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Centro Universitário Feevale Programa de PósGraduação em Gestão Tecnológica Mestrado em Qualidade Ambiental MARIANA AUGUSTA BROCHIER APROVEITAMENTO DO RESÍDUO ÚMIDO DE CERVEJARIA NA ALIMENTAÇÃO DE CORDEIROS CONFINADOS EM FASE DE TERMINAÇÃO Novo Hamburgo, abril de 2007

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  • CentroUniversitrioFeevaleProgramadePsGraduaoemGestoTecnolgica

    MestradoemQualidadeAmbiental

    MARIANAAUGUSTABROCHIER

    APROVEITAMENTODORESDUOMIDODECERVEJARIANAALIMENTAO

    DECORDEIROSCONFINADOSEMFASEDETERMINAO

    NovoHamburgo,abrilde2007

  • Livros Grtis

    http://www.livrosgratis.com.br

    Milhares de livros grtis para download.

  • II

    CentroUniversitrioFeevaleProgramadePsGraduaoemGestoTecnolgica

    MestradoemQualidadeAmbiental

    MARIANAAUGUSTABROCHIER

    APROVEITAMENTODORESDUOMIDODECERVEJARIANA

    ALIMENTAODECORDEIROSCONFINADOSEMFASEDETERMINAO

    Dissertao apresentada ao

    Programa de PsGraduao em

    Gesto Tecnolgica como requisito

    para a obteno do ttulo demestre

    em Gesto Tecnolgica: Qualidade

    Ambiental

    Orientador:Prof.Dr.SrgioCarvalho

    NovoHamburgo,abrilde2007

  • I

    DADOSINTERNACIONAISDECATALOGAONAPUBLICAO(CIP)

    Bibliotecriaresponsvel:RosngelaTerezinhaSilvaCRB10/1591

    Brochier,MarianaAugustaAproveitamento do resduo mido de cervejaria na

    alimentaodecordeirosconfinadosemfasede terminao /MarianaAugustaBrochier2007.

    120f.30cm.

    Dissertao (Mestrado em Qualidade Ambiental) Programa de PsGraduao em Gesto Tecnolgica:Mestrado em Qualidade Ambiental, Centro UniversitrioFeevale,NovoHamburgo,2007.

    Incluibibliografiaeanexos.Orientador:Prof.Dr.SrgioCarvalho.

    1.Agronegcio.2.Meioambiente.3.Nutrio.4.OvinosI.Ttulo.

    CDU636.3:613.2

  • CentroUniversitrioFeevaleProgramadePsGraduaoemGestoTecnolgica

    MestradoemQualidadeAmbiental

    MARIANAAUGUSTABROCHIER

    APROVEITAMENTODORESDUOMIDODECERVEJARIANAALIMENTAO

    DECORDEIROSCONFINADOSEMFASEDETERMINAO

    Dissertaodemestradoaprovadapelabancaexaminadoraem16deabrilde2007,

    conferindoaoautorottulodemestreemGestoTecnolgica:QualidadeAmbiental.

    ComponentesdaBancaExaminadora:

    Prof.Dr.SrgioCarvalho(Orientador)CentroUniversitrioFeevale

    Prof.Dr.ClberCassolPiresUniversidadeFederaldeSantaMaria

    Prof.Dr.LucianoBassodaSilvaCentroUniversitrioFeevale

  • IV

    OFEREO:

    A meus pais, Celso e Beatriz, pela dedicao a seus filhos e pelo incentivo, apoio, amizade e carinho que sempre demonstraram.

    A meus irmos, Bethania e Felipe, por serem minha famlia e, sempre que o tempo permitiu, estarem comigo, incentivandome.

    A Serginho, na busca pelo desenvolvimento pessoal, amor da minha vida, fora da minha luta.

  • V

    AGRADECIMENTOS

    Ao Centro Universitrio Feevale, pela oportunidade de realizao do curso de Mestrado.

    Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES), pela concesso da bolsa de estudos.

    Ao Prof. Dr. Srgio Carvalho, pela competente e dedicada orientao.

    Ao Prof. Roberto Kieling, meu agradecimento especial, pela disponibilidade de auxlio.

    Aos Professores do Curso, pelos ensinamentos transmitidos.

    Aos colegas do Curso, pela parceria, na amizade e no esforo em atingir os objetivos desta trajetria..

    Ao Sr. Francisco Strmer, pela confiana em ceder suas instalaes e animais para o experimento.

    Aos senhores Edmilson Ferreira e Nelson Flores, que cederam seus animais para o experimento.

    Cervejaria Barley, fornecedora do resduo.

    Aos bolsistas e estagirios Laura, Mateus, Fbio e Felipe, pelo apoio e ajuda na conduo do experimento e da dissertao.

    equipe da Central Analtica do Instituto de Cincias Exatas e Tecnolgicas do Centro Universitrio Feevale, especialmente ao Filipe, pela ateno e colaborao.

    Prof. Gisele Kosminski e s alunas do Curso de Nutrio, Marina, Fabrcia e Michelle, que contriburam para as anlises deste trabalho.

    Aos funcionrios Ana e Valdomiro, que proporcionaram condies para que o experimento fosse realizado.

    A todos que lutam por um mundo mais feliz.

    Muito Obrigada.

  • VI

    No Egito Antigo, as bibliotecas eramchamadas tesouro dos remdios daalma. De fato, nela curavase aignorncia, a mais perigosa de todas asenfermidades e origem de todas asoutras.

    JacquesBnigneBossuet

  • VII

    APROVEITAMENTODORESDUOMIDODECERVEJARIANAALIMENTAODECORDEIROSCONFINADOSEMFASEDETERMINAO

    Autor:MarianaAugustaBrochierOrientador:Prof.Dr.SrgioCarvalho

    RESUMO

    Este estudo objetivou avaliar a gerao e o poder poluente do resduo mido decervejaria e determinar a eficcia nutricional e a economicidade do uso desteresduo em substituio ao alimento concentrado na alimentao de cordeirosconfinados em fase de terminao. Foram utilizados 25 cordeiros, machos, nocastrados,daraaTexel,oriundosdepartosimples,desmamadosaos69 30 diasde idade em mdia, distribudos aleatoriamente em cinco tratamentos. Foramtestadoscinconveisdesubstituiodoalimentoconcentradoporresduomidodecervejaria,sendo0%,25%,50%,75%e100%.UtilizouseumadietacompostadefenodeTifton85emisturaconcentradaemumarelaovolumoso:concentradode40:60,combasenamatriaseca(MS).Oalimentoconcentrado foiconstitudopormilhodesintegrado, farelo desoja,misturamineral e resduomido decervejaria,sendoquesuasproporesvariaramdeacordocomostratamentos.Asdietasforamformuladas para serem isoproticas, baseados no teor de protena bruta (PB) dotratamento com maior nvel de resduo. Os cordeiros foram abatidos aps umperodoexperimentalde77dias.Determinouseacomposiocentesimaleo teordecolesterolnomsculoLongissimusdorsidoscordeiros.Foramgerados132,02kgderesduomidodecervejariaparacada100kgdegrodecevadautilizadacomomatriaprima. O resduo mido de cervejaria foi classificado como Classe II eapresentouvaloresparapHde4,63,paraDBO5 de659mgO2 L1 eparaDQOde10.769,9mgO2 L1, revelandoqueo resduoavaliadopossuialtacargapoluidora.Verificouseoefeitoquadrticodasubstituiodoalimentoconcentradoporresduomido de cervejaria sobre os consumos de matria seca (MS), matria orgnica(MO), protena bruta (PB), extrato etreo (EE) e de fibra em detergente neutro(FDN), e linear decrescente para os consumos de carboidratos totais (CHT) e decarboidratosnoestruturais (CNE),quandoexpressosemkg/dia.OsconsumosdeEE e de FDN aumentaram linearmente e os de CNE diminuram linearmente,quandoexpressosemporcentagemdopesovivo(%PV)eemg/kgPV0,75,medidaqueseaumentouonveldeinclusodoresduonasdietas.Oconsumodeenergialquida (EL), nas diversas formas emque foi expresso,e o ganhoden

    s

    l

    m

    o

    pnerg

    te,osqun

    ui

    osm

  • VIII

    gastrintestinal, com contedo, e de contedo gastrintestinal, aumentaramlinearmente,enquantoqueospesosdermen/retculo,abomaso,intestinodelgadoedotratogastrintestinal,semcontedo,diminuramlinearmentecomoaumentodonveldoresduoutilizadonasdietas.Aproporodermen/retculo,semcontedo,foi influenciada de forma quadrtica. Observouse, na seco entre a 9 e a 11costelas, que os pesos de osso, msculo e gordura diminuram linearmente, e aproporodemsculoaumentoulinearmentecomoincrementodonvelderesduo.Verificouse aumento linear na proporo de umidade e variao quadrtica naquantidadedecolesterolnomsculoLongissimusdorsicomoaumentodainclusodo resduo nas dietasdoscordeiros.A anlise econmicamostrouhaver reduolinear no custo da alimentao dos animais com o aumento da quantidade deresduo de cervejaria nas dietas. Contudo, no foi verificado efeito do nvel deincluso do resduo de cervejaria sobre o lucro relacionado venda dos animaisvivosouvendadascarcaas.

    PALAVRASCHAVEAgronegcio,confinamento,meioambiente,nutrio,ovinos.

  • IX

    USEOFBREWERYSRESIDUEASFOODOFLAMBSFEEDLOTINPHASEOFTERMINATION

    Author:MarianaAugustaBrochierAdviser:Prof.Dr.SrgioCarvalho

    ABSTRACT

    Theexperimentpurposewas toevaluate thegenerationandthepollutantpowerofbrewerysresidueandtodeterminatethenutritionalefficacyandeconomyoftheuseofthisresiduereplacingmeallikeconcentrateonthedietoflambsfeedlotinphaseoftermination.Twentyfivemale,noncastratedTexel lambs,singleborn,69 30 daysold weaned were used, distributed in five treatments. They were offered totalisoproteicdietswithfivelevels(0%,25%,50%,75%and100%)ofbrewerysresiduereplacing meal like concentrate. Diets composition was Tifton85 hay andconcentratemixture,inarelationroughage:concentrateof40:60,ondrymatter.Themeal likeconcentratewascomposedofcorn groundgrain,soybeanmeal,mineralmix and brewerys residue, and its proportion varied in accordance with thetreatments. The lambs were slaughtered after 77 days of experiment. Centesimalcomposition and cholesterol level were determinate on Longissimus dorsi lambsmuscle.Toevery100kgofbarleygrainusedasmaterialweregenerated132.02kgofbrewerys residue.Thebrewerys residuewasclassifiedasClass IIandshowedvaluestopHof4.63,toOBD5 of659mgO2 L1 andtoOQDof10769.9mgO2 L1,revealingthatthisresiduehashighpollutantcharge.Theresultsofthetestverifiedaquadraticeffectofbrewerysresiduereplacingmeallikeconcentrateaboutthelambsfoodintakeofdrymatter(DM),organicmatter(OM),crudeprotein(CP),etherextract(EE)andneutraldetergentfiber(NDF),andlineardecreasedaboutthelambsfoodintakeof totalcarbohydrate(TCH)andnonstructuralcarbohydrates (NSCH),whenexpressed in kg/day. The food intake of EE and NDF were linear increased andNSCHwerelineardecreased,whenexpressedinpercentageofliveweight(%LW)anding/kgPV0.75aswasincreasedofbrewerysresidueondiets.Thefoodintakeofliquidenergy(LE),onthedifferentwaysitwasexpressed,andthedailyweightgain,hot carcass weight, cold carcass weight, hot carcass yield, cold carcass yield,subcutaneous fat thickness,weightsof leg,shoulder, ribsand neck, aswellof thecarcasslength,legwidthandlegdepth,decreasedinalinearwaywiththeincreasedof the brewerys residue replacing meal like concentrate. There was a lineardecreased of the weights of blood, legs, head, liver, lungs and spleen, and theproportionofliver,astherewasanincreasedofthelevelofbrewerysresidueonthediets. The proportion, in relation to the live weight, of rumen/reticulum and ofgastrointestinaltract,withcontent,andthegastrointestinaltractcontent,increasedina linearway,while theweightsof rumen/reticulum,abomasum,small intestineandgastrointestinaltract,withoutcontent,decreasedinalinearwaywiththeincreasedofbrewerys residue used on the diets. The proportion of rumen/reticulum, withoutcontent,variedinaquadraticway.Itwasobserved,inthesectionbetween9the11thribs, that the weights of bone, muscle and fat had linearly decreased, and the

  • X

    proportion of muscle had linearly increased with the increased of the level of theresidue.Therewasa linear increased in theproportionofhumidityandaquadraticvary inquantityofcholesterol in theLongissimusdorsimusclewith the increaseofthe inclusion of the residue on the lambs diets. The economical analysis showedtherewasalinearreductioninthefeedcostsoftheanimalswiththeincreasedofthequantityofbrewerys residueonthediets.However, itwasnotverifiedeffectof thelevelof inclusionofthebrewerys residueabove theprofitrelated to thesaleof theliveanimalsorthesaleofthecarcasses.

    KEYWORDSAgribusiness,confinement,environmental,nutrition,sheep.

  • XI

    LISTADEFIGURAS

    Figura1Relaoentreoconsumodematriaseca(CMS)eoteordefibraemdetergenteneutro(FDN)nasdietas 38

  • XII

    LISTADETABELAS

    Tabela1Composiodoresduomidodecervejaria 9

    Tabela 2 Proporo dos ingredientes e composio qumica das dietasexperimentaisemtermosdeMatriaSeca(MS),ProtenaBruta(PB),Fibraem Detergente Neutro (FDN), Nutrientes Digestveis Totais (NDT), Clcio(Ca)eFsforo(P) 25

    Tabela 3 Quantidade de cevada utilizada para produo de cerveja eresduomidogerado 31

    Tabela 4 Avaliao bromatolgica da cevada e do resduo mido decervejaria 32

    Tabela5Classificaoeavaliaoqumicadoresduomidodecervejaria 33

    Tabela 6 Valores mdios para os consumos de matria seca (CMS),matria orgnica (CMO), protenabruta (CPB), extratoetreo (CEE), fibraem detergente neutro (CFDN), carboidratos totais (CCHT) e carboidratosnoestruturais(CCNE),emkg/dia,edeenergialquida(EL),emMcal/dia,emfunodosnveisdesubstituiodoalimentoconcentradopor resduodecervejaria 35

    Tabela 7 Valores mdios para os consumos de matria seca (CMS),matria orgnica (CMO), protenabruta (CPB), extratoetreo (CEE), fibraem detergente neutro (CFDN), carboidratos totais (CCHT) e carboidratosnoestruturais (CCNE), em%PV, ede energia lquida (EL),emMcal/kgPV, em funo dos nveis de substituio do alimento concentrado porresduodecervejaria 36

    Tabela 8 Valores mdios para os consumos de matria seca (CMS),matria orgnica (CMO), protenabruta (CPB), extratoetreo (CEE), fibraem detergente neutro (CFDN), carboidratos totais (CCHT) e carboidratosnoestruturais(CCNE),emg/kgPV0,75,edeenergialquida(EL),emMcal/kgPV0,75,emfunodosnveisdesubstituiodoalimentoconcentradoporresduodecervejaria 36

    Tabela9Valoresmdiosparapesovivoinicial (PI),pesovivo final (PF),ganho de peso dirio (GMD) e converso alimentar (CA), em funo dosnveisdesubstituiodoalimentoconcentradoporresduodecervejaria 40

    Tabela10Valoresmdiosparapesocarcaaquente(PCQ),pesocarcaafria (PCF), rendimento carcaa quente (RCQ), rendimento carcaa fria(RCF), ndice de quebra ao resfriamento (IQ) e espessura de gordurasubcutnea (EG), em funo dos nveis de substituio do alimentoconcentradoporresduodecervejaria 42

  • XIII

    Tabela 11 Valores mdios para pesos e propores de quarto (QUA),paleta(PAL),costilhar(COST)epescoo(PESC),emfunodosnveisdesubstituiodoalimentoconcentradoporresduodecervejaria 45Tabela 12 Valores mdios, em cm, para comprimento de carcaa(CCARC),comprimentodeperna(CPERN),profundidadedepeito(PPEIT),largura de perna (LPERN) e profundidade de perna (PPERN), em funodos nveis de substituio do alimento concentrado por resduo decervejaria. 46

    Tabela 13 Valores mdios para componentes corporais, em kg, parasangue (SANGUE), pele (PELE), patas (PATAS), cabea (CABEA),corao (CORAO), rins (RINS), fgado (FGADO), pulmo (PULMO),bao (BAO), testculos (TEST), gordura interna (GORDI) e gorduraperirrenal (GORDP), em funo dos nveis de substituio do alimentoconcentradoporresduodecervejaria 47

    Tabela14 Valoresmdios, emporcentagem, para sangue (PSANGUE),pele (PPELE), patas (PPATAS), cabea (PCABEA), corao(PCORAO),rins(PRINS),fgado(PFGADO),pulmo(PPULMO),bao(PBAO), testculos (PTEST), gordura interna (PGORDI) e gorduraperirrenal (PGORDP), em funo dos nveis de substituio do alimentoconcentradoporresduodecervejaria 48

    Tabela15Valoresmdiosparaospesosepercentuaisdermenretculo(RURET), omaso (OM), abomaso (ABO), intestino delgado (ID), intestinogrosso(IG)etratogastrintestinal(TGI),comcontedo,emfunodosnveisdesubstituiodoalimentoconcentradoporresduodecervejaria 50

    Tabela16Valoresmdiosparaospesosepercentuaisdermenretculo(RURET), omaso (OM), abomaso (ABO), intestino delgado (ID), intestinogrosso (IG) e trato gastrintestinal (TGI), sem contedo, e contedogastrintestinal (CGI), em funo dos nveis de substituio do alimentoconcentradoporresduodecervejaria 52

    Tabela 17 Valores mdios para peso da amostra (PAmostra), pesos epropores de osso, msculo e gordura da seco entre a 9 e a 11costelas,emfunodosnveisdesubstituiodoalimentoconcentradoporresduodecervejaria 54

    Tabela18Valoresmdios,em%,paramatriaseca,umidade,protenabruta, extrato etreo, cinzas e colesterol (mg/100 g) do msculoLongissimus dorsi, em funo dos nveis de substituio do alimentoconcentradoporresduomidodecervejaria 55

  • XIV

    Tabela 19 Valores mdios para peso vivo final (PF) em kg, peso decarcaa fria (PCF)em kg, oferecidomatria naturalde feno (OFMNF) emkg/dia, oferecido matria natural de concentrado (OFMNC) em kg/dia,oferecido matria natural de resduo mido de cervejaria (OFMNR) emkg/dia, custo dirio de feno (CF) em R$/animal/dia, custo dirio deconcentrado (CCD) em R$/animal/dia, custo dirio de resduo mido decervejaria (CRD) em R$/animal/dia, custo dirio total (CDT) emR$/animal/dia, custo total (CTotal) emR$, receita do pesovivo (RPV) emR$/animal, receita de carcaa (RC) R$/animal, lucro de peso vivo (LPV)R$/animalelucrodecarcaa(LC)emR$/animal,emfunodosnveisdesubstituiodoalimentoconcentradoporresduodecervejaria 58

  • XV

    LISTADEANEXOS

    AnexoARemoodoresduomidodecervejariadatinademosturao 72

    AnexoBResduomidodecervejaria 74

    AnexoCCordeiroconfinado 76

    AnexoDColetadesangueapsabatedecordeiro 78

    AnexoEPesagemdermen/retculocomcontedo 80

    AnexoFCarcaasresfriadasemcmarafria 82

    AnexoGSeparaofsicadeosso,msculoegorduradaseoHH 84

  • XVI

    LISTADEAPNDICES

    APNDICEATratamento(Trat.),repetio(Rep.)econsumosdematriaseca(CMS),matriaorgnica(CMO),protenabruta(CPB),extratoetreo(CEE), fibra em detergente neutro (CFDN), carboidratos totais (CCHT) ecarboidratosnoestruturais (CCNE),em kg/dia,edeenergia lquida(EL),emMcal/dia 87

    APNDICEBTratamento(Trat.),repetio(Rep.)econsumosdematriaseca(CMS),matriaorgnica(CMO),protenabruta(CPB),extratoetreo(CEE), fibra em detergente neutro (CFDN), carboidratos totais (CCHT) ecarboidratosnoestruturais (CCNE),em%PV,edeenergia lquida(EL),emMcal/kgPV 88

    APNDICECTratamento(Trat.),repetio(Rep.)econsumosdematriaseca(CMS),matriaorgnica(CMO),protenabruta(CPB),extratoetreo(CEE), fibra em detergente neutro (CFDN), carboidratos totais (CCHT) ecarboidratosnoestruturais (CCNE),emg/kgPV0,75,edeenergia lquida(EL),emMcal/kgPV0,75 89

    APNDICEDTratamento(Trat.),repetio(Rep.)epesovivoinicial(PI),peso vivo final (PF), ganho de peso dirio (GMD) e converso alimentar(CA) 90

    APNDICEETratamento(Trat.),repetio(Rep.)epesocarcaaquente(PCQ), peso carcaa fria (PCF), rendimento de carcaa quente (RCQ),rendimentodecarcaafria(RCF), ndicedequebraaoresfriamento(IQ)eespessuradegordurasubcutnea(EG) 91

    APNDICEFTratamento (Trat.), repetio (Rep.)epesoseproporesdequarto(QUA),paleta(PAL),costilhar(COST)epescoo(PESC) 92

    APNDICE G Tratamento (Trat.), repetio (Rep.) e comprimento decarcaa(CCARC),comprimentodeperna(CPERN),profundidadedepeito(PPEIT),larguradeperna(LPERN)eprofundidadedeperna(PPERN) 93

    APNDICE H Tratamento (Trat.), repetio (Rep.) e componentescorporais, em kg, para sangue (SAN), pele (PEL), patas (PAT), cabea(CAB),corao(COR),rins(RIN),fgado(FIG),pulmo(PUL),bao(BA),testculos(TES),gordurainterna(GOI)egorduraperirrenal(GOP) 94

    APNDICE I Tratamento (Trat.), repetio (Rep.) e componentescorporais,emporcentagem,para sangue (SAN), pele (PEL), patas

    BI ), esp (NDI c m m r CMS ) P ,e (A )

  • XVII

    APNDICEJTratamento(Trat.),repetio(Rep.)epesosepercentuaisde rmen/retculo (RURET), omaso (OMA), abomaso (ABO), intestinodelgado (ID), intestino grosso (IG) e trato gastrintestinal (TGI), comcontedo 96

    APNDICE K Tratamento (Trat.), repetio (Rep.) e pesos, em kg, dermen/retculo(RURET),omaso(OMA),abomaso(ABO), intestinodelgado(ID), intestino grosso (IG), trato gastrintestinal (TGI), sem contedo, econtedogastrintestinal(CGI) 97

    APNDICELTratamento(Trat.),repetio(Rep.)epercentuais,em%,dermen/retculo(RURET),omaso(OMA),abomaso(ABO), intestinodelgado(ID), intestino grosso (IG), trato gastrintestinal (TGI), sem contedo, econtedogastrintestinal(CGI) 98

    APNDICE M Tratamento (Trat.), repetio (Rep.) e peso da amostra(PAmostra), pesos (g) e proporo (%) de osso, msculo e gordura dasecoentrea9ea11costelas 99

    APNDICEN Tratamento (Trat.), repetio (Rep.) ematriaseca (MS),umidade (UM), protena bruta (PB), extrato etreo (EE), cinzas (CIN) ecolesterol(COL)domsculoLongissimusdorsi 100

    APNDICEOTratamento(T.),repetio(R.)epesovivofinal(PVF),pesode carcaa fria (PCF), oferecido matria natural feno (OMNF), oferecidomatria natural concentrado (OMNC), oferecido matria natural resduomido de cervejaria (OMNR), custo dirio de feno (CDF), custo dirio deconcentrado (CDC), custo dirio de resduo mido de cervejaria (CDR),custodiriototal(CDT),custototal(CT),receitadepesovivo(RPV),receitadecarcaa(RC),lucrodopesovivo(LPV),lucrodecarcaa(LC) 101

  • XVIII

    SUMRIO

    Resumo VII

    Abstract IX

    ListadeFiguras XI

    ListadeTabelas XII

    ListadeAnexos XV

    ListadeApndices XVI

    1.Introduo 1

    2.FundamentaoTerica 3

    2.1Agronegciobrasileiro 3

    2.2Geraoderesduosnoagronegcioeimpactosambientais 5

    2.3Resduomidodecervejaria 8

    2.4Resduomidodecervejarianaalimentaoanimal 9

    2.5Ovinoculturadecorte 11

    2.5.1Sistemasdeproduo 13

    2.5.1.1Confinamento 14

    2.5.1.1.1 Aproveitamento de resduos e economicidade do sistema deconfinamento 16

    2.5.2Caractersticasdacarcaa 17

    2.5.3Componentesnocarcaaouquintoquarto 19

    2.5.4Composiocentesimalecolesteroldacarneovina 20

    3.Objetivos 22

    3.1.ObjetivoGeral 22

    3.2.ObjetivosEspecficos 22

    4.MaterialeMtodos 23

  • XIX

    4.1Avaliaodafaseinicialdoprocessoagroindustrialdacerveja 23

    4.2Usodoresduomidodecervejarianaalimentaodecordeiros 24

    4.2.1Localepocadeexecuo 24

    4.2.2Animaiseinstalaes 24

    4.2.3Tratamentos 24

    4.2.4Raesearraoamento 24

    4.2.5Perodoexperimentalepesagensdosanimais 26

    4.2.6Coletadeamostrasdosalimentos 26

    4.2.7Manejosanitrio 26

    4.2.8Abatedosanimaiseavaliaodecarcaa 26

    4.2.9Anliseeconmica 29

    4.2.10Anliseestatstica 29

    5.ResultadoseDiscusso 31

    5.1Resduomidodecervejaria 31

    5.2Resduomidodecervejarianaalimentaodecordeirosconfinadosemfasedeterminao 34

    6.Concluses 60

    7.RefernciasBibliogrficas 62

    8.Anexos 71

    9.Apndices 86

  • 1

    1INTRODUO

    Oagronegcioumadasatividadesquemaiscontribuemparaocrescimento

    doBrasil,tantoeconmicacomosocialmente.Masparaatingirestaposio,osetor

    semostrou um dosmaiores usufruturios dos recursos naturais do pas e, assim

    como todas as demais atividades da espcie humana, tem impactado

    consideravelmenteomeioambiente.

    Somasea istoacrescenteenotvelpreocupaodapopulaonoquediz

    respeitoaomeioambiente.Estesensoderesponsabilidadecoletiva lanadesafios

    significantesatividadeagropecuriacomoaconservaodosrecursosnaturaise

    o fornecimentodeprodutossaudveis,semcomprometerosnveis tecnolgicos j

    alcanadosdeseguranaalimentar.

    Emdiversosprocessosindustriaisexistecomopartedaproduoprincipala

    formao de subprodutos de considervel valor agregado, quer na sua forma

    natural, quer na potencialidade de seus componentes. No setor alimentar, as

    agroindstrias destacamse na gerao de resduos nobres, apresentados sob a

    forma de bagaos, farelos, polpas, ossos, vsceras, penas e outros. Devese

    salientar que alguns destes resduos apresentam alta carga poluidora e, se no

    foremdevidamentedestinados,podemprovocarsignificativosimpactosambientais.

    Assim,osresduosagropecurioseagroindustriaisquetmsidogeradoscom

    aevoluodoagronegcioeodesenvolvimentodosprocessosdetransformaode

    alimentosdevemserreaproveitadospoisalmdepoderproporcionarumafontede

    rendaalternativaspropriedadesruraiseagroindustriais,estarcontribuindoparaa

  • 2

    preservaodomeioambientee,desta forma,paraobtenodedesenvolvimento

    sustentvel.

    Entreasalternativasparaoaproveitamentode resduos agroindustriais tem

    sedestacadoosetordealimentaoanimal.Ousodesubprodutosagroindustriais

    na alimentao animal assume papel econmico muito importante, sendo muitas

    vezes responsvel pelaviabilidade econmica dosistema.Dentre esses resduos,

    podese destacar o resduo mido de cervejaria, uma vez que produzido em

    grandevolumee,almdisso,noapresentaproblemascomasazonalidadedesua

    produo.

    Uma alternativa interessante para o aproveitamento do resduo mido de

    cervejariaasuautilizaonaalimentaodeovinos,principalmenteobjetivandoa

    produodecarnedequalidadeequeatendaaogostoedemandadoconsumidor.

    Nessesentido,sabesequeoconsumidortemprefernciaporcarcaascom

    adequadacoberturadegorduraequeapresentembomrendimentoemcarne.Para

    tanto, tornasenecessriaaproduodeanimais jovens(cordeiros)emcondies

    de abate.A obteno deste tipo de animal possvel se houver investimento em

    tecnologia,comoocasodaterminaodecordeirosemconfinamento.Noentanto,

    um dos grandes problemas encontrados no confinamento de ovinos tem sido os

    altos custos de produo, principalmente no que se refere alimentao, o que

    constituiumfatordeterminantenoaspectofinanceiro.

    Portanto, a utilizao de resduo mido de cervejaria na terminao de

    cordeirosconfinados temgrande potencial,pois pode levar reduosignificativa

    dos custos de alimentao e, ao mesmo tempo, evitar a ocorrncia de impactos

    ambientais advindosda indstriacervejeira,semqueocorramquedasnos ndices

    produtivos.

  • 3

    2FUNDAMENTAOTERICA

    2.1Agronegciobrasileiro

    O termoagronegcioengloba todas as atividades vinculadas e decorrentes

    daproduoagrcolaesurgiucomodesenvolvimentodaagriculturaemdireoa

    umainterrelaocomaindustrializaodeinsumoseprodutos(RUFINO,1999).

    Oagronegciodefinido,desde1957,comoasomatotaldasoperaesde

    produo e distribuio de suprimentos agrcolas as operaes de produo nas

    unidadesagrcolaseoarmazenamento,processamentoedistribuiodosprodutos

    agrcolaseitensproduzidoscomeles(DAVISeGOLDBERG,1957).

    OBrasila12economiamundial,comumProduto InternoBruto(PIB)em

    2004deUS$605bilhesevemsedestacandocomoumdosgrandesfornecedores

    mundiaisdealimentos,sendooagronegcioumdospilaresdesustentaodesua

    economia(PINHEIRO,2005).

    Oagronegciobrasileirocontribuiu,em2006,comaproximadamente33%do

    PIBnacionale37%dosempregosdapopulaoeconomicamenteativaeparticipou

    com35,95%dapautadasexportaes,sendoresponsvelporumsaldonabalana

    comercialdeUS$42.622bilhes,demodoacontribuirsensivelmenteparaqueos

    dficitscomerciaisdoBrasilnosejamtoelevados(MAPA,2007).

    O Brasil tem confirmado a sua elevada competitividade e capacidade

    tecnolgicacomoprodutordealimentos.Em2004foramproduzidos119milhesde

  • 4

    toneladasdegrosdosquaiscercade50milhesdocomplexodasojae42milhes

    domilho,maisde23bilhesdelitrosdeleite,22,5bilhesdeovose1milhode

    toneladasdepescado.Produzimos19milhesdetoneladasdecarnebovina,frango

    e suna, gerando divisas da ordem de US$ 6,2 bilhes (MENDES, 2005). Desde

    1990,oBrasilconseguiuaumentarem125%aproduodegros,comumaumento

    deapenas24%nareaplantada(THOMAS,2004).

    ConformePINHEIRO(2005),oBrasilpodeserconsideradoumglobaltraderjquetemumapautadeexportaesdiversificadaecolocaseusprodutosemum

    nmero expressivo de mercados, embora ainda precise intensificar as suas

    estratgias de marketing e consolidar os sistemas de produo que priorizem aconservaodosrecursosnaturais,obemestaranimaleaqualidadesanitriados

    produtos rastreados e certificados, como requisitos essenciais ao reconhecimento

    mundialdaexcelnciadosalimentosdamarcaBrasil.

    Assim, quandose avaliamas potencialidades brasileiras frente aomercado

    globalizado, verificase que o foco de toda nossa ateno empresarial, poltica e

    socialdeveriaser,numesforoconjunto,aadministraoracionaleotimizadados

    recursos naturais, balizados pelos princpios ecolgicos, resultando em produtos

    finaisdoagronegcio(PRIMAVESI,2003).

    Explicase isso, porque ainda possumos a maior superfcie agricultvel da

    Terra e porque aqui ainda se encontra a maior diversidade em ecossistemas do

    planeta (PRIMAVESI,2003).Existem, ainda,noBrasil,90milhes dehectares de

    terrasagricultveisdisponveisparaseremincorporadasaosistemaprodutivo,sem

    precisar, com isso, derrubar uma nica rvore da floresta amaznica (PINHEIRO,

    2005).Porm,parasermosrefernciaglobalpelomenosnesteramodaeconomia,

    necessitamos conscientizarnos poltica, tica e moralmente da necessidade de

    parar imediatamente com as aes de vandalismo e explorao predatria nos

    nossos ambientes naturais remanescentes (florestas e guas) e dos solos dos

    ambientes agrcolas bem como do ciclo hidrolgico e da qualidade das guas,

    afetadas seriamente pelas atividades nos ambientes urbanizados e agrcolas,

  • 5

    administrados de forma leviana, sem responsabilidade com a otimizao dos

    sistemasdeproduo,muitomenoscomaqualidadedevidadasgeraesatuaise

    futuras(PRIMAVESI,2003).

    O processo de crescimento de uma regio pressupe seu crescimento

    econmicoeumdosfatoresfundamentaisparaaobtenodocrescimentoregional

    acriaodeagroindst

  • 6

    preocupaes da sociedade e dos cientistas com relao ao reconhecimento da

    crescentedegradaoambientaledapercepodapossibilidadedeameaavida

    dasfuturasgeraes(MIRANDA,2000).

    Os padres de produo e consumo atuais tm marco na Revoluo

    Industrial.Nestecenrio,aexpansodacapacidadeprodutiva,ousocrescentedos

    recursos naturais, a criao de materiais sintticos e o uso de novos materiais

    acabaram por gerar quantidades crescentes de resduos industriais (MIRANDA,

    2000).

    Nas sociedades ocidentais, a lgica do lucro e do domnio da natureza,

    ocasionou o desenvolvimento tecnolgico utilizado para corrigir os padres de

    produo e consumo vivenciados pela civilizao atual, considerada por muitos

    autorescomoinsustentveis(LYRAeSILVA,2002).

    Estes fatos culminaram na crise atual traduzida hoje na globalizao da

    economia, na excluso social crescente, na diferenciao dos pases em ricos e

    pobres ena consolidao dos problemas ambientais locais eglobais (AMORIM e

    CARNEIRO, 2005). Deflagrase, assim, uma nova relao entre o homem e a

    biosfera(MIRANDA,2000).

    As questes relativas ao acmulo de capital frente necessidade de

    preservaodosrecursosnaturaispassaramaseralvodeintensasdiscusses,at

    mesmo como garantia de continuidade do desenvolvimento econmico, dando

    surgimento ao conceito de desenvolvimento sustentvel, que relativamente

    recenteefoipropostoemumrelatriointituladoNossoFuturoComum,daComissoBruntland daOrganizaodasNaesUnidas,em1987 (AMORIMeCARNEIRO,2005). O desenvolvimento sustentvel ento definido como uma forma de

    desenvolvimento econmico que atenda s necessidades do presente sem

    comprometer a capacidade das futuras geraes em atenderem suas prprias

    necessidades.

  • 7

    Damesmaformaqueaconteceucomaindstria,aevoluodoagronegcio

    e o desenvolvimento dos processos de transformao de alimentos levaram

    geraodemuitos resduos agropecuriose agroindustriais, sendoque estesso

    umdosprincipaisproblemasambientais,nosdoBrasil,masdomundocomoum

    todo(GIORDANO,2000).Amaiorpartedessesresduos indevidamentedisposta

    no meio ambiente, compondo a carga poluidora em reas urbanas e rurais.

    Evidentementequeaatividadeagropecuriafundamentalparaasobrevivnciada

    espciehumana,maisaindaemnossopas,queeminentementeprimriomas

    necessrioaprofundaro trabalhode trazersustentabilidadeeconmicaeambiental

    spopulaesquevivemdaatividade(NAIMEeGARCIA,2004).

    O princpio da qualidade domeio ambiente e de vida est cada vez mais

    presentenocotidianodosbrasileirosehumconsensogeneralizadoemtodosos

    setores deque ocidadodeve adotarumapostura de respeitoe depreservao

    paracomanaturezaeomeioambiente(KONZEN,2004).Aproduodealimentos

    saudveis requerpreservaoambiental,daaprioridadedeestudosdestinadosa

    desenvolvertecnologiaspoupadoras,reutilizadoraserecicladorasdematriaprima,

    de insumos, de energia e de resduos (SANTIAGO, 2000). Alm disso, segundo

    GIORDANO (2000), a interface existente entre as atividades do agronegcio e o

    meioambientetornaoestudodestetpicoimprescindvel.Inteiramentedependente

    domeioambiente,asatividadesrelacionadasaoagronegciovmsendodesafiadas

    aproduzireemcontrapartidapreservar,cuidare limparoselementosnaturaisdos

    quaisfazemuso.

    Existeumagrandenecessidadedeserepensaraproduoeadestinaode

    resduos agroindustriais, pois estes podem ser novamente inseridos na cadeia

    produtiva, gerando grandes ganhos para a sociedade (SACHS, 2005). O

    aproveitamento desses resduos alm de poder proporcionar uma fonte de renda

    alternativa s propriedades rurais e agroindustriais, estar contribuindo para a

    preservaodomeioambientee,desta forma,paraobtenodedesenvolvimento

    sustentvel.

  • 8

    2.3Resduomidodecervejaria

    Os resduos gerados nos processos agroindustriais representam perdas

    econmicas no processo produtivo e se no receberem destinao adequada

    podemproporcionarpassivosambientaisdevidoasuaaltacargapoluidora.Dentre

    estesresduos,podemoscitarapolpactrica,acascaeofarelodearroz,atortade

    algodoeoresduomidodecervejaria.Esteltimotemsedestacado,umavezque

    geradoemgrandevolumeduranteoanotodo.

    Segundo REINOLD (1997), os principais resduos slidos da produo de

    cervejasooresduomidodecervejaria,aleveduracervejeira,aterradiatomcea

    (kieselgur) e o lodo da estao de tratamento de efluentes industriais (ETEI).

    Desses, o resduo mido de cervejaria aquele em maior quantidade, pois

    representa aproximadamente 85% dos subprodutos do processo. Ele

    caracterizado por ser um resduo proveniente principalmente das matriasprimas

    empregadas,quesoo resduodemaltee osadjuntos (arrozoumilho),osquais

    soexpostosaumasucessodeinfusesedecocespraticadasemcozinhadores

    etinas(REINOLD,1997).

    O resduo mido de cervejaria resultante da fase inicial do processo de

    fabricaodecervejas,apresentasenaformadecascasoudefarelo,comumidade

    emtornode80%.SegundoFISCHER(1996),paracada100kgdemaltedecevada

    que se utiliza para elaborao da cerveja, obtmse de 110 a 120 kg de resduo

    midodecervejaria.Oresduodecervejariapodeseapresentarnaformaderesduo

    mido, resduoprensado, resduosecoe leveduradecerveja (SOUZA,2004).Em

    nossascondies,predominaageraodoresduomido,umavezqueoprocesso

    desecagemeconomicamenteinvivel.

    Segundo FIRJAN citado por ARONOVICH et al. (2001), at o ano 2000estavam previstos investimentos da ordem de US$ 758 milhes pela indstria

    cervejeira.Calculaseque,somentenaregioSudeste,aquantidadederesduode

  • 9

    cervejaria produzida passe de 620 para 1.150 mil toneladas anuais, tornando

    urgenteanecessidadedesebuscardestinoprodutivoparaestematerial.

    LIMA (1993)calcula umadisponibilidade deaproximadamente 2milhes de

    toneladas/ano deste subproduto no Brasil. Em 2000, por exemplo, a Kaiser

    reutilizou182miltoneladasdoresduomidodecervejaria(ouseja,100%doquefoi

    geradonasfbricasdacervejaria)naalimentaoanimal,gerandoumareceitapara

    aempresadeR$850mil(BASSANESI,2001).

    Acomposiodoresduomidodecervejariade,principalmente,matrias

    nitrogenadas,fibrasepolissacardeoseestotambmpresentescompostoscomoa

    ligninaeoslipdios(REINOLD,1997).ATabela1mostraacomposiomdiadesse

    resduo.

    Tabela1Composiodoresduomidodecervejaria.Substncia Percentual(%)Gorduras 10Protenas 22

    Hemicelulose 35Celulose 20Lignina 10Cinzas 3

    Fonte:REINOLD(1997)

    2.4Resduomidodecervejarianaalimentaoanimal

    Entre as alternativas para o aproveitamento de resduos agroindustriais a

    alimentao animal tem um grande potencial, principalmente de ruminantes, que

    possuemcapacidadedetransformarresduosdevegetaisemnutrientes.Todaessa

    transformao se d no rmen, onde, pela ao de microorganismos, ocorre a

    decomposio da matriaprima bruta consumida e a sntese de nutrientes

    assimilveispeloorganismo(SILVAFILHOetal.,1999).

  • 10

    Contudo,umdosfatoreslimitantesaousodealgunsdessessubprodutosna

    alimentaoanimalasazonalidadenadisponibilidadedessesresduos,oqueno

    observadonocasodoresduomidodecervejaria.

    Os resduos gerados pela indstria cervejeira podem ser utilizados na

    alimentaode ruminantes, comoconcentradoprotico aser introduzidona dieta.

    Comoingredientederaesoresduopodeserconsideradosuplementoproticode

    valormdio (23a30%deprotenabruta),sendoboapartedesua fraoprotica

    insolvel e de baixa degradabilidade, constituindose como fonte de protena bypass,passandopeladegradaoruminalesendoabsorvidadiretamentenointestino(SOUZA,2004).

    CHIOUetal.(1998)realizaramdoisensaioscomvacasleiteiras,sendoumde

    desempenholactacionaleooutrovisandoanalisaralgumasvariveisruminais.Em

    ambososestudos,todasasdietasforamisoenergticaseisoproticas,sendoqueo

    tratamentocontrolecontinhafarelodesojaeumadasoutrasdietascontinha10%de

    resduo mido decervejaria namatria seca (MS), alm de farelo de soja.Como

    resultado,noobservaramdepressonoconsumodeMSquandocompararamas

    dietascontrolecomaquelaquepossuaresduomidodecervejaria.

    SANTOS et al. (1998) compilaram nove estudos onde o farelo de soja foi

    substitudototalouparcialmenteporresduodecervejariamidoouseconadietade

    vacas leiteiras. Dentre sete trabalhos onde os teores de forragem e concentrado

    foram similares nas dietas contendo farelo de soja ou resduo de cervejaria, no

    houve diferena na produo de leite em seis estudos. O teor e a produo de

    protenado leitetambmno foramafetados.Asproduesmdiasde leite foram

    de31,0e31,7kg/diapara farelodesojaeresduodecervejaria,respectivamente.

    Em dois dos nove estudos, observouse aumento na produo de leite devido

    inclusodoresduodecervejarianaalimentaodosanimais.

    Emoutroexperimento,CARVALHOetal.(2005a)realizaramumestudocomovinos, onde o alimento concentrado (milho e farelo de soja) foi substitudo por

  • 11

    nveiscrescentesderesduomidodecervejaria (0%,33%,66%e100%).Foram

    utilizados16cordeirosTexel,machos,nocastrados,desmamadosaos60diasde

    idade.Osautoresverificaramqueo aumento donvel desubstituiodo alimento

    concentrado pelo resduo de cervejaria proporcionou reduo linear (P0,01) do

    consumodematriaseca,noapresentandodiferenassignificativas(P>0,05)entre

    os tratamentos para peso vivo final, ganho de peso mdio dirio e converso

    alimentar. Este trabalho demonstrou que existe potencial na ovinocultura de corte

    paraaproveitamentodesteresduo,principalmenteemsetratandodaterminaode

    cordeirosemconfinamento.

    2.5Ovinoculturadecorte

    A ovinocultura foi uma das primeiras exploraes animais realizadas pela

    humanidade,noinciodacivilizao.Logoquealutapelavidamostrouaohomema

    possibilidadededomesticaralgunsanimais,paramaisfacilmenteobterdelesoseu

    sustento,foiespcieovinaqueelededicouasuaprimeiraateno.Aovelha lhe

    proporcionava, alm do alimento em forma de carne e leite, o abrigo contra as

    inclemnciasdotempo,emformadel(NOCCHI,2001).

    Aespcieovina(Ovisaries)apresentaumpotencialdeproduodecarne,l,pele, leite e outros subprodutos, os quais podem suprir adequadamente tanto as

    necessidades do mercado interno como as demandas advindas do mercado

    internacional(OLIVEIRAeALVES,2003).

    NaregioSul,atofinaldadcadade80,aproduodelconstituiuseno

    objetivo primordial de explorao da ovinocultura, mas com o advento das fibras

    sintticas a atividadepassoupor gravecrisemundial a partir dadcadade 90e,

    recentemente,osesforosdeproduo tmsidodirecionadosparaaobtenode

    ovinos mais especializados na produo de carne. At ento, a carne ovina era

    considerada por muitos como um subproduto, consumida nos estabelecimentos

    rurais ou comercializada de forma desorganizada, sendo enviados ao abate, na

    maioriadasvezes,apenasanimaisdedescarte(capeseovelhasadultas),osquais

  • 12

    no apresentam as condies de qualidade de carcaa que o mercado exige e

    remunera(PEREIRANETO,2004).

    A ovinocultura de corte vem apresentando nos ltimos anos significativo

    crescimento, tendo em vista o expressivo aumento na demanda de carne ovina

    (BIANCHINIetal.,2004).SegundoaFAO(FoodandAgriculturalOrganizationoftheUnited Nations), a produo mundial de carne ovina cresceu 2,7% ao ano nos

    ltimos8anos(ALENCAReROSA,2007)eoBrasilooitavoprodutormundial,

    somando25milhesdecabeas (REVISTANACIONALDACARNE,2004).Desta

    forma, a ovinocultura representa uma atividade de participao scioeconmica

    crescente na atividade pecuria e vem se estabelecendo como alternativa de

    viabilizaoprincipalmentedapequenaemdiapropriedaderural,contribuindona

    importantetarefadefixaodohomemnocampo.Isso,aliadoscaractersticasda

    espcie(docilidade,portepequenoerelativarusticidade),permiteasuaexplorao

    utilizandoamodeobra familiar, instalaessimplesedebaixocusto(BUENOetal.,2006).Mas,paratanto,aatividadedeveseajustarsnovasregrasdemercado,ondeapenasproduzirnobastaprecisobuscarproduzircomaltaeficinciapara

    alcanaroslucrosdesejados.

    Acarneovinaumafontedeprotenadealtovalorbiolgico,mas,paraque

    possa competir com a de outras espcies, o produtor deve colocar no mercado

    carne proveniente do abate de animais jovens (cordeiros), criados de maneira

    adequadaparaobtenodecarcaasdeprimeiraqualidadepoisoconsumidorest

    cada vez mais exigente, busca produtos mais saborosos e saudveis. Assim, o

    cordeiro a categoria animal que apresenta carne de melhor qualidade, por

    apresentarmaciez, baixo teor de gordura e maior suculncia, e nesta faseque

    apresentamaioresrendimentosdecarcaaemelhoreficinciadeproduo,devido

    asuaaltacapacidadedecrescimento(PIRESetal.,2000).

  • 13

    2.5.1Sistemasdeproduo

    O sistema um conjunto de elementos de tal forma ordenados que esto

    dirigidosaumobjetivo.Seumdesseselementosno funcionabem, todaacadeia

    entraemdesequilbrio(FUCHS,1995).

    A definio exata para o termo sistema de produo : um modo de

    combinaoentre terrasemeios de trabalho com fins deproduo,comuma um

    conjunto deexploraes (caracterizado), pela natureza das produes e a fora e

    meiosdetrabalhocolocadosemprtica(REBOULapudOSRIO,1989).

    Podemos dividir as exploraes ovinas em trs tipos bsicos, segundo

    JARDIM(1986):

    Extensivo:acampo

    Intensivo:cabanhase/ouconfinamentos

    Semiintensivo:comusodesuplementaoemdeterminadosperodos.

    Segundo SIQUEIRA et al (1993), os sistemas de produo de ruminantesadotados no mundo, mais notadamente os de ovinos, so predominantemente

    extensivos. Entretanto, alguns pases, como a Austrlia e a Nova Zelndia, por

    exemplo, tmutilizado tambmsistemas intensivossofisticados,sobretudonoque

    serefereaoscordeiros.

    Nossistemas tradicionaisdecriaodeovinossubestimase o potencial de

    crescimentoda fase inicial (cordeiro), implicandoemum retardamentodo abate e

    uma conseqente desqualificao da carne, provocada por uma deposio de

    gorduraindesejvelaoconsumidor.

    Considerando o elevado valor da terra em algumas regies do pas e a

    escassezdemodeobra,aescolhadosistemadeproduosetornaumfatorde

    extrema importncia. Para ser bem sucedido o produtor deve adotar tcnicas de

  • 14

    criaoquepermitamexploraropotencialdosanimaisemaximizarautilizaodos

    recursosdisponveisnapropriedade(MENDES,2006).

    A base de alimentao dos ovinos no Rio Grande do Sul a pastagem

    natural, sendo os animais criados demaneira extensiva. Nesse sistema, tornase

    difcilobteranimais jovensemcondiesdeseremabatidos.Para tanto,preciso

    modificaromeioambiente,principalmentenoquese referealimentao.Assim,

    vrios estudos tm sido realizados objetivando obterse a melhor forma para

    terminaodecordeiros.Umadasalternativaseficazesoconfinamento,que tem

    despertadoointeressedosovinocultores(PIRESetal.,2000).

    2.5.1.1Confinamento

    A intensificao na velocidade de crescimento muscular, aliada rpida

    terminaodacarcaaamaneiramaisfactveleeficientedeseobterumproduto

    de melhor qualidade e de competitividade no mercado consumidor de carne

    (PEREIRAeSANTOS,2001).nestesentidoquecadavezmaistemseobservado

    uma tendncia crescente de intensificao dos sistemas produtivos, objetivando

    maiorrapideznaproduoecomercializaodecarcaas.

    ConformeSILVASOBRINHO (1997),osprocessosmais importantesparaa

    produodecarneovinasoodesempenhoreprodutivodaovelha,avelocidadede

    crescimentodoscordeiroseonvelnutricionaldisponvelparaambos.Paraqueos

    animais possam desenvolver suas estruturas corpreas de forma mais rpida e

    alcanar o peso de abate em tempo mais curto, fazse necessrio que sejam

    alimentados e criados em condies adequadas, como no caso do sistema de

    confinamento, onde as exigncias nutricionais dos cordeiros so plenamente

    atendidas.

    Para MOREIRA (1997), partir para o confinamento uma soluo prtica,

    pois traz benefcios como a diminuio da mortalidade e do ndice de ecto e

    endoparasitas, alm de melhorar a eficincia e a produtividade do rebanho. No

  • 15

    entanto,estaumaprticaquerequermanejoespecial,profundoconhecimentode

    nutrioanimalepreosdemercado.

    Oconfinamentodecordeirosrecmdesmamados,comusodealtosnveisde

    concentrado bastante comum, principalmente em determinadas regies dos

    Estados Unidos, em virtude do grande potencial das raas produtoras de carne

    (SUSIN, 2001). As vantagens desse sistema incluem o rpido e mais eficiente

    crescimentoemrelaoaosanimaiscriadoscomforragens(TEIXEIRAeMORON,

    2000). O confinamento permite atender com maior facilidade as exigncias

    nutricionais dos animais, possibilitando a terminao de ovinos em perodos de

    carnciaalimentarouemperodosemqueaspastagensaindanoestejamprontas,

    permitindo que se coloque no mercado carne ovina de qualidade no perodo de

    entressafra,quandoseobtmmelhorespreos(CARVALHO,1998).

    Cordeiros apresentam capacidade de ganho de peso mximo entre o

    nascimento e a puberdade. E podem ser desmamados entre os 45 e 60 dias de

    idade,compesovivomdioentre14e17kg,atingindo2830kgaos95100dias

    deidade,estandoaptosaoabate.Nestaidade,acarneapresentacoloraorosada

    viva,elevadamaciez,saborinigualvelemoderadonveldegordura(BUENOetal.,2006).SegundoSeOTTOdeS(2007),aidadequeocordeiroapresentaquando

    inicia a terminao em confinamento vai afetar o desempenho dos animais,

    principalmenteaconversoalimentar.Portanto,aidadeumfatorqueinfluenciao

    desempenho dos cordeiros em sistema de confinamento, devendose dar

    prefernciautilizaodeanimaisjovens.

    SIQUEIRA et al. (1993) realizaram trabalho com cordeiros confinados queapresentaramganhodepesomdiodirio(0,153kg)superioraosanimaismantidos

    empastagemdecoastcross(0,088kg),apesardadisponibilidadedematriasecano pasto estar acima das necessidades dos animais. O grupo de animais que

    permaneceunapastagemapresentoualtasinfestaesporHaemonchuscontortuseTrichostrongylus e a taxa de mortalidade de cordeiros mantidos a pasto foi alta(16,23%)quandocomparadacomadoconfinamento(0%).

  • 16

    2.5.1.1.1Aproveitamentoderesduoseeconomicidadedosistemade

    confinamento

    Umavezqueanutrioconstituiabaseparaosucessoprodutivodosistema

    deconfinamento,devemseadotarestratgiasquevisemaumentaraeficinciade

    utilizao dos nutrientes, aliados reduo dos custos com alimentao. Dentro

    destecontexto,ousodedietasdebaixocusto levabuscapor ingredientesmais

    baratos, os quais devem ser considerados no somente quanto sua viabilidade

    econmica,mastambmquantoaodesempenhoanimal(MENDES,2006).

    Comoformadereduziroscustoscomalimentao,novasfontesdealimento

    esto sendo estudadas. MARTINEZ et al. (2001) buscando alternativas para aalimentaodeovinos,dentreosrecursosdisponveisna regio,de tal formaque

    resultasseeconomicamenteatrativoparaoprodutor,encontraramossubprodutosda

    indstriadepapelumafontedeforragemnoconvencionalequepodeaproveitara

    capacidadedosruminantesdeutilizarmaterialcelulsicoemsuaalimentao.

    Da mesma forma, OLIVEIRA et al. (2002) trabalhando com cordeirosconfinadosealimentadoscomdejetosdesunos,chegaramconclusodequeno

    houveinflunciadasdietasnoscortescomerciais,nosrgosinternosdoaparelho

    digestivoenoscomponentescorporaisexternos.

    Nessesentido,autilizaoderesduomidodecervejarianaovinoculturade

    corte tem grande potencial, pois pode levar queda significativa dos custos de

    alimentao do confinamento e promover a reduo de impactos ambientais

    advindosdaindstriacervejeira,semqueocorramquedasnosndicesprodutivos.

    Acriaointensivadeanimaisparaproduodealimentosexigeumcontnuo

    esforo cientfico para a melhoria do rendimento de produo. A utilizao de

    resduosagroindustriaisnaformulaoderaes,mantendoovalornutritivo,uma

    alternativaquepoderefletirnocustototaldaproduoovina,portantodeinteresse

    dapesquisa.

  • 17

    2.5.2Caractersticasdacarcaa

    A carcaa ostenta um lugar de destaque no setor produtivo, pois nesta

    baseadaaremuneraodoprodutor,peloscuidadosetecnologiasadotados.

    No sistema de produo de carne, as caractersticas quantitativas e

    qualitativas da carcaa so de fundamental importncia para complementar a

    avaliao do desempenho animal. As medidas realizadas na carcaa so muito

    importantes, pois permitem comparaes entre tipos raciais, pesos e idades ao

    abate,sistemasdealimentaoe, tambm,oestabelecimentodecorrelaescom

    outrasmedidasoucomostecidosconstituintesdacarcaa.

    Aps o abate de um animal, certas partes so separadas da carcaa o

    procedimentovariaconformeaespcieeopas.Comexceodapelenocasodo

    suno, uma carcaa contm apenas trs tecidos presentes em quantidade

    suficientementesignificanteparaaproduodecarne.Essestecidossomsculo,

    gordura e osso, cada qual constitudo por uma variedade de tipos de clulas e

    materialextracelular(DAVIES,1989).

    O valor de uma carcaa no depende apenas do peso, mas do teor de

    gordura, composio muscular, conformao, idade do animal e caractersticas

    organolpticasdacarneproduzida(VILA,1995).

    Altos teores de gordura depreciam o valor comercial das carcaas, porm,

    fazsenecessrioumcertonveldetecidoadiposonasmesmas,comodeterminante

    dasboascaractersticassensoriaisdacarneetambmparaprevenirmaioresperdas

    deguadurantesuaconservao,almdepossveisqueimadurasoriginadaspelo

    processodecongelamento(MACEDOetal.,2000).

    Adistribuiodagorduranacarcaavariaconformearaaedeacordocom

    OSRIO et al. (1998), nas raas que no sofreram seleo para a produo decarneadeposiodegorduramaisprecoce,enquantoquenasraasselecionadas

  • 18

    paraaproduodecarneagordura tendeasedistribuiruniformementeno tecido

    conjuntivosubcutneo.Omesmoautorcitaqueacarcaaidealaquelaquepossui

    a mxima proporo demsculo,mnima de osso e a proporo de gordura que

    exigeomercadoparaaqualsedestina.

    A idade um fator muito relacionado ao peso de carcaa e condio

    corporal.Cordeiroscommaior idadetmpesosdeabatemaiselevados,e,assim,

    humaumentodopesodecarcaa(JARDIMetal.,2000)portanto,esperadoquea uma determinada idade, a partir de determinado momento, os rendimentos de

    carcaaaumentem.

    Segundo OSRIO et al. (1996a), o rendimento de carcaa umacaractersticadiretamenterelacionadaproduoequepodevariardeacordocom

    fatores intrnsecos (gentica,sexo, idade,peso)eextrnsecos (alimentao, jejum,

    transporte).Portanto,buscaraidadeouopesodeabateemqueosrendimentosde

    carcaa sejam economicamente osmais indicados para ovinos de grande valia

    paraaotimizaodossistemasdecriaoenacomercializaodosanimaisparao

    abate.

    Paraacomercializao,ascarcaaspodemserinteiras,carcaaousoba

    formadecortes.ParaSANTOSePREZ (2000), osistemade corte realizado na

    carcaadevecontemplaraspectoscomoacomposio fsicadoprodutooferecido

    (quantidadesrelativasdemsculo,gorduraeosso),versatilidadedoscortesobtidos

    (facilidadedeusopeloconsumidor)eaplicabilidadeou facilidadederealizaodo

    cortepelooperadorqueorealiza.

    O tipodecorteutilizadovariade regiopara regioe,principalmente,entre

    pases,emfunodoshbitosdoseupovo,constituindoumimportantefatoraser

    considerado(CARVALHOePREZ,2002).

    Nosistemagachotradicionaldedesossadacarneovinaparachurrascose

    procedeadivisodacarcaaaomeio,separando,aps,oquarto,acostela(com

  • 19

    espinhaoaderido),apaletaeopescoo.Outra formadecortaracarcaapela

    separaodoquarto,costela,espinhaointeiroepaleta,serrandoascostelasauma

    distnciadoespinhaoquepermitadeixarnesteolombo,ofileocontrafil.Aps,

    o espinhao pode ser fatiado (subcorte) para obteno da chuleta (CARVALHO,

    2005).

    2.5.3Componentesnocarcaaouquintoquarto

    Entendesecomocomponentesdopesovivoopesodacarcaamaisopeso

    doscomponentesnoconstituintesdacarcaa (quinto quarto). A denominaode

    quintoquartofoi,inicialmente,utilizadaporaougueirosfranceses,designandouma

    porosuplementarquepodesercomercializada,almdosquatroquartosemque

    sesubdivideacarcaa(ROSA,2000).

    O quinto quarto formado pelo sistema digestivo e seu contedo, pele,

    cabea,patas,pulmescomtraquia,fgado,corao,rins,bao,gordurainternae

    plvica, testculosecauda (GASTALDIetal.,2000).Conformeomesmoautor,oscomponentes nocarcaa podem representar at 40% do peso vivo dos ovinos,

    sendo influenciados pela gentica, idade, peso vivo, sexo, tipo de nascimento e,

    especialmente, alimentao. J segundo ROSA (2000), o peso relativo dos

    constituintesnocarcaapodemvariarde40a60%dopesovivo.Apeleomais

    importanteevaliosodoscomponentesquenofazempartedacarcaa,poisatinge

    de10a20%dovalordoanimal.Orestantedoquintoquartotemmenorvalor,em

    tornode5%dototaldoanimalabatido.Ofgadoeagorduraso,depoisdapele,as

    partesmaisvaliosas(FRASEReSTAMP,1989).

    SIQUEIRAetal.(2001),afirmamqueapeleeocontedogastrintestinalsofatores determinantes no rendimento de carcaa, pois

    fgU l

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    os

    compo oms

    ntec ca

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    e,

  • 20

    poderiam colaborar para diminuir o preo dos produtos para os consumidores e

    melhoraronveldevidadaspopulaesdebaixopoderaquisitivo.Alm,claro,de

    trazerbenefcioseconmicosparaosprodutoresdecordeiros,agregandovalorao

    produto.

    Em abates muito precoces a proporo do sistema digestivo em relao

    carcaa maior, o que diminui consideravelmente o rendimento de carcaa,

    principalmente quando estes so alimentados com alta quantidade de volumoso

    (CARVALHO,2005).

    2.5.4Composiocentesimalecolesteroldacarneovina

    Acarneovinaumafontedeprotenadealtovalorbiolgicoeestpresente

    nadietadaspopulaesdequasetodosospases,principalmentedoscontinentes

    africanos e asiticos (ALMEIDA, 1990). Contudo, devido ateno que o

    consumidor tem dado para a relao entre dieta e sade, h uma crescente

    preocupao com o contedo de gordura e colesterol dos produtos de origem

    animal. Atualmente, os profissionais da sade recomendam dietas com baixas

    calorias, baixo teor de gorduras saturadas e baixo colesterol a fim de reduzir os

    riscossade.

    De acordo com PRATA (1999), a composio centesimal da carne ovina

    apresentavaloresmdiosde75%deumidade,19%deprotena,4%degordurae

    1,1%dematriamineral, estesvalores podemoscilarem funode fatorescomo

    raa, sexo, peso ao abate, ambiente, dieta e estado de acabamento do animal,

    resultandoemvariaesdasporcentagensdeprotena,guaegordura.

    ROWEetal. (1999)avaliandooefeitodediferentessistemasdeterminaonacomposiocentesimaldacarnedecordeiros,observarammaiordeposiode

    gordura (10,79%) no msculo Longissimus dorsi nos cordeiros que foramalimentadoscomdietaconcentradaemcomparaocomquelesalimentadoscom

    pastagem, que apresentaram 6,85%. J SCHNFELDT et al. (1993), quando

  • 21

    compararam novilhos de diferentes idades, notaram que os mais jovens

    apresentaram maior percentual de umidade que os mais velhos. Por outro lado,

    MONTEIROeSHIMOKOMAKI(1999)noobservaramaumentono teorde lipdios

    emcordeirosabatidoscom36e25kg.

    MADRUGAet al. (2005), realizaramumestudocomoobjetivo deavaliar ainflunciadequatrotiposdealimentosvolumosossobreosaspectosqualitativosda

    carne de cordeiros da raa Santa Ins, machos, nocastrados e terminados em

    confinamento,sendoqueestesautoresverificaramnapernadoscordeirosvalores

    mdiosde72,75%paraumidade,1,11%paracinzas,20,34%paraprotenabruta,

    6,54%paragordurae51,50mg/100gparacolesterol.Damesmaforma,ZAPATAetal.(2001)realizaramumestudoondeavaliaramacomposiocentesimalelipdicada perna de cordeiros machos, nocastrados, sendo 10 animais Somalis

    BrasileiraxCrioulae11animaisSantaInsxCrioula,eobservaramvalores

    mdios para umidade de 76,14%, para protena bruta de 19,32%, para cinzas de

    1,09%,paragordurade2,20%eparacolesterolde57,72mg/100g.

  • 22

    3OBJETIVOS

    3.1Objetivogeral

    Mensurar a gerao e o poder poluidor do resduo mido de cervejaria e

    determinar a eficcia nutricional e a economicidade do uso deste resduo na

    alimentaodecordeirosconfinadosemfasedeterminao.

    3.2Objetivosespecficos

    1. Quantificarecaracterizaroresduomidodecervejariageradodurante

    oprocessoagroindustrialdaproduodecerveja

    2. Mensuraroefeitodediferentesnveisdeinclusoderesduomidode

    cervejaria sobre o consumo de nutrientes, ganho de peso, caractersticas

    quantitativasequalitativasdacarcaaergosinternos

    3. Determinar se o uso do resduo mido de cervejaria influencia a

    composioregionaldacarcaa,acomposiocentesimaleoteordecolesterolda

    carnedecordeiros

    4. Avaliar a economicidade do uso do resduo mido de cervejaria na

    terminaodecordeirosemconfinamento.

  • 23

    4MATERIALEMTODOS

    4.1Avaliaodafaseinicialdoprocessoagroindustrialdacerveja

    EstaetapafoidesenvolvidanacervejariaBarley, localizadanomunicpiode

    Capela de Santana, RS. Foi realizado um acompanhamento da fase inicial do

    processoagroindustrialdaproduodecerveja.Estafaseconstadobeneficiamento

    da matriaprima (limpeza e pesagem da cevada), mosturao (dissoluo da

    cevadamodacomguaem tinadeao inoxcomousodediferentes rampasde

    temperatura, chegando a 76C no final do processo) e filtrao (separao das

    cascasdecevadadomosto).

    Inicialmente, foi pesada toda a cevadautilizada no processo de fabricao,

    sendotomadasamostraspararealizaodeanliseslaboratoriais.Apsumperodo

    de7horas,omostofoitotalmenteremovidodatinademosturao,restandoapenas

    oresduomidodecervejaria.Esteresduofoientoretiradodatina,comauxliode

    p e um carrinho para coleta e acondicionado em bombonas plsticas, conforme

    Anexos A e B. As bombonas foram pesadas vazias e depois com o resduo, a

    diferenaentreaspesagensrepresentaopesodoresduo. Foientocoletadauma

    amostra composta para posterior classificao do resduo mido de cervejaria

    quantoaosseus riscospotenciais aomeioambiente e sadepblica,conforme

    descrito naNBR10.004, e procedimentode lixiviaode resduo,conformeNBR

    10.005.

  • 24

    4.2Usodoresduomidodecervejarianaalimentaodecordeiros

    4.2.1LocalepocadeExecuo

    Otrabalho foi realizadonas instalaesdeovinoculturadapropriedaderural

    do Sr. Francisco Strmer, situada no municpio de Capela de Santana, RS. O

    perodoexperimentalestendeusede20outubrode2005a04janeirode2006.

    4.2.2AnimaiseInstalaes

    Foram utilizados 25 cordeiros, machos, no castrados, da raa Texel,

    nascidosdepartosimples,desmamadosaos69 30 diasde idadeemmdia.Os

    animaisforammanejadosemcincotratamentos,inicialmentecomcincoanimaisem

    cadaum,pormumdosanimaisdotratamentodoisadoeceu,tendosidoretiradodo

    experimento. Os animais foram confinados em baias individuais, totalmente

    cobertas,compisoripadoedimensode1,5m2 poranimal.Todasasbaiaseram

    providasdecomedourosebebedouros,ondeforamfornecidosalimentoeguapara

    osanimais,conformepodeserobservadonoAnexoC.

    4.2.3Tratamentos

    Os tratamentos foram constitudos por diferentes nveis de substituio do

    alimentoconcentradodadietaporresduomidodecervejaria,asaber:

    T1=0%deresduo

    T2=25%deresduo

    T3=50%deresduo

    T4=75%deresduo

    T5=100%deresduo.

    4.2.4Raesearraoamento

    Apsodesmame,oscordeiros forammantidosemregimedeconfinamento

    recebendoumadietacompostadefenodeTifton85emisturaconcentradaemuma

  • 25

    relao volumoso:concentrado de 40:60, com base na matria seca (MS). O

    alimentoconcentrado foiconstitudopormilhodesintegrado, farelodesoja,mistura

    mineraleresduomidodecervejaria,sendoqueassuasproporesvariaramde

    acordo com os tratamentos. As dietas foram formuladas para serem isoproticas,

    baseadasnoteordeprotenabruta(PB)dotratamentocommaiornvelderesduo.

    NaTabela2apresentadaacomposiobromatolgicadosalimentosutilizadosna

    formaodasdietaseacomposioqumicadasdietasexperimentais.

    Tabela 2 Proporo dos ingredientes e composio qumica das dietasexperimentais em termos de Matria Seca (MS), Protena Bruta (PB), Fibra emDetergenteNeutro(FDN),NutrientesDigestveisTotais(NDT),Clcio(Ca)eFsforo(P).

    Nvelderesduo0 25 50 75 100

    Proporodosingredientes(%MS)FenodeTifton85 40 40 40 40 40Milhodesintegrado 30,42 22,71 15,01 7,31 Farelodesoja 28,62 21,39 14,16 6,93 Resduodecervejaria 15,00 30,00 45,00 59,33Calcriocalctico 0,96 0,90 0,83 0,76 0,67

    Composioqumicadasdietas(%MS)MS 84,15 74,34 64,52 54,70 45,32PB1 17,52 17,52 17,52 17,52 17,52FDN1 29,42 36,11 42,80 49,49 54,63NDT1 71,08 67,75 64,43 61,11 57,96Ca1 0,55 0,55 0,55 0,55 0,55P1 0,36 0,37 0,38 0,39 0,401ValoresestimadosapartirdeRIBEIRO(1997).

    Oalimentofoifornecido,adlibitum,duasvezesaodia,sendooshorriosdearraoamentos7:30e17:30horas.Aquantidadeoferecidafoiajustadaemfuno

    dasobraobservadadiariamente,sendoqueestadeveriaserde15%daquantidade

    oferecida no dia anterior, de modo a garantir o consumo voluntrio mximo dos

    animais.Nestesentido,foramrealizadaspesagensdiriasdassobrasedoalimento

    queseriaoferecidopelamanhepelatarde,paracadaanimal.

  • 26

    4.2.5Perodoexperimentalepesagensdosanimais

    O perodo experimental foi precedido de um perodo de 14 dias para

    adaptao dos animais s instalaes, alimentao e manejo. O ensaio de

    alimentaoiniM s o de fo i de al s o e e do en m P er P er e j al pers de 4 s m edoap

  • 27

    momento de abate foi coletado todo o sangue (Anexo D) e retiradas pele, patas,

    cabea,corao,rins,fgado,pulmo,bao,gordurainternaegorduraperirenal,os

    quaisforam pesadosseparadamente.

    Foramtambmpesadosindividualmenteormen/retculo(AnexoE),omaso,

    abomaso, intestino delgado e intestino grosso, sendo esses rgos pesados com

    contedo gastrintestinal. Em seguida foi realizado o esvaziamento e minuciosa

    lavagemdosdiferentescompartimentos,osquais,apsescorrimentodagua,foram

    pesados novamente.Pordiferena, obteveseopeso docontedodecadargo

    constituintedotratogastrintestinal.

    Em seguida, calculouse individualmente a porcentagem dos diferentes

    rgosinternosemrelaoaopesovivodosanimais.

    Aps cada abate, a carcaa foi pesada individualmente e em seguida

    resfriadapor18horasemcmara frigorfica,aumatemperaturade1C(AnexoF).

    Foram observadas as seguintes caractersticas em relao s carcaas dos

    cordeiros:

    Pesodacarcaaquente(PCQ): obtidaatravsdepesagemlogoaps

    oabate

    Pesodacarcaafria(PCF): obtidapelapesagemapsapermanncia

    de18horasemcmarafriaaumatemperaturamdiade1C

    ndice de quebra ao resfriamento (IQ): clculo atravs da diferena

    entreoPCQePCF

    Rendimentodecarcaaquente (RCQ): relaopercentualentrepeso

    vivoaoabateePCQ

    Rendimentodecarcaafria(RCF): relaopercentualentrepesovivo

    aoabateePCF.

    Emseguida,acarcaadosanimais foi separadaaomeio,comoauxliode

    umaserraeltrica,deformasimtrica,longitudinalmente,deixandoacaudanolado

  • 28

    esquerdo.Nametadeesquerdadacarcaa,foramtomadasasseguintesmedidase

    avaliaes:

    Comprimento da carcaa (CC): distncia entre o bordo anterior da

    snfisesquiopubianaeobordoanteriordaprimeiracostelaemseupontomdio

    Comprimentodaperna(CP):distnciaentreobordoanteriordasnfise

    squiopubianaeaporomdiadosossosdotarso

    Profundidadedopeito(PPEI):distnciaentreodorsoeoossoesterno,

    ouseja,entrearegiodascruzeseacristaesternalemsuadistnciamxima

    Larguradaperna(LP):distnciaentreosbordos internoeexternoda

    partesuperiordaperna,emsuapartemaislarga

    Profundidadedaperna(PPER):maiordistnciaentreobordoproximal

    edistaldaperna.

    Espessuradegorduradecobertura: determinadaapsmedidaemum

    pontocorrespondenteaporomdiadoterodistaldomsculoLongissimusdorsi.

    Depois de tomadas asmedidas, asmetades direita eesquerdadacarcaa

    foram pesadaseseparadasregionalmentenosseguintescortescomerciais:

    Pescoo: porocompreendidaentreaseco atlantooccipitale um

    corte oblquo que passa entre a stima vrtebra cervical e a primeira dorsal, em

    direopontadoesternoeterminandonabordainferiordopescoo

    Paleta: membro anterior da carcaa, incluindo a musculatura da

    escpulaenapartedistalasecofeitaaonveldaporomdiadosossosdo

    carpo

    Costilhar:partedacarcaaseccionadaentrealtimavrtebracervical

    eaprimeiratorcicaealtimalombareprimeirasacra

    QuartoouPerna:membroposteriordacarcaa,seccionadoaonvelda

    articulaodaltimavrtebralombareprimeirasacraeaonveldaporomdiado

    tarso.

    Apsaseparaoregional,osdiferentescortescomerciaisforampesadose

    suaporcentagemcalculadaemrelaoaopesodacarcaa.Aseparaoregionale

    asmedidasnascarcaasforamrealizadassegundoOSRIOetal.(1998).

  • 29

    Paradeterminaodacomposiotecidual,foiretiradaumaamostraentrea

    9 e a 11 costelas (seo HH), conforme procedimento descrito em HANKINS e

    HOWE (1946).Entoestasamostras foram identificadas,acondicionadasemsaco

    plsticoecongeladasparaposterioranlise.Depoisdedescongeladas,asamostras

    forampesadas eem seguidaprocedeuse a separao fsica deosso,msculo e

    gordura (Anexo G). Cada um dos componentes teciduais foi pesado e ento foi

    calculada a percentagem em relao amostra total. Feito isto, o msculoLongissimus dorsi, foi separado para determinao da composio centesimal.Assim, foram determinados os teores de matria seca, matria mineral, protena

    brutaeextratoetreo,conformeprocedimentosdescritosemCARVALHOeJONG

    (2002).ForamtambmcoletadasamostrasdomsculoLongissimusdorsinasquaisforamdeterminadososteoresdecolesterol,conformeCARVALHOeJONG(2002).

    4.2.9Anliseeconmica

    Para se efetuar a anlise econmica da alimentao oferecida no

    experimento, foram considerados os preos de mercado obtidos para os

    ingredientes das raes, para a carcaa e peso vivo dos cordeiros.De posse do

    custo de cada rao e do consumo das mesmas, foi calculado o resultado

    econmicoproporcionadoporrao.UtilizouseumvalordeR$3,50/kgdepesovivo

    doscordeiros,R$10,00/kgdecarcaa,R$0,35/kgdefenodeTifton85,R$0,52/kg

    de milho modo, R$ 0,83/kg de farelo de soja e R$ 0,07/kg de resduo mido de

    cervejaria.

    4.2.10Anliseestatstica

    O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com

    cincotratamentosecincorepeties,sendocadacordeiroconsideradoumaunidade

    experimental.Os dados foramsubmetidos anlise de varincia e de regresso,

    comauxliodopacoteestatsticoSAS(SAS,2001).Osmodelosforamselecionados

    combase noscoeficientes dedeterminao e nasignificnciadoscoeficientesde

  • 30

    regresso,adotandoseonvelde10%deprobabilidade,utilizandoseotesteF.O

    modelomatemticoutilizadoparaanalisarosdadosfoi:

    Yij= m + ai+ eij

    emque:

    Yij=observaoreferenteaoanimaljdonvelderesduomidodecervejariai

    m =mdiageral

    ai=efeitodonvelderesduomidodecervejariai(i=1,2,3,4,5)

    eij=erroaleatrioassociadoacadaobservao(j=1,2,3,4,5).

  • 31

    5RESULTADOSEDISCUSSO

    5.1ResduomidodeCervejaria

    A Tabela 3 apresenta a quantidade de cevada utilizada na produo de

    cervejaeaquantidadederesduomidogeradodestaproduo(AnexoB).Verifica

    sequeaquantidadederesduogerado,emkg,32,02%superiorquantidadede

    cevadautilizadacomomatriaprimainicialparaproduodecerveja.Esteresultado

    superiorafirmativadeFISCHER(1996),dequeparacada100kgdemaltede

    cevada que se utiliza para elaborao de cerveja, obtmse de 110 a 120 kg de

    resduomidodecervejaria.Nopresenteestudo,paracada100kgdematriaprima

    utilizada, foi gerado 132,02 kg de resduo mido, o que demonstra o grande

    potencialgeradorderesduodaindstriacervejeiranoBrasil.

    Tabela 3 Quantidade de cevada utilizada para produo de cerveja e resduomidogerado.

    Cevada Resduomido351,30kg 463,80kg

    ATabela 4apresenta acomposiobromatolgicadacevadae do resduo

    mido de cervejaria.Observase que o teor de umidade da cevada de apenas

    17,53%,passandopara77,40%noresduomidogerado.Esteaspectoexplicado

    pela quantidadedeguautilizadanesta fase inicial da produodecerveja, onde

    foramadicionados2.200 litrosdeguaaos351,3kgdecevada.Jo teorprotico

    passou de 2,88% na cevada para 24,60% no resduo, o que caracterizou este

    resduo como um suplemento protico de valor mdio, de possvel utilizao em

    alimentao animal. Outra diferena acentuada observada na composio

  • 32

    bromatolgicadacevadaedoresduomidodecervejariarefereseaoteordefibra

    emdetergenteneutro (FDN),oqual teveumacrscimode200,03%,passandode

    20,08%nacevadapara60,92%noresduo.Esteumaspectoimportantedoponto

    de vista nutricional, pois entre as alternativas utilizadas para

    destinao/aproveitamento da grande quantidade gerada de resduo mido de

    cervejaria (conforme Tabela 3), encontrase o setor de nutrio animal,

    principalmente para ruminantes. sabido que ruminantes apresentam uma

    capacidademximadormenparaingestodefibra,sendoquealimentoscomalto

    teordeFDN,comonocasodoresduoavaliado,podemlevaraumalimitaofsica

    doconsumoe,comisso,limitaropotencialprodutivo.

    Tabela4Avaliaobromatolgicadacevadaedoresduomidodecervejaria.Cevada Resduomido

    MatriaSeca(%) 82,47 22,60ProtenaBruta(%) 2,88 24,60ExtratoEtreo(%) 10,13 8,42FibraDetergenteNeutro(%) 20,08 60,92Cinzas(%) 2,16 3,25

    ATabela5apresentaaclassificaoeascaractersticasqumicasdoresduo

    mido de cervejaria, demonstrando o seu potencial poluidor. A norma brasileira

    NBR10.004incluiemsuadefinioderesduosslidostodosaquelesresduosno

    estado slido e semislido que resultam da atividade da comunidade de origem

    industrial, domstica, hospitalar, comercial, de servios de varrio ou agrcola.

    Portanto,segundoestadefinio,oresduomidodecervejariaclassificadocomo

    sendoumresduoslido.

    DeacordocomNAIME (2005),ogerenciamento inadequadoeadisposio

    desconformede resduosslidosconstituem fatosgeradores depoluio ecrimes

    ambientais,sendoqueaprimeiraprovidnciaparaogerenciamentoadequadodos

    resduosslidosasuaclassificao.

    Oscritriosadotadosparacaracterizar resduossodefinidosemfunoda

    origemedesuadegradabilidade.Oscritriosnosolucionamtodososproblemas,

  • 33

    mas so teis para obtenode uma classificaooperacional. Assim, a partirdo

    conjuntoderegramentosedefiniesdaNBR10.004oresduomidodecervejaria

    podeserclassificadoeenquadradonogrupodeResduosdeClasseII(noinertes):

    so os resduosque noseenquadramemnenhumadas outrasclasses (I e III),

    mas so reativos, e podem apresentar combustibilidade, biodegradabilidade ou

    solubilidade em gua, estando includos a matria orgnica, papis, papelo,

    matriavegetaleoutros(NAIMEeGARCIA,2004).

    Tabela5Classificaoeavaliaoqumicadoresduomidodecervejaria.ResduomidodeCervejaria

    Classe IIpHdolixiviado 4,63DBO5(mgO2L1) 659mgDQO(mgO2L1) 10769,9mg

    Deveseconsiderar que, comoos resduos de atividades agroindustriais (a

    includasatividadesagropecurias)apresentam,emgeral,grandeconcentraode

    materialorgnico,oseu lanamentoemcorposhdricospodeproporcionargrande

    decrscimo na concentrao de oxignio dissolvido nesse meio, cuja magnitude

    depende da concentrao de carga orgnica e da quantidade lanada, alm da

    vazodocursod'guareceptor.

    Quandoholanamentodegrandequantidadedematerialorgnicooxidvel

    no corpo hdrico, as bactrias aerbias, para estabilizarem o material orgnico

    presente, passam a utilizar o oxignio disponvel nomeio aqutico, baixandosua

    concentraonaguaepodendo,com isso, provocar amorte de peixes e outros

    animaisaquticosaerbios,porasfixia.Emcasodelanamentodegrandescargas

    orgnicas,almdeproporcionaramortedeanimais,podeprovocaraexalaode

    odoresftidosedegasesagressivos,causareutrofizaoderioselagosedificultar

    otratamentodaguaparaoabastecimentopblico.

    SegundoMATOS (2005),almdepossvelcontaminaodireta,osmaiores

    impactos provocados por resduos slidos orgnicos so decorrentes da

    fermentao do material, quando pode ocorrer a formao de cidos orgnicos

  • 34

    (chorume lquido de elevada DBO5 e DQO formado com a degradao do

    material orgnico e a lixiviao de substncias txicas) com gerao de maus

    odores ediminuio do oxignio dissolvido em guas superficiais. A produo de

    gases ftidos provoca desconforto aos seres humanos e animais, alm de poder

    atrairvetoresdedoenas.Omaterialorgnico,tambm,habitatparaproliferao

    de micro (bactrias, fungos, vrus, protozorios, etc.) e macro vetores (moscas,

    mosquitos,barataseratos).

    Nestesentido,deveseenfatizarqueaadiodematriaorgnicanoscursos

    d'guaconsomeoxigniodosmesmos,atravsdaoxidaoqumicaebioqumica,

    viarespiraodosmicroorganismos,depurandoassimamatriaorgnica.

    Entre os principais indicadores de poluio orgnica encontramse a

    Demanda Bioqumica de Oxignio (DBO5) e a Demanda Qumica de Oxignio

    (DQO). No presente estudo (Tabela 5), a anlise do lixiviado gerado a partir do

    resduomidodecervejariaapresentouumvalordeDQOde10.769,0mgO2 L1 e

    paraDBO5de659mgO2L1,valoresestesqueseequivalem,porexemplo,aalguns

    resultados obtidos em dejetos desunos, o qual reconhecido como um resduo

    comaltopoderpoluente.Portanto,aanlisedoresduomidodecervejaria revela

    que o mesmo possui alta carga poluidora, se fazendo necessrio um adequado

    gerenciamentoe/oudestinaodomesmoparaqueimpactosambientaisrelevantes

    nosejamocasionados.

    5.2 Resduo mido de Cervejaria na Alimentao de Cordeiros

    ConfinadosemFasedeTerminao

    Os valores para os consumos de matria seca, matria orgnica, protena

    bruta,extratoetreo, fibraemdetergenteneutro,carboidratos totaisecarboidratos

    no estruturais, expressos em quilograma por dia (kg/dia), porcentagem de peso

    vivo(%PV)egramasporunidadedetamanhometablico(g/kgPV0,75),edeenergia

    lquida,expressoemmegacaloriaspordia(Mcal/dia),megacaloriasporquilograma

  • 35

    de peso vivo (Mcal/kg PV) e megacalorias por unidade de tamanho metablico

    (Mcal/ kg PV0,75), as equaes de regresso e os respectivos coeficientes de

    variao(CV),soapresentados,respectivamente,nasTabelas6,7e8.

    Tabela 6 Valores mdios para os consumos de matria seca (CMS), matriaorgnica (CMO), protena bruta (CPB), extrato etreo (CEE), fibra em detergenteneutro (CFDN), carboidratos totais (CCHT)e carboidratos noestruturais (CCNE),em kg/dia, e de energia lquida (EL), em Mcal/dia, em funo dos nveis desubstituiodoalimentoconcentradoporresduodecervejaria.

    Nvelderesduo

    Itens 0 25 50 75 100

    Equaode

    Regresso

    CV(%)

    CMS 0,631 0,648 0,642 0,610 0,528 1 11,95CMO 0,591 0,606 0,603 0,575 0,501 2 12,94CPB 0,118 0,120 0,120 0,114 0,100 3 12,38CEE 0,014 0,019 0,026 0,033 0,034 4 13,04CFDN 0,262 0,314 0,359 0,382 0,367 5 13,46CCHT 0,458 0,466 0,456 0,428 0,368 6 13,89CCNE 0,209 0,165 0,111 0,059 0,012 7 14,99CEL 1,048 1,021 0,973 0,880 0,721 8 12,941.=0,62886+0,00161**RES0,0000259**RES2,R2=0,262.=0,58830+0,00149**RES0,00002341**RES2,R2=0,243.=0,11782+0,000278**RES0,00000452**RES2,R2=0,264.=0,01361+0,00031433***RES0,00000107***RES2,R2=0,855.=0,25960+0,00289**RES0,00001787***RES2,R2=0,526.=0,477820,000864**RES,R2=0,237.=0,210790,00200***RES,R2=0,958.=1,086500,00317***RES,R2=0,49.**e***,significativoa5e1%deprobabilidade,respectivamente,pelotesteF.

  • 36

    Tabela 7 Valores mdios para os consumos de matria seca (CMS), matriaorgnica (CMO), protena bruta (CPB), extrato etreo (CEE), fibra em detergenteneutro (CFDN), carboidratos totais (CCHT)e carboidratos noestruturais (CCNE),em % PV, e de energia lquida (EL), em Mcal/kg PV, em funo dos nveis desubstituiodoalimentoconcentradoporresduodecervejaria.

    Nvelderesduo

    Itens 0 25 50 75 100

    Equaode

    Regresso

    CV(%)

    CMS 2,74 2,62 2,82 2,68 2,75 =2,73 12,38CMO 2,56 2,45 2,65 2,53 2,61 =2,56 12,42CPB 0,51 0,49 0,53 0,50 0,52 =0,51 12,31CEE 0,06 0,08 0,11 0,14 0,17 1 15,26CFDN 1,15 1,27 1,58 1,68 1,91 2 13,82CCHT 1,99 1,88 2,00 1,88 1,92 =1,94 12,37CCNE 0,90 0,66 0,49 0,26 0,06 3 9,39CEL 0,045 0,041 0,043 0,039 0,037 4 11,821.=0,05645+0,00117***RES,R2=0,862.=1,13315+0,00775***RES,R2=0,653.=0,893250,00834***RES,R2=0,984.=0,044820,00007390**RES,R2=0,24.**e***,significativoa5e1%deprobabilidade,respectivamente,pelotesteF.

    Tabela 8 Valores mdios para os consumos de matria seca (CMS), matriaorgnica (CMO), protena bruta (CPB), extrato etreo (CEE), fibra em detergenteneutro (CFDN), carboidratos totais (CCHT)e carboidratos noestruturais (CCNE),emg/kgPV0,75,edeenergialquida(EL),emMcal/kgPV0,75 emfunodosnveisdesubstituiodoalimentoconcentradoporresduodecervejaria.

    Nvelderesduo

    Itens 0 25 50 75 100

    Equaode

    Regresso

    CV(%)

    CMS 59,72 58,31 61,22 58,04 57,19 =58,92 8,79CMO 55,87 54,49 57,46 54,68 54,28 =55,39 8,79CPB 11,19 10,83 11,44 10,86 10,83 =11,04 8,35CEE 1,32 1,75 2,50 3,11 3,62 1 9,70CFDN 24,92 28,32 34,26 36,35 39,80 2 9,81CCHT 43,36 41,92 43,51 40,70 39,83 =41,86 8,95CCNE 19,69 14,80 10,56 5,63 1,31 3 7,53CEL 0,10 0,10 0,10 0,09 0,08 4 8,201.=1,27832+0,02377***RES,R2=0,932.=25,22494+0,15065***RES,R2=0,753.=19,598940,18391***RES,R2=0,994.=0,099100,00020094***RES,R2=0,51.***Significativoa1%deprobabilidadepelotesteF.

    A ingesto dematria seca um dos aspectos mais importantes a serem

    considerados na formulao de dietas para ruminantes, em razo de sua estreita

  • 37

    relaocomodesempenhoprodutivoereprodutivodosanimais,poisapartirda

    ingesto de matria seca que o animal estar consumindo uma maior ou menor

    quantidadedenutrientes.Sovriososfatoresquepodemexercerinflunciasobre

    a capacidade do animal em consumir alimento, podendo ser fatores inerentes ao

    prprioanimal,aoalimento,aoambienteescondiesdemanejo.

    Nopresenteestudo,oconsumodematriaseca,quandoexpressoemkg/dia,

    foi influenciado significativamente (P0,05) pelo nvel de substituio do alimento

    concentrado por resduo mido de cervejaria, sendo que o mesmo apresentou

    comportamentoquadrtico.Omximoconsumodematriaseca,estimadoapartir

    da equao de regresso, foi obtido para o nvel de substituio do alimento

    concentrado por resduo mido de cervejaria de 31,1%, correspondendo a um

    consumode0,654kg/dia.Oresultadoobservadoparaoconsumodematriaseca

    corroborado por DAVIS et al. (1983), o qual trabalhando com bovinos verificaram

    diminuionoconsumodematriasecaparanveisdeinclusoderesduomidode

    cervejarianadietamaioresque40%.

    A tendncia quadrtica verificada no presente estudo para o consumo de

    matria seca, expresso em kg/dia, est deacordo comVRAS et al. (2000) que,emborano trabalhandocomovinos,verificaramembovinosNelorenocastrados

    alimentadoscomraescontendodiferentesnveisdeconcentradoeteoresdeFDN

    entre28,71e63,52%,queoconsumodematriaseca,quandoexpressoemkg/dia,

    foi influenciado de forma quadrtica pelos nveis de concentrado nas dietas,

    estimandooconsumomximode8,51kg/diaparaumadietacontendo54,98%de

    concentradoeumteorde42,66%deFDN.

  • 38

    =0,01801+0,03407**FDN0,00045128*FDN2

    (R2=0,24CV=14,01)0,50

    0,52

    0,54

    0,56

    0,58

    0,60

    0,62

    0,64

    0,66

    0,68

    25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00 55,00 60,00

    %FDNnadieta

    CMS(k

    g/dia)

    Figura1RelaoentreoconsumodeMatriaSeca(CMS)eoteordeFibraemDetergenteNeutro(FDN)nasdietas.

    Oaumentodaproporode resduomidodecervejarianadietaacimade

    31,1%proporcionoureduodoconsumo,oquepodeserexplicadopeloaumento

    doteordefibraemdetergenteneutro(FDN)nasdietas,promovendoregulaofsica

    doconsumo,conformepodeservisualizadonaFigura1.Umadietacomnveisaltos

    de FDN pode garantir uma fermentao adequada que proporcione um aporte

    significativo de protena e outros nutrientes de origem microbiana e,

    conseqentemente, reduzir os custos com a alimentao mas tambm pode

    promover restries noconsumoalimentar,em funo desua lenta degradaoe

    baixa taxa de passagem atravs do ambiente ruminal, e limitar a explorao

    econmica emsistemas de produomais intensivosse a demanda nutricional

    maiselevada.EstaafirmativaestdeacordocomMERTENS(1994),oqualcitaque

    quando so fornecidas dietas com alto contedo de FDN para ruminantes, o

    consumodealimentoocorreatatingironveldecapacidadedotratogastrintestinal

    e, com isso, osanimais podem ter seudesempenhoprodutivocomprometido.Por

  • 39

    outrolado,autilizaodedietascombaixocontedodefibralevaaumaregulao

    fisiolgicadoconsumodevidoaoaporteenergticodasdietas,fatoesteobservado

    no presente estudo. FREITAS et al. (2000), afirmam que o consumo de MS influenciadopelocontedodeFDNpresentenasdietasequeoteordeFDNum

    parmetroparaserutilizadocomoindicadordeconsumodealimentos.

    AsmdiasdeconsumodeMSduranteoperodoexperimentalencontramse

    abaixodaquelarecomendadapeloNRC(1985)paraovinosdestacategoria,aqual

    variade1,0a1,3kgMS/animal/dia.PILARetal.(1994),trabalhandocomborregosde12mesesdeidade,decincogentiposdiferentes,HampshireDown(HD),Texel

    (T), Corriedale (C), Suffolk x Corriedale (SC) e Ile de France x Corriedale (IC),

    alimentadosdurante80diasemconfinamentocomumadietacompostaporsilagem

    demilho(60,50%daMS)econcentrado(39,50%daMS),observaramumconsumo

    diriodeMSde1.093g(HD),828g(T),874g(C),924g(SC)e869g(IC).Estes

    valores foram superiores aos encontrados neste experimento e podem ser

    explicadospelamenoridadeepesovivodoscordeirosdopresentetrabalho.

    Avaliando o desempenho de cordeiros Merino Australiano e cruza Ile de

    FrancexMerinoAustraliano,PILARetal.(2003)observaramnafasedecrescimentodos15aos25kgdepesovivoumconsumodeMS(kg/animal/dia)de732e707g,

    respectivamente,resultadosprximosaosencontradosnesteestudo.

    Verificase no presente trabalho que os consumos de matria orgnica,

    protena bruta e extrato etreo, quando expresso em kg/dia, foram influenciados

    significativamente pelo nvel de substituio do alimento concentrado por resduo

    mido de cervejaria, apresentando comportamento quadrtico. Estes resultados

    foram influenciados pelos mesmos padres de consumo observados para MS e

    FDN. J os consumos de carboidratos totais, carboidratos no estruturais e de

    energia lquida tambm foram influenciados significativamente, entretanto

    apresentaramtendncialineardecrescente,oquepodeserexplicadopelareduo

    naconcentraodestesnutrientesnadietacomoaumentodonveldesubstituio

  • 40

    do alimento concentrado por resduo mido de cervejaria, conforme pode ser

    observadonaTabela2.

    Quando os valores de consumo de matria seca foram expressos em

    percentual(%PV)observasequeosresultadosparaosdiferentestratamentosdeste

    experimentonoapresentaramdiferenaestatsticasignificativa.Omesmoocorreu

    quando o consumo de matria seca foi expresso em gramas por unidade de

    tamanho metablico (g/kg PV0,75), pois conforme PILAR et al. (1994) o pesometablico(PV0,75)homogenizaosanimaisporreasuperficial,retirandooefeitode

    pesovivo.

    Osvaloresmdiosparapesovivoinicial,pesovivofinal,ganhodepesodirio

    econversoalimentar,soapresentadosnaTabela9.

    Tabela9Valoresmdiosparapesovivoinicial(PI),pesovivofinal(PF),ganhodepesodirio(GMD)econversoalimentar(CA),emfunodosnveisdesubstituiodoalimentoconcentradoporresduodecervejaria.

    Nvelderesduo

    Itens 0 25 50 75 100

    Equaode

    Regresso

    CV(%)

    PI(kg) 16,16 16,77 15,82 15,82 14,66 =15,81 23,27PF(kg) 28,00 28,20 26,80 28,48 22,12 =26,66 20,71GMD(kg/dia) 0,153 0,148 0,142 0,164 0,097 1 26,92CA 4,15 4,47 4,96 3,97 5,58 =4,63 28,361.=0,160850,00039047*RES,R2=0,13.*Significativoa10%deprobabilidadepelotesteF.

    Opesovivoaodesmamecommdiade15,81kgsuperioraoencontrado

    por MOTTA (2000), que verificou para cordeiros da raa Texel em confinamento,

    desmamadosaos45dias,comacessoacreepfeeding,valoresmdiosde13,39kg.

    Quanto ao ganho de peso dirio, observase que o mesmo diminuiu

    linearmente (P0,1) com o aumento do nvel de substituio do alimento

    concentradoporresduomidodecervejaria.Esteaspecto influenciouopesofinal

    doscordeirosque,apesardenotersidoinfluenciadosignificativamentepelonvel

    de incluso de resduo na dieta, verificase um menor peso para os cordeiros

  • 41

    alimentados exclusivamente com feno e resduo mido de cervejaria (100% de

    substituiodoalimentoconcentrado).Areduoverificadanoganhodepesodirio

    podeserexplicadapelareduonoaporteenergticodasdietasqueocorreucoma

    elevaodonveldesubstituiodoconcentradoporresduomidodecervejaria,e

    pelareduonoconsumodematriasecae,conseqentemente,deenergialquida,

    em Mcal/dia, conforme pode ser observado na Tabela 7. Este resultado

    corroborado por PIRES et al. (2006), os quais trabalhando com 20 cordeirosconfinadosIledeFrancexTexelalimentadoscomdietascontendodiferentesnveis

    deFDN (25%,31%, 37%e43%),observaramqueo aumentodo teorde fibra na

    dieta dos cordeiros promoveu reduo linear no ganho de peso mdio dirio,

    resultadosemelhanteaoobtidonopresentetrabalho.

    Com relao converso alimentar, vse que os cordeiros dos diferentes

    tratamentosnodiferiramentresi,emborasenotepioranotratamentocommaior

    proporo de resduo, o que pode ser explicado pela reduo do ganho de peso

    verificadonosanimaisdestetra

  • 42

    Por outro lado, os resultadosobservados no presente estudoso inferiores

    aos obtidos por CARVALHO et al. (2005a), os quais trabalhando com nveis desubstituiode0%,33%,66%e100%doalimentoconcentradoporresduomido

    decervejaria,verificaramumvalormdioparaganhodepesodiriode0,232kge

    uma converso alimentar mdia de 3,46:1. Contudo, cabe salientar que estes

    autores trabalharamcomsilagemdemilhocomoalimentovolumoso,naproporo

    de50%dadietatotal.

    Os valores para pesos e rendimentos de carcaa quente e fria, ndice de

    quebraaoresfriamentoeespessuradegordurasubcutnea,soapresentadosna

    Tabela10.

    Tabela 10 Valores mdios para peso carcaa quente (PCQ), peso carcaa fria(PCF),rendimentocarcaaquente(RCQ),rendimentocarcaafria(RCF),ndicedequebraao resfriamento (IQ)eespessura de gordurasubcutnea (EG), em funodosnveisdesubstituiodoalimentoconcentradoporresduodecervejaria.

    Nvelderesduo

    Itens 0 25 50 75 100

    Equaode

    Regresso

    CV(%)

    PCQ(kg) 13,33 13,64 12,35 12,78 9,21 1 23,21PCF(kg) 12,98 13,22 11,98 12,42 8,92 2 23,29RCQ(%) 47,77 48,46 46,06 44,05 41,57 3 6,84RCF(%) 46,49 46,58 44,64 42,79 40,26 4 6,89IQ(%) 2,67 3,07 3,09 2,86 3,15 =2,96 17,91EG(mm) 1,80 1,75 1,20 1,40 1,00 5 47,641.=14,045090,03606**RES,R2=0,182.=13,650200,03531**RES,R2=0,183.=48,845740,06628***RES,R2=0,394.=47,470710,065667***RES,R2=0,395.=1,809360,00769*RES,R2=0,15.*,**e***,significativoa10,5e1%deprobabilidade,respectivamente,pelotesteF.

    O aumento do nvel de substituio do alimento concentrado por resduo

    mido de cervejaria promoveu efeito linear decrescente (P0,01) sobre os

    rendimentosdecarcaaquentee fria,oquepodeserexplicadopelacaracterstica

    dadieta,poisaelevaodoteorderesduomidodecervejariaemsubstituioao

    alimentoconcentradopromoveuaumentonoteordeFDNdasmesmas,oquelevaa

    uma maior quantidade de contedo gastrintestinal no momento do abate e,

  • 43

    conseqentemente,piorrendimentodecarcaa.Istoestdeacordocomotrabalho

    deKOESLEYetal.citadoporMARTINEZetal.(2001),quedizqueorendimentodecarcaadependeprincipalmentededoisfatores:ocontedodoaparelhodigestivoe

    o grau de acabamento, variando o rendimento entre 40 e 53%. Resultados

    semelhantesaosdo presente trabalho foramobservados porPIRESetal. (2006),

    que trabalharamcomcordeirosconfinados recebendodietascomdiferentesnveis

    deFDN(25%,31%,37%e43%),eobservaramvaloresde46,41%,43,87%,42,66%

    e42,56%,respectivamente,pararendimentodecarcaaquentee44,99%,42,60%,

    41,41%e41,06%,respectivamente,pararendimentodecarcaafria.

    Verificouse tambm, reduo linear (P0,05)no peso decarcaaquente e

    friacoma elevao do teor de resduo nadieta, o que explicado pela reduo

    linearverificadanorendimentodecarcaaenomenorvalornumricoverificadono

    pesovivodoscordeirosnomomentodoabate.Podeseconsiderarqueosvalores

    mdios obtidos para peso de carcaa