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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DÉBORA LESSA DA SILVA ESTEFANNY MARTINS DE LIMA INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO DA PESSOA COM TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO MACEIÓ 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

DÉBORA LESSA DA SILVA ESTEFANNY MARTINS DE LIMA

INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO DA PESSOA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

MACEIÓ 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CESMAC

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

DÉBORA LESSA DA SILVA ESTEFANNY MARTINS DE LIMA

INSERÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO DA PESSOA COM

TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Psicologia do Centro Universitário CESMAC, como requisito obrigatório para a obtenção do título de graduação, sob a orientação da professora Ms. Silvana Paula M. de Alcântara Lima.

MACEIÓ 2018

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Trabalho entregue no dia: 04/06/2018

Silvana Paula M. de Alcântara Lima Professora/Orientadora

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DÉBORA LESSA DA SILVA ESTEFANNY MARTINS DE LIMA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Colegiado do Curso de Psicologia do Centro Universitário CESMAC, como requisito obrigatório para a obtenção do título de graduação.

Banca Examinadora:

Examinador 1

Examinador 2

Examinador 3

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Agradecemos primeiramente à Deus, pois sem Ele não teríamos chegado até aqui, por ter nos dado sabedoria e força para vencer cada obstáculo, à Ele nossa eterna GRATIDÃO. Aos nossos pais, por acreditarem em nós e nos apoiar em todos os momentos. Aos nossos companheiros, amigos, familiares que torceram juntos por essa conquista, nos incentivando sempre. A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da nossa formação, nosso muito obrigada.

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RESUMO

O presente artigo tem por objetivo abordar a temática de Inserção no Mercado

de Trabalho da Pessoa com Transtorno do Espectro do Autismo - TEA,

embasado em literaturas que abordam essa problemática através de uma

revisão integrativa de literatura, na qual, determina o conhecimento atual sobre

uma temática específica, tendo em vista, a dificuldade de encontrar fontes

literárias que englobam o tema proposto, e os resultados dessas de que

poucos são aqueles incluídos no âmbito do trabalho. Sendo assim, sentiu-se a

necessidade de discutir acerca de questões das Leis existentes para a pessoa

com deficiência, no que se refere à participação no mundo do trabalho dentro

de hierarquias e respeito, entre elas oportunidades, escolhas e acesso ao

trabalho, dando ênfase a lei brasileira 12.764/12 que surgiu para proteção aos

TEAs. Para isso, conceituamos TEA, no que tange características, aptidões e

limitações, mercado de trabalho atual. Contudo, propõe pontuar o direito social

ao trabalho, com ênfase aos preceitos legais que garantem a proibição de

qualquer discriminação no tocante à inclusão no mundo do trabalho da pessoa

com Espectro Autista (TEA) através de uma ótica da psicologia, em especial a

psicologia organizacional e do trabalho.

Palavras-chave: Autismo. Mercado de Trabalho. Inclusão.

ABSTRACT

The aim of this article is to address the issue of insertion in the labor market of the person with Autism Spectrum Disorder - TEA, based on literatures that approach this problem through an integrative literature review, in which, determines the current knowledge about a specific theme, in view of the difficulty of finding literary sources that encompass the proposed theme, and the results of which few are included in the scope of the work. Thus, there was a need to discuss existing issues of disability laws with regard to participation in the world of work within hierarchies and respect, including opportunities, choices and access to work, with emphasis the Brazilian law 12.764 / 12 that emerged to protect the TEAs. For this, we conceptualize TEA, in what concerns characteristics, aptitudes and limitations, current labor market. However, it proposes to punctuate the social right to work, with emphasis on the legal precepts that guarantee the prohibition of any discrimination regarding the inclusion in the world of work of the person with Autistic Spectrum (TEA) through an optics of psychology, especially organizational psychology and work. Keywords: Autism. Job market. Inclusion.

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NOTAS DE SIGLAS

TEA - Transtorno do Espectro do Autista;

ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente;

LDB - Lei de Diretrizes e Bases;

LBPS - Lei de Benefícios da Previdência Social;

BVS - Biblioteca Virtual da Saúde da Psicologia;

SciELO - Scientific Eletrônica Lebrary Online;

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior;

LBI - Lei Brasileira da Inclusão das Pessoas com Deficiência;

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 9

2 METODOLOGIA ........................................................................................... 17

3 ANÁLISE E DISCUSSÕES DOS DADOS ................................................... 18

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 26

REFERÊNCIAS

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REFERÊNCIAS

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1 INTRODUÇÃO

Esta produção visa discorrer acerca da temática concernente a pessoa

com Transtorno do Espectro do Autista (TEA) e sua inserção no Mercado de

Trabalho, tendo como problemática: Compreender o TEA e sua inserção no

Mercado de Trabalho?; para isso, foi realizado um estudo do tipo revisão

bibliográfica integrativa, permitindo-nos a inferência através de estudos

exaustivos de questões no que se refere as principais dificuldades para a

inserção no mercado de trabalho das pessoas com TEA.

Entende-se o autismo como um fenômeno complexo, ou seja, suas

causas ainda são desconhecidas, partindo do pressuposto da escassez em

literaturas que retratem o Autista e sua inclusão no mercado de trabalho, deu-

se a necessidade de fomentar esta problemática ainda pouco discutida e

praticada na atualidade, em contra ponto contamos com um crescente número

de pesquisas e interesse sobre o tema em evolução, porém esse conhecimento

ainda necessitam de avanços em estudos.

O TEA trata-se de uma desordem do desenvolvimento, no qual, afeta

a capacidade de se comunicar e interagir; o termo “Autismo” foi introduzido

pelo médico suíço Euger Bleuler (1857-1939), para nomear os indivíduos que

embora apresente aspecto físico aparentemente normal, possui

comportamentos rituais, tendo início precoce, predominando no sexo

masculino.

O autismo, também conhecido como transtorno autístico, autismo da infância, autismo infantil e autismo infantil precoce, é o TID mais conhecido. Nessa condição, existe um marcado e permanente prejuízo na interação social, alterações da comunicação e padrões limitados ou estereotipados de comportamentos e interesses (KLIN, 2006, p.4).

O DSM-5 (2016), aponta uma lista de sintomas do Transtorno

Espectro do Autista que evidencia o comprometimento qualitativo da interação

social do autista:

Déficits persistentes na comunicação social e na interação social em múltiplos contextos, conforme manifestado pelo que segue, atualmente ou por história prévia (os exemplos são apenas ilustrativos, e não exaustivos; ver o texto): Déficits na reciprocidade socioemocional, variando, por exemplo, de abordagem social anormal e dificuldade para estabelecer uma conversa normal a compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto, a dificuldade para iniciar ou responder a interações sociais. Déficits nos

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comportamentos comunicativos não verbais usados para interação social, variando, por exemplo, de comunicação verbal e não verbal pouco integrada a anormalidade no contato visual e linguagem corporal ou déficits na compreensão e uso gestos, a ausência total de expressões faciais e comunicação não verbal.

Com base na LEI Nº 12.764, de 27 de Dezembro de 2012, no Art.

1o Lei esta que institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa

com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua

consecução; onde aponta no inciso 2º, que a pessoa com transtorno do

espectro autista é considerada pessoa com deficiência, para todos os efeitos

legais.

Embora o TEA não tenha cura, de acordo com, Onzi; Gomes (2015, p.

189):

O TEA é considerado um transtorno que vai além da sua

complexidade, distante de ser definido com exatidão, pois não

existem meios pelos quais se possa testá-lo, muito menos medi-lo.

Em outras palavras, as pesquisas realizadas atualmente estão

distantes no sentido de apresentarem a cura para o autismo,

acompanhando o indivíduo por todo seu ciclo vital.

Todavia, é um transtorno que precisa de um olhar diferenciado, pois,

quanto mais cedo à criança tiver o correto diagnóstico e o tratamento

apropriado, será possível proporcionar um melhor desenvolvimento. Contudo,

“nem todos são iguais e nem todos têm as mesmas características. Uns podem

ser mais atentos, uns mais intelectuais e outros mais sociáveis, e assim por

diante” (FERREIRA, 2009, p. 15). Agora que especificado acerca do Transtorno

do Espectro Autista, de forma breve será introduzido o conceito de trabalho e

mercado de trabalho englobando o perfil profissional do mercado atual.

Sabe-se que, o trabalho é uma atividade importante para a interação

social, realização pessoal e desenvolvimento de autoestima e autonomia,

pontos essenciais para a formação e construção da identidade para qualquer

ser humano. De acordo com Vash (1988), “O trabalho é um vínculo para

aquisição de recompensas externas socialmente veneradas, tais como

dinheiro, prestígio e poder, bem como de recompensas internas associadas

com a autoestima, pertinência e autorrealização” (p. 105).

Dessa forma, entende-se que ao longo de sua história o conceito de

trabalho passou por diversas modificações sobre a influência das

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transformações da sociedade, através das criações das leis trabalhistas

existentes.

Segundo Heloani; Capitão (2003): [...] “Para maior parte das atividades,

exige-se um trabalhador complexo, que saiba muito mais além do que seria

preciso para execução de determinada tarefa” (p.103).

Partindo desse pressuposto atualmente o perfil de profissional exigido

pelo mercado de trabalho é de profissionais que se reinventem, se adaptem a

várias funções para evitar muitas contratações, visto que, o funcionário que se

reinventa pode exercer várias atividades ao mesmo tempo, por conseguinte

assumi tarefas diversificadas sempre que necessário.

A inclusão dos TEAs no mundo do trabalho é bem recente, pois eles só

passaram a ser reconhecidos como deficientes no final do ano de 2012,

quando entra em vigor a Lei 12. 764, de 27 de Dezembro de 2012. Os incisos I

e II presentes no artigo 1° mostram que para ser reconhecida como autista a

pessoa precisa apresentar o que consta nesses incisos. São eles:

I - Deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação social manifestada por deficiência marcada da comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento; II - Padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestadas por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões do comportamento ritualização interesses restritos e fixos.

O inciso V presente no artigo 2° apresenta o estímulo à inserção da

pessoa com transtorno do espectro do autista no mercado de trabalho,

observadas as peculiaridades da deficiência e as disposições da Lei n° 8.069,

de 13 de Julho de 1990, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Para investigação da referida temática faz-se necessário uma reflexão

sobre essas pessoas no mercado de trabalho Brasileiro, como acima citado a

ideia de Inclusão dos TEAs é atual e, além disso, conta com o agravante das

barreiras relacionadas ao preconceito e a discriminação existentes, e as

poucas oportunidades de oferta de trabalho.

Além disso, dificultando na verdade tirando o direito dessas pessoas de

construírem sua identidade e autonomia os fazendo voltar à inércia do

passado, que via as pessoas com deficiência como incapazes de trabalhar os

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tornando peso para seus familiares, pois o fator de dependência era o que mais

contribuía para isto.

Segundo Gimenes et. al. (2014, p.05),

Historicamente tem-se por décadas uma visão excludente, segregadora e preconceituosa sobre as pessoas com deficiência. Conceitos esses enraizados que em muitas situações perduram até os dias atuais. Os indivíduos com deficiência viviam a margem da sociedade, com pouco ou nenhum direito reconhecido.

Dessa forma, não existiam oportunidades nem programa de políticas

públicas para as pessoas com deficiência. Eram vistos pela sociedade como

empecilhos, impossibilitadas de trabalhar e de estudar, de estarem inseridos no

seio da sociedade.

Porém, esta realidade não mudou muito com o passar dos anos, as

pessoas muitas vezes diante de uma pessoa com deficiência inserida no

mercado de trabalho reagem com preconceito; seja a deficiência intelectual,

física ou sensorial. Nesse sentido, Santos e Viera (2017, p.225) afirmam que:

São muitos os estigmas diante da pessoa com autismo. No entanto se faz necessário reconhecer que qualquer pessoa, com deficiência ou não, precisa ser vista como um ser capaz, com direitos a saúde, educação, e principalmente, a sua integridade, seja ela física ou moral. O autista não precisa que a sociedade sinta “dó”, tão somente que a sociedade olhe com olhos de tristeza. São expressões negativas que impedem a inclusão se efetivar. O autista tem interesses e comportamentos considerados atípicos, mas isso não define sua capacidade, é inegável que expõe suas limitações, mas qual ser humano não tem limitação?

A partir dessa linha de raciocínio entende-se que, para os TEAs a

importância do trabalho está na construção do eu, exercício da cidadania e

desenvolvimento socioemocional; pois o trabalho segundo (Amaral, 1996 apud

Pereira et. al., 2008, p.106):

O trabalho possibilita uma relativa independência financeira, contribui

para o autoatendimento e desperta a sensação de aceitação e de

pertencimento numa população que, ao longo da história, sempre

esteve às margens das oportunidades.

Partindo desse pressuposto, é relevante adentrar no âmbito da

inclusão, frisando que é necessário inserir a educação como ponto crucial para

tal, visto que, existem leis que garantem a inserção da pessoa com Transtorno

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do Espectro Autista neste âmbito, garantindo-lhes o direito não apenas do

saber, mas de poderem participar de um corpo social.

Sendo assim, segundo a Lei de Diretrizes e Bases (LDB):

Art. 5° O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo.

Com isso, para que o indivíduo com TEA possa estar inserido no

processo educativo, destacamos a instituição familiar como parceira para estar

auxiliando neste contexto, promovendo os cuidados necessários a partir das

politicas públicas, com acesso a saúde, lazer, previdência e a educação; a lei

6.949, de 25 de Agosto de 2009, nos incisos: 1, 2 e 3, no artigo 5º assegura as

pessoas com deficiência quanto ao direito à igualdade e não discriminação:

1. Os Estados Partes reconhecem que todas as pessoas são iguais perante e sob a lei e que fazem jus, sem qualquer discriminação, a igual proteção e igual benefício da lei. 2. Os Estados Partes proibirão qualquer discriminação baseada na deficiência e garantirão às pessoas com deficiência igual e efetiva proteção legal contra a discriminação por qualquer motivo. 3. A fim de promover a igualdade e eliminar a discriminação, os Estados Partes adotarão todas as medidas apropriadas para garantir que a adaptação razoável seja oferecida.

A partir dessa Lei, podemos ratificar que a inclusão requer uma escola

para todos, ou seja, que se adapte às diferenças existentes em cada ser

humano seja ele com necessidade especial ou não, pois cada ser é

pertencente a uma singularidade, para que assim seja possível proporcionar o

bem-estar biopsicossocial ao indivíduo.

Quanto a inclusão da pessoa com deficiência no contexto laboral, no

Art. 93 da Lei de Benefícios da Previdência Social (LBPS) - Lei nº 8.213 de 24

de Julho de 1991, conhecida como Lei de Costas, “[...] busca promover a

participação das pessoas com deficiência no mercado de trabalho” (CAMARGO

Et al, 2017, p.805); que assegura uma reserva de vagas a empresa com 100

(cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a

5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou

pessoas portadoras de deficiência, habilitadas.

No entanto, o Estatuto da Pessoa com Deficiência (2016), incidiu

alteração no Art. 93, com intuito de fixar em cinquenta empregados o limite

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mínimo para as empresas preencherem seus cargos com pessoas com

deficiência e com beneficiários reabilitados da Previdência Social, na proporção

que especifica. Nesse sentido, no Inciso IV, estabeleceu que o cumprimento da

reserva de cargos nas empresas entre 50 (cinquenta) e 99 (noventa e nove)

empregados passará a ser fiscalizado no prazo de 3 (três) anos.

Levando em consideração as legislações, nota-se que a garantia de

direitos da pessoa com deficiência e sua inserção no mercado de trabalho;

dentro de regras hierárquicas, a fim de viabilizar um processo produtivo ao

direito social do trabalho, desde o salário, quanto aos critérios utilizados para

admissão. Porém este artigo busca reunir atributos tanto das leis existentes

que assegurem o direito dos autistas no mercado de trabalho como da

importância que se faça valer esse direito, compreender se a teoria (leis) está

sendo respeitada e posta em prática (inclusão no mercado de trabalho).

No Brasil, a Lei nº 12.764 passa a ser ratificada para a pessoa com

Transtorno do Espectro do Autismo de forma concreta; com base, no art. 3º da

lei, inciso IV, garante que são direitos da pessoa com TEA, o acesso: a) à

educação e ao ensino profissionalizante; b) à moradia, inclusive à residência

protegida; c) ao mercado de trabalho; d) à previdência social e à assistência

social.

Muitas vezes a falta de conhecimento quanto aos direitos existentes,

passa despercebido para estas pessoas com TEA, que não devem ser

excluídos do âmbito social por suas características, mas inseridos desde o

acesso à escola ao mercado de trabalho.

No entanto, os TEA´s por sua vez acabam enfrentando desafios para

estarem inseridos no mercado de trabalho, pois mesmo havendo lei para

assegurá-los, não demonstra ser suficiente para que se concretize

empregabilidade no contexto profissional.

De acordo com, Cabral (2002, p.07):

A dificuldade encontrada pela pessoa com deficiência para a qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho é histórica. A desinformação e o consequente estigma associado à pessoa e à deficiência, numa sociedade que tem na aparência, um dos critérios fundamentais para a seleção de mão-de-obra, constituem obstáculo de tal modo, que as conquistas nesse campo, embora significativas, continuam tímidas.

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Na sociedade contemporânea, o trabalho passa a ser um direito ao

mesmo tempo humano e fundamental. É direito humano porque reconhecido

solenemente nos documentos internacionais, desde o tratado de Versalhes, de

1919. (LEITE, p.37 2016). Leite (2016) menciona, através da Declaração

Universal dos Direitos Humanos, afirma, “que toda pessoa tem direito ao

trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de

trabalho e à proteção contra o desemprego. (artigo 23°, n.1, 1948). Diante

deste pensamento cabe ressaltar que o trabalho promove melhoria das

condições sociais e subjetivas do individuo proporcionando ao mesmo inserção

em seu contexto social. Leite nos faz refletir quando afirma que:

É preciso esclarecer, desde logo, que não é qualquer trabalho que

deve ser considerado um direito humano e fundamental, mas apenas

o trabalho que realmente dignifique a pessoa humana. Fala-se,

assim, em direito ao trabalho digno ou ao trabalho decente como

valor fundante de um ordenamento jurídico, político, econômico e

social. (LEITE, 2016, p. 38).

Dessa forma, entende-se que não basta apenas inserir o autista no

mercado de trabalho o colocando em qualquer função apenas para

cumprimento da lei e sim propicia meios para que este possa ser incluído no

trabalho, ou seja, através de uma educação profissionalizante e de ofertas de

trabalho que compreenda suas capacidades e limitações, para que assim este

indivíduo sinta e vivencie na prática a satisfação de estar empregado e “não

jogado” dentro de uma organização.

Para isto, seria necessário um processo de conscientização a nível

social e cultural de que estas pessoas possuem limitações, mas que isso não

significa que são incapazes de exercer funções no âmbito profissional assim

como qualquer pessoa dita sem deficiência, pois esta possui também

limitações. Tornando-se clara essa afirmativa, segundo Santos e Costas (2013,

p.1889):

O trabalho é fundamental para garantir a cidadania e o sentimento de

pertencimento de qualquer pessoa. Para a pessoa com deficiência, o

sentimento de eficácia pelo trabalho e sua produção contribui para a

construção de uma identidade social e de reconhecimento de sua

capacidade. Por meio do trabalho a pessoa com deficiência se sente

parte da sociedade como um sujeito produtivo.

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No que se refere à questão da inclusão de pessoa com deficiência no

mercado de trabalho o estudo de Camargo, et. al. (2017) aponta, a relevância

da atuação do psicólogo organizacional e do trabalho nessa perspectiva. Ainda

de acordo com esse autor:

As adequações necessárias a serem realizadas, visando promover de fato a participação de pessoas com deficiência no mercado de trabalho e, portanto, nas organizações de trabalho, ainda são muitas e complexas, o que sugere uma demanda maior de tempo para que ocorram em sua totalidade (CAMARGO, 2017, p.805).

Os mesmos discutem que os maiores obstáculos frente à inclusão da

pessoa com deficiência no mercado de trabalho está nas questões culturais

que, somadas ao despreparo das organizações e dos gestores organizacionais

para lidarem com os trabalhadores com deficiência.

Vieira, et. al. (2015) salientam que:

No contexto empresarial, o psicólogo pode atuar nos setores de recursos humanos, desde a sensibilização dos gerentes para a importância da contratação de pessoas com deficiência, que apresentem potencial para o compromisso social, o que reflete em uma imagem positiva no mercado de trabalho, além de contribuir para uma sociedade mais inclusiva, bem como sobre as potencialidades das pessoas com deficiência, singulares a cada sujeito e que podem agregar valores à instituição, pelo próprio convívio com a diversidade (p. 360).

Partindo dessa linha de pensamento Camargo et. al. (2017), afirmam

que “este profissional deve reconhecer a importância do trabalho para a vida e

desenvolvimento de qualquer pessoa, além de contribuir para o

desenvolvimento social, político e econômico da sociedade” (p.807).

Tornando-se clara a importância desse profissional mediante a esta

problemática, pois percebe-se que há uma necessidade de promover uma

maior ação integradora dos gestores dentro das organizações, com finalidade

de os tornarem facilitadores e autores do desenvolvimento pessoal de PcDs no

processo de inclusão no trabalho. Todavia, “Suas ações devem auxiliar nos

processos de elaboração de intervenções, sobretudo diagnósticas e

educativas, que viabilizem o acesso e a permanência das pessoas com

deficiência nos contextos laborais.” (CAMARGO, 2017, p. 807).

Dessa forma, o psicólogo organizacional e do trabalho tem papel crucial

no processo de inclusão da pessoa com deficiência, pois atuam como agente

facilitador do mesmo; através da conscientização e do preparo das

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organizações e por ser o profissional que visa à qualidade de vida e o bem-

estar das pessoas.

2 METODOLOGIA

Neste artigo, foi realizado um estudo do tipo revisão bibliográfica

integrativa, permitindo-nos a inferência, através de estudos exaustivos de

questões no que refere as principais dificuldades para a inserção no mercado

de trabalho das pessoas com Transtorno do Espectro Autista.

De acordo com Ursi e Gavão (2006) “A revisão integrativa de literatura, a

qual possibilita a elaboração de síntese e análise do conhecimento científico já

produzido sobre o tema investigado.” (p.126). Sendo assim a revisão

integrativa de literatura determina o conhecimento atual sobre uma temática

específica. Proporcionando ao pesquisador analisar e identificar aspectos

relevantes ao tema investigado a partir disso sintetizar os resultados dos

estudos.

Segundo Mendes, et. al. (2008):

A revisão integrativa inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos. Este método de pesquisa permite a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo. (p.759).

Não houve a necessidade de submissão ao comitê de ética para a

aprovação, conforme resolução 466 de 12 de Dezembro de 2012. Por ser uma

revisão integrativa da literatura e não fazer uso de seres humanos como objeto.

Este artigo teve como eixo compreender: Compreender o Transtorno do

Espectro Autista e sua inserção no mercado de trabalho?

Para tanto, realizou-se uma busca de artigos científicos que abordassem

a referida temática, até 2018. Utilizou-se do formulário de busca avançada na

Biblioteca Virtual da Saúde da Psicologia (BVS) no Scientific Eletrônica Lebrary

Online (SciELO) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível

Superior (CAPES) mediante os descritores: “Transtorno Autístico”, cujo

identificador é D001321, e “Corpos de Inclusão”, que possui identificador

D002479, “Mercado de Trabalho”, “Atuação (Psicologia)”, tendo como

identificador D000184.

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Os critérios de escolha para a seleção dos artigos analisados foram:

publicações que estivessem disponíveis na íntegra; publicados até 2018, diante

da carência de publicações relacionadas a presente temática; em português e

que respondessem a questão que embasa o estudo. A partir desses critérios

chegou-se a inclusão dos artigos a serem analisados. Que foram identificados

segundo: (autor, ano, título, periódico, objetivo da pesquisa, procedimentos

metodológicos, resultado da pesquisa, local da publicação, profissão do autor e

base de dados) sendo utilizado ao instrumento de dados empregado em

revisões integrativas da literatura.

Dessa forma, os estudos foram organizados em 4 eixos que sintetizam

as informações por eles apresentados, sendo os eixos: 1 Pessoas com

deficiência no Mercado de Trabalho, 2 Pessoas com autismo e sua inclusão no

trabalho 3 Psicologia e a inserção da pessoa com deficiência intelectual no

mercado de trabalho, e 4 Políticas Públicas voltadas para pessoas com

autismo no mercado de trabalho. Para obtenção dos resultados encontrados

nos artigos pesquisados foi preciso leitura, interpretação e comparações entre

produções e os elementos que compunham cada uma, encontrando pontos e

evidências que relatam acerca das dificuldades relacionadas à inserção da

pessoa com Espectro Autista no mundo do trabalho.

3 ANÁLISE E DISCUSSÕES DOS DADOS

De acordo com o processo apresentado na metodologia desse artigo,

será apresentada abaixo, a tabela 1, a análise individual de cada material da

amostra.

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TABELA 1 – Artigos relacionados para a discussão deste estudo.

AUTOR

ANO

TÍTULO

REVISTA

PERÍODICA

OBJETIVO

DA PESQUISA

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

RESULTADO DA

PESQUISA

LOCAL DA

PUBLICAÇÃO

PROFISSÃO DO AUTOR

BASE DE DADOS

OLIVEIRA

GOULART JÚNIOR

FERNANDES

2009

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO

MERCADO DE TRABALHO:

CONSIDERAÇÕES SOBRE POLÍTICAS

PÚBLICAS NOS ESTADOS UNIDOS, UNIÃO EUROPEIA E

BRASIL

SciELO

Discutir alguns dos principais aspectos das políticas de emprego adotadas nos Estados Unidos, na União Europeia e no Brasil para favorecer a inserção desses indivíduos no mercado de trabalho.

Pesquisa qualitativa. Nesse estudo foi traçado um panorama das políticas públicas voltadas para a inserção da pessoa com deficiência em três contextos – Estados Unidos, União Europeia e Brasil; contribuindo para uma discussão a respeito de quais os avanços e controvérsias ainda existentes na legislação dos contextos analisados.

Bauru - SP

Mestre em Psicologia Professores

SciELO

BATISTA

2013

AUTISMO, POLÍTICA E INSTITUIÇÃO

SciELO

Diferenciar a conduta clínica de uma instituição atravessada pela psicanálise de outros modelos pautados em condutas comportamentais e cognitivistas.

Casos clínicos que podem contribuir para ilustrar o argumento teórico.

Por tratar-se de um estudo de caso, houve uma verdadeira tessitura de laços como uma rede, envolvendo sujeitos, profissionais dos mais diversos setores, organizações públicas e privadas.

Rio de Janeiro

Psicanalista, Doutora em Ciências Sociais.

SciELO

VITOR

FREITAS

2012

VALORES ORGANIZACIONAIS

E CONCEPÇÕES DE

DEFICIÊNCIA: A PERCEPÇÃO DE

PESSOAS INCLUÍDAS

PSICOLOGIA: CIÊNCIA E

PROFISSÃO

Verificar do ponto de vista das pessoas com deficiência (PcDs) inseridas no trabalho, se havia relação entre a percepção que elas tinham dos valores organizacionais e as formas como viam a deficiência no trabalho.

A pesquisa foi realizada em duas etapas: uma quantitativa, que envolveu a utilização de questionários, e a outra qualitativa, com a realização de entrevistas.

Em síntese esse estudo, possibilitou verificar que existe relação entre a forma como as PcDs veem suas possibilidades de trabalho e os valores organizacionais, como também, sua inserção em atividades compatíveis com suas potencialidades e a adequação das condições e práticas de trabalho, garantindo a acessibilidade.

Minas Gerais

Mestre em Psicologia, Professora de Psicologia

SciELO

PASSERINO

PEREIRA

2014

EDUCAÇÃO, INCLUSÃO E TRABALHO: UM DEBATE

NECESSARIO.

Educação & Realidade

Apresentar uma análise teórica a partir da pesquisa iniciada no âmbito da inclusão do mercado de trabalho.

Pesquisa qualitativa com intuito de organizar e divulgar soluções em uma Biblioteca Virtual, possibilitando o livre acesso e facilitando a busca e recuperação da informação.

Para esse estudo o trabalho é hoje propagada como ícone do direito a cidadania e dignidade social, o emprego para PcD representa mais que uma necessidade básica de provimento e de mudança efetiva na construção da sua subjetividade.

Porto Alegre/RS

Professoras

SciELO

SILVA

PRAIS

SILVEIRA

2014

INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO

MERCADO DE TRABALHO EM BELO HORIZONTE, BRASIL:

CENÁRIO E PERSPECTIVA

Ciência & Saúde Coletiva

Compreender as principais barreiras que dificultam a inclusão e, consequentemente, o cumprimento da lei nº 8213/91 pelas empresas privadas em Belo Horizonte.

Foi realizada uma pesquisa, de desenho qualitativo, constando de entrevistas com profissionais que trabalham com a questão da inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.

Através do resultado da pesquisa, compreende-se a necessidade do papel dos governos sobre a deficiência, as potencialidades dessas pessoas implementando políticas educacionais e inclusivas, como também políticas urbanas que fortaleçam a inclusão dessas pessoas, ou seja, acessibilidade

Belo Horizonte – Minas

Gerais

Doutora e Mestre em Saúde Coletiva; Terapeuta Ocupacional; Diretora técnica do Hospital das Clínicas;

SciELO

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e adaptação no ambiente de trabalho; salienta o despreparo das empresas.

LEOPOLDINO

2015

INCLUSÃO DE AUTISTAS NO MERCADO DE

TRABALHO: UMA NOVA QUESTÃO DE PESQUISA

Gestão e Sociedade

Aborda a questão da inclusão dos autistas no mercado laboral, apresentando possibilidades para investigações acadêmicas e a construção de políticas públicas.

Pesquisa qualitativa, consistindo em revisão bibliográfica, seguida de problematização a respeito do tema.

Em análise esse estudo, incluir os autistas no mercado de trabalho não é explorá-los, e sim permitir que utilizem no trabalho seu repertório de competências, conquistando melhor qualidade de vida e obtendo recursos financeiros para uma vida mais confortável e próspera.

Ceará

Graduado em Computação, professor.

CAPES

VIEIRA

VIEIRA

FRANCISCHETTI

2015

PROFISSIONALIZAÇÃO DE PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA: REFLEXÕES E

POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DA

PSICOLOGIA

BVS

SciELO

Apresenta possibilidades de contribuições da psicologia nos diferentes contextos: junto aos sujeitos com deficiências e seus familiares, à comunidade empresarial, às instituições e à sociedade civil, por meio da educação.

Estudo qualitativo. Nesse estudo, percebe-se a importância de articulação entre as empresas e as instituições especializadas ou centros de qualificação profissional de pessoas com deficiência para que se conheçam e clareiem as demandas do mercado e as possibilidades dos candidatos às vagas em questão, bem como sejam planejados processos de adaptação e transformações necessárias à inclusão.

Brasília - DF

Psicólogas Médica

BVS SciELO

SANTOS

2016

DEFICIÊNCIA COMO RESTRIÇÃO DE

PARTICIPAÇÃO SOCIAL: DESAFIOS PARA

AVALIAÇÃO A PARTIR DA LEI BRASILEIRA DE

INCLUSÃO

SciELO

Discute os principais avanços e desafios em avaliar a deficiência como restrição de participação social.

Análise documental do marco legal das políticas públicas voltadas para as pessoas com deficiência no Brasil.

Por meio deste estudo houvesse uma perspectiva biopsicossocial para todas as avaliações da deficiência para reconhecimento de direitos, como preceitua a Lei Brasileira de Inclusão de 2015, passará necessariamente pelas estratégias em aperfeiçoar o modo de avaliação das barreiras e o quanto elas impactam no exercício da autonomia das pessoas com deficiência.

Brasília - DF

Assistente Social

SciELO

AYDO

2016

AGÊNCIA E SUBJETIVAÇÃO NA

GESTÃO DE PESSOAS COM

DEFICIÊNCIA: A INCLUSÃO NO MERCADO

DE TRABALHO DE UM JOVEM

DIAGNOSTICADO COM AUTISMO

CAPES

A partir da implementação do Projeto Piloto de Incentivo à Aprendizagem de Pessoas com Deficiência do Rio Grande do Sul, uma rede de atores passa a promover a inclusão destas pessoas no mercado de trabalho por meio da Lei de Cotas 8213/91.

Estudo de caso. Esta pesquisa apresenta um estudo de caso, com intuito de refletir sobre os efeitos das políticas de inclusão nas práticas de gestão e nos processos de subjetivação das pessoas com deficiência.

Porto Alegre

Pesquisadora e Professora

CAPES

OLIVEIRA

FELDMAN

COUTO

LIMA

2017

POLÍTICAS PARA O

AUTISMO NO BRASIL: ENTRE A ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E A

REABILITAÇÃO

SCIELO

Analisar as divergências apresentadas pelas partes interessadas no processo atual de formulação da política pública para o autismo no Brasil.

Estudo qualitativo, de base documental. O material será estudado a partir das seguintes categorias de análise: apresentação, concepções sobre autismo, diretrizes diagnósticas, diretrizes gerais para o cuidado e organização da rede de cuidados.

Proporcionar uma orientação profissional aos profissionais de saúde da rede do SUS, estratégias do cuidado dos portadores e a família dos TEA, englobando a atenção primaria, especializada e hospitalar.

Rio de Janeiro

Médicos e psiquiatras

SciELO

PASCHE

2014

DIRETRIZES DE

ATENÇÃO À REABILITAÇÃO DA

Oferecer orientações às equipes multiprofissionais dos pontos de atenção da Rede SUS para o cuidado à saúde da pessoa com

Pesquisa bibliográfica em material nacional e internacional publicado nos últimos 70 anos.

Com base na pesquisa, foi possível ter uma revisão crítica da experiência clínica dos membros do grupo, cada um em

Brasília - DF

Enfermeiro

Doutora em Psicologia

BVS

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MENDES PESSOA COM TRANSTORNOS DO

ESPECTRO DO AUTISMO (TEA)

BVS transtornos do espectro do autismo (TEA) e de sua família nos diferentes pontos de atenção da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência.

sua especialidade de trabalho, com as pessoas com transtornos do espectro do autismo em instituições universitárias, no Sistema Único de Saúde (SUS) e na assistência complementar e privada, como também, análise de experiências internacionais.

CAMARGO

GOULART JÚNIOR

LEITE

2017

O PSICÓLOGO E A INCLUSÃO DE PESSOAS

COM DEFICIÊNCIA NO TRABALHO

SciELO

Discute a situação atual da inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, destacando os obstáculos e desafios presentes na realidade brasileira. Discute ainda a atuação do Psicólogo Organizacional e do Trabalho (POT) neste contexto, postulando sobre a importância de seu comprometimento com as transformações necessárias, tanto na sociedade quanto nas organizações de trabalho, para que tenhamos uma cultura verdadeiramente inclusiva.

Pesquisa bibliográfica realizada nas principais bases de dados disponíveis atualmente.

Através dessa pesquisa, pode-se compreender que o POT deva ser um profissional preparado técnica e eticamente para, juntamente com outros profissionais, promover ações na direção de um processo efetivo de inclusão dessa população nos contextos de trabalho, favorecendo não somente as pessoas envolvidas, como também, as próprias organizações.

Bauru - SP

Doutores e Pós-doutora da

Psicoblogia

SciELO

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EIXO 1 - Pessoas com deficiência no Mercado de Trabalho

Para melhor compreensão da análise distribuída nos eixos, os artigos

citados estarão identificados com a referência de seus autores, assim como, o

ano de publicação, referente a Tabela 2.

No que se refere a pessoas com deficiência no mercado de trabalho,

Silva et.al. (2014), salientam que a elaboração de leis não é suficiente para tal

inclusão, sendo apontado que os governos devem implementar políticas

públicas que auxiliem este processo.

Diante disso, Silva et.al. (2014), ainda frisa que as leis existentes para

inserção das pessoas com diferença no âmbito trabalhista não tem sido de

grande utilidade, pois diversas vezes não são postos em prática a fim da

valorização dessa pessoa em exercício profissional.

Esse fato é visto também nos estudos de Vitor; Freitas (2012), que

apontam a importância de se tratar a inserção da pessoa com deficiência como

um valor compartilhado na organização, que se reflete em suas estratégias e

políticas e na concretização das ações organizacionais de adequação das

práticas de recursos humanos e de espaço físico.

Nos estudos de Passerino; Pereira (2014), o trabalho aparece como

um dos eixos fundamentais do contexto de vida de um indivíduo adulto, que a

inclusão em tal âmbito deve superar a questão de cotas e repensar o processo

produtivo e a inserção das pessoas em tal processo de forma mais ampla.

EIXO 2 – Pessoas com autismo e sua inclusão no trabalho

Aydos (2016), conglomera em seu estudo que:

Diagnóstico do TEA é complexo; que o espectro é amplo e fluido, podendo apresentar diferentes formas e graus de comprometimento. No entanto, em nossa sociedade, o rótulo de “autismo” parece estar sob o estigma do corpo perigoso e da mente fragilizada que, a qualquer alteração no ambiente, pode reagir imprevisivelmente, gerando uma desordem indesejada.

À respeito da inclusão da pessoa com TEA, Batista (2013), salienta

que:

Lidar com o que se apresenta na contemporaneidade, no âmbito social e, ao mesmo tempo, com as questões psíquicas de cada

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sujeito é extremamente desafiador e conflitante para as organizações especializadas. Se as instituições foram criadas em uma época na qual se almejava o afastamento e a segregação, hoje são fundamentais para se propiciar a inclusão do sujeito neste mundo contemporâneo de incertezas (p.51).

Leopodino (2015), em seu ensaio apresenta que, os autistas relatam

dificuldade em conseguir emprego, em mantê-lo e também obter uma

colocação compatível com a sua formação e expectativas; ratifica que:

Políticas voltadas à preparação para a atuação profissional instrumentalizam os autistas para as demandas que enfrentarão no mercado. Evidenciam-se como possibilidades de políticas voltadas para este fim: o ensino técnico profissionalizante inclusivo; o preparo vocacional individualizado; a criação de incentivos ao estágio e ao primeiro emprego e o acompanhamento de assistentes sociais e psicólogos no período pré-emprego e após a contratação (p. 862).

Diante do eixo apresentado, percebe-se a carência em literaturas que

abrange esse tema do TEA e sua inserção no Mercado de Trabalho,

enfatizando a necessidade de novas produções científicas.

EIXO 3 – Psicologia e a inserção da pessoa com deficiência intelectual no

mercado de trabalho

Em Vieira, et. al. (2015) os entraves para a inserção da pessoa com

deficiência esta na representação social da mesma, ainda ligada à

improdutividade, incompetência e dependência. Ainda de acordo com esse

estudo Vieira, et. al. (2015) salienta que:

A inserção no mercado de trabalho significa ao sujeito com deficiência mais do que habitualmente representa às demais pessoas da sociedade, pois indica especial possibilidade de sair desta posição de estigmatizado, excluído e desacreditado socialmente para um papel produtivo em sua comunidade. (p. 353).

Para esses autores sobre o trabalho do psicólogo no que tange a

inclusão da pessoa com deficiência “O foco de todo o trabalho deve pautar-se

no desenvolvimento do bem estar físico e emocional do sujeito e visar o

máximo de sua autonomia e independência, além da melhoria de sua

autoimagem, autoestima e autoconfiança.” Vieira, (p.357, 2015).

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Diante da escassez de temáticas sobre a importância do profissional de

psicologia frente à inclusão de pessoas com deficiência no mercado de

trabalho, Camargo, et. al. (2017), apresenta como resultado de seu estudo:

Que as pessoas com deficiência se deparam com inúmeras barreiras nos contextos de trabalho, pois ainda se faz presente na cultura brasileira, com reflexos nas culturas organizacionais, uma série de preconceitos que, somados ao despreparo das organizações e de seus gestores, acentuam as dificuldades de permanência no trabalho (p.809).

Destacando o despreparo das organizações, por conseguinte de seus

gestores referente ao preconceito cultural existente no âmbito social, laboral e

educacional mediante as pessoas com deficiência. Frisa que:

As possibilidades de atuação do POT para a promoção da inclusão das pessoas com deficiência são inúmeras, incluindo desde intervenções com o coletivo organizacional, ações diretas com os que atuam no ambiente de trabalho, ações externas junto a outras instituições formadoras, e com a comunidade em geral, desde que seu exercício profissional se volte para desenvolver pessoas com vistas a favorecer seu pleno exercício da cidadania (p.810).

No mais, é notório a vasta necessidade de produção de pesquisas de

profissionais da área da ciência psicológica direcionada à compreender e

analisar a inserção da pessoa do espectro do autista no âmbito laboral.

EIXO 4 – Políticas Públicas voltadas para pessoas com TEA no trabalho

O estudo de Santos (2016), aborda a Lei Brasileira da Inclusão das

Pessoas com Deficiência – LBI, Lei n° 13.146, de 2015, também conhecida

como Estatuto da Pessoa com Deficiência, onde afirma que no art. 3º:

As barreiras como sendo quaisquer entraves, obstáculos, atitudes ou comportamentos que limitem ou impeçam a participação social da pessoa, bem como o gozo, a fruição e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à liberdade de movimento e de expressão, à comunicação, ao acesso à informação, à compreensão, à circulação com segurança (p. 3009).

Já Oliveira, et.al. (2017), faz-nos uma ressalva em relação às diretrizes

para o cuidado da pessoa com TEA, abordando determinados princípios

fundamentais relacionados à assistência ao autismo: o estímulo da autonomia,

de melhor performance e integração nas atividades sociais e diárias, inserção

no mercado de trabalho (p.718).

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Ainda em Oliveira, et.al. (2017); a promoção de autonomia, do

aprimoramento do desempenho em atividades sociais e cotidianas, a inserção

no mercado de trabalho e a integração no cenário comunitário; como princípio

básico a produção de autonomia e a mediação/reinserção social.

No que se refere a tal questão, Oliveira, et.al. (2009), retrata que alguns

aspectos das políticas de empregos favorecem a inserção das pessoas com

deficiência no mercado de trabalho, visto que, à necessidade de garantir

igualdade de oportunidades às pessoas com deficiência e, além disso, ao

acesso destas, a todas as instâncias sociais de modo independente. No

entanto, afirmam que, existem progressos e divergências nas políticas de

emprego, todavia, permanece uma inquietação em garantia à pessoa com

deficiência o direito na atividade profissional.

Contudo, Pasche; Mendes (2014), afirma que, “O Estado brasileiro tem

buscado, por meio da formulação de políticas públicas, garantir a autonomia e

a ampliação do acesso à saúde, à educação e ao trabalho, entre outros, com o

objetivo de melhorar as condições de vida das pessoas com deficiência”.

Todavia, existe ainda uma necessidade do governo com relação a

fiscalização dessas Leis, visto que, ainda existe uma discrepância com relação

ao índice de contratação dessas pessoas com deficiência, comparada as sem

deficiência é em todo país.

Diante da discussão apresentada verificou-se através da análise dos

artigos que os profissionais que mais se dedicaram a produção relacionado a

Inclusão no Mercado de Trabalho da Pessoa do Transtorno do Espectro do

Autista estão ligada as áreas de: Educação, Ciências Sociais, Ciências da

Computação, e em sua maioria, profissionais da saúde, dentre eles: Médico,

Psiquiatra, Enfermeiro, Terapeuta Ocupacional, Assistente Social e Psicólogo.

Outro ponto importante, é que as produções acadêmicas continuam

concentrando-se nas regiões Sul e Sudeste do país, entendendo-se a

necessidade das demais regiões em construir o hábito de registrar seus

conhecimentos.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo desse trabalho, discorremos acerca da inclusão da pessoa

do Espectro do Autista no Mercado de Trabalho; objetivando compreender o

TEA e sua inserção no contexto laboral, para tal, foram apresentados conceitos

como o que é o TEA, entendendo-se de uma desordem no desenvolvimento

que afeta a capacidade de se comunicar e interagir. Abordando o DSM-V, para

um melhor entendimento dos sintomas que evidencia o comprometimento

qualitativo da interação do autista.

No que tange trabalho e perfil profissional identifica-se uma

discrepância nas contratações da pessoa com e sem deficiência, dando ênfase

que o trabalho tanto para as pessoas com deficiência e sem, é visto como

agente provedor de autonomia e realização do sujeito, englobando fatores

sociais, econômicos e sócioemocionais, itens esses fundamentais para a

construção do EU.

Partindo para a perspectiva dos TEAs, destacou-se a Lei 12.764 que

surgiu para sustentar os direitos e as diretrizes de atendimento à Pessoa com

TEA, tendo como base o Inciso V, presente no artigo 2° que apresenta o

estímulo à inserção da pessoa com transtorno do espectro do autista no

mercado de trabalho. No que se refere a essa questão é imprescindível à

inclusão do Autista desde a fase escolar e profissional, sendo estas as duas

etapas que permite ao indivíduo o direito de desenvolver suas potencialidades,

assim como, autonomia, pois o mercado de trabalho atual encontra-se

extremamente competitivo e com alto padrão de exigência.

Em contraponto, é notório perceber o despreparo das organizações

por conseguintes seus gestores, dá falta de conhecimento das capacidades e

limitações no que diz respeito à Pessoa com TEA, evidenciando-se que,

quando existe a oferta de empregabilidade para os TEAs, é por obrigatoriedade

das exigências das Leis, e não por entender que essas pessoas necessitam

estarem inseridas no contexto laboral, assim como, as ditas normais, pois

ambas possuem restrições e potencialidades inerentes ao ser humano, o

acesso ao trabalho proporciona aos TEAs o exercício da cidadania.

Para que haja inclusão, faz-se necessário uma sociedade inclusiva

que respeite os indivíduos em suas múltiplas diferenças, limitações e

singularidades, contudo, o preconceito ainda é um fator negativo para à

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inclusão social da pessoa com deficiência, todavia, a partir de uma sociedade

engajada na execução do que a legislação propõe, haverá progresso na

inclusão social favorecendo ao TEA a inserção no mercado de trabalho.

Diante do apresentado, vale ressaltar a relevância de produções

científicas que englobem mais os profissionais de Psicologia, visto que, há

carência de novas produções dessa temática na área da ciência psicológica;

pois este profissional em especial o POT, deve contribuir efetivamente para a

inclusão da pessoa com TEA no âmbito laboral de forma a eliminação das

barreiras na esfera organizacional, favorecendo um exercício pleno da

cidadania.