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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO PROGRAMA DE MESTRADO EM FISIOTERAPIA ALEXSANDRA DE SOUZA PEDROSA PROPRIEDADES DE MEDIDA DO ÍNDICE ANAMNÉSICO DE FONSECA SÃO PAULO 2011

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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE MESTRADO EM FISIOTERAPIA

ALEXSANDRA DE SOUZA PEDROSA

PROPRIEDADES DE MEDIDA DO ÍNDICE ANAMNÉSICO

DE FONSECA

SÃO PAULO

2011

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ALEXSANDRA DE SOUZA PEDROSA

PROPRIEDADES DE MEDIDA DO ÍNDICE ANAMNÉSICO

DE FONSECA

Defesa apresentada ao Programa de Mestrado

em Fisioterapia da Universidade Cidade de

São Paulo, sob orientação da Prof.ª Dr.ª

Cristina Maria Nunes Cabral e co-orientação

da Prof.ª Dr.ª Lucíola da Cunha Menezes

Costa, como requisito para obtenção do título

de Mestre.

SÃO PAULO

2011

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ALEXSANDRA DE SOUZA PEDROSA

PROPRIEDADES DE MEDIDA DO ÍNDICE ANAMNÉSICO

DE FONSECA

Defesa apresentada ao Programa de Mestrado em

Fisioterapia da Universidade Cidade de São

Paulo, sob orientação da Prof.ª Dr.ª Cristina

Maria Nunes Cabral e co-orientação da Prof.ª Dr.ª

Lucíola da Cunha Menezes Costa, como requisito

para obtenção do título de Mestre.

Área de Concentração:

Data da Defesa:

Resultado: _________________________________________

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Dr.ª Cristina Maria Nunes Cabral _______________________________________

Universidade Cidade de São Paulo

Prof. Dr. Leonardo Oliveira Pena Costa _______________________________________

Universidade Cidade de São Paulo

Prof.ª Dr.ª Daniela Aparecida Biasotto Gonzalez ___________________________________

Universidade Nove de Julho

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Ficha elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID P372p

Pedrosa, Alexsandra de Souza Propriedades de medida do índice Anamnésico de Fonseca / Alexsandra de Souza Pedrosa --- São Paulo, 2011. 62 p.; anexos Bibliografia Dissertação (Mestrado) - Universidade Cidade de São Paulo. Orientador da Prof.ª Dra. Cristina Maria Nunes Cabral 1. Síndrome da disfunção da articulação temporomandibular. 2. Questionário. I. Cabral, Cristina Maria Nunes. II. Titulo.

617.522

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me amparar nos momentos difíceis, me dar força interior para superar as

dificuldades, mostrar os caminhos nas horas incertas e me suprir em todas as minhas

necessidades.

Aos meus pais Marilene de Souza e Eraldo Vieira Pedrosa exemplo de vida, agradeço

pelo amor, pelo apoio, pela paciência e por valorizarem meus estudos e acreditarem nos meus

sonhos.

À minha querida e amorosa irmã Adriana de Souza Pedrosa pelo carinho e apoio, pela

paciência, atenção e dedicação. Você esteve sempre ao meu lado me encorajando nas horas

difíceis e me aplaudindo nos momentos de glória. Sem você eu não conseguiria!

À minha orientadora Profª. Drª. Cristina Maria Nunes Cabral que com muita paciência,

sabedoria e dedicação me auxiliou no caminho do conhecimento científico.

À minha co-orientadora Dra. Lucíola da Cunha Menezes Costa que com muita

generosidade contribuiu com a confecção deste trabalho e com meu conhecimento científico.

A todos os acadêmicos que participaram voluntariamente das coletas de dados e

contribuíram de forma preciosa para a confecção deste trabalho.

Ao Centro Universitário Cesmac pelo incentivo e colaboração para a execução dessa

Dissertação de Mestrado.

A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização de

mais essa etapa em minha vida.

 

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“O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada.

Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.”

Cora Coralina

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SUMÁRIO

Página

Prefácio..........................................................................................................................i

Resumo .........................................................................................................................ii

Abstract........................................................................................................................iv

Capítulo 1: Introdução ....................................................................................................... 1

Referências bibliográficas .....................................................................................7 

Capítulo 2: Propriedades de medida do Índice Anamnésico de Fonseca ............. 11

Página de título............................................................................................................. 12

Resumo.......................................................................................................................... 13

Abstract ......................................................................................................................... 14

Introdução ..................................................................................................................... 15

Materiais e métodos..................................................................................................... 16

Resultados..................................................................................................................... 21

Discussão ...................................................................................................................... 28

Referências bibliográficas .......................................................................................... 32

Anexo 1- Índice Anamnésico de Fonseca ...........................................................37

Anexo 2- Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders ....... 38

Capítulo 3: Considerações finais.................................................................................... 47

Referências bibliográficas .......................................................................................... 49

Anexos .................................................................................................................................. 50

Anexo 1 - Submissão à Revista Brasileira de Fisioterapia..................................... 51

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Anexo 2 - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ......................................... 52

Anexo 3 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................................... 53

Anexo 4 – Normas de publicação da Revista Brasileira de Fisioterapia.............. 55

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PREFÁCIO

Esta dissertação de mestrado aborda tópicos relacionados às propriedades de medida

do Índice Anamnésico de Fonseca, descritos em três capítulos, que podem ser lidos

independentemente, sendo que cada capítulo possui sua própria lista de referências

bibliográficas e formatação. O Programa de Mestrado em Fisioterapia da Universidade

Cidade de São Paulo permite a inclusão de artigos publicados, aceitos ou submetidos para

publicação em seu formato de publicação ou submissão no corpo do exemplar da dissertação.

Desta forma, ao decorrer do desenvolvimento do trabalho, será observado que o capítulo 2 foi

submetido para publicação (Anexo 1).

O capítulo 1 é uma introdução à dissertação e fornece uma visão geral da literatura

sobre instrumentos que avaliam a disfunção temporomandibular. O capítulo 2 tem como

objetivo avaliar as propriedades de medida do Índice Anamnésico de Fonseca. Este

documento está apresentado no formato requerido pelas normas da Revista Brasileira de

Fisioterapia, em que foi submetido para publicação, exceto para figura e tabelas, que estão

localizadas no corpo do texto e não separadamente, para facilitar a leitura. Por fim, o capítulo

3 consiste em uma visão geral dos principais achados do capítulo 2, destacando suas

implicações clínicas e direções para futuras pesquisas. 

O parecer de aprovação ética concedido pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Cidade de São Paulo para o estudo antes do início da coleta de dados foi

incluído em anexo no final desta dissertação (Anexo 2), como também o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 3). A cópia das “instruções para autores” da

Revista Brasileira de Fisioterapia foi incluída no Anexo 4.  

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ii

 

RESUMO

Esta dissertação de mestrado tem como objetivo discutir a utilização de alguns

instrumentos responsáveis pela avaliação e consequente diagnóstico da disfunção

temporomandibular. A disfunção temporomandibular é multifatorial e, como não existe uma

causa específica, torna-se necessária a utilização de instrumentos que avaliem o paciente

acerca dos sinais e sintomas apresentados. No Brasil e em outros países, costuma-se utilizar o

Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD), que é um

instrumento bastante longo, para chegar a um diagnóstico específico. Quando comparado ao

RDC/TMD, o Índice Anamnésico de Fonseca é um questionário de triagem com um menor

tempo de aplicação, exigindo também menor capacidade diagnóstica do profissional. Desta

forma, o capítulo 2 teve como objetivo testar as propriedades de medida do Índice

Anamnésico de Fonseca em participantes com e sem disfunção temporomandibular, segundo

o próprio Índice. Foram avaliados 330 estudantes universitários e a pesquisa foi realizada em

três etapas. Na primeira etapa, foi aplicado o Índice Anamnésico de Fonseca com a finalidade

de classificar os participantes em relação à severidade dos sintomas de disfunção

temporomandibular e testar a consistência interna do instrumento. Na segunda etapa, a

aplicação foi repetida após 48 horas para testar a reprodutibilidade do questionário através de

um delineamento de teste-reteste. A terceira etapa foi realizada com um intervalo máximo de

cinco dias a partir da primeira aplicação do Índice Anamnésico de Fonseca, sendo utilizado o

RDC/TMD para a triagem diagnóstica, além de realizar uma correlação exploratória entre oito

questões do Eixo II do RDC/TMD e o Índice Anamnésico de Fonseca. Observou-se que o

Índice Anamnésico de Fonseca apresentou consistência interna adequada, com um índice alfa

de Cronbach de 0,80 (alfa de Cronbach para cada item deletado: 0,75-0,80). Também mostrou

confiabilidade excelente (Coeficiente de Correlação Intraclasse: 0,93; Intervalo de Confiança

a 95%: 0,91 a 0,94) e boa concordância (Erro Padrão da Medida: 6,08 pontos). Na correlação

exploratória, houve correlação fraca (r=0,27) entre o Índice Anamnésico de Fonseca e a

questão 11 do Eixo II do RCD/TMD e correlação moderada (r=0,45) com a questão 19 do

Eixo II do RDC/TMD, enquanto as demais questões não apresentaram correlação. Como

considerações finais, observou-se a importância de ter um instrumento no português brasileiro

com propriedades de medidas avaliadas para a realização de estudos bem conduzidos. O

Índice Anamnésico de Fonseca mostrou-se de fácil aplicação, podendo ser utilizado para a

triagem de pacientes com disfunção temporomandibular, pois apresentou propriedades de

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medida adequadas, especialmente considerando a consistência interna e a reprodutibilidade.

Porém, a avaliação da validade do construto não foi realizada pela falta de instrumentos

semelhantes no português brasileiro. São necessários mais estudos, como, por exemplo, de

acurácia diagnóstica do Índice Anamnésico de Fonseca, para que outros pesquisadores

possam realizar grandes estudos epidemiológicos de forma que se conheça a epidemiologia da

disfunção temporomandibular no Brasil.

PALAVRAS CHAVE: Síndrome da disfunção da articulação temporomandibular,

Questionários, Triagem, Confiabilidade e validade, Brasil.

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iv

 

ABSTRACT

This master thesis aims to discuss the use of some instruments related to the evaluation

and diagnosis of temporomandibular joint disorders. Temporomandibular joint disorder is a

multidimensional condition. As it is not clear what would be its specific cause, it is crucial to

use instruments to evaluate patients signs and symptoms that are associated with this

condition. In Brazil and around the world, the Research Diagnostic Criteria for

Temporomandibular Disorders (RDC/TMD) is commonly used to obtain a specific diagnosis

of temporomadibular joint disorder. However this questionnaire is very long and time

consuming. On the other hand, the Fonseca’s Anamnestic Index is a screening questionnaire

that requires less professional diagnostic ability with a shorter application time compared with

the RDC/TMD. Therefore, Chapter 2 aimed to evaluate the measurement properties of the

Fonseca's Anamnestic Index in a sample of participants with and without temporomandibular

joint disorder, by using this index. We evaluated 330 undergraduate students and the study

was conducted in three stages. In the stage 1, the Fonseca's Anamnestic Index was used to

classify the participants in relation to the severity of signs and symptoms of

temporomandibular joint disorders and to test the internal consistency of this instrument. In

the second stage, the participants completed the questionnaire after 48 hours in a test-retest

design to evaluate its reproducibility. Finally, in the stage 3 the RDC/TMD questionnaire was

used in order to categorize the participants according to their diagnoses classification and also

to performed an exploratory correlation analysis to test the correlation among the Fonseca’s

Anamnestic Index and eight questions of the Axis II of the RDC/TMD. The stage 3 was

performed with a maximum five days interval after the first application of the Fonseca’s

Anamnestic Index. The Fonseca’s anamnestic index showed adequate internal consistency

with a Cronbach's alpha index of 0.80 (Cronbach’s alpha if item deleted range= 0.75–0.80).

Excellent reliability (Intraclass Correlation Coefficient: 0.93; 95% Confidence Interval: 0.97

to 0.94) and good agreement estimates (Standard Error of Measurement = 6.08 points) were

found. The exploratory correlation analysis showed weak and moderate statistically

significant correlation (r=0.27 and 0.45) among the Fonseca’s anamnestic index and questions

11 and 19 measured by the Axis II of the RDC/TMD, respectively. For the other questions, a

correlation was not found. Concluding, it is important to have an instrument in Brazilian-

Portuguese language with adequate measurement properties to be used in high quality studies

in the field of tempomandibular joint disorders. The Fonseca’s anamnestic proved to be an

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easy instrument to use and can be useful for screening patients with temporomandibular joint

disorders as it presented appropriated measurement properties. This index can be used for

screening patients with temporomandibular joint dysfunction, as it presented appropriate

measurement properties, especially considering the internal consistency and reproducibility.

However, the assessment of the construct validity was hampered by the lack of similar

instruments in Brazilian Portuguese language. We suggest that further studies should be carry

out to test the diagnostic accuracy of the Fonseca’s Anamnestic Index in order to perform

large epidemiological studies for a better understanding of the epidemiology of the

temporomadibular joint disorders in Brazil.

KEY WORDS: Temporomandibular joint dysfunction syndrome, Questionnaires, Triage,

Reliability and validity, Brazil.

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

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INTRODUÇÃO

A disfunção temporomandibular é um termo que envolve as alterações funcionais e

parafuncionais relativas à articulação temporomandibular e estruturas mastigatórias

relacionadas com a função articular, como falar e comer, e não relacionadas com essa função

articular, como apertar e ranger os dentes, respectivamente1. A sua definição engloba um largo

espectro de problemas clínicos na região orofacial, correspondendo, dessa forma, a ausência

de normalidade nas funções do aparelho mastigatório. O desequilíbrio em um ou mais

componentes do aparelho mastigatório pode provocar sintomas dolorosos e/ou inflamatórios

que geram modificações funcionais refletindo nas atividades diárias do paciente2.

A prevalência da disfunção temporomandibular ocorre mais frequentemente em

mulheres, que também representam cerca de 80% dos pacientes que procuram tratamento para

dores na articulação temporomandibular3. Um estudo4 realizado na Alemanha observou que

metade da população avaliada (49,9%) tinha um ou mais sinais clínicos de disfunção

temporomandibular, e cerca de 2,7% desses indivíduos era subjetivamente consciente dos

sintomas na articulação temporomandibular. Na Suécia5, de 637 participantes avaliados,

apenas 12% não apresentaram sintomas característicos de disfunção temporomandibular. No

Brasil6, um estudo envolvendo 200 estudantes universitários encontrou que 83,6% da amostra

apresenta algum grau de disfunção temporomandibular, sendo 13,9% moderada e 2,5%

severa, enquanto 16,4% não apresentavam sintomas associados à disfunção

temporomandibular. 

A etiologia da disfunção temporomandibular é multifatorial, sendo que os fatores mais

comuns incluem: má oclusão, ausência de dentes, restaurações ou próteses mal adaptadas,

mastigação unilateral, hábitos bucais inadequados, má postura, tensão emocional, estresse,

patologia ou trauma na articulação, fatores sistêmicos (câncer oral), pós-cirúrgico de câncer

oral, entre outros3,7,8. Dentre os sintomas mais comuns da disfunção temporomandibular, pode

ser citada a dor na face, na cabeça, na articulação temporomandibular e/ou nos músculos

mastigatórios, enquanto os sinais encontrados são a sensibilidade muscular e na área pré-

auricular, além da limitação na amplitude de movimento articular com presença de ruídos

(cliques ou crepitações)9,10.

A classificação diagnóstica da disfunção temporomandibular foi estabelecida pela

Academia Americana de Dor Orofacial, através da quarta edição de seu manual, que a dividiu

em dois grandes grupos: disfunção temporomandibular muscular e disfunção

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temporomandibular articular9. A classificação da disfunção temporomandibular muscular

engloba mialgia local, dor miofascial, mialgia mediada centralmente, mioespasmos, miosite,

contratura miofibrótica e neoplasia. Por outro lado a disfunção temporomandibular articular

envolve desarranjos do disco, deslocamentos da articulação temporomandibular, desordens

inflamatórias, desordens não inflamatórias, anquilose e fratura do processo condilar9.

Com o passar dos anos, vários instrumentos foram desenvolvidos para diagnosticar e

classificar a disfunção temporomandibular11, os quais podem ser organizados sob as formas

de índices anamnésicos e clínicos12,13, questionários14-16 e critérios de diagnóstico17. Os

índices são caracterizados pelo agrupamento de sinais e sintomas, sendo predeterminados

escores, que ao serem somados, permitem a classificação dos participantes em subcategorias

funcionais ou de severidade11. Os questionários, especificamente aqueles voltados para

disfunção temporomandibular, são instrumentos adequados para pesquisas epidemiológicas

com o objetivo de traçar perfis populacionais relacionados aos sintomas de disfunção

temporomandibular18, além de serem utilizados em entrevista pessoal, por entrevistador ou

não (auto-administráveis) e por telefone11. Os critérios diagnósticos são utilizados com o

objetivo de associar a avaliação de sintomas à avaliação clínica direcionada para definir

subtipos clínicos da disfunção19.

Em 1974, foi desenvolvido o Clinical Dysfunction Index (conhecido como Índice de

Helkimo no Brasil)13, direcionado à história clínica, à disfunção clínica e ao estado oclusal20.

É considerado um índice anamnésico e clínico pioneiro para mensurar as alterações na

articulação temporomandibular, sendo obtido um conjunto de observações clínicas que

permitem classificar a população em categorias de severidade (sem disfunção

temporomandibular, portadores de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular leve,

moderada e severa)21.

O Índice de Helkimo subdivide-se em cinco itens, que são limitação na amplitude de

movimento mandibular, limitação na função da articulação temporomandibular, dor muscular,

dor na articulação temporomandibular e dor ao movimento mandibular13. Utiliza os escores

zero, 1 e 5 em cada item, para classificação de acordo com a categoria de severidade: sem

sintomas de disfunção temporomandibular (zero), sintomas leves (1 a 4 pontos), moderados (5

a 9 pontos) e severos (10 a 25 pontos)11. O Índice de Helkimo não teve suas propriedades de

medida avaliadas, tornando-se um instrumento restrito à língua original, não estando

disponível no português brasileiro22. Outra limitação é seu sistema de pontuação, que

classifica o indivíduo como assintomático apenas se o mesmo apresentar ausência total de

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sinais e sintomas, classificando com algum grau de severidade para disfunção

temporomandibular quem apresentar, por exemplo, estalidos ao realizar movimento

mandibular11. Além disso, necessita ser aplicado por um avaliador, já que considera

mensurações para mobilidade e palpação, dificultando a aplicação em grandes populações e

por um profissional sem capacitação clínica.

O Índice Craniomandibular, desenvolvido na década de 80, é outro instrumento

utilizado para avaliar sinais e sintomas de disfunção temporomandibular que considera a

verificação de medidas, sendo constituído pela identificação do paciente, palpação dos

músculos extra-orais, intra-orais e do pescoço, observação de alterações nos movimentos

mandibulares, ausculta de ruídos articulares, além da palpação da região próxima à

articulação temporomandibular23. Os critérios de classificação do Índice Craniomandibular

são divididos entre o índice de palpação, relacionado aos procedimentos que caracterizam

alterações na sensibilidade muscular, e o índice de disfunção composto por procedimentos

que correspondem aos movimentos mandibulares, aos ruídos articulares e à sensibilidade à

palpação na região da articulação temporomandibular12,23. A cada resposta positiva atribui-se

o valor 1, enquanto para cada resposta negativa utiliza-se o valor zero20. O Índice

Craniomandibular não apresenta tradução e adaptação cultural para o português brasileiro e

suas propriedades de medida também não foram testadas. Da mesma forma que o Índice de

Helkimo, necessita ser aplicado por um avaliador que tenha conhecimento específico da área,

pois igualmente irá considerar mensurações para mobilidade e palpação, o que dificulta sua

aplicação em grandes populações.

Em um estudo realizado no Brasil com o objetivo de avaliar a utilização dos Índices de

Helkimo e Craniomandibular para o diagnóstico de disfunção temporomandibular em

pacientes com artrite reumatóide, foi evidenciada a necessidade de adequação do Índice de

Helkimo, ficando a critério do pesquisador a escolha para interpretação dos resultados devido

a falta de clareza em relação aos seus itens anamnésico e oclusal (exame físico)20.

A Academia Americana de Dor Orofacial propôs um questionário para triagem

estruturado em dez perguntas, com respostas “sim/ não” para os sintomas mais frequentes de

disfunção temporomandibular e dor orofacial15. No entanto, a Academia recomenda que se

faça uma associação entre triagem e coleta de dados através da história clínica e do exame

clínico para que haja mais fidedignidade, sendo o questionário útil apenas para uma triagem

prévia dos pacientes, sem permitir a obtenção de diagnóstico11. Manfredi e colaboradores15

aplicaram o questionário recomendado pela Academia Americana de Dor Orofacial em 46

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5

 

pacientes com disfunção temporomandibular e verificaram altos níveis de sensibilidade

(85,37%) e especificidade (80%) apenas em pacientes com disfunção temporomandibular

muscular, verificando baixos níveis em pacientes com disfunção temporomandibular articular.

O Índice Anamnésico de Fonseca é o único instrumento de triagem existente no

português brasileiro para classificar e caracterizar a severidade dos sintomas de disfunção

temporomandibular24. Foi criado para realizar a triagem em pacientes do Brasil sem a

inclusão de termos difíceis da língua. Apresenta uma correlação de 0,62 com o exame físico

da articulação temporomandibular mensurado através do Índice de Helkimo, sendo baseado

no mesmo24. O Índice Anamnésico de Fonseca é utilizado para classificar os sintomas de

disfunção temporomandibular, seguindo as características de uma avaliação

multidimensional25. É composto por 10 questões que verificam a presença de dor na

articulação temporomandibular, na nuca, ao mastigar, de cabeça, dificuldades de movimento,

ruídos, hábitos parafuncionais (apertar e ranger os dentes), percepção da má oclusão, além da

sensação de estresse emocional25. Permite três tipos de respostas (sim/ às vezes/ não) com

pontuação equivalente a 10, 5 e zero, respectivamente. Através da soma dos pontos, o Índice

Anamnésico pode classificar os indivíduos em diferenciadas categorias de severidade de

sintomas, tais como sem disfunção temporomandibular (zero a 15 pontos), disfunção

temporomandibular leve (20 a 40 pontos), disfunção temporomandibular moderada (45 a 65

pontos) e disfunção temporomandibular severa (70 a 100 pontos)11,24.

De Oliveira21 afirma que o Índice Anamnésico de Fonseca tem a vantagem de ser auto-

administrável, aplicado em curto espaço de tempo, ter custo baixo, auxiliar na triagem de

pacientes, podendo ser utilizado em levantamentos epidemiológicos e no acompanhamento do

tratamento instituído. Outra grande vantagem seria a obtenção do índice de severidade

baseando-se nos relatos subjetivos do paciente14,21.

No entanto, não existe um critério diagnóstico de consenso para mensuração da

presença e severidade das disfunções temporomandibulares que possa ser utilizado de forma

irrestrita, havendo a necessidade de utilizar um instrumento que seja validado e

universalmente aceito26, como por exemplo, o Research Diagnostic Criteria for

Temporomandibular Disorders (RDC/TMD)17. O RDC/TMD é um questionário que visa

fornecer um critério diagnóstico com abordagem biaxial, permitindo uma mensuração

confiável de achados físicos no Eixo I e avaliação do estado psicossocial no Eixo II. É

considerado padrão de referência na área de disfunção temporomandibular, pois é uma

ferramenta aceita e validada, que favorece o diagnóstico de disfunção temporomandibular

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6

 

para estudos epidemiológicos ou clínicos, determinando-a como disfunção

temporomandibular muscular, articular ou mista17.

O diagnóstico através do RDC/TMD torna-se possível porque a palpação muscular e

da articulação temporomandibular é associada à mensuração da amplitude de movimento

mandibular ativa, além da presença de ruídos articulares17. Por se tratar de um instrumento

relativamente longo, outros instrumentos vêm sendo utilizados em alguns estudos na tentativa

de facilitar a triagem e avaliação do indivíduo que apresenta sintomas característicos de

disfunção temporomandibular. Um dos instrumentos desenvolvidos nesse sentido foi o Índice

Anamnésico de Fonseca14.

Como mencionado anteriormente, alguns estudos vêm utilizando questionários para

caracterizar a presença de alterações no estado de saúde de pacientes. Porém, é necessário que

o estudo seja bem delineado e conduzido, possibilitando uma informação precisa para auxiliar

na tomada de decisões clínicas27. Inicialmente, é interessante a escolha de um instrumento que

já seja adaptado culturalmente ao português brasileiro e que tenha suas propriedades de

medida semelhantes às originais, para que possam ser aplicadas à população alvo28. As

propriedades de medida são critérios de qualidade relacionados a instrumentos de avaliação e

são necessários para determinar a qualidade metodológica dos estudos de desenvolvimento e

avaliação de questionários28,29. Existem diretrizes29 que auxiliam a realizar os testes das

propriedades de medida de maneira adequada para que seja possível determinar qual é

instrumento de avaliação mais adequado à população a ser investigada.

Terwee e colaboradores29 descreveram algumas propriedades de medida que poderiam

ser utilizadas para avaliar a qualidade de um questionário de saúde. Entre elas, a consistência

interna examina a homogeneidade dos itens de um questionário, avaliando a extensão em que

os itens de um questionário se correlacionam entre si, para medir o mesmo construto. A

consistência interna pode ser testada através do índice alfa de Cronbach, sendo considerados

adequados valores entre 0,70 e 0,95. Um índice alfa de Cronbach abaixo de 0,70 indica a

correlação reduzida entre os itens de um instrumento, enquanto um índice alfa de Cronbach

acima de 0,95 indica uma redundância entre um ou mais itens de um questionário29. A

validade indica se o instrumento está avaliando o construto que se propôs a medir, e pode ser

medida pela validade do critério (quando há um “padrão ouro”) ou pela validade do construto

(quando não há um “padrão ouro” para comparação). A reprodutibilidade é a capacidade de

determinado teste obter resultados semelhantes em indivíduos estáveis e pode ser avaliada

pela confiabilidade (erro relativo da medida) e pela concordância (erro absoluto da medida).

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7

 

A confiabilidade é a capacidade do instrumento em distinguir pacientes diferentes, levando

em consideração o erro da medida. A confiabilidade pode ser verificada através do

Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC, tipo 2,1), como realizado no estudo em questão, e

seus respectivos intervalos de confiança (IC) a 95%. O CCI é interpretado da seguinte

maneira: menor do que 0,40: baixa confiabilidade; entre 0,40 e 0,75: confiabilidade

moderada; entre 0,75 e 0,90: confiabilidade substancial e maior do que 0,90: confiabilidade

excelente. A concordância busca mensurar o erro de medição absoluto e o nível de

proximidade existente nos escores de medidas repedidas, podendo ser mensurado pelo erro

absoluto da medida29,30. Por fim, a responsividade é a capacidade do questionário em detectar

mudanças clínicas ao longo do tempo e os efeitos de teto e piso se referem ao número de

entrevistados que alcançaram o máximo ou o mínimo escore possível29.

Apesar de existir um estudo que verificou anteriormente a confiabilidade do Índice

Anamnésico de Fonseca em uma amostra de 1230 indivíduos, utilizando-se o coeficiente de

Kr-20 para avaliar a consistência interna de cada questão do instrumento isoladamente25, o

mesmo não avaliou todas as propriedades de medida para tornar o instrumento mais

fidedigno. Sendo assim, o objetivo desse estudo foi testar as propriedades de medida do

Índice Anamnésico de Fonseca em indivíduos com e sem disfunção temporomandibular,

segundo o próprio Índice.

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CAPÍTULO 2

PROPRIEDADES DE MEDIDA DO ÍNDICE ANAMNÉSICO

DE FONSECA

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PROPRIEDADES DE MEDIDA DO ÍNDICE ANAMNÉSICO DE FONSECA

Measurement properties of the Fonseca’s anamnestic index

ALEXSANDRA DE SOUZA PEDROSA1,2, LUCÍOLA DA CUNHA MENEZES

COSTA2, ADRIANA DE SOUZA PEDROSA1, LUCIANA DIAS CHIAVEGATO2,

CRISTINA MARIA NUNES CABRAL2*

1 Faculdade de Fisioterapia, Centro Universitário CESMAC, Maceió, Alagoas, Brasil

2 Programa de Mestrado em Fisioterapia, Universidade Cidade de São Paulo, São Paulo,

São Paulo, Brasil

* Autor correspondente: (011) 2178-1565, Rua Cesário Galeno 448/475, São Paulo,

CEP:03071-000, Tatuapé, SP; [email protected]

Título resumido: Propriedades de medida do Índice Anamnésico de Fonseca

Running Title: Measurement properties of the Fonseca’s anamnestic index

Palavras-chave: Síndrome da disfunção da articulação temporomandibular,

Questionários, Triagem, Confiabilidade e validade, Brasil.

Key Words: Temporomandibular joint dysfunction syndrome, Questionnaires, Triage,

Reliability and validity, Brazil.

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RESUMO

Introdução: O Índice Anamnésico de Fonseca é o único instrumento existente no

português brasileiro para classificar a severidade dos sintomas de disfunção

temporomandibular, apesar de suas propriedades de medida ainda não terem sido

testadas. Objetivo: Testar as propriedades de medida do Índice Anamnésico de Fonseca

em participantes com presença ou ausência de disfunção temporomandibular, segundo o

próprio Índice. Métodos: A consistência interna e reprodutibilidade foram testadas em

330 estudantes, além de uma correlação exploratória ser realizada com questões

relacionadas aos principais sinais e sintomas de disfunção temporomandibular do Eixo

II do Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorder (RDC/TMD).

Resultados: O Índice Anamnésico de Fonseca apresentou consistência interna

adequada, com um índice alfa de Cronbach de 0,80 (alfa de Cronbach para cada item

deletado: 0,75-0,80). Apresentou confiabilidade excelente (Coeficiente de Correlação

Intraclasse: 0,93; Intervalo de Confiança 95%: 0,91 a 0,94) e boa concordância (Erro

Padrão da Medida: 6,08 pontos). Na correlação exploratória, houve correlação fraca

estatisticamente significante (r=0,27) entre o Índice Anamnésico de Fonseca e a questão

11 do Eixo II do RCD/TMD, e correlação moderada (r=0,45) com a questão 19 do Eixo

II do RDC/TMD. Conclusão: O Índice Anamnésico de Fonseca pode ser utilizado para

a triagem de pacientes com disfunção temporomandibular, pois apresentou propriedades

de medida adequadas, especialmente considerando a consistência interna e a

reprodutibilidade. Porém, a avaliação da validade do construto não foi realizada pela

falta de instrumentos semelhantes no português brasileiro.

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14

 

ABSTRACT

Background: The Fonseca’s anamnestic index is the only available instrument in

Brazilian-Portuguese that classifies the severity of temporomandibular joint signs and

symptoms. However its measurement properties were not yet evaluated. Objective: To

test the measurement properties of the Fonseca’s anamnestic index in participants with

or without temporomandibular joint dysfunction, as recommended by the index.

Methods: Internal consistency and reproducibility were tested in a sample of 330

students. In addition, we performed an exploratory correlation analysis to test the

correlation between the Fonseca’s anamnestic index and the questions related with the

main signs and symptoms of temporomandibular disorders measured by the Axis II of

the Research Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorder (RDC/TMD).

Results: The Fonseca’s anamnestic index showed adequate internal consistency with a

Cronbach's alpha index of 0.80 (Cronbach’s alfa if item deleted: 0.75–0.80). Excellent

reliability (Intraclass Correlation Coefficient: 0.93; 95% Confidence Interval: 0.97-0.94)

and good agreement estimates (Standard Error of Measurement = 6.08 points) were

found. The exploratory correlation analysis showed weak and moderate statistically

significant correlations (r=0.27 and 0.45) among the Fonseca’s anamnestic index and

questions 11 and 19 measured by the Axis II of the RDC/TMD, respectively.

Conclusion: The Fonseca’s anamnestic index can be used for screening patients with

temporomandibular joint dysfunction, as it presented appropriate measurement

properties, especially considering the internal consistency and reproducibility. However,

the assessment of the construct validity was hampered by the lack of similar instruments

in Brazilian Portuguese language.

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Introdução

A disfunção temporomandibular (DTM) é um termo que envolve as alterações

funcionais e parafuncionais relativas à articulação temporomandibular e estruturas

mastigatórias relacionadas com a função articular, como falar e comer, e não

relacionadas com essa função articular, como apertar e ranger os dentes,

respectivamente1. O desequilíbrio em um ou mais componentes do aparelho

mastigatório pode provocar sintomas dolorosos e/ou inflamatórios que geram

modificações funcionais refletindo nas atividades diárias do paciente2.

Com o passar dos anos, vários instrumentos foram desenvolvidos para

diagnosticar e classificar a DTM3, os quais podem ser organizados sob as formas de

índices anamnésicos e clínicos4,5, questionários6-8 e critérios de diagnóstico9. Entre os

questionários mais utilizados estão o Clinical Dysfunction Index (conhecido no Brasil

como Índice de Helkimo), o Índice Anamnésico de Fonseca e o Research Diagnostic

Criteria for Temporomandibular Disorders (RDC/TMD). Com exceção do Índice

Anamnésico de Fonseca, os outros instrumentos foram desenvolvidos em inglês, sendo

que apenas o RDC/TMD apresenta tradução para o português brasileiro9.

Em 1974, foi desenvolvido o Índice de Helkimo5, direcionado à avaliação da

história clínica, disfunção clínica e estado oclusal10. É considerado o índice anamnésico

e clínico pioneiro para mensurar as alterações na articulação temporomandibular, que

permite classificar a população em categorias de severidade - sem DTM, portadores de

sinais e sintomas de DTM leve, moderada e severa11. A desvantagem para o seu uso é

que ainda não foi traduzido para o português brasileiro. Para que um instrumento possa

ser utilizado no Brasil é recomendada a tradução, adaptação cultural e a avaliação das

suas propriedades de medida, como a validade, a consistência interna e a

reprodutibilidade12-15.

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Ainda não existe um critério diagnóstico de consenso para mensuração da

presença e severidade da DTM. O RDC/TMD9 é considerado o padrão de referência

universalmente aceito16,17, pois favorece o diagnóstico de DTM, classificando-a como

muscular, articular ou mista18. Como é um instrumento relativamente longo, outros vêm

sendo idealizados para facilitar a triagem do paciente, de forma a só utilizar o

RDC/TMD em pacientes realmente classificados com DTM.

O Índice Anamnésico de Fonseca6 é o único instrumento de triagem existente no

português brasileiro para classificar a severidade dos sintomas de DTM19, 20, criado para

realizar a triagem em pacientes do Brasil sem a inclusão de termos difíceis da língua.

Apresenta uma correlação positiva significativa de 0,62 com o exame físico da

articulação temporomandibular mensurado através do índice de disfunção clínica de

Helkimo, sendo baseado no mesmo6.

O Índice Anamnésico de Fonseca, quando comparado com o RDC/TMD ou com o

Índice de Helkimo, mostra como vantagem um menor tempo de aplicação, exigindo

menor capacidade diagnóstica do profissional, com possibilidade de uso em serviços

públicos por pessoal técnico, em levantamentos epidemiológicos e no controle de

tratamentos6,21. Apesar de existir um estudo que testou a confiabilidade do Índice

Anamnésico de Fonseca19, o mesmo não avaliou todas as suas propriedades de medida.

Sendo assim, o objetivo deste estudo foi testar as propriedades de medida do Índice

Anamnésico de Fonseca em indivíduos com e sem DTM, segundo o próprio Índice.

Materiais e Métodos

Este estudo transversal avalia as propriedades de medida do Índice Anamnésico de

Fonseca (inserido em Anexo 1, para exemplificar e facilitar a leitura do texto, não sendo

enviado na submissão do artigo), testadas em uma amostra de 330 estudantes

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universitários, de ambos os gêneros. Os critérios de inclusão foram apresentar idade

entre 18 e 50 anos e não ter realizado tratamento para dor orofacial ou na articulação

temporomandibular. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Cidade de São Paulo (protocolo número 13610452).

Caso fossem elegíveis, os participantes eram convidados a assinar o termo de

consentimento livre e esclarecido e a responder os questionários em três etapas. A

primeira etapa consistiu na aplicação do Índice Anamnésico de Fonseca, para classificar

os participantes em relação à severidade dos sintomas de DTM – sem disfunção,

disfunção leve, moderada ou severa, além de avaliar a consistência interna do

questionário. Após 48 horas da primeira aplicação, o Índice Anamnésico de Fonseca foi

aplicado novamente. O intervalo de 48 horas entre as etapas foi estabelecido para que

não houvesse tempo suficiente para ocorrer mudanças no quadro clínico dos

participantes13 e assim poder testar a reprodutibilidade (confiabilidade e concordância)

do questionário em um delineamento de teste-reteste. Apenas os participantes

classificados com disfunção moderada e severa, na primeira etapa, foram convidados a

participar da terceira etapa, com um intervalo máximo de cinco dias. Nesta etapa, foi

aplicado o RDC/TMD (inserido em Anexo 2, para exemplificar e facilitar a leitura do

texto, não sendo enviado na submissão do artigo) com o objetivo de diagnosticar a

DTM e realizar a correlação com o Índice Anamnésico de Fonseca.

Como não há um instrumento de triagem de DTM em português brasileiro que

mensura o mesmo construto avaliado pelo Índice Anamnésico de Fonseca, não foi

possível verificar a validade do construto. Assim, nesta terceira etapa foi realizada uma

análise exploratória para avaliar a correlação do Índice com algumas questões do Eixo

II do RDC/TMD22. As questões 7, 8, 9, 11, 12 e 13 referem-se à dor na face e sua inter-

relação com as atividades de vida diária e profissional do paciente e dependem de uma

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resposta positiva na questão 3. São compostas por uma escala numérica de dor, com

pontuação de zero a 10. Quanto maior a pontuação, maior será a severidade. Para a

análise da questão 19, foi criada uma escala que varia de zero a 12, equivalente ao

número de itens positivos correspondentes as limitações álgicas associadas a problemas

na mandíbula. Quanto maior a pontuação, maior serão essas limitações. Já a questão 20

permite a classificação em três escalas, referentes à depressão, aos sintomas físicos não

específicos incluindo itens de dor e sintomas físicos não específicos excluindo itens de

dor. O paciente assinala o nível de severidade em uma escala que varia de 0 (“nem um

pouco”) a quatro (“extremamente”). A pontuação obtida é dividida pelo número de itens

respondidos e quanto maior a pontuação, maior é a severidade.

O tamanho amostral foi determinado de acordo com as recomendações do

Quality Criteria for Health Status Questionnaire13, que sugerem pelo menos 50

participantes para a análise de reprodutibilidade e análise de correlação e 100 para uma

análise apropriada de consistência interna.

Descrição dos Instrumentos

O Índice Anamnésico de Fonseca é composto por 10 questões que verificam a

presença de dor na articulação temporomandibular, na nuca, ao mastigar, de cabeça,

dificuldades de movimento, ruídos, hábitos parafuncionais (apertar e ranger os dentes),

percepção da má oclusão e sensação de estresse emocional20. Permite três tipos de

respostas – sim, às vezes ou não - com pontuação equivalente a 10, 5 e 0,

respectivamente. Através da soma dos pontos, o Índice pode classificar os participantes

em categorias de severidade de sintomas, como sem DTM (0 a 15 pontos), DTM leve

(20 a 40 pontos), DTM moderada (45 a 65 pontos) e DTM severa (70 a 100 pontos)3,6,19.

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O RDC/TMD é um questionário para diagnóstico com abordagem biaxial,

permitindo uma mensuração dos sinais e sintomas da DTM no Eixo I e a avaliação de

fatores psicossociais no Eixo II, o único que tem as propriedades de medida avaliadas9.

Estabelece um sistema de classificação através de um questionário auto-aplicável com

31 questões e de um formulário para exame físico com 10 itens, apresentando critérios

de diagnóstico para a devida classificação22. O Eixo I realiza o diagnóstico em três

grupos: o Grupo I relaciona-se às desordens musculares e é subdividido em Ia (dor

miofascial) e Ib (dor miofascial com abertura limitada), o Grupo II refere-se aos

deslocamentos de disco e é subdividido em IIa (deslocamento de disco com redução),

IIb (deslocamento de disco sem redução, com abertura limitada) e IIc (deslocamento de

disco sem redução, sem abertura limitada) e o Grupo III contempla a artralgia, a artrite e

a artrose e os subgrupos são IIIa (artralgia), IIIb (osteoartrite da articulação

temporomandibular) e IIIc (osteoartrose da articulação temporomandibular). É possível

um mesmo paciente ser diagnosticado em mais de um grupo, caracterizando uma

classificação mista, mas não são permitidas duas ou mais classificações nas

subdivisões22.

Análise estatística

Foram realizadas duas análises. Na análise primária, foi utilizado o número total

de participantes que responderam ao Índice Anamnésico de Fonseca, enquanto na

análise secundária foi utilizado o número equivalente aos participantes classificados

com disfunção moderada e severa através do Índice Anamnésico de Fonseca, que

compareceram à terceira etapa. A finalidade de realizar uma análise secundária serviu

para verificar se as propriedades de medida em um grupo semelhante seriam diferentes

de um grupo mais heterogêneo em relação aos níveis de severidade.

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A consistência interna foi avaliada para estimar a extensão em que os itens do

Índice Anamnésico de Fonseca se correlacionam entre si, por meio do índice de alfa de

Cronbach13. O índice de alfa de Cronbach foi calculado para cada item deletado, para

identificar se alguns itens do Índice foram redundantes ou heterogêneos. Os valores do

alfa de Cronbach são considerados adequados entre 0,70 e 0,9512-14; valores acima de

0,95 significam que os itens do questionário apresentam homogeneidade excessiva,

podendo alguns ser considerados redundantes.

A reprodutibilidade é a capacidade de determinado teste obter resultados

semelhantes em participantes estáveis13. É um termo guarda-chuva que incorpora duas

propriedades de medida: confiabilidade e concordância. A confiabilidade reflete o erro

relativo do instrumento e foi avaliada usando o Coeficiente de Correlação Intraclasse1414

(CCI2,1) e seus respectivos intervalos de confiança (IC) a 95%. O CCI é interpretado da

seguinte maneira: menor do que 0,40: baixa confiabilidade; entre 0,40 e 0,75:

confiabilidade moderada; entre 0,75 e 0,90: confiabilidade substancial e maior do que

0,90: confiabilidade excelente12, 13. A concordância mediu a proximidade dos escores

em medidas repetidas ou o erro absoluto do instrumento, e foi mensurado pelo Erro

Padrão da Medida (EPM), expresso na mesma unidade de medida do instrumento. O

EPM foi calculado pela razão entre o desvio padrão (DP) da média das diferenças e a

raiz quadrada de 2. A percentagem do EPM relacionada com o escore total de um

questionário é considerada um importante indicador da concordância e deve ser

interpretada como: ≤5%: muito bom; >5% e ≤10%: bom; >10% e ≤20%: duvidoso e

>20%: negativo23.

Como não foi possível avaliar a validade do construto, realizamos uma análise

de correlação exploratória, através do teste de correlação de Pearson (r), do Índice

Anamnésico de Fonseca com questões específicas do RDC/TMD. Quando r<0,30, a

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21

 

correlação é considerada fraca, quando r≥0,30 e <0,60 a correlação é considerada

moderada e quando r≥0,60 é considerada boa12,24.

Segundo as diretrizes13, hipóteses devem ser elaboradas antes de realizar a

análise das propriedades de medida, especialmente informando a magnitude e a direção

dos resultados esperados, quando necessário. Portanto, as seguintes hipóteses foram

definidas inicialmente, tanto para análise primária quanto para a secundária:

1. O Índice Anamnésico de Fonseca apresentará um nível adequado de consistência

interna (alfa de Cronbach > 0,70);

2. Apresentará alta confiabilidade (CCI > 0,70) e concordância (a porcentagem do

EPM relacionada ao escore total do questionário ≤ 10%);

3. Apresentará uma correlação positiva de fraca a moderada com as questões

selecionadas do RDC/TMD.

Resultados

A Tabela 1 apresenta as características clínicas e demográficas dos participantes

do estudo nas três etapas. A amostra foi composta por 267 mulheres e 63 homens, sendo

que todos os participantes apresentavam nível educacional superior incompleto. Sete

(2,1%) dos 330 participantes deixaram de responder um dos 10 itens do Índice

Anamnésico de Fonseca e foram excluídos da análise de consistência interna. A perda

amostral da primeira para a segunda etapa do estudo foi de 62 (18,8%) participantes,

que não compareceram no intervalo de 48 horas estipulado. Na primeira etapa, 76

(23%) participantes foram classificados com DTM moderada ou severa e foi possível a

aplicação do RDC/TMD em 70 (21,2%) deles, já que 6 (1,8%) participantes não

compareceram ao agendamento para essa aplicação. Desses 70 participantes, 60

(18,2%) responderam às questões 7, 8, 9, 11, 12 e 13 do Eixo II do RDC/TMD, sendo

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22

 

que o preenchimento das mesmas depende da presença de dor na face nas últimas quatro

semanas. As demais questões (19 e 20) foram respondidas pelos 70 participantes.

Dos 70 participantes avaliados na terceira etapa, 49 receberam alguma

classificação diagnóstica de acordo com o RDC/TMD e tiveram pontuação total do

Índice Anamnésico de Fonseca de 65 (DP=14,2) na Etapa 1 e de 64,2 (DP=15) na Etapa

2. Vinte e um participantes não receberam classificação diagnóstica e a pontuação total

do Índice Anamnésico de Fonseca foi de 53,6 (DP=11,1) na Etapa 1 e de 53,1

(DP=12,5) na Etapa. Todos os procedimentos descritos estão demonstrados na Figura 1.

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23

 

Tabela 1 – Características dos participantes do estudo.

Características Etapa 1

(n=330)

Etapa 2

(n=268)

Etapa 3

(n=70)

Idade (anos), média (DP) 22,8 (5,0)

Gênero (feminino), n (%) 267 (80,9)

Classificação dos graus de disfunção temporomandibular (Índice

Anamnésico de Fonseca), n (%)

Sem disfunção

Disfunção leve

Disfunção moderada

Disfunção severa

107 (32,4)

147 (44,5)

51 (15,5)

25 (7,6)

85 (25,8)

107 (32,4)

50 (15,2)

26 (7,9)

NA

NA

NA

NA

Pontuação total do Índice Anamnésico de Fonseca, média (DP) 29,7 (21,1) 31,4 (22,6) NA

Intensidade da dor, média (DP)* NA NA 5,5 (2,0)

Diagnóstico da disfunção temporomandibular (RDC/TMD), n (%)

Apenas um diagnóstico

Grupo Ia NA NA 14 (20,0)

Grupo Ib NA NA 4 (5,7)

Grupo IIa NA NA 13 (18,6)

Grupo IIc NA NA 1 (1,4)

Dois diagnósticos ou misto

Grupo Ia e IIa NA NA 13 (18,6)

Grupo Ia e IIc NA NA 1 (1,4)

Grupo Ib e IIa NA NA 2 (2,9)

Grupo IIa e IIIc NA NA 1 (1,4)

Sem diagnóstico NA NA 21 (30,0)

(DP: desvio padrão; n: número da amostra; (%): porcentagem; NA: não se aplica; Grupo Ia: dor miofascial; Grupo Ib:

dor miofascial com abertura limitada; Grupo IIa: deslocamento de disco com redução; Grupo IIc: deslocamento de

disco sem redução, sem abertura limitada; Grupo IIIc: osteoartrose da articulação temporomandibular)

* Avaliada pela questão 7 do Eixo II do RDC/TMD, com n=60.

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Figura 1 - Fluxograma do desenho do estudo.

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Análise primária

Na Tabela 2, pode-se observar que o Índice Anamnésico de Fonseca apresentou

consistência interna adequada, com um índice alfa de Cronbach de 0,80. A análise do

alfa de Cronbach para cada item deletado demonstrou que nenhum item foi redundante

ou heterogêneo, portanto não houve necessidade de nenhum ser removido. Apresentou

confiabilidade excelente (CCI: 0,93; IC 95%: 0,91 a 0,94) e boa concordância (EPM:

6,08 pontos). Na Tabela 3, são apresentados os resultados da correlação exploratória.

Houve correlação fraca entre o Índice Anamnésico de Fonseca e a questão 11 do Eixo II

do RDC/TMD (r=0,27; p=0,038) e correlação moderada entre o Índice Anamnésico de

Fonseca e a questão 19 do Eixo II do RDC/TMD (r=0,45; p=0,000).

Análise secundária

Foram observadas algumas modificações. A principal foi em relação à

consistência interna, com um índice alfa de Cronbach de 0,41. A análise do alfa de

Cronbach para cada item deletado demonstrou que nem mesmo a exclusão de algum

item melhoraria a consistência interna. Apresentou confiabilidade substancial (CCI:

0,88; IC 95%: 0,82 a 0,92) e boa concordância (EPM: 5,08 pontos). Esses dados podem

ser observados na Tabela 2.

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Tabela 2 – Propriedades de medida do Índice Anamnésico de Fonseca.

Propriedade de medida Análise primária Análise secundária

Consistência interna - alfa de Cronbach (alfa de

Cronbach para cada item deletado)

0,80 (0,75 – 0,80) 0,41 (0,31 – 0,47)

Reprodutibilidade:

Confiabilidade - CCI2,1 (IC a 95%)

0,93 (0,91 a 0,94)

0,88 (0,82 a 0,92)

Concordância - EPM (pontos) 6,08 5,08

(CCI2,1: Coeficiente de Correlação Intraclasse, tipo 2,1; IC: Intervalo de Confiança; EPM: Erro Padrão da Medida)

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Tabela 3 – Valores da correlação de Pearson (valor de p) entre o Índice Anamnésico de Fonseca

e as questões 7, 8, 9, 11, 12, 13, 19 e 20 do Eixo II do RDC/TMD.

Índice Anamnésico de

Fonseca

Escore total, Etapa 2

Índice Anamnésico de Fonseca (n=268) 1

Questão 7- Dor na face neste exato momento (n=60) -0,03 (0,810)

Questão 8 - Pior dor na face nos últimos seis meses (n=60) 0,24 (0,069)

Questão 9 - Valor médio para todas as dores na face nos últimos seis meses

(n=60)

0,11 (0,398)

Questão 11- O quanto a dor na face interferiu nas atividades diárias nos

últimos seis meses (n=60)

0,27* (0,038)

Questão 12- O quanto a dor na face mudou a disposição para atividades de

lazer, sociais e familiares nos últimos seis meses (n=60)

0,21 (0,109)

Questão 13- O quanto a dor na face mudou a capacidade de trabalhar nos

últimos seis meses (n=60)

0,15 (0,240)

Questão 19- Atividades em que a dor na face ou problema na mandíbula

impedem, limitam ou prejudicam (n=70)

0,45** (0,000)

Questão 20 - Depressão (n=70) 0,06 (0,636)

Questão 20 - Sintomas Físicos Não Específicos com Dor (n=70) 0,19 (0,109)

Questão 20 - Sintomas Físicos Não Específicos sem Dor (n=70) 0,13 (0,284)

* Correlação significante com p<0,05.

** Correlação significante com p<0,01.

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28

 

Discussão

O objetivo deste estudo foi testar as propriedades de medida do Índice

Anamnésico de Fonseca em indivíduos com e sem DTM, segundo o próprio Índice. O

Índice Anamnésico de Fonseca apresentou valores aceitáveis das propriedades de

medida, em relação à consistência interna, confiabilidade e concordância, especialmente

na análise primária.

O Índice Anamnésico de Fonseca foi escolhido por ser um questionário muito

utilizado na literatura nacional3,11,20,21,25-29, não havendo necessidade de realizar sua

tradução e adequação para o português brasileiro. Além disso, demanda um pequeno

tempo de aplicação por apresentar apenas 10 questões direcionadas aos sinais e

sintomas da DTM, sem a necessidade de realização de um exame clínico adicional. É

importante que um questionário de triagem com propriedades de medida avaliadas

exista no Brasil para a realização de ensaios clínicos e estudos de prevalência bem

delineados na área de Fisioterapia.

O Índice Anamnésico de Fonseca classificou a maior parte da amostra com

DTM leve, tanto na Etapa 1 (44,5%) quanto na Etapa 2 (32,4%). Esse resultado também

foi encontrado em outros estudos11,20,21,25-29. Um estudo de prevalência em universitários

brasileiros20 observou que, aproximadamente, 75% da população avaliada apresentam

sinais e sintomas de DTM em algum momento da sua vida. Assim, talvez a classificação

de severidade encontrada nesta pesquisa reflita a prevalência de DTM encontrada na

população em geral.

Um dos sintomas característicos da DTM é a dor musculoesquelética

relacionada aos músculos mastigatórios, com caráter contínuo, ocasional, ou ainda

breve, no decorrer da mastigação, sendo associada aos movimentos mandibulares30.

Essa dor tem uma característica crônica e recorrente31. Considerando isso, a intensidade

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da dor observada nos 60 participantes com DTM moderada e severa pode ser

considerada moderada, com uma média de 5,5 pontos (DP= 2,0) em uma escala com

variação de zero a 10.

O Eixo I do RDC/TMD foi utilizado para realizar o diagnóstico da DTM e

observou-se que dos 70 participantes avaliados, 30% não apresentaram diagnóstico da

DTM. Como essa é uma porcentagem considerável, optou-se por observar a severidade

de DTM apenas desses participantes. Verificou-se que a pontuação total do Índice

Anamnésico de Fonseca não diferiu demasiadamente considerando os 49 participantes

avaliados com diagnóstico da DTM pelo RDC/TMD tanto na Etapa 1 quanto na Etapa

2. O sistema de diagnóstico do Eixo I do RDC/TMD é muito específico, pois algumas

vezes não permite que um participante com uma série de sinais e sintomas seja

diagnosticado com DTM dentro dos critérios e métodos de avaliação padronizados pelo

RDC/TMD22. Dessa forma, para ser diagnosticado com desordem muscular do tipo dor

miofascial, por exemplo, o participante precisa responder positivamente à questão 3 do

Eixo II do RDC/TMD, bem como ao item 1 do Eixo I, além de apresentar três ou mais

locais dolorosos à palpação nos itens 8 e 10 do Eixo I. Assim, se o mesmo apresentar

todos os critérios, mas apenas dois locais dolorosos à palpação, não receberá

diagnóstico de dor miofascial pelo RDC/TMD. Como o RDC/TMD é considerado um

padrão de referência na literatura, essas dificuldades para o estabelecimento do

diagnóstico poderiam ser contornadas pela realização de um estudo de acurácia

diagnóstica do Eixo I, já que ainda não foram realizados estudos desse tipo.

Neste estudo, a consistência interna mostrou-se adequada na análise primária

confirmando a nossa hipótese. Porém, o índice alfa de Cronbach diminuiu drasticamente

na análise secundária, de 0,80 para 0,41. Uma das possíveis explicações seria que

grande parte da amostra na análise primária (44,5%) foi classificada com disfunção

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leve. Isso demonstra que o padrão de respostas em um grupo com um nível maior de

severidade dos sintomas é mais heterogêneo quando comparado ao grupo com

diferentes níveis de severidade de DTM, o que pode alterar a correlação entre os itens

do Índice Anamnésico de Fonseca e superestimar os níveis de consistência interna,

considerando a análise primária.  

Além disso, apesar do Índice Anamnésico de Fonseca ser considerado

multidimensional20, sua pontuação resulta em um único escore, o que na verdade reflete

um instrumento de avaliação unidimensional. Assim, outra explicação para a drástica

redução da consistência interna na análise secundária seria a possibilidade do Índice

Anamnésico de Fonseca não ser um questionário unidimensional e sim

multidimensional. Porém, para que seja considerado como tal, há a necessidade de que

novos estudos realizem uma análise fatorial para conferir a estrutura das questões deste

índice e, possivelmente, considerar diferentes pontuações para as várias dimensões

avaliadas. A consistência interna do Índice Anamnésico de Fonseca já foi verificada

anteriormente, em um estudo19 com 1230 indivíduos, utilizando o coeficiente de Kr-20 e

avaliando a consistência interna de cada questão isoladamente. Foi encontrado um

coeficiente de 0,56, o que corrobora com os resultados do nosso estudo, na análise

secundária.

O Índice Anamnésico de Fonseca apresentou confiabilidade excelente e

substancial na análise primária e secundária, respectivamente. Em relação à

concordância, os achados foram compatíveis com os de confiabilidade, apresentando

um erro absoluto de medida baixo em ambas as análises. Não foram encontrados

estudos que avaliaram a confiabilidade e a concordância deste instrumento em pacientes

com DTM.

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31

 

A avaliação dos efeitos teto e piso não foi realizada porque considera-se que o

Índice Anamnésico de Fonseca reflita a prevalência de DTM na população, sendo

esperado que uma porcentagem alta dessa população atinja os valores mínimos do

instrumento, o que, neste caso, não configura um efeito piso. A responsividade também

não foi avaliada porque busca detectar alterações clinicamente importantes ao longo do

tempo13, o que não é pertinente quando se trata de um instrumento de triagem.

A validade do construto não pode ser avaliada pela falta de outros questionários

de triagem de DTM em português brasileiro, optando-se por realizar uma correlação

exploratória entre o Índice Anamnésico de Fonseca com algumas questões do Eixo II do

RDC/TMD. Apesar de já existir na literatura o Índice de Helkimo5, instrumento que

também realiza a triagem de pacientes com DTM, optou-se por não utilizá-lo porque

não apresenta tradução e adaptação cultural para o português brasileiro, evitando-se um

viés de correlação.

O Índice Anamnésico de Fonseca foi utilizado como uma ferramenta de triagem

e apenas os participantes classificados com disfunção moderada ou severa foram

submetidos a uma avaliação diagnóstica com o RDC/TMD, que incluiu a realização de

exame físico. Sabe-se que os dois instrumentos possuem construtos diferentes (o Índice

Anamnésico de Fonseca é um questionário de triagem e o RDC/TMD é de diagnóstico).

Assim, para realizar a correlação exploratória foram utilizadas questões que avaliam a

severidade de sinais e sintomas relacionados às atividades de vida diária e profissional.

Um exemplo seria a questão 11 do Eixo II do RDC/TMD, que questiona se nos últimos

seis meses a dor na face interferiu nas atividades diárias, em que foi encontrada uma

correlação fraca (r=0,27) com o Índice Anamnésico de Fonseca. Talvez essa correlação

fraca mostre a contraposição entre a questão 11 e a natureza multifatorial da DTM, já

que a interferência da dor na face nas atividades diárias é apenas uma característica. Por

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outro lado, a questão 19 do Eixo II, que questiona quais atividades a dor na face ou

problema na mandíbula impedem, limitam ou prejudicam, apresentou uma correlação

moderada (r=0,45), mostrando o inverso do que foi descrito acima, já que essa questão

abrange diversas características da DTM.

O Índice Anamnésico de Fonseca pode ser utilizado para a triagem de pacientes

com DTM, já que apresentou propriedades de medida aceitáveis, especialmente

considerando a consistência interna e a reprodutibilidade. A avaliação da validade do

construto não foi realizada pela falta de instrumentos semelhantes no português

brasileiro, o que não compromete o seu uso. Sugere-se que essa propriedade de medida

seja avaliada no momento em que outro instrumento de triagem para DTM, com o

mesmo construto, seja desenvolvido em português brasileiro.

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ANEXO 1

Índice Anamnésico de Fonseca

Data: ____/____/ 200__ Voluntário nº: _______ Nome do voluntário:___________________________ Fone para contato:_______________ e-mail:_________________________________ O questionário é composto por dez perguntas para as quais são possíveis as respostas ÀS VEZES, SIM e NÃO. Para cada pergunta, você deve assinalar somente uma resposta. _____________________________________________________________________ ÍNDICE CLÍNICO DE FONSECA (1994)________________________________ 1-Sente dificuldade para abrir bem a boca? __ (0) Não __ (5) Às vezes __ (10) Sim 2- Você sente dificuldade para movimentar a mandíbula para os lados? __ (0) Não __ (5) Às vezes __ (10) Sim 3- Tem cansaço/dor muscular quando mastiga? __ (0) Não __ (5) Às vezes __ (10) Sim 4- Sente dores de cabeça com freqüência? __ (0) Não __ (5) Às vezes __ (10) Sim 5- Sente dor na nuca ou torcicolo? __ (0) Não __ (5) Às vezes __ (10) Sim 6- Tem dor no ouvido ou nas articulações temporomandibulares? __ (0) Não __ (5) Às vezes __ (10) Sim 7- Já notou se tem ruídos nas ATMs quando mastiga ou quando abre a boca? __ (0) Não __ (5) Às vezes __ (10) Sim 8- Você já observou se tem algum hábito como apertar ou ranger os dentes? __ (0) Não __ (5) Às vezes __ (10) Sim 9- Sente que seus dentes não articulam bem? __ (0) Não __ (5) Às vezes __ (10) Sim 10- Você se considera uma pessoa tensa (nervosa)? __ (0) Não __ (5) Às vezes __ (10) Sim Índice Clínico a. Sem disfunção - soma das respostas entre 0 e 15 pontos b. Disfunção leve - soma das respostas entre 20 e 40 pontos c. Disfunção moderada - soma das respostas entre 45 e 65 pontos d. Disfunção severa - soma das respostas entre 70 e 100 pontos________________ Adaptado de da Fonseca, DM, Bonfante G, Valle AL, Freitas SFT. Diagnóstico pela anamnese da disfunção craniomandibular. Revista Gaúcha de Odontologia. 1994;4:23-2.

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ANEXO 2

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CAPÍTULO 3

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo desta dissertação de mestrado foi testar as propriedades de medida do

Índice Anamnésico de Fonseca em participantes com presença ou ausência de disfunção

temporomandibular, segundo o próprio Índice. Esta dissertação fornece dados que

mostram a importância de ter no Brasil um questionário de triagem com propriedades de

medida avaliadas para a realização de estudos bem delineados, já que a maioria dos

estudos não fornece informações necessárias, impossibilitando uma avaliação segura de

sua qualidade metodológica1. A escolha do Índice Anamnésico de Fonseca foi

determinada pela sua utilização em alguns estudos2-9 realizados para triagem de

pacientes com disfunção temporomandibular, sem a prévia verificação de suas

propriedades de medida.

De todas as propriedades de medida do Índice Anamnésico de Fonseca testadas,

a validade do construto foi a única que não pode ser avaliada, pois não há instrumento

com características semelhantes no português brasileiro, condição imprescindível para o

efeito comparativo10. A correlação exploratória foi realizada utilizando questões do

Eixo II do RDC/TMD que se referem à dor na face e sua inter-relação com as atividades

de vida diária e profissional do paciente. A decisão de utilizar questões do Eixo II do

RDC/TMD ocorreu porque as questões do Eixo II representam variáveis contínuas para

classificação de sintomas de disfunção temporomandibular semelhantemente ao Índice

Anamnésico de Fonseca. Por isso, não foi possível utilizar questões do Eixo I que

configuram variáveis categóricas e impedem a realização de uma análise de correlação,

como por exemplo, a questão 3 referente à presença de desvios para abertura da boca.

Dos estudos similares publicados até hoje, este foi o primeiro a testar e discutir

as propriedades de medida do Índice Anamnésico de Fonseca, podendo servir de base

para outros pesquisadores realizarem grandes estudos epidemiológicos em estados

diferentes do Brasil de forma que se conheça a epidemiologia da disfunção

temporomandibular no Brasil.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Costa LOP, Maher CG, Lopes AD, de Noronha MA, Costa LCM. Como escrever

de forma transparente artigos científicos relevantes para a prática da Fisioterapia. Rev

Bras Fisioter. 2011;15:267-71.

2. de Oliveira AS, Bevilaqua-Grossi D, Dias EM. Sinais e sintomas da disfunção

temporomandibular nas diferentes regiões brasileiras. Fisioterapia e Pesquisa.

2008;15:392-7.

3. Nomura K, Vitti M, de Oliveira AS, Chaves TC, Semprini M, Siéssere S, Hallak

JEC, Regalo SCH. Use of the Fonseca's questionnaire to assess the prevalence and

severity of temporomandibular disorders in brasilian dental undergraduates. Braz Dent

J. 2007;18:163-7.

4. Chaves TC, Costa D, Bevilaqua-Grossi D, Bertoli F. Avaliação anamnésica de

sintomas de disfunção temporomandibular em crianças asmáticas. Fisioterapia e

Pesquisa. 2005;11:19-26.

5. Dekon SFC, Zavanelli AC, Baleeiro RP, Vidotti MA, Pelisser J. Estudo

comparativo entre índice anamnético de DTM e análise oclusal funcional. Jornal

Brasileiro de Oclusão, ATM & Dor Orofacial. 2002;2:135-40.

6. Bevilaqua-Grossi D, Chaves TC, de Oliveira AS, Monteiro-Pedro V. Anamnestic

index severity and signs and symptoms of temporomandibular disorders (TMD).

Cranio. 2006;24:1-7.

7. Menezes MS, Bussadori SK, Fernandes KPS, Biasotto-Gonzalez DA. Correlação

entre cefaléia e disfunção temporomandibular. Fisioterapia e Pesquisa. 2008;15:183-87.

8. Fernandes AUR, Garcia AR, Zuim PRJ, Cunha LDAP, Marchiori AV. Desordem

temporomandibular e ansiedade em graduandos de odontologia. Ciênc Odontol Bras.

2007;10:70-7.

9. Biasotto-Gonzalez DA, de Andrade DV, Gonzalez TO, Martins MD, Fernandes

KPS, Corrêa JCF, et al. Correlação entre disfunção temporomandibular, postura e

qualidade de vida. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano.

2008;18(1):79-86.

10. Terwee CB, Bot SDM, de Boer MR, Van der Windta DAWM, Knol DL, Dekker J,

Bouter LM, De Vet HCW. Quality criteria were proposed for measurement properties of

health status questionnaires. J Clin Epidemiol. 2007;60:34-42.

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ANEXOS

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Anexo 1 – Submissão à Revista Brasileira de Fisioterapia

[RBFIS] Agradecimento pela Submissão - "RBFIS-1242 - PROPRIEDADES DE MEDIDA DO ÍNDICE ANAMNÉSICO DE FONSECA"

Leonor A. S. Aizza <[email protected]> 7 de dezembro de 2011 17:58

Responder a: Cristina Maria Nunes Cabral <[email protected]>

Para: Cristina Maria Nunes Cabral <[email protected]>

Cristina Maria Nunes Cabral, Agradecemos a submissão do seu manuscrito "PROPRIEDADES DE MEDIDA DO ÍNDICE ANAMNÉSICO DE FONSECA" para Revista Brasileira de Fisioterapia/Brazilian Journal of Physical Therapy. Informamos que se o manuscrito for aceito para publicação, a RBF enviará, ao autor de correspondência ou pessoa por ele indicada, solicitação do pagamento de uma taxa de processamento/publicação. Através da interface de administração do sistema, utilizado para a submissão, será possível acompanhar o progresso do documento dentro do processo editorial, bastando logar no sistema localizado em: URL do Manuscrito: http://submission.scielo.br/index.php/rbfis/author/submission/76609 Login: mcncabral Em caso de dúvidas, envie suas questões para este email. Agradecemos mais uma vez considerar nossa revista como meio de transmitir ao público seu trabalho. ___________________________________________ Revista Brasileira de Fisioterapia/ Brazilian Journal of Physical Therapy http://submission.scielo.br/index.php/rbfis

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Anexo 2 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

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Anexo 3 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Comitê de Ética em Pesquisa

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

O Sr(a) _________________________________________________________

RG no _____________________________, nascido em __________________,

do sexo _______________________, residente à _______________________

_______________________________________________________________

na cidade de _________________________, está sendo convidado a participar do

estudo “Propriedades clinimétricas do Índice Anamnésico de Fonseca” cujo objetivo é

testar as propriedades clinimétricas do Índice Anamnésico de Fonseca em participantes

com presença ou ausência de disfunção temporomandibular.

Para tanto, será necessário encontrar com o pesquisador em dois momentos. No

primeiro, será necessário responder a um simples questionário de triagem de sintomas

de disfunção temporomandibular. No segundo, será necessário responder ao mesmo

questionário, em um intervalo de 48 horas. Apenas se você for classificado como tendo

uma disfunção temporomandibular moderada ou grave, necessitará responder a outro

questionário, que envolve a definição do diagnóstico da disfunção temporomandibular.

Acredita-se que você não se submeterá a uma avaliação com qualquer tipo de risco ou

desconforto, já que a avaliação proposta nos questionários é rotineiramente realizada

por profissionais da área da saúde, com medidas simples de avaliação.

Qualquer dúvida ou esclarecimento poderá ser Profa. Dra. Cristina Maria Nunes Cabral,

que pode ser encontrada na Rua Cesário Galeno 448, Tatuapé, Sala de Mestrado em

Fisioterapia, Fone 21781565.

O Sr (a). tem garantia de sigilo de todas as informações coletadas e pode retirar seu

consentimento a qualquer momento, sem nenhum prejuízo ou perda de

benefício._______________________________________________________

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Declaro ter sido informado e estar devidamente esclarecido sobre os objetivos deste

estudo, sobre as técnicas e procedimentos a que estarei sendo submetido e sobre os

riscos e desconfortos que poderão ocorrer. Recebi garantias de total sigilo e de obter

novos esclarecimentos sempre que desejar. Assim, concordo em participar

voluntariamente deste estudo e sei que posso retirar meu consentimento a qualquer

momento, sem nenhum prejuízo ou perda de qualquer benefício (caso o sujeito de

pesquisa esteja matriculado na Instituição onde a pesquisa está sendo realizada).

Data: __ /_ / __

_____________________________________________

Assinatura do sujeito da pesquisa ou representante legal

______________________________________ Pesquisador responsável / orientador

Eu, Cristina Maria Nunes Cabral,

Responsável pela pesquisa Propriedades clinimétricas do Índice Anamnésico de

Fonseca declaro que obtive espontaneamente o consentimento deste sujeito de pesquisa

(ou de seu representante legal) para realizar este estudo.

Data: __/__/___

__________________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável

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Anexo 4 – Normas de Publicação da Revista Brasileira de Fisioterapia

Instruções aos autores

INFORMAÇÕES GERAIS

A submissão dos manuscritos deverá ser efetuada por via eletrônica, no site

http://www.scielo.br/rbfis e implica que o trabalho não tenha sido publicado e não esteja

sob consideração para publicação em outro periódico.

Quando parte do material já tiver sido apresentada em uma comunicação preliminar, em

Simpósio, Congresso, etc., deve ser citada como nota de rodapé na página de título, e

uma cópia do texto da apresentação deve acompanhar a submissão do manuscrito.

Os artigos submetidos e aceitos em português serão traduzidos para o inglês por

tradutores da RBF/BJPT. Os artigos submetidos e aceitos em inglês também serão

encaminhados aos revisores de inglês da RBF/BJPT para revisão final.

Taxa de processamento e tradução/publicação

Para artigos submetidos a partir de 5 de julho, 2010, a RBF/BJPT solicitará, ao autor de

correspondência ou pessoa por ele indicada, o pagamento de taxa de processamento

para os artigos que forem analisados e encaminhados para avaliação por pares e de taxa

de tradução/publicação para os artigos aceitos para publicação, conforme valores

definidos em reunião do seu Conselho Editorial.

Procedimentos para pagamentos

a) No Brasil, os pagamentos serão feitos por meio da quitação de boleto bancário que

deverão ser gerados acessando o site http://www.rbf-bjpt.org.br;

b) Outros paises: solicite informações sobre como efetuar os pagamentos para

[email protected];

c) A taxa de processamento não será reembolsada no caso do artigo não ser publicado;

d) Não haverá cobrança de taxas dos artigos submetidos por autores convidados

formalmente pelos Editores da RBF.

FORMA E PREPARAÇÃO DOS MANUSCRITOS

A RBF/BJPT aceita, no máximo, 6 (seis) autores em um manuscrito. O manuscrito deve

ser escrito preferencialmente em inglês e pode conter até 3.500 palavras (excluindo

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Resumo/Abstract, Referências, Figuras, Tabelas e Anexos). Estudos de Caso não devem

ultrapassar 1.600 palavras, excluindo Resumo/Abstract, Referências, Figuras, Tabelas e

Anexos.

Ao submeter um manuscrito para publicação (http://www.scielo.br/rbfis), os autores

devem inserir no sistema, todos os dados dos autores e ainda inserir como documento(s)

suplementar(es):

1) Carta de encaminhamento do material, contendo as seguintes informações:

a) Nomes completos dos autores;

b) Tipo e área principal do artigo (ver OBJETIVOS, ESCOPO E POLÍTICA);

c) Número e nome da Instituição que emitiu o parecer do Comitê de Ética para

pesquisas em seres humanos e para os experimentos em animais. Para as pesquisas em

seres humanos, incluir também uma declaração de que foi obtido o Termo de

Consentimento dos participantes do estudo;

d) Número de Ensaio Clínico - Conforme descritos em OBJETIVOS, ESCOPO E

POLÍTICA, os manuscritos com resultados relativos aos ensaios clínicos deverão

apresentar número de identificação, que deverá ser registrado no final do

Resumo/Abstract.

(Sugestão de site para registro: http://www.anzctr.org.au/Survey/UserQuestion.aspx);

2) Declaração de responsabilidade de conflitos de interesse. Os autores devem declarar

a existência ou não de eventuais conflitos de interesse (profissionais, financeiros e

benefícios diretos e indiretos) que possam influenciar os resultados da pesquisa;

3) Declaração assinada por todos os autores, com o número de CPF, indicando a

responsabilidade pelo conteúdo do manuscrito e transferência de direitos autorais

(copyright) para a RBF/BJPT, caso o artigo venha a ser aceito pelos Editores.

Os modelos da carta de encaminhamento e das declarações encontram-se disponíveis no

site da RBF/BJPT: http://www.rbf-bjpt.org.br.

É de responsabilidade dos autores a eliminação de todas as informações (exceto na

página do título e identificação) que possam identificar a origem ou autoria do artigo.

FORMATO DO MANUSCRITO

O manuscrito deve ser elaborado com todas as páginas numeradas consecutivamente na

margem superior direita, com início na página de título. Os Artigos Originais devem ser

estruturados conforme sequência abaixo:

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Página de título e identificação (1ª. página)

A página de identificação deve conter os seguintes dados:

a) Título do manuscrito em letras maiúsculas;

b) Autor: nome e sobrenome de cada autor em letras maiúsculas, sem titulação,

seguidos por número sobrescrito (expoente), identificando a afiliação

institucional/vínculo (Unidade/ Instituição/ Cidade/ Estado/ País); para mais de um

autor, separar por vírgula;

c) Nome e endereço completo. (É de responsabilidade do autor correspondente manter

atualizado o endereço e e-mail para contatos);

d) Título para as páginas do artigo: indicar um título curto, em Português e em Inglês,

para ser usado no cabeçalho das páginas do artigo, não excedendo 60 caracteres;

e) Palavras-chave: termos de indexação ou palavras-chave (máximo seis), em Português

e em Inglês. A RBF/BJPT recomenda o uso do DeCS - Descritores em Ciências da

Saúde para consulta aos termos de indexação (palavras-chave) a serem utilizados no

artigo <http://decs.bvs.br/>.

Resumo/Abstract

Uma exposição concisa, que não exceda 250 palavras em um único parágrafo, em

português (Resumo) e em Inglês (Abstract) deve ser escrita e colocada logo após a

página de título. Notas de rodapé e abreviações não definidas não devem ser usadas. Se

for preciso citar uma referência, a citação completa deve ser feita dentro do resumo. O

Resumo e o Abstract devem ser apresentados em formato estruturado, incluindo os

seguintes itens separadamente: Contextualização (Background), Objetivos (Objectives),

Métodos (Methods), Resultados (Results) e Conclusões (Conclusions).

Corpo do texto: Introdução, Materiais e Métodos, Resultados e Discussão

Incluir, em itens destacados:

Introdução: deve informar sobre o objeto investigado e conter os objetivos da

investigação, suas relações com outros trabalhos da área e os motivos que levaram o(s)

autor(es) a empreender a pesquisa.

Materiais e Métodos: descrever de modo a permitir que o trabalho possa ser

inteiramente repetido por outros pesquisadores. Incluir todas as informações necessárias

- ou fazer referências a artigos publicados em outras revistas científicas - para permitir a

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replicabilidade dos dados coletados. Recomenda-se fortemente que estudos de

intervenção apresentem grupo controle e, quando possível, aleatorização da amostra.

Resultados: devem ser apresentados de forma breve e concisa. Tabelas, Figuras e

Anexos podem ser incluídos quando necessários para garantir melhor e mais efetiva

compreensão dos dados.

Discussão: o objetivo da discussão é interpretar os resultados e relacioná-los aos

conhecimentos já existentes e disponíveis, principalmente àqueles que foram indicados

na Introdução do trabalho. As informações dadas anteriormente no texto podem ser

citadas, mas não devem ser repetidas em detalhes na discussão.

Os artigos de Revisão Sistemática e Metanálises devem incluir uma seção que descreva

os métodos empregados para localizar, selecionar, obter, classificar e sintetizar as

informações.

Agradecimentos

Quando apropriados, os agradecimentos poderão ser incluídos, de forma concisa, no

final do texto, antes das Referências Bibliográficas, especificando: assistências técnicas,

subvenções para a pesquisa e bolsa de estudo e colaboração de pessoas que merecem

reconhecimento (aconselhamento e assistência). Os autores são responsáveis pela

obtenção da permissão documentada das pessoas cujos nomes constam dos

Agradecimentos.

Referências Bibliográficas

O número recomendado é de, no mínimo, 50 (cinquenta) referências bibliográficas para

Artigo de Revisão; 30 (trinta) referências bibliográficas para Artigo Original,

Metanálise, Revisão Sistemática e Metodológico. Para Estudos de Caso recomenda-se,

no máximo, 10 (dez) referências bibliográficas.

As referências bibliográficas devem ser organizadas em sequência numérica, de acordo

com a ordem em que forem mencionadas pela primeira vez no texto, seguindo os

Requisitos Uniformizados para Manuscritos Submetidos a Jornais Biomédicos,

elaborados pelo Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas - ICMJE

<http://www.icmje.org/index.html>.

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Os títulos de periódicos devem ser referidos de forma abreviada, de acordo com a List

of Journals do Index Medicus <http://www.index-medicus.com>. As revistas não

indexadas não deverão ter seus nomes abreviados.

As citações das referências bibliográficas devem ser mencionadas no texto em números

sobrescritos (expoente), sem datas. A exatidão das referências bibliográficas constantes

no manuscrito e a correta citação no texto são de responsabilidade do(s) autor(es) do

manuscrito. (Ver exemplos no site:

<http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html>).

Tabelas, Figuras e Anexos: as Tabelas, Figuras e Anexos são limitados a 5 (cinco)

no total.

-Tabelas: devem incluir apenas os dados imprescindíveis, evitando-se tabelas muito

longas (tamanho máximo permitido: uma página em espaço duplo), e devem ser

numeradas, consecutivamente, com algarismos arábicos e inseridas no final do texto.

Título descritivo e legendas devem torná-las compreensíveis, sem necessidade de

consulta ao texto do artigo. Não devem ser formatadas com marcadores horizontais nem

verticais, apenas necessitam de linhas horizontais para a separação de suas seções

principais. Devem ser usados parágrafos ou recuos e espaços verticais e horizontais para

agrupar os dados.

-Figuras: as Figuras não devem repetir os dados já descritos nas Tabelas. Todas devem

ser citadas e devem ser numeradas, consecutivamente, em arábico, na ordem em que

aparecem no texto. Não é recomendado o uso de cores. As legendas devem torná-las

compreensíveis, sem necessidade de consulta ao texto. Digitar todas as legendas em

espaço duplo e explicar todos os símbolos e abreviações. Usar letras em caixa-alta (A,

B, C, etc.) para identificar as partes individuais de figuras múltiplas. Se possível, todos

os símbolos devem aparecer nas legendas; entretanto, símbolos para identificação de

curvas em um gráfico podem ser incluídos no corpo de uma figura, desde que isso não

dificulte a análise dos dados.

Em relação à arte final, todas as Figuras devem estar em alta resolução. Figuras de baixa

qualidade podem resultar em atrasos na aceitação e publicação do artigo.

As Tabelas, Figuras e Anexos publicados em outras revistas ou livros devem conter as

respectivas referências e o consentimento, por escrito, do autor ou editores.

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Para artigos submetidos em língua portuguesa, um conjunto adicional em inglês das

Tabelas, Figuras, Anexos e suas respectivas legendas deve ser anexado como

documento suplementar.

Notas de Rodapé

As notas de rodapé do texto, se imprescindíveis, devem ser numeradas

consecutivamente em sobrescrito no manuscrito e escritas em folha separada, colocada

no final do texto.

OUTRAS CONSIDERAÇÕES

Unidades: usar o Sistema Internacional (SI) de unidades métricas para as medidas e

abreviações das unidades.

Cartas ao Editor: críticas às matérias publicadas de maneira construtiva, objetiva e

educativa; consultas às situações clínicas e discussões de assuntos específicos da

Fisioterapia serão publicados a critério dos editores (com até 700 palavras e até 8

referências). Quando a carta se referir a comentários técnicos (réplicas) sobre os artigos

publicados na RBF/BJPT, esta será publicada junto com a tréplica dos autores do artigo

objeto de análise e/ou crítica.

Estudos de Caso: devem ser restritos às condições de saúde ou métodos/procedimentos

incomuns sobre os quais o desenvolvimento de artigo original seja impraticável. Dessa

forma, os relatos de casos clínicos não precisam necessariamente seguir a estrutura

canônica dos artigos originais, mas devem apresentar um delineamento metodológico

que permita a reprodutibilidade das intervenções ou procedimentos relatados.

Recomenda-se muito cuidado ao propor generalizações de resultados a partir desses

estudos. Desenhos experimentais de caso único serão tratados como artigos originais e

devem seguir as normas estabelecidas pela RBF/BJPT.

Estudos de Revisão Sistemática com Metanálise: Devem incluir: a) uma seção que

descreva os métodos empregados para localizar, selecionar, obter, classificar e sintetizar

as informações, b) número suficiente de artigos, com qualidade metodológica alta

(segundo mecanismos próprios de avaliação) de tal forma que seja possível uma análise

apropriada sobre o tema de investigação, e c) técnica de metanálise, que integre os

resultados dos estudos selecionados, sobre a questão de pesquisa. Manuscritos de

revisão sistemática com metanálise que apresentem uma quantidade insuficiente de

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artigos selecionados e/ou artigos de baixa qualidade, que não utilizem técnica estatística

para síntese ponderada dos efeitos dos estudos (metanálise) e que não apresentem uma

conclusão assertiva e válida sobre o tema, não serão considerados para análise de

revisão por pares.

Conflitos de Interesse: os autores são responsáveis pela declaração de qualquer tipo de

conflito de interesse na realização da pesquisa, tanto de ordem financeira como de

qualquer outra natureza.

O relator deve comunicar aos editores quaisquer conflitos de interesse que possam

influenciar a emissão de parecer sobre o manuscrito e, quando couber, deve declarar-se

não qualificado para revisá-lo.

Considerações Éticas e Legais: evitar o uso de iniciais, nomes ou números de registros

hospitalares dos pacientes. Um paciente não poderá ser identificado em fotografias,

exceto com consentimento expresso, por escrito, acompanhando o trabalho original.

Estudos realizados em humanos devem estar de acordo com os padrões éticos e com o

devido consentimento livre e esclarecido dos participantes (reporte-se à Resolução

196/96 do Conselho Nacional de Saúde que trata do Código de Ética para Pesquisa em

Seres Humanos).

Para os experimentos em animais, considerar as diretrizes internacionais (por exemplo,

a do Committee for Research and Ethical Issues of the International Association for the

Study of Pain, publicada em PAIN, 16:109-110, 1983).

Para as pesquisas em humanos e em animais, deve-se incluir, no manuscrito, o número

do Parecer da aprovação das mesmas pela Comissão de Ética em Pesquisa, que deve ser

devidamente registrado no Conselho Nacional de Saúde do Hospital ou Universidade ou

no mais próximo de sua região.

A RBF/BJPT reserva-se o direito de não publicar trabalhos que não obedeçam às

normas legais e éticas para pesquisas em seres humanos e para os experimentos em

animais.

É recomendável que estudos relatando resultados eletromiográficos sigam os "Standards

for Reporting EMG Data", recomendados pela ISEK.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se o artigo for encaminhado aos autores para revisão e não retornar à RBF/BJPT dentro

de 6 (seis) semanas, o processo de revisão será considerado encerrado. Caso o mesmo

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artigo seja reencaminhado, um novo processo será iniciado, com data atualizada. A data

do aceite será registrada quando os autores retornarem o manuscrito após a correção

final aceita pelos Editores.

As provas finais serão enviadas aos autores por e-mail, no endereço indicado na

submissão, para revisão final (dúvidas e/ou discordâncias de revisão), não sendo

permitidas quaisquer outras alterações. Manuscrito em prova final não devolvido em 48

horas poderá, a critério dos editores, ser publicado na forma em que se apresenta ou ter

sua publicação postergada para um próximo número.

Após publicação do artigo ou processo de revisão encerrado, toda documentação

referente ao processo de revisão será incinerada.