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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL EDWARD AREDES DA SILVA JUNIOR PRÁTICAS EDUCATIVAS DE INCLUSÃO DA TEMÁTICA DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NAS AULAS DE QUÍMICA DO ENSINO MÉDIO NA REDE PÚBLICA ESTADUAL Belo Horizonte 2015

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO

E DESENVOLVIMENTO LOCAL

EDWARD AREDES DA SILVA JUNIOR

PRÁTICAS EDUCATIVAS DE INCLUSÃO DA TEMÁTICA DA

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NAS AULAS DE QUÍMICA DO ENSINO MÉDIO

NA REDE PÚBLICA ESTADUAL

Belo Horizonte

2015

EDWARD AREDES DA SILVA JUNIOR

PRÁTICAS EDUCATIVAS DE INCLUSÃO DA TEMÁTICA DA

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NAS AULAS DE QUÍMICA DO ENSINO

MÉDIO NA REDE PÚBLICA ESTADUAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário Una, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre.

Área de concentração: Inovações Sociais e Desenvolvimento Local.

Linha de pesquisa: Educação e Desenvolvimento Local

Orientadora: Prof.ª .Drª. Adilene Gonçalves Quaresma

Belo Horizonte 2015

“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo.

Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los

para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser

pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo.

Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em

voo.

Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem

fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só

pode ser encorajado” (Rubem Alves)

DEDICATÓRIA

Ao meu eterno Deus, a minha família e a todos que de alguma forma contribuíram para

que este projeto se tornasse possível.

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus, pela graça imensurável concedida, me permitindo

não desistir de um sonho.

À minha esposa Marli, pelo carinho, apoio e compreensão demonstrados diante do meu

trabalho.

Aos meus pais, pela educação e valores me ensinados durante toda a minha trajetória até

aqui.

Aos meus filhos João Vítor e Pedro Henrique, pela gratidão sempre demonstrada e por

serem o motivo maior do meu esforço e trabalho.

Aos meus irmãos e amigos, que compreenderam a minha ausência em diversas ocasiões.

Aos meus avós que com carinho contribuíram na minha educação, em especial, a minha

Vó Ritinha que nos deixou este ano.

À minha orientadora professora Drª. Adilene Quaresma, pela atenção e eficiente

orientação me dirigida na elaboração deste trabalho.

Aos professores Drª Fernanda Carla Wasner e Dr. Cláudio Márcio Magalhães, pelas

significativas contribuições apresentadas durante o meu exame de qualificação.

Aos colegas da Fundação Helena Antipoff, em especial a coordenação, que sempre me

apoiou neste percurso, compreendendo as minhas falhas e limitações de tempo, além de

todos os professores que contribuíram de alguma forma para a conclusão deste trabalho.

A todos os professores e colegas do curso de Mestrado Profissional em Gestão Social,

Educação e Desenvolvimento Local, pelas aulas tão enriquecedoras que tivemos, pela

troca de múltiplas experiências, sobretudo pela amizade que formamos neste percurso.

RESUMO

Este trabalho fundamentou-se no estudo das práticas educativas de inclusão da temática

da Sustentabilidade Ambiental nas aulas de Química do Ensino Médio da rede pública

estadual de Minas Gerais. O problema de pesquisa foi a falta de conhecimento dos

professores de Química para a abordagem da temática da Sustentabilidade em suas

práticas educativas. Teve como objetivo geral analisar as propostas de inserção da

temática da Sustentabilidade na prática educativa dos docentes de Química do Ensino

Médio, tendo em vista o desenvolvimento de contribuição técnica na área de educação

voltada ao Desenvolvimento Local e com características de inovação social. Seus

objetivos específicos foram: identificar, na bibliografia especializada, qual é o

entendimento de pesquisadores do ensino de Química sobre como se deve inserir a

temática da Sustentabilidade na prática educativa dos docentes dessa disciplina no Ensino

Médio, investigar o entendimento de professores da rede pública estadual sobre a temática

da Sustentabilidade na sua prática educativa e desenvolver um material didático em mídia

impressa ou eletrônica abordando a Sustentabilidade e as formas de desenvolver esse

conceito na prática educativa dos docentes da disciplina de Química no Ensino Médio. A

metodologia compreendeu abordagem qualitativa, com pesquisa bibliográfica, a partir da

qual se discutiu as seguintes categorias teóricas: Sustentabilidade Ambiental, Ensino de

Química, Prática Educativas no Ensino Médio e Desenvolvimento Local. A pesquisa

documental analisou a legislação estadual e nacional que contempla o Ensino Médio e a

pesquisa de campo foi realizada com 10 professores da rede pública estadual que atuam

na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A pesquisa permitiu concluir que a inserção

da Sustentabilidade nas aulas de Química apresenta-se como uma potencial ferramenta na

melhoria educacional no Ensino Médio, sendo muito importante criar mecanismos que

facilitem o acesso destes conteúdos por docentes e alunos. Tendo em vista a exigência do

Mestrado Profissional de elaboração de um produto técnico, a partir dos dados coletados

durante a pesquisa, foi possível o desenvolvimento de um material didático em mídia

eletrônica, no formato de um website, abordando a Sustentabilidade e as múltiplas formas

de desenvolver esse conceito na prática educativa dos docentes da disciplina de Química

no Ensino Médio.

Palavras-Chave: Ensino Médio. Ensino de Química. Sustentabilidade. Desenvolvimento

Local.

ABSTRACT

This work is based on the study of educational inclusion practices of the theme of

environmental sustainability in high school chemistry classes at public schools of Minas

Gerais. The research problem was the lack of knowledge of chemistry teachers for

approach of the thematic to sustainability in their educational practices. The general

objective was analyze a inclusion the theme of Sustainability in educational practice of

high school chemistry teachers for construction of technical product of innovation in

education focused for local development with characteristics of social innovation. Its

specific objectives were to identify, in the scientific literature, the understanding of

researchers on how to insert the theme of Sustainability in practice educational of this

discipline in high school, investigate the teachers' understanding of public schools on the

theme of sustainability in their practice educational and develop educational material in

electronic media for insertion the sustainability in educational practice of chemistry

teachers in high school. The methodology included qualitative approach, with referential

literature, from which discussed the following theoretical categories: Environmental

Sustainability, Teaching of Chemistry, Practice of Education in High School and Local

Development. Analyzed the state and national legislation that includes high school, with

field research carried out with 10 teachers of public schools that operate in the

metropolitan region of Belo Horizonte. The research concluded that the inclusion of the

Sustainability in chemistry teaching is a potential tool in improving education in high

school. In view of the requirement of the Professional Master of drawing up a technical

product, from the data collected during the research, was developed an teaching materials

in electronic media in the form of a website, for addressing the sustainability and the

multiple forms of develop this concept in educational practice of chemistry teachers in

high school.

Keywords: High school. Chemistry Teaching. Sustainability. Local development.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Sujeitos da Pesquisa......................................................................................59

Quadro 2: Categorias de análise das pesquisas................................................................60

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Porcentagem de jovens entre 15 a 17 anos na escola e no Ensino Médio............51

Figura 2: Tela inicial do website Química & Sustentabilidade – Inovação no

Ensino de Química ...........................................................................................................83

Figura 3: Subitens dos módulos do website Química & Sustentabilidade.........................85

Figura 4: Modelo de estrutura e disposição do conteúdo nos subitens ..............................87

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES

BNC Base Nacional Comum Curricular

CTS Ciência, Tecnologia e Sociedade

IUPAC União Internacional de Química Pura e Aplicada

LDB Lei de Diretrizes e Base da Educação

MIT Massachusetts Institute of Technology

ONU Organização das Nações Unidas

PCN+ Ensino Médio, Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros

Curriculares Nacionais

PCNEM Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 13

2. CAPÍTULO 1 – Estudo das possibilidades de conexão da Sustentabilidade, com o

Ensino de Química, as Práticas Educativas e o Desenvolvimento Local ....................... 17

3. CAPÍTULO 2 – Investigação das Práticas educativas para a inclusão da temática da

Sustentabilidade em escolas públicas da região metropolitana de Belo Horizonte ... 49

4. CAPÍTULO 3 – QUÍMICA & SUSTENTABILIDADE – INOVAÇÃO NO ENSINO

DE QUÍMICA – Proposta para a construção de um website que facilite a inserção da

temática da Sustentabilidade nas aulas de Química do Ensino Médio ...................... 75

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 90

REFERÊNCIAS............................................................................................................. 91

APÊNDICES

Apêndice A – Questionário utilizado na entrevista semiestruturada ................................ 97

Apêndice B – Parecer Consubstanciado...........................................................................99

Apêndice C – Conteúdo dos módulos do website........................................................... 102

13

1. INTRODUÇÃO

O ensino de Química tem sido um tema recorrente em pesquisas educacionais,

por ser uma ciência que apresenta algumas características bem singulares,

dentre elas, a abstratividade de muitos conceitos, o seu enquadramento

complexo na área das ciências da natureza e suas tecnologias, a distância entre

determinados temas e a realidade do aluno, a exigência de práticas

laboratoriais ou de campo para a construção da aprendizagem, diante de

conteúdos onde a observação é imprescindível, a falta de capacitação dos

professores para inovar em suas aulas, além da pequena participação das

questões socioambientais no preparo das aulas pelos docentes e nos materiais

didáticos.

[...] quando analisamos a trajetória do ensino de química verificamos

que, ao longo dos tempos, muitos alunos vêm demonstrando

dificuldades em aprender. Na maioria das vezes, não percebem o

significado ou a validade do que estudam. Usualmente os conteúdos

parecem ser trabalhados de forma descontextualizada, tornando-se

distantes [...] e difíceis, não despertando o interesse e a motivação

dos alunos. Alguns professores de Química, talvez pela falta de

formação específica na área, demonstram dificuldades em relacionar

os conteúdos científicos com eventos da vida cotidiana (ADORNI;

NUNES, 2010, p.2).

Diante deste quadro, o tema desta pesquisa são as práticas educativas de

inclusão da temática da Sustentabilidade nas aulas de Química do Ensino

Médio em escolas da rede pública estadual de Minas Gerais, apontando como

problema a falta de conhecimento dos professores quanto a abordagem da

temática da Sustentabilidade em suas práticas educativas.

A questão central consiste em como promover a inserção da temática da

Sustentabilidade nas práticas educativas dos docentes de Química do Ensino

Médio?

O objetivo geral é analisar as propostas de inserção da temática da

Sustentabilidade na prática educativa dos docentes de Química do Ensino

Médio, tendo em vista o desenvolvimento de contribuição técnica na área de

educação voltada ao Desenvolvimento Local e com características de inovação

social.

14

Os objetivos específicos deste trabalho foram:

• A identificação na bibliografia especializada, de qual é o entendimento

de pesquisadores do ensino de Química sobre como deve-se inserir a

temática da Sustentabilidade na prática educativa dos docentes dessa

disciplina no Ensino Médio.

• Investigar o entendimento de professores do Ensino Médio da rede

pública estadual sobre como inserir a temática da Sustentabilidade na

sua prática educativa.

• Desenvolver um material didático em mídia impressa ou eletrônica

(cartilha, site e/ou aplicativo) abordando a Sustentabilidade e as formas

de desenvolver esse conceito na prática educativa dos docentes da

disciplina de Química no Ensino Médio.

Quanto à justificativa, tal trabalho visa contribuir com a linha de pesquisa

Educação e Desenvolvimento Local por meio de conhecimentos sobre como

construir uma maior compreensão dos alunos sobre a temática da

Sustentabilidade comprometida com o Desenvolvimento Local e social.

No sentido da relevância da pesquisa para a prática social, aponta-se a

contribuição com inovações no ensino de Química visando tornar as aulas mais

contextualizadas e interdisciplinares a partir da abordagem da

Sustentabilidade, pois a temática dará subsídio aos professores para realizar a

inserção de situações-problemas vinculadas ao dia-a-dia da comunidade e de

seu território, inclusive com a interação com outras disciplinas da matriz

curricular, além de permitir aos alunos a discussão, análise e a busca de

mudanças que propiciem avanços para o desenvolvimento local, inclusive no

sistema educacional.

O processo é de duplo sentido, pois por um lado leva a escola a

formar pessoas com maior compreensão das dinâmicas realmente

existentes para os futuros profissionais, e por outro leva a que estas

dinâmicas penetrem o próprio sistema educacional, enriquecendo-o.

Assim, os professores terão maior contato com as diversas esferas

de atividades, tornar-se-ão de certa maneira mediadores científicos e

pedagógicos de um território, de uma comunidade (DOWBOR,2007,

p.82).

15

Como relevância da pesquisa para a área de concentração do Programa,

propõe-se a construção de uma proposta de intervenção educacional que

propicie novas práticas sociais de Desenvolvimento Local a partir da

conscientização sobre a importância da Sustentabilidade na prática educativa

dos docentes de Química do Ensino Médio.

A estrutura da dissertação consiste em três capítulos, no formato de três

artigos científicos, atendendo à decisão do colegiado sobre a nova estrutura

do trabalho de conclusão do curso.

Neste arranjo, o primeiro artigo apresenta uma revisão teórica sobre o Ensino

de Química, a Sustentabilidade e o Desenvolvimento Local, apresentando as

oportunidades de interação entre os conceitos visando alavancar uma

melhoria da prática educacional dos docentes desta área do conhecimento.

O segundo artigo apresenta os resultados da pesquisa de campo,

desenvolvida em escolas da região metropolitana de Belo Horizonte, que se

fundamentou na investigação das práticas educativas para a inclusão da

temática da Sustentabilidade no Ensino Médio, sob a ótica dos docentes

destas unidades escolares.

A partir dos resultados da pesquisa, estabeleceu-se um perfil dos professores

de química da rede estadual de Minas Gerais no que se refere à inserção da

temática da Sustentabilidade durante a prática docente, a partir da análise dos

seguintes fatores: o conhecimento sobre a Sustentabilidade, os entraves

estruturais e pedagógicos das escolas, o material didático utilizado, a

aplicação de práticas sustentáveis no dia-a-dia, o ensino efetivo deste

conteúdo em sala de aula e o conceito de Química Verde.

Por fim no terceiro artigo, apresenta-se uma descrição do produto técnico que

é fruto desta pesquisa, que teve como cerne a investigação das Práticas

educativas para a inclusão da temática da Sustentabilidade no Ensino Médio

da rede pública estadual na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

16

Objetivou-se neste capítulo, desenvolver um material didático em mídia

eletrônica, no formato de um website, que propiciasse efetivamente a

construção de práticas sustentáveis a partir das aulas de Química.

Discute-se a relação do ensino de Química com a Sustentabilidade e com o

uso de Novas Tecnologias, pois tal tríade consiste-se em agente facilitadora

de um aprendizado de qualidade, também geradora de transformações sociais

para o efetivo Desenvolvimento Local. Tal artigo descreve a estrutura e

conteúdo do website a ser trabalhado junto aos alunos do Ensino Médio.

17

2. CAPÍTULO 1: ESTUDO DAS POSSIBILIDADES DE CONEXÃO DA

SUSTENTABILIDADE, COM O ENSINO DE QUÍMICA, AS PRÁTICAS

EDUCATIVAS E O DESENVOLVIMENTO LOCAL.

STUDY OF CONNECTION POSSIBILITIES SUSTAINABILITY, WITH THE

CHEMISTRY TEACHING, THE EDUCATIONAL PRACTICES AND LOCAL

DEVELOPMENT

SILVA JUNIOR, Edward Aredes da 1

QUARESMA, Adilene Gonçalves 2

RESUMO

O artigo apresenta a revisão bibliográfica sobre a pesquisa “Práticas Educativas de

Inclusão da temática da Sustentabilidade Ambiental nas aulas de Química do Ensino

Médio da rede pública estadual”, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em

Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário Una.

Discute-se aqui uma proposta de inovação educacional no Ensino de Química no Ensino

Médio. O objetivo deste estudo é identificar a importância da inserção de práticas

educacionais com a temática da Sustentabilidade nas aulas de Química em escolas da

Rede Pública Estadual de Minas Gerais. Utilizou-se de abordagem qualitativa, com

pesquisa bibliográfica sobre aspectos históricos da Sustentabilidade no contexto da

Educação Ambiental, seguida de estudos da literatura científica e legislação que tratam

da interface existente entre a Sustentabilidade, o Ensino de Química, as Práticas

Educativas e o Desenvolvimento Local. Os principais resultados apontam na

viabilidade da construção de uma proposta de inovação no Ensino de Química a partir

da Sustentabilidade como eixo norteador.

Palavras-Chave: Ensino Médio. Ensino de Química. Sustentabilidade.

Desenvolvimento Local.

1 Mestrando no Programa de Pós-Graduação Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA), graduado em Química (DQ/UFMG) e professor da Fundação Helena Antipoff/ESSA. @ - [email protected]

2 Doutora em Educação, Conhecimento e Inclusão Social (Faculdade de Educação/UFMG) e professora no Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA). @ - [email protected]

18

ABSTRACT

The article presents the literature review on the study Practices de Education for

Inclusion of Environmental Sustainability in high school chemistry classes at public

schools of MG, developed at the Post Graduate Studies Program in Social Management,

Education and Local Development of Center University Una. It is presented here a

proposal for educational innovation in Chemistry Teaching in High School. The

objective of this study is to identify educational practices for insertion of Sustainability

in Chemistry classes in schools of the State Public Network of Minas Gerais. We used

a qualitative approach, with bibliographic research on historical aspects of

sustainability in the context of environmental education, followed by studies of

literature and legislation for dealing with the interface between the Sustainability, the

Chemistry Teaching, the Practices Educational and Local Development. The main

results show the feasibility of building an innovative proposal in Chemistry Teaching

with Sustainability as a guiding principle.

Keywords: High school. Chemistry Teaching. Sustainability. Local development.

19

INTRODUÇÃO

A sociedade atual apresenta um número crescente de cidadãos que buscam

participar da discussão sobre as questões ambientais. É bem verdade, que

grande parte deste interesse ainda é reativo, e não, como desejável, proativo.

Diante deste novo contexto, discutir a recente crise hídrica no Sudeste

brasileiro, apontar os ganhos trazidos pela coleta seletiva nas comunidades,

incentivar a produção dos chamados alimentos orgânicos ou despertar o

interesse pelas pesquisas relacionadas às fontes de energia alternativas, são

exemplos de ações que demonstram a busca por uma maior conscientização

na temática ambiental, e, por conseguinte, no uso cada vez maior de práticas

sustentáveis.

A degradação ambiental tem se agravado em diversos aspectos, estando de

uma forma cada vez mais inserida na realidade de todos, por exemplo, no que

se refere ao aquecimento global, que tem provocado uma intensa alternância

climática no planeta, potencial geradora do risco cada vez mais eminente de

conflitos locais e até mesmo entre nações na disputa pelos recursos hídricos,

na questão da exploração mineral e seus impactos ambientais, no aumento

sistemático da poluição atmosférica, principalmente nas grandes metrópoles,

exigindo a implantação dos chamados rodízios de veículos automotores, e por

consequência, uma maior cobrança sobre as indústrias automotivas no que se

refere a redução da emissão de poluentes veiculares. Observa-se também um

maior investimento em pesquisas de novas fontes energéticas, menos

poluentes e renováveis, além de avanços na aplicação e na formulação das

legislações que regulamentam a questão ambiental, por exemplo, a Política

Nacional de Resíduos Sólidos; que alterou a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de

1998; além de conceder outras providências.

Este artigo apresenta a revisão bibliográfica da pesquisa realizada no Programa

de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento

Local, do Centro Universitário Una, linha de pesquisa Educação e

Desenvolvimento Local, intitulada “Práticas Educativas de inclusão da temática

20

da Sustentabilidade Ambiental nas aulas de Química do Ensino Médio da Rede

Pública Estadual”.

O objetivo geral da pesquisa foi analisar as propostas que inserem a temática

da Sustentabilidade na prática dos docentes de Química tendo em vista o

desenvolvimento de contribuição técnica na área de educação voltada ao

Desenvolvimento Local e com características de inovação social.

Enumera-se como objetivos específicos, identificar, na bibliografia

especializada, qual é o entendimento de pesquisadores do ensino de Química

sobre como deve-se inserir a temática da Sustentabilidade na prática educativa

dos docentes dessa disciplina no Ensino Médio, investigar o entendimento dos

professores da rede pública estadual de Minas Gerais a respeito, e por fim,

desenvolver um material didático em mídia impressa ou eletrônica (cartilha, site

e/ou aplicativo) que propicie efetivamente a construção de práticas sustentáveis

a partir das aulas de Química.

Nesse artigo apresenta-se a revisão bibliográfica, no qual a Sustentabilidade é

analisada sobre quatro referenciais, inicialmente na construção histórica da

Educação Ambiental, na relação com o Ensino de Química, na discussão sobre

as Práticas Educativas que possibilitariam a inclusão da temática, e por fim, na

conceituação de Desenvolvimento Local a partir de uma escola mais

articuladora dos múltiplos espaços de conhecimento de cada território, sendo

menos lecionadora, educando os alunos dentro de uma realidade com a qual

eles familiarizam (DOWBOR, 2007).

1. A Sustentabilidade e um breve relato sobre a construção histórica da

educação ambiental

No âmbito educacional, esta discussão iniciou-se em 1889, pioneiro do seu

tempo, o escocês Patrick Geddes, que é considerado o pai/fundador da

Educação Ambiental, expôs a ideia de que ensinar uma criança em contato

com a realidade do seu ambiente poderia facilitar o seu aprendizado e

consequentemente desenvolver em si atitudes mais criativas perante o mundo

que a rodeia (DIAS, 2010).

21

A temática ambiental no ensino de Ciências teve um impulso a partir de

reformas educacionais, que compunham as novas políticas públicas,

desencadeadas a partir da grave tragédia ambiental, que na década de 50,

culminou com a morte aproximadamente de 1600 pessoas devido ao ar

densamente poluído da cidade de Londres chamado de smog (smoke + fog).

Este fato propiciou também em outros países a discussão sobre o meio

ambiente, por exemplo, culminando com a inserção do chamado ambientalismo

nos Estados Unidos, a partir da década de 1960 (DIAS, 2010).

Seguindo a conceituação apresentada por Pedro Jacobi (2003), aquele enfoque

caracterizava-se como reducionista e simplista, pois nesta época os estudos

eram realizados dentro de uma realidade micro, bem distante da multiplicidade

e diversidade do meio ambiente, no que se refere aos fatores que o compõem

e as inúmeras variáveis que interveem diretamente nele.

O ambientalismo foi conceituado pelo sociólogo espanhol Manuel Castells

(2001) como:

Formas de comportamento coletivo que em seus discursos como na

prática, visam corrigir formas destrutivas de relacionamento entre o

homem e seu ambiente natural, contrariando a lógica estrutural e

institucional predominante (CASTELLS, 2001, p.143).

O ano de 1962 marcou o lançamento do livro Primavera Silenciosa, de Rachel

Carson, que reuniu relatórios de conceituados pesquisadores das áreas de

Farmacologia, Química e Biologia. Tal literatura é considerada um clássico na

história do movimento ambientalista. O foco da sua crítica foi à introdução de

substâncias não orgânicas na natureza, com ênfase nos inseticidas e

herbicidas, entre eles o DDT (dicloro-difenil-tricloro-etano) e o BHC

(hexacloreto de benzeno). Ela não propõe nesta obra, o abandono da produção

de alimentos, mas enfatiza que é possível controlar danos à agricultura gerados

por pragas, concomitantemente, com a preservação da fauna e da flora

(ARAÚJO, SILVA, 2012)(DIAS,2010).

22

Os primeiros registros da utilização do termo Educação Ambiental datam do

ano de 1948, numa reunião da União Internacional para a Conservação da

Natureza (UICN) em Paris (JACOBI, 2005).

Formalmente, o termo Educação Ambiental só apareceu em meados de 1965,

na Conferência de Educação na Universidade Keele/Grã Bretanha, já sendo

entendido como algo importante na formação educacional do cidadão (NEVES,

2005).

Em 1972, foi apresentado o Relatório do Clube de Roma ou Relatório Meadows,

elaborado por uma equipe de pesquisadores de altíssimo gabarito do

Massachusetts Institute of Technology, MIT, um estudo aprofundado de

variáveis essenciais para a humanidade, dentre elas, a energia, a poluição, o

ambiente e a tecnologia (MEADOWS et al., 1972).

Também em 1972, ocorreu a chamada Conferência de Estocolmo, no

documento elaborado destaca-se o parágrafo seis da Declaração da

Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Meio

Ambiente:

Chegamos a um ponto na História em que devemos moldar nossas

ações em todo o mundo, com maior atenção para as consequências

ambientais. Através da ignorância ou da indiferença podemos causar

danos maciços e irreversíveis ao meio ambiente, do qual nossa vida

e bem-estar dependem. Defender e melhorar o meio ambiente para

as atuais e futuras gerações se tornou uma meta fundamental para a

humanidade (ONU, 2014).

Diante dos resultados da Conferência de Estocolmo, a Assembleia Geral da

ONU criou, em dezembro de 1972, o Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente (PNUMA), com foco na atuação como motivador das atividades que

visam promover a preservação do meio ambiente no mundo. Dentre os seus

objetivos, destacam-se a relação entre o meio ambiente, as catástrofes e os

conflitos sociais, a gestão ambiental vinculada aos ecossistemas até a

governança, a toxicidade ambiental, a otimização dos recursos e as alterações

climáticas (ONU, 2014).

23

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura

(UNESCO) promoveu no ano de 1975 em Belgrado, na antiga Iugoslávia, o

Encontro Internacional sobre a Educação Ambiental, com a proposta elaborada

de um ensino multidisciplinar, que contemplasse as diferenças regionais e

interesses nacionais (BRASIL, 2001).

A Conferência de Tbilisi marcou o ano de 1977 sendo considerada, ainda nos

dias atuais, o evento decisivo para os rumos da Educação Ambiental no mundo,

destacando o viés para a contextualização e a sua contribuição para a

renovação do processo educativo:

A educação ambiental deve ser dirigida à comunidade despertando o

interesse do indivíduo em participar de um processo ativo no sentido

de resolver os problemas dentro de um contexto de realidades

específicas, estimulando a iniciativa, o senso de responsabilidade e o

esforço para construir um futuro melhor. Por sua própria natureza, a

educação ambiental pode, ainda, contribuir satisfatoriamente para a

renovação do processo educativo (MMA, 2015).

A inclusão da temática ambiental no Ensino Médio no Brasil só surgiu em 1979,

a partir do documento Ecologia – uma proposta para o Ensino de 1º e 2º graus.

Apoiada em uma visão equivocadamente reducionista, não contemplava a

interação da temática ambiental, com os aspectos sociais, econômicos,

culturais, éticos e outros, que poderia desde já propiciar uma visão

multidimensional ao ensino da Educação Ambiental em nosso país (DIAS,

2010). Portanto, o primeiro passo na direção de uma discussão ambiental no

Ensino de 1º e 2º graus no Brasil, não trazia consigo os avanços propostos dois

anos antes na Conferência de Tbilisi.

Em 1983, o Secretário-Geral da ONU convidou a médica Gro Harlem

Brundtland, para estabelecer e presidir a Comissão Mundial sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento. A escolha de Brundtland ocorreu por ela ter uma

percepção de saúde capaz de gerar uma interação direta entre os assuntos

ambientais e o desenvolvimento humano. Em 1987, esta comissão publicou um

documento importante chamado de “Nosso Futuro Comum” – que introduziu o

conceito de desenvolvimento sustentável para o discurso público na sua

essência (ONU, 2014):

24

[...] o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança no

qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos,

a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança

institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial

para satisfazer as aspirações e necessidades humanas.

Não há um consenso, ainda nos dias de hoje, sobre a conceituação dos termos

Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade, há vertentes que defendem

a ideia que o Desenvolvimento Sustentável seria um caminho para se alcançar

a Sustentabilidade, como objetivo final, numa perspectiva de um longo prazo,

para outros, o Desenvolvimento Sustentável é o objetivo almejado, sendo que

a sustentabilidade é o processo para atingir o Desenvolvimento Sustentável,

por outro lado, quase todas as definições de Desenvolvimento Sustentável

utilizam princípios da Sustentabilidade (SARTORI, LATRONICO, CAMPOS,

2014, p.1-2).

Moacir Gadotti (2008, p.75), destaca a relação entre a sociedade e o meio

ambiente ao afirmar que a “Sustentabilidade é equilíbrio dinâmico com o outro

e com o meio ambiente, é harmonia entre os diferentes”.

Com um maior detalhamento, Ignacy Sachs define que:

[...] a sustentabilidade ambiental é baseada no duplo imperativo ético

de solidariedade sincrônica com a geração atual, e de solidariedade

diacrônica com as gerações futuras. Ela nos compele a trabalhar com

escalas múltiplas de tempo e espaço, o que desarruma a caixa de

ferramentas da economia convencional. Ela nos impele ainda a

buscar soluções triplamente vencedoras, eliminando o crescimento

selvagem obtido a custo de elevadas externalidades negativas, tanto

sociais quanto ambientais. (SACHS, 2004, p. 13).

Apontando diante disto os cinco pilares do desenvolvimento sustentável:

1. Social – fundamental por motivos tanto intrínsecos quanto

instrumentais, por causa da perspectiva de disrupção social que paira

de forma ameaçadora sobre muitos lugares problemáticos do nosso

planeta;

2. Ambiental – com as suas duas dimensões (os sistemas de sustentação da vida como provedores de recursos e como “recipientes” para a disposição de resíduos); 3. Territorial – relacionado à distribuição espacial dos recursos, das

populações e atividades;

25

4. Econômico – sendo a viabilidade econômica a conditio sine qua

non para que as coisas aconteçam;

5. Político – a governança democrática é um valor fundador e um

instrumento necessário para fazer as coisas acontecerem (SACHS,

2004, p. 15).

No dia 11 de março de 1987 houve a aprovação, pelo Plenário do Conselho

Federal de Educação, do parecer 226/87 que considerou a Educação

Ambiental conteúdo necessário nas propostas curriculares do 1o e 2o grau

(MININNI-MEDINA, 1994).

A Constituição Brasileira, promulgada em 1988, estabeleceu as diretrizes da

política nacional ambiental, estabelecendo as responsabilidades do cidadão e

do poder público na luta eficiente pela preservação e conservação do meio

ambiente:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem

de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo

e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988,

art. 225).

Em 1992, ocorreu a culminância dos trabalhos iniciados em 1972, com a

realização da ECO-92 no Brasil, uma Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente e o Desenvolvimento, também chamada de Cúpula da Terra,

que propiciou a elaboração da chamada Agenda 21, que consistiu na

sistematização de propostas com o intuito de promover a proteção e o

desenvolvimento sustentável do nosso planeta. Tal evento foi o responsável

pela popularização do termo Desenvolvimento Sustentável (MMA, 2015).

Sobre a Agenda 21, destaca-se:

A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e

localmente, por organizações do sistema das Nações Unidas,

governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação

humana impacta o meio ambiente. Constitui-se na mais abrangente

tentativa já realizada de orientar para um novo padrão de

desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a sinergia da

Sustentabilidade Ambiental, social e econômica, perpassando em

todas as suas ações propostas (MMA, 2015).

26

O ambiente escolar é um dos locais que pode funcionar como um espaço

propício para debates que culminem na elaboração de uma Agenda 21 local,

com a construção coletiva oriunda dos professores, alunos e demais membros

da comunidade, a partir do estabelecimento de ações capazes de trazer a

discussão da Sustentabilidade a determinado território.

A Agenda 21 apresenta capítulos que tratam diretamente desta abordagem,

destacando-se os que tratam da associação entre o meio ambiente e o

desenvolvimento, da preservação da qualidade atmosférica, do planejamento

e gerenciamento de recursos naturais, da gestão dos recursos hídricos, da

gestão ambiental com tratativas para o manejo das substâncias químicas

tóxicas e resíduos perigosos, da gestão ambiental dos resíduos radioativos e

da ciência como catalisador do Desenvolvimento Sustentável (MMA, 2015).

O Ministério da Educação (MEC), criou em 1997, a partir da sua Coordenação

de Educação Ambiental, um banco de dados reunindo mais de mil e duzentas

experiências com a temática ambiental já implementadas no Brasil (DIAS,

2010), mostrando que o compartilhamento de experiências exitosas é uma

importante ferramenta de trabalho no contexto educacional, funcionando como

catalisador de inovações nas práticas educativas.

Com a promulgação da lei nº 9795/99 que dispôs sobre a educação ambiental,

instituindo a Política Nacional de Educação Ambiental, novos avanços foram

registrados, com destaque para a proposta de universalização do

conhecimento relacionado ao meio-ambiente, citada logo no seu artigo I:

Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos

quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais,

conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a

conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,

essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL,

1999).

E em seu artigo 4o a lei apresenta de forma objetiva os princípios básicos da

educação ambiental, tendo:

I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;

27

II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;

III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva

da inter, multi e transdisciplinaridade;

IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas

sociais;

V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;

VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;

VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais,

regionais, nacionais e globais;

VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade

individual e cultural (BRASIL, 1999).

No seu Art. 5o, a lei nº 9795/99 expõe os objetivos fundamentais da educação

ambiental que contemplam:

I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio

ambiente em suas múltiplas e complexas relações, envolvendo

aspectos ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais,

econômicos, científicos, culturais e éticos;

II - a garantia de democratização das informações ambientais;

III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a

problemática ambiental e social;

IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e

responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente,

entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor

inseparável do exercício da cidadania;

V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em

níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma

sociedade ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da

liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social,

responsabilidade e sustentabilidade;

VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a

tecnologia;

VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade (BRASIL, 1999).

No ano 2000, a partir da reunião de 189 países, foram estabelecidos os

Objetivos do Milênio (ODM), como foco no pleno combate à extrema pobreza e

28

outros problemas que atingem a sociedade, inclusive na questão ambiental

(UNICEF, 2015). Um dos objetivos era relacionado ao meio ambiente e a

qualidade de vida, posteriormente o termo foi ressignificado, assumindo o

conceito da Sustentabilidade (PNUD, 2014).

Os Cadernos Temáticos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização

e diversidade (SECAD/MEC), em 2007, destacam que:

[..] a iniciativa das Nações Unidas de implementar a Década da

Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), cuja

instituição representa uma conquista para a Educação Ambiental,

ganha sinais de reconhecimento de seu papel no enfrentamento da

problemática socioambiental, na medida em que reforça

mundialmente a sustentabilidade a partir da Educação (BRASIL,

2007, p.13).

Os ODM darão lugar a uma nova agenda de desenvolvimento a partir de 2016,

a ONU debateu com governos, a sociedade civil e outras entidades na

construção destes novos alvos de transformação que serão denominados

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) (ONU, 2015).

Na Cúpula dos ODM, em setembro de 2010, foi delineada a coleta de ideias via

um processo de consultas abertas e inclusivas visando à construção dos ODS,

contando inclusive com a participação de universidades e outras instituições de

pesquisa.

A agenda pós-2015 surge das discussões realizadas na Rio+20 – a Conferência

da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável – que foi realizada em junho de

2012 na cidade do Rio de Janeiro, Brasil (ONU, 2014).

O Brasil esforçou-se na direção de que a temática da Sustentabilidade

adquirisse um caráter de transversalidade nos ODS, tendo obtido sucesso,

como pode ser evidenciado nos 17 ODS propostos:

ODS1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os

lugares;

ODS2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar

a nutrição, e promover a agricultura sustentável;

ODS3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para

todos, em todas as idades;

29

ODS4. Garantir educação inclusiva e equitativa de qualidade, e

promover oportunidades de aprendizado ao longo da vida para todos;

ODS5. Alcançar igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres

e meninas;

ODS6. Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e

saneamento para todos;

ODS7. Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e

moderna para todos;

ODS8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e

sustentável, emprego pleno e produtivo, e trabalho decente para

todos;

ODS9. Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização

inclusiva e sustentável, e fomentar a inovação;

ODS10. Reduzir a desigualdade entre os países e dentro deles;

ODS11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos,

seguros, resilientes e sustentáveis;

ODS12. Assegurar padrões de consumo e produção sustentáveis;

ODS13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima

e seus impactos;**Reconhecendo que a Convenção-Quadro das

Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC) é o principal

fórum internacional e intergovernamental para negociar a resposta

global à mudança do clima.

ODS14. Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, mares

e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;

ODS15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos

ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas,

combater à desertificação, bem como deter e reverter a degradação

do solo e a perda de biodiversidade;

ODS16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o

desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para

todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em

todos os níveis;

ODS17. Fortalecer os mecanismos de implementação e revitalizar a

parceria global para o desenvolvimento sustentável (ONU, 2015).

2. O Ensino de Química e a Sustentabilidade

30

O ensino de Química no Brasil é trabalhado no Ensino Médio, desde o ano de

1931, quando foi publicado o decreto 20.158/31, também conhecido como a

reforma Francisco Campos (LIMA, 2013).

Alguns pesquisadores defendem a ideia, que seria de grande valia para o

ensino de Química, a abordagem de tais conteúdos por todo o período das

séries finais do Ensino Fundamental, destaca-se neste sentido a posição de

Attico Chassot (2001, p.45) ao dizer que “o conhecimento químico deve

permear toda a área de ciências de 5ª a 8ª séries, e não se restringir a um

semestre isolado, no final do primeiro grau, onde em geral se antecipam

conteúdos do segundo grau”. Entretanto, isso não ocorre, atrasando assim a

chamada alfabetização científica, o que traz sérios prejuízos ao

desenvolvimento do alunado brasileiro no ensino de Física e Química; por

exemplo, na matriz curricular utilizada na rede estadual de Minas Gerais é

dedicado um semestre do último ano letivo do Ensino Fundamental e os três

anos subsequentes do Ensino Médio para o ensino de Química.

O foco dado para o Ensino Médio já no início do século XX propunha

desenvolver no aluno o gosto pelo estudo de Química sempre vinculando ao

cotidiano (MACEDO; LOPES, 2002).

As décadas seguintes não trouxeram inovações significativas no ensino de

Química em nosso país, apenas durante o regime militar, vieram mudanças

com a implantação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 5692/71,

daí em diante, o ensino de Química passou a fazer parte do chamado Ensino

Médio profissionalizante, ganhando de forma exclusiva a dimensão técnica-

científica (DIAS, 2010).

Uma nova guinada ocorreu no ensino de Química com a promulgação da nova

LDB nº 9394/96, buscando habilidades e competências que propiciem alcançar

os quatro pilares da educação do século XXI - “aprender a conhecer, aprender

a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser” (DELORS, 2001, p.89-90).

Em seu artigo 35 a LDB estabelece as finalidades do Ensino Médio:

31

a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no

ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; a

preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para

continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com

flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento

posteriores; o aprimoramento do educando como pessoa humana,

incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia

intelectual e do pensamento crítico; a compreensão dos fundamentos

científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a

teoria com a prática, no ensino de cada disciplina (BRASIL, 1996).

O ensino de química apresenta características particulares que credenciam a

sua utilização como ferramenta de construção do pensamento crítico, sendo

entendido pela pesquisadora Leila Inês Follmann Freire (2007, p.26) como “a

capacidade de analisar profundamente, questionar, discutir problemas e

buscar soluções racionais adequadas, levando em consideração as diferentes

opiniões sobre um mesmo assunto”.

Em primeiro lugar, devido à possibilidade de correlacioná-lo com as questões

ligadas ao cotidiano, também pelo seu forte caráter interdisciplinar, pois lida em

inúmeras ocasiões com temáticas que geram interseções com as diversas

disciplinas que compõem a matriz curricular do Ensino Médio, com uma maior

proximidade com a Matemática, a Física e a Biologia, mas sendo plenamente

viável o seu diálogo com outras áreas, por exemplo, com as Ciências Humanas,

trazendo a Geografia na discussão de problemas ambientais, dentro da

Sociologia na construção de alternativas que propiciem transformação social

para a comunidade onde a escola está implantada e na História com o estudo

de fatos históricos a partir de descobertas da Química.

Quais seriam, portanto, as competências a serem trabalhadas no ensino de

Química no Ensino Médio? Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o

Ensino Médio (PCNEM, 2000, p.10) respondem esta questão de forma objetiva,

como sendo as “necessárias à integração do seu projeto individual ao projeto

da sociedade em que se situa”.

Não se deve buscar um ensino de Química que objetive meramente a leitura

ou a escrita de fórmulas ou nomenclaturas, cálculo de concentrações ou do

calor das reações químicas, espera-se ao fim do Ensino Médio que a plena

32

construção de um conhecimento permita ao aluno relacioná-lo com as suas

implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas (BRASIL, 2000).

Os PCN+1 reiteram que o ensino de Química deve ser um instrumento capaz

de contribuir para a formação humana, aprimorando a percepção, interação e

a intervenção no mundo (BRASIL, 2002).

Busca-se neste contexto a formação de um aluno e cidadão capaz de pensar o

que ocorre ao seu redor de forma sistêmica, com embasamento para tomar

decisões autônomas quando necessário:

O aprendizado de Química pelos alunos de Ensino Médio implica que

eles compreendam as transformações Químicas que ocorrem no

mundo físico de forma abrangente e integrada e assim possam julgar

com fundamentos as informações advindas da tradição cultural, da

mídia e da própria escola e tomar decisões autonomamente,

enquanto indivíduos e cidadãos (BRASIL, 2000, p.31).

O estudo da Química ativa a visão do mundo de uma forma mais articulada e

menos fragmentada, sendo que o “conhecimento pertinente é aquele capaz de

situar toda informação em seu contexto e, se possível, no conjunto em que se

insere” (MORIN, 2002, p.15).

Os PCNEM evidenciam a contribuição do ensino de Química para a “formação

da cidadania e, dessa forma, deve permitir o desenvolvimento de

conhecimentos e valores que possam servir de instrumentos mediadores da

interação do indivíduo com o mundo” (BRASIL, 2000, p.38).

Os conteúdos no Ensino Médio permitem a contextualização em muitas

situações, por exemplo, na abordagem de temas como energia, lixo, agricultura

orgânica, alimentos, metalurgia, chuva ácida, descarte de baterias e pilhas,

tratamento de esgoto e água, camada de ozônio, efeito estufa, chuva ácida,

plásticos, mineração, combustíveis etc.

1 Ensino Médio, Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares

Nacionais (MEC-SEMTEC, 2002)

33

Como explicar, no entanto, que ainda temos muitos professores com uma visão

meramente conteudista em sala de aula? Um estudo realizado em 2011

apontou a percepção dos docentes sobre a sua prática pedagógica:

As tendências do ensino de Química, apresentadas em revistas

especializadas da área e em livros e teses, como resultado das

pesquisas em ensino de Química, não estão chegando até os

professores. É preciso engajá-los nesta pesquisa, para que ele construa

a crença de que o seu trabalho pode ser melhor (QUADROS et al., 2011,

p.174).

Neste contexto, a proposta deste projeto é propiciar uma inovação no ensino

de Química a partir da inclusão da Sustentabilidade como um eixo norteador da

prática de ensino – com a disponibilização de um material em mídia que sirva

de subsídio para uma aula mais dialógica, motivadora, atraente e geradora de

transformações sociais.

No caso específico de Minas Gerais, com a mudança de governo na última

eleição estadual, optou-se neste ano corrente pelo retorno ao Conteúdo Básico

Curricular (CBC) da Secretaria de Educação de MG (SEE-MG) referente ao ano

de 2007, não dando continuidade ao modelo proposto na Resolução SEE-MG,

Nº 2030, de 25 de janeiro de 2012, que readequava o CBC em virtude do

programa Reinventando o Ensino Médio.

Na versão 2007 do CBC, percebe-se a presença de algumas temáticas

ambientais, sobretudo, nos projetos paralelos ao currículo tradicional, dispostos

como sugestão e não como parte obrigatória do programa, num volume aquém

do que poderia ser trabalhado no Ensino Médio.

Em 2015, a Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais participou efetivamente

do Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio (PACTO), a Sustentabilidade foi

citada no caderno 3 de capacitação dos docentes, apresentada como uma das

estratégias para inovar a prática educacional nesta etapa da educação básica:

Tomando o eixo integrador apontado pelas DCNEM – trabalho, ciência,

tecnologia e cultura – as temáticas que podem ser propostas para integrar

os conhecimentos de cada componente curricular podem envolver, por

exemplo, a questão da mobilidade nos centros urbanos, a nutrição e a

34

segurança alimentar, o consumo e a sustentabilidade socioambiental, as

tecnologias de informação e comunicação [...] (BRASIL, 2014).

Já no PCNEM percebe-se quantitativamente e qualitativamente uma maior e

melhor inserção da temática ambiental, propiciando uma proposta de ensino

mais próxima daquilo que se imagina como cerne desta pesquisa, ainda mais

com o advento do documento Ensino Médio, Orientações Educacionais

Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+), que trouxe

um caderno temático voltado à Sustentabilidade, tornando ainda mais

perceptível à diferença na abordagem da temática no âmbito federal e estadual

(BRASIL, 2002).

Especificamente, no ensino de Química, tem se observado a busca

de avanços no estabelecimento de novas metodologias e técnicas

que abordem a Sustentabilidade, a partir da eliminação ou da menor

produção de resíduos tóxicos ao ambiente e a saúde humana, o que

tem sido chamado de Química Verde (CORREA; ZUIN, 2009).

Em agosto de 2012, o 4th International IUPAC Conference on Green Chemistry,

concedeu ao Brasil a oportunidade de sediar um grande evento debatendo a

Química Verde na cidade de Foz do Iguaçu (UFSCAR, 2014).

A Química Verde estabelece a necessidade de um redesenho das atividades e

processos que compõem a imensa gama de rotinas presentes na química como

um todo, a preocupação deve ser – o que eu posso fazer para minimizar ou

eliminar efeitos sobre o meio ambiente gerados por determinado processo que

envolva a química?

A Química Verde é orientada por doze princípios, elaborados a partir de

discussões que englobam as fontes de energia renováveis, a eliminação ou

redução do uso das substâncias persistentes, tóxicas e bioacumulativas,

culminando com a mínima geração de descartes e no tratamento adequado de

resíduos de forma ambientalmente correta, são eles:

1. Prevenção – evitar a produção do resíduo é melhor do que tratá-

lo ou “limpá-lo” após sua geração, para eliminar as suas

propriedades tóxicas;

35

2. Economia atômica – os métodos sintéticos devem ser

planificados de modo a maximizar a incorporação no produto final

de todas as substâncias usadas ao longo do processo; 3. Sínteses com compostos de menor toxicidade – sempre que

possível, os métodos sintéticos devem ser planificados de modo

a usar e produzir substâncias não tóxicas (ou pouco tóxicas) para

a saúde humana e a natureza; 4. Desenvolvimento de produtos seguros – os produtos químicos

devem ser planificados a nível molecular de modo a cumprir as

funções desejadas e a minimizar a sua toxicidade; 5. Diminuição de solventes e auxiliares – o uso de substâncias

auxiliares (solventes, agentes para promover separações, etc.)

deve ser evitado sempre que possível; quando usados, esses

agentes devem ser inócuos; 6. Busca pela eficiência energética – a utilização de energia pelos

processos químicos precisa ser reconhecida pelos seus impactos

ambientais e econômicos e deve ser minimizada. Se possível, os

processos químicos devem ser conduzidos à temperatura e

pressão ambientes, ou próximos destas; 7. Uso de fontes renováveis de matéria-prima – sempre que for

técnica e economicamente praticável, devem-se usar matérias-

primas e recursos renováveis de preferência a não renováveis; 8. Redução de derivativos – devem-se minimizar ou, se possível,

evitar derivatizações (uso de grupos bloqueadores, de passos de

proteção/desproteção, e de modificações temporárias na

molécula para permitir processos físicos e químicos) porque tais

etapas requerem reagentes adicionais e podem produzir

resíduos; 9. Catálise – devem-se preferir reagentes catalíticos (tão seletivos

quanto possível) a reagentes estequiométricos; 10. Desenvolvimento de compostos para degradação – os produtos

químicos precisam ser desenhados de tal modo que, ao final de

sua função, se fragmentem em produtos de degradação inócuos

e não persistam no ambiente; 11. Análise em tempo real para a prevenção da poluição – trata-se do

uso de metodologias analíticas que permitam a monitorização

direta dos processos de fabrico em tempo real e controle precoce

da formação de substâncias nocivas (o que ainda exige

desenvolvimento futuro); e 12. Química intrinsecamente segura para a prevenção de acidentes

– as substâncias, bem como a maneira pela qual uma substância

é utilizada em um processo químico, devem ser escolhidas a fim

de minimizar o potencial para acidentes químicos, incluindo

vazamentos, explosões e incêndios (ANASTAS; WARNER, 1998,

p.30) (LENARDAO et al, 2003, p.124).

Tais princípios apresentam conteúdo para subsidiar a construção de uma

proposta inovadora para o ensino de Química, por exemplo, no que se refere

ao princípio de número 7, que trata do uso de matérias-primas e recursos

renováveis de preferência a não renováveis.

36

3. Práticas educativas para a inclusão da temática da sustentabilidade no

Ensino Médio

A educação deve ser capaz de gerar avanços na vida social daqueles que

participam da construção do conhecimento, sendo um processo balizado na

interação eficiente entre professor e o aluno, buscando o crescimento do ser

humano como um todo, ou seja, deve propiciar transformação social no próprio

indivíduo e por consequência no território em que ele estabelece as suas

relações e interações. Tal conceito de educação pode ser profundado ao

afirmar que:

[...] na perspectiva de compreensão do homem como ser

multidimensional, a educação deve responder a uma multiplicidade

de exigências do próprio indivíduo e do contexto em que vive. Assim,

a educação integral deve ter objetivos que construam relações na

direção do aperfeiçoamento humano. (GUARÁ, 2006, p.16).

Conforme o Relatório da Comissão Internacional sobre Educação para o século

XXI, da UNESCO, a educação precisa ser compreendida:

[...] como uma via que conduz a um desenvolvimento mais

harmonioso, mais autêntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a

exclusão social, as incompreensões, as opressões e as guerras

(UNESCO, 2015).

A preocupação com a prática docente dos professores do Ensino Médio

aumenta por entender que, nos dias de hoje, este estágio da educação básica

se apresenta como um emaranhado de problemas dentro do nosso modelo

educacional, sendo certamente objetivo de intervenções frequentes, sobretudo

de agora em diante, com maiores investimentos públicos, visando sanar os

seus principais desafios.

O próprio Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024, sancionado pela

presidente Dilma Rousseff em 2014, estabelece a necessidade de

institucionalizar um programa nacional de renovação do Ensino Médio:

[..] a fim de incentivar práticas pedagógicas com abordagens

interdisciplinares estruturadas pela relação entre teoria e prática, por

meio de currículos escolares que organizem, de maneira flexível e

diversificada, conteúdos obrigatórios e eletivos articulados em

37

dimensões como ciência, trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e

esporte, garantindo-se a aquisição de equipamentos e laboratórios, a

produção de material didático específico, a formação continuada de

professores e a articulação com instituições acadêmicas, esportivas

e culturais (BRASIL, 2015).

Tal concepção de educação requer, portanto, uma nova prática educativa do

docente.

Mas, o que é a prática educativa? Em que consiste a prática docente? E o

trabalho docente? A prática educativa compreende todas as ações que são

articuladas para a concretização do processo de ensino-aprendizagem dentro

e fora de sala de aula em qualquer espaço formativo, ou seja: escola, sindicato,

igreja, autoescola, etc. Nessa prática educativa são reunidos procedimentos

didáticos e metodológicos à luz de referenciais teóricos diversos.

A prática docente é a prática educativa do docente, que por origem do termo

refere-se ao professor que atua na escola formal.

O trabalho docente envolve a prática docente, as condições de trabalho nas

quais esta prática docente acontece, regulamentações normativas internas e

externas à escola dessa função, as relações que se estabelecem durante a

execução desse trabalho.

Neste contexto, analisar a interação aluno e professor é de extrema

importância, segundo Paulo Freire (1996):

Não há docência sem discência, as duas se explicam sujeitos apesar

das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de

objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem

aprende ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a

alguém (FREIRE, 1996, p. 23)

O professor atua como catalisador das inovações, com o objetivo de reduzir o

distanciamento observado em outras épocas, para agora realizar uma imersão

no contexto do aluno, tal ação propiciará um fluxo de informações nos dois

sentidos, do docente para o educando e vice-versa, o que será convertido no

decorrer do processo em construção eficiente de conhecimento mútuo.

38

É inevitável concluir que a eficácia do processo de aprendizagem transita

obrigatoriamente pela compreensão do papel do que é ser professor:

O papel do professor em todas as épocas é ser o arauto permanente

das inovações existentes. Ensinar é fazer conhecido o desconhecido.

Agente das inovações por excelência o professor aproxima o

aprendiz das novidades, descobertas, informações e notícias

orientadas para a efetivação da aprendizagem (KENSKI, 2001,

p.103).

Nessa interação com o aluno, o professor coloca em ação a sua prática

educativa, sendo uma discussão de extensa complexidade. Há inúmeros

fatores, variáveis e contextos que determinarão o sucesso ou não de uma

determinada prática educativa como bem descreveu Antoni Zabala (2010):

A estrutura da prática obedece a múltiplos determinantes, tem sua

justificação em parâmetros institucionais, organizativos, tradições

metodológicas, possibilidades reais dos professores, dos meios e

condições físicas existentes [...]. Mas a prática é algo fluido, fugidio,

difícil de limitar com coordenada simples e, além do mais, complexa,

já que nela se expressam múltiplos fatores, ideias, valores e hábitos

pedagógicos (ZABALA, 2010, p. 16).

A maior eficiência da prática educativa contempla situações que abordam a

realidade do educando, superando as barreiras do ensino limitado as

“caixinhas” de disciplinas, não importando onde a aula é efetivada, podendo

ser em uma sala de uma escola, um laboratório, no pátio escolar, na margem

de um rio poluído, na área industrial de uma cidade, em um museu, um teatro,

em uma visita técnica ou até mesmo no depósito de lixo de um município.

Nos PCNEM (BRASIL, 2000, p. 94), destaca-se que é “possível generalizar a

contextualização como recurso para tornar a aprendizagem significativa ao

associá-la com experiências da vida cotidiana ou com os conhecimentos

adquiridos espontaneamente”.

Com o enfoque da contextualização, viabiliza-se uma maior conscientização do

educando para o debate eficiente sobre os problemas e soluções para a sua

comunidade, buscando aí um maior exercício da cidadania, reiterando a visão

de que a educação pode e precisa ser um agente de transformação da nossa

sociedade, conforme já apregoava a LDB, no artigo 22, que estabelece as

39

finalidades da educação básica que começa por “desenvolver o educando,

assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania

e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos anteriores”

(BRASIL, 1996).

No livro 10 Novas Competências para Ensinar é exposto que, na prática

educacional o docente necessita compreender as concepções dos alunos

sobre determinado conhecimento, tendo como objetivo a criação de uma

interface ou reequilíbrio entre aquilo que os discentes acreditam conhecer de

determinado tema e o conhecimento científico (PERRENOUD, 2000).

A contextualização atua como ferramenta facilitadora para trazer proximidade

entre o conhecimento e o dia-a-dia do aluno, por exemplo, numa aula prática

de Química visando a determinação do potencial hidrogeniônico (pH), pode-se

usar a água de um dos rios ou córregos da região, o que levaria à uma

discussão com os alunos sobre a adequação ou não daquele parâmetro medido

a valores compatíveis com a legislação relacionada ao abastecimento de água

potável e sobre as possíveis causas de determinado desvio, se assim houver.

Há um maior interesse pelas aulas mediadas por um docente quando o aluno

percebe uma razão em aprender aquele determinado conteúdo, “o

conhecimento das informações ou dos dados isolados é insuficiente. É preciso

situar as informações e os dados em um contexto para que adquiram sentidos”

(MORIN, 2003, p. 65).

É importante que o professor procure construir a sua prática docente a partir da

representação dos alunos, não se parte do zero, há concepções já assimiladas

em outras abordagens no ensino formal e no dia-a-dia do aluno, é bem verdade

que algumas serão errôneas, se transformando em concepções que podem ser

divididas em dois tipos:

Concepções alternativas vernaculares aparecem provenientes do uso

de palavras que apresentam um significado no cotidiano e outro no

contexto científico, por exemplo, a palavra trabalho.

Concepções alternativas factuais são falsidades frequentemente

aprendidas desde a infância e que permanecem até a vida adulta. Se

você pensa sobre isso, a ideia de que “um raio nunca cai duas vezes

40

no mesmo lugar” é claramente sem razão, mas esta noção pode

permanecer em algum lugar em seu sistema de crenças (ARROIO,

1996, p.3).

Diante deste contexto, o estudo, a análise e a compreensão da

Sustentabilidade é um caminho interessante na construção do conhecimento

contextualizado, funcionando como incremento necessário para mover, por

exemplo, o ensino de Química do lado abstrato para uma realidade mais

tangível ao aluno. A prática educativa com a inserção da Sustentabilidade “[...]

deve procurar colocar os alunos em situações que sejam formadoras, como por

exemplo, diante de uma agressão ambiental ou conservação ambiental,

apresentando os meios de compreensão do meio ambiente” (BERNA, 2004,

p.30).

O processo educativo quando articulado e comprometido com a

Sustentabilidade e a participação, propiciará o surgimento de novos atores

sociais tendo a complexidade ambiental como um espaço de apropriação da

natureza (JACOBI, 2005).

Mas qual deve ser o foco de uma prática educativa ambientalmente

sustentável? O centro das práticas pedagógicas deve ser a emancipação do

sujeito e a criticidade, para gerar transformações sociais obtidas a partir de

mudanças comportamentais e de atitudes, com o aprimoramento da

participação coletiva (JACOBI, 2005).

A prática educativa com a inserção da temática da Sustentabilidade propicia a

aplicação de um enfoque interdisciplinar, pois antes de forma errônea, a

educação ambiental era vista somente como um conteúdo específico de

Ciências ou Biologia (DIAS, 2010).

É importante relatar que, nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) a

solução dos problemas ambientais é qualificada como urgente, devendo estar

presente nos currículos escolares via transversalidade, presente desde as

séries inicias em toda a prática educacional (PCN, 2000).

41

4. O Desenvolvimento Local e a Sustentabilidade

O Desenvolvimento Local pode ser descrito como um processo de construção

do desenvolvimento de determinado território, sem a obrigatoriedade da

limitação das fronteiras geográficas, tendo como um dos seus objetivos o

constante desenvolvimento das habilidades e competências dos seus agentes

humanos visando a melhoria da qualidade de vida da comunidade, que passa

certamente a adotar uma identidade territorial (ÁVILA, 2001).

Nesse contexto a cidadania, tem um papel primordial:

O Desenvolvimento Local deve se dar por dentro de processos

participativos nos quais a cidadania, de forma individual ou por meio

de seus diferentes agentes da sociedade civil, em diálogo com o

poder público e o mercado, propõe soluções planejadas em prol do

local/regional (TENÓRIO, 2007, p. 101).

Diante disso, a educação exerce um papel fundamental, pois se espera que, a

partir do conhecimento adquirido durante o percurso escolar, o cidadão seja

capaz de tomar decisões que gerem transformações na sua comunidade, com

o consequente Desenvolvimento Local, enfatizando-se que a formação é de

suma importância para o exercício pleno da cidadania. A prática educativa

pode possibilitar uma profunda revolução numa comunidade, pois a “educação

não deve servir apenas como trampolim para uma pessoa escapar da sua

região: deve dar-lhe os conhecimentos necessários para ajudar a transformá-

la” (DOWBOR, 2007, p.76).

Diante das dificuldades impetradas pela globalização, esses territórios

precisam buscar a Sustentabilidade continuamente, e nesse aspecto, a

educação contextualizada permite o estabelecimento de avanços nessa

direção, pois atua sistematicamente na aquisição de novos conhecimentos que

servirão como ferramental apropriado no enfrentamento dos rearranjos

socioeconômicos tão rotineiros nos dias atuais, numa velocidade cada vez

maior num mundo globalizado.

A inserção da Sustentabilidade no ensino traz pressupostos críticos, pois busca

estabelecer espaços de convivência, onde se destaca o estudo das práticas

42

cotidianas e de contextos reais da vida do discente, visando a compreensão e

transformação da realidade (JACOBI, 2009).

O ensino sobre a Sustentabilidade deve contribuir principalmente para o

exercício da cidadania “ao buscar aprofundar os conhecimentos sobre as

questões ambientais de melhores tecnologias, estimular a mudança de

comportamento e a construção de novos valores éticos menos

antropocêntricos” (BERNA, 2004 p.18).

É imprescindível a aquisição do conhecimento da temática da Sustentabilidade

por parte dos agentes de um território, por exemplo, em relação aos recursos

hídricos, a gestão de resíduos sólidos, como também na melhoria da

percepção, prevenção e minimização de agentes poluidores, pois traz

autonomia que alavanca a melhoria das condições socioambientais da

comunidade.

O estudo da Sustentabilidade permite a quebra da fronteira entre a escola e a

comunidade, pois traz as discussões sobre aspectos socioambientais para

dentro do eixo pedagógico, visando solucionar problemas locais e desenvolver

melhorias na comunidade a partir das análises, debates e estudos realizados

(JACOBI, 2009).

Mas qual seria então a maior dificuldade do educador na contextualização do

ensino de Química a partir da Sustentabilidade visando o Desenvolvimento

Local? Ladislau Dowbor sugere que:

A dificuldade central, é de se inserir na escola um conhecimento local

que os professores ainda não têm. Neste sentido, parece razoável,

enquanto se organiza a produção de material de apoio para os

professores e alunos – as diversas informações e estudos sobre a

realidade local e regional – ir gradualmente inserindo o estudo da

realidade local através de um contato maior com a comunidade

profissional local (DOWBOR, 2007, p.16).

Aliar a educação e a Sustentabilidade à busca do Desenvolvimento Local

possibilita a redescoberta da riqueza de conhecimentos de uma comunidade,

do seu território; trazendo sentido ainda maior para a sua valorização e

43

transmissão para as próximas gerações. “Conhecimentos técnicos são

importantes, mas têm de ser ancorados na realidade que as pessoas vivem, de

maneira a serem apreendidos na sua dimensão mais ampla” (DOWBOR, 2007,

p.90).

O laboratório de Sustentabilidade da USP apresenta uma analogia deveras

interessante na relação entre a Sustentabilidade Econômica, Social e

Ambiental.

A imagem do tripé é perfeita para entender a sustentabilidade. No

tripé estão contidos os aspectos econômicos, ambientais e sociais,

que devem interagir, de forma holística, para satisfazer o conceito.

Sem estes três pilares a sustentabilidade não se sustenta. É

importante verificar que esses conceitos podem ser aplicados tanto

de maneira macro, para um país ou próprio planeta, como micro, sua

casa ou uma pequena vila agrária (LASSU, 2015).

5. Considerações Finais

Conforme as observações feitas neste trabalho, a Sustentabilidade junto ao

ensino de Química constitui-se como importante instrumento para a construção

de uma proposta de inovação educacional para o Ensino Médio.

A literatura estudada mostrou a importância histórica dada a discussão

ambiental e sobre os passos futuros na busca de uma Sustentabilidade capaz

de prover condições favoráveis de existência e melhor qualidade de vida para

todos, inclusive no que tange ao ODS.

Apontou-se também que, o Ensino de Química tem sido repensado por

inúmeros pesquisadores, mas que ainda há um vácuo entre a informação e o

professor da rede pública, sendo necessário estabelecer formas de ampliar as

possibilidades de acesso aos conhecimentos inovadores.

Efetivamente, demonstrou-se que para inovar o ensino de Química, a partir da

inserção da temática da Sustentabilidade, também é necessária a reformulação

das práticas educativas. Nesse sentido, a literatura analisada indica que a

prática educativa deve compreender conteúdos que propiciem conhecimentos

44

significativos ao aluno para possibilitar a sua atuação como agente de

transformação de sua comunidade.

No que tange ao Desenvolvimento Local, ficou evidenciado que ao aliar o

ensino de Química à Sustentabilidade cria-se um ambiente favorável a

inovações nas próprias comunidades onde a escola está inserida.

Por fim, os principais resultados apontam na viabilidade da construção de uma

proposta de inovação no Ensino de Química a partir da Sustentabilidade como

seu eixo norteador, neste intuito o próximo capítulo fará a análise de entrevistas

com docentes de Química da rede pública estadual de Minas Gerais, visando

avaliar a percepção da temática da Sustentabilidade, inclusive nas suas

práticas educacionais e como poderia ser facilitado o acesso destes

profissionais a recursos didáticos com esta abordagem.

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3. CAPÍTULO 2: INVESTIGAÇÃO DAS PRÁTICAS EDUCATIVAS PARA A

INCLUSÃO DA TEMÁTICA DA SUSTENTABILIDADE EM ESCOLAS

PÚBLICAS DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE.

INVESTIGATION OF EDUCATION FOR PRACTICES SUSTAINABILITY

THEME INCLUSION OF PUBLIC SCHOOLS IN THE METROPOLITAN

REGION OF BELO HORIZONTE

SILVA JUNIOR, Edward Aredes da 1

QUARESMA, Adilene Gonçalves 2

RESUMO

Este artigo apresenta os resultados da pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-

graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, na investigação das

práticas educativas para a inclusão da temática da Sustentabilidade no Ensino Médio

desenvolvidas em escolas da região metropolitana de Belo Horizonte, sob as

perspectivas dos docentes destas unidades escolares. Constituiu-se em uma pesquisa

qualitativa descritiva, utilizando-se como instrumento de coleta de dados entrevistas

semiestruturadas com 10 professores de química da rede estadual de ensino. Os

resultados da pesquisa empírica estabelecem um perfil dos professores de química da

rede estadual de Minas Gerais no que se refere à inserção da temática da

sustentabilidade durante a prática docente, a partir da análise dos seguintes fatores: o

conhecimento sobre a sustentabilidade, os entraves estruturais e pedagógicos das

escolas, o material didático utilizado, a aplicação de práticas sustentáveis no dia-a-dia,

o ensino deste conteúdo em sala de aula e o conceito de Química Verde. Confirmou-se

através desta pesquisa a necessidade da construção de uma proposta de inovação

educacional para o Ensino Médio agregando a sustentabilidade ao ensino de química,

com foco na capacitação, a partir da disponibilização de material didático de apoio aos

professores, visando uma melhoria da qualidade educacional, por conseguinte, gerando

Desenvolvimento Local.

Palavras Chave: Ensino Médio. Ensino de Química. Sustentabilidade. Desenvolvimento

Local.

___________________

1 Mestrando no Programa de Pós-Graduação Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA), graduado em Química (DQ/UFMG) e professor da Fundação Helena Antipoff/ESSA. @ - [email protected]

2 Doutora em Educação, Conhecimento e Inclusão Social (Faculdade de Educação/UFMG) e professora no Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA). @ - [email protected]

50

ABSTRACT

This article presents the results of research developed at the Post Graduate Studies

Program in Social Management, Education and Local Development of Center

University Una, research of practices educational for the inclusion of the theme of

sustainability in high school developed in schools in the metropolitan region of Belo

Horizonte, under the perspectives of teachers of these school units. It consisted in a

descriptive qualitative research, using as a data collection instrument Semi-structured

interviews with ten teachers of chemistry at state schools. The results of empirical

research established a chemistry teachers' profile in relation to the insertion of the issue

of sustainability during the teaching practice, based on the analysis of the following

factors: knowledge about sustainability, structural barriers and pedagogical, the

teaching materials used, the application of sustainable practices in day-to-day, teaching

this content in the classroom and the concept of Green Chemistry. It is confirmed

through this research an opportunity to build a proposal for educational innovation for

High School adding sustainability in the chemistry teaching, focusing on training, from

the provision of educational materials to support teachers, aimed at improving

educational quality, thus generating local development.

Keywords: High school. Chemistry Teaching. Sustainability. Local development.

51

INTRODUÇÃO

Vivemos um momento de muita discussão sobre o papel do Ensino Médio no

Brasil, tais debates são aflorados por vários motivos, busca-se, sobretudo, a

construção de uma proposta capaz de torná-lo eficaz e útil para o futuro de

quem o cursa durante o percurso tradicional de três anos.

Um dos pontos discutidos é a necessidade de universalização do Ensino Médio,

que inclusive faz parte da meta de número 3 do Plano Decenal de Educação

2014-2024 (PNE):

[...] universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população

de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de

vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no EM para 85%

(oitenta e cinco por cento) (PNE, 2014).

Esta meta visa mudar o cenário atual, no qual um pouco mais de 80% dos

alunos entre 15 e 17 anos estão na escola e apenas 60% estão matriculados

no Ensino Médio:

Figura 1 – Porcentagem de jovens de 15 a 17 anos na escola e no EM

FONTE: IBGE/PNAD – Organização: Todos pela Educação

Mas por que tantos jovens não frequentam a escola e/ou ainda não estão no

Ensino Médio regular? Esta é uma pergunta com uma resposta complexa, pois

temos muitas variáveis a analisar, destacando-se dentre elas, o fato de termos

um currículo extremamente fragmentado, a maior parte das escolas com

52

estruturas físicas de baixíssima qualidade, materiais didáticos com conteúdos

distantes da realidade dos alunos, professores não preparados para as ditas

inovações educacionais e a ausência de interação produtiva entre a

comunidade e a escola.

A estratégia 3.1 do PNE evidencia boa parte das medidas necessárias para que

o Ensino Médio seja capaz de atrair e manter nossos jovens no ambiente

escolar, segundo o olhar dos pesquisadores desta temática:

Institucionalizar programa nacional de renovação do Ensino Médio, a

fim de incentivar práticas pedagógicas com abordagens

interdisciplinares estruturadas pela relação entre teoria e prática, por

meio de currículos escolares que organizem, de maneira flexível e

diversificada, conteúdos obrigatórios e eletivos articulados em

dimensões como ciência, trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e

esporte, garantindo-se a aquisição de equipamentos e laboratórios, a

produção de material didático específico, a formação continuada de

professores e a articulação com instituições acadêmicas, esportivas

e culturais (PNE, 2014).

Neste contexto, o ensino de química não pode ser excluído destes debates,

pois é parte integrante desta engrenagem ineficiente do Ensino Médio, portanto

é necessária a busca de práticas que propiciem torná-lo uma ferramenta capaz

de contribuir ativamente na melhoria da qualidade do ensino neste ciclo da

educação básica.

Diante disto, o objetivo do artigo é apresentar o resultado da pesquisa de campo

sobre Práticas Educativas de Inclusão da temática da Sustentabilidade

Ambiental nas aulas de Química do Ensino Médio da rede pública estadual de

Minas Gerais.

O texto estrutura-se na apresentação dos sujeitos da pesquisa, na

caracterização dos entrevistados, numa breve discussão teórica sobre o Ensino

de Química, a Sustentabilidade e o Desenvolvimento Local, procedimentos

metodológicos, apresentação dos dados coletados com a respectiva discussão

dos mesmos e as considerações finais.

1. DISCUSSÃO TEÓRICA

53

As pesquisas no Ensino de Química têm se multiplicado, dentre vários temas

analisados, observa-se o estudo da prática docente, a busca da evolução do

currículo, o foco na maior interdisciplinaridade, a avaliação e a proposta de

novos materiais didáticos, o perfil de formação vivenciado pelo professor na

graduação, a inserção de situações problemas na busca de quebrar o aspecto

abstrato de temas específicos e a abordagem da Ciência, Tecnologia e

Sociedade (CTS) no Ensino de Química.

No que tange ao estudo da prática docente, o trabalho é focado no dia-a-dia do

professor, com o acompanhamento de suas aulas, entrevistas e discussão

sobre as suas percepções sobre a construção do conhecimento.

[...] faz parte do universo de pesquisas em educação estudos sobre

os saberes que os professores utilizam em seu trabalho diário, para

desempenhar tarefas e alcançar seus objetivos e a origem desses

saberes (QUADROS et al., 2011, p.161).

Quanto ao currículo, ele tem sido protagonista em muitas discussões sobre o

ensino de química, sobretudo na necessidade em aproximá-lo da realidade do

aluno:

A história dos atores educativos bem como as suas práticas

raramente perpassam o currículo das escolas, predominantemente

monocultural e centrado no planejamento individualizado,

fragmentado e descontextualizado da realidade (COSTA-BEBER;

MALDANER e RITTER, 2014, p.15).

A própria formação do licenciado em química, ainda carece de muitas

reformulações curriculares, na maior parte das graduações persiste o caráter

rígido e engessado de um curso composto de disciplinas e temáticas

relacionadas exclusivamente a ciências exatas, sem a possibilidade de

interdisciplinaridade com outras áreas de estudo, pois este tipo de diálogo

fugiria da dita tradição acadêmica:

A crise de estruturação dos currículos disciplinares existe e persiste

também nos espaços formativos de professores, o que contribui para

manter a tradição cultural que impera nas escolas e dificultam novas

iniciativa de transversalidade curricular (COSTA-BEBER;

MALDANER e RITTER, 2014, p.16)

54

O currículo deve motivar inclusive o professor, para que a sua prática tenha

um papel ativo na geração de agentes de transformações sociais na

comunidade que atua, inclusive na efetivação de Desenvolvimento Local.

Neste contexto, a abordagem CTS tem um papel importante ao enumerar

possibilidades efetivas de aproximação e propiciadoras de maior interesse do

aluno a um determinado conteúdo de química:

[...] entendemos que questões ambientais, políticas, econômicas,

éticas, sociais e culturais relativas à ciência e à tecnologia são

inerentes à atividade científica e que a sua abordagem no currículo

pode ser feita: de forma temática, no sentido de tópico ou assunto

amplo em que essas questões estão imbricadas (e.g. poluição

ambiental, transgênicos, recursos energéticos etc.); ou de forma

pontual, com exemplos de fatos e fenômenos do cotidiano relativos a

conteúdos científicos que ilustram aplicações tecnológicas

envolvendo esses aspectos; ou ainda por meio de questões dirigidas

aos estudantes sobre esses aspectos (MORTIMER, SANTOS; 2009,

p.192).

Quanto ao material didático, uma das áreas que tem atraído mais estudos é a

que trata da inserção das novas tecnologias no ensino de química, sobretudo

em relação a construção e a disponibilização de materiais mais atraentes aos

alunos, além da requalificação de professores em temas não abordados ou

estudados de uma forma esporádica/superficial durante a graduação.

As novas tecnologias da informação e comunicação transformaram

as maneiras de comunicar, de pensar, de decidir e de agir e, diante

deste cenário, compete a escola não se furtar desta realidade. Os benefícios das novas tecnologias requerem extensivo

treinamento dos professores, novos materiais curriculares e, acima

de tudo, mudanças nos modelos educativos (SERRA, 2009, p.28).

Diante do exposto, observou-se na temática da Sustentabilidade uma

potencialidade para torná-la um eixo norteador para o Ensino de Química no

Ensino Médio, tendo como foco neste trabalho a análise de como o professor

de Química interage com esta área na sua prática educacional na rede pública

do Estado de MG, aproveitando o fato de termos em 2015 o lançamento do

documento “Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o

Desenvolvimento Sustentável”.

A Agenda consiste em uma Declaração, 17 ODS e as 169 metas,

uma seção sobre meios de implementação e de parcerias globais, e

55

um arcabouço para acompanhamento e revisão. Estamos

determinados a proteger o planeta da degradação, incluindo por

meio do consumo e da produção sustentáveis, da gestão sustentável

dos seus recursos naturais e de medidas urgentes para combater a

mudança do clima, para que possa atender as necessidades das

gerações presentes e futuras (PNUD,2015).

Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável são:

Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.

Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a

nutrição.

Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos. Garantir educação inclusiva, equitativa e de qualidade.

Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e

meninas.

Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água.

Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável.

Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e

sustentável.

Construir infraestrutura resiliente, promover a industrialização

inclusiva.

Reduzir a desigualdade entre os países e dentro deles.

Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros,

resilientes.

Assegurar padrões de consumo e produção sustentável.

Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima.

Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos.

Proteger, recuperar e promover o uso sustentável as florestas.

Promover sociedade pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento

sustentável.

Fortalecer os mecanismos de implementação e revitalizar a parceria

global (ONU, 2015).

56

Os ODS dialogam com as políticas e ações nos âmbitos regional e local,

embora também sejam de natureza global e universalmente aplicáveis (PNUD,

2015).

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A abordagem utilizada na pesquisa foi a qualitativa, escolha justificada pois ela

trabalha no:

[...] universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e

atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das

relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser

reduzidos a operacionalização de variáveis” (MINAYO, 2003, p.21)

Quanto à finalidade da pesquisa, a classificação correta foi de

analítica/explicativa, pois busca a identificação dos fatores essenciais ou que

contribuem num determinado fenômeno, sendo mais complexa e delicada, pois

imerge na realidade para estudar razões e motivos das coisas (GIL, 2008).

Em relação a área do conhecimento, a pesquisa foi do tipo aplicada pois

fornecerá dados que propiciarão a construção de uma solução para o problema

a partir da elaboração de um produto técnico.

A pesquisa foi dividida em três partes, a bibliográfica, a documental e a de

campo.

A pesquisa bibliográfica percorreu a literatura científica na busca de autores

que trouxeram abordagens relativas aos objetivos desta pesquisa.

Na pesquisa documental foram analisadas a legislação educacional (brasileira

e estadual) que trata do Ensino Médio e diretamente do ensino de Química.

3. O CENÁRIO E OS SUJEITOS DA PESQUISA

A pesquisa teve como sujeitos 10 professores da rede estadual de Minas

Gerais, que atuam na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Este

recorte amostral foi escolhido por termos na região metropolitana a presença

de municípios com diferentes índices de desenvolvimento humano o que

57

proporcionou a desejada diversidade de ambientes escolares, ainda por ter um

índice percentual de alunos entre 18 e 20 anos com Ensino Médio completo

abaixo de 50%, como pode ser visto no gráfico a seguir, mostrando a urgente

necessidade de intervenção educacional na melhoria deste dado.

Os municípios que tiveram escolas incluídas nesta pesquisa foram: Belo

Horizonte, Betim, Contagem, Ibirité e Sarzedo, cidades que pertencem a área

territorial de atuação docente do pesquisador desde o ano de 1998.

Gráfico 1 – Fluxo Escolar por Faixa Etária 2000/2010

FONTE: PNUD/IPEA/Fundação João Pinheiro

A RMBH foi criada em 1973 pela Lei Complementar Federal n.º 14/73, é

regulamentada por duas leis complementares do Estado de MG (LEC n.º88 e

89/2006). Com uma população de 4.883.970 habitantes, apresenta 34

municípios tendo a capital Belo Horizonte como o seu mais expoente município

participante (PNUD, 2015) (IBGE, 2014).

58

A partir daí, identificou-se docentes de química que atuam na região

metropolitana de Belo Horizonte, licenciados em Química, com graduação na

escolas superiores ou oriundos dos Programas Especiais de Formação

Pedagógica de Docentes em Química, com pelo menos dois anos de

experiência em sala de aula e que tivessem o interesse em participar da

pesquisa, houve uma certa dificuldade no fechamento do grupo a ser

pesquisado, pois a maioria dos professores contatados não mais pertenciam

ao quadro efetivo das escolas estaduais, sendo identificado aí um relevante

tema para uma futura pesquisa que aborde os motivos da saída destes

profissionais da rede pública estadual.

A entrevista objetivou investigar o entendimento de professores do Ensino

Médio da rede pública estadual sobre como inserir a temática da

Sustentabilidade na sua prática educativa.

Os professores foram entrevistados na própria escola, com a gravação do áudio

para análise mais detalhada dos dados coletados. Seguindo a orientação

presente no Apêndice A - PAUTA PARA ENTREVISTA COM PROFESSORES

DE QUÍMICA DO ENSINO MÉDIO DA REDE PÚBLICA ESTADUAL

Quanto ao instrumento de coleta de dados na pesquisa empírica optou-se pela

entrevista semiestruturada, onde o pesquisador segue um roteiro de questões

onde o entrevistado tem a opção de discorrer sobre o tema arguido, mantendo

um contexto muito semelhante a uma conversa informal (BONI; QUARESMA,

2005)

Os dados levantados na pesquisa bibliográfica, documental e empírica foram

organizados e analisados num primeiro momento de forma individual,

classificados em categorias e após esse momento interligados tendo como

meta o embasamento necessário para viabilizar a construção sólida de um

produto técnico capaz de responder ao problema da pesquisa.

A técnica de análise e interpretação de dados utilizada foi a análise de

conteúdo, descrita como:

59

Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando

obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos de descrição do

conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que

permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de

produção e recepção dessas mensagens (BARDIN, 1995, p.14).

O projeto foi aprovado pelo Comitê de ética do Centro Universitário Una sob o

parecer CAA: 44975015.5.0000.5098 (APÊNDICE B).

Os dados dessa pesquisa foram organizados pelo processo de categorização

por unidades de análise podendo ser descrito como:

[...] grandes enunciados que abarcam um número variável de temas,

segundo seu grau de intimidade ou proximidade, e que possam

através de sua análise, exprimirem significados e elaborações

importantes que atendam aos objetivos de estudo e criem novos

conhecimentos (CAMPOS, 2004, p. 614).

Com o intuito de garantir o caráter anônimo dos sujeitos da pesquisa, adotou-

se a codificação de P1 a P10 para referir-se aos professores participantes da

entrevista.

No Quadro 1 observa-se os dados de caracterização dos sujeitos da pesquisa

importantes para a análise.

Quadro 1 - Sujeitos da pesquisa - Dados obtidos a partir das entrevistas

realizadas e sistematizado pelo pesquisador.

Sujeito Formação Sexo Cidade Experiência

P1

P2

P3

P4

P5

UNIMES Feminino Ibirité 2 anos

UFMG Feminino Betim 17 anos

UNEC Feminino Belo Horizonte 4 anos

UNIMES Feminino Sarzedo 2 anos

UNIUBE Masculino Contagem 4 anos

60

P6

P7

P8

P9

P10

UFMG Masculino Belo Horizonte 8 anos

Universidade

de Itaúna

Masculino Betim 7 anos

UEMG Masculino Sarzedo 15 anos

UFMG Masculino Belo Horizonte 20 anos

UFMG Masculino Contagem 8 anos

Fonte: Dados coletados durante a pesquisa

No tópico seguinte são apresentados e discutidos os dados obtidos na

pesquisa de campo.

4. APRESENTAÇÃO DOS DADOS E DISCUSSÃO DOS

RESULTADOS

Os dados aqui apresentados foram coletados durante a pesquisa desenvolvida

no período de junho a agosto de 2015, com a respectiva categorização descrita

no quadro 2 a seguir:

Quadro 2 - Categorias de análise das entrevistas

Categorias de Análise

Unidade de análise

Questão

CATEGORIA 1: Conhecimento sobre

sustentabilidade

Sustentabilidade no Ensino Superior

Você estudou a temática da Sustentabilidade na

matriz curricular do ensino superior?

Conceito

Faça uma síntese do seu conceito de

Sustentabilidade.

Inserção nas aulas

Você insere diretamente a temática da

Sustentabilidade em suas aulas? Se sim, de que

forma?

61

CATEGORIA 2: Inserção da temática

da Sustentabilidade

nas aulas e no

cotidiano dos

entrevistados

Inserção no cotidiano extraclasse

Você aplica no seu cotidiano práticas sustentáveis

no âmbito ambiental

Exemplos de práticas

Cite exemplos de práticas que poderiam envolver

a Sustentabilidade e o ensino de Química?

CATEGORIA 3: Dificuldades pedagógicas e estruturais apontadas para a inserção da temática da Sustentabilidade nas aulas de Química do EM

Dificuldades estruturais

Quais as dificuldades estruturais para a inserção

da temática da Sustentabilidade nas aulas de

Química do Ensino Médio?

Dificuldades pedagógicas

Existem dificuldades pedagógicas para a

inserção da temática da Sustentabilidade nas

aulas de Química do Ensino Médio?

CATEGORIA 4: Recursos didáticos utilizados pelos entrevistados e a Sustentabilidade

Avaliação do material didático atual

e a temática da sustentabilidade

Os materiais didáticos que você utiliza

apresentam um volume de conteúdos vinculado a

Sustentabilidade para o desenvolvimento

satisfatório dessa temática em sala de aula?

Mídia impressa ou digital

Que tipo de recurso didático em mídia impressa ou

digital, você acredita, te ajudaria a incluir a

temática da Sustentabilidade nas suas aulas de

Química?

CATEGORIA 5: Conhecimento dos entrevistados sobre a Química Verde

Conhecimento sobre a Química Verde

O que você sabe sobre a chamada Química

Verde?

Fonte: Dados coletados durante a pesquisa

4.1 Categoria 1 – Conhecimento sobre sustentabilidade

Nessa categoria foram reunidas as questões relativas ao conhecimento dos

professores sobre a temática da Sustentabilidade, abordando os conhecimentos

assimilados durante a vida acadêmica, no decorrer da sua vida profissional e como

cidadão.

62

No primeiro momento arguiu-se sobre a presença da temática da

Sustentabilidade durante a graduação em Química ou durante o Programa

Especial de Formação Pedagógica de Docentes em Química.

Com exceção dos entrevistados P4 e P7, que afirmaram ter estudado tópicos

específico sobre a Sustentabilidade durante a sua formação acadêmica, os

demais entrevistados responderam que não tiveram a presença direta da

temática no seu percurso formativo escolar, houveram sim poucas aulas em

que foi abordada a questão ambiental, mas sempre de uma forma bem

superficial e com o caráter meramente de ações corretivas a serem tomadas a

partir de danos ambientais.

Tal deficiência na construção do conhecimento vinculado a Sustentabilidade na

formação do professor de química, outrora, já tinha sido percebida numa

pesquisa desenvolvida pelos pesquisadores Adriana Lopes Leal e Carlos

Alberto Marques em estudo feito junto ao programa do curso de graduação em

Química de cinco universidades do sul do Brasil (UFSM, UFRGS, UFSC, UFPR

e UNIJUÍ).

Os programas analisados indicaram uma formação assentada sobre

uma base conceitual sólida, de importantes conhecimentos

instrumentais e técnicos, mas com pouquíssima articulação entre a

Química e a problemática ambiental (LEAL, MARQUES, 2008, p. 32).

Para cumprir o ato de habilitar um professor a lecionar o conteúdo de química

para o Ensino Médio, os cursos de graduação necessitam repensar os seus

currículos de forma a atenderem o objetivo básico do ensino de química que

é:

[...] a formação da cidadania, o que implica na necessidade de

desenvolver no aluno conhecimentos básicos de ciência e tecnologia

para que ele possa participar da sociedade tecnológica atual, bem

como atitudes e valores sobre as questões ambientais, políticas e

éticas relacionadas à ciência e tecnologia (MORTIMER; SANTOS,

1999, p.1).

63

Os Parâmetros Nacionais Curriculares para o Ensino Médio (PCNEM) dizem

que o professor de química precisa, deixar de ser um mero transmissor de

conceitos, para atuar de forma a:

[...] possibilitar ao aluno a compreensão tanto dos processos

químicos em si quanto da construção de um conhecimento científico

em estreita relação com as aplicações tecnológicas e suas

implicações ambientais, sociais, políticas e econômicas (PCNEM,

2002, p.31).

O caderno Educação Ambiental: aprendizes de Sustentabilidade da Secretaria

de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) também

aponta a importância da inserção da Sustentabilidade na formação dos

docentes de química:

A abertura dos campos disciplinares a uma perspectiva ambiental e

a sistematização de um saber ambiental que possa ser incorporado

às práticas acadêmicas requerem, em última análise, a reformulação

dos conhecimentos dos docentes e o espraiamento de uma nova

cultura (SECAD, 2007, p.26)

Diante deste contexto, quanto a formação acadêmica dos docentes

entrevistados, a segunda pergunta desta categoria visou identificar o conceito

que o professor tinha do termo Sustentabilidade, as respostas apontaram para

o uso consciente dos recursos naturais, com o intuito de atender também as

gerações futuras, passando pela questão do consumismo, do tratamento ou

minimização da geração de lixo, da crise hídrica, dentre outras com variação

no grau de abordagem, destaca-se nesta unidade de análise a seguinte

conceituação:

Utilização de recursos (naturais) de forma consciente, apoiada na

reutilização como instrumento para eliminar ou minimizar a

degradação ambiental (P6).

4.2 CATEGORIA 2 - Inserção da temática da Sustentabilidade nas aulas e

no cotidiano dos entrevistados

Nesta categoria, a abordagem teve o intuito de perceber a presença de práticas

sustentáveis no cotidiano escolar, no extraclasse do professor e no

64

apontamento de temáticas que na opinião dele podem integrar o Ensino de

Química e a Sustentabilidade.

Quanto a rotina fora da sala de aula, dos 10 entrevistados 7 deles tiveram

grande dificuldade em apresentar uma única prática ambientalmente correta,

os demais citaram com naturalidade e com um caráter bem afirmativo as

práticas sustentáveis que são frequentes no seu dia-a-dia, como o uso de

materiais recicláveis, a reutilização do óleo de cozinha na fabricação de sabão

em barra, o descarte sustentável de pilhas e baterias, a separação de materiais

para a coleta seletiva, o uso de impressões anteriores como rascunho e a

preocupação com o consumo adequado da água, dentre outras.

Destaque ao entrevistado P8 que responde também por atividades de

educação ambiental na sua cidade, atuando sobretudo com crianças e jovens

no âmbito da maior conscientização sobre a Sustentabilidade.

No que diz respeito a prática de ensino, apenas um dos entrevistados afirmou

que não ensina conteúdos vinculados a Sustentabilidade em suas aulas, com

a seguinte justificativa:

São só duas aulas por semana. Temos uma carga horária muito

pequena, isto não permite que façamos a inserção de outros temas

as aulas de química pois o conteúdo a lecionar é muito extenso (P5).

Os demais professores afirmaram que utilizam a temática da Sustentabilidade

no ensino de Química e observou-se que o maior número de citações foi

apresentado pelos entrevistados P6, P8 e P10.

O gráfico 2 a seguir apresenta o percentual de citações de temas trabalhados

em sala de aula pelos docentes durante a entrevista:

65

Gráfico 2 - Inserção de temas vinculados a Sustentabilidade nas aulas de

Química

Fonte: Dados coletados durante a pesquisa

4.3 CATEGORIA 3 - Dificuldades pedagógicas e estruturais apontadas

para a inserção da temática da Sustentabilidade nas aulas de Química do

Ensino Médio

A proposta desta categoria foi identificar as dificuldades pedagógicas e

estruturais apontadas pelos entrevistados para a inserção da temática da

Sustentabilidade nas aulas de Química do Ensino Médio.

A nível estrutural, a observação mais contundente foi a ausência ou as

péssimas condições dos laboratórios de química, poucos reagentes, faltam

vidrarias diversas, as condições de segurança laboratorial são precárias,

colocando em risco o professor e o aluno, assim a opção de quase a totalidade

é de se abster das aulas laboratoriais tradicionais.

66

Isto condiz com dados do INEP em pesquisa realizada em 2014, onde

constatou-se que das 188.673 escolas pelos país apenas 11 % delas

apresentavam laboratório para atividades científicas, em Minas Gerais a

realidade é muito próxima da média nacional com apenas 13% das escolas

contempladas (INEP, 2015).

Consolidando a análise destes dados, os professores apontaram que a

precariedade das condições para aulas laboratoriais é um dos grandes fatores

que reduzem a maior aplicação da temática da Sustentabilidade nas suas

práticas de ensino, sendo urgente o maior investimento do Estado na criação

destes espaços de construção do conhecimento científico dentro das escolas.

No enfrentamento destas dificuldades estruturais observou-se algumas

estratégias bem interessantes dos professores, por exemplo, um dos docentes

citou numa de suas respostas:

Procuro sempre que posso utilizar materiais alternativos em minhas

experiências durante as aulas, uma de minhas vidrarias é feita a

partir da reutilização de uma garrafa PET, já uso ela a mais de três

anos (P10).

Outra estratégia muito utilizada no enfrentamento das dificuldades estruturais

são os chamados projetos, que geralmente são feitos fora do ambiente

tradicional da sala de aula:

Trabalhei com eles a questão do lixo gerado na compra dos fármacos

e no preparo de alimentos, passando pelo desperdício, reutilização

e uso sustentável em projetos desenvolvidos fora da sala de aula

(P2).

Em relação ao uso de computadores e a presença de uma internet de

qualidade, os entrevistados afirmaram ter na escola a disponibilização de tais

recursos, o que propicia, quando necessário, a pesquisa de informações

relativas às temáticas de Sustentabilidade para serem utilizadas nas aulas de

química. Entretanto, tais conteúdos geralmente são encontrados em sites

distintos, o que acarreta um maior tempo dispensado na procura de tais

materiais para o uso didático.

67

A ausência de redes wi-fi também é uma deficiência apontada, o que inibe a

maior utilização de recursos na forma online em sala de aula. Para utilizar

conteúdos oriundos de tais fontes é preciso fazer o download dos arquivos a

priori, a impressão dos mesmos ou a utilização de modem em sala de aula.

Todos os entrevistados apontaram como maior dificuldade pedagógica para a

inserção da temática da sustentabilidade o tamanho e a composição do

currículo de química da rede estadual de Minas Gerais, inapropriado para a

carga horária. Entendem que é viável tal abordagem ambiental, mas haveria

aí uma necessidade de recursos didáticos que facilitassem esta

implementação, além de estudos de forma a tornar o currículo mais enxuto

sem perder os objetivos apregoados para a educação brasileira:

[...] superar a “superlotação” do currículo tradicional, demasiadamente

inchado de conteúdos muitas vezes inexpressivos do ponto de vista

da vida concreta dos educandos fora da escola. Daí a ênfase na

aquisição das competências e habilidades básicas para o cidadão

viver plenamente nas dimensões pessoal, civil e profissional

(PEREIRA, 2003, 2000, p.25).

No atual momento como houve uma mudança de governo em Minas Gerais, a

Secretaria de Educação deixou de seguir o modelo adotado durante o

Reinventando o Ensino Médio, já que o programa como um todo foi encerrado,

retornou-se ao conteúdo programático anterior, Proposta Curricular – CBC

Plano curricular do Ensino Médio - versão 2007, por isto, acredita-se que a

próxima matriz curricular apresentará mudanças significativas, inclusive no que

tange a inserção de forma mais incisiva da temática da Sustentabilidade.

Nesta direção, é importante relatar que também o Ministério da Educação

(MEC) lançou no segundo semestre de 2015 a Base Nacional Comum

Curricular (BNC) que visa estabelecer os conhecimentos essenciais para todos

os estudantes brasileiros, estabelecendo a forma de acesso e da apropriação

pelo discente durante a sua trajetória escolar na educação básica.

No caso da química, espera-se, por exemplo, que um aluno seja capaz de:

[...] investigar questões relacionadas, por exemplo, ao lixo, à poluição

dos rios e lagos urbanos, à qualidade do ar de sua cidade, os/as

estudantes terão oportunidade de elaborar seus conhecimentos,

68

formulando respostas que envolvem aspectos sociais, econômicos,

políticos, entre outros, exercendo, desse modo, sua cidadania (BNC,

2015).

Neste momento, vivenciamos o período de debate público da proposta

preliminar para o BNC, a partir do portal disponibilizado pelo MEC para esta

consulta junto a sociedade.

A construção de uma base comum curricular integra o PNE, sancionado em

2014 pela presidenta Dilma Rousseff.

Outro destaque em relação as dificuldades pedagógicas, foi citada pelos

professores P2, P6 e P10, trata da fragmentação dos projetos nas escolas

voltados para temáticas ambientais e a ausência de uma maior

interdisciplinaridade.

É tudo muito fragmentado, não há interdisciplinaridade efetiva, é

cada professor com a sua ideia e as suas práticas, não acredito no

sucesso na “mudança de cultura” quanto a sustentabilidade sem o

caráter da contextualização e multidisciplinar presente (P10).

4.4 CATEGORIA 4 - Recursos didáticos utilizados pelos entrevistados e a

Sustentabilidade

Em relação ao material didático, foi consensual entre os entrevistados que os

livros utilizados neste triênio apresentam conteúdos relativos a temática da

Sustentabilidade, mas na análise dos entrevistados o volume é muito aquém

do que poderia ser utilizado nas aulas de química, em muitos deles são breves

citações ou tentativas mui tênues de gerar aspectos interdisciplinares, sem um

aprofundamento dos temas propostos.

Quando se fala da abordagem da questão da Sustentabilidade nos livros

didáticos de Química, percebe-se uma maior eficiência na prática de ensino

quando o foco nas problemáticas ambientais locais é utilizado como um

importante instrumento capaz de potencializar o Desenvolvimento Local:

69

Para que seja possível diminuir os impactos provocados pelo próprio

ser humano, a apresentação de situações locais mostra-se como

outro meio importante na medida em que contribui para o

desenvolvimento da capacidade de avaliação dos indivíduos dentro

de seu próprio contexto, além de oferecer maior possibilidade de ação

(DIAS-CASSIANO; ECHEVERRÍA, 2012, p.228).

Quando os sujeitos da pesquisa querem fazer um aprofundamento em

determinado conteúdo vinculado a Sustentabilidade, afirmaram que usam

outros livros didáticos, que apresentam conteúdos com melhor qualidade, além

de vídeos, softwares, aplicativos, sites, artigos científicos, notícias extraídas de

fontes fidedignas ou até mesmo os chamados livros paradidáticos.

[...]passo vídeos do Youtube, acesso sites e imprimo aquilo que eu

possa trabalhar em sala de aula com os meus alunos dentro deste

tema (P6).

Quanto as sugestões do meio pelo qual os materiais de capacitação poderiam

ser disponibilizados para os professores, o gráfico 2 indica as opiniões

coletadas, tendo o site como a opção mais escolhida:

Gráfico 3 – Meio de Capacitação mais adequado para os entrevistados

Fonte: Dados coletados durante a pesquisa

4.5 CATEGORIA 5 - Conhecimento dos entrevistados sobre a Química

Verde

70 %

20 %

5 % 5 %

Meio de Capacitação mais adequado

Site

Cartilha Eletrônica

Aplicativos

Cartilha impressa

70

Nenhum dos entrevistados apresentou conhecimento específico sobre a

Química Verde, expressaram opiniões diversas do que acreditavam ser,

sempre atrelando a Química a preservação ambiental.

Após a pergunta, foi apresentado a todos o conceito de Química Verde em

conformidade com o estabelecido pela IUPAC, traduzido como, "a invenção,

desenvolvimento e aplicação de produtos e processos químicos para reduzir ou

eliminar o uso e a geração de substâncias perigosas" (TUNDO et al., 2000,

p.1210).

Além dos 12 princípios que regem a Química Verde conforme Anastas e Warner

(1998, p.30 apud SILVA; LACERDA; JONES JUNIOR, 2005):

• é melhor prevenir que tratar ou limpar resíduos de processos

químicos depois de formados; • métodos sintéticos devem ser projetados para maximizar a

incorporação de toda a massa dos reagentes no produto. • sempre que forem viáveis, as metodologias sintéticas devem

usar e gerar substâncias o menos tóxicas possíveis à vida

humana e ao ambiente; os produtos químicos devem ser

projetados de forma a ter maior eficiência no cumprimento de

seus objetivos, com menor toxidez; • o uso de outras substâncias durante o processo (ex. solventes,

agentes de separação, etc) deve, sempre que possível, ser

desnecessário ou inofensivo quando usado; • as exigências energéticas devem ser reconhecidas por seus

impactos ambientais e econômicos e precisam ser

minimizadas. Métodos sintéticos devem, sempre que possível,

ser conduzidos em temperatura e pressão ambientes; • a matéria-prima deve ser proveniente de fontes inesgotáveis; • deve-se desenhar a metodologia de modo a não precisar de

derivatizações como grupos de proteção; • reagentes catalíticos são sempre superiores a

reagentes estequiométricos; • os produtos químicos devem ser desenhados de maneira tal

que, depois de terem sido usados, eles não persistam no

ambiente e que seus produtos de degradação sejam inócuos; • métodos analíticos devem ser desenvolvidos para monitorar o

processo em tempo real controlando, a priori, a formação de

substâncias perigosas e • as substâncias e a forma como são usadas no processo

químico devem minimizar o potencial de acidentes.

Todos os entrevistados demonstraram interesse em obter mais informações

sobre a chamada Química Verde, pois entenderam que a inserção desta

71

temática nas aulas de química poderá agregar atratividade aos conceitos

apresentados aos alunos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base na análise dos dados, percebe-se que os professores entrevistados

não foram capacitados durante a graduação para a possibilidade da inserção

da temática da Sustentabilidade nas aulas de Química. Na média, apresentam

razoável conhecimento sobre a importância do tema desta pesquisa, mas

focando sobretudo em exemplos de atitudes sustentáveis, com certa

dificuldade na elaboração de um conceito de Sustentabilidade, como retrato

disto, verificou-se que os sujeitos da pesquisa optam em ministrar de forma

esporádica tais questões em sala de aula.

A maior parte dos docentes entrevistados não apresentam práticas

sustentáveis no ambiente fora da sala de aula, acredita-se por serem frutos de

uma educação que quando trabalhou a questão ambiental sempre a fez de uma

maneira superficial, sem o devido interesse de propiciar uma mudança de

conceitos, não tendo como objetivo a maior conscientização do aluno a respeito

da Sustentabilidade.

Nas dificuldades relacionadas as questões estruturais, destaca-se a limitação

de atividades práticas em laboratórios científicos devido à ausência ou diante

da fragilidade destas dependências nas escolas em que atuam os docentes,

por outro lado, em relação aos recursos vinculados a informática, passando

pelo acesso à internet, detectou-se aí ambiente apto na busca do conhecimento

pelos professores, faltando apenas a presença de rede wi-fi para uma melhor

aplicação dos conteúdos vinculados a Sustentabilidade no ensino de Química

em sala de aula.

Em relação ao material didático, detectou-se a necessidade de melhorar o

acesso dos professores aos conteúdos que tratam da Sustentabilidade, o ato

de buscar tais materiais é muito dispendioso de tempo, pois geralmente são

72

usadas fontes de consulta distintas, tal recurso é adotado pelos docentes

devido à ausência de conteúdos satisfatórios que tratam da Sustentabilidade

nos livros didáticos adotados.

Quanto ao conhecimento sobre Química Verde, ficou evidenciado que eles

desconheciam o conceito, mas que apresentam interesse em conhecer melhor

os seus princípios e a viabilidade de aplicá-los no ensino de química no Ensino

Médio.

Pesquisou-se também junto aos docentes, qual deveria ser a forma de

disponibilização de um material de capacitação para a inserção da

sustentabilidade nas aulas de química, a opção escolhida por 70% dos

entrevistados foi a criação de um site que reunisse este conteúdo.

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75

3. CAPÍTULO 3: QUÍMICA & SUSTENTABILIDADE – INOVAÇÃO NO

ENSINO DE QUÍMICA – PROPOSTA PARA A CONSTRUÇÃO DE UM

WEBSITE QUE FACILITE A INSERÇÃO DA TEMÁTICA DA

SUSTENTABILIDADE NAS AULAS DE QUÍMICA DO ENSINO MÉDIO

CHEMICAL & SUSTAINABILITY - INNOVATION IN CHEMICAL

TEACHING - PROPOSAL FOR THE CONSTRUCTION OF A WEBSITE THAT

FACILITATE THE INSERT THEME SUSTAINABILITY IN HIGH SCHOOL

CHEMISTRY LESSONS

SILVA JUNIOR, Edward Aredes1

QUARESMA, Adilene Gonçalves2

RESUMO

Este artigo apresenta uma descrição do produto técnico que é fruto da pesquisa realizada

no programa de Pós-graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local

do Centro Universitário Una, que teve como cerne a investigação das Práticas

educativas para a inclusão da temática da sustentabilidade no Ensino Médio da rede

pública estadual na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Objetivou-se desenvolver

um material didático em mídia eletrônica, no formato de um website, que propicie

efetivamente a construção de práticas sustentáveis a partir das aulas de Química. No

referencial teórico é tratada a relação do ensino de Química com a Sustentabilidade e

com o uso de Novas Tecnologias, pois entende-se que esta tríade apresenta potencial

para atuar como ferramenta educacional, com capacidade de dar sentido, promover o

interesse e a participação dos alunos nas aulas de Química e contribuir, também, para a

compreensão do potencial do Ensino de Química para o Desenvolvimento Local. O

artigo apresenta uma síntese do website, com a apresentação de sua estrutura e conteúdo

a ser trabalhado junto aos alunos do Ensino Médio.

Palavras-Chave: Ensino Médio. Ensino de Química. Sustentabilidade.

Desenvolvimento Local.

___________________

1 Mestrando no Programa de Pós-Graduação Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA), graduado em Química (DQ/UFMG) e professor da Fundação Helena Antipoff/ESSA. @ - [email protected]

2 Doutora em Educação, Conhecimento e Inclusão Social (Faculdade de Educação/UFMG) e professora no Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local (Centro Universitário UNA). @ - [email protected]

76

ABSTRACT

This article presents a description of the technical product that is the result of research

conducted at the Post Graduate Studies Program in Social Management, Education and

Local Development Center University Una, which had as its focus, research of

educational practices for the inclusion of the sustainability theme in public schools in

the metropolitan area of Belo Horizonte. The objective was to develop a teaching

material in electronic media, in the form of a website, effectively to building sustainable

practices in chemistry teaching. In theoretical referential is treated the teaching of

chemistry, sustainability, the use of new technologies, it is understood that this triad has

the potential to act as an educational tool, capable of making sense, promote interest

and participation of Students in chemistry class and contribute also to the understanding

of the potential the discipline Chemistry for Local Development. The article presents

an overview of the website with the presentation of its structure and content to be

worked with the students of high school.

Keywords: High school. Chemistry Teaching. Sustainability. Local development.

77

INTRODUÇÃO

O Ensino Médio é atualmente a etapa da educação básica que apresenta os

piores resultados em relação a evasão escolar e o desempenho dos seus

estudantes no Brasil. Há um conjunto de fatores que contribuem para tal

situação, dentre eles destacam-se, o frequente distanciamento dos conteúdos

tratados da realidade vivida pelos alunos, a falta de capacitação dos

professores para inovar a práxis docente na busca de tornar as aulas mais

atrativas, a utilização de materiais didáticos embasados no modelo

extremamente conteudista e não interdisciplinar.

[...] quando analisamos a trajetória do ensino de química verificamos

que, ao longo dos tempos, muitos alunos vêm demonstrando

dificuldades em aprender. Na maioria das vezes, não percebem o

significado ou a validade do que estudam. Usualmente os conteúdos

parecem ser trabalhados de forma descontextualizada, tornando-se

distantes, assépticos e difíceis, não despertando o interesse e a

motivação dos alunos (NUNES e ADORNI, 2010, p.2).

Diante deste contexto, o ensino de química também tem sido tema de

pesquisas que analisam as variáveis que trazem dificuldades de aprendizagem

aos alunos e que visam a proposição de inovações que tornem as aulas mais

interessantes com foco na obtenção do desenvolvimento educacional

esperado nesta etapa da educação básica.

Tem sido frequente, nos últimos anos, a discussão das políticas

educacionais, das práticas docentes e dos problemas do baixo

rendimento escolar no Brasil e vários documentos têm sido

elaborados visando à melhoria do ensino como um todo, o que inclui

a Química. Em função, principalmente, da evolução no número de

matrículas no Ensino Médio e do desenvolvimento das tecnologias de

comunicação e de informação, considera-se que o papel do professor

e da escola é mais amplo do que era há algumas décadas

(QUADROS et al.,2011, p.162)

Atrelar o ensino de química à temática da Sustentabilidade, por exemplo, é

umas das formas de aproximar a realidade do discente do conhecimento

científico prático e teórico, aguçando a sua reflexão sobre o meio ambiente e a

percepção quanto a sua relação inclusive com o Desenvolvimento Local de sua

comunidade.

78

Este artigo apresenta uma proposta de um material didático, na forma de

website, elaborado para ser utilizado na capacitação de docentes e/ou servir de

subsídio para que os professores de química possam trabalhar a temática da

Sustentabilidade em suas aulas no Ensino Médio. O material didático proposto

é um produto técnico oriundo da pesquisa realizada no Programa de Mestrado

Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, do Centro

Universitário UNA, linha de pesquisa Educação e Desenvolvimento Local,

intitulada “Práticas Educativas de inclusão da temática da Sustentabilidade nas

aulas de Química do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de MG”. O

objetivo geral da pesquisa foi analisar as propostas que inserem a temática da

Sustentabilidade na prática dos docentes de Química tendo em vista o

desenvolvimento de contribuição técnica na área de educação voltada ao

Desenvolvimento Local com características de inovação social.

Este artigo atende um dos objetivos específicos da pesquisa, que era

desenvolver um material didático em mídia eletrônica (cartilha, site e/ou

aplicativo) que propicie efetivamente a construção de práticas sustentáveis a

partir das aulas de Química.

1. DISCUSSÃO TEÓRICA

Ao propor a interseção entre o ensino de química e a temática da

Sustentabilidade permite-se a construção de uma prática educacional capaz de

oportunizar o Desenvolvimento Local.

Um dos principais obstáculos para levarmos o ensino de Química nesta direção

é a formação inicial do docente, a questão ambiental é abordada geralmente

de forma esporádica, sem uma preocupação efetiva em motivar o professor

para a utilização desta abordagem em suas aulas, além disto, quando citadas

limitam-se as questões meramente corretivas.

[...] argumentamos sobre a necessidade de maior preparação dos

professores para trabalharem as questões ambientais, seja na

formação inicial ou continuada, fornecendo subsídios para que

compreendam e reconheçam a importância dessa temática e sintam

a necessidade de desenvolvê-la em suas aulas (LEITE, 2011, p.4).

79

Diante deste quadro, uma das formas de atacar este problema passa pela

construção de um material didático capaz de auxiliar o professor na sua prática

educacional, que sugira estratégias que o motive a trabalhar a temática

ambiental no seu percurso como docente, ou seja, que propicie um espaço

adequado para uma inovação educacional.

Inovação é algo aberto, capaz de adotar múltiplas formas e

significados, associados com o contexto no qual se insere. Destaca-

se, igualmente, que a inovação não é um fim em si mesma, mas um

meio para transformar os sistemas educacionais (MESSINA, 2001,

p. 226).

A inclusão das novas tecnologias na educação básica é um dos caminhos

pesquisados para a chamada inovação educacional que o Ensino Médio tanto

necessita, entretanto, tal ação apresenta complexidade pois “condicionam a

reorganização dos currículos, dos modos de gestão e das metodologias

utilizadas na prática educacional” (KENSKI, 2004, p.92).

Portanto, temos que pensar num currículo inovador, que permita a inserção da

Sustentabilidade no ensino de Química, sem ocasionar a perda de parte do

conhecimento científico esperado do aluno, pelo contrário, com o interesse

intrínseco de aprimorá-lo com as demandas ambientais, inegavelmente

necessárias à sua formação, inclusive como cidadão ativo em sua

comunidade, tendo as novas tecnologias como ferramenta presente nesta

elaboração.

1.1 Novas tecnologias e o ensino de Química

Ao abordamos as tecnologias educacionais, é importante destacar que elas

existem desde a sistematização da educação e atualmente, ainda é utilizada a

tecnologia do giz, da lousa, dos livros didáticos, entretanto há inovações neste

contexto. Destaca-se que um dos maiores desafios atuais é utilizar as

tecnologias de informação e comunicação tais como a internet, a televisão, o

rádio, os softwares nos processos educativos (MÂCEDO, 2013).

80

Quando se fala em novas tecnologias na educação, o termo mais usual para

designar os avanços tecnológicos é Tecnologias da Informação e Comunicação

(TICs), tal conceito diz respeito:

[...] aos procedimentos, métodos e equipamentos usados para

processar a informação e comunicá-la aos interessados. As TICs

agilizaram o conteúdo da comunicação, através da digitalização e da

comunicação em redes (Internet) para a captação, transmissão e

distribuição das informações, que podem assumir a forma de texto,

imagem estática, vídeo ou som (CORREIA; SANTOS, 2013, p.5).

O uso de TICs no ensino de Química atrelado a temática social possibilita o

rompimento com um modelo ultrapassado onde os docentes “apropriam do

discurso científico e organizam a sua aula em torno de conceitos, fazendo

pouca relação entre os diferentes conceitos, destes com os outros campos do

saber [...]“ (QUADROS; MORTIMER, 2014, p.261).

Além disto, os alunos apresentam uma maior motivação e entusiasmo quando

o professor utiliza recursos digitais dentro do seu método de ensino, sendo

função do docente estabelecer estratégias que efetivem a aprendizagem,

tornando, por exemplo, a Internet como uma aliada na construção do

conhecimento pelo discente (PIRES, 2007).

A construção de um website ou site é uma das formas de atrelar o ensino de

química às TICs, pois possibilita a reunião de uma gama de conteúdos que

podem ser localizados com maior facilidade e agilidade por estarem reunidos

num determinado endereço eletrônico.

Quanto à navegação, os sites partem de uma homepage ou página principal,

que funciona como um ponto de partida para as demais páginas. A

comunicação com o autor da página é feita geralmente via e-mail ou

formulários. Há a possibilidade de disponibilizar vídeos, imagens, arquivos,

slides, dentre outras formas de mídias digitais (BOSSLER; CALDEIRA;

VENTURELLI, 2011)

81

1.2 Sustentabilidade e o ensino de Química

A inserção da temática da Sustentabilidade como um eixo norteador dentro do

ensino de química é dotada de inúmeros avanços, tal viés possibilita uma maior

conscientização do aluno sobre o seu papel em relação ao nosso meio

ambiente, na direção de uma formação cidadã, não somente analisando as

causas e efeitos, numa visão meramente reativa, mas sendo capaz de

propiciar uma maior reflexão sobre as suas práticas visando torná-las

sustentáveis, que trazem ganhos inclusive para o Desenvolvimento Local.

A abordagem da Sustentabilidade junto às práticas de ensino da Química

permite uma maior aproximação com a realidade, dentro de um novo conceito

de Química Ambiental, ativa, não estática e também socioeducacional,

analisando problemáticas, novas tecnologias, desafios, esgotamento de

recursos e inovações, ou seja, gerando um maior interesse, com a consequente

melhoria na aprendizagem.

Além disto, o ensino de química tem como meta otimizar a compreensão do

aluno/cidadão de qual é o tipo de relação que ele deve ter com o meio ambiente:

A expressão/conceito de Sustentabilidade Ambiental, que deve ser

compreendida também pelos químicos, guarda em seu significado

uma das facetas da relação intrínseca entre os seres humanos e o

meio ambiente: relação de dependência e de responsabilidade

(VIEIRA-SOUZA, 2013, p.23)

Destaca-se também que a Química Verde pode criar uma interseção

significativa entre o ensino de Química e a Sustentabilidade Ambiental. Seus

doze princípios quando aplicados tanto no ambiente escolar, industrial ou de

pesquisa, possibilitam a formação de um pensar mais próximo daquele que

necessitamos diante dos desafios ambientais que a humanidade enfrentará,

com ênfase em três pontos:

[...] o uso de fontes renováveis ou recicladas de matéria-prima;

aumento da eficiência de energia, ou a utilização de menos energia

para produzir a mesma ou maior quantidade de produto; evitar o uso

de substâncias persistentes, bioacumulativas e tóxicas (LENARDAO

et al, 2003, p.124).

82

Diante do exposto, a proposta desta pesquisa consiste na construção de um

material didático que propicie a interação do ensino de Química e da

Sustentabilidade Ambiental tendo o uso de novas tecnologias como catalisador

na construção de novos conhecimentos que propiciem o Desenvolvimento

Local.

2. APRESENTAÇÃO DO PRODUTO TÉCNICO

Este trabalho teve como objetivo desenvolver um material didático em mídia

eletrônica, no formato de um website, que propicie efetivamente a construção

de práticas sustentáveis a partir das aulas de Química.

A pesquisa permitiu identificar que a disponibilização do material didático

através de um website atenderia três aspectos primordiais dentro da proposta

– acessibilidade ao conteúdo através da internet em computadores ou

celulares, permitir a utilização direta do próprio aluno tendo o professor como

mediador e reunir conteúdos múltiplos relacionados à Sustentabilidade

Ambiental tendo como partida um mesmo local, no caso denominado por um

endereço eletrônico.

O nome dado ao website foi Química & Sustentabilidade – Inovação no Ensino

de Química (QS), para isto foi adquirido o respectivo domínio com endereço

eletrônico http//:www.quimicaesustentabilidade.com.

O website QS apresenta uma página inicial (Figura 2) com direcionamento para

as subpáginas por barramento superior (Módulo 1, Módulo 2, Módulo 3,

Química Verde, Legislação Ambiental, Equipe & Contato). Além disto, os

módulos 1, 2, 3 e as informações da Equipe & Contato podem ser acessadas

clicando nos respectivos ícones no centro da página inicial.

Há também na página inicial a disponibilização de links para as redes sociais

dos autores e a possibilidade da assinatura do website QS, cadastrando o e-

mail em formulário disponibilizado no barramento inferior, o que possibilitará o

83

envio de informação ao assinante quando novos conteúdos forem incorporados

ou atualizados.

O cabeçalho da página inicial e o rodapé foram utilizados de forma padronizada

nas subpáginas visando trazer uma melhor estética ao website QS.

Figura 2 – Tela inicial do website Química & Sustentabilidade – Inovação

no Ensino de Química.

Em linhas gerais, os módulos 1, 2 e 3 abordam diferentes temáticas da

Sustentabilidade e as possibilidades de interação direta com o ensino de

Química, agregando as aulas um espectro mais amplo de conhecimentos a

serem adquiridos durante o processo de aprendizagem, o agrupamento foi

realizado seguindo os seguintes critérios:

84

MÓDULO 1: A proposta deste módulo é trabalhar as questões referentes ao

lixo, com as formas de tratamento, passando pelo descarte adequado,

reciclagem e compostagem, além de debater sobre o tempo de degradação dos

materiais em nosso meio-ambiente.

MÓDULO 2: A proposta deste módulo é trabalhar a questão da poluição e do

uso racional da água, além disto há uma discussão sobre fontes de energia

renováveis, uma abordagem sobre a energia nuclear e os riscos ambientais.

MÓDULO 3: A proposta deste módulo é relacionar as questões ambientais com

a mineração e o petróleo, além de outros temas bem atuais no contexto da

Sustentabilidade como: o eco design e a agricultura orgânica.

Na subpágina Legislação Ambiental são disponibilizadas as principais

legislações ambientais no âmbito nacional e internacional, inclusive os

Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável 2016-2030:

Eles são integrados e indivisíveis, e equilibram as três dimensões do

desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental.

Os objetivos e metas estimularão a ação para os próximos 15 anos

em áreas de importância crucial para a humanidade e para o planeta

(ONU,2015).

Em Referências e Dicas são citados os endereços eletrônicos de todas as

mídias que foram incorporadas em cada roteiro de aula, as demais referências

bibliográficas presentes na introdução dos módulos e os links de páginas ou

portais que disponibilizam mais conteúdos que possibilitam a inserção do tema

Sustentabilidade nas aulas de Química.

Já em Equipe & Contato são disponibilizados os dados dos autores da página,

do pesquisador e da orientadora, com informações sobre a formação e atual

atuação profissional, inclusive o Currículo Lattes, além de formulário para

contato para envios de críticas, sugestões ou elogios e demais dados de

contato (endereço, telefone, referência Google Mapas).

No que tange ao conteúdo de cada módulo, eles são divididos em subitens

conforme exposto na Figura 3, ao clicar em cada um dos links no barramento

85

superior é feito o direcionamento para a respectiva proposta de aula para

aquela temática ambiental.

Figura 3 – Subitens dos módulos do website Química & Sustentabilidade

A proposta de aula presente em cada subitem é composta por uma breve

introdução do tema e o roteiro de atividades sugerido, conforme figura 4, com

a utilização de diversos recursos de mídia, incluindo vídeos, games, artigos

científicos, legislação e notícias conforme.

As atividades propostas são diversas, com o intuito de quebrar o engessamento

tão comum em aulas do Ensino Médio, buscou-se a multiplicidade de práticas,

dentre elas destaca-se, a execução de trabalhos de campo, a construção de

tabelas a partir da coleta de dados, a presença de cálculos matemáticos, a

sugestão de consultas de informações junto à prefeitura, a classificação de

materiais, o uso pedagógico dos jogos eletrônicos com foco nas práticas

sustentáveis, o aprendizado sobre as práticas a partir de vídeo-aulas, a mostra

de trabalhos científicos, as pesquisas e entrevistas junto à comunidade sobre

temáticas ambientais, o projeto e a instalação de coletores de pilhas e baterias

comunitários, a análise e proposta de criação de legislações ambientais, a

86

leitura de artigos científicos e notícias, a discussão e a criação de uma Agenda

21 Local, a construção de objetos a partir de materiais alternativos (reciclagem),

a visita a associação de catadores, o dia de plantio de mudas, a elaboração de

palestras dos alunos do Ensino Médio para as turmas do ensino fundamental,

os experimentos químicos diversos, o uso de simuladores, a aplicação de

questionários, a simulação de seminário de mudanças climáticas, a análise de

preceitos ambientais na gestão da escola, a coleta de água para análise

química, debates sobre as fontes renováveis de energia, a elaboração de

pequenos textos e artigos científicos, visitas técnicas a empresas do segmento

da mineração e petróleo, dentre outros roteiros propostos.

A expectativa neste projeto é propiciar ao alunado de química a construção de

um conhecimento que possibilite a atuação significativa como agente de

transformação da comunidade onde vivem, contextualizando os debates,

discutindo, por exemplo, a questão do lixo, do seu manejo e descarte

adequados, da agricultura orgânica, da poluição das águas e o uso das fontes

renováveis, aquilo que é aprendido necessita ter um significado e quanto mais

próximo for da realidade do aluno mais interesse propiciará as aulas.

Muitos alunos demonstram dificuldades no aprendizado de química.

Na maioria das vezes, não conseguem perceber o significado ou a

importância do que estudam. Os conteúdos são trabalhados de forma

descontextualizada, tornando-se distantes da realidade e difíceis de

compreender, não despertando o interesse e a motivação dos alunos

(PONTES et al., 2008, p.1).

O conteúdo dos módulos na íntegra estão disponibilizados no APÊNDICE C –

CONTEÚDO DOS MÓDULOS DE AULA.

87

Figura 4 – Modelo de estrutura e disposição de conteúdo nos subitens dos

módulos.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A proposta de inserção da temática da Sustentabilidade nas aulas de Química

mostrou-se como uma alternativa capaz de gerar avanços significativos na

construção do conhecimento, aproximando o aluno de uma ciência outrora

estigmatizada por um caráter abstrato e distante da realidade, inovando ao

88

tratar de assuntos ligados ao tempo, espaço, noticiários ou em discussões que

envolvem o próprio território do discente.

Destaca-se neste produto técnico o caráter facilitador do trabalho do docente,

principalmente em dois aspectos – tempo e multiplicidade - pois permite o

encontro de um conteúdo diversificado nas temáticas ambientais, com

módulos dotados de uma de uma sugestão de roteiro para a aula, aplicável em

atividades em classe, no laboratório, em casa, nas visitas técnicas ou em

atividades de campo.

Desta forma esta pesquisa permitiu a criação de uma ferramenta educacional

apta a subsidiar o Desenvolvimento Local a partir de inovações educacionais

nas aulas de química do Ensino Médio na rede pública estadual de Minas

Gerais.

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90

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se como fruto desta dissertação que a temática da Sustentabilidade

pode ser inserida efetivamente nas aulas de química, com o intuito de tornar as

aulas mais interativas, contextualizadas e motivadoras, apresentando conteúdo

capaz de capacitar o aluno de forma apropriada no aspecto ambiental/químico,

inclusive para atuar no desenvolvimento local.

Evidenciou-se pela pesquisa que os pesquisadores e a própria legislação

educacional brasileira defendem a aproximação do ensino de química da

questão ambiental, mas também ficou claro, que os cursos de licenciatura, nos

moldes atuais não apresentam uma maior preocupação neste sentido. Quando

são feitas as abordagens nesta temática se limitam às questões corretivas,

teóricas e distante de um debate socioambiental capaz de gerar transformação

real numa comunidade.

Observou-se que a formação acadêmica do licenciado em Química é muito

distante da temática da Sustentabilidade, por isto torna-se imprescindível criar

oportunidades de maior acesso de tais conteúdos aos professores.

Notou-se também que o currículo do ensino médio precisa ser repensado, uma

aproximação com a realidade do aluno é urgente, espera-se que a discussão

apresentada nesta pesquisa aponte caminhos nesta direção.

Quanto a estrutura das escolas, percebeu-se que o uso das TICs pode

contribuir no sentido de minimizar os prejuízos oriundos da baixa qualidade ou

ausência dos laboratórios científicos nas dependências escolares.

A partir da elaboração do produto técnico, no formato de um website, escolha

da maior parte dos professores entrevistados, atendeu-se uma demanda da

pesquisa que consistia num material didático para ser utilizado pelos

professores, no preparo das suas aulas, num local único, abordando a

Sustentabilidade e o ensino de Química, além de permitir a utilização direta

pelos alunos com a mediação dos docentes.

91

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97

APÊNDICE

Apêndice A - PAUTA PARA ENTREVISTA COM PROFESSORES DE QUÍMICA

DO EM DA REDE PÚBLICA ESTADUAL

PAUTA PARA ENTREVISTA COM PROFESSORES DE QUÍMICA DO ENSINO

MÉDIO DA REDE PÚBLICA ESTADUAL

CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

Programa de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e

Desenvolvimento Local

PROJETO: PRÁTICAS EDUCATIVAS DE INCLUSÃO DA TEMÁTICA DA

SUSTENTABILIDADE NAS AULAS DE QUÍMICA DO ENSINO MÉDIO DA

REDE PÚBLICA ESTADUAL

Dados do professor participante desta pesquisa:

Nome: _________________________________________________________

Formação/Instituição: _____________________________________________

Escola atual: ____________________________________________________

Leciona a quanto tempo: __________________________________________

Apresentação oral do entrevistador, do seu projeto e do entrevistado:

Questões:

1. Você estudou a temática da Sustentabilidade na matriz curricular do

ensino superior?

2. Você insere diretamente a temática da Sustentabilidade em suas aulas?

Se sim, de que forma?

3. Você aplica no seu cotidiano práticas sustentáveis no âmbito ambiental?

98

4. Existem dificuldades pedagógicas para a inserção da temática da

Sustentabilidade nas aulas de Química do ensino médio?

5. Quais as dificuldades estruturais para a inserção da temática da

Sustentabilidade nas aulas de Química do ensino médio?

6. Os materiais didáticos que você utiliza apresentam um volume de

conteúdos vinculado a Sustentabilidade para o desenvolvimento

satisfatório dessa temática em sala de aula?

7. O que você sabe sobre a chamada Química Verde?

8. Que tipo de recurso didático em mídia impressa ou digital, você acredita,

te ajudaria a incluir a temática da Sustentabilidade nas suas aulas de

Química?

9. Cite exemplos de práticas que poderiam envolver a Sustentabilidade e o

ensino de Química?

10. Faça uma síntese do seu conceito de Sustentabilidade.

99

APÊNDICE B - PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

100

101

102

Apêndice C – CONTEÚDO DOS MÓDULOS DE AULA

1.Lixo Residencial

Temos uma crescente geração de lixo, sendo um dos principais problemas da nossa sociedade. Diante disto não faltam indagações, debates e estudos. Como devo manejá-lo? Como reduzir a produção de resíduos e descartes diante de tanto consumismo?

Em quase todo o Brasil, ainda temos enormes deficiências ou total ausência de procedimentos no que se refere à coleta seletiva e a reciclagem do nosso lixo, seja ele residencial ou industrial.

Observamos que a nossa população em geral não apresenta uma percepção correta sobre a quantidade de lixo que geramos e necessita em muito ser conscientizada sobre os efeitos sobre o meio-ambiente de um descarte inadequado.

Roteiro

IMPORTANTE: Obrigatório o uso de luvas.

1. Durante 48 horas deposite o lixo gerado em sua residência em sacos de lixo identificados como orgânico, metal, papel, plástico, vidro e diversos, em seguida através de um balança registre a massa (Kg) de cada tipo de material.

2. Após o termino deste período construa uma tabela contendo o material coletado e a massa (Kg) respectiva de cada um deles.

3. Qual foi a massa total de lixo gerada (Kg/dia) na sua residência? Calcule a quantidade média de lixo gerada por pessoa (Kg/pessoa).

4. Como os materiais classificados no item 1 podem ser reaproveitados? Há processos químicos envolvidos?

5. Qual o percentual de material que poderia ser reaproveitado?

6. Informe-se junto à prefeitura o total de lixo gerado em sua cidade por dia?

7. Estimel a quantidade diária de lixo gerada por pessoa na sua cidade?

8. Jogue agora o game da Sustentabilidade - Memória e Reciclagem e aprimore os seus conhecimentos.

103

2. Compostagem

A compostagem é a "reciclagem dos resíduos orgânicos": é uma técnica que permite a transformação de restos orgânicos (sobras de frutas e legumes e alimentos em geral, podas de jardim, trapos de tecido, serragem, etc.) em adubo. É um processo biológico que acelera a decomposição do material orgânico, tendo como produto final o composto orgânico.

A compostagem é uma forma de recuperar os nutrientes dos resíduos orgânicos e levá-los de volta ao ciclo natural, enriquecendo o solo para agricultura ou jardinagem. Além disso, é uma maneira de reduzir o volume de lixo produzido pela sociedade, destinando corretamente um resíduo que se acumularia nos lixões e aterros gerando mau-cheiro e a liberação de gás metano (gás de efeito estufa 23 vezes mais destrutivo que o gás carbônico) e chorume (líquido que contamina o solo e as águas). Hoje, cerca de 55% do lixo produzido no país é composto por resíduos orgânicos, que sofrem o soterramento nos aterros e lixões, impossibilitando sua biodegradação.

Apenas 1,5% dos resíduos orgânicos era reciclado no Brasil em 1999 - na Inglaterra esse índice chega a 28%, 12% nos EUA, e 68% na Índia. Há várias experiências internacionais de recolhimento de resíduos orgânicos para compostagem, com a distribuição gratuita do adubo resultante do processo à população local. Dessa maneira, fica claro para a sociedade que aquele resíduo tem valor, pois retorna aos cidadãos como um benefício que os economiza o dinheiro que empregariam na compra de fertilizantes industrializados.

Referência Bibliográfica: Ministério do Meio Ambiente/Compostagem (Link)

104

Roteiro

1. Assista o vídeo abaixo e repita o mesmo procedimento de compostagem em sua casa.

Este vídeo é fruto do trabalho da Ecomarapendi, uma ONG (organização nãogovernamental) responsável pela Recicloteca (Link). Além do centro de informações de meio ambiente e reciclagem, oferece diagnóstico participativo, estudos de impacto ambiental e de vizinhança, treinamento e capacitação.

Este vídeo está protegido por uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.Link para atribuição de créditos: http://www.recicloteca.org.br/ ?p=5133

2. O composto obtido após 60 dias apresentou características similares ao apresentado no vídeo?

3. Descreva o tipo de fermentação que ocorre na compostagem?

4. Qual a aplicação do composto obtido após a compostagem?

5. De que forma pode-se aproveitar o chorume gerado durante a compostagem e qual a sua composição química?

3. Tempo de degradação de materiais

Ainda necessitamos avançar em muito na destinação e tratamento do nosso lixo, neste sentido, é necessário informar ao cidadão o tempo de degradação dos materiais no nosso meio ambiente, conscientizando quanto às práticas sustentáveis neste contexto.

É importante salientar que o tempo de degradação pode ser influenciado por n-fatores, dentre eles, o pH do ambiente, a temperatura, a umidade ou a presença concomitante com outros materiais, por isto, não se pode esquecer que tais dados são genéricos, podendo sofrer variações de uma tabela informativa para outra, mas isto não elimina a importância deste conhecimento como um instrumento capaz de potencializar o debate a respeito do lixo, pelo contrário,

106

1. A partir da leitura do texto deste tópico, elabore um projeto para a reutilização

de três materiais expostos na tabela acima. Os projetos serão apresentados

aos colegas numa pequena mostra de trabalhos.

2. Na comunidade que você pertence há coletas seletivas?

3. Na sua escola há lixeiras apropriadas para a coleta seletiva? O que

representam as cores nas lixeiras para coletas seletivas?

4.Quais as propriedades físico-químicas poderiam ser utilizadas para classificar

tais materiais?

4. Descarte de Pilhas e Baterias

Falando em tecnologia, é inegável perceber a paixão dos brasileiros pelos

celulares. Hoje, segundo dados da ANATEL, temos quase 300 milhões de

linhas de telefonia móvel no país, além disto, temos o aumento do uso dos

notebooks (também com as suas baterias) em detrimento dos antigos desktops,

por isto o manejo correto de baterias tem sido motivo de debates em nossa

sociedade, estendendo as pilhas usadas em outros recursos tecnológicos, com

a preocupação focada sobretudo no que tange a composição química.

Roteiro:

1. Implantação de posto para coleta de pilhas e baterias de celulares

Faça a leitura dos três textos a seguir:

Texto 1 - TELEFONIA MÓVEL ACESSOS ANATEL (Link)

Texto 2 - GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS CONSTITUÍDOS POR PILHAS E

BATERIAS USADAS (Link)

Texto 3 - LEGISLAÇÃO CONAMA 401/2008 (Link)

2. Implantação de posto para coleta de pilhas e baterias de celulares:

A partir das leituras realizadas elabore um projeto para a implantação de um posto para coleta de pilhas e baterias de celulares na sua comunidade (Justificativa, local, modelo do coletor, destinação final e divulgação).

3.Quais os principais riscos à saúde oriundos do descarte inadequado de pilhas e baterias de celulares?

5. Descarte de Lâmpadas Fluorescentes

As lâmpadas fluorescentes pela presença do mercúrio necessitam de um cuidado especial no seu descarte, pois o manejo inadequado pode trazer sérios prejuízos ao meio ambiente. Com a proibição da importação e produção de lâmpadas incandescentes, as lâmpadas fluorescentes ou eletrônicas serão ainda mais frequentes, tendo agora como concorrente as lâmpadas de LED, mas por um preço ainda não competitivo.

107

ROTEIRO

Descarte de Lâmpadas Fluorescentes

1.Assista o vídeo que trata da reciclagem industrial de lâmpadas fluorescentes:

2. Faça a leitura do texto Lâmpada fluorescente ou eletrônica da FIOCRUZ

(Link).

3. Explique o papel do Mercúrio e do Fósforo no funcionamento das lâmpadas fluorescentes:

4. Quais os riscos ao meio ambiente do descarte incorreto das lâmpadas fluorescentes?

5. Procure junto à direção da sua escola saber como é realizado o descarte de lâmpadas fluorescentes da instituição.

6. Reciclagem de Plásticos

Devido a nossa prática consumista, o descarte dos plásticos tornou-se um dos principais gargalos ambientais da nossa sociedade. A sua utilização em embalagens diversas, nos tubos, sacolas, sacos de lixo, baldes, peças automotivas e garrafas, dentre outras, gera volumes e mais volumes de lixo, com degradação média no meio ambiente por volta de 450 anos. Neste contexto, é essencial a conscientização sobre a sua destinação pós-uso, a redução de sua utilização no nosso dia-a-dia e como fazer a sua reciclagem.

Destacando que todos os plásticos são polímeros, mas nem todo polímero é

plástico.

Roteiro

Plástico e a sua reciclagem

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1. Identifique na tabela abaixo os tipos de plásticos mais utilizados por você no seu dia-a-dia (Indique o código numérico, nome do polímero e o seu monômero).

Fonte: UFPR/Plásticos (Link)

2. Assista os dois vídeos a seguir e construa um texto que discuta a importância da reciclagem de plásticos para a nossa sociedade, uma cópia do texto deverá ser enviada aos vereadores e prefeito como forma de demonstrar a preocupação dos alunos com a questão ambiental.

Vídeo 1 - Sacolinhas Plásticas e os Polímeros

109

Vídeo do Programa criado em 2011 pela Rede Minas em parceria com a Secretaria de Educação de MG. Excelente ferramenta para quem quer se preparar para o ENEM, há importantes dicas de estudos sobre variados assuntos e disciplinas.

Vídeo 2 - Reciclagem de garrafas PET

Vídeo apresentado no Programa Good News RedeTV! O Good News (Link) oferece informação sobre projetos criativos que acontecem pelo país e mostra exemplos de comprometimento com a qualidade de vida e o meio ambiente.

7. Reciclagem do Alumínio

Falou em reciclagem de alumínio, falou em Brasil.

Somos o líder mundial na reciclagem do alumínio, é bem verdade, não por méritos de uma elevada educação ambiental, mas sim por termos na reciclagem do alumínio o sustento de muitas famílias de catadores e demais envolvidos na sua reciclagem, devido ao valor agregado e sua reciclabilidade,

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além de ser uma opção diante do alto custo energético da obtenção do alumínio primário.

Segundo a Associação Brasileira do Alumínio - ABAL, "o alumínio pode ser reciclado tanto a partir de sucatas geradas por produtos de vida útil esgotada, quanto por sobras do processo produtivo. Utensílios domésticos, latas de bebidas, esquadrias de janelas, componentes automotivos, entre outros, podem ser fundidos e empregados novamente na fabricação de novos produtos."

O alumínio obtido a partir da reciclagem é conhecido como alumínio secundário.

Roteiro

Visita a Associação de Catadores local - Entrevista com catadores/coletores de

materiais recicláveis:

1. A atividade realizada pelos coletores de materiais recicláveis é valorizada pela população?

2. Como você vê o papel do seu trabalho na questão ambiental junto a sua comunidade?

3. Qual a massa em Kg coletada de alumínio por semana?

2. Quais os objetos fabricados a partir do alumínio encontrados com maior frequência nas coletas?

3. Quais as características que facilitam a identificação do alumínio?

4. Qual a importância da coleta de materiais na sua vida como geração de

renda?

5. Diferencie o alumínio primário do tipo secundário:

A reciclagem do Alumínio

1.Assista o vídeo que mostra o ciclo de reciclagem de uma lata de alumínio, a partir daí pesquise e indique em quais destas etapas a química exerce papel primordial descrevendo a sua inserção no processo.

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Vídeo institucional da Latasa - maior recicladora de latas de alumínio do Brasil

2. Diferencie o alumínio primário do tipo secundário:

3. Compare as características físico-químicas do alumínio, cobre e aço. A partir destes dados justifique o uso do alumínio na fabricação de cabos.

Fonte: ABAL(Link)

8. Mais Reciclagem

O propósito deste tópico é apresentar mais informações que subsidiem a inserção da discussão da reciclagem de outros materiais - vidro, pneu, filmes de raio-x, isopor, eletrônicos em geral, óleo de cozinha e papel reciclado em casa. Clique na figura abaixo no item que deseja conhecer mais sobre a sua reciclagem. (Link)

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9. Carbono, Vida e Meio Ambiente

O Carbono é um elemento químico que tem papel-chave para os seres

humanos e sua relação com o meio-ambiente. O carbono apresenta 4 elétrons

na camada eletrônica externa, tal condição na sua estrutura atômica propicia a

formação de uma gama de substâncias maior do que os demais elementos. A

característica mais importante do átomo de carbono, que o diferencia de todos

os demais elementos (exceto o silício) e que explica a sua participação na

origem e evolução da vida, é sua capacidade de partilhar elétrons com outros

átomos de carbono para formar ligações carbono-carbono.

Referência: IQ-UFRGS (Link)

Roteiro

A importância do carbono para a nossa vida e o meio ambiente

Neste módulo a proposta é propiciar uma interação entre os alunos do Ensino Médio e do nono ano do ensino fundamental.

1. A turma do Ensino Médio será dividida em grupos que estarão incumbidos de apresentar o vídeo o "Carbono e a Vida" para os alunos do ensino fundamental.

Vídeo extraído do canal Rio+20 Brasil

2. Após a exibição do vídeo será feita uma discussão mediada pelos professores sobre o papel do carbono no nosso dia-a-dia.

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3. A partir de mudas obtidas junto à prefeitura municipal ou alguma ONG, será realizado um dia de plantio de mudas em espaço a ser definido pelas turmas do Ensino Médio e fundamental - as "futuras árvores" receberão como "batismo" uma placa com o nome do aluno que a plantou.

10. Chuva Ácida

Apesar da chuva em equilíbrio com o gás carbônico já ter um caráter ácido, só a chamamos de ácida quando apresenta o seu pH menor que 5,6. O aumento da acidez na chuva ocorre principalmente com o aumento na concentração de dois óxidos - de enxofre e nitrogênio - na atmosfera. Em contato com a água, estes dois óxidos, além do óxido de carbono, são chamados de óxidos ácidos.

Referência: Química Ambiental USP(Link)

Roteiro

Experimento efeitos da chuva ácida "artificial"

1. Assista a prática laboratorial abaixo que simula a chuva ácida:

Vídeo extraído do portal de ensino de química português WWW.qui (Link)

2. Responda as questões abaixo sobre a chuva ácida, use como referências:

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Reportagem da Revista Mundo Estranho - O que é chuva ácida?

http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-e-chuva-acida (Link)

Portal Química Ambiental USP (Link)

a) De que forma a fotossíntese é prejudicada pela ação da chuva ácida?

b) Como explicar que o arquipélago das Bermudas, no Caribe, ou as montanhas amazônicas do sul da Venezuela, onde não há indústrias, sofrem tanto com a chuva ácida?

c) Quais as principais reações químicas envolvidas no fenômeno da chuva

ácida?

d) Explique os efeitos da chuva ácida sobre esculturas, monumentos ou edifícios em termos químicos?

3. Assista o vídeo abaixo do Portal Manual do Mundo e repita o experimento em sua casa ou em sala de aula seguindo orientação do professor, registre o que ocorreu:

11. Catalisador Veicular

Os veículos automotores são dotados de catalisadores ou conversores catalíticos que reduzem a emissão de gases tóxicos ao meio-ambiente através de reações químicas que ocorrem no seu interior a partir da presença dos metais preciosos, sendo eles a Platina, o Paládio ou Ródio.

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Roteiro

1. Por que os catalisadores apresentam valores elevados?

2. Quais as reações químicas ocorrem na passagem do monóxido de carbono e óxidos de nitrogênio pelo catalisador?

3. No interior do catalisador ocorre uma catálise heterogênea, explique este fenômeno químico.

4. Por que os catalisadores apresentam formato de colmeia?

Referência para pesquisa:

FOGAÇA, Jennifer Rocha Vargas. "Conversor Catalítico"; Brasil Escola.

Disponível em<http://www.brasilescola.com/quimica/conversor-catalitico.htm>.

Acesso em 20 de outubro de 2015. (Link) Portal automotivos (Link)

12. Mudanças Climáticas

Nunca se falou tanto de mudanças climáticas, a forma como o nosso clima tem apresentado alterações bruscas, com a presença ou ausência de chuvas nos ditos períodos esperados, além da elevação da temperatura com ondas de calor outrora não percebidas, tem aflorado estas discussões nos debates governamentais, na mídia, nas escolas e até mesmo nas conversas informais do nosso dia-a-dia.

Roteiro:

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A proposta deste módulo é simular uma conferência sobre as mudanças climáticas. Neste contexto a turma deverá ser dividida em quatro grupos de alunos, cada um deles irá assistir um dos vídeos abaixo e fará durante a simulação a defesa das ideias do vídeo, obrigatoriamente com a inclusão de discussões que envolvam a química.

A seguir, sugere-se um debate em sala de aula, sendo a posição do grupo defendida ou contra argumentada pelos demais alunos, sobretudo porque os vídeos apresentam visões e abordagens distintas.

Como documento final do evento é sugerido a elaboração de uma proposta nos moldes da Agenda 21 dotada de objetivos sustentáveis vinculados à comunidade local.

"A Agenda 21 Local é o processo de planejamento participativo de um determinado território que envolve a implantação, ali, de um Fórum de Agenda 21. Composto por governo e sociedade civil, o Fórum é responsável pela construção de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável, que estrutura as prioridades locais por meio de projetos e ações de curto, médio e longo prazos. No Fórum são também definidos os meios de implementação e as responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade local na implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e ações."

Fonte: Ministério do Meio Ambiente (Link)

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13. Uso Racional e Poluição da água

Na segunda década do século XXI, o Brasil experimentou a sua primeira grande crise hídrica, fruto da má gestão dos recursos naturais, da poluição da água, do desmatamento de matas e florestas, do aumento do desperdício da água e da falta de políticas públicas de conscientização da população sobre o uso racional da água.

Roteiro

Uso Racional e Poluição da água

1. A primeira parte do nosso roteiro é um game que ensina formas de economizar a água, ou seja, de usá-la da maneira racional, sem desperdício.

Game do Portal Ludo Educativo (Link)

2. Responda as seguintes questões e realize os experimentos propostos a

seguir:

a) Segundo a Resolução CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005 (Link), defina águas doces, salobras e salinas, além de seus usos preponderantes.

b) Conceitue os seguintes parâmetros de análise da qualidade da água - oxigênio dissolvido, condutividade elétrica, pH e turbidez.

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c) Os alunos irão coletar três amostras da água de um rio ou córrego da região onde se localiza a escola para a análise dos seguintes parâmetros:

- Oxigênio dissolvido (mg/L) - a metodologia para a determinação do oxigênio dissolvido pode ser vista no link da revista Química Nova na Escola

- http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc19/a10.pdf.

- a temperatura (ºC)

-Condutividade (µS/cm)

- pH via papel Indicador de PH (0-14) ou através do extrato de repolho roxo com metodologia que pode ser vista no link da revista Química Nova na Escola

- http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc01/exper1.pdf

-Turbidez pelo método descrito no Projeto Água em Foco - FoCo-Cecimig-DMTE-FaEUFMG-PIBID- Química -UFMG, com procedimento a seguir:

Como construir o tubo turbidímetro

Materiais

3 garrafas de água mineral pequenas e vazias (aproximadamente 500 mL); 1

vidro de esmalte branco; 1 vidro de esmalte preto; estilete; régua.

Procedimento de Construção

O turbidímetro é feito utilizando-se as três garrafas de mesmo tamanho e forma.

A primeira garrafa deve ser cortada na segunda metade superior,

aproximadamente 11 cm da base. Descarte a parte de cima e reserve a de

baixo.

Da segunda garrafa você vai cortar o fundo. Em seguida, você vai retirar a parte

superior cortando-a, aproximadamente, a 12 cm da base. Repare que um lado

fica mais largo e o outro fica mais fino.

Encaixe a segunda garrafa na primeira utilizando o lado mais fino. Tome

cuidado para não amassar a garrafa.

Da terceira garrafa você também vai cortar o fundo. Em seguida, corte a parte

superior. O corte pode ser feito perto do gargalo da garrafa, aproximadamente,

a 15 cm da base.

Encaixe a terceira parte na segunda. Repare que o encaixe precisa ficar bem

feito. Teste o seu turbidímetro colocando água, para se certificar de que ele

não está vazando. Nesse modelo não é preciso passar cola ou fita adesiva.

Com os esmaltes você vai pintar o fundo do modelo conforme a figura 1

Gradue o tubo a partir de sua base, conforme mostra a Tabela 1

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Para essa marcação de escala, utilizou-se um modelo baseado em informações

do Environmental Resources Center, UW-Madison.

Referência: - PROJETO ÁGUA EM FOCO: QUALIDADE DE VIDA E

CIDADANIA 2012- FoCo-Cecimig-DMTE-FaE-UFMG- PIBID-Química-UFMG

Coordenadores: Prof. Eduardo Fleury Mortimer, Prof. Francisco Coutinho e

Profa. Penha Souza Silva (Link)

14. Fontes de Energia Renováveis

Diante dos problemas ambientais que enfrentamos, percebe-se cada vez mais pesquisa visando a implantação de fontes de energia renováveis, neste contexto a química tem um papel primordial em novos processos e novos materiais que permitam a coleta, transmissão e uso destas alternativas energéticas.

Roteiro

Neste módulo é proposto a realização de um seminário que apresente as fontes de energia expostas em cada hexágono abaixo, a turma será dividida em grupos para a apresentação do seminário, com a inserção do papel da química na utilização deste recurso natural.

Clique em cada hexágono e conheça um pouco mais de cada tipo de energia renovável.

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15.Energia Nuclear e Risco Ambiental

Energia nuclear é a energia liberada durante uma reação nuclear, ou seja, geradas a partir das transformações de núcleos de átomos. A energia é emitida a partir de alguns isótopos de certos elementos, que apresentam a possibilidade de transformação em outros isótopos ou elementos através de reações nucleares, com a respectiva liberação energética.

Os rejeitos oriundos das centrais nucleares, de atividades extrativistas: na própria indústria do petróleo; na mineração e metalurgia do estanho; na mineração e beneficiamento do zircônio e do titânio; e na extração de areias monazíticas, dentre outras que fazem parte do que se denomina NORMs ou TENORMs - materiais radioativos de origem natural e materiais radioativos de origem natural e concentrados tecnologicamente, além das fontes antigas utilizadas na medicina e na indústria não nuclear, exigem manejo adequado no armazenamento.

Nuclear (Link)

Roteiro

Procure reportagens sobre os acidentes radioativos de Chernobyl, Goiânia-Césio137 e Fukushima, a partir daí responda as perguntas a seguir: 1. Qual a causa de cada um destes acidentes nucleares?

2. O que é o chamado de Césio-137?

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3. Como funciona um reator nuclear?

4. Quais os maiores danos causados ao meio ambiente pelos três acidentes?

5. Como foi manejado o lixo radioativo gerado nos três acidentes?

6. Como ocorre uma reação de fissão e de fusão nuclear?

16. Mineração e Impactos Ambientais

Certamente a mineração é um dos segmentos produtivos que mais causam danos ao meio-ambiente, por isto é essencial a nossa preocupação no caminho de minimizar tais impactos a partir da busca de novas tecnologias. Em relatório do CPRM - Serviço Geológico do Brasil enumerou alguns destes problemas, como pode ser visto na tabela 1.

Roteiro:

Visita técnica a uma mineração:

A turma deverá visitar uma empresa de mineração e construir um relatório

técnico da visita focando nas questões ambientais, usando como subsídio os

dados da tabela 1 para arguir os técnicos da empresa que conduzirão a visita,

incluir na visita o laboratório de química para conhecer o papel da química na

produção mineral, no tratamento de rejeitos e na redução dos impactos

ambientais.

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17. Ecodesign

O ecodesign é todo o processo que incorpora aspectos ambientais durante as suas etapas com o objetivo principal de projetar ambientes, desenvolver

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produtos e executar serviços que de alguma maneira irão reduzir o uso dos recursos nãorenováveis ou ainda minimizar o impacto ambiental no decorrer do seu ciclo de vida. Com esta visão há uma redução da geração de resíduo, economia de custos relativos a manejo e de disposição final.

Ecodesign é uma ferramenta de competitividade que contribuí para o desenvolvimento sustentável através da inserção de novos produtos e processos menos nocivos ao meio ambiente. Alguns princípios de ecodesign já estão sedo incorporados pela indústria, como:

• Escolha de materiais de baixo impacto ambiental: menos poluentes, não tóxicos, de produção sustentável ou reciclados, ou ainda que requeiram menos energia na fabricação;

• Eficiência energética: minimização do consumo de energia para os processos de fabricação;

• Qualidade e durabilidade: produtos mais duráveis e que funcionem melhor, a fim de gerar menos lixo;

• Modularidade: objetos com peças intercambiáveis, que possam ser trocadas em caso de defeito, evitando a troca de todo o produto, o que também gera menos lixo;

• Reutilização/Reaproveitamento: projetar produtos para sobreviver ao seu ciclo de vida, podendo ser reutilizados ou reaproveitados para outras funções após seu primeiro uso.

Ecodesign (Link)

Roteiro

A partir da leitura dos textos abaixo, construa um artigo científico que aborde o papel da química nas discussões sobre o ecodesign:

Texto1: Guangzhou (Link)

Texto 2: Ecodesign (Link)

Texto 3: Vida (Link)

Texto 4 – Como elaborar artigos científicos (Link)

18. Petróleo e Meio Ambiente

É inegável o papel do petróleo em nossa sociedade, seus derivados propiciam uma gama de produtos, passando pelos tecidos, cosméticos, combustíveis, lubrificantes, materiais de limpeza, plásticos, dentre outros, em contrapartida, seu protagonismo na questão dos danos ambientais é fruto de inúmeros debates no que tange, a poluição gerada pela queima dos combustíveis fósseis, a demora na degradação dos materiais oriundos do mesmo e os acidentes envolvendo seu transporte, armazenamento e refino, com sérios prejuízos ao meio ambiente.

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Roteiro

Questionário

Responda as perguntas a seguir com base em pesquisas na biblioteca da escola ou pela Internet a) Qual a origem do petróleo?

b) Qual a composição química do petróleo?

c) Quais são os derivados do petróleo extraídos durante o seu refino?

d) Cite ao menos quatro danos provocados ao meio ambiente pelo uso, descarte ou acidente ambiental provocado pelo petróleo e seus derivados?

Visita Técnica

Esta parte do roteiro consiste numa visita técnica a uma refinaria, revendedora de combustíveis ou uma empresa do segmento industrial que processe um dos derivados do petróleo. Elabore um relatório focando a questão ambiental e da química nos processos descritos pelo técnico responsável incumbido de conduzir a visita.

19. Agricultura Orgânica

Quando se fala em agricultura orgânica, erroneamente muitos afirmam "são os produtos sem química", pelo contrário:

“A própria química divide-se em dois grupos: a Química Orgânica, que estuda o carbono, o hidrogênio e o oxigênio, seus compostos e reações, e a Química Inorgânica que estuda os demais elementos. Portanto, produtos orgânicos são também químicos” Alfredo Scheid Lopes

Então o que seria a dita agricultura orgânica e o que ela implica? Segundo a Associação de Agricultura Orgânica – AAO - "a agricultura orgânica é um processo produtivo comprometido com a organicidade e sanidade da produção de alimentos vivos para garantir a saúde dos seres humanos, razão pela qual usa e desenvolve tecnologias apropriadas à realidade local de solo, topografia, clima, água, radiações e biodiversidade própria de cada contexto, mantendo a harmonia de todos esses elementos entre si e com os seres humanos.

1. As práticas da agricultura orgânica, assim como as demais sob a denominação de biológica, ecológica, biodinâmica, agroecológica e natural, comprometidas com a sustentabilidade local da espécie humana na terra, implicam em: 2. Uso da adubação verde com uso de leguminosas fixadoras de nitrogênio atmosférico; 3. Adubação orgânica com uso de compostagem da matéria orgânica, que pela fermentação elimina microrganismos como fungos e bactérias, eventualmente

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existentes em estercos de origem animal, desde que provenientes da própria região; 4. Minhocultura, geradora de húmus com diferentes graus de fertilidade; manejo mínimo e adequado do solo com plantio direto, curvas de níveis e outras para assegurar sua estrutura, fertilidade e porosidade; 5. Manejo da vegetação nativa, como cobertura morta, rotação de culturas e cultivos protegidos para controle da luminosidade, temperatura, umidade, pluviosidade e intempéries; 6. Uso racional da água de irrigação seja por gotejamento ou demais técnicas econômicas de água contextualizadas na realidade local de topografia, clima, variação climática e hábitos culturais de sua população.

Roteiro:

Pesquisa na comunidade:

1. Entreviste 10 moradores do seu bairro e pergunte:

a) Você conhece a agricultura orgânica?

b) Você opta por alimentos orgânicos em suas compras?

2. Elabore um pequeno texto (em média 20 linhas) com a seguinte explanação:

De que forma a pesquisa em química pode contribuir na produção de alimentos ditos orgânicos?

Textos para referência:

A Química na produção de alimentos orgânicos (Link)

Agricultura Orgânica (Link)