concreto por excesso de água do traço e por falta de cura.

De acordo com o manual de recuperação de pavimentos rígidos do DNIT

(2010) as principais patologias em pavimentos de concreto simples são:

4.4.1.1 Fissura de canto

É um tipo de fissura que intercepta as juntas a uma distância de, no máximo, 1,8 m

das bordas ou juntas do pavimento, longitudinal e transversal, mede-se a partir do

canto da placa, atinge toda a espessura da placa. Pode ocorrer devido ao

empenamento dos cantos das placas devido a variações térmicas e de umidade,

recalque diferencial das placas, falta ou deficiência de barras de transferências e

subdimensionamento da espessura do pavimento.

Figura 4 – Fissura de canto

Fonte: DNIT, 2004 p.4

4.4.1.2 Placa dividida

É a placa que apresenta fissuras, dividindo-a em quatro ou mais partes, pode

ocorrer por deficiência no suporte da fundação do pavimento, tais deficiências

ocorrem geralmente na sub-base do pavimento desnivelando-a e afetando as

placas, ocorre também devido ao subdimensionamento da espessura do pavimento

e fadiga do concreto.

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Figura 5 –Placa dividida

Fonte: DNIT, 2004 p.5

4.4.1.3 Alçamento de placas

Desnivelamento das placas nas juntas ou fissuras transversais e, eventualmente, na

proximidade de canaletas de drenagem e obstáculos fixos, tais como encontros de

ponte, fundações de prédios ou intervenções feitas no pavimento, pode ocorrer por

dilatação linear do pavimento associado a deficiência ou falta de junta de dilatação

nas proximidades com os dispositivos de drenagem ou outros obstáculos, apresenta

também pequenas fissuras no entorno do local desnivelado da placa.

Figura 6 - Alçamento de placas

Fonte: DNIT, 2004 p.4

4.4.1.4 Falha na selagem das juntas

É qualquer avaria no selante que possibilite o acúmulo de material

incompressível na junta, ou que permita a infiltração de água. As principais falhas

observadas no material selante são: Má qualidade ou inadequabilidade do material,

rompimento por tração ou compressão, extrusão do material, crescimento de

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vegetação, endurecimento (oxidação) do material, perda de aderência às placas de

concreto e quantidade deficiente de selante nas juntas. Esta é uma das principais

patologias de pavimentos de concreto simples, pois pode acarretar o aparecimento

de outras patologias a partir dela com o passar do tempo.

Tem como causas o uso de selantes à base de policloropreno, que

geralmente são pré-moldados, são aqueles que apresentam maior vida útil, tendo o

inconveniente do alto custo. Na maioria dos casos são empregados selantes do tipo

mastique, à base de poliuretano, silicone ou simplesmente com misturas asfálticas,

que são aplicados e geralmente a frio.

O defeito mais comum tem sido o descolamento do mastique das bordas da

junta, que pode ser decorrente da falta de aplicação de um primer, que é necessário

para a maioria dos selantes disponíveis no mercado.

Em alguns casos as fissuras podem permitir a entrada de raios ultravioleta

que incidem sobre a junta e pode aumentar o desgaste da mesma.

Figura 7 - Falha na selagem das juntas

Fonte: DNIT, 2004 p.4

4.4.1.5 Buracos

São reentrâncias côncavas observadas na superfície da placa, caracterizadas

pela perda de concreto no local, apresentando área e profundidade bem definida,

acontece em decorrência da presença de outras patologias já instaladas no

pavimento como fissuras profundas e generalizadas, escamação, lasqueamento,

desgaste superficial, bem como o emprego de concreto de baixa qualidade.

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Figura 8 - buraco

Fonte: DNIT, 2004 p.12

4.4.1.6 Assentamento

Caracteriza-se pelo afundamento do pavimento, criando ondulações superficiais de

grande extensão, podendo ocorrer que o pavimento permaneça íntegro, as causas

são: deficiência ou falta de uniformidade no suporte da fundação e projeto ou

execução deficiente da sub-base.

Figura 9 – Assentamento

Fonte: DNIT, 2004 p.12

4.4.1.7 Placa bailarina

É um tipo de patologia no qual uma ou mais placas de concreto se

movimentam sob a ação do tráfego, é uma patologia visível a olho nu, ocorre

geralmente na região das juntas, tem como causa as perdas localizadas ou

generalizadas de suporte da fundação, aliadas à existência de juntas ineficientes e à

ação do tráfego pesado e canalizado.

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Figura 10 – Placa bailarina

Fonte: DNIT, 2010 p.34

Figura 11 – Ilustração da movimentação vertical da placa bailarina sob a ação do tráfego

Fonte: DNIT, 2010 p.34

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4.4.1.8 Esborcinamento de juntas

É a quebra das bordas das placas de concreto na região das juntas, causada

por ação do tráfego, tempo de uso ou distancia excessiva entre placas, decorrente

da retirada das fôrmas nestes locais de maneira brusca, ou com o concreto tendo

ainda uma resistência baixa. Podem, também, ocorrer devido a utilização imprópria

dos veículos pesados trafegando fora das trilhas consideradas no projeto.

Figura 12 - defeito de um pavimento rígido simples do tipo esborcinamento de juntas

Fonte: DNIT, 2004 p.11

4.4.1.9 Esborcinamento ou quebra de canto

Defeito que se difere da fissura de canto por apresentar quebra num

determinado ângulo em relação as juntas, ocorrem em uma distância não superior a

60 cm do canto, causas: remoção precipitada das fôrmas, serragem prematura da

junta, quando o concreto ainda não apresenta uma resistência adequada, infiltração

de materiais incompressíveis na junta, quando ela está muito aberta (em tempo frio),

que posteriormente irão comprimir as bordas da junta, quando o tempo esquentar,

normalmente através do calor emitido pelo sol, e as juntas se fecharem.

Figura 13 - esborcinamento ou quebra de canto Fonte: DNIT, 2004 p.11

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4.4.1.10 Passagem de nível

São defeitos que ocorrem em passagens de nível, consiste em depressões ou

elevações próximas aos trilhos, decorrente de execução de projeto inadequado ou

de uma execução deficiente do pavimento neste local

Figura 14 – Patologia em passagem de nível

Fonte: ABCP, 2002

4.4.1.11 Quebras localizadas

São áreas das placas que se mostram trincadas e partidas em pequenos

pedaços, tendo formas variadas, situando-se geralmente entre uma trinca e uma

junta ou entre duas trincas próximas entre si (em torno de 1,5 m), causado por

ineficiência das barras de transferência e das juntas, perda de suporte da fundação,

espessura insuficiente das placas, ocorrência de vazios por falta de adensamento do

concreto e resistência à tração abaixo da especificação.

Figura 15 - Quebra localizada

Fonte: ABCP, 2002

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4.4.1.12 Bombeamento

Consiste na expulsão de finos plásticos existentes no solo de fundação do

pavimento, através das juntas, bordas ou trincas, quando da passagem das cargas

solicitantes. Os finos bombeáveis têm a forma de uma lama fluída, sendo

identificados pela presença de manchas terrosas ao longo das juntas, bordas ou

trincas. Pode ser causado por infiltração e consequentemente ocasionando o

surgimento de capilaridade até a superfície do pavimento.

Figura 16 – bombeamento, importante notar o afloramento de água por capilaridade

Fonte: ABCP, 2002

4.4.1.13 Reparos

Dividem-se em grandes e pequenos, no qual preenche-se com material de

enchimento uma área de pavimento que foi removida, grandes reparos são para

áreas maiores que 0,45 m² e pequenos reparos para áreas inferiores a 0,45 m²,

constituem uma patologia funcional por causarem desconforto.

Figura 17 - Grande reparo

Fonte: DNIT, 2004 p.7

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Figura 18 - Pequeno reparo mal executado

Fonte: Silva, 2008 p.28

4.4.1.14 Fissuras lineares

São fissuras que atingem toda a espessura da placa de concreto, dividindo-a

em duas ou três partes. Quando as fissuras dividem a placa em quatro ou mais

partes, o defeito é denominado de "placa dividida". Como fissuras lineares

enquadram-se:

Fissuras transversais, que ocorrem na direção da largura da placa,

perpendicularmente ao eixo longitudinal do pavimento;

Fissuras longitudinais, que ocorrem na direção do comprimento da placa,

paralelamente ao eixo longitudinal do pavimento;

Fissuras diagonais, que são fissuras inclinadas que interceptam as juntas do

pavimento, a uma distância maior que a metade do comprimento dessas juntas ou

bordas.

As principais causas das fissuras são:

Cura deficiente;

Atraso na serragem das juntas transversais;

Subdimensionamento da espessura do pavimento;

Ineficiência ou má colocação das barras de transferência;

Deficiência no suporte da fundação.

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4.4.1.15 Escalonamento ou degrau nas juntas

Ocorre quando há deslocamentos verticais diferenciados e permanentes entre

uma placa e outra adjacente, na região da junta, ocorre quando há perda na

capacidade de transmissão de cargas entre as placas por deficiência nas juntas.

Figura 19 – escalonamento ou degrau nas juntas

Fonte: DNIT, 2010 p.30

4.4.1.16 Desgaste superficial

Caracteriza-se pelo deslocamento da argamassa superficial, fazendo com que

os agregados graúdos aflorem na superfície do pavimento, e com o tempo, fiquem

com uma superfície polida.

Figura 20 - defeito de um pavimento rígido simples do tipo desgaste superficial

Fonte: DNIT, 2004 p.8

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4.4.1.17 Desnível pavimento – acostamento

Patologia facilmente visível a olho nu, geralmente ocorre com a separação da

borda do pavimento e o acostamento, semelhante ao escalonamento das juntas,

pode ser causado pelo efeito do bombeamento de finos e assentamento ou

empenamento das placas. Porém, sua principal ocorrência se dá quando o tipo do

pavimento do acostamento é diferente do tipo do pavimento da pista, pois ocorrem

movimentações diferenciais entre as duas estruturas, produzindo o degrau ou a

separação das bordas mencionadas.

Figura 21 - desnível na junta longitudinal em acostamento com característica flexível em relação ao pavimento rígido

Fonte: ABCP, 2002

4.5 Sistema de gerenciamento de pavimentos

A partir da avaliação dos trechos pavimentados, levando-se em conta a

condição estrutural (capacidade de resistir cargas), funcional (conforto do rolamento)

e de segurança (interação veículo/pavimento), pode-se calcular de maneira objetiva

o índice de condição do pavimento (ICP).

Segundo o Departamento (2010) para a determinação do ICP, devem ser

consultadas as seguintes Normas:

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DNIT 060/2004 - PRO – Pavimento rígido - Inspeção visual – Procedimento;

DNIT 062/2004 - PRO – Pavimento rígido - Avaliação objetiva –

Procedimento.

De acordo com a norma DNIT-062/2004-PRO para a investigação das

condições de um pavimento, deve-se preencher uma ficha de inspeção a qual

possui todas as patologias especificadas e valores dedutíveis relacionados em

escalas de Alto, médio e baixo risco, tal ficha possui croquis a serem preenchidos

com as características das patologias encontradas em campo.

Figura 22 – exemplo de ficha de inspeção de pavimentos

Fonte: DNIT, 2004 p.6

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Para a precisão de informações é realizado em campo a inspeção em

determinados trechos do pavimento, pois a inspeção em todo o trecho do pavimento

é uma operação dispendiosa e que ocupa muito pessoal e tempo, a inspeção total

de um pavimento é realizada apenas se forem necessários serviços de recuperação

e levantamentos exatos sobre as condições do pavimento. Geralmente são

realizados serviços de amostragem por amostra selecionada e amostra adicional.

(DNIT, 2010).

Após a determinação do ICP dos trechos de pavimento é possível traçar uma

estratégia de manutenção, prevenção e recuperação de pavimentos, geralmente, os

pavimentos ou trechos de pavimentos que apresentam ICP igual ou maior que 70

não necessitam de um programa imediato de recuperação, ao passo que aqueles

com ICP menor que 40 são considerados deficientes ou praticamente já destruídos.

Nos pavimentos com ICP entre 40 e 70, devem ser recuperados os defeitos

mais graves observados em alguns trechos ou em todo o pavimento, recuperação

esta que seja suficiente para elevar-se o ICP do pavimento para um valor igual ou

superior a 70. (DNIT, 2010).

A partir das determinações do cálculo do ICP, são descritos os defeitos

recuperáveis e não recuperáveis, são os defeitos recuperáveis aqueles em que a

intervenção pode ser realizada sem a destruição da placa, devolvendo as

características originais de resistência e funcionalidade das placas de concreto

simples, podem ser recuperados:

Fissuras transversais e longitudinais, escalonamento ou degrau nas juntas,

desgaste superficial, bombeamento, quebras localizadas, esborcinamento dos

cantos de bordas e juntas e buracos.

Os defeitos recuperáveis são em sua maioria resolvidos com injeções de

calda de cimento sob a placa, troca do material selante por um de qualidade melhor,

adição de argamassas poliméricas para quebras localizadas e esborcinamento além

do reparo de buracos.

Os defeitos irrecuperáveis são determinados quando não é possível

recuperar a placa de concreto, ou quando defeitos recuperáveis possuem grandes

extensões, desse modo opta-se pela destruição da placa existente e construção de

uma nova placa, são os defeitos irrecuperáveis: alçamento das placas; fissuras de

canto; placa dividida; buracos (de grande extensão) e outros variados defeitos

quando incidem em uma só placa.

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5 Possíveis tratamentos para patologias

A recuperação de pavimentos consiste nas operações para manter os

pavimentos em estado semelhante ao de sua construção, buscando prolongar a sua

vida útil, preservar os índices de condição de conforto do pavimento e a segurança

dos usuários. O manual do DNIT (2010) cita três atividades referentes a recuperação

de pavimento, são elas:

a) Restauração ou reparação: consiste em reparos realizados em pequenas

áreas de uma placa, devem ser executados logo ao notar-se a presença das

patologias;

b) Reforço: é quando se executa um pavimento superposto ao já existente, para

isso o pavimento antigo deve ao menos ter condições estruturais de suporte

ao novo;

c) Reconstrução: ocorre quando não é possível recuperar ou reforçar a placa do

pavimento por essa estar muito comprometida estruturalmente, neste caso é

feita a demolição de uma ou mais placas defeituosas.

Segundo Silva (2008) a estratégia de recuperação de pavimentos consiste em

executar serviços direcionados a cada patologia, como:

Colmatação, consiste na aplicação de resina epoxídica em fissuras de

retração plástica, usada para cobrir as fissuras com abertura maior que 0,6 mm, a

resina penetra nos espaços das fissuras selando as aberturas.

Reparo parcial da placa, procedimento utilizado para patologias funcionais

tais quais pequenos buracos, delaminações, erosão e desgaste superficial, além de

saliências causadas pela passagem de animais ou objetos estranhos sobre o

concreto das placas. O reparo parcial se aplica quando o defeito atingir até um terço

da espessura da placa de concreto tendo entre 3,5 cm de largura e 15,0 cm de

comprimento, sendo o material de reparo compatível ao concreto já existente.

Defeitos com profundidade inferior a 0,7 mm não precisam ser reparados.

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Saliências são retiradas com o emprego da microfresa para concreto, para o

caso de realizar ranhuras onde o pavimento sofreu polimento a microfresa também

deverá ser empregada, se a microfresagem não surtir efeito, executar reparo parcial

na placa.

Reparo total das placas, utilizado quando há fissuras transversais na placa

devido a atrasos no corte das juntas, desalinhamento das barras de transferência e

problemas no nivelamento do subleito. Este tipo de reparo se aplica quando a

profundidade do reparo for maior que a metade da espessura da placa do

pavimento, quando for o caso de interseção de fissuras ou quando a área

necessária a ser reparada for superior a 65% da área da placa, esta placa deverá

ser totalmente removida. O processo de reparo total é executado cobrindo uma faixa

da pista, com comprimento mínimo de 2 m, o concreto é removido com cautela para

não atingir as placas no entorno e não quebrar as bordas da placa, após a execução

do corte são adicionadas barras de transferência com metade de seu comprimento

engraxado, realinhar também as barras de ligação, cobrir a sub-base com lona

plástica antes da concretagem, uma nova junta transversal deverá ser adicionada ao

topo de ambos os lados do corte, pode ser necessária a colocação de armadura

distribuída na largura do corte. Em todos os casos de recuperação que afetem a

superfície da placa deverá ser feita uma nova texturização com vassouras de nylon

do mesmo modo de quando foi executado o pavimento.

Retrofit de barra de transferência, executados quando há fissura transversal

decorrente de recalque da sub-base e desalinhamento das barras de transferência,

esta técnica melhora a transferência de carga, aumenta a capacidade estrutural da

região em que é aplicada e reduz o desnivelamento entre placas. A técnica consiste

em serrar sulcos ou ranhuras nas placas de concreto no sentido perpendicular ao

das fissuras transversais e em seguida inserir as barras, na direção das trilhas de

roda interna e externa do tráfego, com a finalidade de restabelecer a transferência

de carga.

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Figura 23 – execução de retrofit em fissuras transversais

Fonte: Silva, 2008 p.62

O cross-stitch busca manter o entrosamento entre os agregados, além de

prevenir a abertura da fissura e possível movimentação horizontal ou vertical,

mantendo a fissura fechada. Execução: são efetuados furos, com espaçamento de

50 cm entre eles como exemplificado nas figuras 24 e 25, em ambos os lados da

fissura, estes furos são preenchidos com barras de aço CA-50 com inclinação de 35°

em relação á horizontal (placa), os eventuais vazios entre os furos e as barras são

preenchidos com resina epoxídica.

Figura 24 – planta baixa de execução de cross-stitch

Fonte: Silva, 2008 p.65

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Figura 25 – cross-stitch executado em fissura longitudinal, com barras inseridas

Fonte: Silva, 2008 p.65

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Quadro 3 – Técnicas de reparação e prevenção de alguns tipos de patologias em

pavimentos rígidos

Fonte: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) 2005.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a crescente demanda de transporte no Brasil é notável a necessidade de

ampliação da malha viária nacional pavimentada, hoje composta em sua maioria por

rodovias de pavimentos flexíveis que de acordo com as pesquisas da confederação

nacional do transporte realizadas anualmente, tomando como base os dados da

pesquisa de rodovias de 2015, observa-se que grande parcela das rodovias estão

em estado ruim e péssimo de utilização.

A opção pelo uso de pavimentos flexíveis torna as rodovias mais suscetíveis

ao aparecimento de patologias decorrentes das intempéries do ambiente, uma

possível solução para o aprimoramento da malha rodoviária é a utilização de

pavimentos rígidos de concreto, os quais não necessitam de elevada manutenção e

possuem maior tempo de vida útil quando executados corretamente dentro das

diretrizes integrantes das normas e manuais do Departamento Nacional de

Infraestrutura de Transportes.

A abordagem ao tema patologia é relevante, pois as obras rodoviárias estão

suscetíveis a eventuais erros na execução de atividades e processos além da

possibilidade de ocorrência de patologias relacionadas as condições ambientais e

aumento do volume de tráfego e transporte de cargas. O tema de patologias em

pavimentos de concreto possui pouca visão no Brasil com bibliografia relacionada

limitada, diferente de países em destaque no ramo de pavimentos de concreto como

por exemplo alguns países europeus e os Estados Unidos da América.

A identificação, avaliação e recuperação de tais defeitos nos pavimentos é de

fundamental importância, faz-se necessário buscar a eficácia nos projetos e

eficiência nos processos que englobam a construção de rodovias de pavimentos de

concreto, visando sempre reduzir custos de manutenção, ou seja, evitar

manutenções corretivas e optar por manutenções preventivas.

O estudo de patologias nos pavimentos de concreto acrescenta

conhecimentos necessários no Brasil atual e futuro, visto que, a utilização de

pavimentos rígidos tende a aumentar no pais com as propostas de duplicação de

rodovias federais e estaduais, crescimento econômico e aumento de volume de

transporte de cargas rodoviário.

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REFERÊNCIAS

AMERICAN ASSOCIATION OF STATE HIGHWAY AND TRANSPORTATION OFFICIALS. AASHTO. AASHTO guide for design of pavement structures. Washington, 1993.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. ABCP. Guia básico de utilização de cimento portland. 7.ed. São Paulo, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. ABCP. Reabilitação de pavimentos de concreto. Curitiba, 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. ABCP. Prática recomendada PR-4. Curitiba, 2004.

BALBO, José Tadeu. Pavimentos de concreto. São Paulo: Pini, 2009.

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